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sábado, 1 de outubro de 2022

LEIA ISTO ANTES DE VOTAR


Segundo uma antiga e filosófica anedota, Deus estava criando o mundo quando um anjo apontou para a porção continental que seria o Brasil e disse: "Essa terra será um verdadeiro paraíso, pois o clima é agradável, há lindas florestas e praias, grandes e belos rios, e nada de desertos, geleiras, terremotos, vulcões ou furacões". E o Criador respondeu: Ah, meu caro anjo, espera só pra ver o povinho filho da puta que eu vou colocar aí.”

Quando a trupe de Cabral desembarcou em Pindorama, Pero Vaz de Caminha plantou a sementinha da corrupção na carta que enviou a El Rey, pedindo-lhe que intercedesse por seu genro. Trezentos anos depois, o Brasil passou de colônia a reino-unido porque a família real portuguesa se desabalou para o Rio de Janeiro (para fugir de Napoleão). Nossa independência — paga a peso de ouro — foi proclamada por D. Pedro I quando o então príncipe regente esvaziava os intestinos
Despida do glamour que lhe atribuem os livros de História, a "Proclamação da República" foi um golpe de Estado político-militar (o primeiro de muitos, como se viu mais adiante). 

De 1889 para cá 38 presidentes chegaram ao poder pela via do voto popular, eleição indireta, linha sucessória ou golpe, e oito deles, a começar do primeiro, foram apeados antes do fim do mandato. A renúncia de Jânio Quadros deu azo ao golpe de 1964 e duas décadas de ditadura militar. A primeira eleição direta para presidente desaguou no primeiro impeachment — de Fernando Collor, e o segundo — de Dilma Rousseff —, veio 24 anos depois (não fosse a pusilanimidade de Rodrigo Maia e a cumplicidade escrachada de Arthur Lira, o terceiro teria ocorrido em algum momento dos últimos 40 meses). 
 
Em 2018, Bolsonaro derrotou o bonifrate de Lula por uma diferença superior a 10,7 milhões de votos. Segundo o empresário Paulo Marinho — que abrigou na própria casa o comitê de campanha —, a vitória do dublê de mau militar e parlamentar medíocre deveu-se ao antipetismo, ao articulador Gustavo Bebianno, ao publicitário Marcos Carvalho e ao esfaqueador Adélio Bispo de Oliveira

Imaginava-se que o ex-capitão jamais seria um presidente como manda o figurino, mas era ele ou a volta do presidiário encarnado em Fernando Haddad. Acabou que Bolsonaro superou as piores expectativas. Para piorar, o candidato que prometeu acabar com a reeleição passou os últimos 3 anos e 9 meses em campanha. E como nada é tão ruim que não possa piorar, faltou à “terceira via” uma narrativa eleitoral que sensibilizasse o eleitorado refratário à polarização e oferecesse propostas consistentes. 

Depois que sucessivos boicotes forçaram Doria a desistir e impediram Moro de seguir adiante, restaram Simone, que patinou na largada, e Ciro, que parece estar fadado a amargar mais uma derrota (a quarta). Mesmo que nenhum dos dois tenha chances reais de passar para segundo turno, os votos que lhes serão dirigidos evitarão que o pleito decidido no primeiro turno.  E tudo aponta para a vitória de Lula — ou, nas palavras do ex-adversário e ora candidato a vice na chapa petista, "a volta do criminoso à cena do crime". 

Graças a uma sequência decisões judiciais teratológicas, o ex-detento mais famoso do país foi convertido em ex-corrupto e o recolocado no tabuleiro da sucessão presidencial. Seus advogados estrelados conseguiram finalmente criminalizar o xerife, a despeito das evidências de que, durante as gestões petistas, um cartel obtinha contratos superfaturados com a Petrobras e pagava propina ao PT, PP e MDB. 
 
Antes de passar o supremo bastão para sua sucessora, o ministro Luiz Fux disse que as anulações dos processos da Lava-Jato ocorreram por razões formais e situações de corrupção no escândalo da Petrobras e do mensalão não podem ser esquecidas. "Aqueles R$ 50 milhões das malas eram verdadeiros, não eram notas americanas falsificadas. O gerente que trabalhava na Petrobras devolveu 98 milhões de dólares e confessou efetivamente que tinha assim agido", reconheceu o magistrado. Mas o PT publicou uma obra de ficção visando reforçar a narrativa de que "não houve corrupção sistêmica na Petrobras nem superfaturamento em contratos" (contrariando afirmações do TCU e da própria estatal). 

