Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta apenas a filha laura. Ordenar por data Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta apenas a filha laura. Ordenar por data Mostrar todas as postagens

domingo, 10 de julho de 2022

SERGIO MORO DE VOLTA ÀS ORIGENS (PARTE 4)


 

Após ganhar notoriedade expondo documentos secretos da NSAGlenn Greenwald, o pasquineiro difamador, deixou o jornal The Guardian e passou ser bancado pelo francês de origem iraniana Pierre Omidyar, fundador do site de leilões eBayCom fortuna avaliada em quase US$ 14 bilhões, o bilionário é fundador também da First Look Media — empresa-mãe do The Intercept — e do Press Freedom Defense

Diferentemente de filantropos realmente engajados em causas humanitárias e à semelhança do húngaro George Soros — a encarnação do demônio para os antiglobalistas —, Omidyar “faz caridade” com uma desavergonhada pegada de ativismo político. Em 2017, quando doou US$ 100 milhões para combater fake news através do jornalismo investigativo, ele divulgou um comunicado em que se comprometia a aplacar o “déficit global de confiança” nas instituições. Dentre os eventos listados para fundamentar tal preocupação figuravam a eleição de Donald Trump e — vejam só — o impeachment da ex-presidanta Dilma Rousseff. 

Defensores de Verdevaldo nas redes sociais tentaram lhe emprestar credibilidade alegando que ele teria sido agraciado com um Pulitzer — considerado o Oscar do Jornalismo — pela publicação dos documentos da NSA vazados por Edward Snowden. Na verdade, a equipe liderada por ele e Laura Poitras conquistou para o The Guardian US e para o The Washington Post o prêmio na categoria “Serviço Público” de 2014 — na qual o premiado é sempre o jornal que publicou a reportagem ou a série de reportagens. Ainda que assim não fosse, a lista de ganhadores do Pulitzer inclui Walter Duranty, que ocultou deliberadamente os crimes do stalinismo (incluindo o genocídio de ucranianos pela fome) e Janet Cooke, autora de uma reportagem inventada sobre uma criança de oito anos viciada em heroína, que teve de devolver o prêmio depois que a farsa foi descoberta (clique no site do Pulitzer para checar).
 
Quem tiver interesse em conhecer o verdadeiro estofo do caráter do manipulador do conta-gotas do Intercept encontrará mais informações na reportagem que Eric Wemple publicou em 27 de junho de 2013 no jornal The Washington Post. Dentre outras coisas, a matéria informa que “o escritório do cartório do condado de Nova York mostra que Glenn Greenwald tem US$ 126.000 em sentenças abertas e contra ele datando de 2000, incluindo US$ 21.000 do Departamento de Impostos do Estado e da Secretaria da Fazenda. Também fala de um penhor de US $ 85.000”.
 
Greenwald se envolveu com gente do submundo e do ramo da pornografia e se tornou inimigo de Peter Haas — dono de uma companhia de produtos pornográficos —, a quem chamou de little bitch (putinha) no Post. Ao se juntar a Edward Snowden — o ex-administrador de sistemas da CIA e ex-contratado da NSA que tornou públicos detalhes de vários programas que constituem o sistema de vigilância global americano —, entrou para a lista negra do governo EUA e bateu de frente com Julian Assange, dono do WikiLeaks e de uma capivara que inclui processo por estupro na Suécia e quebra de acordo de liberdade sob fiança no Reino Unido. 

Em 2013, quando David Miranda — ex-suplente de Jean Wyllys e marido de Glenn — foi detido no Aeroporto de Londres por violar o protocolo 7 do Ato Antiterrorismo, Dilma prestou mais um desserviço aos brasileiros abrindo as portas do país para a permanência legal do panfleteiro, como fez Lula antes dela ao acolher o mafioso assassino Cesare Battisti

Se você ainda acha que o Intercept, seu editor e seus replicadores são paladinos da justiça, pense outra vez. Como Lula, essa caterva não passa de santos com pés de barro. Greenwald posa de quintessência da moralidade, mas nunca foi flor que se cheire. Um mês antes das eleições americanas de 2016, ele publicou no Intercept uma matéria intitulada “EXCLUSIVO: NOVO VAZAMENTO DE E-MAILS REVELA RELAÇÃO PRÓXIMA DA CAMPANHA DE CLINTON COM A IMPRENSA”, que expunha o conteúdo de mensagens trocadas entre a equipe da candidata democrata Hillary Clinton e jornalistas. 

Ao divulgar as supostas conversas entre Moro e os procuradores da Lava-Jato, o blogueiro ignominioso não se importou com a forma como o material fora obtido nem com o óbvio direcionamento dos alvos: somente juízes e investigadores envolvidos em decisões desfavoráveis aos acusados pela Lava-Jato tiveram seus dados vazados. Ao ser perguntado sobre essa seletividade, o coveiro de reputações respondeu: “Qualquer sugestão de que eu me oponho à Lava-Jato é totalmente ridícula”. Seus métodos se encaixam naquilo que é conhecido como “jornalismo ativista”, “jornalismo de oposição” ou “jornalismo de choque”. 

A prática usa as premissas que regem a profissão, como a preservação da fonte e a busca do interesse público, para atingir apenas rivais. Seu sobrenome até deu origem a um verbo em inglês: “greenwalding”. Em 2016, o termo entrou no site Urban Dictionary, em que os leitores elencam acepções para as palavras e votam nas melhores, sedo uma das mais populares “pinçar um conteúdo e tirá-lo do contexto com o objetivo de difamar alguém”.
 
Os alvos do “jornalista investigativo” e seu site panfletário são todos aqueles que, em sua visão de mundo, abusam de sua condição de poder. Trata-se de um grupo eclético, que inclui o Partido Democrata, as elites, o jornal The Washington Post, a Globo, os ricos (embora ele próprio seja financiado por um bilionário), o FBI, a CIAIsrael, o Reino Unido, o ex-procurador especial dos Estados Unidos Robert Mueller, a Lava-Jato (quando o alvo é o PT), e por aí segue a procissão.

O gosto pelo enfrentamento, destilado quase diariamente em sua conta do Twitter, aflorou ainda em 2005, quando Glenn passou a criticar a presença militar americana no Iraque. No ano seguinte, publicou o livro Como um patriota deveria atuar — o título fazia referência ao Patriot Act, criado pelo presidente George W. Bush como resposta aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. A obra tornou-se um best-seller, e o sucesso editorial lhe abriu as portas para a autoria de colunas no site americano Salon e, mais adiante, no jornal inglês The Guardian.

Com Snowden e Assange, o paladino dos bocós forma um trio sempre disposto a defender Vladimir Putin. Dos três ativistas, Glenn é quem tem a língua mais afiada. Para cada abuso ou crime cometido a mando de Putin, ele cria uma história para relativizar o fato ou afirma que as evidências não são suficientes para culpar Moscou. Quando um ex-espião russo e sua filha foram envenenados com novichok na Inglaterra, disse que os cientistas britânicos mentiram quando afirmaram que a substância havia sido produzida na Rússia.
 
