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sábado, 2 de agosto de 2025

WINDOWS 10 — FIM DO SUPORTE — A NOVELA CONTINUA

POLÍTICA É A ARTE DE ENGOLIR SAPOS, PEDIR VOTOS AOS POBRES, RECURSOS FINANCEIROS AOS RICOS, E DEPOIS MENTIR PARA AMBOS.

Em junho de 2021, a Microsoft anunciou o lançamento do Windows 11 e informou que o suporte ao Windows 10 seria encerrado em 14 de outubro de 2025. 


A expectativa era de que todos os computadores compatíveis estivessem rodando o Windows 11 em meados de 2022, mas faltou "combinar com os russos": a menos de três meses do prazo final, a versão anterior continua abocanhando 68% do mercado mundial de PCs — contra 27% da atual e 4,5% das versões 8.1, 7, Vista e XP somadas.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


A morte, em 2009, do advogado russo Sergei Magnitsky nos porões do regime de Vladimir Putin deu início a uma campanha mundial que resultou, três anos depois, na criação da lei que leva seu nome. Concebida como um mecanismo internacional para isolar financeiramente ditadores, violadores graves dos direitos humanos e corruptos em larga escala, a Magnitsky Act foi sancionada pelo então presidente Barack Obama — e transformada em arma política por Donald Trump, que a usou contra o ministro Alexandre de Moraes em retaliação ao processo contra Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.

Os discursos de desagravo em resposta à ofensiva deram à sessão de reabertura do Supremo, após o recesso de julho, um ar de reprise do day after da Festa da Selma. A diferença é que, desta vez, o mecânico Fábio Alexandre de Oliveira — que se sentou na cadeira de Xandão e gritou “é o povo que manda nessa porra” — disse à PF, depois do quebra-quebra, que era tudo “brincadeira”. Mas a Magnitsky é coisa séria.

A família Bolsonaro, em aliança com Trump, tenta novamente virar a página da história para trás — num novo surto da psicose do que ainda pode acontecer. Os fatos que levaram ao 8 de janeiro deram ao Brasil a oportunidade de um novo começo. O dilúvio de irracionalidades poderia ser interpretado como uma intervenção divina para punir o país por seus erros e forçá-lo a se repensar. O diabo é que alguns brasileiros não querem se reinventar. No caso do clã Bolsonaro, não se esperava por exames de consciência ou atos de contrição, mas ao menos se imaginava que o instinto de sobrevivência os levaria à autocontenção.

bolsotrumpismo — cruzamento do arcaísmo de Bolsonaro com o instinto imperial de Trump — restaurou momentaneamente a atmosfera de anormalidade, transformando o 8 de janeiro num dia interminável, um prólogo eterno. Para evitar novos dilúvios, o Supremo se equipa para condenar, já em setembro, o ex-presidente golpista e os cúmplices mais próximos do núcleo crucial.

É imperativo virar rapidamente essa página — só que para a frente.

 

O Windows "nasceu" em 1985 como uma interface gráfica que rodava sobre o MS-DOS e se tornou o sistema operacional para PCs mais popular do planeta — não sem amargar fiascos monumentais (Windows ME, Vista e 8/8.1) em contraste com sucessos retumbantes (Windows 95, 98/SE, XP, 7 e 10). Nenhuma versão, no entanto, teve o ciclo de vida encerrado antes que sua sucessora se consolidasse no mercado.

 

O Windows 7 levou apenas um ano para superar o Vista. Já o Windows 10, lançado como serviço em 2015, foi incumbido da missão de alcançar 1 bilhão de instalações em três anos, mas demorou cinco, e nada indica que será superado pelo Windows 11 no curto prazo, a despeito do fim da sua vida útil obrigar mais de 200 milhões de usuários a decidir se continuam usando um PC que não recebe novas atualizações de segurança, contratam um plano de suporte adicional ou trocam de sistema operacional.

 

Embora seja possível forçar a instalação do Windows 11 em máquinas que não atendem às exigências impostas pela Microsoft, nada garante que o upgrade será bem-sucedido — e que o computador não se tornará uma "carroça", o que invariavelmente ocorre com aparelhos que utilizam jurássicos drives de disco rígido.

 

Diante da perspectiva (nada alvissareira) de centenas de milhões de PCs se tornarem toneladas de lixo eletrônico, a empresa criou programas de suporte estendido e ofereceu como alternativa adotar uma versão do Win10 Enterprise — como a LTSC 2021, baseada na versão 21H2 e com suporte até janeiro de 2027 —, mas ambas as opções custam dinheiro e apenas empurram o problema com a barriga. 

