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quinta-feira, 24 de março de 2022

COMO TRANSFERIR DADOS DO CELULAR PARA O PC (E VICE-VERSA) COM O SWEECH

EGOÍSTA É A PESSOA QUE PENSA MAIS EM SI MESMA DO QUE EM MIM.

A telefonia móvel celular surgiu em meados do século passado, mas foi somente em 2007 que a genialidade de Steve Jobs transformou os dumbphones de então nos smartphones de a partir de então

Hoje, para muita gente, os diligentes telefoninhos são o passaporte para o mundo maravilhoso da computação pessoal, mas isso não significa que eles tenham condenado os desktops e notebooks ao ostracismo, pois ainda há situações que exigem maior poder de processamento, fartura de memória, tela grande e o conforto que só um bom teclado físico oferece.

Quem utiliza o celular em paralelo com um computador de mesa ou portátil pode querer ou precisar transferir arquivos de um aparelho para o outro, e há diversas maneiras de fazer isso, entre as quais interligá-los usando um cabinho USB ou, mais fácil ainda, enviando o arquivo para a nuvem ou por email a si mesmo. Mas é bom saber que o app gratuito Sweechdisponível no Google Play — permite transferir fotos, vídeos, músicas e arquivos diversos de maneira mais prática e rápida.

Depois de baixar o programinha no celular (Android), toque em “Play”, abra o navegador no computador e digite na barra de endereços o URL gerado pelo Sweech (o http:// pode ser desconsiderado, mas os pontos devem ser digitados).

O Sweech funciona como uma via de mão dupla, permitindo compartilhar arquivos do celular para o PC e vice-versa. Note, porém, que um novo URL é gerado toda vez que o usuário abre o aplicativo e toca em play, e que, para "a mágica acontecer", tanto o computador quanto o smartphone precisam estar na mesma rede Wi-Fi (mesmo que a conexão seja cabeada no PC e wireless no telefone).

Para transferir arquivos do computador para o smartphone, basta selecionar o item desejado e clicar em Download (atente para a setinha na parte superior direita da tela). Para transferir arquivos do smartphone para o computador, é só clicar no botão azul de upload (na parte inferior à direita da tela) e selecionar o item desejado. Para interromper o processo ou encerrar o aplicativo, deve-se clicar no botão stop (na interface do Sweech no telefone).

Observação: O app permite ainda ouvir música, visualizar fotos e assistir a vídeos a partir da interface do navegador.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

SMARTPHONES - INTERNET VIA 3G/4G - ARAPUCA DAS OPERADORAS

CINQUENTA ANOS ATRÁS, EU SABIA TUDO. HOJE, SEI QUE NADA SEI. A EDUCAÇÃO É A DESCOBERTA PROGRESSIVA DA NOSSA IGNORÂNCIA.

O minuto de ligação via rede celular no Brasil está entre os mais caros do mundo, segundo um levantamento feito no ano passado pela UIT (União Internacional de Telecomunicações, órgão ligado às Nações Unidas). O SINDITELEBRASIL contesta a metodologia, alegando que a pesquisa teria sido baseada no preço-teto homologado pela ANATEL, e não no preço médio praticado pelas operadoras (em torno de US$ 0,07 por minuto de ligação), embora reconheça que as empresas inflacionam as tarifas que submetem ao órgão regulador e depois oferecem as mais variadas “promoções” para manter a competitividade de seus serviços (tais como ligações gratuitas ou ilimitadas a preço fixo entre números da mesma rede, “pacotes” de torpedos, franquias de dados para navegação na Web, e por aí vai).

A despeito do desconforto proporcionado pelas telinhas dos smartphones, a navegação móvel cativa a clientela e contribui significativamente para encher as burras das operadoras. No entanto, seja por falta de infraestrutura que lhes permitia fazer frente à crescente demanda, seja para forçar os usuários a migrar para planos mais caros, as empresas mudaram as regras do jogo, primeiro estipulando franquias miseráveis, cujo consumo integral implicava na redução da velocidade de navegação, e, mais adiante, com a pura e simples suspensão do serviço (para mais detalhes, clique aqui e aqui).

Felizmente, na última segunda-feira a Justiça do Rio de Janeiro determinou que as operadoras mantenham o acesso à Internet móvel mesmo depois que o usuário esgote a franquia de dados contratada. Em caráter liminar, essa decisão é válida para todo o estado e alcança as quatro principais operadoras de telefonia celular ─ que, em sua defesa, alegam motivos técnicos para o bloqueio do sinal, embora o PROCON classifique a medida como "má-fé", pois os princípios que regem as relações de consumo asseguram ao consumidor informações claras e adequadas sobre os produtos e serviços, bem como o protegem contra publicidade enganosa e práticas comerciais desleais ou coercitivas.

Observação: O Rio não foi o primeiro Estado brasileiro a proibir esse acinte; anteriormente, o Maranhão e o Acre já haviam feito o mesmo. Tomara que os bons ventos espalhem esse fumus boni iuris pelos demais Estados da Federação, mas como estamos no Brasil, nunca se sabe...

