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quarta-feira, 12 de março de 2025

MISTÉRIOS DA MEIA-NOITE À LUZ DO DIA — CONTINUAÇÃO

NÃO HÁ PROVAS DA EXISTÊNCIA DE CÉU E INFERNO, APENAS UMA CERTEZA INSANA AGARRADA À ESTAPAFÚRDIA NECESSIDADE DE ACREDITAR QUE A VIDA FAZ SENTIDO.

Como vimos no capítulo anterior, considerar Adão e Eva ancestrais da humanidade está mais para exercício de estatística do que para evidência de "intervenção divina" na criação do mundo. A ideia é tão implausível quanto a de os antigos egípcios terem alinhado as pirâmides de Gizé com os pontos cardeais e a constelação de Orion usando prosaicos ábacos, o "olhômetro" e a sombra projetada por uma haste como a dos antigos relógios de sol.

Por alguma razão, os arqueólogos, egiptólogos e assemelhados parecem acreditar que 30 mil operários egípcios munidos de prosaicos cinzéis extraíram 2,5 milhões de blocos de até 80 toneladas, empurraram por centenas de quilômetros de deserto sobre troncos de madeira, alinharam perfeitamente com os pontos cardeais e a constelação de Orion e empilharam com a ajuda de guindastes rudimentares e rampas de madeira em espiral. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Pesquisas da AtlasIntel indicam que os brasileiros veem os políticos como funcionários públicos caros demais. Cerca de 40% dos entrevistados disseram que se deveria reduzir o número de ministérios para diminuir o custo da máquina pública. Juscelino Filho, das Comunicações, encabeça a lista da desaprovação (70%), seguido por Anielle Franco, da Igualdade Racial. Ele é suspeito de desviar emendas parlamentares para asfaltar ruas e estradas para favorecer sua família e, apesar das evidências, foi mantido por Lula na Esplanada; ela só conseguiu atrair notícias ruins: quando pediu que os esforços governamentais nas enchentes do Rio Grande do Sul priorizassem ciganos e quilombolas, e quando o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos, foi acusado de assédio sexual, por exemplo. 
Os pesquisados também são contra a ideia de aumentar o número dos congressistas, como quer o atual presidente da Câmara. E como vergonha pouca é bobagem, a Justiça do DF deu 15 dias para o TC-DF explicar a autogratificação (concedida aos próprios conselheiros e a procuradores da corte) concedida no final do ano passado, dois dias antes do recesso, numa sessão que durou 30 segundos — somados, os repasses chegam a R$ 5 milhões. O TC alegou que o pagamento é direito reconhecido de todos os membros das carreiras da Magistratura, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas, que seguiu as regras internas e que confia que a Justiça "seguirá as leis e a jurisprudência vigentes". 
Pelo menos 27.800 juízes, desembargadores, promotores e procuradores de Justiça ganharam mais do que os ministros do STF em 2024, cujos salários — que eram de R$ 44.008,52 por mês em janeiro de 2025, e passaram para R$ 46.366,19 em fevereiro — são considerados o teto do funcionalismo público no Brasil. Segundo levantamento realizado pelo Uol, nove em cada dez juízes receberam supersalários maiores do que os vencimentos de um ministro da suprema corte. 

Tampouco lhes causa espécie que antigos egípcios tivessem conhecimentos avançados de matemática e geometria, dominassem a escrita, dispusessem de um sistema decimal e de um calendário baseado na estrela Sirius — que só era avistada no inicio da enchente do rio Nilo, que não acontecia todos os anos e, quando acontecia, não começava sempre no mesmo dia — e a latitude da pirâmide de Quéops (299.792°N) ser numericamente igual à velocidade da luz (299.792.458 m/s), que só foi determinada em 1926. 

Observação: Se os antigos egípcios tivessem medido a velocidade da luz, o que se admite apenas para efeitos de argumentação, eles a teriam registrado como 571.033.253 côvados por segundo, já que o sistema métrico só foi criado em 1791 d.C.
 
Embuçado nos véus do mistério como as pirâmides, Stonehenge — monumento formado por círculos concêntricos de pedras com até 5 metros de altura e pesando até 50 toneladas — chama a atenção por sua conexão com fenômenos astronômicos importantes, como os solstícios de inverno e verão, e pelo desafio enfrentado por seus "construtores". Supõe-se que ele tenha sido erguido no condado britânico de Wiltshire entre a Era Neolítica e a Idade do Bronze, por povos mais atrasados que os celtas e seus contemporâneos mediterrâneos, mas dotados de um conhecimento prático de alavancas e equilíbrio dignos de Leonardo da Vinci

A exemplo das pirâmides, Stonehenge dá margem a teorias da conspiração envolvendo a ajuda de extraterrestres em sua construção. A precisão com que o monumento se alinha a eventos astronômicos e a dificuldade de erguê-lo com ferramentas rudimentares evidenciam o uso de uma tecnologia que não existia naquela época. Além disso, restos cremados encontrados em escavações arqueológicas sugerem que o local era usado na celebração de eventos relacionados à morte e ao renascimento, reforçando ainda mais o mistério do monumento. 