 

Observação: Vale frisar que essa celeuma poderia ter sido evitada se a empresa desvinculasse o upgrade da exigência do TPM 2.0 — processador de criptografia destinado a robustecer a segurança durante a inicialização do sistema —, mas ela insiste que ele é necessário para manter o Windows 11 seguro.

 

No início deste ano, a Microsoft removeu um método oficial que permitia a instalação do Windows 11 em PCs sem TPM 2.0. Dias atrás, uma notificação via Windows Update passou a oferecer o upgrade para PCs sem TPM 2.0. A gigante do software disse que não fez mudanças nos pré-requisitos e que a exigência do TPM 2.0 continua valendo. Assim, mesmo que a atualização seja oferecida, a instalação pode falhar.

 

várias maneiras extraoficiais de fazer a migração, mas convém ter em mente que elas podem deixar seu computador instável. Como seguro morreu de velho, quem não quer comprar um PC novo nem mudar de sistema operacional pode contratar um plano de suporte estendido (ESU, na sigla em inglês), que custa US$ 30 por ano (renovável por mais um ano). De acordo com a Microsoft, essa liberação está acontecendo de modo progressivo, e os usuários receberão notificações via Windows Update ou na área de configurações do Windows 10.

 

Resumo da ópera: o que era para ser um fim de suporte virou novela — e, como toda boa novela, ainda deve render alguns capítulos extras antes do "último episódio". Enquanto isso, só me resta desejar boa sorte a quem ainda não resolveu se casa ou se compra uma escada.

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

WINDOWS 10 — ACABOU-SE O QUE ERA DOCE?

NÃO HÁ MAL QUE SEMPRE DURE NEM BEM QUE NUNCA TERMINE.

Quando lançou o Windows 10 como parte da ideia "Windows as a Service", a Microsoft deu a entender que seu mais novo rebento seria a versão "definitiva" do sistema. Mas não há nada como o tempo para passar.


Além de lançar o Windows 11 com exigências de hardware que frustraram milhões de usuários, a empresa estabeleceu o dia 14 de outubro de 2025 como "date de validade" do Windows 10. Isso significa que qualquer vulnerabilidade descoberta no kernel do sistema após essa data não será corrigida, o que tornará o computador potencialmente vulnerável a ataques e exploits. Com o tempo, aplicativos e drivers também deixarão de oferecer suporte à plataforma.


Em outras palavras, 44% dos "Windows PCs" ativos no mundo podem virar 2 milhões de toneladas de lixo eletrônico daqui a menos de um mês (clique aqui para saber como salvar o seu), e contratar um ano adicional de patches de segurança por US$ 30 ou 1.000 pontos Microsoft Rewards— sem novos recursos, correções de bugs nem suporte técnico — apenas empurra a decisão inevitável para o ano que vem.  


Observação: Se você continuar usando o Windows 10 e não fizer nada para garantir que seu PC permaneça protegido após 14 de outubro, ficará vulnerável a potenciais falhas de segurança descobertas no sistema, já que o Windows Update não baixará nem instalará atualizações de segurança a menos que você se inscreva manualmente no programa ESU.


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A pressa da banda pró-anistia do Congresso sugere que, se a facção parlamentar que trama perdoar Bolsonaro fosse submetida a um exame neurológico, o resultado seria Alzheimer coletivo. A doença produz demência, desorientação espacial, perda de memória e, nos casos mais graves, o derretimento das funções cognitivas e mentais acompanhado de perturbações de humor, delírios e alucinações.

A demência se manifesta na dificuldade de responder a perguntas simples, como o prazo de vencimento de uma culpa histórica. Para quem confunde amnésia com consciência limpa, a melhor hora para o perdão é uma semana atrás, e o segundo melhor momento, agora, poucos dias depois do anúncio das penas.

A degeneração neurológica faz do cenário do quebra-quebra um palco para a negação da barbárie. Movidos por delírios e tomados por alucinações, os partidários da anistia fomentam a crendice de que o Congresso mereceu que golpistas o invadissem, depredassem suas instalações e urinassem sobre suas poltronas e bancadas.

Datafolha revela que a maioria dos brasileiros (54%) não tolera a ideia de passar uma borracha sobre os crimes que renderam a Bolsonaro 27 anos de tranca, e uma maioria ainda mais expressiva (61%) é contra anistiar a turba do 8 de janeiro.