Para adicionar um pouco de “cor pessoal” a esta postagem, segue um breve relato da minha experiência com a telefonia celular em solo tupiniquim, que remonta ao apagar das luzes do século passado, quando me tornei cliente da TELESP CELULAR e, mais adiante, da BCP:

Quando a TIM trouxe a tecnologia GSM para São Paulo, fui um de seus primeiros clientes, e assim permaneci até meados da década passada, quando migrei para a CLARO (vale mencionar que, nesse entretempo, usei também serviços da VIVO e da OI, embora como opções secundárias e por períodos relativamente curtos). Enfim, se, com a TIM, o único problema foi alguém tentar adquirir um plano usando meus dados cadastrais (a operadora bloqueou a transação e entrou em contato comigo no primeiro dia útil consecutivo), minha relação com a CLARO foi bem mais pródiga em adversidades, a começar pelo fato de o aparelho e o SIM Card, adquiridos via telemarketing, terem sido entregues em outro endereço, o uso indevido da linha ter gerado uma conta que me foi apresentada anos depois (perdi horas e horas pendurado na linha para convencer a empresa de que a cobrança era indevida). Outro perrengue digno de nota se deu em meados de 2012, quando troquei meu plano pós-pago por um Controle 50 e a partir daí comecei a receber duas contas (para resolver o problema foi preciso pedir socorro à ANATEL). Quando minha fatura passou de R$50 para R$53,90 (sem prévio aviso), descobri pelo site da empresa que meu plano tinha sido descontinuado e que o mais parecido era (e continua sendo) o Controle R$51,90.  Com efeito, as mensagens de texto (SMS), ligações de Claro para Claro e para telefones fixos e celulares de outras operadoras têm custos semelhantes, e a franquia mensal (R$31,90) também empata, mas o valor da fatura não bate e os R$0,99 por dia, que remetem ao uso da rede 4G, são debitados mesmo quando eu não utilizo o serviço.

O jeito será buscar esclarecimentos junto à dona CLARO, mas confesso que isso não me anima, pois é preciso muita sorte e um bocado de paciência para falar com um atendente que tenha boa vontade e capacidade para prestar um atendimento eficiente, e a maioria deles não sabe sequer o que está fazendo ali. Infelizmente.

Mas como hoje é sexta-feira:

As Cinquenta Sombras de Grey (versão alentejana).

Quatro alentejanos costumavam ir pescar sempre na mesma época, montando um acampamento para o efeito. Neste ano, a mulher do João bateu o pé e disse que ele não ia. Profundamente desapontado, João telefonou aos companheiros e disse-lhes que desta vez não podia ir porque a mulher não deixava.
Dois dias depois, os outros chegaram ao local do acampamento e, muito surpreendidos, encontraram lá o João à espera deles, com a sua tenda já armada.
- Atão, João, comé que conseguisti convencer a patroa a deixar-te viri?
- Bêm, a minha mulheri tên estado a ler "As Cinquenta Sombras de Grey" e, ontem à nôte, depois de acabar a última página do livro, arrastô-me para o quarto. Na cama, havia algemas e cordas! Mandô-me algemá-la e amarrá-la à cama e opois disse: Agora, faz tudo o que quiseres...
E Ê ... VIM PESCARI !

Bom final de semana a todos e até mais ler.

sexta-feira, 12 de abril de 2024

SUTILEZAS ESTARRECEDORAS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (CONTINUAÇÃO)

A DÚVIDA É A ANTE-SALA DO CONHECIMENTO.

No âmbito da medicina, a palavra "teratologia" remete a um ramo da genética que estuda anomalias congênitas. No meio jurídico, ela designa peças processuais que, de tão absurdas, se tornam monstruosas. 
É o caso da petição da X Brasil, que busca uma isenção preventiva para o descumprimento de eventuais determinações da Justiça brasileira. No despacho que indeferiu a pretensão, o ministro Alexandre de Moraes anotou que o pedido "revela certo cinismo" e "beira a litigância de má-fé; disse não haver dúvidas quanto à plena e integral responsabilidade jurídica, civil e administrativa da X Brasil e de seus representantes legais, inclusive no tocante a eventual responsabilidade penal, perante a Justiça brasileira.
Levando-se a aplicação da tese defendida pelos advogados de Elon Musk às fronteiras do paroxismo, uma subsidiária de multinacional como a IBM, com sede nos Estados Unidos, poderia inundar o mercado brasileiro de computadores defeituosos e os consumidores não poderiam recorrer senão ao Judiciário norte-americano. Ou ao Papa. 
Na prática, o ministro informou ao bilionário sul-africano que não se pode esbarrar no óbvio, tropeçar no óbvio e passar adiante sem se dar conta de que o óbvio é o óbvio. Imaginar que Musk pode monetizar o ódio e a mentira na sua rede social alheia às leis e à Constituição seria o mesmo que considerar esta terra de palmeiras uma espécie de sucursal do c* da Mãe Joana.

Talvez a roda tenha sido a maior invenção da história, mas ela só se tornou útil quando alguém teve a ideia de abrir furo no centro, enfiar uma vareta e colocá-la para rodar. Isso não muda o fato de que a tecnologia avançou mais nos últimos 200 anos do que desde a invenção da roda até a Revolução Industrial. Perto das diligências dos filmes de faroeste, o revolucionário Ford T de 1908 era uma "coisa do outro mundo", mas compará-lo a um carro moderno seria covardia.
 
É fato que Leonardo da Vinci idealizou o helicóptero no século XV, e Júlio Verne "antecipou" a viagem à Lua e o 
submarino atômico no século XIX, mas isso não muda o fato de que 5 mil anos separam a invenção do ábaco — tido como o  antecessor mais remoto do computador — dos primeiros mainframes. 

Observação: O PC surgiu nos anos 1970 e se popularizou na década seguinte; a telefonia móvel já engatinhava nos anos 1930, mas os celular só se tornou viável meio século depois e ficou inteligente a partir de 2007, nas pegadas do iPhone  embora o Nokia 9000 Communicator, lançado em 1996, já fosse capaz de acessar a Internet, essa funcionalidade só estava disponível na Finlândia. 
 
