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segunda-feira, 14 de agosto de 2017

GRINGO: THE DANGEROUS LIFE OF JOHN McAFEE

O PROBLEMA NÃO É A ARMA, MAS SIM O ASSASSINO.

Quem já usava computadores nos anos 90 deve estar lembrado do festejado antivírus criado pelo gênio da programação doido-de-pedra John McAfee, fundador da McAfee Associates, que foi um dos primeiros softwares comerciais destinado à proteção contra pragas eletrônicas, e que, durante alguns anos, disputou a preferência dos usuários mais precavidos com o igualmente icônico Norton Antivírus, marca que pertence à empresa de segurança digital Symantec. Mas o foco desta postagem não é o McAfee Antivirus ― que, atualmente, pertence à gigante Intel ― mas, sim, um trecho da vida de seu amalucado criador, cujas excentricidades eu comentei de passagem neste post.

Já está disponível para assinantes tupiniquins do serviço de streaming de vídeo Netflix o documentário “Gringo: The Dangerous Life of John McAfee”, produzido pela própria Netflix e dirigido pela cineasta Nannete Burnstein, que mostra a vida do bilionário doidivanas depois de sua mudança para Belize, na América Central, onde foi acusado de estupro e cassado pela polícia por suspeita de ter assassinado um vizinho que teria matado seus cachorros.

O filme ― que vale a pena você assistir ― mostra também que John McAfee ― que chegou a ser pré-candidato na eleição presidencial dos EUA em 2016 ― subornava policiais na América Central e contava com criminosos perigosos como seguranças armados. Se tivesse chegado a disputar a presidência, talvez tivesse se revelado uma escolhe melhor do que o estapafúrdio Donald Trump.

Vale a pena conferir.


Se o vídeo não abrir, acesse https://youtu.be/VGkC08I37xE

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quinta-feira, 23 de março de 2017

AINDA SOBRE A OBSOLESCÊNCIA DO ANTIVÍRUS (Parte 2)

CONSCIÊNCIA É COMO VESÍCULA, A GENTE SÓ SE PREOCUPA COM ELA QUANDO DÓI.

Se quiser saber mais sobre a história do antivírus, siga este link e leia a sequência de três postagens que eu publiquei a propósito há alguns anos. Talvez muita coisa tenha mudado desde então, mas as informações conceituais continuam plenamente válidas.

Voltando a John McAfee, que considera o antivírus obsoleto, o cara pode ser um gênio, mas também é doido de pedra. Filho de um suicida, ele chegou a trabalhar como programador para a NASA, mas consumia grandes quantidades de cocaína, vendia o excedente a colegas de trabalho, dormia sobre a mesa e passava as manhãs bebendo whisky. Foi expulso da Northeast Louisiana State University por transar com uma de suas alunas, e da Univac de Bristol, no Tennessee, depois de ser flagrado vendendo maconha. Em 1986, quando soube que dois paquistaneses haviam criado aquilo que poderia ser considerado o primeiro vírus de computador, JM fundou a McAfee Associates, pensando, inicialmente, em desenvolver ferramentas antivírus e distribuí-las gratuitamente. Mas o sucesso foi tamanho que, em 1991, todas as maiores empresas dos EUA usavam seu programa (pelo qual já era cobrada uma pequena taxa de licenciamento, que lhe rendia US$ 5 milhões por ano).

Em pouco tempo, o valor da McAfee Associates alcançou impensáveis US$ 80 milhões, e John passou a figurar entre os grandes nomes da indústria tecnológica nos anos 90. Em 2011, ele vendeu a companhia para a Intel por US$ 7,7 bilhões. No ano seguinte, fundou uma fábrica de cigarros, uma companhia de distribuição de café e um serviço de táxi marítimo. Mais adiante, foi preso por criar um exército privado e traficar drogas em Belize; solto sob fiança, voltou a morar em companhia de cinco mulheres (com idades entre 17 e 20 anos). Suspeito do assassinato de um vizinho, JM fugiu para a Guatemala, de onde foi extraditado para os EUA. No ano passado, já como CEO da MGT Capital Investments, resolveu mudar o nome da companhia para John McAfee Global Technologies, contrariando o contrato celebrado com a Gigante dos microchips por ocasião da venda de sua empresa (o imbróglio aguarda decisão judicial).

