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sábado, 10 de agosto de 2024

DE VOLTA À VELOCIDADE DA LUZ E AS VIAGENS NO TEMPO (FINAL)

O FATO DE NINGUÉM VER A ÁRVORE CAIR NÃO SIGNIFICA QUE ELA NÃO CAIU.

Segundo o filósofo e metafísico inglês J.M.E. McTaggart, pode-se atestar a irrealidade do tempo usando apenas o pensamento lógico e um baralho de cartas.

Primeiramente, ele divide as cartas em duas pilhas. Na primeira pilha, elas são ordenadas cronologicamente, ou seja, a carta no topo representa o evento mais recente e a carta na base, o evento mais antigo. Na segunda, as cartas são embaralhadas aleatoriamente, ou seja, os eventos não são organizados em sequência temporal, e não há indicação de qual evento ocorre antes ou depois do outro. 


McTaggart concluiu que a noção de tempo linear (como na primeira pilha) não basta para capturar a realidade dos eventos, e que, na pilha 2, sem a ordem temporal, os eventos ainda existem, mas não há um "antes" ou "depois". Isso sugere que o tempo como o concebemos pode ser uma construção mental e não uma característica fundamental da realidade e, portanto, ele não existe de verdade.  


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Para surpresa de ninguém, a interferência política na Petrobras — ora presidida pela obediente Magda Chambriard — resultou num prejuízo de R$ 2,6 bilhões de reais no segundo trimestre. A despeito das acrobacias que circulam nos jornais para nos convencer de que o errado está dando certo, quem tem ao menos dois neurônios ativos e operantes percebem que, sob o tacão do governo Lula, a companhia substituiu a política de paridade com preços internacionais pela política do segura-aí-enquanto-você-acha-que-dá. Ou seja, os acionistas da Petrobras estão pagando do bolso para a população menos esclarecida ter a ilusão de que a gasolina não sobe ou sobe menos nas bombas.
Isso também não causa espécie: segurar artificialmente os preços dos combustíveis deu errado no governo Dilma, e Lula é useiro e vezeiro em repetir os erros cometidos no passado — não sei se ele acredita mesmo que pode obter um resultado diferente valendo-se da melhor definição de "estupidez" que se conhece, mas enfim...
Além de eminentemente populista, a manobra que sangra a empresa represa momentaneamente a inflação, permitindo que o governo continue a gastar o que não tem e a imprimir cada vez mais dinheiro para pagar a conta que não fecha — que, por sinal, é a verdadeira causa da inflação.
Em última análise, o povo paga em dobro pelo prejuízo da Petrobras. Como acionista indireto, já que o governo brasileiro tem quase 29% da empresa e a população acaba sendo prejudicada pelos maus resultados, e como cidadão, já que esse dique artificial vai se romper em alguma momento.

Numa segunda empreitada, McTaggart acrescenta uma terceira pilha de cartas. Na primeira pilha, nada muda em relação ao experimento anterior, ou seja, ela representa a ordem cronológica dos eventos. Mas a segunda pilha passa a representar os eventos em termos de passado, presente e futuro, e as cartas mudam do futuro para o presente e deste para o passado. Já na terceira pilha as cartas são novamente embaralhadas, simbolizando a ideia de que os eventos existem independentemente do tempo.

A introdução da terceira pilha visa ilustrar que, mesmo que tentemos classificar os eventos em termos de passado, presente e futuro (como na segunda pilha), a realidade dos eventos (terceira pilha) não depende dessa categorização. Portanto, o tempo parece ser uma construção subjetiva, e não uma propriedade objetiva do universo em que vivemos. E se o tempo é um processo que precisa de tempo para acontecer, é preciso tempo para descrever o tempo, e essa circularidade viola a lógica


Em outras palavras, McTaggart afirma que o tempo como uma sequência de eventos do passado para o presente e depois para o futuro pode não ter uma realidade objetiva, e sim uma ilusão, uma construção da mente humana, e que a verdadeira natureza da realidade pode ser atemporal. Mas os C-theorists discordam. Para eles, colocar as cartas do antes para o depois é tão inútil quanto escolher esta ou aquela tábua para iniciar a numeração de cerca circular.


É difícil dizer quem tem razão nesse furdunço, já que é tudo uma questão de ponto de vista. Mas fato é que McTaggart conseguiu construir uma teoria sobre a inexistência do tempo usando apenas o pensamento lógico, por mais ilógico que isso possa parecer. 

Observação: A quem interessar possa, o artigo que me serviu de base para esta postagem e a anterior pode ser acessado através deste link

quinta-feira, 11 de abril de 2024

SOBRE EMOJIS E EMOTICONS

GENTE QUE PENSA QUE SABE TUDO É UM PÉ NO SACO DE GENTE QUE SABE ALGUMA COISA.

Anunciada como alternativa para reduzir a tarifa e promover energia verde, a MP que o governo assinou na terça-feira 9 pode ser mais um tiro no pé (do consumidor). Além do texto de difícil compreensão — "é preciso uma pedra de roseta para decifrar a MP" afirmou um ex-diretor-geral da Aneel —, o alívio momentâneo (entre 3,5% e 5%, segundo o governo) vai gerar prorrogação de subsídios para empresas que não precisam e o aumento da conta de luz, a partir de 2029, em no mínimo 7%. 
Ao contrário do que o todo o setor elétrico tem defendido, Lula e seu ministro de Minas e Energia insistem em medidas isoladas e paliativas, sem ouvir a sociedade e o setor. Em vez de buscar caminhos para diminuir o preço da conta de luz dos brasileiros — uma das mais caras do mundo —, o governa cria uma despesa adicional, que fatalmente cairá no colo dos consumidores. 
Em janeiro de 2013, já de olho na reeleição, Dilma anunciou em rede nacional uma redução de 18% na conta de luz (vale a pena relembrar a íntegra do discurso da sumidade). A julgar pela MP do criador e mentor da mulher sapiens, não são só os eleitores que repetem os mesmos erros esperando resultados diferentes. Triste Brasil.