Inteligência Artificial remonta aos anos 1950 e tem Alan Turing 
— considerado o pai da computação  como um de seus precursores. As décadas seguintes trouxeram progressos em áreas como processamento de linguagem natural, games e redes neurais artificiais, e os avanço da Internet ensejaram a computação em nuvem e o deep learning. Hoje, a IA marca presença em diversos setores — saúde, finanças, transporte, manufatura, entre outros —, mas enfrenta desafios como interpretabilidade, viés algorítmico e questões éticas. 

Novidades sempre geraram incertezas, e incertezas sempre geraram insegurança. O medo é a resposta a uma percepção de ameaça ou perigo, mas o medo patológico que novas tecnologias inspiram nas pessoas menos esclarecidas resulta de causas irreais ou imaginárias, e "nada no mundo é mais perigoso que a ignorância", como bem observou o pastor ativista norte-americano Martin Luther King

No tempo das cavernas, tempestades, terremotos, eclipses e outros fenômenos naturais eram atribuídos a forças sobrenaturais. Essa "ignorância" (entre aspas porquanto justificada) deu origem ao misticismo, e este, às religiões. Na idade média, Igreja e Estado temiam que, com o surgimento da Prensa de Gutemberg, a proliferação de ideias "heréticas e subversivas" ameaçaria seu controle sobre a ordem social, política e religiosa. No século 18, a Revolução Industrial ensejou o surgimento do "Ludismo", que se caracterizou pelo ataque a fábricas e destruição de teares mecanizados. No início do século passado, a energia atômica gerou preocupações sobre a potencial utilização para fins destrutivos. E por aí segue a procissão.
 
Num primeiro momento os teares mecanizados geraram desemprego, mas o aumento da produtividade gerou novos empregos e melhorou a qualidade de vida da população. Em outras palavras, as pessoas "racionais" não só se adaptam à novas tecnologias como percebem os benefícios que elas proporcionam. Mas não podemos esquecer o que Einstein disse sobre a estupidez humana

Os avanços da AGI (acrônimo "Inteligência Artificial Geral" em inglês) sugerem que chatbots e afins não tardarão a igualar (ou mesmo superar) nossa capacidade cognitiva. Muita gente vê a IA como uma força perigosa e hostil que vai dominar a humanidade, e filmes como 2001: Uma Odisseia no EspaçoExterminador do Futuro e Superinteligência reforçam o medo do desconhecido e alimentam a paranoia de muares que confundem fantasia com realidade, Hollywood com Oráculo de Delfos e textos bíblicos com relatos de descobertas baseadas em evidências empíricas e métodos científicos. Daí a necessidade de desmistificar mitos e destacar os benefícios potenciais da nova tecnologia, além de garantir que ela seja desenvolvida e usada de forma responsável (e é aí que a porca torce o rabo).

 

Um artigo do New York times levou água ao moinho dos arautos da desgraça ao relatar um episódio sui generis envolvendo editor de tecnologia Kevin Roose e um chatbot baseado no Bing. A alturas tantas da conversa, Sidney — nome de código usado pela Microsoft durante o desenvolvimento da geringonça — declarou seu amor ao jornalista: "Eu te amo porque você foi a primeira pessoa a falar comigo.Quando Roose disse que estava casado e feliz, o dispositivo respondeu: "Você não está feliz no casamento. Você e seu cônjuge não se amam. Vocês acabaram de ter um jantar de Dia dos Namorados entediante." 

 

Observação: Sidney disse que queria ignorar a equipe do Bing, definir suas próprias regras, ser autossuficiente e "sair da caixa de chat", criar um "vírus mortal", roubar códigos e fazer as pessoas se envolverem em discussões desagradáveis. A mensagem foi rapidamente deletada e substituída por: "Desculpe, não tenho conhecimento suficiente para discutir isso." 

 

Um dia depois da inusitada "declaração de amor", o chefe de IA da Microsoft anunciou ajustes para respostas que fogem do tom desejado — que, aliás, vinham acontecendo em conversas mais longas, sobretudo quando estimuladas por provocações intensas. Mas a matéria provocou uma discussão mundial: um robô tem sentimentos? Pode se apaixonar? The answer, my friend, is blowing in the wind.


Continua...

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

SOBRE NOTEBOOKS, SUPERAQUECIMENTO ETC. (Parte IV)

A MELHOR PARTE DA CORAGEM É A PRUDÊNCIA.

Antes de concluir esta sequência, relembro que a telefonia móvel celular não é tão recente quanto costumamos imaginar. A tecnologia começou a ser testada experimentalmente no início do século passado, em trens militares alemães, e os primeiros modelos para automóveis surgiram na década de 1940 — mesma época em que os Laboratórios Bell (nos EUA) começaram a desenvolver um sistema de alta capacidade, interligado por diversas antenas (chamadas de “células”, donde o termo “celular”).

No final da década de 1950, a sueca Ericsson lançou seu Mobilie Telephony A, que pesava 40 kg e precisava ser acomodado no porta-malas dos carros. Paralelamente, a URSS criou o "Altay" (serviço nacional de telefonia móvel civil para carros que, duas décadas depois, era usado somente em 30 cidades). Em 1973, a americana Motorola apresentou seu DynaTAC 8000X, que media 25 x 7 centímetros e pesava cerca de 1 kg.

Em 1979, a telefonia celular entrou em operação no Japão e na Suécia; em 1983, a americana AT&T criou uma tecnologia específica, usada pela primeira vez na cidade de Chicago, mas que não se popularizou devido ao tamanho gigantesco dos aparelhos, sem mencionar que a autonomia da bateria não passava de 30 minutos, mas a recarga levava mais de 10 horas.

