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quarta-feira, 8 de outubro de 2025

A MICROSOFT PELA JANELA DO WINDOWS

VOCÊ NUNCA CHEGARÁ A SEU DESTINO SE PARAR PARA ATIRAR PEDRAS EM CADA CÃO QUE LATE.

Tudo que sobe tem que descer, mas a Microsoft parece fugir à regra, com um valor de mercado na caso dos US$ 4 trilhões e uma valorização de 20% no primeiro semestre deste ano — enquanto Amazon e Tesla recuaram 1,2% e 16,2% respectivamente.

Em 1975, logo após o primeiro microcomputador comercial da história estampar a capa da Popular Electronics, Paul Allen escreveu um interpretador BASIC que Bill Gates ofereceu à desenvolvedora da geringonça, que o distribuiu como Altair BASIC. Meses depois, os dois amigos fundaram a Microsoft — cuja trajetória muitos confundem com a do Windows, embora não seja bem assim.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Um mês depois da exibição de um bandeirão americano de 36 metros num ato na Avenida Paulista, em pleno Dia da Pátria, descobre-se em meio à crise terminal que "significado" perdeu o significado.

Difícil enxergar lógica na caminhada brasiliense convocada por Silas Malafaia a pretexto de que o bolsonarismo não pode "deixar a esquerda com a última palavra" em matéria de meio-fio, e nula a hipótese de os aliados de Bolsonaro extraírem do asfalto brasiliense, no meio da tarde de um dia útil, um ronco mais alto do que aquele que soou nas manifestações contra o combo blindagem-anistia. De resto, a hipótese de o Congresso conceder ao ex-presidente golpista uma anistia ampla está situada abaixo da estaca zero.

Portanto, além da crise semântica, a extrema-direita bolsonarista vive uma crise existencial: é como se o chefe da organização criminosa do golpe e seus devotos só enxergassem uma maneira de sair do buraco em que se meteram: cavando um buraco ainda maior.

 

Quando lançou o IBM-PC para competir com o Apple II, em 1980, a IBM não tinha um sistema operacional para controlar o aparelho. Pensando que a Microsoft fosse dona do CP/M, a empresa procurou Bill Gates, que desfez o engano e mediou uma reunião com, Gary Kildall, desenvolvedor do software. Mas Kildall saiu para voar em seu avião e deixou as negociações a cargo da esposa, que teria pedido um aumento nos royalties com o qual os executivos não concordaram. Assim, a Big Blue voltou a Gates, que dessa vez não se fez de rogado.

 

Em vez de desenvolver o sistema do zero, a Microsoft comprou por US$ 50 mil a licença do QDOS, desenvolvido por Tim Paterson, adaptou o software ao IBM-PC e ofereceu-o à IBM como MS-DOS. O pulo do gato foi não incluir no contrato o acesso ao código-fonte nem uma cláusula de exclusividade, ladrilhando o caminho que a levou a líder do mercado de PCs compatíveis e colocou Gates e Allen na lista dos bilionários da Forbes.

 

O Windows "nasceu" em 1985 como uma interface gráfica que rodava no MS-DOS e foi chamado inicialmente de Interface Manager — como a palavra "windows" significa "janelas", foi trabalhoso e demorado registrá-la como nome de um produto —, mas só se tronou um sistema operacional semiautônomo em 1995, já que o DOS continuou operando nos bastidores até 2001, quando a versão XP cortou o cordão umbilical.


O Windows 98/SE reinou sobranceiro até ser destronado pelo XP. A exemplo do Windows ME — lançado em setembro de 2000 para aproveitar o apelo mercadológico da virada do milênio — o Vista (2007), o 8 (2012) e o 8.1 (2013) foram fiascos de crítica e de público. O Seven (2009) repetiu o sucesso do XP. O Windows 10 — lançado em 2015 como "serviço" — foi incumbido de atingir 1 bilhão de instalações e em três anos. No entanto, a despeito do upgrade gratuito para usuários de cópias legítimas do Windows 7 SP1 e 8.1, só cumpriu a meta em 2020. 

 

Quando lançou o Windows 10 como parte da ideia "Windows as a Service" — segundo a qual o software evoluiria com atualizações contínuas, sem precisar de novos nomes ou versões numeradas — a Microsoft deu a entender que ele seria a "versão definitiva" do sistema. Mas não há nada como o tempo para passar: além de lançar o Windows 11 em 2021— com exigências de hardware que frustraram milhões de usuários —, a empresa avisou que o suporte ao Windows 10 seria descontinuado em outubro de 2025 (clique aqui para saber como continuar usando essa versão com segurança). 