No solstício de verão, o nascimento do sol exatamente sobre o monólito conhecido como "Heel Stone" — alinhamento considerado um dos mais impressionantes do mundo — atrai milhares de pessoas, de druidas modernos a turistas curiosos, todos em busca da conexão com essa antiga celebração da natureza, cujo fascínio é tão atemporal quanto o próprio Stonehenge.
 
Não se sabe ao certo quantos megálitos havia no início, mas estima-se que metade deles desapareceu misteriosamente. Alguns foram removidos entre 1901 e 1964 devido a problemas de segurança, e as colunas verticais que estavam tortas foram endireitadas e fixadas em concreto. Mas o que aconteceu com os demais, quem os retirou e para onde os levou, são perguntas que desafiam os arqueólogos, como a origem do Universo desafia os astrofísicos. 
 
The answer, my friends, is blowing in the wind.

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

PROFECIAS, TRANSISTORES E OVNIS

CHAPÉU DE OTÁRIO É MARRETA.

Alcolumbre fez por Lula em menos de seis horas o que sonegou a Bolsonaro por mais de quatro meses. Dino mal havia sido indicado e sua sabatina já foi marcada (para 13 de dezembro), enquanto o pastor escolhido pelo capetão em julho de 2021 amargou uma espera de mais de quatro meses. Mas essa boa vontade não sairá barato para o Planalto. 
Alcolumbre quer o apoio de Lula para retornar à presidência do Senado e beliscar uma das 12 vice-presidências da CEF que o petista levou ao balcão do Centrão. Ele já tem apadrinhados em pelo menos oito órgãos públicos e participou da articulação que levou Juscelino Filho (Comunicações) e Waldez de Góes (Integração Regional) à Esplanada dos Ministérios. Mas quer mais. Depois de afagar o bolsonarismo aprovando em 42 segundos, na CCJ, a "emenda anti-supremo" que eletrificou a Praça dos Três Poderes, dedica-se agora mimar o governo. Ele estava "de mal" com Dino, mas já ventilou que seu parecer será favorável à indicação do ex-desafeto. Operando em sintonia com o colega, Pacheco assegurou que o nome do ministro será levado ao plenário no mesmo dia em que ele for sabatinado. Tanto Pacheco quanto Alcolumbre asseguram que, em que pesem os rancores bolsonaristas, o ministro de Lula será aprovado.

Milhares de anos separam a invenção da roda das grandes navegações, mas poucos séculos bastaram para as caravelas se transformarem em imensos transatlânticos movidos a energia nuclear, e menos de 100 anos para as geringonças dos irmãos Wright serem promovidas a jatos supersônicos. 
 
Leonardo da Vinci idealizou o helicóptero em 1493, quatro séculos antes de a primeira aeronave de asa móvel ser construída. Júlio Verne descreveu a viagem à Lua com 104 anos de antecedência, e errou por apenas 20 milhas o local exato do lançamento do Saturno V. Mas são vários e diversos os "vislumbres do futuro" não se tornaram realidade. 
 
Depois que a Apollo 11 alunissou — fato que muita gente ainda contesta, a exemplo da esfericidade da Terra e do aquecimento global —, imaginou-se que as viagens interplanetárias logo se tornariam corriqueiras, que navios e trens alcançariam velocidades estonteantes e que as grandes metrópoles seriam como as cidades do desenho animado "Os Jetsons", com edificações futuristas, esteiras rolantes, automóveis voadores e pessoas usando "cinturões foguetes". No entanto, a despeito de termos colocado robôs em Marte, continuamos enfrentando monstruosos congestionamento, mesmo que já existam carros capazes de estacionar sozinhos e interagir com o motorista para evitar acidentes. 
 
No campo da computação pessoal, próceres do quilate de Thomas J. Watson e Bill Gates cometeram erros crassos. Quarenta anos antes da IBM lançar o Personal Computer, dando o primeiro passo para transformar a computação pessoal num produto de consumo de massa, o presidente da empresa profetizou que um dia haveria mercado para talvez 5 computadores. Já o criador do Windows afirmou que 640 k de memória seriam suficientes para qualquer PC — atualmente, até smartphones de entrada de linha contam com pelo menos 4 GB de RAM. Mas Gordon Moore, co-fundador da Intel, acertou na mosca ao prever que o poder de processamento dos microchips dobraria a cada 18 meses. 
 