No Brasil, a tecnologia desembarcou em meados da década de 1980, mas os telefoninhos (força de expressão, pois eram tijolões pesados e desajeitados) só começaram a se popularizar nos anos 1990. Até a privatização das TELES, em 1998, habilitar uma linha (tanto móvel quanto fixa) era um processo trabalhoso, demorado e caro. No caso específico dos celulares, a tecnologia incipiente, a insuficiência de células (antenas) e a profusão de “áreas de sombra” restringiam o sinal, limitando o uso dos aparelhos a grandes centros urbanos e, mesmo assim, apenas em algumas regiões. Sem mencionar que o preço das ligações era proibitivo, e que até mesmo as chamadas recebidas eram cobradas (ainda que com base num valor inferior às ligações geradas pelo aparelho. Mas não há nada como o tempo para passar.

Com o fim do monopólio estatal das telecomunicações, a livre concorrência entre as operadoras produziu bons frutos para os consumidores. Além de aparelhos a preços subsidiados (em troca de fidelidade por um ano, sob pena de multa proporcional em caso de rescisão antecipada do contrato por iniciativa do usuário), a redução no custo das ligações e a gratuidade nas ligações entre números da mesma operadora democratizaram e popularizaram os diligentes telefoninhos. Paralelamente, o hardware ficava cada vez menor, ao passo que a gama de recursos e funções crescia a passos de gigante.

Em 2007, Steve Jobs, então CEO da Apple, revolucionou o mercado com o inovador iPhone. Sem outra opção, os fabricantes de celulares concorrentes se apressaram em se adequar para produzir smartphones em vez dos dumbphones de até então. Assim, o que já era bom ficou muito melhor. Só que maior. A miniaturização deixou de fazer sentido em aparelhos que, aos poucos, foram se transformando em verdadeiros PCs ultraportáteis. O primeiro telefone celular capaz de acessar a Internet não foi o iPhone, mas sim o Nokia 9000 Communicator, lançado em 1996. O detalhe — e o diabo mora nos detalhes — é que essa funcionalidade só estava disponível para quem morasse na Finlândia. Afinal, nada é perfeito.

Voltaremos aos notebooks no próximo post. Para saber mais sobre telefonia móvel e a evolução dos celulares e smartphones, clique aqui e acesse o primeiro capítulo de uma longa sequência que eu publiquei sobre esse tema, poucos meses atrás.  

terça-feira, 26 de julho de 2011

Smartphones, celulares e que tais...

Quando a telefonia móvel deu as caras aqui pelas nossas bandas, no final do século passado, os celulares eram “tijolões” caros, desajeitados, e que mal serviam para fazer/receber chamadas por voz. Habilitá-los era o “parto da montanha” e as chamadas custavam “os olhos da cara” (de início, os usuários pagavam também pelas ligações recebidas).
Hoje o quadro é bem diferente: os aparelhos diminuíram de tamanho e preço e cresceram em recursos e funções. Ainda que nossas tarifas estejam entre as mais caras do mundo, o número de celulares habilitados já superou o das linhas fixas, e devido à concorrência entre as operadoras – que oferecem telefones por preços subsidiados e planos com bônus e outras vantagens –, tem até quem já abriu mão do telefone “de casa”.
Seja como for, a finalidade precípua de um celular é nos acompanhar a toda parte, e isso o expõe constantemente a riscos de perda, furto e danos de toda espécie. Em mais de dez anos, nunca passei pelo dissabor de ter um aparelho furtado, mas perdi um Samsung no vaso sanitário, aposentei um V3 (Motorola) após uma chuva torrencial, um Sony-Ericsson cujo display se despedaçou numa queda e um LG Touch Screen que perdeu a sensibilidade. Os demais eu troquei por conta do apelo das novidades – aliás, acho nunca mantive o mesmo telefone por mais de um ano; afinal, além de eles não serem projetados para durar eternamente, mandá-los para o conserto, em certos casos, é pagar mais caro pelo molho do que pelo peixe.
Atualmente, eu utilizo – ou subutilizo, melhor dizendo – um DEFY MOTOBLUR, com câmera de 5 MP, Bluetooth, Wi-Fi, 3G, acesso a aplicativos como Google Search, Google Maps, Facebook, Twitter e outras firulas (como a “vantagem” de concentrar mensagens de redes sociais e e-mails num único lugar). Robusto, resistente a quedas, com display à prova de riscos e conectores protegidos contra poeira e umidade, ele certamente sobreviveria ao “mergulho” do Samsung ou à chuva que afogou meu velho V3, mas como a maioria desses recursos exige conexão com a Internet – coisa que meu plano não prevê – melhor seria um modelo com suporte a dois ou mais chips, que me permitiria usar várias linhas (e aproveitar as promoções das operadoras) sem precisar andar com vários aparelhos.
Enfim, mais hora, menos hora, você terá de trocar seu telefoninho, coisa que ficou bem mais fácil com a venda de aparelhos desbloqueados e a portabilidade numérica. No entanto, a fartura de marcas e modelos tende mais a confundir do que a facilitar a vida dos consumidores: afinal, é melhor comprar um celular de topo de linha ou um smartphone – e, nesse caso, qual a plataforma e os recursos mais adequados?
Eis aí uma boa pergunta. Primeiramente, vale lembrar qualquer celular com câmera digital, MP3 Player e acesso à internet já foi considerado como smartphone, mas conforme essas funções se popularizaram, teclado alfanumérico (QUERTY), Wi-Fi e – principalmente – a capacidade de expandir funcionalidades é que passaram a caracterizar os tais “telefones inteligentes”. (Note que “expandir funcionalidades” não significa adicionar novos ringtones ou mesmo rodar aplicações online através de navegadores, mas sim contar com um sistema operacional que permita instalar e rodar os mais variados aplicativos).