Além prestar vassalagem o ditador russo, Greenwald é simpatizante de grupos terroristas muçulmanos, como o Estado Islâmico, a Al-Qaeda, o Hamas e o Hezbollah, que considera como "as democracias do Oriente" — só para lembrar: em 1983, membros do Hezbollah explodiram dois caminhões-bomba no Líbano e mataram 307 militares que estavam no país como força de paz. Desses, 241 eram americanos. Mas o Brasil entrou em sua vida por questões pessoais: Em 2005, ele conheceu o marido David Miranda, então com 20 anos, que conquistou seus cinco minutos de fama ao ser interrogado durante nove horas no aeroporto de Heathrow, em Londres, depois de ter sido pego transportando documentos de Snowden para Greenwald

Em 2016, Miranda se elegeu vereador pelo Rio de Janeiro; em 2018, tentou a Câmara dos Deputados, mas conseguiu apenas a primeira suplência da bancada do PSOL. Quando Jean Wyllys se autoexilou na Espanha, alegando ameaças de morte, o vice passou a titular, o que comprova mais uma vez quão bem servidos estamos de representantes no Congresso.
 
"Lutamos contra os governos mais poderosos do mundo e a CIA, a NSA, o Reino Unido… Estávamos sendo ameaçados o tempo todo”, disse Greenwald em entrevista ao site Agência Pública, dois dias depois da divulgação das mensagens roubadas do celular de Dallagnol. Na mesma entrevista, atacou veículos de imprensa brasileiros, afirmando que a “grande mídia” estava trabalhando para a Lava-Jato. No dia seguinte, a Globo emitiu um comunicado revelando que, apesar dos ataques, o panfleteiro havia proposto uma pareceria para divulgar as mensagens roubadas. 

Glenn e a Globo já haviam trabalhado juntos em 2013, na publicação dos documentos de Snowden, mas o assassino de reputações se negou a dar informações sobre o conteúdo e a origem do material que dizia possuir. Em outras palavras, ele queria fechar a parceria sem que a emissora soubesse o que tinha em mãos, e por isso a conversa não foi adiante. Uma vez publicadas as matérias no Intercept, prossegue o comunicado da Globo, um representante do site ainda a procurou para oferecer uma entrevista. Também não deu certo. Na sequência, Glenn passou a atacar a Globo. “O comportamento de Greenwald nos episódios aqui narrados permite ao público julgar o caráter dele”, resume a nota.

O mundo dá muitas voltas. Seria justiça poética o casal 20 versão século XXI receber uma dose cavalar do próprio remédio, até porque a diferença entre o fármaco e o veneno está justamente na dosagem. E assim encerro mais este capítulo, aproveitando o ensejo para recomendar a leitura desta matéria, que detalha o imbróglio que descrevi. Se sobrar tempo, vale também assistir a este vídeo.

Continua...

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

OS TRAIDORES DA PÁTRIA

Antes do assunto do dia:

O dublê de preposto e bonifrate que Bolsonaro fez eleger presidente da Câmara informou que o plenário da Casa votará na quarta-feira 13) um PL que visa reduzir o preço dos combustíveis mediante a modificação do cálculo do ICMS. A ideia é calcular o tributo com base no valor médio de venda da gasolina, do diesel e do etanol nos últimos dois anos em vez de tomar por base o preço nos últimos 15 dias, como é feito atualmente. 

Lira negou que o ICMS seja o único responsável pela alta, mas classificou o imposto de “primo malvado” da história e ponderou que "os aumentos sucessivos pela pressão do dólar e do petróleo fazem com que, neste momento, o ICMS precise ter um tratamento mais calmo, tranquilo. Não estamos aqui trabalhando contra governos estaduais, nem contra satanizar qualquer tipo de unidade da Federação. Estamos trabalhando para minimizar este momento de dificuldade mundial”. 

O deputado-réu e mandachuva do Centrão destacou também que os impostos federais que incidem sobre o preço dos combustíveis são fixos desde 2004 e defendeu a ideia de que algo parecido seja feito com o ICMS — o que reduziria o preço da gasolina em 8%, o do etanol em 7% e o do óleo diesel em 3,7%. Segundo o parlamentar, a mesma base de cálculo pode ser utilizada nos próximos anos, ou seja, os preços dos combustíveis em 2020 e 2021 definirão a média para 2022, e assim sucessivamente. 

Lira ressaltou que a decisão de Câmara não significará uma espécie de “ingerência” na autonomia de Estados e municípios, e que, por mais que a alteração possa significar perda de arrecadação para as unidades da Federação, os governadores precisam se sensibilizar com a situação que o país atravessa.

Parabéns ao deputado. Mas alguém deveria lembrá-lo de que muitos problemas deixam de existir quando se lhes suprime a causa. E que de nada adianta mudar a roda da carroça quando quem não presta é o burro. No caso específico dos derivados do petróleo, o barril do Brent está custando cerca de US$ 80, e com o dólar a R$ 5,50, a situação fica insustentável. Se não houvesse no Planalto uma usina de crises, o real "valorizaria" uns 30%, ou seja, o dólar baixaria para algo em torno de R$ 4, o que não é o ideal, mas é bem melhor do que a cotação atual.

O etanol é um caso à parte — curiosamente, o aumento do combustível verde, do inicio de 2021 para cá, foi maior que o da gasolina, e a cana de açúcar não é importada. Mas a explicação fica para uma próxima oportunidade.

Ainda antes do assunto do dia:

1) Segundo a Folha, Tatiana Garcia Bressan, que estagiou no gabinete do ministro Ricardo Lewandowski de julho de 2017 a janeiro de 2019, foi usada como informante pelo blogueiro bolsonarista Allan dos Santos para repassar informações de dentro do gabinete. As mensagens foram coletadas pela Polícia Federal, obtidas por meio de quebra de sigilo telefônico que consta de relatório da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado da PF.

As conversas começaram em 23 de outubro de 2018 e foram até 31 de março de 2020. Na primeira troca de mensagens, Tatiana entra em contato com Allan, demonstrando interesse em trabalhar na equipe da deputada bolsonarista Bia Kicis, e disse que estava lotada no gabinete do togado. Ela relatou ter dificuldade em trabalhar com o ministro, mas disse que "estava lá para aprender". Segundo o relatório da PF, Allan pediu a colaboração de Tatiana. "Fique como nossa informante lá", disse o blogueiro. "Será uma honra", respondeu ela.

No dia 17 de novembro de 2019, quando já não era mais estagiária, Tatiana divulgou no perfil uma foto de protesto em favor de Bolsonaro, e acrescentou: "FORAAAAAA GILMAR", em referência ao dono do Supremo. Após a repercussão, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a PF ouça a X-9. A data do depoimento deverá ser marcada pela própria PF, pois o ministro somente autoriza a medida.

Outra de cair o queixo:

O diretor da ANS, Paulo Rebello, afirmou ontem à CPI do Genocídio que soube pela Comissão das denúncias sobre a operadora Prevent Senior, que utilizou remédios comprovadamente ineficazes em pacientes com Covidomitiu a doença em atestados de óbito.

Essa gente pensa que todo mundo é bobo. Segundo o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodriguesa ANS foi avisada em 2020 das denúncias sobre a Prevent.