Ainda podemos digitar uma sequência de "K" (“KKKKKK”) ou de "RS" (“RSRSRSRS”), como fazíamos no tempos do ICQ e MSN Messenger, para dar a ideia de que escrevemos a mensagem em tom de brincadeira, Mas tanto as redes sociais quanto os apps mensageiros atuais suportam emoticons (combinações de caracteres de texto que formam imagens simples) e emojis (imagens coloridas e detalhadas)

Os emoticons (de "emotion + icon") surgiram nos anos 1980 e combinavam sinais gráficos  dois pontos (:), traço (-) e parêntesis — para representar rostinhos sorridentes ou amuados. Os emojis surgiram uma década depois, inspirados nos ícones que os meteorologistas usavam para indicar tempo ensolarado ou chuvoso e nos símbolos empregados em mangás (histórias em quadrinhos japonesas). 

Observação: A palavra "emoji" vem da união de "e" (), que significa imagem, e "moji" (文字), que significa letra em japonês. No kaomoji, os símbolos são formada por letras do alfabeto cirílico e outros caracteres que não integram a codificação ASCII (usada em computadores e sistemas operacionais ocidentais), daí eles aparecem para nós como um quadradinho brancoO primeiro conjunto era composto por 176 símbolos distintos, cada um com 12 pixels de resolução
 
O objetivo dos emojis é auxiliar na contextualização das mensagens — às vezes o texto dá margem a interpretações diferentes da pretendida por quem o escreveu, e um emoji pode deixar claro o tom ou a intenção por trás da mensagem 
—, mas muita gente os borrifa sem saber exatamente o que significam, já que muitos deles não representem exatamente o que parecem representar (uma dica para não errar é consultar a Emojipedia).
 
Os emojis de rosto são os mais usados. O sorriso com olhos fechados, por exemplo, sugere felicidade ou que algo é engraçado. A carinha sorridente expressa felicidade ou transmite uma ideia positiva. Os emojis de gestos são igualmente populares e podem representar diferentes ações ou sentimentos. Polegar para cima, por exemplo, funciona como um "joinha" virtual; polegar para baixo indica desaprovação ou que algo não é bom; mão acenando serve para dizer "oi" ou "tchau", e por aí vai. Os emojis de animais são menos populares, mas
 o cachorro sugere lealdade, amizade e fidelidade, enquanto o gato simboliza independência, mistério e agilidade.
 
As figurinhas mais usadas no WhatsApp variam de acordo com o país e a cultura, e algumas podem ter significados ambíguos ou ser difíceis de entender sem contexto. A senhora com a mão no queixo pode ser interpretada como pensativa, duvidosa e até descontente, e a mão com os dedos juntos costuma ser usada para representar algo pequeno, mas pode ter
 outros significados  alguns chegam a ser ofensivos em determinadas culturas.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

ACABOU O CARNAVAL (FINAL)

 

Antes de encerrar esta sequência — ou interrompê-la, melhor dizendo, já que é inevitável retomar o assunto mais adiante —, relembro um brocardo atribuído a Magalhães Pinto: "Política é como as nuvens; a gente olha e elas estão de um jeito, olha de novo e elas já mudaram". E vou mais além: "Escrever sobre política é como trocar pneu com o carro em movimento", pois o cenário, caleidoscópico, muda numa questão de segundos. 

 

Em seus quatro anos de mandato, Bolsonaro moveu montanhas para converter o Brasil numa autocracia de bananas, e, nesta banânia em particular, a Justiça não só tarda como nem sempre chega. Não houvesse na Praça dos Três Poderes uma filial da Pizzaria do Inferno, eu diria que a prisão do "imbrochável seriam favas contadas — como disse sobre a de Lula muito antes de sua condenação no processo do triplex. Mas é impossível não lembrar que Bolsonaro foi alvo de 150 pedidos impeachment e colecionou dezenas de acusações por crimes comuns, e que tudo foi parar na lata do lixo devido à inércia de Rodrigo Maia, à cumplicidade de Arthur Lira e à subserviência do antiprocurador Augusto Aras (que acreditou na promessa de uma vaga no STF, mas ficou a ver navios). 

 

O petismo experimentou forte crescimento até 2002 — ano em que Lula finalmente ascendeu ao Planalto após três derrotas consecutivas para o PSDB — em 1989, 1994 e 1998 —, mas começou a declinar em 2013. Em 2016, o impeachment de Dilma acirrou a polarização semeada por seu criador e mentor com o "nós contra eles", e a rejeição ao PT e seus satélites anabolizou a extrema direita, ensejando a vitória de Bolsonaro em 2018. Mas não há nada como o tempo para passar e o vento para mudar. 

 

Depois de gozar 580 dias de férias compulsórias em Curitiba, Lula deixou sua suíte VIP na carceragem da PF, foi "descondenado" e reabilitado politicamente por togas camaradas e derrotou Bolsonaro com a menor diferença de votos entre postulantes à Presidência no segundo turno desde a redemocratização. A propósito, volto a frisar que extirpar o câncer do bolsonarismo antes que ele evoluísse para metástase era fundamental, mas trazer o PT de volta ao Planalto era opcional. As demais opções eram desalentadoras, mas mesmo assim...

 

Ao vestir a faixa presidencial pela terceira vez, o pontifex maximus da seita do inferno pareceu acreditar que fora eleito o cargo de Deus. Sem se dar conta de que já não esbanja carisma como em 2010 — quando se orgulhava de eleger até poste —, confunde o Planalto com o Olimpo da mitologia grega. Para acomodar aliados da falaciosa "frente democrática", criou dezenas de novos ministérios. Para as pastas já existentes, nomeou antigos aliados — muitos dos quais foram sepultados no julgamento do Mensalão ou submergiram quando a (hoje finada) Lava-Jato expôs as entranhas pútridas do Petrolão. 

 

Lula recebeu em Palácio — e com pompa e circunstância — o ditador venezuelano Nicolás Maduro. Presenteou Dilma, a inolvidável, com a presidência do Banco do Brics. Indicou para o STF seu amigo e advogado particular Cristiano Zanin e seu ministro da Justiça Flávio Dino. Para ocupar o lugar do ministro declaradamente comunista, chamou de volta da aposentadoria o velho "cumpanhêro" Ricardo Lewandowski — cujos ombros ele próprio cobriu com a suprema toga em 2006, a pedido da então primeira-dama, que era amiga da mãe do magistrado. 