 

Observação: O Windows 12 está no forno, mas a próxima atualização relevante será o Windows 11 25H2, previsto para setembro ou outubro, que será distribuído via "enablement package" — pacote de ativação de cerca de 1 MB que instala em poucos minutos.     

 

Apesar de Bill Gates ser a face mais conhecida da Microsoft, muitos dos erros estratégicos da empresa ocorreram sob Steve Ballmer, que assumiu a presidência em 2000 e foi sucedido por Satya Nadella em 2014. Ballmer comandou a criação do Xbox e aquisições importantes (Skype, LinkedIn, GitHub e Activision Blizzard), mas também foi responsável pelo fiasco do Windows Vista e por subestimar os smartphones — erro que custou à Microsoft a chance de competir com o Apple iPhone (detalhes nesta postagem).

 

Nadella, por sua vez, apostou na nuvem (Azure) e na mudança para o modelo SaaS, que substituiu as tradicionais licenças permanentes por uma base de usuários de software como serviço. Mas a parceria com a OpenAI, criadora do ChatGPT, à qual a Microsoft já destinou mais de US$ 13 bilhões até 2024, foi um marco para ambas as empresas.

 

Hoje, 50 anos após sua fundação, a Microsoft continua liderando o mercado de sistemas operacionais (com participação estimada em 69%), mas enfrenta o desafio de monetizar a IA, altos gastos com infraestrutura, e forte concorrência da Google e da Amazon nos serviços de nuvem. Ainda assim, 2025 lhe tem sido generoso: no primeiro trimestre, a receita bateu US$ 70 bilhões — alta de 16% em relação a 2024 —, com lucro líquido de US$ 24,7 bilhões. 

 

Resumo da ópera: Enquanto a Apple enfrenta riscos regulatórios e uma cadeia de produção vulnerável (concentrada na China), a Gigante de Redmond demonstra notável resiliência, trajetória sólida e expectativas alvissareiras para os próximos 50 anos. 


Quem viver verá.

terça-feira, 7 de outubro de 2025

DE VOLTA À (IN)SEGURANÇA DIGITAL (CONTINUAÇÃO)

A INTERNET É UMA SOLIDÃO DIVIDIDA E UMA FANTASIA COMPARTILHADA. 

No universo digital, a ameaça pode estar a um clique de distância: basta abrir um anexo de email, clicar num link aparentemente inofensivo ou conectar um pendrive de origem duvidosa para expor dados e privacidade a riscos consideráveis. 

 

Os malwares se tornaram ameaças furtivas, autônomas, e são largamente usados na espionagem digital. Pragas como worms e trojans exploram brechas nos sistemas e se disseminam sem uma intervenção direta do usuário, enquanto spywares e keyloggers capturam sub-repticiamente tudo o que as vítimas digitam, acessam, visualizam...


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Talvez por ter herdado do pai o gene da imprestabilidade, talvez por pura falta de coerência, Eduardo Bolsonaro continua tão insensato quanto há sete meses, quando se homiziou na cueca do também imprestável Donald Trump, nos Estados Unidos. 

Com as sanções que cavou contra o Brasil, Bobi Filho aprofundou a cova em que caíram Bibo Pai e seus aliados, e agora se dedica a jogar terra em cima da direita. 

Sempre que um dos seus caprichos é contrariado, os membros do Clã Bolsonaro anteveem um apagão da democracia. Na última quinta-feira, o filho do pai postou nas redes: "sem anistia, não haverá eleições em 2026”, soando como o progenitor em 2021: "se não tiver voto impresso, não terá eleição." 

Num vídeo, o ex-fritador de hambúrgueres da rede de fast food Popeyesque só serve frango — exigiu "liberdade para Bolsonaro" e perguntou "Cadê a tal união da direita?" Seu irmão Carlos, tido e havido como o “pitbull do clã”, também foi às redes para esculachar os presidenciáveis Tarcísio, Zema e Caiado, que prometeram perdoar o ex-presidente golpista: "Chega desse papo de 'eu darei indulto se for eleito' para enganar inocentes."

A soberba subiu à cabeça da “famiglia Bolsonaro” pelo elevador. Os oligarcas do Centrão gostariam de atirar a maluquice dos filhos do pai pela janela, mas, para não aborrecer o refugo da escória da humanidade, tentam fazer a insanidade descer pela escada, degrau a degrau. 