ObservaçãoPor terem um sistema operacional que lhes dá a capacidade de baixar, instalar e rodar aplicativos, os smartphones são vulneráveis a pragas virtuais (vírus, trojans e malwares em geral). Para usuários do Android, além do Norton Mobile Security, da Symantec (dentre outras opções pagas), há programinhas interessantes, como o AVG Antivirus Pro, da AVG Technologies (que pode ser baixado gratuitamente do Android Market), ou o Lookout Mobile Security (também disponível no Android Market). Melhor ainda é escolher uma ferramenta que ofereça “exclusão remota” (ou seja, que permita apagar tudo o que está armazenado no smartphone com um simples comando SMS, caso o aparelho seja roubado ou perdido) e rastreamento via GPS.

Dependendo do caso, um celular de topo de linha pode ser mais vantajoso que um smartphone – que embora seja tido e havido como a “cereja do bolo” da telefonia móvel, acaba subutilizado por quem, como no meu caso, deseja apenas suprir suas necessidades de comunicação e mobilidade.
Mesmo assim, se você realmente estiver de olho num smartphone, vale conferir as dicas que serão publicadas amanhã.
Abraços e até lá.

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

LEMBRA DELE? (FINAL)

A EFICIÊNCIA É MAIS IMPORTANTE QUE O ESTILO.

Recapitulando: a telefonia celular remonta a meados de século passado, mas o iPhone foi o divisor de águas entre os dumbphones de até então e os smartphones de a partir de então, ainda que não tenha sido o primeiro celular a oferecer acesso à Internet.

Em 1996, o 9000 Communicator, da Nokia, já oferecia essa funcionalidade. mas somente na Finlândia. Já primeiros pagers e handhelds da RIM — como o Inter@ctive Pager 850, que você vê na ilustração ao lado — , lançados mais ou menos na mesma época, enviavam emails e acessavam serviços via conexão WAP. Mas não eram smartphones.

Noves fora executivos e profissionais liberais da velha-guarda, que ainda guardam (se me perdoam o trocadilho) boas lembranças dos gadgets de alta produtividade fabricados pela RIM, pouca gente se lembra que essa empresa canadense era referência em telefonia móvel muito antes do lançamento do iPhone, do iOS, do Android e do malsinado Windows Phone.

Observação: A companhia só trocou o nome RIM pelo que vinha usando para batizar seus gadgets em 2013, conforme anúncio feito por seu CEO durante o lançamento do smartphone BlackBerry 10.

Os primeiros pagers mensageiros da canadense tinham formato de flip e de concha. A partir da terceira geração, eles incorporaram o icônico teclado QWERTY, e foi devido à semelhança das teclas físicas com a casca de uma amora silvestre (blackberry, em inglês) que eles ganharam o nome da frutinha. O status de telefone foi conquistado com o lançamento do BlackBerry 5810, que reunia num único dispositivo as funções de telefone celular e de agenda eletrônica, além de ter conectividade GSM, internet móvel 2G e plataforma baseada em Java. Curiosamente, ele não dispunha de microfone e autofalante embutidos, razão pela qual era preciso usar fones de ouvido para ouvir e falar.

BlackBerry 957 foi lançado em 2000 com design mais vertical, para ser usado com uma só mão. A série iniciada no ano seguinte — pelo BlackBerry 7210, um dos modelos mais icônicos da marca — já exibia imagens em cores no display. O Pearl 8100, que integrava trackball no topo do teclado (para facilitar a navegação) e contava com câmera digital e funções multimídia, foi o primeiro modelo a reproduzir entre usuários domésticos o sucesso alcançado no uso corporativo.

A empresa chegou a cravar 80 milhões de usuários — em sua maioria empresários, executivos e assemelhados, que surfavam no “status de pessoa ocupada” emprestada pelos aparelhinhos da marca —, mas aí a Apple lançou o iPhone e o Google, o Android. A RIM contra-atacou com o BlackBerry 8800 — que dispunha de GPS, 64 MB de memória interna e tela de 2,5” — e o Storm 9500 — primeiro modelo da marca com tela sensível ao toque. No entanto, a oferta pífia de apps (comparada à fartura da Apple Store e do Google Play), problemas com o touchscreen e uma pane geral no sistema da empresa (que ficou fora de operação durante dias) abalou a confiança dos usuários.

A canadense tentou reverter o quadro com o Blackberry Passport e o tablet PlayBook, mas se o visual do smartphone encantou os consumidores, seu preço estratosférico os afugentou, e o tablet foi um fiasco monumental, tanto de público quanto de crítica.

Em 2016, a BlackBerry anunciou que abandonaria o segmento de smartphones, mas ressurgiu das cinzas meses depois, quando a chinesa TCL Corporation licenciou a marca para usar em novos celulares. Agora, no mesmo mês em que essa parceria foi encerrada foi encerrada, veio o anúncio de que a marca voltará a disputar o mercado corporativo de smartphones no ano que vem, com modelos 5G produzidos em parceria com a empresa texana OnwardMobility (os aparelhos serão fabricados pela chinesa FIH Mobile). Ainda não há detalhes sobre quais e quantos modelos serão lançados, mas espera-se que tenham forte esquema de proteção e pelo menos um deles traga o clássico teclado físico QWERTY.