Rebello anunciou a instauração de uma direção técnica na Prevent Senior. Randolfe perguntou a partir de quando a direção técnica atuará na Prevent. Rebello respondeu que ainda é preciso concluir um relatório preliminar. Segundo ele, o diretor técnico não terá poder de gestão, mas acompanhará as atividades da Prevent e poderá pedir informações. "A operadora será notificada acerca da indicação da instauração de um Regime Especial de Direção Técnica, a qual possui um rito específico que será devidamente observado pelos técnicos da ANS. Tal regime especial tem como propósito acompanhamento mais próximo da ANS, não sendo seu objetivo final a retirada da operadora do mercado, mas garantir a manutenção da qualidade assistencial aos beneficiários", afirmou o depoente.

Tomara que seja assim. Hoje em dia, basta alguém desse governo incompetente dizer uma coisa para a gente esperar o inverso. Meu receio é que meio milhão de conveniados (a maioria idosos) tenham dificuldade em migrar para outros planos. Não que a mensalidade do Prevent seja barata, as outras é que são extorsivas. Sobretudo porque a ANS não regulamenta os reajustes aplicados em planos coletivos e as operadoras (malandramente) não disponibilizam planos individuais para pessoas físicas.

Passemos agora à postagem que eu havia programado para hoje:

Situações desesperadores exigem medidas desesperadas. Há casos em que a inexistência de uma alternativa melhor nos leva a escolher o menor de dois males, mas isso não muda o fato de que ainda se trata de uma má escolha.

Foi exatamente isso que fizemos ao apoiar Jair Bolsonaro depois que a récua de muares travestidos de eleitores despachou para o segundo turno do pleito de 2018 o bonifrate travestido de preposto do presidiário de Curitiba e o mau militar travestido de parlamentar medíocre, que acabamos elegendo porque era preciso impedir a volta da cleptocracia lulopetista. Deu no que deu, e agora de nada adianta chorar o leite derramado. Oxalá a destruição promovida pela aziaga gestão ainda em curso sirva de lição ao eleitorado.

O ideal seria penabundar o inconsequente, e pedidos de impeachment em seu desfavor não faltam (são quase 140). O problema é que, de acordo com a Constituição vigente, cabe apenas ao presidente da Câmara fazer a análise preliminar dessas petições e determinar a criação da comissão especial responsável por analisar a admissibilidade do pedido, elaborar o relatório e submetê-lo ao plenário da Casa. E não há prazo para que isso seja feito. Rodrigo Maia deixou o cargo quando haviam sido protocolados 60 pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Segundo o deputado, o mandatário havia cometido erros, mas não crimes de responsabilidade que justificassem a abertura de um processo de impeachment.

O deputado-réu Arthur Lira, que foi eleito presidente da Câmara com o apoio e as "bênçãos" do orçamento secreto criado pelo capitão-negação — e que assumiu o posto mediante uma liminar judicial — engavetou outras 80 petições e mantém a coleção como uma espada de Dâmocles sobre a cabeça do verdugo do Planalto. Enquanto isso, o procurador-geral que não procura blinda seu benfeitor de todas as maneiras possíveis e imagináveis. Resta saber o que ele fará quando receber o relatório da CPI do Genocídio, já que o senador Renan Calheiros deve incluir em seu parecer uma penca de supostos crimes comuns e de responsabilidade cometidos por Bolsonaro durante a pandemia.

Aras, aspirante à suprema poltrona que vagou em julho com a aposentadoria compulsória do ministro das causas perdidas, caiu do cavalo. Sua nomeação seria sopa no mel para os parlamentares corruptos (e não faltam parlamentares corruptos no Congresso Nacional), já que, na visão dessa caterva, o notório passador de pano procederia no STF da mesma maneira como vem procedendo à frente da PGR.

Bolsonaro, que havia prometido a seus sectários papa-dízimo indicar para ministro supremo alguém "terrivelmente evangélico", escolheu Kassio Nunes Marques para a vaga do ex-decano Celso de Mello — e foi muito cobrado por isso, conquanto tenha obtido a gratidão eterna do ex-desembargador piauiense. Agora, com a popularidade abaixo do cu do cachorro, ele não pode se dar ao luxo de contrariar a base evangélica, e por isso indicou André Mendonça, cuja sabatina vem sendo postergada pelo presidente da CCJ, Davi Alcolumbre, devido às convicções lavajatistas do dublê de pastor e ex-AGU.

Observação: Nunca é demais lembrar que o presidente que acabou com a Lava-Jato porque “não tem mais corrupção no governo tem quatro filhos e uma filha. Desses, somente Laura, que tem 11 anos, não é alvo de investigações. Afora o célebre caso de Zero Um e as rachadinhas, a PF e o Ministério Público apuram suspeitas contra Eduardo "Bananinha" Bolsonaro, Carlos "Pitbull" Bolsonaro e Renan "Zero Quatro" Bolsonaro, que incluem tráfico de influência, contratação de funcionários fantasmas e envolvimento na organização de manifestações que pediram o fechamento de instituições como o Congresso e o Supremo.

Em geral, o Supremo evita pautar casos de grande repercussão no plenário quando há um ministro a menos. Nesse contexto, quando há um processo ou uma investigação contra uma pessoa, o empate sempre beneficia o acusado. Quando há uma interpretação da Constituição, os ministros podem começar a votação, mas precisam aguardar a chegada do 11º membro para concluir a análise do tema. O presidente da Corte pode redistribuir os processos que estavam sob a relatoria do magistrado aposentado, mas isso aumenta a carga de trabalho dos demais togados.

Para além do Plenário, o STF é composto também de duas turmas, cada qual com cinco integrantes (o presidente do tribunal não participa de nenhum desses dois colegiados), e aí vale a mesma regra do Plenário: em questões penais, o empate beneficia o réu; nas demais, aguarda-se que a turma esteja completa. 

Alcolumbre vem sendo pressionado a pautar a sabatina de Mendonça. Nesse meio tempo, o indicado parece vir conquistando senão a simpatia, ao menos a solidariedade de alguns senadores. Por essas e outras, a estratégia do presidente da CCJ corre o risco de se tornar um tiro no pé. Bolsonaro já descartou substituir o pastor pelo PGR, até porque não pode se dar ao luxo de contrariar novamente a base evangélica, sobretudo num momento delicado como o atual, em que sua tão ambicionada reeleição parece ter subido no telhado e chutado a escada.

Enquanto o país caminha para 600 mil mortos pela Covid, a inflação ameaça terminar o ano na casa dos dois dígitos, o desemprego campeia solto, a economia patina e a desvalorização do real frente ao dólar contamina o custo de vida (sobretudo o preço dos combustíveis e do gás de cozinha), o mandatário de fancaria pensa em manifestações, motociatas, comemorações... Trabalhar que é bom, néris de pitibiriba.

No Parlamento, as reformas estruturantes ainda não saíram do papel. Só se vota coisa de interesse dos nobres deputados e senadores. O vassalo Aras blinda seu suserano e o deputado-réu Lira continua "chocando" os 140 pedidos de impeachment. Para manter o rabo a salvo, Bolsonaro deu as chaves do reino e do cofre a Ciro Nogueira, o mandachuva do Centrão. Mas nada garante que, quando a fonte secar, as marafonas do Congresso continuarão a apoiar essa tragédia em forma de governo. Os centristas são conhecidos por carregar o caixão, não por pular na cova com o cadáver do pato-manco.