Depois que as válvulas termiônicas — grandes, quentes e vorazes consumidoras de energia elétrica — foram substituídas pelos transistores — menores, mais confiáveis e econômicos —, a miniaturização dos componentes eletrônicos deu azo ao surgimento dos computadores modernos e a evolução tecnológica descortinou uma vasta gama de possibilidades inovadoras. 
 
Oficialmente, o transistor foi criado em 1947 por William Shockley, John Bardeen e Walter Brattain (que foram laureados com o Nobel de Física em 1956), mas os teóricos da conspiração afirmam que esse pequeno componente foi desenvolvido mediante a aplicação de engenharia reversa numa tecnologia extraterrestre obtida de uma nave alienígena que caiu em Roswell, no estado americano do Novo México, em 1947 (mais detalhes nesta postagem). 
 
A tecnológica avançou a passos de gigante desde então, mas não há provas de que isso se deveu ao fato de os três cientistas estarem envolvidos em projetos secretos relacionados a OVNIs. É sabido que a criação do transistor decorreu de pesquisas sobre o efeito de campo, o diodo e o tubo de vácuo, mas também é público e notório que os avistamentos de objetos voadores não identificados aumentaram significativamente a partir dos anos 1950 — o que, combinado com o sigilo imposto pelo governo americano sobre supostos extraterrestres e suas supostas tecnologias, levou água ao moinho dos conspirólogos, segundo os quais os cientistas teriam aproveitado a queda de uma nave alienígena para estudar e reproduzir a tecnologia usada em sua construção. A meu ver, a verdade deve estar em algum lugar entre uma coisa e a outra.
 
Continua... 

terça-feira, 15 de agosto de 2023

TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO — PARTE 10


As virtudes de Teori Zavascki foram cantadas em verso e prosa por seus pares na Corte, políticos do alto escalão do governo, amigos e familiares. Mesmo fora desse círculo houve quem reagisse como se o finado fosse um amigo próximo — sinal do engajamento da população com questões relevantes da política; até não muito tempo atrás podia-se contar nos dedos quantos brasileiros eram capazes de citar de memória a composição do STF e o nome do Ministro da Justiça ou do Procurador Geral de República. Mas o simples fato de alguém morrer não faz desse alguém um santo nem anula seus eventuais malfeitos. 

Certa vez, um padre recém-ordenado foi designado para pastorar almas num vilarejo cujo nome me foge à memória. No dia seguinte à sua chegada, o velho e impopular prefeito esticou as canelas. Durante o serviço fúnebre, o sacerdote  convidou os presentes a exortar as virtudes do falecido. Como a resposta foi um silêncio constrangedor, ele insistiu:
 
— Então, irmãos? Ninguém se habilita?
 
Ninguém se habilitou.
 
— Como é, dona Maria — insistiu o batina, dirigindo-se diretamente à viúva.
 
Depois de alguma hesitação, a velha sentenciou:
 
— O pai dele era ainda pior.
 

Elogios merecidos à parte, causou estranhamento ninguém ter mencionado que Zavascki morreu a caminho da ilha do empresário Carlos Alberto Filgueiras — dono 
da Rede de Hotéis Emiliano e do malsinado Beechcraft C90GT em que eles viajavam. O simples fato de estar a bordo colocou o magistrado na mesma e incômoda posição de um Sérgio Cabral que voava nas asas de Cavendish, ou de um Lula aninhado nos ares com a OdebrechtTampouco foi lembrado que o ministro esteve presente no casamento do filho do advogado Eduardo Ferrão, em 2015, que reuniu boa parte da elite empresarial enrolada na Lava-Jato. Ou que foi dele o voto de desempate que absolveu Dirceu, Genoíno e Delúbio do crime de formação de quadrilha.
 
Observação: Vale destacar que o avião sinistrado era relativamente novo e estava em perfeitas condições de operação, que o piloto tinha experiência em pousos no campo de Paraty, inclusive sob condições meteorológicas adversas (chuva, ventos fortes, etc.), e que uma testemunha relatou que "o avião foi baixando cada vez mais e soltou um bolo de fumaça branca antes de bater a asa direita na água e capotar". 

Somando-se a isso o fato de que Zavascki estava na bica de homologar a "Delação do Fim do Mundo" — na qual 77 ex-executivos da Odebrecht denunciaram e detalharam "práticas pouco republicanas" de mais de 100 políticos de diversos partidos (alguns do mais alto escalão do governo federal, além de Lula e Dilma) — sobram indícios de que a queda do avião foi mais que uma simples fatalidade.
 
