domingo, 10 de agosto de 2025

DIA DOS PAIS E ALTERNATIVAS AO CHURRASCO NOSSO DE CADA DOMINGO

NEM TUDO QUE RELUZ É OURO, NEM TUDO QUE BALANÇA CAI.

A escada do preço da carne perdeu fôlego, mas picanha, maminha, miolo de alcatra e contrafilé continuam custando caro. E o fato de sobrar mês no fim do salário da maioria dos brasileiros implica mudar a periodicidade do tradicional churrasquinho dominical para quinzenal ou mensal. Como cada mês tem quatro semanas, há que encontrar alternativas para os outros três domingos, e ter carne moída na geladeira é como ter a mão cheia de coringas num jogo de canastra. 


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A arruaça dos amotinados bolsonaristas no Congresso, notadamente na Câmara, não é um episódio que se pode considerar superado, a despeito da retomada dos trabalhos depois de 30 horas de ensaio de insurreição. Isso porque a celebração da violência é um método da ala radical da oposição que evocou no Parlamento o ocorrido no acampamento defronte ao QG do Exército, do qual partiram as hordas para a "festa da Selma" em 8 de janeiro de 2023.

Nunca se viu nada em tal dimensão nas dependências do Legislativo. Numa proporção menor, o PT tentou ocupar a Mesa no Senado durante o governo Temer, para impedir a aprovação de reforma trabalhista. Não conseguiu, assim como os rebeldes de agora não conseguirão alterar o julgamento do rascunho do mapa do inferno no STF, aprovar anistia ampla, impichar Xandão nem fazer com que os presidentes da Câmara e do Senado se submetam às suas exigências. E se é possível dizer que não passarão, também é factível supor que continuarão a adotar a rotina de agressões, pois a natureza dessa choldra é a antítese do que se tem como essência da atividade política: o respeito às regras do jogo.

Motta e Alcolumbre têm diante de si o desafio de lidar com a ala de seus comandados cuja prática é a da provocação ilimitada. O emprego da força, prudentemente evitado na noite de quarta-feira, daria a eles pretexto para atuar no mesmo diapasão. A condescendência tampouco se configura um caminho aceitável, pois abre espaço a novas tentativas de sublevação. Dito isso, a vitória só se dará quando — e se — a maioria compreender que a defesa da instituição exige relegar a banda podre ao isolamento.


Não estou sugerindo assar hambúrgueres na churrasqueira — como nos "backyard barbecue" dos americanos. Os sobrinhos do Tio Sam adquiriram esse hábito no pós-guerra, quando as famílias passaram a fazer reuniões informais no quintal de casa. Chamar isso de churrasco é quase uma heresia, mas o hambúrguer, que já era um ícone nacional, tornou-se a estrela da festa.


Carnes "de primeira" — filé-mignon, contrafilé, alcatra, picanha etc. — e "de segunda" — peito, braço, acém, paleta etc. — têm o mesmo valor proteico. No entanto, a maciez, a suculência e o sabor dependem da quantidade de gordura e do trabalho muscular realizado pela região do boi de onde o corte é tirado. Isso significa que cortes do dianteiro da rês tendem a ser mais duros e fibrosos, e os do traseiro, mais macios, suculentos e saborosos. 

 

Em um churrasco como manda o figurino, maciez, suculência e sabor são fundamentais, mas o aumento do preço das carnes nobres nos dá arrepios só de pensar em acender o braseiro. Você pode substituir picanha por maminha ou fraldinha (detalhes no post de 11 de maio), ou mesmo por contrafilé, que funciona bem tanto na grelha quanto no forno ou em bifes — mas não espere uma economia muito significativa. 


Voltando ao nosso "coringa", você economiza alguns reais moendo miolo de acém, paleta, braço e outras carnes "de segunda" e caprichando no tempero — como dizia meu tio-avô, "com azeite é bom a gente come até capim". Mas steak tartare e quibe cru pedem filé mignon, alcatra ou patinho.