Bolsonaro obteve 57 milhões de votos quando disputou contra o bonifrate do "ladrão de nove dedos" (na excelente definição do morubixaba de festim) o segundo turno do pelito de 2018. E uma parcela considerável desses votos não veio dos convertidos, mas dos desalentados, gente que, em condições normais de temperatura e pressão, jamais elegeria presidente um deputado rastaquera da pior catadura. Hoje, porém, o antibolsonarismo já supera o antipetismo. E não está descartada a possibilidade de um candidato de terceira servir de alternativa para os nem-nem (nem Lula, nem Bolsonaro).

Em 2018, muitos de nós teríamos votado no próprio Belzebu para evitar a volta da cleptocracia petista. Como tinha outros compromissos, o príncipe das trevas indicou Bolsonaro para lhe fazer as vezes, e nós, tolos ou inocentes, achamos que "os adultos na sala o manteriam essa tragédia sob controle". Sabíamos que seu governo seria ruim, possivelmente muito ruim. Mas nunca imaginamos quão ruim ele poderia ser. E coube ao próprio mandatário nos ensinar (da pior maneira) que "nada é tão ruim que não possa piorar".

A linha de frente para manter o capitão despirocado dentro do tolerável seriam os militares, vistos como sérios, profissionais, competentes, honestos. Mas Heleno, Ramos e Braga Netto jogaram a seriedade e o profissionalismo no lixo e aderiram com entusiasmo ao golpismo e ao desmonte do Estado.

Pazuello e o almirante Bento demonstraram que farda não garante competência, e meia dúzia (ou dúzia inteira) de coronéis no Ministério da Saúde esclareceu que não é preciso ser civil para ser corrupto. Em vez de proteger o país do desequilibrado, os garbosos oficiais se uniram ao desequilibrado para destruir o país. É irônico que os primeiros a trair a pátria tenham sido justamente os que se consideram mais patriotas do que os demais brasileiros — há aí uma moral para todos os militares.

Outra linha de defesa seria Paulo Guedes, mas o posto Ipiranga ficou sem combustível depois de entregar o programa liberal e a gestão sensata que prometeu. Mesmo assim, sua escandalosa incompetência é o menor de seus defeitos. Grave mesmo é ele aceitar e legitimar todas as barbaridades do verdugo do Planalto e deixar de ser ministro para se tornar caixa de campanha. É irônico que quem se pretenda liberal escolha por missão reeleger o presidente mais antiliberal de nossa história — há aí uma moral para todos que se dizem liberais.

Queiroga, o cardiologista que prometia recolocar o trem nos trilhos após uma hecatombe chamada Eduardo Pazuello, desacreditou a vacina, suspendeu a imunização, comeu pizza na calçada, exibiu o dedo do meio para os manifestantes, endossou a vergonha na ONU, pegou Covid o vírus e se tornou vetor do Sars-CoV-2. É irônico que um médico se torne símbolo da doença — há aí uma moral para todos os médicos.

Os exemplos elencados linhas atrás são os mais surpreendentes, mas, a esta altura, qualquer um que esteja no governo ou o apoie é cúmplice na destruição do país. É o caso de sabujos como Pedro Guimarães, Lorenzoni e Tarcísio de Freitas; de oportunistas como Ciro Nogueira, Fábio Faria e Rogério Marinho; de obscurantistas como Milton Ribeiro e Damares Alves; de técnicos como Tereza Cristina e Bruno Bianco. É o caso dos que se abstêm de fiscalizar o pseudo mandatário, como Arthur Lira e Augusto Aras, e dos que o livram da responsabilidade, como Michel Temer. E de muitos outros.

Bolsonaro não criou sozinho o pesadelo que estamos vivendo. Ele teve, e tem, a ajuda de muita gente, em Brasília e fora dela. São todos traidores da pátria.

Com Ricardo Rangel

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

E AGORA, VERDEVALDO???



Chega de Glenn Greenwald", escreveu Diogo Mainardi na Crusoé. "Agora só falta a PF prender o hacker que lhe repassou as mensagens roubadas da Lava-Jato. Verdevaldo sabe que o hacker será preso e que seus cúmplices e financiadores também devem acabar na cadeia. Sim, a festa vai terminar. E depois vem a parte aborrecida: limpar o salão.”

Para quem chegou de Marte neste minuto, um relatório enviado pelo Coaf (hoje rebatizado de Unidade de Inteligência Financeira) ao Ministério Público do Rio aponta “movimentações atípicas” de R$ 2,5 milhões na conta do deputado David Miranda, maridão de Verdevaldo das Couves — o bem-amado, idolatrado, salve, salve, editor do abominável The Intercept, que desde junho vem divulgando a conta-gotas supostas mensagens comprometedoras trocadas pelo ex-juiz da Lava-Jato e hoje ministro da Justiça, Sérgio Moro, e integrantes da força-tarefa, notadamente seu coordenador em Curitiba, Deltan Dallagnol.

Se você acha mesmo que Verdevaldo, o Interpret e seus replicadores são paladinos da justiça, pense outra vez. Como Lula, o malacafento, eles não passam de santos com pés de barro. Greenwald posa de quintessência da moralidade, mas nunca foi flor que se cheire. Um mês antes das eleições americanas de 2016, ele publicou com um colega uma matéria no Intercept, com o título “EXCLUSIVO: NOVO VAZAMENTO DE E-MAILS REVELA RELAÇÃO PRÓXIMA DA CAMPANHA DE CLINTON COM A IMPRENSA”, que expunha o conteúdo de mensagens trocadas entre a equipe da candidata democrata Hillary Clinton e jornalistas.

Entre as táticas usadas para manipular a imprensa, era citado o oferecimento de bebidas e comida para jornalistas em reuniões para transmitir informações e sugestões de entrevistados para os programas de televisão. A fonte dos dados, segundo o site panfletário de Verdevaldo, identificava-se como Guccifer 2.0 — um nome já conhecido. Mutatis mutandis, o mesmo padrão se repetiria mais adiante aqui no Brasil.

Ao divulgar as supostas conversas entre Sergio Moro e os procuradores da Lava-Jato, o editor ignominioso também não se importou com a forma como o material fora obtido nem com o óbvio direcionamento dos alvos: somente juízes e investigadores envolvidos em decisões desfavoráveis aos acusados pela Lava-Jato tiveram seus dados vazados. Ao ser perguntado por Crusoé sobre essa seletividade, o coveiro de reputações respondeu: “Qualquer sugestão de que eu me oponho à Lava-Jato é totalmente ridícula”.

Os métodos de Verdevaldo se encaixam naquilo que é conhecido como “jornalismo ativista”, “jornalismo de oposição” ou “jornalismo de choque”. A prática usa as premissas que regem a profissão — como a preservação da fonte e a busca do interesse público — para atingir apenas rivais. Seu sobrenome até deu origem a um verbo em inglês: “greenwalding”. Em 2016, o termo entrou no site Urban Adicionar, em que os leitores elencam acepções para as palavras e votam nas melhores. Uma das mais populares é: “pinçar um conteúdo e tirá-lo do contexto com o objetivo de difamar alguém”.