Para alguns, McAfee é um homem perigoso, um dos chefes de um cartel de drogas na América Central. Para outros, é apenas alguém que perdeu contato com a realidade e tenta convencer os outros de seus delírios. Em seu blog oficial, ele alimenta histórias mirabolantes, como a de que é líder de um grupo de espiões que descobriu uma célula terrorista do Hezbollah em plena América Central. No início do ano, em entrevista concedida ao site de tecnologia Tecmundo, afirmou que “deveríamos jogar fora nossos smartphones”, pois eles podem ser hackeados, independente da marca, do modelo e dos aplicativos de segurança instalados para protegê-los. E o pior é que faz sentido. Semanas atrás, o Wikileaks vazou arquivos confidenciais da CIA que revelam a existência de ferramentas de espionagem sofisticadas, capazes de quebrar a criptografia de sistemas operacionais e obter acesso remoto a computadores, smartphones, automóveis, e até Smart TVs (voltaremos a esse assunto numa futura postagem).

McAfee afirma que os antivírus são inúteis porque se baseiam numa tecnologia ultrapassada, que as soluções desenvolvidas pelos crackers para burlar a proteção são bem mais criativas e avançadas, e que usa celulares sem GPS. Se, por algum motivo, precisa acessar a Internet a partir de um smartphone, ele compra um aparelho (da Samsung), que troca por um novo a cada duas semanas.

Mas não é só esse desvairado que acredita na morte eminente dos antivírus. Brian Dye, vice-presidente da Symantec ― uma das mais conceituadas empresas de segurança digital do mundo ― compartilha da mesma opinião. Para ele, se os antivírus não são totalmente inúteis, no mínimo são insuficientes.

De acordo com um estudo da FireEye, 82% dos malwares desaparecem por completo depois de uma hora. Em média, 70% só existem uma vez. Assim, os gigantescos bancos de dados dos fabricantes dos antivírus são cemitérios de malwares que jamais afetarão os usuários. Daí a popularização da heurística na detecção de softwares mal-intencionados, que permite identificá-los a partir de seu comportamento, mas que, em contrapartida, consomem muitos recursos e apresentam resultados difíceis de interpretar.

Talvez os antivírus tenham se transformado em coisas monstruosas e lentas. Ao longo dos anos, foram adicionando às suas janelas uma grande quantidade de funções extras, como cópias de segurança ou limpadores de arquivos ― recursos úteis, mas que nada têm a ver com a proteção antimalware; são apenas uma estratégia de marketing para aliciar os consumidores e convencê-los da utilidade das ferramentas.

A conclusão fica para a próxima postagem. Até lá.

RODRIGO JANOT E A DISENTERIA VERBAL DE GILMAR MENDES

Depois que a Folha divulgou uma suposta “coletiva em off” para vazar seletivamente nomes de políticos que figuram na “Lista de Janot”, o grandiloquente ministro Gilmar Mendes teceu críticas incisivas aos procuradores. 
No pronunciamento mais contundente desde que assumiu a Procuradoria Geral da República, Rodrigo Janot rebateu: “Não vi uma só palavra de quem teve uma disenteria verbal a se pronunciar sobre essa imputação do palácio do planalto, congresso nacional e supremo tribunal federal. só posso atribuir tal ideia a mentes ociosas e dadas a devaneios. mas, infelizmente, com meios para distorcer fatos e instrumentos legítimos de comunicação institucional”. Ainda que não tenha citado Mendes nominalmente, o PGR não deixou dúvidas sobre quem era o alvo das suas críticas.