Observação: Talvez tudo tenha sido uma lamentável coincidência, mas o que são coincidências senão Deus agindo nos bastidores? (No caso em tela, por motivos óbvios, seria mais provável que o Diabo tivesse culpa no cartório). 

Fato é que a morte de Zavascki entrou para a lista de episódios em que autoridades brasileiras morreram em circunstâncias duvidosas — como o ex-presidente Juscelino Kubitschek (1961), o deputado Ulysses Guimarães (1992), o prefeito de Santo André Celso Daniel (2002) e o ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência Eduardo Campos (2014), entre tantos outros. 
 
Semanas antes do afastamento de Dilma, Zavascki foi hostilizado por manifestantes antipetistas por contestar uma decisão do então juiz Sergio Moro — na ocasião, o ministro decidiu que a investigação de escutas telefônicas que envolviam Dilma e Lula deveria ser enviada ao Supremo
Mais ou menos na mesma época, Francisco Zavascki, filho do togado, escreveu no Facebook

"É obvio que há movimentos dos mais variados tipos para frear a Lava-Jato. Penso que é até infantil imaginar que não há, isto é, que criminosos do pior tipo (conforme o MPF afirma) simplesmente resolveram se submeter à lei! Acredito que a lei e as instituições vão vencer. Porém, alerto: se algo acontecer com alguém da minha família, vocês já sabem onde procurar…! Fica o recado!".
 
O perfil reservado de Zavascki foi tema de conversa entre o então senador Romero Jucá e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. Na gravação, feita
 em março e divulgada em maio de 2016, os interlocutores sugeriam que somente uma mudança no governo federal — um "pacto nacional com o Supremo, com tudo" — poderia "estancar a sangria" produzida pela Lava-Jato. 

Machado disse que o ideal era buscar alguém que tem ligação com o Teori, "mas parece que não tem ninguém". E Jucá responde: "Não tem. É um cara fechado, foi ela [Dilma] que botou [no STF]".
 
Continua...

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO — PARTE 8

SOMOS UMA ESPÉCIE AVANÇADA DE MACACOS EM UM PLANETA MENOR DE UMA ESTRELA MEDIANA, MAS CONSEGUIMOS ENTENDER O UNIVERSO, E ISSO NOS TORNA ESPECIAIS. 

Entre consultas médicas para tratar da artrose e articulações para definir a dose de Centrão que vai impor à esquerda governamental, Lula acha que chega ao Natal livre da dor no quadril e da cruz da desconfiança econômica que lhe pesava sobre os ombros desde a campanha. Contra a dor, acertou com os médicos uma artroplastia de quadril; contra a cruz, recita indicadores, celebra a deflação, exulta com a queda no preço dos alimentos e a elevação da nota de crédito do Brasil pela agência Fitch.
Otimista, Lula se equipa para acionar todos os bumbos de sua orquestra. A despeito da queda de 0,5% na Selic, o petista fala sobre o presidente do BC num timbre ainda envenenado. Como consequência da recuperação das roldanas que dão mobilidade a seu quadril e da reversão dos maus presságios na economia, estima que entrará em 2024 no melhor dos mundos, com energia para eletrificar candidatos companheiros a prefeituras estratégias. Do modo como se expressa, Lula parece ansioso para disputar com Bolsonaro o posto de cabo eleitoral de luxo.

A história do Brasil registra mortes misteriosas que instigam o imaginário popular. O ex-presidente Juscelino Kubitschek morreu em agosto de 1976, vítima de um estranho acidente automobilístico (mais detalhes nesta postagem). Três meses depois, foi a vez de João Goulart, morto por infarto fulminante. Em maio do ano seguinte, uma infecção generalizada (da qual jamais se descobriu a origem) levou Carlos Lacerda. Tudo num período de apenas nove meses. 

Observação: Há quem diga que a morte de Tancredo foi causada por envenenamento, e não pela diverticulite que o fez ser internado às pressas horas antes da posse como presidente, marcada para 15 de março de 1985.
 
Conspiradores estariam a agindo secretamente com o intuito secreto de manter o poder e o controle sobre pessoas, empresas, associações, governos e mundos. Assuntos relacionados com política, religiões e até extraterrestres já serviram para alimentar inúmeras teorias da conspiração. Nos EUA, muita gente ainda não se convenceu com as explicações dadas pelo governo sobre os eventos de 11 de Setembro de 2001.
 