Também conhecido como filé tártaro, o steak tartare é uma receita à base de carne crua, que pode se servida como aperitivo, entrada ou refeição principal. Resolvi republicá-la neste domingo, Dia dos Pais, em homenagem ao meu saudoso progenitor, que me apresentou essa delícia nos anos 1960. Para uma porção individual, você vai precisar de: 

 
— 150g de filé-mignon moído ou picada na ponta faca; 
— 1 colher (sobremesa) de cebola ralada; 
— 1 colher (café) de alcaparras (que você pode substituir por azeitonas verdes picadas); 
— 2 colheres (chá) de cheiro verde (salsinha e cebolinha) picado; 
— 1 colher (chá) de molho inglês; 
— 1 colher (sopa) de mostarda; 
— Suco de 1 limão (taiti ou siciliano);
—  1 gema de ovo; 
— Azeite de oliva extravirgem para regar e sal, pimenta do reino, pimenta caiena e molho tabasco para temperar
.
 
Passe a carne duas vezes pelo moedor (ou corte-a em tirinhas, sempre contra o sentido das fibras, e pique com a ponta de uma faca bem afiada). 


Junte a cebola ralada, a salsinha e a cebolinha picadas, regue com um fio de azeite, adicione o sal e misture gentilmente (usando as mãos ou uma colher de pau). 


Faça uma "bola" com a carne, coloque-a num prato, achate com a mão até formar um "hamburgão" e pressione o centro com o polegar, para criar a concavidade que você vai acomodar a gema do ovo (crua, segundo a receita original, mas você pode cozinhar o ovo e usar a clara para decorar). 


Leve à geladeira para resfriar e sirva com torradinhas ou batatas chips.
 
Dica: Na hora de servir, você pode distribuir alface picado, ervilhas em conserva, rodelas de tomate e de palmito. em volta da carne, decorar com a clara do ovo picada e regar tudo com azeite extravirgem em abundância.


 

Desejo a todos um excelente Dia dos Pais.

sábado, 9 de agosto de 2025

SENHAS FRACAS NUNCA MAIS

O SEGREDO É A ALMA DO NEGÓCIO.


As senhas são mais antigas do que costumamos imaginar: o Velho Testamento registra que o termo "xibolete" (do hebraico שבולת, que significa "espiga") era usado para identificar um determinado grupo de indivíduos. 


No âmbito da TI, a prática se popularizou depois que o MIT criou o Compatible Time-Sharing System (CTSS) e a Arpanet adotou o login com nome de usuário e senha de acesso. Nos primórdios do correio eletrônico, uma combinação de quatro algarismos bastava, mas o e-commerce e o netbanking potencializaram a necessidade de uma autenticação segura. 

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O bolsonarismo deseja tirar o "mito" do Supremo, já que a volta do processo à estaca zero da primeira instância abre não um portão, mas um portal para uma infinidade de recursos que conduzem os crimes à prescrição — outro nome para impunidade. Já o Centrão, atolando na estrumeira dos inquéritos sobre malversação de verbas federais por meio de emendas parlamentares, pega carona no motim congressual bolsonarista para tirar da suprema grelha a delinquência das emendas e blindar os parlamentares. 

A sublevação foi suspensa na madrugada de quinta-feira, depois que Hugo Motta ameaçou suspender mandatos de deputados que insistissem na obstrução — que foi encerrada após uma negociação que envolveu líderes partidários e a intervenção do ex-presidente da Casa, Arthur Lira.

A eventual aprovação da proposta que acaba com o foro privilegiado para os poderosos pode não chegar a tempo de acudir Bolsonaro, cujo julgamento está previsto para o mês que vem. Ciente dos riscos, o baba-ovos do mico exigem que o acordo inclua também a votação da anistia — nesse ponto, o Centrão topou apenas debater a matéria, sem compromisso com a aprovação. 

Em 2017, quando o STF estava prestes a limitar a abrangência do foro privilegiado, o Senado aprovou uma proposta que o então senador Romero Jucá resumiu em três frases: "Se acabar o foro privilegiado, é para todo mundo. Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba." A proposta foi aprovada pelos senadores e passou pelas comissões da Câmara, mas estacionou na porta do plenário. 

Naquela época, o Centrão estava enrolado no petrolão, e o mesmo Jucá foi pilhado num grampo em que defendia a costura de um "grande acordo nacional com o Supremo, com tudo". Agora, a ideia é transferir a "suruba" para a primeira instância. Triste Brasil!


Usar senhas óbvias (fracas, mas fáceis de decorar) é como trancar a porta e deixar a chave à vista. Criar senhas complexas (como 2Ar16i5Ko*0#) é fácil; memorizá-las, nem tanto. Recorrer a um gerenciador é como entregar as chaves a um estranho, mas o risco de usar uma única senha forte para tudo é ainda maior. O Chrome possui um gerenciador nativo, que detecta combinações fracas e sugere alternativas. 