Seus alvos são todos aqueles que, em sua visão de mundo, abusam de sua condição de poder. Trata-se de um grupo eclético, que inclui o Partido Democrata, as elites, o jornal The Washington Post, a Globo, os ricos (embora seja financiado por um bilionário), o FBI, a CIA, Israel, o Reino Unido, o ex-procurador especial dos Estados Unidos Robert Mueller, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro e a operação Lava-Jato (quando o alvo é o PT). Seu gosto pelo enfrentamento, destilado quase diariamente em sua conta do Twitter (que conta com mais de 1 milhão de seguidores), aflorou ainda em 2005, quando o sacripanta criou um blog e começou a criticar a presença militar americana no Iraque

No ano seguinte, ainda na condição de advogado constitucionalista e blogueiro, Verdevaldo publicou o livro Como um patriota deveria atuar. O título fazia referência ao Patriot Act, criado pelo presidente George W. Bush como resposta aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. A obra tornou-se um best-seller. Nos anos seguintes, escreveu mais quatro livros, e o sucesso editorial lhe abriu as portas para a autoria de colunas no site americano Salon e, mais tarde, no jornal inglês The Guardian.

No final de 2012, Gleen recebeu de Edward Snowden, um hacker que havia trabalhado na NSA, documentos que mostravam como as agências americanas vigiavam cidadãos nos Estados Unidos e no resto do planeta, inclusive no Brasil. O material foi publicado por diversos veículos do mundo, mas rendeu a Verdevaldo o Prêmio Pulitzer de jornalismo em 2014 — ou pelo menos é isso que seus baba-ovos nas redes sociais afirmam, tentando lhe emprestar credibilidade.

Na verdade, a equipe liderada por Gleen Greenwald e Laura Poitras conquistou para o The Guardian US e para o The Washington Post o prêmio na categoria “Serviço Público” de 2014 — na qual o premiado é sempre o jornal que publicou a reportagem (ou a série de reportagens). Ainda que assim não fosse, é bom lembrar que a lista de “ganhadores do Pulitzer” inclui Walter Duranty, que ocultou deliberadamente os crimes do stalinismo, incluindo o genocídio de ucranianos pela fome, e Janet Cooke, autora de uma reportagem inventada sobre uma criança de oito anos viciada em heroína, que teve de devolver o prêmio depois que a farsa foi descoberta.

Observação: Escreveu Políbio Braga: “Boa parte da mídia tradicional e da mídia amestrada a serviço do lulopetismo atribuírem ao dono do site The Intercept a conquista do Pulitzer. Com a ajuda do influenciador Glauco Fonseca, um dos articulistas deste blog [blog do Políbio], o editor investigou e constatou que em 2014, e não em 2013, como os aliados de Glenn informam, quem levou o Pulitzer foi o jornal inglês The Guardian. Glenn atuou como um dos repórteres do caso Snowden, mas o prêmio não foi atribuído a ele. Clique no site do Pulitzer para checar.”

Quem tiver interesse em conhecer o verdadeiro estofo do caráter de Verdevaldo pode encontrar informações relevantes numa reportagem de Eric Wempel, publicada em 27 de junho de 2013 no jornal The Washington Post. Dentre outras coisas, a matéria informa que “o escritório do cartório do condado de Nova York mostra que Greenwald tem US$ 126.000 em sentenças abertas e contra ele datando de 2000, incluindo US$ 21.000 do Departamento de Impostos do Estado e da Secretaria da Fazenda. Também fala de um penhor de US $ 85.000”.

Gleen se envolveu com gente do submundo e do ramo da pornografia. Tornou-se inimigo de Peter Haas — dono de uma companhia de produtos pornográficos —, a quem chamou de little bitch (putinha) no Post. Ao se juntar a Snowden, entrou para a lista negra do governo EUA e bateu de frente com o australiano Julian Assange, dono do site WikiLeaks. Após ganhar notoriedade, deixou o Guardian e passou ser bancado pelo bilionário francês de origem iraniana Pierre Omidyar, que oferece auxílio financeiro a jornalistas que enfrentam processos por causa de suas reportagens.

Diferentemente de outros bilionários realmente engajados em causas humanitárias e ambientalistas, o franco-iraniano “faz caridade” com uma desavergonhada pegada de ativismo político. Em 2017, quando doou US$ 100 milhões para combater "Fake News" através do jornalismo investigativo, Omidyar divulgou um comunicado em que se comprometia a aplacar o “déficit global de confiança” nas instituições. Dentre os eventos listados para fundamentar tal preocupação figuravam a eleição de Donald Trump e — vejam só — o impeachment da ex-presidanta Dilma Rousseff.

Para ter mais liberdade para divulgar seu material (os contratos assinados para as colunas no Salon e no Guardian estabeleciam que o gringo publicaria sem ter de se submeter a um editor), Verdevaldo criou o site The Intercept, que em 2013 recebeu meio milhão de dólares de Omidyar, que também custeou os salários da equipe durante os primeiros anos do site. Entre 2014 e 2017, o pasquineiro difamador recebeu US$ 1,6 milhão da First Look Media — empresa do grupo de Omidyar. Seu salário em 2015, segundo matéria do jornalista Charles Davis publicada na Columbia Journalism Review, chegou a US$ 518 mil ao ano, ou US$ 43 mil dólares por mês.

Três anos depois da divulgação dos materiais de Snowden, o panfleto digital de Verdevaldo ganhou os holofotes com a divulgação dos emails da campanha de Hillary Clinton, juntamente com o WikiLeaks — cujo dono foi forçado a deixar a embaixada do Equador, em Londres, onde estava refugiado desde 2012, para evitar ser extraditado ou para a Suécia, onde é acusado de estupro, ou para os EUA, onde é acusado de espionagem.

Com Snowden e Assange, o paladino dos bocós forma um trio sempre disposto a defender Vladimir Putin. Dos três ativistas, ele é o que tem a língua mais afiada. Para cada abuso ou crime cometido a mando de Putin, cria uma história para relativizar o fato ou afirma que as evidências não são suficientes para culpar Moscou. Quando um ex-espião russo e sua filha foram envenenados com Novichok na Inglaterra, no ano passado, disse que os cientistas britânicos mentiram quando disseram que a substância havia sido produzida na Rússia.

Além de preservar o presidente russo, Gleen é simpático a grupos terroristas muçulmanos, como o Estado Islâmico, a Al-Qaeda, o Hamas e o Hezbollah, que considera como "as democracias do Oriente" — só para lembrar: em 1983, membros do Hezbollah explodiram dois caminhões-bomba no Líbano e mataram 307 militares que estavam no país como força de paz. Desses, 241 eram americanos. Mas o Brasil entrou em sua vida por questões pessoais. Em 2005, ele conheceu o jovem David Miranda, então com 20 anos, com quem se casou tempos depois. O hoje deputado, que deixou a escola aos 13 anos, tornou-se mundialmente conhecido por ter sido interrogado por nove horas no aeroporto de Heathrow, em Londres), após ser pego transportando documentos de Snowden para Greenwald.

Em 2016, David se elegeu vereador no Rio de Janeiro pelo PSOL. No ano passado, tentou a Câmara dos Deputados, mas conseguiu apenas tornar-se primeiro suplente da bancada do PSOL. Deu sorte: quando Jean Wyllys se autoexilou na Espanha, alegando ameaças de morte, passou de suplente a titular em seu lugar, o que comprova, mais uma vez, quão bem servidos estamos de representantes no Congresso — que Deus nos livre e guarde.