Mortes como as de Napoleão Bonaparte, Marilyn Monroe, John F. Kennedy, Elvis Presley, Lady Di, Bruce Lee, Saddam Hussein e Bin Laden são terreno fértil para teorias conspiratórias. Há até quem diga que Facebook, YouTube, Google e assemelhados fazem parte de um amplo projeto secreto de vigilância mundial financiado pelo governo dos EUA. Nem mesmo os desenhos animados e personagens infantis escapam: o doce e inocente Piu-Piu, cuja cabeça é semelhante à dos "homenzinhos verdes" com quem algumas pessoas afirmam ter topado por aí, seria uma criatura híbrida, incumbida de difundir mensagens subliminares de extraterrestres interessados em dominar a Terra.
 
Por outro lado, diversas teorias da conspiração foram comprovadas pela história. Um bom exemplo é o Projeto MKULTRA — programa de controle mental conduzido pela CIA nas décadas de 1950 e 1960, no qual a agência realmente realizou experimentos ilegais e antiéticos com drogas e técnicas de controle mental em seres humanos. Outro exemplo é a
 Operação Northwoods — plano proposto pela alta cúpula militar dos EUA para justificar a invasão de Cuba. 

Observação: A"ultraviolência" relatada no filme Laranja Mecânica, em que o personagem principal é exposto a alguns esquemas de torturas, pode não ser uma mera coincidência, já que Anthony Burgess, autor do livro, havia trabalhado para a inteligência britânica e, de acordo vários pesquisadores, testemunhado os experimentos do MK Ultra.

Durante anos, a teoria de que a CIA estava por trás do golpe de Estado no Irã em 1953 era considerada falaciosa, mas foi confirmado posteriormente que a agência desempenhou um papel ativo na derrubada de Mohammad Mossadegh. Em 1990, os EUA acompanhavam o conflito entre Iraque e Kuwait sem intervir, mas uma menina de 15 anos, identificada apenas como Nayirah, revelou que soldados iraquianos invadiam hospitais no Kuwait e arrancavam bebês das incubadoras só para vê-los morrer. 

Observação: Soube-se depois que Nayirah era filha do embaixador kuwaitiano dos EUA e que passou por um curso intensivo de atuação para comover a mídia internacional — na época, a imprensa não tinha acesso ao Kuwait, e aquele depoimento meio que ficou como a versão oficial dos fatos. Resumo da ópera: os EUA entraram na guerra.

Antes das revelações de Edward Snowden (2013), o programa de vigilância em massa do governo dos EUA era tratado como teoria da conspiração, mas os documentos vazados confirmaram a existência do PRISM, operado pela NSA, que coletava dados pessoais de cidadãos em todo o mundo.
 
Continua...

sexta-feira, 28 de julho de 2023

TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO... PARTE 4

 

No Brasil, a corrupção escandaliza duas vezes: quando os escândalos são descobertos e quando as provas são enterradas vivas. O cancelamento de provas recolhidas nos subterrâneos da Odebrecht e confessadas por seus executivos resultou na anulação de sentenças e no trancamento em série de processos judiciais. Mas o que fazer com a corrupção confessada? 

Levantamento feito pela Folha revela que existem no STF ao menos 60 pedidos de extensão da anulação das sentenças impostas a Lula a outros condenados. Antes de pendurar a toga, em abril, o ministro Lewandowski lotou o arquivo morto da corte, e Toffoli, herdeiro dos processos da Lava-Jato, completa o serviço. O rol de beneficiários, vasto e suprapartidário, inclui de Geraldo Alckmin a Beto Richa; de Paulo Preto a Paulo Skaf; de Lúcio Vieira Lima — irmão de Geddel — a Paulo Bernardo.
 
Em tese, os processos são anulados no pressuposto de que os encrencados serão submetidos a novos inquéritos e julgamentos. Na prática, os processos caem no sumidouro da prescrição, como se deu com Lula. O esfarelamento de sentenças e inquéritos escora-se no argumento de que a Lava-Jato subverteu o princípio do devido processo legal, mas ficam boiando na atmosfera do Supremo algumas perguntas incômodas: O que fazer com as malas de dinheiro? Como lidar com as contas bloqueadas na Suíça? E quanto ao roubo confessado e devolvido? A corrupção será devolvida aos corruptores? Os togados produziram um fenômeno inusitado: a corrupção sem corruptos.


Ainda durante a ditadura, o ex-presidente Juscelino Kubitschek e seu motorista tiveram morte instantânea quando o automóvel em que viajavam colidiu com uma carreta (detalhes no nesta postagem). As perícias e o relatório da Comissão Nacional da Verdade afastaram a hipótese de assassinato, mas a Comissão de Direitos Humanos da OAB e outras entidades que apuram crimes cometidos durante a ditadura alegaram que a CNV ignorou mais de 100 evidências e indícios (para gáudio dos teóricos da conspiração). 