 

No primeiro ano de sua terceira gestão, O primeiro-casal passou visitou 26 países a expensas dos contribuintes. Na última sexta-feira, depois de visitar o Egito, Lula e Janja — que encarna o papel de presidenta-adjunta — iniciaram um passeio de três dias pela Etiópia. Mas não é só: Janeiro nem tinha acabado e os ministros Daniela Carneiro Juscelino Filho já estavam enroscados — ela, devido a uma esquisita relação eleitoral com milícias da Baixada Fluminense, e ele, ao uso do dinheiro de emendas parlamentares para beneficiar a fazenda da família. Daniela deixou a pasta do Turismo em julho, mas Juscelino segue no comando das Comunicações, a despeito de novos enroscos terem vindo à luz — de diárias e requisição de jatinhos da FAB para viagens pessoais a emprego de funcionário-fantasma e uso do gabinete pelo sogro para receber empresários e realizar despachos.

 

Lula está velho e rabugento. No ano passado, a dor no joelho não o deixava dormir direito. Uma "pneumonia leve" resultou no adiamento de sua viagem à China. O petista disse que estava poupando a voz para o encontro com Xi-Jinping, mas vale lembrar que nem o líder chinês fala português, nem o brasileiro domina o mandarim — na verdade, Lula mal consegue se expressar em português sem assassinar o vernáculo. 


Dias atrás, na Etiópia, Lula voltou a se referir à ação militar israelense em Gaza de "genocídio" e comparou a situação com o HolocaustoA fala foi considerada antissemita por entidades judaicas e israelitas e acendeu o pavio de mais uma crise diplomática. Benjamin Netanyahu disse que o brasileiro "cruzou a linha vermelha" com essa comparação "vergonhosa", e determinou que o embaixador do Brasil em Israel seja chamado às falas. Se serve de consolo, o Hamas agradeceu a declaração do Sun Tzu de Garanhuns, que, segundo o grupo terrorista, descreveu com perfeição o que acontece na Palestina. Alguém deveria fazer a ele a pergunta que o rei Juan Carlos fez a Maduro em 2007¿Por qué no te callas?
 
Saber quando calar é uma virtude, sobretudo quando um governo que mal começou começa mal sob muitos aspectos. Lula queria a cabeça de Roberto Campos Neto, como se a Selic estivesse em 13,75% por um capricho do presidente do BC, e não como tentativa de conter a inflação. O mal que o xamã do PT disse desejar "a esse cidadão que chefia o Banco Central" perdeu a relevância diante da incapacidade de Lula de fazer bem a si mesmo e a seu governo. Enquanto o bumbo de Haddad assegurava que a nova regra fiscal e a reforma tributária fariam deslanchar a economia, seu chefe sinalizava a investidores que ansiavam pelo nascer do Sol que a alvorada talvez, quem sabe, só chegaria em abril. Ela não chegou, e dinheiro não gosta de dúvidas e imprevistos.
 
No comando da pasta da Defesa, Dino não apreendeu armas destinadas ao crime organizado, que cresceu e ficou ainda mais organizado sob sua gestão, mas ganhou sua suprema toga. Anielle Franco — a ministra da "Igualdade Racial" que embolsava mais de R$ 400 mil por ano para não trabalhar numa empresa estatizada — requisitou um jatinho da FAB para assistir a um jogo de futebol no estádio do Morumbi, na capital paulista. E o resto é pinga da mesma pipa.

Apesar disso tudo (e muito mais), torço pelo sucesso do atual governo. Não por patriotismo hipócrita, mas porque mudar de país a esta altura da vida não é uma opção que eu possa me dar ao luxo de exercer. Faço votos de que a derradeira passagem de sua alteza pelo Planalto contribua para mitigar a abjeta polarização que tanto mal fez ao Brasil nos últimos anos, notadamente depois que o capitão-rascunho-do-mapa-do-inferno tomou o lugar que o tucanato ocupou de 1994 até 2014. 
 
Numa sociedade polarizada, um presidente que tem respaldo do Congresso consegue implementar políticas públicas que privilegiam seus apoiadores em detrimento do restante da sociedade. Essa erosão da representação política só não sufocará nossa frágil democracia se o eleitor mediano — que é o esteio da estabilidade e da racionalidade — reassumir seu posto, pois só assim o país escapará da sinuca de bico criada por idiotas de esquerda e extremista boçais de direita. Cabe à esquerda (enquanto poder) suavizar a radicalização interna, e à direita (como oposição) abandonar o extremismo e se reagrupar como um movimento mais ao centro. Sem esse esforço conjunto, o Brasil dificilmente voltará a crescer. Mas, desgraçadamente, não é isso que está acontecendo. 
 
Bolsonaro tem um longo histórico de ataques às instituições. Agora, em face das revelações da Tempus Veritatis, ele lança mão da mesma tática que usou inutilmente contra o STF e o TSE: gente na rua. A manifestação, por si mesma, não é crime. Mas, quando diz querer a "fotografia", confessa que seu objetivo é constranger o Supremo. O chefe do clã das rachadinhas e das mansões milionárias segue firme em seu intento de cassar as prerrogativas das togas — como fez reiteradamente quando presidente. Enquanto ele tentava executar sua catastrófica política de saúde — que correspondia a homicídio em massa —, decisões emanadas do Supremo salvavam milhares de vidas, inclusive garantindo a vacinação.
 
Diante de um inevitável encontro com a cadeia, o "mico" tenta fazer alguma coisa — com o mesmo desespero de quando buscava evitar a eleição do adversário, alertando que depois seria tarde demais. Como bem anotou Reinaldo Azevedo em sua coluna, Bolsonaro será preso. Pode não ser amanhã, mas também pode ser. Só depende dele. 

Que faça besteira e que seja preso. Pelo bem do Brasil.

domingo, 11 de fevereiro de 2024

AINDA É CARNAVAL

 

Era questão de tempo. A julgar pela dimensão do caso, não demorou tanto assim. Levou um ano e um mês para a PF bater às portas dos tubarões envolvidos na conspiração golpista que culminou com os atos terroristas de 8 de janeiro de 2023, dando uma resposta a quem reclamava que as investigações, processos e condenações alcançavam apenas os "peixes pequenos" executores da depredação nas sedes dos Poderes. 
 