O alegre casal alegre compartilha uma casa perto da favela da Rocinha e a mesma visão de mundo; "Lutamos contra os governos mais poderosos do mundo e a CIA, a NSA, o Reino Unido… Estávamos sendo ameaçados o tempo todo”, disse o farsante em entrevista ao site Agência Pública, dois dias depois da divulgação das mensagens roubadas do celular de Deltan Dallagnol e que seu site espúrio teria recebido de “fonte anônima”.  Na mesma entrevista, atacou veículos de imprensa brasileiros, afirmando que a “grande mídia” estava trabalhando para a Lava-Jato. Não é um argumento muito diferente do que usou contra a imprensa americana, mas com sinal trocado. Ele diz que os veículos do seu país estavam a serviço dos Democratas, em 2016. “Quando a grande mídia transforma Moro e a força-tarefa em deuses ou super-heróis, torna-se inevitável o que aconteceu. Os jornalistas pararam de investigar e questionar a Lava-Jato e simplesmente ficaram aplaudindo, apoiando e ajudando”, disse ele. “A Globo foi para a força-tarefa uma aliada, amiga, parceira, sócia. Assim como a força-tarefa da Lava-Jato foi o mesmo para a Globo.”

No dia seguinte, a Globo emitiu um comunicado revelando que, apesar dos ataques, Verdevaldo lhe havia proposto uma pareceria para divulgar as mensagens roubadas. O D. Quixote dos pobres e a emissora já tinham trabalhado juntos em 2013, na publicação dos documentos de Snowden, mas, em conversa na redação do Fantástico, o assassino de reputações se negou a dar informações sobre o conteúdo e a origem do material que dizia possuir. Em outras palavras, ele queria fechar a parceria sem que a Globo soubesse antes o que tinha em mãos e por isso a conversa não foi adiante.

Uma vez publicadas as matérias no Intercept, prossegue o comunicado da Globo, um representante do site ainda procurou a emissora para oferecer uma entrevista. Também não deu certo. Na sequência, Glenn passou a atacar a Globo. “O comportamento de Greenwald nos episódios aqui narrados permite ao público julgar o caráter dele”, resume a nota.

O juiz auxiliar Marcelo Martins Evaristo da Silva, da 16.ª Vara de Fazenda Pública do Rio, negou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de David Miranda. Segundo ele, a medida só deve ser adotada em “circunstâncias excepcionais”, já que pode produzir impacto negativo na imagem do investigado.

Ao determinar que o marido de Verdevaldo e os parças que entraram no radar do MP-RJ sejam ouvidos antes da adoção de qualquer iniciativa que viole o sigilo, o magistrado ponderou que eventual convite para prestar depoimento não afetará a investigação, já que as informações apuradas se referem a fatos ocorridos no passado e que estão nas mãos de instituições financeiras e da Receita Federal, “resguardadas, portanto, de quaisquer iniciativas dos interessados no sentido de sua inutilização ou distorção enquanto documentos dotados de força probante.” Miranda e Greenwald já alegam “retaliação” — Oh! Que surpresa! — e devem seguir nessa mesma linha quando se pronunciarem oficialmente.

Outro questionamento feito pelo juiz substituto diz respeito à decisão de Dias Toffoli, que, valendo-se de um pedido da defesa Flávio Bolsonaro, suspendeu por atacado todas as investigações que usaram dados de órgãos como o Coaf sem autorização judicial prévia (assunto que já foi comentado ad nauseam aqui no Blog). No pedido da quebra de sigilo do marido de Verdevaldo, o MP alegou que a decisão de Toffoli não valeria para casos de improbidade administrativa, que correm na esfera cível. Mas o conspícuo decisor refutou o argumento e afirmou que seria “inconcebível” impedir o uso dos dados para fins criminais e os autorizar livremente em ações de improbidade.

Valendo-se do mesmíssimo argumento usado pelas defesas de Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz, David Miranda reclamou do vazamento do caso para a imprensa, que considera a “única ilegalidade” na história toda. A investigação corre sob sigilo de Justiça.

O mundo dá muitas voltas. Seria providencial que ao casal 20 versão século XXI fosse administrada uma dose cavalar do seu próprio remédio, até porque a diferença entre o remédio e o veneno está justamente na dosagem. E assim encerro esta postagem, mas não sem antes recomendar a leitura desta matéria, que detalha todo esse imbróglio envolvendo o casal 20 e uns. Se sobrar tempo, não deixe também de assistir a este vídeo.  

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

ATÉ QUANDO, CATILINA, ABUSARÁS DA NOSSA PACIÊNCIA? (CAPÍTULO V)


Bolsonaro já mirava o Planalto em 2014, mas Ciro Nogueira, dono do PP (e hoje ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República) achou que bancar a candidatura de seu filiado seria uma canoa furada e apostou suas fichas em Dilma. O capetão migrou para o PSC, que também lhe negou legenda para concorrer ao Planalto. 

Sem alternativa, Bolsonaro renovou o mandato de deputado e compreendeu que teria mais chances numa sigla menor. Depois de flertar com o PEN, foi levado por Bebianno ao então nanico PSL e, por uma tão formidável quanto improvável conjunção de fatores, acabou no Palácio do Planalto. Passados três anos da posse, o pior mandatária da Nova República (sorry, Dilma) amarga índices de reprovação e rejeição estratosféricos. Sua tão ambicionada reeleição claramente subiu no telhado. Mesmo que ainda seja cedo para dizer que o quadro é irreversível, é nítido que o governo respira por aparelhos.  

É evidente que a pandemia não estava no programa, mas isso não muda o fato de que a postura negacionista, a incompetência chapada, a falta de empatia, a aversão ao batente e tantas outras “virtudes” do mandatário que não é capaz sequer de tirar água de uma bota, mesmo que as instruções venham impressas no calcanhar, produziram a tempestade perfeita

Como todo populista demagogo que se preza, Bolsonaro conta com um séquito de fanáticos tão descolados da realidade quanto ele próprio, mas essa caterva não é numerosa o bastante para evitar que seu "mito" seja derrotado nas urnas. Em 2018, ainda que as promessas de palanque do candidato do PSL fedessem a estelionato eleitoral, a perspectiva de ver o país governado por uma marionete de presidiário levou uma porção significativa do eleitorado a tapar o nariz e cravar 17, sem imaginar que estava libertando um efrite da garrafa. Senão vejamos:

- Para provar que era amigo do mercado e obter o apoio dos empresários, o estatista que acreditava em Estado grande e intervencionista, que sempre lutou por privilégios para corporações que se locupletavam do Estado havia décadas foi buscar Paulo Guedes, que embarcou em uma canoa que deveria saber furada. 

- Para provar que era inimigo da corrupção e obter o apoio da classe média, o deputado do baixo clero, adepto da baixa política e amigo de milicianos, foi buscar Sergio Moro, que embarcou em uma canoa que deveria saber furada. 

- Para obter o apoio das Forças Armadas, o ex-capitão agressivo e falastrão, que foi enxotado da corporação por indisciplina e subordinação, foi buscar legitimidade em uma fieira de generais, que embarcaram em uma canoa que deveriam saber furada.