As as mortes de João "Jango" Goulart, Tancredo Neves e Ulysses Guimarães (em 1976, 1985 e 1992, respectivamente) também continuam alimentando teorias conspiratórias. O vice de Jânio foi deposto pelo golpe de 1964 e morreu de atraque cardíaco na Argentina, em 1976. Logo surgiram suspeitas de que os remédios que ele tomava para o coração foram adulterados (numa operação conjunta da CIA e dos governos brasileiro e argentino), mas o inquérito acabou sendo arquivado por falta de provas.


Observação: Uma Comissão Externa da Câmara levantou suspeitas de que o político teria sido vítima da Operação Condor. Além disso, o Jornal Nacional levou ao ar uma matéria sobre a Operação Mosquito, que tinha por objetivo derrubar o avião para Jango de assumir a Presidência. Em março de 2013, seu corpo foi exumado, mas o laudo da autópsia realizada no cemitério de São Borja (RS) foi "inconclusivo".  

 

Eleito pelo voto indireto em 1995, Tancredo baixou ao hospital horas antes da cerimônia de posse e morreu (38 dias e 7 cirurgias depois) de "infecção generalizada". A causa mortis foi alterada tempos depois para "síndrome da resposta inflamatória sistêmica", mas há até hoje quem acredita que o político mineiro foi morto por militares contrários à entrega do poder. Esses rumores ganharam força depois que o general Newton Cruz disse em entrevista ao Roda Viva que o candidato derrotado Paulo Maluf o havia procurado três meses antes da votação para propor um golpe


Observação: Outras teorias sugerem que Tancredo teria sido baleado enquanto assistia a uma missa na Catedral de Brasília (faltou luz durante a cerimônia, e alguns presentes disseram ter ouvido um tiro) ou envenenado por militares apoiados pela CIA (por uma estranha coincidência, seu mordomo morreu dias depois, vítima de complicações gastrointestinais.

 

Eleito 11 vezes consecutivas deputado federal, Ulysses Guimarães enfrentou os militares no auge da ditadura, liderou a campanha pelas Diretas, presidiu os trabalhos eu resultaram na Constituição Cidadã e teve papel preponderante no impeachment de Fernando Collor. Em outubro de 1992, o helicóptero em que ele viajava de Angra dos Reis (RJ) para a capital paulista caiu no mar logo após a decolagem. Todos os ocupantes morreram, mas somente o corpo do Sr. Diretas não foi encontrado. Há quem acredite que, a exemplo de PC Farias, ele foi assassinado a mando de Collor, mas isso nunca foi comprovado. 

 

Eduardo Campos morreu no dia 13 de agosto de 2014, quando o avião em que ele viajava caiu num bairro residencial do município de Santos, no litoral paulista. Na ocasião, o ex-governador de Pernambuco era o terceiro colocado entre os postulantes à presidência nas eleições daquele ano, o que ensejou suspeitas de que  teria sofrido um atentado. 


De acordo como o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, queda se deveu a diversos fatores, entre os quais falha humana, condições inapropriadas para a operação no aeródromo e desorientação visual. As investigações foram concluídas, mas o caso permanece com algumas pontas soltasAntonio Campos, irmão do político, divulgou nas redes sociais a seguinte nota: 


"Num país em que líderes e autoridades morrem de forma misteriosa em acidentes aéreos e ainda impactado pela morte do ministro Teori, resolvi revelar esse fato novo e reafirmar que esse caso precisa ser aprofundado. Não descansarei enquanto não forem esclarecidos os fatos, independentemente de eventuais riscos que possam correr". 


Observação: Marina Silva, candidata a vice na chapa de Campos, disputou o pleito como titular e ficou em 3º lugar, com 22 milhões de votos (no segundo turno, Dilma derrotou Aécio por uma diferença de 8,3 milhões de votos e conquistou seu segundo mandato). 


Continua...

sexta-feira, 14 de julho de 2023

TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO



Segundo o ministro da Defesa, José Múcio, o fato de Mauro Cid comparecer fardado à CPMI dos Atos Golpistas não afrontou a Comissão. Mas gastar oito dos 15 minutos da manifestação inaugural jactando-se de sua formação militar e vinculando ao Exército os atos que praticou como esbirro de Bolsonaro foi um acinte, a exemplo de sua recusa a responder qualquer pergunta, inclusive sobre a própria idade (!?). Ao instruírem-no a se apresentar de farda, seus superiores transformam um drama criminal num processo de desmoralização das FFAA; ao transformarem a inquirição num show de horrores intercalado por exibições de despreparo, os parlamentares produziram material para a convocação de uma outra CPI para investigar a inutilidade de certas CPIs


Ao informar que ficaria em silêncio para não se autoincriminar, o não-depoente reconheceu estar encrencado em oito inquéritos (por participação nas manifestações golpistas de 8 de janeiro, nos atos antidemocráticos de 2019, no caso das joias sauditas e na fraude nos cartões de vacinação, e por cumplicidade com as milícias digitais bolsonaristas na propagação de fake news, pagamento em dinheiro vivo de despesas da ex-primeira-dama e vazamento de inquérito sigiloso). Nenhuma dessas atividades está inserida no rol que o Exército chamou de "temas referentes à função" para a qual ele fora designado. 