Sabendo que a maioria dos usuários ignora essas recomendações — até porque alterar senhas dá trabalho —, o Google desenvolveu uma funcionalidade que, mediante autorização expressa do usuário, troca automaticamente senhas fracas ou que tenham sido envolvidas em vazamentos. O recurso será lançada oficialmente no final do ano, de modo a dar temo aos desenvolvedores para tornar aplicativos e sites compatíveis com ele. 

Lembre-se: Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas.

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

SOBRE SAUDADE, SAUDOSISMO E ALIENAÇÃO.

HÁ QUE EXTIRPAR O CARCINOMA ANTES QUE SE TORNE METÁSTASE.

A palavra saudade (do latim solitas, que significa solidão) não é exclusiva da língua portuguesa. No inglês, homesickness equivale a saudades de casa, e to miss expressa o sentimento de falta de alguém. Expressões com significados semelhantes existem no espanhol — te extraño —, no francês — j’ai regret — e no alemão — Ich vermisse —, mas saudade ficou em 7º lugar entre as palavras mais difíceis de traduzir, segundo a Today Translations. 

 

Sentir saudades de algo bom que se foi é saudável, mas romantizar um passado que nunca existiu é caso de internação. Dizer que a vida era melhor quando não havia Internet nem celulares é cultuar o retrocesso, e almejar a volta da ditadura militar é passar recibo de que Einstein estava certo sobre a infinitude da estupidez humana e José Saramago, sobre o pior tipo de cegueira ser a mental.

 

Em "O Alienista", a obsessão de um psiquiatra por definir o limite entre sanidade e loucura acaba aprisionando toda uma cidade. Ao final, a única pessoa racional é o próprio alienista, que se condena como o único alienado. No mundo real, só a falta de manicômios por que tantos eleitores que expeliram o cérebro na primeira evacuação repetem a cada dois anos, nas urnas, o que Pandora fez com sua caixa uma única vez. 

 

Em momentos distintos da ditadura militar, Pelé e o general Figueiredo alertaram para o risco de misturar brasileiros com urnas em eleições presidenciais. Como ninguém os levou a sério, a vitória Collor sobre Lula na eleição de 1989 — a primeira pelo voto direto desde 1960 — resultou em um dos piores governos desde Tomé de Souza. Com impeachment do pseudocaçador de marajás, o vice Itamar Franco passou a titular, e o sucesso do Plano Real assegurou a vitória de Fernando Henrique em 1994.

 

O tucano de plumas vistosas foi o mais próximo de um estadista que presidiu o Brasil desde a redemocratização, mas sucumbiu à mosca azul e se tornou mentor, fomentador e primeiro beneficiário da PEC da Reeleição, abrindo espaço para Lula e Dilma se reelegerem. Michel Temer terminou seu mandato tampão a duras penas e não concorreu à reeleição; Bolsonaro disputou, foi derrotado e partiu para o golpe — que só não prosperou por falta de apoio das Forças Armadas.

 

Bolsonaro iniciou sua trajetória militar em 1973, mas deixou a caserna pela porta lateral depois que a revista Veja revelou que ele e outro capitão pretendiam explodir bombas em instalações militares como forma de pressionar o comando por melhores salários. Eles foram condenados por unanimidade, mas o STM os absolveu por 9 votos a 4 (mais detalhes em O Cadete e o Capitão: A Vida de Jair Bolsonaro no Quartel). Depois de deixar a caserna pela porta lateral, o futuro presidente golpista foi vereador e sete vezes deputado federal, passou por nove partidos (todos do Centrão) e acabou no PL do ex-mensaleiro e ex-presidiário Valdemar Costa Neto, onde disse estar se sentindo em casa

 

A despeito de não passar de projeto mal-ajambrado de mau militarparlamentar medíocre e admirador confesso da ditadura, ele derrotou Haddad em 2018 porque a parcela pensante do eleitorado rejeitou a ideia de ter no Planalto um bonifrate do então presidiário mais famoso do Brasil. Mas emenda ficou pior que o soneto. Bolsonaro conspirou contra o Estado Democrático de Direito em manifestações, motociatas e outros atos de cunho eminentemente golpista. Em 2021, durante um comício em Santa Catarina, referiu-se ao ministro Barroso — então presidente do TSE — como "aquele filho da puta". Discursando nas festividades de 7 de Setembro, levou seus apoiadores ao delírio xingando Moraes de canalha e afirmando que descumpriria as decisões do magistrado. 