Alzheimer não tem cura, mas a parcela da sociedade que conserva a sanidade felizmente não perdeu a capacidade de meditar sobre a estupidez humana, que infelizmente nunca prescreve.

 

Windows nasceu em 1985 como uma simples interface gráfica, foi promovido a sistema operacional (quase autônomo) dez anos depois, alternou entre sucessos (Win98/SE, XP, 7 e 10) e fiascos retumbantes (ME, Vista, 8/8.1), mas nenhuma versão teve o ciclo de vida encerrado antes da sucessora se consolidar no mercado. Além disso, o Seven levou um ano para superar a o Vista, e o Ten — lançado em 2015 com a missão de atingir 1 bilhão de instalações em três anos —, cinco anos para cumprir essa ambiciosa missão, mas nada indica que ele será superado no curto prazo, mesmo com o fim de sua vida útil. 

A tensão entre a Microsoft e os usuários cresce à medida que o "Dia D" se aproxima. Consumidores acusam-na de praticar obsolescência programada — lembrando que os requisitos do Windows 11 obrigam a substituição de componentes de computadores mais antigos. Bastaria desvincular o upgrade do suporte ao TPM 2.0 para que os usuários atualizassem suas máquinas, mas a empresa insiste que o TPM 2.0 é necessário para manter o Windows 11 seguro. Miríades de usuários recorreram a ferramentas como Rufus ou Flyby11 para burlar essa restrição, mas uma parcela significativa percebeu que embarcou numa canoa furada e fez o downgrade para o Windows 10, que é muito superior. 

Microsoft explica em sua página de suporte que diversos fatores — como incompatibilidade de drivers, hardware antigo, aplicativos não suportados e recursos do próprio sistema operacional — impedem o upgrade, avisa que a verificação de elegibilidade com o app PC Health Check pode demorar até 24 horas, que disponibilizou uma nova página de suporte orientações específicas para cada tipo de erro e — agora a cereja do bolo — recomenda a aquisição de um Copilot+ PC (categoria com no mínimo 40 TOPS em desempenho de IA via NPU), já que a versão 24H2 do Windows 11 e os recursos mais recentes do sistema dependem fortemente da inteligência artificial. 

Sites como o Restart Project ajudam usuários a instalar sistemas operacionais gratuitos e de código aberto, e os organizadores do Dia Internacional do Reparo — marcado para 18 de outubro com vistas a conscientizar as pessoas de que, mesmo sem o Windows 11, seus computadores não são lixo — esperam que a data ganhe mais destaque neste ano do que em 2024, quando "apenas" 40 países participaram do evento.


A conferir.

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

A MICROSOFT PELA JANELA DO WINDOWS

VOCÊ NUNCA CHEGARÁ A SEU DESTINO SE PARAR PARA ATIRAR PEDRAS EM CADA CÃO QUE LATE.

Tudo que sobe tem que descer, mas a Microsoft parece fugir à regra, com um valor de mercado na caso dos US$ 4 trilhões e uma valorização de 20% no primeiro semestre deste ano — enquanto Amazon e Tesla recuaram 1,2% e 16,2% respectivamente.

Em 1975, logo após o primeiro microcomputador comercial da história estampar a capa da Popular Electronics, Paul Allen escreveu um interpretador BASIC que Bill Gates ofereceu à desenvolvedora da geringonça, que o distribuiu como Altair BASIC. Meses depois, os dois amigos fundaram a Microsoft — cuja trajetória muitos confundem com a do Windows, embora não seja bem assim.


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Um mês depois da exibição de um bandeirão americano de 36 metros num ato na Avenida Paulista, em pleno Dia da Pátria, descobre-se em meio à crise terminal que "significado" perdeu o significado.

Difícil enxergar lógica na caminhada brasiliense convocada por Silas Malafaia a pretexto de que o bolsonarismo não pode "deixar a esquerda com a última palavra" em matéria de meio-fio, e nula a hipótese de os aliados de Bolsonaro extraírem do asfalto brasiliense, no meio da tarde de um dia útil, um ronco mais alto do que aquele que soou nas manifestações contra o combo blindagem-anistia. De resto, a hipótese de o Congresso conceder ao ex-presidente golpista uma anistia ampla está situada abaixo da estaca zero.