Se estivesse em trajes civis, Cid teria desonrado apenas a si próprio; fardado, empurrou as Forças Armadas para dentro de inquéritos que enferrujam a reputação de um oficial cuja carreira estava fadada a atingir o generalato e cujo silêncio transformou o nada numa palavra que ultrapassa tudo. CPMI, por sua vez, deixou claro que seu funcionamento dificilmente resultará em algo útil. Planejada pela oposição e controlada pelo governo, a comissão transformou-se numa versão coletiva da velha prática de jogar dinheiro público pela janela. Se pudesse, o contribuinte acionaria o Procon. Como a inutilidade legislativa não se encaixa no ramo do Direito do Consumidor, resta torcer para que os parlamentares desenvolvam por conta própria o senso do ridículo.


***


A morte de políticos em circunstâncias trágicas é terreno fértil para teorias da conspiração. A viagem sem volta de Adriano da Nóbrega, Gustavo Bebianno, PC Farias, Luís Eduardo Magalhães, Eduardo CamposUlysses Guimarães, Celso Daniel, Toninho do PT e Juscelino Kubitschek (entre outros) para a terra dos pés juntos levantou suspeitas pelas mais diversas razões (um sabia demais, outro pretendia denunciar esquemas de corrupção, outro foi vítima de vingança, e por aí segue a procissão). 

 

A versão segundo a qual PC Farias foi morto pela namorada, que se suicidou em seguida, não convence nem a Velhinha de Taubaté, embora tenha bastado para o STF a determinar o arquivamento do inquérito que investigava o deputado Augusto Farias (mais detalhes nas postagens finais da sequência Collor lá...). Claro que teorias conspiratórias não envolvem somente políticos, e que algumas são tão bizarras que chegam a ser risíveis. Para muitos lunáticos, a alunissagem da Apollo 11 foi encenada num deserto dos EUA, seres evoluídos habitam as profundezas da Terra, Keanu Reeves é imortal, a longevidade da rainha Elizabeth II devia-se à ingestão regular de carne humana, Bolsonaro foi um grande presidente e Lula é a alma viva mais honesta do Brasil.

 

Durante sua campanha, Juscelino Kubitschek prometeu 50 anos de progresso em 5 anos de governo. Eleito presidente, construiu Brasília, abriu a economia para o capital internacional e criou um sem-número de empregos (diretos e indiretos). Como nada é perfeito, rios de dinheiro canalizados para erguer do nada uma cidade no meio do nada inflou barbaramente a dívida externa. Além disso, as novas oportunidades de emprego ensejaram um êxodo rural desordenado, e a migração de trabalhadores do campo para as cidades prejudicou a produção agrícola e fomentou o aumento da pobreza, da miséria e da criminalidade. Em meados dos anos 1970, JK soube pela imprensa que ele teria morrido quando ia de sua fazenda em Luziânia (GO) para Brasília. Ele disse a seu secretário: "Estão querendo me matar, mas ainda não conseguiram". Mas não há nada como o tempo para passar: duas semanas depois, ele morreu quando o Chevrolet Opala em que viajava colidiu com uma carreta.

 

Teorias conspiratórias sustentam que o motorista do ex-presidente levou um tiro na cabeça — tese corroborada pelo condutor da carreta, que disse tê-lo visto "debruçado entre o volante e a porta do automóvel". Mas as marcas dos pneus no asfalto indicam que houve uma tentativa de recuperar o controle do veículo antes da colisão — o que não poderia ter feito por alguém que estivesse morto ou inconsciente. Já o motorista do ônibus que contribuiu para o acidente ao "esbarrar" no carro relatou que dois homens lhe ofereceram dinheiro para assumir a culpa. Um passageiro afirmou que o motorista perdeu o controle di carro porque bateu na mureta, mas a perícia encontrou vestígios da tinta do Opala na lateral do ônibus e vice-versa (os passageiros não perceberam a "leve colisão" por estarem num veículo de 12 toneladas). 