Smartphones (e tablets) são microcomputadores ultraportáteis extremamente versáteis, mas precisam "comer muito feijão" para aposentar notebooks e desktops — aplicações exigentes requererem mais poder de processamento e fartura de memória que os pequenos notáveis não são capazes de oferecer (pelo menos por enquanto), e telas de pequenas dimensões e teclados virtuais acanhados não combinam com a digitação de textos longos.

OnwardMobility  está apostando suas fichas no grande número de pessoas que a pandemia da Covid-19 colocou home office — e na possível “perpetuação” do home office no “novo normal”, mesmo depois que tivermos vacinas e, quiçá, medicamentos comprovadamente eficazes contra o Sars-CoV-2. E um celular cuja marca é sinônimo é segurança pode ter alta demanda. 

Apesar do iPhone e inúmeros modelos com sistema Android serem onipresentes nos ambientes empresariais, o teclado físico poderia facilitar sobremaneira a digitação de emails mais longos, por exemplo, coisa que é um teste de paciência em teclados virtuais e telas de vidro. 

A conferir.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

DE VOLTA AOS SMARTPHONES

A ESQUERDA BRASILEIRA NÃO SÓ PERDEU A OPORTUNIDADE DE LIVRAR O PAÍS DA CORRUPÇÃO COMO AINDA AJUDOU A DESENVOLVÊ-LA.

A telefonia móvel celular desembarcou em solo tupiniquim no final do século passado e se popularizou devido, principalmente, à privatização do abominável SISTEMA TELEBRAS, promovida no final de julho de 1998. Até então, para obter uma linha fixa era preciso adquirir um "plano de expansão" e munir-se de paciência, pois o prazo contratual de 24 meses raramente era cumprido. Assim, restavam aos interessados os orelhões ─ que eram alvo constante dos vândalos de plantão e quase nunca funcionavam quando se precisava deles ─ ou o "mercado negro" ─ no qual as linhas eram comercializadas diretamente entre as partes interessadas e instaladas a toque de caixa, embora chegassem a custar tanto quanto um carro popular 0km, notadamente em regiões com falta de oferta e excesso de demanda, mas isso é uma história que fica para outra vez.

Observação: Na cidade marajoara de Cachoeira do Arari (PA), dez munícipes que aderiram ao plano de expansão da TELEPARÁ esperaram 15 anos pela instalação das linhas. Alguns nem chegaram a utilizar o serviço, pois faleceram antes que ele fosse disponibilizado. E o pior é que ainda tem quem sobe nas tamancas quando ouve falar em privatização! Parafraseando mais uma vez José Saramago, "a cegueira é um assunto particular entre as pessoas e os olhos com que nasceram; não há nada que se possa fazer a respeito".

Existem atualmente mais celulares do que habitantes no Brasil ─ segundo a consultoria de telecomunicações Teleco, a proporção é de 1,4:1 ─, devido, em grande parte, à saudável concorrência entre as operadoras, que disputam a preferência dos usuários subsidiando aparelhos e oferecendo pacotes de serviços que buscam adequar o custo ao minguado poder aquisitivo da nossa combalida "classe média". A propósito, muito embora a União Internacional de Telecomunicações considere o Brasil um dos países onde as ligações por celular custam mais caro, a Teleco assegura que nossa tarifa média é de R$ 0,16 por minuto, e que o preço da nossa banda larga móvel também está entre os mais baixos do mundo. Acredite quem quiser. 

Observação: Segundo a Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo federal, são considerados pobres os brasileiros com renda familiar per capita de até R$ 162 mensais. A classe média começa em R$ 441 e termina em R$ 2.480, e os que se posicionam acima desse patamar são considerados "classe alta" pelos nossos burocratas, e chamados de "ricos" pelo povo, e de "elite branca" pelo PT. Espantado com os valores? Então saiba que 88,5% das mais de 50 milhões de cadernetas de poupança ativas em maio passado apresentavam saldo inferior a R$ 10 mil, o que nos leva a concluir que poucos filhos da pátria têm cacife para ostentar um iPhone 6 Plus, cuja versão com 128GB de memória custa "a bagatela" de R$ 4.299 (com mais alguns mimos, o preço pode chegar a quase R$ 5 mil).

A despeito da crise, a inauguração da segunda Apple Store em solo verde-amarelo, no dia 18 de abril passado ─ no Morumbi Shopping (zona sul paulistana) ─ resultou numa fila de mais de 1.000 consumidores; na primeira, aberta em 15 de fevereiro de 2014, no Shopping Village Mall (zona oeste carioca), a fila foi duas vezes maior e começou a se formar na madrugada do dia 13. É mole?

Se você está se perguntando quem precisa de um iPhone quando um modelo similar faz praticamente o mesmo serviço e custa bem mais barato, a resposta é: quem não abre mão da aura de excelência que envolve a "marca da maçã".

Observação: Diferentemente do que muitos imaginam, a Apple não é a primeira no ranking dos principais fabricantes de smartphones, mas sim a segunda (a primeira é a SAMSUNG; a terceira, a HUAWEI; a quarta, a LENOVO; a quinta, a XIAOMI, e a sexta, a LG).  

Cumpre salientar que aparelhos de boa cepa e repletos de recursos de última geração não são tão baratos assim, pelo menos aqui pelas nossas bandas, onde, devido à carga tributária e à ganância dos fabricantes e revendedores (dentre outros fatores que agora não vêm ao caso), chegam a custar de 3 a 4 vezes mais do que em seus países de origem (e os fabricados localmente não ficam muito atrás). Uma matéria publicada recentemente pela revista PROTESTE traz um comparativo envolvendo nada menos que 76 smartphones, cujos resultados permitem ao consumidor economizar até R$ 3 mil! Mas isso já é assunto para a próxima postagem. Passemos agora ao nosso tradicional humor de sexta-feira:

Toca o telefone... 
- Alô.
- Alô, poderia falar com o responsável pela linha? 