 

Se o Brasil fosse uma democracia que se desse ao respeito, Bolsonaro teria sido impichado e processado criminalmente. Mas Rodrigo Maia e Arthur Lira engavetaram mais de 140 pedidos de impeachment, e o antiprocurador-geral Augusto Aras fez o mesmo com dezenas de denúncias por crimes comuns. Para piorar, sua indigesta gestão resultou na "descondenação" de Lula, que o derrotou em 2022. Evitar que um mandatário negacionista, sociopata e aluado se perpetuasse no poder era imperativo, mas eleger Lula era opcional — era "reconduzir o criminoso à cena do crime" (como disse Geraldo Alckmin quando ainda era tucano).  

 

Mas o que esperar de um país onde 29% da população com idades entre 15 e 64 anos é composta de analfabetos funcionais? Onde não se investe em educação porque povo ignorante é mais fácil de manipular com promessas assistencialistas, como Bolsa Família e assemelhadas? Povo instruído não se contenta com circo medíocre nem troca facilmente o voto por saco de cimento, vale gás ou selfie com seu bandido de estimação. Manter o rebanho ignorante é fundamental quando se governa com promessas vazias, slogans publicitários e programas que, em vez de emancipar, amarram.

 

Isso explica por que os brasileiros se dividem entre um ex-presidiário e um psicopata genocida de viés golpista. Mesmo inelegível até 2030 e com uma condenação esperando para acontecer, o "mito" segue liderando a extrema-direita, que o vê como um ex-presidente de mostruário perseguido por um algoz que, entre outras "injustiças", decretou sua prisão domiciliar. Também explica por que o Congresso está apinhado de parlamentares fisiologistas e corruptos, que colocam os próprios interesse acima dos interesses de quem deveriam representar, e por que nosso país é governado como uma usina de processamento de esgoto, onde a merda entra pela porta das urnas e sai reciclada, mas ainda como merda, na posse do novo governante. 

 

Quem observa o Congresso de longe fica com a impressão de que Câmara e Senado viraram hospícios, e quem vê de perto descobre que o manicômio é momentaneamente administrado pelos loucos. Entre os espasmos que marcaram a volta das férias — Bolsonaro em prisão domiciliar e seu filho posando de herói da resistência democrática —, surge a maior das excentricidades: amotinada nos plenários das duas Casas, a facção bolsonarista exige a aprovação de um "pacote da paz" — que, trocando em miúdos, seria um pacote "salva-Bolsonaro, já que busca uma lei ou emenda constitucional para um indivíduo certo. Além da anistia, a sem-vergonhice inclui o impeachment de Moraes e o fim do foro privilegiado, com a anulação do julgamento da trama golpista no Supremo e a transferência do caso para a primeira instância do Judiciário, onde tudo voltaria à estaca zero. Tudo em nome da democracia, naturalmente. 

 

É improvável que eles consigam deter a condenação de Bolsonaro em setembro, mas Hugo Motta só conseguiu voltar à mesa da presidência da Câmara na noite de quarta-feira, após longa negociação com a oposição mediada por seu antecessor, Arthur Lira. Segundo o deputado bolsonarista Sóstenes Cavalcante, o presidente da Câmara se comprometeu a colocar em pauta os projetos da anistia e o que coloca fim ao foro privilegiado. Num abraço de afogados, Motta levou junto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. 

 

A anistia "é o esquecimento de uma ou mais infrações criminais" — ou seja, extingue totalmente a punição e os seus efeitos — e pode ser concedida antes de uma condenação. Com uma eventual anistia a crimes comuns e eleitorais, Bolsonaro sairia "zero quilômetro", pronto para concorrer à próxima eleição presidencial — mais ou menos como o STF fez com Lula ao anular suas condenações). Mas vale destacar que anistia tem natureza de lei penal, sendo da competência do Congresso Nacional. Como lei, dependerá de sanção do presidente da República — a menos que saia pela via da emenda constitucional. Por ter natureza de lei, a anistia é interpretada e aplicada pelo Poder Judiciário. E aí o buraco é mais embaixo.