Portanto, além da crise semântica, a extrema-direita bolsonarista vive uma crise existencial: é como se o chefe da organização criminosa do golpe e seus devotos só enxergassem uma maneira de sair do buraco em que se meteram: cavando um buraco ainda maior.

 

Quando lançou o IBM-PC para competir com o Apple II, em 1980, a IBM não tinha um sistema operacional para controlar o aparelho. Pensando que a Microsoft fosse dona do CP/M, a empresa procurou Bill Gates, que desfez o engano e mediou uma reunião com, Gary Kildall, desenvolvedor do software. Mas Kildall saiu para voar em seu avião e deixou as negociações a cargo da esposa, que teria pedido um aumento nos royalties com o qual os executivos não concordaram. Assim, a Big Blue voltou a Gates, que dessa vez não se fez de rogado.

 

Em vez de desenvolver o sistema do zero, a Microsoft comprou por US$ 50 mil a licença do QDOS, desenvolvido por Tim Paterson, adaptou o software ao IBM-PC e ofereceu-o à IBM como MS-DOS. O pulo do gato foi não incluir no contrato o acesso ao código-fonte nem uma cláusula de exclusividade, ladrilhando o caminho que a levou a líder do mercado de PCs compatíveis e colocou Gates e Allen na lista dos bilionários da Forbes.

 

O Windows "nasceu" em 1985 como uma interface gráfica que rodava no MS-DOS e foi chamado inicialmente de Interface Manager — como a palavra "windows" significa "janelas", foi trabalhoso e demorado registrá-la como nome de um produto —, mas só se tronou um sistema operacional semiautônomo em 1995, já que o DOS continuou operando nos bastidores até 2001, quando a versão XP cortou o cordão umbilical.


O Windows 98/SE reinou sobranceiro até ser destronado pelo XP. A exemplo do Windows ME — lançado em setembro de 2000 para aproveitar o apelo mercadológico da virada do milênio — o Vista (2007), o 8 (2012) e o 8.1 (2013) foram fiascos de crítica e de público. O Seven (2009) repetiu o sucesso do XP. O Windows 10 — lançado em 2015 como "serviço" — foi incumbido de atingir 1 bilhão de instalações e em três anos. No entanto, a despeito do upgrade gratuito para usuários de cópias legítimas do Windows 7 SP1 e 8.1, só cumpriu a meta em 2020. 

 

Quando lançou o Windows 10 como parte da ideia "Windows as a Service" — segundo a qual o software evoluiria com atualizações contínuas, sem precisar de novos nomes ou versões numeradas — a Microsoft deu a entender que ele seria a "versão definitiva" do sistema. Mas não há nada como o tempo para passar: além de lançar o Windows 11 em 2021— com exigências de hardware que frustraram milhões de usuários —, a empresa avisou que o suporte ao Windows 10 seria descontinuado em outubro de 2025 (clique aqui para saber como continuar usando essa versão com segurança). 

 

Observação: O Windows 12 está no forno, mas a próxima atualização relevante será o Windows 11 25H2, previsto para setembro ou outubro, que será distribuído via "enablement package" — pacote de ativação de cerca de 1 MB que instala em poucos minutos.     

 

Apesar de Bill Gates ser a face mais conhecida da Microsoft, muitos dos erros estratégicos da empresa ocorreram sob Steve Ballmer, que assumiu a presidência em 2000 e foi sucedido por Satya Nadella em 2014. Ballmer comandou a criação do Xbox e aquisições importantes (Skype, LinkedIn, GitHub e Activision Blizzard), mas também foi responsável pelo fiasco do Windows Vista e por subestimar os smartphones — erro que custou à Microsoft a chance de competir com o Apple iPhone (detalhes nesta postagem).

 

Nadella, por sua vez, apostou na nuvem (Azure) e na mudança para o modelo SaaS, que substituiu as tradicionais licenças permanentes por uma base de usuários de software como serviço. Mas a parceria com a OpenAI, criadora do ChatGPT, à qual a Microsoft já destinou mais de US$ 13 bilhões até 2024, foi um marco para ambas as empresas.

 

Hoje, 50 anos após sua fundação, a Microsoft continua liderando o mercado de sistemas operacionais (com participação estimada em 69%), mas enfrenta o desafio de monetizar a IA, altos gastos com infraestrutura, e forte concorrência da Google e da Amazon nos serviços de nuvem. Ainda assim, 2025 lhe tem sido generoso: no primeiro trimestre, a receita bateu US$ 70 bilhões — alta de 16% em relação a 2024 —, com lucro líquido de US$ 24,7 bilhões. 