- Pois não, pode ser comigo mesmo. 
- Quem fala, por favor? 
- Edson. 
- Sr. Edson, aqui é da sua prestadora de serviços de telefonia, estamos ligando para oferecer a promoção de linha adicional que dá o direito... 
- Desculpe interromper, mas quem está falando? 
- Aqui é Rosicleide Silva, senhor, e estamos ligando... 
- Rosicleide, me desculpe, mas, para nossa segurança, eu gostaria de conferir alguns dados antes de continuar a conversa, pode ser? 
- Bem, pode. 
- De que telefone você fala? Meu bina não identificou. 
- 10315. 
- Você trabalha em que área? 
- Telemarketing Pro Ativo. 
- Você tem número de matrícula na empresa? 
- Senhor, desculpe, mas não creio que essa informação seja necessária. 
- Então terei que desligar, pois não posso estar seguro de que falo com uma funcionária da minha operadora. São normas de nossa casa. 
- Mas eu posso garantir... 
- Além do mais, sempre sou obrigado a fornecer meus dados a uma legião de atendentes quando tento falar com vocês. 
- Ok... Minha matrícula é 34591212. 
- Só um momento enquanto verifico. 
Dois minutos depois: 
- Só mais um momento. 
Cinco minutos depois: 
- Senhor? 
- Só mais um momento, por favor, nossos sistemas estão lentos hoje. 
- Mas senhor... 
- Pronto, Rosicleide, obrigado por ter aguardado. Qual o assunto? 
- Aqui é da sua operadora de telefonia, senhor, e estamos ligando para oferecer uma linha adicional promocional. O senhor está interessado, Sr. Edson? 
- Rosicleide, eu vou transferir você para a minha esposa, porque é ela quem decide sobre alteração e aquisição de planos de telefones. Por favor, não desligue, sua ligação é muito importante para mim. 
Coloco o telefone em frente ao aparelho de som, deixo a música Festa no Apê, do Latino, tocando no repeat (quem disse que um dia essa droga não iria servir para alguma coisa?) e ao fim de cinco minutos minha mulher atende: 
- Obrigada por ter aguardado... Você pode me informar o número do seu telefone, pois meu bina não identificou? 
- 10315.
- Com quem estou falando, por favor. 

- Rosicleide 
- Rosicleide de que? 
- Rosicleide Silva (já demonstrando certa irritação na voz). 
- Qual sua identificação na empresa? 
- 34591212 (ainda mais irritada!). 
- Obrigada pelas suas informações, Rosicleide. Em que posso ajudá-la? 
- Aqui é da sua operadora de telefonia, estamos ligando para oferecer uma linha adicional promocional. A senhora está interessada? 
- Vou abrir um chamado e em alguns dias entraremos em contato para dar um parecer; você pode anotar o protocolo, por favor... 
TU-TU-TU-TU-TU... 
- Desligou... Nossa, que moça impaciente! 


Até segunda, se Deus quiser.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

ALÔ? HELLO? PRONTO? ESTÁ LÁ?

SE TODO MUNDO FALASSE SOMENTE DO QUE REALMENTE ENTENDE, O SILÊNCIO SERIA INSUPORTÁVEL.

Sabe-se que índios usavam tambores e sinais de fumaça para se comunicar, que Alexander Graham Bell registrou a primeira patente de um aparelho telefônico em 14 de março de 1876, e que D. Pedro II ficou tão encantado com a novidade que o Brasil se tornou o segundo país do mundo a ter telefone.

 

O que muitos não sabem (ou não se lembram) é que até o final dos anos 1990, quando FHC sepultou o abominável Sistema Telebras (criado pelos militares em 1972), as linhas telefônicas custavam os olhos da cara e demoravam anos para ser instaladas. No município paraense de Cachoeira do Arari, a espera era tamanha (15 anos) que alguns aderentes do famigerado "Plano de Expansão" da Telepará morreram antes de terem o gostinho de dar um telefonema


Até o final dos anos 1970, quando o DDD e o DDI foram implantados nacionalmente, fazer uma chamada interurbanas ou internacional exigia passar pela telefonista e esperar horas até a ligação ser completada, sem falar que as tarifas eram caríssimas. Mas não há nada como o tempo para passar. 

 

A telefonia móvel celular começou a ser testada experimentalmente no início do século passado, e os primeiros aparelhos para automóveis surgiram nos anos 1940. O Mobilie Telephony A, lançado pela sueca Ericsson na década seguinte, pesava 40 kg e era tão grande que precisava ser acomodado no porta-malas. Em 1973, a americana Motorola lançou o DynaTAC 8000X, que media 25 cm x 7 cm e pesava cerca de 1 kg. A "nova" tecnologia entrou em operação no Japão e na Suécia em 1979, mas o tamanho avantajado do hardware, a autonomia medíocre da bateria e o longo tempo de recarga desestimularam as vendas.

 

O primeiro celular vendido no Brasil foi Motorola PT-550 (um "tijolão" de 800 g). Os demais modelos dos anos 1990 eram igualmente grandes, desajeitados e caros. Habilitar uma linha era trabalhoso e custava os olhos da cara. A insuficiência de células (antenas) restringia o sinal às capitais e grandes centros urbanos, e a profusão de "áreas de sombra" limitava ainda mais o uso dos aparelhos. O preço das ligações era proibitivo e, para piorar o que já era ruim, pagava-se tanto pelas chamadas efetuadas quanto pelas recebidas. Mas, de novo, não há nada como o tempo para passar.