Sempre que é pressionado, Lula relativiza sua participação na megarroubalheira, embora o preposto do do petista na campanha de 2018 tenha reconhecido que faltou controle na Petrobras e que o ex-juiz Sergio Moro fez "um bom trabalho" (menos ao condenar seu chefe). 
 
O sucesso da finada Lava-Jato no combate à corrupção deveu-se a acordos de delação de executivos da Petrobras, da Odebrecht, OAS e de outras empresas. No curso das investigações, foram obtidos documentos e evidências que confirmaram a corrupção na estatal e o pagamento de propinas pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. Em 2015, a Petrobras divulgou balanço contabilizando uma perda de R$ 6 bilhões com o esquema de corrupção. No início do ano passado, a estatal informou que o total recuperado mediante acordos de colaboração, leniência e repatriações era de R$ 6,17 bilhões.
 
Com a anulação dos processos e a declaração da "suspeição" de Moro, o pajé do PT estufa o peito e, com o dedo indicador em riste qual cauda de escorpião, alardeia que foi "absolvido" e que sua "inocência" foi reconhecida até pela ONU. Mas não é bem assim.
 
Continua...

sexta-feira, 1 de maio de 2020

A IGNORÂNCIA ELEVADA À ENÉSIMA POTÊNCIA



O Brasil, também chamado de Gigante Adormecido e País dos Contrastes, é uma república federativa formada por 26 estados e um Distrito Federal. Devido a suas dimensões — são 5.570 municípios espalhados por 8.511.000 km², área que ultrapassa a da Austrália e fica próxima das da China e EUA —, não seria de esperar que seus 211,4 milhões de habitantes falassem todos do mesmo jeito e se comportassem da mesma maneira.

Mesmo que estejamos longe de ter 11 mil dialetos — como na Itália, cujo território é quase 30 vezes menor que o nosso, e a população, de 60 milhões de almas —, dificilmente algum dos 30 mil habitantes do município gaúcho de Santa Vitória do Palmar, na divisa com o Uruguai, conseguirá entabular uma conversa fluente com um baiano de Ibó, na divisa com Pernambuco (para ter uma ideia melhor do ponto que quero ressaltar, assista ao vídeo abaixo).


Herdamos nosso idioma dos colonizadores, mas ele se modifica conforme a localização geográfica do falante. Aliás, chamamos língua a um instrumento de comunicação dos falantes — posto que essa é sua principal finalidade —, mas usamos o termo idioma para designar a língua própria de um povo (como o português, que é o idioma oficial aqui pelas nossas bandas). Há, ainda, os dialetos — variações linguísticas próprias de uma região ou território —, as gírias, jargões etc., mas isso é outra conversa.

Também como não poderia deixar de ser, a visão que as pessoas têm do mundo varia ao sabor de um conjunto de fatores, dentre os quais o grau de escolaridade de cada indivíduo, a maneira como ele foi criado e educado, seu nível socioeconômico, e por aí vai. Embora haja desigualdade social no mundo inteiro (fala-se que 1% da população mundial concentra metade de toda a riqueza do planeta), no Brasil, os números são assustadores.

Segundo dados do IBGE de 2018, o rendimento médio de 1% da população de maior renda é 33,8 vezes maior que o da parcela com menor rendimento. Mas a coisa não se limita ao aspecto puramente financeiro. A Suíça está no topo da lista de nações com melhor qualidade devido a itens como segurança, assistência médica, qualidade do ar, relação entre tráfego e o tempo de viagem, entre outros. Já o Brasil...

O saudoso Nelson Rodrigues cunhou a expressão “complexo de vira-lata” para definir o sentimento de inferioridade que supostamente acomete os brasileiros e não raro é atribuído à miscigenação, à falta de cultura, à educação precária e até ao clima tropical, que estimularia a preguiça e levaria à busca irresponsável do prazer pelo prazer.

Do outro lado dessa inequação está o chauvinismo — termo que abrange todo tipo de opinião exacerbada, tendenciosa ou agressiva em favor de um país, grupo ou ideia. Mas "in medio stat virtus, como diziam os romanos. 