A anistia já ficou para trás. O projeto de redução das penas pode rolar escada abaixo. Em sentido inverso, sobe a escadaria a agenda eleitoral de Lula. 

Enfim, nada é perfeito.

 

Com o crescimento do e-commerce e das transações financeiras online, o roubo de credenciais bancárias tornou-se um dos crimes digitais mais lucrativos. Golpes de phishing usam emails ou mensagens falsas que reproduzem com perfeição o visual de sites bancários, empresas de tecnologia ou órgãos governamentais, bem como se valem de engenharia social para induzir as vítimas a clicarem num link malicioso e entregarem de bandeja dados sigilosos, como senhas e números de cartão de crédito.

 

Outra ameaça crescente, o ransomware sequestra os dados das vítimas por meio de criptografia e exige pagamento — geralmente em criptomoedas — para restaurar o acesso. Hospitais, universidades, empresas de todos os portes e até órgãos públicos já foram alvos desse tipo de ataque, frequentemente orquestrado por quadrilhas internacionais.

 

Com a popularização dos smartphones, as ameaças migraram do desktop e do notebook para o bolso do usuário. Aplicativos maliciosos disfarçados de jogos, utilitários ou ferramentas de personalização podem ser baixados mesmo em lojas oficiais e, uma vez instalados, obtém acesso microfone e câmera, contatos, mensagens e localização em tempo real, tudo sem o conhecimento dos usuários.

 

Mais sutil e alarmante é a vigilância invisível promovida por grandes corporações e governos. Ferramentas como o Pegasus — spyware de uso governamental capaz de acessar remotamente qualquer conteúdo de um celular, incluindo câmeras e microfones — exemplificam o grau de intrusão possível atualmente. Se por um lado esses recursos são vendidos como indispensáveis ao combate ao terrorismo, por outro podem ser usados — como de fato são — para vigiar jornalistas, opositores políticos e ativistas.

 

Muitos usuários ainda tem uma visão limitada do que realmente acontece por trás da tela. Acreditam que não têm "nada a esconder" e, portanto, não precisam se preocupar. Mas privacidade não é sobre esconder, mas sim sobre o que — e com quem — compartilhar. Em mãos erradas, até os dados mais triviais podem ser usados para manipulação, extorsão ou discriminação.

 

Observação: A coleta indiscriminada de dados por empresas de tecnologia alimenta algoritmos que moldam o comportamento do usuário, limitam sua exposição a pontos de vista diferentes e amplificam preconceitos já existentes. O escândalo da Cambridge Analytica, que usou dados do Facebook para manipular eleições, mostrou ao mundo como a engenharia do comportamento pode ser usada para fins políticos, eleitorais e comerciais.

 

Em suma, a insegurança digital não é uma abstração nem um problema restrito a especialistas em TI. Ela nos afeta a todos, na medida em que vivemos cada vez mais conectados e, muitas vezes, desprevenidos. Saber disso é o primeiro passo. O segundo é adotar práticas mais conscientes, como veremos no próximo capítulo.

 

Continua...

segunda-feira, 19 de maio de 2025

O PAÍS DA CORRUPÇÃO — 6ª PARTE

RELEMBRAR O PASSADO É VIVER DUAS VEZES

 

Lula disputou a presidência três vezes até finalmente se eleger. Em 1989, perdeu para Collor no segundo turno, e em 1994 e 1998, para FHC, que foi o único mandatário eleito e reeleito no primeiro turno desde a redemocratização.

 

Em 2006, a despeito do escândalo do mensalão, o petista renovou seu mandato. Em 2010, jactando-se de ser capaz de "eleger até um poste", escalou Dilma Rousseff para manter aquecida a poltrona que pretendia voltar a disputar em 2014. 


Até então, mesmo tendo sido ministra de Minas e Energia e ministra-chefe da Casa Civil nos (des)governos de seu criador, o "poste" de Lula não passava de uma ilustre desconhecida. Como bem sintetizou Augusto Nunes, crítico ferrenho das (indi)gestões petistas: 

 

"Sem saber atirar, Dilma virou modelo de guerrilheira; sem ter sido vereadora, virou secretária municipal; sem passar pela Assembleia Legislativa, virou secretária de Estado, sem estagiar no Congresso, virou ministra; sem ter inaugurado nada de relevante, fez posse de gerente de país; sem saber juntar sujeito e predicado, virou estrela de palanque; sem jamais ter tido um único voto na vida até 2010, virou presidente do Brasil e renovou o mandato quatro anos depois, mediante o maior estelionato eleitoral da história" (lembrando que Bolsonaro veio depois).