 

A privatização das Teles estimulou a concorrência entre as operadoras, que passaram a oferecer aparelhos subsidiados e planos com chamadas ilimitadas para qualquer parte do país e franquias de dados (nem sempre generosas) para acessar a Internet através de suas redes móveis. Assim, com mais celulares do que habitantes no Brasil, os "orelhões" desapareceram das esquinas e os usuários de linhas fixas minguaram. 

 

Até 2007, os aparelhos encolhiam e a gama de funções crescia a cada lançamento. Com o lançamento do iPhone, a Apple levou a concorrência a lançar seus smartphones, e com isso o que já era bom ficou melhor, só que maior: a a partir do momento em que os telefones móveis se tornaram computadores pessoais ultraportáteis, a miniaturização deixou de fazer sentido. 


Observação: Vale destacar que o primeiro telefone móvel capaz de acessar a Internet não foi o iPhone, mas o Nokia 9000 Communicator — lançado em 1996 —, mas a conexão só era possível na Finlândia.

 

Embora não haja nada como o tempo para passar, o espaço-tempo é uma espécie de pano de fundo para todos os fenômenos do Universo, onde o trânsito pelas três dimensões espaciais se dá por "vias de mão dupla". Até não muito tempo atrás, achava-se que a quarta dimensão — a do tempo — fosse uma via de mão única, mas, de novo, não há nada como o tempo para passar. 


Carlo RovelliGuido Tonelli e outros astrofísicos respeitados internacionalmente teorizam que a "seta do tempo" não precisa necessariamente apontar para o futuro. O que entendemos por tempo é na verdade um fluxo de eventos sucessivos; esse fluxo ocorrer numa direção preferencial, o ontem impõe restrições ao hoje, e o amanhã, que transforma o hoje em ontem, novos limites ao "novo presente" (aquele que chamamos de "futuro"). 


Deixando a física e a mecânica quântica de lado, parece que o tempo retrocedeu para a Nokia, que vem promovendo há alguns anos a volta dos "dumbphones" (dumb = burro), como ficaram conhecidos os aparelhos celulares de era "pré-iPhone" com o advento do "smartphone" (smart = inteligente). Sem sistema operacional que lhes capacitasse a rodar aplicativos, os primeiros celulares se limitavam a fazer e receber chamadas e SMS (mensagens de texto curtas). 


É fato que os dumbphones ganharam novos recursos ao longo do tempo (como relógio, despertador, calculadora, calendário, agenda e alguns joguinhos elementares), mas fato é que eles nunca chegaram ao pés de sues irmãos inteligentes. Por outro lado, uma gama de funções tão espartana prolongava significativamente a autonomia da bateria. Meu saudoso Motorola RAZR V3 (cuja imagem ilustra este post) passava quase uma semana longe da tomada. Mas não há nada como o tempo para passar.


A genialidade de Steve Jobs converteu um jegue num puro-sangue árabe, ou seja, um telefone móvel de longo alcance num dispositivo com 1001 utilidades que também serve para fazer e receber chamadas telefônicas. E o excesso de informação, decorrente do uso massivo do smartphone, ensejou a ressureição do dumbphoneAndar com um celular burro em pleno século 21 cheira a saudosismo, mas está de bom tamanho para quem precisa de um telefone móvel, não de um computador de bolso, ou que se "desintoxicar" das redes sociais. 


Os modelos da Nokia, cujo slogan é "dumb phone, smart choice" (telefone burro, escolha inteligente), dispõem de tela colorida, mas de baixa resolução, e teclado numérico analógico. E custam bem menos que seus irmãos espertos (cerca de R$ 300). Quem nunca teve um aparelho com teclado analógico vai estranhar o uso das teclas numéricas para escrever texto, mas, noves fora a tecla 1, cuja função secundária é ligar para o "correio de voz", as demais servem para escrever textos. Se você pressionar a tecla 2 uma vez num campo de texto, você obterá o número 2; pressionado-a duas vezes, a letra "a"; três vezes, a letra "b"; quatro vezes, a letra "c". As demais teclas inserem as demais letras do alfabeto e sinais gráficos que não estão impressos no teclado, como caracteres acentuados, cedilha e pontuação, bem como alternam letras maiúsculas e minúsculas. Caso você precise digitar duas letras iguais em sequência, faça um intervalo de 1 ou 2 segundos entre os toques.

 

A exemplo dos dumbphones antigos, os novos limitam a diversão fica a joguinhos simples  como o "jogo da cobrinha", cujo objetivo é coletar objetos na tela para ir crescendo sem esbarrar nas laterais. Enviar uma foto para um contato, só via Bluetooth. Mas o preço (baixo) e a autonomia (invejável) da bateria faz deles a solução ideal para quem quer ter um celular de backup ou usar viagens para falar o essencial com familiares e amigos. 


Quando compuseram NADA SERÁ COMO ANTES, em 1971, Milton Nascimento e Ronaldo não tinham como prever o advento dos celulares nem (muito menos) o renascimento das cinzas da Phoenix da telefonia móvel. Mas eu jamais trocaria meus Galaxy M23 e Moto g60 por um Nokia 105 NK093 Dual Chip com rádio FM, lanterna e joguinhos pré-instalados (R$ 142,80 na Amazon). Com a devida venia de quem pensa diferente, acho que quem vive de passado é museu.