 

Resumo da ópera: Enquanto a Apple enfrenta riscos regulatórios e uma cadeia de produção vulnerável (concentrada na China), a Gigante de Redmond demonstra notável resiliência, trajetória sólida e expectativas alvissareiras para os próximos 50 anos. 


Quem viver verá.

sexta-feira, 24 de julho de 2020

ATUALIZAÇÕES DO WINDOWS 10, UMA PITADA DE HISTÓRIA E OUTRA DE CULTURA INÚTIL — 3ª PARTE

A MILITÂNCIA BOLSONARISTA É COMO A TORCIDA CUJO TIME GANHA COM UM PÊNALTI INEXISTENTE, MAS CONTINUA DEFENDENDO SUAS CORES.

No alvorecer da computação pessoal as máquinas não tinham disco rígido nem sistema operacional. Tampouco havia interface gráfica ou mouse. Operar os PCs de então exigia conhecimentos de programação, expertise e boa memória para decorar centenas de comandos de prompt e digitá-los corretamente, pois qualquer letra, cifra, espaço ou caractere a mais ou faltando resultava em mensagens de erro.

A GUI — sigla de Graphical User Interface, ou interface gráfica do usuário —, desenvolvida pela Xerox nos longínquos anos 1970 e popularizada pela Apple na década seguinte, pôs ordem no caos ao permitir a interação com a máquina através de um dispositivo apontador (mouse), combinado com elementos gráficos e outros indicadores visuais (janelas, menus, ícones, caixas de seleção etc.). 

Windows, que nasceu em 1985 como uma interface gráfica que rodava no MS-DOS, só se popularizou a partir da edição 3.0, lançada em 1990, que podia ser usada por qualquer pessoa, mesmo que não tivesse conhecimentos de programação.

ObservaçãoA interface gráfica se baseia numa combinação de tecnologias e dispositivos para fornecer a plataforma a partir da qual o usuário interage com o sistema. Nos PCs, a combinação mais conhecida é o WIMP, baseada em janelas, ícones, menus e ponteiros, onde o mouse é utilizado para movimentar o cursor pela tela e efetuar os comandos através de seleções e “cliques”.

Como nos ensinou o oncologista Nelson Teich na coletiva que concedeu à imprensa por ocasião de sua demissão do ministério da Saúde, “a vida é feita de escolhas”. E a Xerox, pioneira no desenvolvimento de interfaces gráficas, não explorou devidamente a inovação que desenvolveu porque não escolheu não fabricar computadores de pequeno porte. Assim, a companhia cujo nome se tornou sinônimo de cópia reprográfica no Brasil vale, hoje, uma fração do que valia nas décadas de 80/90, embora tenha desenvolvido e fabricado computadores e impressoras a laser, criado a Ethernet, o peer-to-peer, o desktop, o mouse e por aí afora.

Steve Jobs
, pioneiro no uso da interface gráfica em seus microcomputadores, só desenvolveu sua versão depois de "fazer uma visita" à Xerox, no Vale do Silício. E ele não foi o único a “copiar” uma tecnologia da empresa com o intuito de lucrar, mas isso é outra história e fica para uma outra vez. Aliás, quando Microsoft lançou o Windows, a Apple já estava anos-luz à sua frente.

Observação: Jobs não conheceu Teich e, portanto, não aprendeu a lição que o ministro ministrou em seu discurso de adeus. Por apostar na arquitetura fechada e no software proprietário, a Apple, a despeito da excelência de seus produtos (e dos preços estratosféricos, sobretudo no Brasil), sempre vendeu menos computadores do que a concorrência. Seu sistema macOS alcança 17,7% dos computadores pessoais (no âmbito mundial), enquanto a quota-parte que toca ao Windows é de 77,6%. Aliás, o mesmo quadro se delineia com os ultraportáteis: enquanto sistema móvel Android (do Google) alcança 74,14% dos usuários de smartphones, o iOS mal passa dos 25%.

Como vimos anteriormente, até a versão 95 do WindowsMS-DOS era o sistema operacional propriamente dito, e uma de seus maiores inconvenientes era ser monotarefa. Ainda que a interface se valesse de alguns artifícios para burlar essa limitação do sistema, era impossível, por exemplo, mandar um documento de texto para a impressora e usar a calculadora enquanto a impressão não terminasse. 