Disse Janot que magistrado preferiu atacar o Ministério Público e omitir, de forma deliberada, as menções ao uso do off no Palácio, no Congresso e no Supremo, que a informação de que houve uma coletiva para a divulgação de uma lista de políticos investigados é mentirosa, que Mendes estaria tentando nivelar todas as autoridades ao atribuir aos procuradores conduta que, na prática, seria dele, qual seja chamar jornalistas para conversas reservadas e divulgar informações sigilosas.

Ainda assim, meus amigos, em projeção mental, alguns tentam nivelar todos a sua decrepitude moral e para isso acusam-nos de condutas que lhes são próprias, socorrendo-se, não raras vezes, da aparente intangibilidade proporcionada pela posição que ocupam no estado” — completou Janot. E não deixou por menos: “procuramos nos distanciar dos banquetes palacianos. Fugimos dos círculos de comensais que cortejam desavergonhadamente o poder público e repudiamos a relação promíscua com a imprensa”, em patente reprovação à suposta conduta promíscua do ministro, que estaria participando com frequência de jantares no Palácio do Planalto.

A bola está com o ministro. Aguardemos, pois, o próximo lance.

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quarta-feira, 22 de março de 2017

ANTIVÍRUS ― NÃO DÁ PARA NÃO USAR. SERÁ MESMO?


A POLÍTICA BRASILEIRA É LAMENTÁVEL. NÃO SE ENCONTRA UM POLÍTICO HONESTO; AQUELES QUE O SÃO, RARAMENTE CHEGAM AO PODER, E SE CHEGAM, OU SUCUMBEM À CORRUPÇÃO OU SÃO DESTRUÍDOS PELOS CORRUPTOS. 


O termo malware designa qualquer software malicioso, aí incluído o tradicional vírus eletrônico ― programa capaz de se autorreplicar, criado experimentalmente em meados do século passado, mas que só começou a incomodar no final dos anos 1980 e a se disseminar mais expressivamente com a popularização do uso doméstico da internet (clique aqui para mais detalhes).

De uns tempos a esta parte, as pragas que se celebrizaram por apagar arquivos e danificar os PCs das vítimas (em nível de software) deram lugar a variações como o spyware, que monitora os hábitos de navegação dos internautas, capturam dados confidenciais ― senhas bancárias, informações de login, números de cartões de crédito, etc. ― e os enviam para os crackers de plantão fazerem a festa.

Nesse cenário pouco alvissareiro, o antivírus é indispensável, certo? Há controvérsias, como veremos no desenrolar desta matéria. Antes, porém, vale relembrar que malwares não são entes misteriosos ou prodígios de magia negra, mas programinhas como outros quaisquer, só que escritos para executar ações maliciosas ou criminosas. Eles são classificados de acordo com seus objetivos e modus operandi (vírus, worms, trojans, spywares, ransomwares, etc.), mas não surgem do nada ou são transmitidos pelo ar, como os vírus biológicos ― de certa forma, alguns malwares até são, se considerarmos a possibilidade de propagação através de redes wireless (tipo Wi-Fi, Bluetooth, etc.), mas isso já é outra história. Seja como for, é preciso ter sempre em mente que, na maioria das vezes, a infecção só acontece mediante a participação ― ainda que involuntária ― das próprias vítimas, daí eu dizer que não existe programa de segurança “idiot proof” o bastante para proteger o usuário de si mesmo. 
     
Observação: As modalidades de ataque já foram contempladas em outras postagens (sugiro reler a sequência que eu publiquei a partir do último dia 16), mas convém ter em mente que o correio eletrônico, os programas mensageiros e as redes sociais são as formas mais utilizadas como meio de transporte para os códigos maliciosos (quanto mais popular for um sistema, aplicativo ou webservice, tanto maior será a tendência de ele ser explorado pelos cibervigaristas).