Uma vez empossado, Bolsonaro obrigou Moro a reverter uma nomeação, tomou-lhe o Coaf, forçou-o a substituir um superintendente da PF, esnobou seu projeto anticorrupção e, vendo que o ex-juiz não se sujeitaria ao papel de consultor jurídico informal de sua filharada enrolada (*), obrigou-o não só a engolir os sapos como também a beber a água turva da lagoa. Moro fingiu não ver, tentou relativizar, mas acabou abandonando a canoa para salvar o prestígio que ainda lhe restava.

(*) Em três casamentos, o presidente que acabou com a Lava-Jato porque “não tem mais corrupção no governo teve quatro filhos e uma filha. Desses, somente Laura, que tem 11 anos, não é alvo de investigações. Afora o célebre caso de Zero Um e as rachadinhas, a PF e o Ministério Público apuram suspeitas contra Eduardo Bolsonaro, Carlos Bolsonaro e Renan Bolsonaro, que incluem tráfico de influência, contratação de funcionários fantasmas e envolvimento na organização de manifestações que pediram o fechamento de instituições como o Congresso e o Supremo.

Bolsonaro desautorizou Guedes incontáveis vezes, sabotou seus projetos e, com o Centrão, enterrou de vez sua agenda econômica. Em vez de aprender com MandettaMoro e Teich a sair da canoa antes que ela virasse, o patético Posto Ipiranga se espelhou em Pazuello e virou uma espécie de dublê de bonifrate e zero à esquerda.

As Forças Armadas, cujo comportamento irrepreensível ao longo das últimas três décadas desfez a imagem negativa associada aos 21 anos de ditadura, perdeu boa parte da admiração e do respeito dos brasileiros. Alguns fardados de alta patente parecem ter desaprendido que, num governo civil, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica não devem obediência cega ao "comandante-em-chefe", e que tampouco é papel das FFAA salvar o presidente de turno, pois sua lealdade maior é com o país. Já passou da hora de os militares desembarcarem dessa canoa furada.

Aparentemente, esse cenário está mudando. Segundo Eliane Cantanhêde, depois de um mergulho temerário no bolsonarismo, dos solavancos que levaram à demissão de toda a sua cúpula e dos vexames do general Eduardo Pazuello e seus coronéis na Saúde, as FFAA submergiram, mas agora voltam à tona sob aplausos de boa parte da opinião pública, que andava ressabiada com os fardados.

Dias atrás, o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, disse que a carta divulgada em resposta às declarações de Bolsonaro sobre a vacinação de crianças contra a Covid representa a “coletividade” da agência

Não é trivial que na mesma semana um contra-almirante da Marinha reaja a acusações levianas do presidente e o comandante do Exército emita diretrizes em perfeita discordância com o que o presidente prega o tempo todo na pandemia. Até os militares estão perdendo a paciência com o capitão insubordinado. 

Observação: Cantanhêde pondera que Pazuello desmereceu o Exército ao fazer papel de bobo na Saúde enquanto o sultão do bananistão e seu gabinete paralelo mandavam e coronéis da pasta se metiam em escândalos; que Barra Torres teve um mau momento sem máscara numa aglomeração com Bolsonaro, mas agora dá mostras de lealdade à agência, seus quadros e decisões técnicas. Já o Exército incomodou o presidente com diretrizes de combate à pandemia. Bolsonaro queria um desmentido quanto às fake news e à exigência de vacinas, mas o general Paulo Sérgio lhe explicou num café da manhã que apenas alinhou suas medidas com as da Defesa.

Segundo recente levantamento feito pelo g1, dos 58 compromissos assumidos durante a campanha, Bolsonaro cumpriu integralmente apenas 20, o que corresponde a 34% do total. Outros 19% foram cumpridos apenas parcialmente, e 47% não foram cumpridos até o momento (e provavelmente não serão).

Magalhães Pinto dizia que “política é como as nuvens; a gente olha e elas estão de um jeito, olha de novo e elas já mudaram”. Com os instrumentos que lhe dão o cargo e sua base de apoio, Bolsonaro ainda tem chances de passar ao segundo turno.

Continua...

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

SOBRE LULA, O PT E A PRESIDENTE NACIONAL DESSE VALOROSO PARTIDO


Se você está de saco cheio de ler sobre Lula e o PT nas minhas postagens, acredite: mais cheio estou eu de escrever sobre toda essa merda. Mas não tem jeito: enquanto o TSE e o STF não definirem a situação eleitoral e penal do sacripanta, vamos ter de continuar nessa toada. Então, fé em Deus e pé na tábua.

Assim que o ministro Celso de Mello terminar de revisar o relatório de Edson Fachin, a 2.ª Turma do STF deverá julgar o processo em que Gleisi Hoffmann e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, são acusados por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro (para quem não sabe, a senadora e atual presidente nacional do PT figura em 10 ações no STF, sendo 7 criminais e 3 de indenizações aos cofres públicos). Por sua fidelidade canina a Lula, Dilma, “Coxa” ― codinome da senadora vermelha nas planilhas de propina da Odebrecht ― foi escolhida para suceder a Rui Falcão no comando da ORCRIM (afinal, ninguém melhor do que um criminoso para presidir uma agremiação criminosa). Se for condenada, ela ficará inelegível pelos próximos 8 anos, e sem ter como se reeleger, perderá o direito ao foro privilegiado no final de 2018, quanto termina seu mandato no Senado.

O “X” da questão é que, além de Fachin e Celso de Mello, integram a Turma que julgará a petista os ministros Gilmar Mendes ― o divino ―, Dias Toffoli ― ex-advogado do PT e ex-assessor do então ministro José Dirceu ― e Ricardo Lewandowski ― que foi guindado à Corte por obra e graça da finada ex-primeira-dama Marisa Letícia.

O PT, que, por padrão, costuma enxergar dos fatos somente a versão que lhe convém, está perdendo de vez o contato com a realidade, talvez por ver se agigantarem as chances de seu amado líder acabar na cadeia. Durante a discussão da Reforma Trabalhista no Senado, no ano passado, Gleisi e outras quatro “companheiras de ideologia” ocuparam a mesa diretora e obstruíram a votação por mais de 6 horas. Ao assumir a presidência do PT, a senadora declarou que o partido não faria autocrítica de seus atos escabrosos para não fortalecer o discurso dos adversários; na Nicarágua, ao abrir o 23º encontro do Foro de São Paulo, prestou solidariedade ao PSUV ― vítima, segundo ela e o PT, de violenta ofensiva da direita pelo poder na Venezuela. Mais recentemente, a estapafúrdia entrevista concedida pela lourinha ao site Poder 360 demonstrou não só a lamentável escalada de radicalização que os baba-ovos de Lula vêm promovendo contra o julgamento no TRF-4, mas também o descontrole emocional que domina as principais lideranças do partido.