Mas não há bem que sempre dure nem mal que nunca termine, e o DOS foi perdendo o protagonismo com o passar do tempo. Depois de seis versões e outras tantas atualizações, o sistema deixou de ser oferecido na modalidade stand alone, embora continuasse atuando nos bastidores do Windows 9.x/ME, até que, com o lançamento do Windows XP, baseado na plataforma e no kernel do Win NT, esse cordão umbilical fosse finalmente cortado.

Embora seja bem mais fácil, rápido e cômodo operar o computador através da interface gráfica, usando o mouse para selecionar e clicar ícones, botões, menus e caixas de diálogo, as versões mais recentes do Windows, a atual inclusive, ainda contam com um interpretador de linha de comando, até porque determinadas tarefas requerem acesso diferenciado aos recursos do computador (como é o caso de diagnósticos de rede, manutenções avançadas do sistema e por aí vai) e não podem ser executadas através da interface gráfica. Aliás, a partir do Windows 8/8.1 a Microsoft passou a oferecer dois interpretadores de linha de comando: o prompt de comando tradicional e o Windows Power Shell.

Para acessar o DOS nas edições 9.x do Windows, bastava pressionar o botão Desligar e selecionar a opção Reiniciar o computador em modo MS-DOS (ou equivalente). A partir da edição XP, o que passou a ser exibido em vez do DOS propriamente dito foi um prompt de comando capaz de emular as funcionalidades do velho sistema. Um dos caminhos para acessá-lo é clicar em Iniciar > Todos os Programas > Acessórios > Prompt de Comando ou simplesmente teclar WIN+R e digitar cmd na caixa de diálogo do menu Executar

Note que nem todos os comandos usados com o jurássico command.com (interpretador padrão do Windows 3.x/9x ME) funcionam com o cmd.exe (seu equivalente no XP/Vista/7) ou com o "novo" PowerShell (substituto do prompt tradicional no Windows 8.1 e 10). E recíproca é verdadeira.

Continua...

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

WINDOWS SANDBOX

ALGUMAS PESSOAS ESTÃO ERRADAS MESMO QUANDO FICAM CALADAS.

Bill Gates e Paul Allen fundaram a Microsoft em 1975 para desenvolver e comercializar interpretadores BASIC para o recém-lançado Altair 8800. Poucos anos depois, uma conjunção de fatores levou a empresa a adquirir os direitos do CP/M, adaptar o código ao hardware da IBM e licenciá-lo com o nome de MS-DOS. 

O Windows “nasceu” em 1985, inicialmente como uma interface gráfica que rodava sobre o DOS. A versão 3.0 foi a primeira a conquistar sucesso comercial, e a 95, a primeira a se apresentar como sistema operacional autônomo — ou quase, já que o DOS continuaria atuando nos bastidores até 2001, quando o XP finalmente cortou o cordão umbilical. O Win 98/SE, considerado a melhor das versões 9.x, foi sucedido pelo aziago ME — que tentou ser uma ponte entre as linhas domésticas e corporativas, mas acabou herdando problemas de ambas. As versões XP e 7 foram sucessos de público e de crítica, ao passo que Vista e 8/8.1 amargaram fiascos retumbantes.


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Um aspecto da junção do PP com o União Brasil, que resultou na federação denominada União Progressista, é o cinismo oposicionista. Serão 109 deputados e 14 senadores em via de serem 15, tornando-se a maior bancada do Congresso. Parlamentares em amplíssima maioria identificados com o Centrão. Na Câmara, ultrapassam o PL que, assim, perde o privilégio daquela condição. Além disso, juntos, PP e União terão em caixa R$ 1,151 bilhão dos fundos eleitoral e partidário, considerados os últimos repasses de dinheiro público. 

Perde muito mais o bolsonarismo que o petismo — este já tem como dada sua função meramente utilitária de meio de acesso ao aparelho estatal, mas aquele ainda guarda alguma cerimônia no trato do ex-presidente como guia genial da direita. 

Ainda é cedo para afirmar com certeza, mas já é possível aventar a hipótese de que se fortaleça nesse campo o descolamento da liderança e orientação de Bolsonaro nas articulações para a disputa presidencial de 2026. A manutenção da palavra do ex-presidente como determinante para decisões da direita já é considerada um estorvo em voz baixa. Reclamos que tendem a ganhar decibéis com a provável condenação e os atritos promovidos pela prole do capetão. 