Como dizia minha avó, "um dia a casa cai". E a casa de Bolsonaro e seus cúmplices paisanos e fardados na intentona golpista está na bica de cair. Pelo exposto na justificativa da operação de buscas, apreensões e prisões da cúpula então governista da sedição, não restam dúvidas de que os "bagrões" serão condenados, e a penas maiores que as imputadas à massa de manobra dos "bagrinhos" ensandecidos. 
 
O que houve está sendo muito bem contado. Não se trata de conjeturas ou meras conversas sobre hipóteses bravateiras. Havia um presidente da República em estado de sublevação empenhado em colocar o governo a serviço de um golpe em andamento. As ações estavam em marcha. Na luz e na sombra. 
Durante o mandato de Bolsonaro foram inúmeras e reiteradas as manifestações públicas ofensivas ao Estado de Direito feitas por ele, ministros, assessores e políticos afinados, enquanto montava-se nos gabinetes o roteiro da infâmia.
 
O planejamento de um golpe é de gravidade extrema e requer punição. Até porque, quando é de fato executado, não há essa oportunidade. Os golpistas assumem o poder e os legalistas vão para a prisão. Já vimos esse filme — que completa seis décadas neste ano. Sem a inevitável condenação dos conspiradores, a obra da resistência não estaria completa. Não poderíamos dizer que as instituições estão firmes e fortes, e que sua plenitude nos permite conhecer a história do motim antidemocrático que não foi, mas poderia ter sido.
 
Bolsonaro não poderia ter sido mais sincero quando disse que "a eleição de um deputado do baixo clero, desprezado, só pode ter sido um engano". Hoje, com sua percepção descolada da realidade, ele tem certeza de que foi roubado na eleição. Por sua lógica desviada, se a maioria dos brasileiros é cristã e se cristãos não podem ser esquerdista (e muito menos comunistas), então o TSE fraudou o pleito, já que ele, Bolsonaro, teve 49,1% dos votos válidos no segundo turno. Mas nem todo mundo pensa assim. 
 
Soube-se pelas pesquisas que muita gente votou no mix de mau militar e parlamentar medíocre, em 2018, por considerar o bonifrate de Lula a pior opção. Não por considerar o xamã do PT comunista, mas principalmente por causa de uma calamidade chamada Dilma, de um Mensalão e de um Petrolão. 
Mas as pesquisas mostram também que, mesmo inelegível e prestes a gozar férias compulsórias na Papuda ou no diabo que o carregue, o imbrochável incomível e insuportável ainda conta com o aval de 35% e 40% do "esclarecidíssimo" eleitorado tupiniquim.
 
Voltando à afirmação da aberração de que sua eleição só poderia ter sido um engano, a pergunta que se coloca é: como tantos se equivocaram tanto? E a resposta é: Não há resposta (ou melhor, eu não tenho a resposta). Mas imagino que, quando fala em comunismo, o estrupício se refere à Venezuela, onde Maduro capitaneia uma ditadura de ladrões que montam empresas-sinecuras e destroem o Estado. 
 
Houve grossa corrupção no Brasil, e todos ficaram sabendo. Portanto, não há falar em ditadura nesta banânia. 
Haveria se a intentona bolsonarista tivesse vingado. Mas o que aquele aquele bando de incompetentes conseguiu produzir foi quebra-quebra de 8 de janeiro — e (pasmem!) deixar para trás minutas do golpe espalhadas por escritórios e celulares, vídeos e gravações de reuniões secretas, conversas de WhatsApp, fake news primárias. Estariam guardando para a posteridade? Achariam que ainda poderiam dar o golpe? Julgavam-se imunes? Deu piada. Exército de Brancaleone foi a associação óbvia para os mais velhos. 
 
Bolsonaro e sua turma tiveram — e têm — apoio nas Forças Armadas, entre políticos e na elite brasileira. O ex-superministro Paulo Guedes é um representante da elite financeira, e está no vídeo, traçando um sanduíche (mudo então e depois). Houve chefes militares que não embarcaram, e isso foi crucial para que o golpe não prosperasse. Mas também houve quem topasse aderir 
— desde que o chefe assinasse a ordem. Mas o chefe esperava antes a adesão dos comparsas em comando militar. 

Um lado esperando o outro, cada qual com medo de sair na frente. Menos mal que não houve golpe. Mas o mais espantoso é estarmos comemorando isso. É como o sujeito que despenca do 20º andar e, ao passar pelo sexto, suspira e diz: "Até aqui, tudo bem!"
 
Com Dora Kramer e Carlos Alberto Sardenberg 

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

O FIM DOS TEMPOS SEGUNDO SEI LÁ QUEM (CONTINUAÇÃO)

NOTHING IS IMPOSSIBLE, THE WORD ITSELF SAYS "I'M POSSIBLE".

A pressão de Lula para aboletar Guido Mantega na presidência da Vale causou espécie a membros do conselho de administração da companhia. Um deles traduziu seu espanto para o idioma da política: "Lula virou o Arthur Lira da Vale. A diferença é que o presidente da Câmara maneja o centrão para cavar nomeações em estatais, e o presidente da República usa todos os meios à sua disposição para impor uma nomeação política a uma corporação privada, com ações na Bolsa de Valores." 
Ao se tornar uma companhia aberta (em 2020), a Vale deixou de ter um controlador definido, e a influência do governo minguou depois que o BNDES desembarcou do negócio e Previ enxugou sua participação. Achando
 que seria possível recriar o ambiente de 2011, quando Dilma trocou Roger Agnelli por Murilo Ferreira no comando da empresa, o inquilino do Planalto pegou em lanças para defender o nome de seu ex-ministro da Fazenda (aquele que apoiou a intervenção da gerentona de araque no setor elétrico para reduzir artificialmente a conta de luz), mas, mesmo descendo às redes sociais para criticar a atuação da Vale na reparação aos mortos de Brumadinho e com Gleisi Hoffmann batendo bumbo pró-Mantega, não conseguiu apenas 2 dos 7 dois votos necessários. 
Ao perceber que já não se fazem passados como antigamente, Lula saiu de fininho. As ações da Vale, que haviam caído na véspera, adquiriram automaticamente um viés de alta. 
Como diria Paulo Leminski, "haja hoje para tanto ontem!".