Segundo uma velha (e filosófica) anedota, Deus estava criando o mundo quando um anjo disse:
— Senhor, a Terra é tão perfeita, um verdadeiro paraíso para a humanidade.
Deus respondeu:
— Não, anjo, a Terra não é um paraíso, veja só.
E o anjo viu que, para cada continente, Deus reservava grandes catástrofes naturais, como desertos, geleiras, terremotos, vulcões e furacões. Mas chamou-lhe a atenção uma grande porção de terra no hemisfério sul.
— Senhor, se estás semeando catástrofes por todo o mundo, por que aquele grande pedaço de terra ali ao sul é tão perfeito? O clima é tão agradável, há lindas florestas e praias, grandes e belos rios, mas nada de desertos, geleiras, terremotos, vulcões ou furacões?
Deus respondeu:
— Ah, meu caro anjo, espera só pra ver o povinho filho da puta que eu vou colocar ali.

E com efeito. Basta ver o nível dos políticos que nos representam e o chefe do Executivo que supostamente preside toda esta mixórdia, e lembrar que nenhum deles brotou na confortável poltrona de seu igualmente confortável gabinete por geração espontânea. Se ocupam cargos eletivos, é porque alguém votou neles.

Nos anos 1970, durante a ditadura militar, Pelé, então no auge da fama, afirmou que os brasileiros não sabiam votar — na verdade, suas palavras não foram bem essas; consta que ele teria dito algo como “o povo brasileiro não está preparado para votar”. E foi muito criticado por isso, ainda que razão lhe assistisse naquela época — e lhe assistiria ainda hoje, tivesse o eterno Rei do Futebol peito para verbalizar novamente essa opinião.

Mudaram as moscas, mas a merda é exatamente a mesma.

Bom feriadão a todos.

quarta-feira, 26 de junho de 2024

VOTEM NELAS. NOS FILHOS DELAS NÃO RESOLVE


O maior problema do Brasil remonta à criação do mundo segundo o Gênesis. Reza a lenda que, a alturas tantas, um anjo questionou o Criador por proteger de catástrofes naturais a região que mais adiante acomodaria o Brasil: "
Senhor, por que destinastes a essa porção de terra clima ameno, praias e florestas deslumbranes, grandes rios e belos lagos, mas não desertos, geleiras, vulcões, furações ou terremotos?" E Deus respondeu: "Espera e verás o povinho filho da puta que vou colocar lá." 

Dito e feito. Vivemos num país surreal. Nossa independência foi comprada, a Proclamação da República foi um golpe militar (o primeiro de uma série) e o voto é um "direito obrigatório" do cidadão. Em 133 anos de história republicana, três dúzias de brasileiros chegaram à Presidência pelo voto popular ou por eleição indireta, linha sucessória e golpe de Estado. Desses, oito, começando pelo primeiro (Deodoro da Fonseca), deixaram o cargo prematuramente. Entre os cinco que foram eleitos pelo voto direto desde a redemocratização, dois acabaram impichados. Se o "mito" dos cabeças-ocas não ingressou nessa seleta confraria, foi graças à conivência de Rodrigo Maia, à cumplicidade de Arthur Lira e à subserviência chapada de Augusto Aras.
 
Nossa democracia lembra aquelas fotos antigas de reis africanos que imitavam os trajes, trejeitos e enfeites dos governantes de nações mais evoluídas, mas não aprendiam suas virtudes. Na fotografia, banânia aparece como uma democracia de Primeiro Mundo, mas a realidade do dia a dia mostra pouco mais que uma cópia barata e malsucedida do artigo legítimo. 

Temos uma Constituição e até uma corte constitucional — onde os juízes, chamados de ministros, usam togas negras como os reis africanos usavam cartolas, e escrevem (às vezes até uma frase inteira) em latim. Temos procuradores gerais, parciais, federais, estaduais, municipais, especializados em acidentes do trabalho, patrimônio histórico, meio ambiente, infância, urbanismo e praticamente todas as demais áreas da atividade humana. Temas uma Câmara Federal e um Congresso Nacional. Temos eleições a cada dois anos e mais de 30 (!?) partidos políticos. Não nos falta nada, exceto a democracia, que ficou só na foto. 

Nossas eleições são subordinadas a todo tipo de patifaria, do voto obrigatório e horário eleitoral "gratuito"  às deformações propositais que entopem a Câmara Federal com políticos das regiões que têm menor número de eleitores. O resultado é um monumento à demagogia, à corrupção e à estupidez. 