O Windows é o sistema operacional mais usado em todo o mundo. Segundo a StatCounter Global Stats, ele detém 84,14% da preferência dos usuários ― contra 11,6% do OS X e 1,53% das distribuições Linux ―, o que o torna um alvo atraente para a bandidagem. Todavia, ao contrário da crença popular, existem, sim, pragas que afetam o OS X, da Apple, e as distribuições Linux (não fosse assim, não haveria programas antivírus destinados especificamente a essas plataformas).

Na opinião da maioria dos analistas, é extremamente arriscado navegar nas águas turvas da Web sem um arsenal de defesa responsável, composto de um bom antivírus, um aplicativo de firewall e um antispyware. Mas esse entendimento não é unânime. Para o fundador da McAfee Associates, criador de um dos primeiros antivírus comerciais, usar antivírus não faz a menor diferença. Tudo bem, John McAfee é doido de pedra, mas Brian Dye, vice-presidente da Symantec ― renomada fabricante de programas de segurança digital ― os antivírus, se não chegam a ser totalmente inúteis, são, no mínimo, insuficientes. E agora, José?

Amanhã eu conto o resto. Até lá. 

GOVERNO X POLÍCIA FEDERAL: QUEM TEM CARNE FRACA?

Entre ministros do governo que cercam o presidente Michel Temer, o mínimo que se ouve é que a Polícia Federal deu um tiro no pé e produziu grave estrago na imagem do país, tanto aqui dentro quanto ― e principalmente ― lá fora. Por ora, o governo não dá bola para teorias conspiratórias que circulam a respeito nas redes sociais, mas não só ― também entre políticos. A mais insistente delas sugere que a Polícia Federal e o Ministério Público agiram a serviço de interesses internacionais inconformados com a posição do Brasil no ranking dos maiores exportadores de carne do mundo ― o que soa a absurdo. 

O entendimento que prevalece no governo é o de que a Polícia Federal e o Ministério Público, embalados pelo sucesso da Operação Lava-Jato, limitaram-se a aplicar na Carne Fraca os mesmos métodos de investigação que até aqui haviam dado certo. O erro foi não se socorrer de especialistas em saúde sanitária para evitar disparates do tipo “papelão misturado à carne” ou de ácido impróprio usado para conservar ou conferir melhor aparência às peças de carne para venda. De resto, as conclusões tiradas o foram a partir de apenas dois laudos periciais. Pouca coisa por enquanto.

Blairo Maggi, Ministro da Agricultura, escolhido para defender a indústria de carne e bater de frente na Polícia Federal cumpriu o papel a contento até ontem, mas exorbitou ao ameaçar pagar na mesma moeda a decisão do governo chileno de suspender a importação de carne brasileira. E o pior foi dizer que contava para isso com o aval do presidente da República (pura bazófia, porque tal disposição não combina com o estilo ameno e negociador de Temer, sem mencionar que não foi só o Chile que impôs restrições à importação de carne brasileira, mas também a China e países da Comunidade Econômica Europeia).

A prudência recomenda a Temer e seus ministros evitarem um confronto aberto com a Polícia Federal e o Ministério Público ― instituições bem avaliadas pelos brasileiros e que guardam segredos que poderão atingir ainda mais políticos do núcleo do Governo Federal. Aliás, um já foi atingido por um disparo de advertência: Osmar Serraglio, Ministro da Justiça, que, doravante, terá como um dos órgãos subordinados ao seu ministério uma Polícia Federal com munição suficiente para causar-lhe sérios danos. Ligado à bancada ruralista no Congresso, Serraglio foi pego chamando um dos presos da Carne Fraca de “grande chefe” e interferindo a favor de um frigorífico do Paraná sujeito a fiscalização.

Vamos aguardar os novos desdobramentos.

Obs.: Texto criado a partir de um artigo de Ricardo Noblat, publicado em O Globo na última terça-feira. 

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