Interpretações distorcidas de Nostradamus indicaram que o mundo acabaria em julho de 1999. Mas não acabou. No ano seguinteRichard Noone trombeteou que o alinhamento dos planetas produziria uma espessa camada de gelo que congelaria a Terra. Mas não produziu. 

Em 2009, alarmistas proclamaram que o Grande Colisor de Hádrons criaria mini buracos negros que destruiriam o mundo. Mas não criou. Dois anos depoiso pregador Harold Camping apregoou que terremotos devastadores começariam a ocorrer em 21 de maio, e que apenas 3% da população mundial iria para o Céu. Quando sua previsão furou, ele a reagendou para 21 de outubro. E deu no que deu.

A primeira previsão apocalíptica da era tecnológica foi o bug do milênio. Como os computadores registravam datas usando apenas dois dígitos, achou-se que os sistemas entrariam em colapso com a chegada do ano 2000, e que isso resultaria em explosões nucleares, queda de aviões e toda sorte de desgraças. Mas o apocalipse ficou para outro dia. 

É fato que conflitos bélicos  como a invasão da Ucrânia e as escaramuças no Oriente Médio  podem evoluir para uma hecatombe nuclear, e que grandes erupções vulcânicas podem provocar um cataclismo de proporções épicas. Mas a colisão do planeta X com a Terra, prevista para maio de 2003, foi reagendada primeiro para dezembro de 2012 e depois para Setembro de 2017Considerando que chegamos a 2024, a conclusão é óbvia.

Cientistas de todo o mundo (o que não significa "todos os cientistas do mundo") sugerem a possibilidade de a Terra ser extinta daqui a 250 milhões de anos, depois que os 7 continentes se juntarem num supercontinente. Se isso se confirmar, será a primeira extinção em massa desde a aniquilação dos dinossauros, há 66 milhões de anos. Mas o biólogo Tony Barnosky acredita que o planeta ficará bem; o que pode acontecer, segundo ele, é a aniquilação do modo de vida atual. 

Como nada é para sempre, a vida na Terra terá um fim. Mas ele pode levar bilhões de anos para chegar. Até lá, a tecnologia precisa avançar a um nível que permita migrar a humanidade para outros planetas.

Quem viver verá.

domingo, 17 de setembro de 2023

MAIS SOBRE AS "SUTILEZAS" DO UNIVERSO (CONTINUAÇÃO)

A MANEIRA MAIS FÁCIL DE RESOLVER UM PROBLEMA É NEGAR SUA EXISTÊNCIA.

 

Dias atrás, alguém me perguntou se as pessoas ainda liam blogs. Respondi que sim, mas acrescentei que o interesse das internautas por esse formato já não é mesmo de dez ou quinze anos atrás. E então me dei conta de que, pela primeira vez em 17 anos, esqueci-me de comemorar o aniversário deste humilde espaço.

É inegável que o desinteresse do público-alvo desestimula o blogueiro. No meu caso, contribuíram para isso a popularização do smartphone e o cenário político tupiniquim. Em setembro de 2006, quando criei este humilde blog para embasar a redação do volume 11 da saudosa coleção Guia Fácil Informática — Blogs & Websites —, publicações sobre microcomputadores, hardware e o sistema Windows vendiam feito pão quente. Mas a popularização da Internet e, mais adiante, o uso da banda larga por internautas domésticos mudaram drasticamente esse cenário.

Em algum momento do desgoverno Dilma, resolvi replicar no blog alguns textos que publicava originalmente na comunidade de política que mantinha na (hoje falecida e sepultada) "Rede .Link". Daí a alternar postagens sobre informática e política foi um pulo, e a coisa se manteve assim até agora. Por quanto tempo mais, porém só Deus sabe. 

Se já não tenho estômago para acompanhar noticiário, comentar a conjuntura e ouvir desaforos de bolsonaristas cretinos e petistas idiotas passou a ser puro masoquismo. Talvez eu passe a postar dicas culinárias, como as que publicava na comunidade de gastronomia da finada .Link. Talvez assim o blog volte a registrar 10.000 visualizações diárias, como em seus tempos áureos. Atualmente, quando um post é lido por 1000 visitantes no dia de sua publicação, sinto-me tentado a abrir uma garrafa de champanhe. 


Foram necessários 4,5 bilhões de anos para a Terra evoluir e usar os componentes orgânicos — também conhecidos como "blocos de construção dos seres vivos" — para fazer prosperar a vida, e o mesmo pode ter ocorrido em outros mundos, universo afora, pois as estrelas são as grandes "fabricantes" de carbono, oxigênio, ferro e outros elementos indispensáveis à formação dos tais blocos.  


Através de simulações de computador, é possível "visualizar" o universo logo após o Big Bang. Segundo os cientistas, uma rede completa de estruturas se formou no primeiro trilionésimo de segundo da existência do cosmos, e os prótons e nêutrons remanescentes deram início a um processo de fusão nuclear, criando novos elementos e fundindo-os para formar os primeiros átomos. Quando o resfriamento permitiu que a matéria fosse atraída gravitacionalmente para formar as primeiras estrelas, já havia chance de surgir vida, mas essa teoria esbarra no deutério.


Quando um próton e um nêutron se encontram, eles se fundem para formar um deutério (isótopo pesado do hidrogênio, mais estável que um próton livre e um nêutron isolado, que libera 2,2 milhões de elétron-volts de energia). Os fótons são partículas de luz que têm mais de 2,2 milhões de elétron-volts de energia, e "explodem" os deutérios quando colidem contra eles. No início dos tempos, havia mais de um bilhão de fótons para cada próton e nêutron, de modo que a cadeia de fusões nucleares necessárias à criação dos elementos fundamentais para o surgimento de vida era quebrada logo no início, antes da formação do carbono.


Assim, toda a matéria do Universo era essencialmente hidrogênio e hélio — uma composição que os astrônomos chamam de "baixa metalicidade" (qualquer outro elemento mais pesado é chamado de "metal"). Minutos depois do Big Bang, o resfriamento ocorreu, a densidade se foi e, com ela, a energia de cada partícula. Sem a densidade e a energia cinética inicial, as colisões já não conseguiam superar a força repulsiva entre os núcleos de hélio, resultando no fim da cadeia de fusões.