 

No que tange ao processo criminal referente às imputações criminosas de golpe de Estado, atentado violento ao estado democrático de Direito, associação criminosa etc., muito já se discutiu sobre o foro competente. Alegou-se que, sem o manto da presidência nem cargo parlamentar, Bolsonaro não deveria ser julgado pelo STF. Mas a corte chamou a competência para si em razão de se tratar de imputações de crimes contra o Estado nacional e a sua constituição. Foro é matéria processual e, como tal, não se aplica retroativamente. Caso o STF condene Bolsonaro antes de uma eventual alteração legislativa processual, a decisão terá plena validade. 

 

Desde que assumiu o mandato presidencial, Bolsonaro preparou um golpe de Estado para se perpetuar no poder. A intentona não prosperou, mas o golpismo progrediu e passou a atacar a soberania nacional com condutas no estrangeiro a cargo do filho Eduardo, que convenceu Trump — seja por carta barganhando pela impunidade do pai, seja pelo tarifaço e pela arbitrária aplicação da Lei Magnitsky — a se imiscuir em nossas questões, a despeito da Carta das Nações Unidas, que garante a soberania dos Estados nacionais e autodeterminação dos povos.

 

Por tudo isso, nem com anistia, borrachas, deslocamentos de foros e alegadas nulidades e abusos, os democratas deverão jogar a toalha em favor de tiranos de plantão, que vão prosseguir com o esforço para salvar Bolsonaro, nem que isso custe colocar o Congresso e o país em polvorosa. Tiranos são tão perversos que Tomás de Aquino, doutor e santo da Igreja, defendeu a legitimidade do tiranicídio.

 

Resumo da ópera: Tudo visto e examinado, fica evidente  que o culpado por esse e outros descalabros é do populacho que o Criador designou para a porção de terra que viria a ser o país do futuro que nunca chega porque tem um imenso passado pela frente. Com um povo que tem bandidos de estimação, que reconduz criminosos à cena do crime, que canta o hino nacional para pneu de trator, envia sinais de celular para ETs e atende prontamente quando convocado para defender a anistia de um golpista, país nenhum pode dar certo.


Triste Brasil.

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

PROTEÇÃO CONTRA ROUBO NO ANDROID

ALGUNS ENVELHECEM, OUTROS AMADURECEM.


Oferecido inicialmente para smartphones Google Pixel e Samsung Galaxy, o bloqueio por detecção de roubo foi disponibilizado para aparelhos de qualquer marca com Android 10 ou posterior. A ferramenta utiliza sensores de movimento, localização e sistemas de conexão para detectar um arrebatamento súbito e bloquear automaticamente o aparelho. Para desbloqueá-lo, é preciso usar a senha, o PIN ou a impressão digital.


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Ao comparar os atos antidemocráticos de 8 de Janeiro às articulações feitas por Eduardo Bolsonaro nos EUA, o ministro Alexandre de Moraes disse que "o golpismo é o mesmo", sinalizando que o filho do pai será preso se retornar ao Brasil. Xandão tratou o deputado licenciado (!?) como um criminoso fugitivo e Gilmar Mendes, como um lesa-pátria que seria preso preventivamente se retornasse ao Brasil. A diferença é que o pai do filho está mais próximo das grades do que o filho do pai.

As manifestações de domingo evidenciaram que a deficiência do bolsonarismo não está nas ruas, mas entre as orelhas de Eduardo Bolsonaro. Com sua astúcia, o filho do pai tirou o pai do filho do palanque, afugentou governadores, taxou o capital antes de Lula e levou água ao moinho da reeleição do petista. Já se suspeita de que Dudu Bananinha seja um comunista infiltrado, cuja missão é usar o imperialismo ianque para aniquilar a direita brasileira.

Mas o que esperar de políticos como os nossos — e dos desqualificados que os elegem? Quem observa o Congresso de longe fica com a impressão de que Câmara e Senado viraram hospícios, e quem vê de perto descobre que o manicômio é momentaneamente administrado pelos loucos. Entre os espasmos que marcaram a volta das férias — o "mito" em prisão domiciliar e o primogênito posando de herói da resistência democrática —, surge a maior das excentricidades: amotinada nos plenários das duas Casas, a facção bolsonarista exige a aprovação de um "pacote da paz" que, além da anistia, inclui o impeachment de Xandão e o fim do foro privilegiado, com a anulação do julgamento da trama golpista no Supremo e a transferência do caso para a estaca zero primeira instância do Judiciário. Tudo em nome da democracia. 