O medo de ela própria acabar na prisão parece embotar (ainda mais) o já limitado raciocínio da comandanta do PT. Em janeiro, ela viu “Forza Lula” numa faixa exibida pela torcida do Bayern de Munique que ostentava a inscrição “Forza Luca” ― em referência ao jogador italiano ferido numa briga entre torcedores (detalhes nesta postagem). Na semana passada, viu uma homenagem a seu partido no título da música Vai Dar PT, cantada por Leo Santana no Carnaval da Bahia ― e ao saber que as duas consoantes eram as iniciais da Perda Total a que se refere a letra, garantiu que a expressão aludia ao governo Michel Temer. E como se não bastasse, ainda tentou colocar no colo dos que ridicularizaram a gafe o filhote concebido por Lula e amamentado por Dilma (afinal, foi o deus pai da petelândia quem decidiu que o vice do poste, nas campanhas de 2010 e 2014, seria o hoje presidente da Banânia).

Gleisi e seus acólitos parecem dispostos a bater seu próprio recorde de ridículo: Semanas atrás, o Instituto Lula divulgou um “levantamento” segundo o qual o demiurgo de Garanhuns teria sido o “o mais votado para presidente em toda a história” (vide figura que ilustra esta postagem). Mas a história não é bem como os petistas gostaria que fosse.

É fato que dados do TSE atestam que Lula recebeu mais de 136 milhões de votos nominais, considerando os cinco pleitos que disputou (1989, 1994, 1998, 2002 e 2006). Ocorre que ele só venceu os dois últimos.

Observação: A ainda me lembro de quando Lula, num debate com o também criminoso condenado (e já no xadrez) Paulo Maluf, rebateu a afirmação do concorrente, de que seria mais competente para presidir a Banânia, dizendo que “Maluf competia, competia, mas não ganhava”.  

Não se pode perder de vista que o Brasil é o terceiro país com maior número de eleitores no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da Indonésia. E que, entre os países que lideram o ranking, é o único onde o voto é obrigatório. Da maneira divulgada pelos petistas, o levantamento não espelha uma análise proporcional do desempenho nas urnas, mesmo porque não é possível comparar países com diferentes números de eleitores sem incorrer em distorções. Além disso, as votações dos demais presidentes citados pelo Instituto se aproximam dos registros eleitorais de seus respectivos países, mas todos disputaram menos eleições do que Lula.

Na comparação com a Indonésia, o PT só levou em consideração os votos recebidos pela ex-presidente Megawati Sukarnoputri, filha de Sukarno, o ditador que comandou o país entre a década de 1940 e 1960. Sukarnoputri, porém, não venceu as eleições que disputou em 2004 e 2009 ― ela foi derrotada por Susilo Bambang Yudhoyono, que, nos dois pleitos somados, contabilizou no primeiro turno mais de 111,3 milhões de votos ― menos do que Lula, mas é preciso lembrar que a Indonésia só passou a ter eleições democráticas a partir de 2004 ― quando Lula já havia disputado 4 eleições e vencido a de 2002.

No caso da Rússia, Putin participou das eleições de 2000, 2004 e 2012 e acumulou 134,9 milhões de votos ― número maior que o registrado por Obama, diferentemente do que aponta o Instituto Lula. Aliás, o levantamento cita três ex-presidentes americanos, mas não se pode esquecer que, nos EUA, o voto é indireto ― ou seja, vence quem tiver maioria no colégio eleitoral formado por 538 delegados distribuídos proporcionalmente pelos estados. Obama somou pouco mais de 134,7 milhões de votos, número menor que o que consta no levantamento do Instituto Lula, mas isso se restringe às eleições de 2008 e 2012, até porque a constituição americana prevê a possibilidade de reeleição uma única vez ― ou seja, se um presidente não conseguir se reeleger ao final dos 4 anos de governo, c’est fini.

Observação: Roosevelt disputou quatro eleições entre 1932 e 1944, somando pouco mais de 103 milhões de votos. No entanto, na década de 1930 a população americana não ultrapassava os 130 milhões de habitantes (contra os 235 milhões estimados em dezembro de 2017 pela agência governamental encarregada pelo censo nos Estados Unidos).


EM TEMPO

Os debates avançaram madrugada adentro, mas a Câmara finalmente aprovou ― por 340 votos a 72 e uma abstenção ― a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro, a despeito dos esforços do partido dos imPrestTáveis e seus satélites. 

A previsão é de que a votação no Senado tenha início às 4h da tarde desta terça-feira, e o decreto seja aprovado também naquela Casa, já que, mesmo não sendo a melhor solução, é a única que se apresenta neste momento.


Na Câmara, a deputada emedebista Laura Carneiro, escolhida relatora pelo presidente da Casa, defendeu em seu parecer que o governo apresente um projeto complementar para alocar recursos federais às operações no Rio.

Vamos acompanhar para ver aonde isso tudo vai levar.

Visite minhas comunidades na Rede .Link:
http://acepipes-guloseimas-e-companhia.link.blog.br/

domingo, 29 de outubro de 2023

STRIPTEASE À BRASILEIRA


À medida que mais detalhes dos depoimentos de Mauro Cid à PF são descobertos, consolida-se a percepção de que todas as verdades de Bolsonaro eram mentiras à espera de uma delação e de alguma investigação. Na penúltima revelação, o ex-esbirro reconciliou com o óbvio ao admitir que apenas cumpriu ordens ao falsificar cartões de vacina do ex-mandatário e da filha Laura. 

A delação tornou-se espetáculo inusitado, uma espécie de striptease ao contrário. A apreensão do celular havia deixado o delator nu. Para evitar que os agentes federais apalpassem as vergonhas capitão, o tenente-coronel assumiu as culpas alheias. Com as confissões, recuperou peças de roupa conforme foi despindo o ex-chefe. 

Admitindo que cumpria ordens superiores ao baixar do aplicativo ConectSus os cartões de vacina, Cid recuperou a camiseta; ao reconhecer que o mandante tentou incorporar a seu patrimônio joias e presentes do acervo público, obteve de volta a jaqueta; com a revelação de que testemunhou reunião presidencial em que se discutiu uma minuta de golpe com a cúpula militar, conseguiu reaver as roupa de baixo.
 
A delação não restituirá as calças da farda. O sonho do generalato foi pro beleléu. Condenado, talvez obtenha uma redução de pena, mas só poderá vestir trajes civis. Mas o imbrochável
 continuará pelado. Futuras sentenças revelarão que ele impôs ao Brasil a nudez que ninguém pediu, que ninguém queria ver. Sob sua abjeta batuta, o país viveu uma de suas épocas mais despidas, e a delação ora expõe uma gestão obscena.

Para concluir:  O toma-lá-dá-cá praticado no terceiro reinado de Lula ficou muito parecido com o balcão que funcionou nas gestões petistas anteriores. Lira e o Centrão sequestraram o projeto sobre a tributação dos super-ricos, e a entrega da CEF foi o pagamento do resgateSob Rita Serrano, a estatal se tornou uma vitrine do alegado apreço de Lula pela igualdade de gênero: das 12 vice-presidências da estatal, seis foram ocupadas por mulheres. Decorridos apenas cinco meses, ela foi substituída por Carlos Vieira, da tribo do cacique Lira, que se equipa para ratear todas as vice-presidências entre representantes dos povos originários do Centrão. Ao final da ocupação predatória, o número de escalpos femininos pode chegar a sete. 


Houve tempos em que, quando se falava em assalto a banco, dava-se de barato que a coisa acontecia de fora para dentro. Agora, ela acontece de dentro para fora. 

 
Com Josias de Souza