 

Milhares de anos se passaram até que as primeiras estrelas surgissem e outros milhares até que elas começassem a fundir elementos mais pesados do que o hélio e explodissem para espalhá-los pelo cosmos. Muitas gerações de estrelas se sucederam até que houvesse o material necessário aos processos bioquímicos (se algum planeta se formasse antes disso, ele não seria capaz de abrigar a vida como a conhecemos).

 

As estrelas responsáveis pelos elementos presentes na Terra tiveram de explodir em supernovas para que finalmente pudéssemos estar aqui. Esse era o único momento possível para nós e, felizmente, nosso planeta prosperou — tanto que existem organismos em cada pedacinho de chão, em todos os rios e oceanos, no topo das montanhas e por todo o ar. 

Fonte: Space Daily

domingo, 31 de julho de 2022

O DESEMPREGADO QUE DEU CERTO (OITAVA PARTE)


Sobre o "Pacheco de terninho" (vide capítulo anterior), Augusto Nunes anotou em sua coluna que "a impostura não resistiu à transcrição, sem retoques, das respostas a um punhado de perguntas não combinadas". Segue uma versão condensada do texto:


"Publicada pela Folha em 20 de setembro de 2009, a entrevista concedida por Dilma ao jornalista Valdo Cruz desencadeou a implosão da farsa concebida para vender uma irremediável mediocridade com a embalagem de superministra onisciente. Dilma é outra reencarnação, em forma de mulher, de um grande personagem criado por Eça de Queiroz no livro A correspondência de Fradique Mendes. É um Pacheco de terninho.


Depois de afirmar em entrevista a Veja que 'Marco Aurélio Garcia é o Pacheco das relações internacionais', o historiador e youtuber Marco Antonio Villa fez uma concisa e claríssima descrição da figura: 


'Era um sujeito tido como brilhante. No primeiro ano de Coimbra, as pessoas achavam estranho um estudante andar pela universidade carregando grossos volumes. No segundo ano, ele começou a ficar mais calvo e se sentava na primeira carteira. Começaram a achar que ele era muito inteligente, porque fazia uma cara muito pensativa durante as aulas e, vez por outra, folheava os tais volumes. No quarto ano, Portugal todo já sabia que havia um grande talento em Coimbra. Virou deputado, ministro e primeiro-ministro. Quando morreu, a pátria toda chorou. Os jornalistas foram estudar sua biografia e viram que ele não tinha feito nada. Era uma fraude'.

 

Não deixou nenhum livro, discurso, anotações em agenda, nada que prestasse. Apenas um punhado de frases tolas, ocas ou óbvias e meia dúzia de platitudes, todas pronunciadas com voz grave, expressão severa e o tom solene de quem anuncia o 11º mandamento. E então ficou claro que Pacheco era de poucas palavras e muita pose não porque passava o tempo todo pensando, mas por falta do que dizer. Caprichava nos maneirismos por entender que não é preciso ser uma sumidade; basta parecer que é.

 

A farsa do colosso intelectual começou a tomar forma na aula de Direito Natural em que se ouviu pela primeira vez um enunciado do aluno caladão: "O século XIX é um século de progresso e de luz". Estreou no Parlamento com um aparte ao orador que discorria sobre a liberdade. "Ao lado da liberdade deve sempre existir a autoridade", ponderou. Alguns meses de silêncio depois, enquadrou um parlamentar da oposição que criticava a política educacional do governo que chefiava, resumida em outra lição famosa: "Um povo sem o curso dos liceus é um povo incompleto".

 

Injuriado com o que ouvia, Pacheco aparteou o orador para a réplica tremenda: "Ao ilustre deputado que me censura só tenho a dizer que enquanto, sobre questões de Instrução Pública, Sua Excelência, aí nessas bancadas, faz berreiro, eu, aqui nesta cadeira, faço luz!". Mais três ou quatro afirmações semelhantes e Pacheco foi dispensado de falar. Bastava a contemplação da testa, "uma superfície escanteada, larga e lustrosa", para imaginar o tamanho do cérebro que guardava.

 

Sem saber atirar, Dilma foi promovida a musa da luta armada. Sem ter feito nada de relevante, sem produzir nenhuma ideia original, sem consumar qualquer obra notável, virou secretária municipal exemplar, secretária estadual cinco estrelas, ministra brilhante e, desde o despejo de José Dirceu, a superchefe da Casa Civil que todo presidente Lula pediu a Deus. Transformada em candidata à presidência sem ter disputado sequer uma eleição de síndico, até que foi bem enquanto fez de conta que falava pouco porque agia muito. Falavam por ela os óculos de primeira da classe, a sisudez de professora de Física disposta a reprovar meio mundo, o jeitão de quem não tem paciência com incompetentes. Só abria a boca a serviço da pátria. 

 

Acusada de transformar a Casa Civil numa fábrica de dossiês malandros, por exemplo, revidou com uma frase que Pacheco teria subscrito: 'Isso é a espetacularização do nada!'. É ela!, deslumbrou-se a companheirada. É ela!, concordou a base alugada depois de ouvi-la resumir a fórmula mágica do programa federal de casas populares: 'Quem não puder pagar nada não pagará nada. Mas haverá um esforço para todo mundo contribuir, nem que seja simbolicamente, com a prestação'.

 

Convidada a confirmar a candidatura ao Planalto, saiu-se com esta: 'Hoje em dia o Brasil pode ter tudo. Já teve um presidente metalúrgico, pode ter um presidente negro, pode ter uma presidenta. A sociedade brasileira é madura o suficiente para saber que a sua multiplicidade pode ser representada de todas as formas'. Mas que crânio!, emocionou-se Lula, que já se cumprimentava pela vitória arrasadora quando veio a entrevista. E à discurseira sem nexo seguiram-se declarações indecifráveis, frases sem pé nem cabeça, afirmações interrompidas no meio. Um desastre."

 

Dilma esqueceu que era só um Pacheco de terninho e embarcou na fantasia. Num país sensato, a plateia do primeiro comício da candidata sumiria da praça no segundo minuto do discurso. Como falta juízo nas prateleiras tupiniquins, essa senhora virou presidente da República. 
Triste Brasil!
 