Hugo Motta só conseguiu voltar à mesa da presidência da Câmara na noite de ontem, após longa negociação com a oposição mediada por seu antecessor, Arthur Lira.


Para ativar o recurso, acesse as configurações do aparelho, role a tela até a seção Google, toque em Todos os serviços e, em Proteção contra roubo, ative a opção respectiva (ou ambas, caso queira contar também com o bloqueio de dispositivo off-line).


Essa seção oferece ainda outras opções de segurança:

 

Bloqueio de dispositivos off-line, que provê uma camada adicional de proteção ao bloquear automaticamente o aparelho caso ele não detecte nenhuma conexão;

 

Bloqueio remoto, que permite travar a tela do celular pela internet — basta acessar esta página, fazer login com sua conta Google, inserir o número do celular e ativar o bloqueio em caso de roubo.

 

Esquecer a senha de desbloqueio não é tão traumatizante quanto ter o aparelho furtado ou roubado, mas, após cinco tentativas frustradas de acesso, surge a opção "Esqueceu sua senha?". Se o Wi-Fi ou os dados móveis estiverem ativados, basta informar seu email do Gmail e a respectiva senha para desbloquear o dispositivo. Caso não se lembre dessa senha, tente o Smart Lock de senhas — acesse este link pelo computador e siga as instruções na tela.

 

O hard reset restaura o aparelho às configurações de fábrica e remove a senha de desbloqueio, o que pode ser útil em caso de esquecimento. Mas o Android conta com mecanismos de segurança projetados para impedir que pessoas mal-intencionadas se apoderem de um smartphone e o utilizem como se fosse delas.  Ao ser configurado pela primeira vez, o dispositivo é vinculado à conta Google do usuário, tanto em nível de software quanto de hardware. 


Se o aparelho for restaurado às configurações de fábrica por meio de um hard reset (geralmente acessado por uma combinação de botões físicos), o sistema exigirá as credenciais da última conta Google que estava logada antes da restauração. Sem o email e a senha corretos da conta vinculada, o bloqueio será mantido. Além disso, a maioria dos smartphones modernos utiliza criptografia para proteger os dados armazenados, tornando-os completamente ilegíveis sem o PIN, senha ou padrão corretos.

 

Convém ter em mente que restaurar as configurações de fábrica pode acarretar perda de dados se não houver um backup atualizado.

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

O UNIVERSO ESTÁ COM OS DIAS CONTADOS?

NA NATUREZA NADA SE CRIA, NADA SE PERDE, TUDO SE TRANSFORMA. 

"A gente mal nasce e começa a morrer", escreveu Vinicius em Sei lá — A vida tem sempre razão. Guardadas as devidas proporções, isso vale também para o mundo como um todo. 


Desde tempos imemoriais, religiosos, profetas, videntes e assemelhados alardeiam o fim dos tempos. No início da era cristã, vates delirantes, respaldados no Apocalipse segundo São João, trombetearam que a humanidade não sobreviveria ao ano 1000. Como o mundo não acabou, o julgamento celestial foi reagendado para 1033 (como estamos em 2025,  conclusão é óbvia).