O oposicionismo de resultados, expresso na presença de indicados dos novos federados na máquina pública, não deixa de ser um reforço à União Progressista. O comando de quatro ministérios, controle de diretorias da Caixa Econômica Federal e de boas cadeiras na Codevasf são ativos assaz interessantes para a formação de robustas bancadas na eleição parlamentar. Para isso, suas excelências precisam mais da condescendência pragmática do governante que de obediência às ordens do oponente.


A Microsoft projetou seu sistema para operar computadores domésticos isolados ou em pequenas redes corporativas. Quando a popularização da internet expôs milhões de máquinas a ameaças online, ela implantou diversos recursos de segurança no XP, mas manteve serviços desnecessários rodando por padrão — até mesmo com privilégios administrativos. Além disso, o controle de contas e senhas era precário e nove em cada dez usuários ignoravam as atualizações de segurança.

 

Ciente de que os downloads demoravam horas nas jurássicas conexões discadas da época, a empresa criou o Patch Tuesday — pacote de correções de segurança liberado via Windows Update na segunda terça-feira de cada mês. A estratégia funcionou, mas rendeu apelidos jocosos: a versão NT (New Technology) era chamada de “nice try” (boa tentativa), e as demais ficaram conhecidas como “peneira” (pela permeabilidade a invasões) e “colcha de retalhos” (uma alusão aos remendos constantes que mantinham o sistema funcionando). De todo modo, cada patch representava não apenas o reconhecimento de uma falha, mas também o compromisso crescente da Microsoft com a segurança dos usuários.

 

Observação: Todo software está sujeito a bugs. Até a década passada, considerava-se “normal” a ocorrência de um erro a cada 10 mil linhas de código. O Windows 7 tinha cerca de 40 milhões de linhas, o Office 2013, 50 milhões, e o Mac OS X Tiger, quase 90 milhões. Basta fazer as contas para ter uma ideia do tamanho da encrenca.

 

Assim como a indústria automotiva aprimora seus protótipos até que fiquem bons o bastante para chegar ao consumidor, os desenvolvedores de software criam versões Alfa, Beta (fechada e aberta), Release Candidate e Gold. Na fase inicial (Alfa) são delineados objetivos, recursos e funções do programa — muitos dos quais não chegam sequer aos inscritos no programa Windows Insider, mas podem ser compartilhados com parceiros para testes de compatibilidade.

 

O ideal seria eliminar todos os problemas ainda no desenvolvimento, já que corrigi-los depois gera custos adicionais e compromete a imagem do fabricante. Mas, diferentemente das montadoras, que precisam convocar recalls, aos criadores de software basta lançar patches em seus sites — seja na forma de update (atualização), seja como upgrade (nova versão do produto).

 

Na fase Closed Beta, um grupo restrito de usuários testa o código e fornece feedback para eliminar boa parte dos bugs. Já a Open Beta amplia o público envolvido. A Release Candidate ainda não espelha o produto final, mas já apresenta a maioria dos recursos e da interface da versão Gold (ou comercial). Após o lançamento, cabe ao desenvolvedor fornecer patches e updates para corrigir falhas, mas a responsabilidade pela instalação é dos usuários. 

 

Com a popularização da banda larga e das redes Wi-Fi, o processo de atualização ficou mais ágil. A partir do XP, um recurso batizado de Atualizações Automáticas passou a buscar, baixar e instalar correções críticas automaticamente. Ainda assim, a quantidade de computadores rodando versões vulneráveis levou a Microsoft a rever sua política com o lançamento do Windows 10 como serviço (em julho de 2015).

 

A trajetória do Windows foi marcada por progressos notáveis: o Vista introduziu o Controle de Conta de Usuário (UAC), o Seven aprimorou a segurança geral, e versões posteriores integraram o Windows Defender e, mais recentemente, o sandboxing de aplicações (tema que será abordado na sequência). Mas a popularidade e a necessidade de manter compatibilidade com décadas de softwares tornam o sistema da empresa de Redmond menos seguro que o da Apple e as distribuições Linux.

 

Para piorar, problemas em upgrades (e até em atualizações menores) continuam levando usuários ao desespero. A atualização do segundo semestre de 2018 para o Windows 10, por exemplo, foi tão desastrosa que a Microsoft precisou suspendê-la por quase dois meses, tanto na página oficial quanto no próprio Windows Update.

 

Continua na próxima postagem.