Continua...

sábado, 30 de julho de 2022

O DESEMPREGADO QUE DEU CERTO (SÉTIMA PARTE)

 

Um dia após a divulgação da carta em defesa da democracia, o número de signatários passou de 3 mil para 100 mil. No dia 29, já eram mais de 300 mil. Num primeiro momento, Bolsonaro tripudiou: "Não precisamos de 'cartinha' em favor da democracia". Mais adiante, porém, publicou sua própria carta: "Carta de manifesto em favor da democracia. Por meio desta, manifesto que sou a favor da democracia. Assinado: Jair Messias Bolsonaro, presidente da República Federativa do Brasil". Foram apenas 27 palavras, mas, segundo o historiador e youtuber Marco Antonio Villa, o vocabulário do presidente é limitado a 500 verbetesDito isso, passo à postagem do dia:


Em fevereiro de 1995, época áurea do Plano Real, Dilma Vana Rousseff abriu uma lojinha de bugigangas nos moldes das populares casas de $ 1,99. Batizado de Pão & Circo, o negócio em gestação cumpriu a liturgia comercial habitual. Ao registro do CNPJ na Junta Comercial seguiu-se o aluguel de um imóvel em Porto Alegre (RS) para instalar a matriz. A filial foi erguida 4 meses depois no centro comercial Olaria, também na capital gaúcha. 


O problema é que a "gerenta" que cuidou da contabilidade da empresa era a mesma que lidaria mais adiante com as finanças do país. A loja quebrou em apenas 17 meses; o Brasil continua resistindo, mas nada garante que sobreviva a mais 4 anos de bolsonarismo boçal ou à volta do lulopetismo corrupto (conforme o resultado das urnas em outubro próximo).

 

Tocar uma lojinha de quinquilharias baratas deveria ser algo trivial, principalmente para alguém que, 15 anos depois, Lula apresentaria aos eleitores como a "gerentona" capaz de manter o Brasil no rumo do desenvolvimento. Mas, ao administrar seu comércio, a mulher sapiens cometeu erros banais e em sequência. E qualquer semelhança com a barafunda administrativa do país e os equívocos cometidos na área econômica a partir de 2010, que levaram ao desequilíbrio completo das contas públicas e à irresponsabilidade fiscal, não foi mera coincidência. 

 

Para começar, a loja foi aberta sem que os donos soubessem ao certo o que seria comercializado ali. A empresa foi registrada para vender de tudo um pouco a preços módicos, entre bijuterias, confecções, eletrônicos, tapeçaria, livros, bebidas, tabaco e até flores naturais e artificiais, mas acabou apostando no comércio de brinquedos para crianças, em especial os "Cavaleiros do Zodíaco". Os artigos eram importados de um bazar localizado no Panamá, para onde a sumidade e uma de suas sócias — a ex-cunhada Sirlei Araújo — viajaram três vezes para comprar os produtos. No entanto, apesar do baixo preço das mercadorias, o negócio da Pão & Circo era impopular — tão impopular quanto a própria Dilma se tornaria ao longo de seu aziago governo. 

 

Ao abrir a vendinha, Dilma não levou em conta que o olho do dono engorda o porco. Ela só aparecia por lá eventualmente, preferindo dar ordens e terceirizar as tarefas do dia a dia — como fez mais adiante no governo, ao delegar a economia ao ministro Joaquim Levy e a política a Michel Temer. Na sociedade da Pão & Circo, era Carlos Araújo, ex-marido de Dilma, que a aconselhava sobre como turbinar as vendas. Mas ele era tão inepto quanto ela seria anos depois, por ocasião da negociata de Pasadena.

 

Durante as duas primeiras gestões petistas, Dilma foi presidenta do Conselho de Administração da Petrobras nos períodos em que respondeu pela pasta de Minas e Energia (2003-2005) e chefiou a Casa Civil (2005-2010). Nesse entretempo, a petrolífera tupiniquim pagou US$360 milhões por metade de uma refinaria que um ano antes havia sido comprada pela empresa belga ASTRA OIL por US$40,5 milhões, e uma decisão judicial a condenou a comprar a outra metade da sucata, o que resultou num prejuízo de US$ 1,18 bilhão


Como de costume, Lula e sua pupila negaram conhecimento da maracutaia. Dilma atribuiu o monumental prejuízo a "riscos subestimados e decisões equivocadas", afirmou que o negócio só foi aprovado porque "cláusulas fundamentais lhe eram desconhecidas" e botou a culpa em Nestor Cerveró — que, curiosamente, não foi punido, mas promovido a diretor financeiro da BR DistribuidoraMais adiante, Lindinho” — como Cerveró era chamado por seus comparsas devido à blefaroptose — declarou aos investigadores da Lava-Jato que a campanha de Lula à reeleição teria sido financiada com propina paga pelo contrato dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000, que custaram US$1,2 bilhão (valor equivalente ao da compra da igualmente inútil refinaria de Pasadena). 


Ao alegarem que foram ludibriados, Lula e Dilma reconheceram sua total inadequação aos cargos que ocupavam, e creditar nessa falácia demonstra uma indescritível ingenuidade. Mas num país onde Lula e Bolsonaro disputam pesquisa a pesquisa a preferência do esclarecidíssimo eleitorado, dizer o quê?


Mesmo assim, "o Pacheco de terninho" (detalhes no próximo capítulo) teve uma carreira meteórica: Sem saber atirar, virou modelo de guerrilheira; sem ter sido vereadora, virou secretária municipal; sem passar pela Assembleia Legislativa, virou secretária de Estado, sem estagiar no Congresso, virou ministra; sem ter inaugurado nada de relevante, fez posse de gerente de país; sem saber juntar sujeito e predicado, virou estrela de palanque; sem jamais ter tido um único voto na vida até 2010, virou presidente do Brasil. 
Quatro anos depois, mediante o maior estelionato eleitoral da história (que só seria superado em 2018 pelo "mito" dos bolsomínions), a calamidade em forma de gente renovou o mandato, mas acabou afastada do cargo em maio de 2016 e penabundada em agosto, depois de levar o país à insolvência, a inflação à casa dos 2 dígitos e o desemprego à das dezenas de milhão.