 

Segundo outra teoria, um explosivo foi colocado no carro durante uma parada no hotel-fazenda do brigadeiro Newton Junqueira Villa-Forte — que era ligado ao SNI, e uma terceira sustenta que os freios do Opala foram sabotados. Mas a perícia não encontrou resíduos de explosivo na carcaça do carro nem problemas com o sistema de freios. O perito criminal Alberto Carlos de Minas disse que viu um buraco de bala no crânio do motorista de JK, mas os policiais o impediram de fotografar. 

 

Sem acreditar que a morte de Juscelino foi acidental, Serafim Jardim, seu secretário e autor do livro Juscelino Kubitschek — Onde está a verdade? pediu a exumação do corpo do motorista em 1996. De acordo com o médico-legista Márcio Alberto Cardoso, que acompanhou a exumação, não havia perfurações ou fratura no crânio, apenas o fragmento de um prego daqueles usados para fixar a estrutura de pano nos caixões".

 

A versão de que JK foi vítima de conspiração voltou a ser derrubada em 2001. Convidados para auxiliar nos trabalhos da comissão criada para elucidar os fatos, os peritos criminais Ventura Raphael Martello Filho e João Bosco de Oliveira concluíram que tudo não passou de um acidente. "Com 40 anos de experiência, não consegui descobrir, por meio de laudos, fotos, recursos técnicos e análise do local, que houve ali outra coisa a não ser um acidente de trânsito. O parecer técnico foi feito. Há uma série de impropriedades e argumentos infantis", disse Martello.

 

Mais de trezentas mil pessoas assistiram ao funeral de JK em Brasília, E entoaram a música que se tornou símbolo do ex-presidente: Peixe Vivo. Mas o
 caso continua imerso em brumas, ainda que o fato de o político mineiro ser malvisto pela cúpula do Exército não significa que sua morte tenha resultado de uma conspiração dos militares. 

Continua...

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

AS TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO E OS HOMENS DE PRETO

POLÍTICOS FABRICAM O MAL ASSIM COMO PRODUZEM, MUCO, FEZES E OUTRAS SECREÇÕES.

Batizados de "fake news" em 2017, os boatos digitais se multiplicaram com a popularização das redes sociais e propiciaram o surgimento das famosas "lendas urbanas também chamadas de "teorias da conspiração" —, que são versões alternativas (verdadeiras ou não) de fatos mal explicados e tendem a surgir mais frequentemente em períodos de ansiedade generalizada, incerteza ou sofrimento. 

Conspirações envolvendo complôs que visam negar a existência dos OVNIs, dos Illuminati e dos reptilianos, por exemplo, são tão comuns quanto a crença de que a alunissagem da Apollo 11 foi uma farsa e os discos de grandes estrelas da música, quando tocados ao contrário, contêm mensagens subliminares diabólicas. 

A política tupiniquim se tornou um terreno fértil para teorias conspiratórias. Entre as mais conhecidas estão o suposto assassinato de Getúlio Vargas (1954), as mortes de PC Farias (1996), Toninho do PT (2001), Celso Daniel (2002) e Marielle Franco (2018), os acidentes mal explicados em que morreram Juscelino Kubitschek (1976), Ulysses Guimarães (1992), Eduardo Campos (2014), Teori Zavascki (2017) e as "queimas de arquivo" que exterminaram Gustavo Bebianno (2020) e Adriano da Nóbrega (2020).
 
Fontes que não existem, imagens distorcidas, vídeos editados, nomes falsos, enfim, nada disso interessa aos teóricos da conspiração. A capacidade de sobrevivência de suas teorias é auxiliada pela desconfiança em fontes oficiais — como os governos e a imprensa tradicional —, e as diferenças de pontos de vista, de um ou de outro lado, passam a ser consideradas com profunda suspeita. Na contemporaneidade, somam-se a isso a disseminação de notícias falsas e uma tendência a tirar conclusões precipitadas sem checar informações.
 
Encarar um evento acidental como planejado leva as pessoas a manter um senso de controle sobre uma realidade confusa e imprevisível. Se houver alguém para culpar, será possível restaurar algum tipo de equilíbrio ao universo, punir os culpados pela má-conduta
 e impedi-los de nos prejudicar novamente. Essa ilusão de controle aumenta o otimismo no futuro e ajuda a enfrentar novas situações sem perder o equilíbrio emocional.
 
Quanto aos Homens de Preto... Bem, a lenda urbana que inspirou os filmes começou em 1957, quando o escritor Gray Barker publicou o livro They Knew Too Much About Flying Saucers, sobre o suposto caso real de um civil perturbado por homens vestidos de preto após avistar um disco voador. Considerando que este preâmbulo ficou mais longo do que eu pretendia, a continuação vai ficar para o próximo capítulo.