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Cerca de 37 mil bolsonaristas bateram os cascos na Av. Paulista no último domingo — bem menos que os 185 mil contabilizadas em fevereiro de 2024, mas mais que o dobro do número registrado em junho passado. Devido às medidas cautelares impostas por Moraes, o ex-presidente não pode atuar como mestre de cerimônias em mais esse patético espetáculo circense. O prefeito Ricardo Nunes postou-se ao lado de SilasMalafaia, Costa Neto e Sóstenes Cavalcante, mas o governador Tarcísio de Freitas se escorou num procedimento médio agendado para o mesmo dia e horário da manifestação e não compareceu.
A despeito do tamanho do rebanho e da magnitude dos mugidos, a Primeira Turma do STF reservou as sessões plenárias dos dias 2, 9, 16, 23 e 30 de setembro para o julgamento do núcleo golpista que reúne Bolsonaro e sete cúmplices. Mesmo com a prisão decretada na segunda-feira o cronograma foi mantido. Segundo o Datafolha, 67% do brasileiros acham que o ex-presidente inelegível deve desocupar a moita, e 54%, que ele deve pendurar as chuteiras.
No Congresso, parlamentares alinhados com o aspirante a golpista entraram num uma espécie de “greve” para impedir votações nos plenários e nas comissões. A ideia é conseguir "anistia ampla geral e irrestrita" a Bolsonaro e seus asseclas golpistas e o impeachment de Alexandre de Moraes. Segundo o senador das rachadinhas, panetones e mansões milionárias, esse “conjunto de medidas solucionaria os problemas do Brasil.
Como a escolha à la carte é algo indisponível numa eleição, o eleitorado atribui favoritismo ao petista quando submetido ao menu de virtuais adversários — que prometem anistiar Bolsonaro, ainda que 61% dos entrevistados afirma que não votariam em candidato que prometesse conceder o indulto a golpista. Num ambiente assim, o segmento mais esclarecido do eleitorado vai às urnas com disposição para escolher o mal menor, mesmo que isso não elimine a sensação da maioria de que engolir o menor dos males ainda é escolher o mal.

Botticelli foi um grande pintor, mas previu que Jesus Cristo voltaria em 1504, revelando-se um profeta de merda. Stifel aprazou o Juízo Final com precisão suíça, mas o mundo não acabou às 8h do dia 19 de outubro de 1536. Colombo se saiu melhor como descobridor do que como profeta: segundo seus apontamentos, o apocalipse aconteceria entre 1656 e 1658. Lutero chutou na trave ao prever que o mundo acabaria no século XVII: em 1666, a Peste Negra e o Grande Incêndio mataram mais de 100 mil londrinos, mas a vida seguiu seu curso. A Igreja Católica Apostólica, criada em 1835 por Edward Irving, anunciou que Jesus voltaria após a morte de seus 12 fundadores — o último bateu as botas em 1901, mas o Messias não deu as caras —, e as Testemunhas de Jeová dizem desde 1870 que "o juízo final virá em breve". 

Crendices à parte, um estudo publicado recentemente no Journal of Cosmology and Astroparticle Physics concluiu que restam apenas 1078 anos até que todas as estrelas deixem de existir. Sem a notação científica, estamos falando do número 1 seguido de 78 zeros. Até então, a era 101100 anos, ou seja, 1 seguido de 1.100 zeros. No estudo, os pesquisadores sustentam que diferentes objetos podem decair por um processo semelhante à radiação Hawking


ObservaçãoSegundo o físico teórico e cosmólogo britânico Stephen Hawking, sempre que um par virtual de partículas surge no horizonte de eventos de um buraco negro, uma é consumida e a outra escapa na forma de energia, e essa energia fugitiva ficou conhecida como radiação Hawking. O fenômeno cria um paradoxo, pois contradiz a previsão relativística de que um buraco negro só pode crescer.


Até então, acreditava-se que isso se aplicava apenas aos buracos negros, e os cientistas especulavam sobre qual seria o tempo de vida das estrelas. Agora, a nova validade cósmica estimada é de 1078 anos — o tempo que as estrelas anãs brancas, os corpos celestes mais longevos do Universo, levariam para decair por meio desse processo. Ademais, os pesquisadores descobriram que esse processo se aplica também a outros objetos com campo gravitacional, como estrelas, planetas e satélites naturais. O que define o tempo de decaimento é a densidade do objeto – quanto mais denso, mais rápido ele evapora por meio da radiação. 


Tudo somado e subtraído, o Universo caminha para o fim. Não hoje, nem amanhã, nem depois de amanhã. E não com uma explosão apoteótica, mas com o silêncio frio e persistente da física. Até lá, a humanidade continuará prevendo apocalipses, ignorando a ciência e, claro, esforçando-se para se autodestruir muito antes que a radiação Hawking entre em cena. Efêmeros como somos, seguimos ocupados demais com nossas pequenas tragédias para perceber que, lá fora, a eternidade já começou a morrer. Diante disso, resta a velha certeza: não importa quantas previsões furadas já tenham sido feitas, nem quão longe esteja o colapso cósmico, a extinção é inevitável. 


O Universo é um relógio com ponteiros que mal se movem. Um dia eles irão parar, e quando isso acontecer, nem profetas, nem físicos estarão aqui para dizer: "Eu avisei."