Vale relembrar o pronunciamento da petista em rede nacional, em janeiro de 2013, dando conta de que "a economia ia de vento em popa" e concitando os apedeutas a reelegê-la no ano seguinte:


Queridas brasileiras e queridos brasileiros,

Acabo de assinar o ato que coloca em vigor, a partir de amanhã, uma forte redução na conta de luz de todos os brasileiros. Além de estarmos antecipando a entrada em vigor das novas tarifas, estamos dando um índice de redução maior do que o previsto e já anunciado. A partir de agora, a conta de luz das famílias brasileiras vai ficar 18% mais barata. É a primeira vez que isso ocorre no Brasil, mas não é a primeira vez que o nosso governo toma medidas para baixar o custo, ampliar o investimento, aumentar o emprego e garantir mais crescimento para o país e bem-estar para os brasileiros. Temos baixado juros, reduzido impostos, facilitado o crédito e aberto, como nunca, as portas da casa própria para os pobres e para a classe média. Ao mesmo tempo, estamos ampliando o investimento na infraestrutura, na educação e na saúde e nos aproximando do dia em que a miséria estará superada no nosso Brasil.

No caso da energia elétrica, as perspectivas são as melhores possíveis. Com essa redução de tarifa, o Brasil, que já é uma potência energética, passa a viver uma situação ainda mais especial no setor elétrico. Somos agora um dos poucos países que está, ao mesmo tempo, baixando o custo da energia e aumentando sua produção elétrica. Explico com números: como acabei de dizer, a conta de luz, neste ano de 2013, vai baixar 18% para o consumidor doméstico e até 32% para a indústria, a agricultura, o comércio e serviços. Ao mesmo tempo, com a entrada em operação de novas usinas e linhas de transmissão, vamos aumentar em mais de 7% nossa produção de energia, e ela irá crescer ainda mais nos próximos anos. Esse movimento simultâneo nos deixa em situação privilegiada no mundo. Isso significa que o Brasil vai ter energia cada vez melhor e mais barata, significa que o Brasil tem e terá energia mais que suficiente para o presente e para o futuro, sem nenhum risco de racionamento ou de qualquer tipo de estrangulamento no curto, no médio ou no longo prazo. No ano passado, colocamos em operação 4 mil megawatts e 2.780 quilômetros de linhas de transmissão. Este ano, vamos colocar mais 8.500 megawatts de energia e 7.540 quilômetros de novas linhas. Temos uma grande quantidade de outras usinas e linhas de transmissão em construção ou projetadas. Elas vão nos permitir dobrar, em 15 anos, nossa capacidade instalada de energia elétrica, que hoje é de 121 mil megawatts. Ou seja, temos contratada toda a energia que o Brasil precisa para crescer, e bem, neste e nos próximos anos.

O Brasil vive uma situação segura na área de energia desde que corrigiu, em 2004, as grandes distorções que havia no setor elétrico e voltou a investir fortemente na geração e na transmissão de energia. Nosso sistema é hoje um dos mais seguros do mundo porque, entre outras coisas, temos fontes diversas de produção de energia, o que não ocorre, aliás, na maioria dos países. Temos usinas hidrelétricas, nucleares, térmicas e eólicas, e nosso parque térmico, que utiliza gás, diesel, carvão e biomassa foi concebido com a capacidade de compensar os períodos de nível baixo de água nos reservatórios das hidrelétricas. Praticamente todos os anos as térmicas são acionadas, com menor ou maior exigência, e garantem, com tranquilidade, o suprimento. Isso é usual, normal, seguro e correto. Não há maiores riscos ou inquietações.

Surpreende que, desde o mês passado, algumas pessoas, por precipitação, desinformação ou algum outro motivo, tenham feito previsões sem fundamento, quando os níveis dos reservatórios baixaram e as térmicas foram normalmente acionadas. Como era de se esperar, essas previsões fracassaram. O Brasil não deixou de produzir um único quilowatt que precisava, e agora, com a volta das chuvas, as térmicas voltarão a ser menos exigidas. Cometeram o mesmo erro de previsão os que diziam, primeiro, que o governo não conseguiria baixar a conta de luz. Depois, passaram a dizer que a redução iria tardar. Por último, que ela seria menor do que o índice que havíamos anunciado.


Hoje, além de garantir a redução, estamos ampliando seu alcance e antecipando sua vigência. Isso significa menos despesas para cada um de vocês e para toda a economia do país. Vamos reduzir os custos do setor produtivo, e isso significa mais investimento, mais produção e mais emprego. Todos, sem exceção, vão sair ganhando. Aproveito para esclarecer que os cidadãos atendidos pelas concessionárias que não aderiram ao nosso esforço terão, ainda assim, sua conta de luz reduzida, como todos os brasileiros. Espero que, em breve, até mesmo aqueles que foram contrários à redução da tarifa venham a concordar com o que eu estou dizendo.

Aliás, neste novo Brasil, aqueles que são sempre do contra estão ficando para trás, pois nosso país avança sem retrocessos, em meio a um mundo cheio de dificuldades. Hoje, podemos ver como erraram feio, no passado, os que não acreditavam que era possível crescer e distribuir renda. Os que pensavam ser impossível que dezenas de milhões de pessoas saíssem da miséria. Os que não acreditavam que o Brasil virasse um país de classe média. Estamos vendo como erraram os que diziam, meses atrás, que não iríamos conseguir baixar os juros nem o custo da energia, e que tentavam amedrontar nosso povo, entre outras coisas, com a queda do emprego e a perda do poder de compra do salário. Os juros caíram como nunca, o emprego aumentou, os brasileiros estão podendo e sabendo consumir e poupar. Não faltou comida na mesa, nem trabalho. E nos últimos dois anos, mais 19 milhões e 500 mil pessoas, brasileiros e brasileiras, saíram da extrema pobreza.

O Brasil está cada vez maior e imune a ser atingido por previsões alarmistas. Nos últimos anos, o time vencedor tem sido o dos que têm fé e apostam no Brasil. Por termos vencido o pessimismo e os pessimistas, estamos vivendo um dos melhores momentos da nossa história. E a maioria dos brasileiros sente e expressa esse sentimento. Vamos viver um tempo ainda melhor, quando todos os brasileiros, sem exceção, trabalharem para unir e construir. Jamais para desunir ou destruir. Porque somente construiremos um Brasil com a grandeza dos nossos sonhos quando colocarmos a nossa fé no Brasil acima dos nossos interesses políticos ou pessoais.

Muito obrigada e boa noite.


Pois é, deu no que deu.


Continua...