Os eleitores são, em sua esmagadora maioria, ignorantes, desinformados e desinteressados, e a Justiça Eleitoral, criada para dar ao país eleições exemplares, permite a produção dos políticos mais ladrões do mundo. Temos mais de 30 legendas que se alimentam dos fundos partidário ( R$ 1,1 bilhão) e eleitoral (R$ 4,9 bilhões) bancados pelo dinheiro dos impostos pagos pelo "contribuintes". Algumas legendas não têm um miseros deputado ou senador no Congresso, mas seus donos enchem os bolsos leiloando suas cotas de tempo no horário eleitoral obrigatório. 

Mulheres e minorias são manipuladas pelas direções partidárias, que controlam quem tem acesso a financiamento público. Acordos políticos são urdidos surdina e os parlamentares (ou a maioria deles) votam com base em interesses pessoais. Milicias e fações criminosos têm representantes no Congresso, nas Assembleias Legislativas estaduais e nas Câmaras Municipais. Candidatos só entram em algumas regiões se tiverem proteção dos criminosos, e os moradores são "convidados a votar na "turma da casa". 

ObservaçãoComo se essa putaria franciscana com nosso dinheiro não bastasse, uma parcela substantiva dos trilhões achacados anualmente dos "contribuintes" escoa pelo ralo da corrupção e quase tudo que resata é usado para custear a máquina pública, de modo que nunca há recursos para investir em Saúde, Segurança Pública, Saneamento Básico, Educação etc.

Em abril, o déficit nominal atingiu o recorde de R$ 1,043 trilhão (no acumulado de 12 meses) e a mudança da meta do arcabouço fiscal para 2025 pirou o que já era ruim. Lula tem um xilique sempre que se fala em déficit fiscal em corte de gastos, forçando Haddad a inventar novas maneiras de arrancar dos "contribuintes" os bilhões que faltam para equilibrar as contas. 

Ex-poste de Lula na prefeitura de Sampa e ex-preposto do então presidiário mais famoso do Brasil no pleito presidencial de 2018, o ministro colecionou muitas vitórias como capataz da Fazenda de Lula 3, mas seu déficit zero virou ficção, o superávit tornou-se uma lenda, a estratégia da resolução da encrenca pelo aumento de arrecadação se exauriu, o dólar disparou, a inflação superou a meta de 3% prevista para o ano e o governo foi como que intimado a cortar gastos

Haddad e sua colega do Planejamento expuseram ao chefe o buraco produzido no Tesouro pelas benesses concedidas ao empresariado (somando-se as renúncias tributárias e os subsídios financeiros, a conta foi a R$ 646 bi no ano passado). Lula ficou "extremamente mal impressionado", mas não deu mostras de que pretende usar o fação. Chegou-se a cogitar que em breve a Fazenda teria outro capataz, como se trocar as rodas da carroça quando o problema está no burro adiantasse alguma coisa.

Lula "dirige" esta republiqueta de bananas com os olhos no retrovisor, mas é incapaz de ver o reflexo do responsável pelas próprias mazelas — que ele atribui ao presidende do BC que herdou de Bolsonaro. Na véspera da reunião em que o Copom decidiu pausar a sequência de cortes na Selic, o petista acusou Campos Neto de "trabalhar para prejudicar o país": "A única coisa desajustada no Brasil neste momento é a política do Banco Central

A decisão de interromper os cortes foi unânime, ou seja, os quatro diretores escalados por Lula — incluindo Gabriel Galípolo, cotado para ser o próximo presidente da instituição — também votaram a favor. Diante das críticas de petista, o Copom sinalizou que os juros estão altos por causa do desequilíbrio das contas do governo

Observação: A unanimidade deixou Lula na incômoda posição de derrotado e Campo Neto, na de bode expiatório gasto, que forneceu munição contra si ao participar do jantar oferecido (em sua homenagem) pelo governador bolsonarista de São Paulo. Em 31 de dezembro, o economista estará livre para colocar seu bolsonarismo a serviço da candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas, mas nem por isso o vermelho das contas nacionais será tingido de azul.
 
Os direitos dos cidadãos representam a área mais notável das semelhanças entre nossa democracia bananeira e os reis africanos que aparecem nas fotos-símbolo do colonialismo. Nunca houve tantos direitos escritos nas leis nem o poder público foi tão incompetente para mantê-los. O Congresso não representa a vontade soberna do povo, e há uma recusa sistemática em combater o crime por parte de nove entre dez políticos com algum peso. 
Pode passar pela cabeça de alguém que exista democracia num país como esse? 

Talvez esteja na hora de votar nas putas. Está visto que elegendo os filhos delas a trajetória ziguezagueante desta banânia dificilmente reencontrará seu norte.

Continua...