 

Com a "mulher sapiens" na presidência de seu Conselho de Administração, a Petrobras pagou US$ 360 milhões por metade de uma refinaria que companhia belga ASTRA OIL havia comprado um ano antes por US$ 40,5 milhões. Mais adiante, uma decisão judicial obrigou a estatal a adquirir a outra metade da sucata, aumentando o prejuízo para US$ 1,18 bilhão. 


Dilma disse que o negócio só foi aprovado porque "cláusulas fundamentais" lhe eram desconhecidas, e culpou Nestor Cerveró, que não só não foi punido como foi promovido a diretor financeiro da BR Distribuidora. Em delação premiada, ele revelou que a campanha de Lula à reeleição havia sido financiada com propina paga pelo contrato dos navios-sonda Petrobras 10.000 Vitória 10.000, que custaram cerca US$ 1,2 bilhão (valor equivalente ao da compra da igualmente inútil refinaria de Pasadena).

 

Dilma fez o diabo para se reeleger — e conseguiu, mas foi impichada em 2016. A promoção de Temer (um caso curioso de vampiro que tem medo de assombração) pareceu uma lufada de vento numa catacumba, mas sua "ponte para o futuro" se revelou uma patética pinguela, e seu ministério de notáveis, uma notável confraria de corruptos. 


Em maio de 2017, o vazamento de uma conversa de alcova com o dono da Friboi quase derrubou o governo, mas Temer foi demovido da ideia de renunciar por sua tropa de choque, que o escudou das "flechadas de Janot". Refém das marafonas da Câmara, o nosferatu concluiu seu mandato-tampão como "pato manco" e transferiu a faixa a Bolsonaro, o mau militar e parlamentar medíocre que sempre teve aversão à democracia e tendência ao golpismo. E deu no que deu.   

 

Resumo da ópera: 

 

Collor foi impichado em 1992 e Dilma, em 2016. O "caçador de marajás" de fancaria renunciou horas antes do julgamento, mas ficou inelegível por 8 anos. Dilma foi condenada e deposta, mas uma vergonhosa tramoia urdida por Renan Calheiros e Ricardo Lewandowski (então presidentes do Senado e do Supremo) evitou que ela fosse inabilitada politicamente. Em 2018, a "mulher sapiens" disputou uma vaga no Senado por Minas gerais, mas terminou em quarto lugar.


Lula foi preso em abril de 2018, solto em novembro de 2019, descondenado e reabilitado politicamente por togas camaradas, visando evitar mais quatro anos sob o pior mandatário desde Tomé de Souza. A despeito de vir amargando os piores índices de popularidade de sua trajetória politica, o macróbio petista se recusa a largar o osso. Dilma, que mal consegue juntar sujeito e predicado numa frase que faça sentido, foi agraciada com presidência do Brics (salário de R$ 2,13 milhões por ano).


Durante a campanha de 2018, Bolsonaro prometeu pegar em lanças contra a corrupção petista. Eleito, facilitou a vida de corruptos — começando pelo filho, que lavava dinheiro em loja de chocolate. Em 2022, tentou vender aos comandantes das FFAA um golpe de Estado travestido de medida constitucional. Deu com os burros n'água e devolveu o Brasil ao PT. Inelegível até 2030 e na bica de ser condenado por tentativa de golpe, insiste que disputará novamente a Presidência em 2026. 


Como desgraça pouca é bobagem, a polarização política segue firme e forte. Mesmo que o Sun Tzu de Atibaia e o refugo da escória da humanidade despertem de seus devaneios, é provável que o esclarecidíssimo eleitorado tupiniquim despache para o segundo turno um par de sacripantas indicados por seus bandidos de estimação. 


Como um país assim pode dar certo?      

quinta-feira, 6 de junho de 2024

CONSCIÊNCIA E VIDA APÓS A MORTE (PARTE VIII)

NUNCA INTERROMPA SEU INIMIGO QUANDO ELE ESTIVER COMETENDO UM ERRO.

A vida após a morte intriga a humanidade desde priscas eras. Os antigos egípcios acreditavam na jornada do Ka (espírito) para um reino onde os mortos passam a eternidade. Na Grécia, Platão propôs uma metempsicose (transmigração das almas) que sugeria um ciclo contínuo de renascimentos e uma existência além da física. Entre os hinduístas, o conceito de Sansara prega que a vida após a morte é longo caminho até Moksha, onde a alma alcança a purificação e se liberta do ciclo de renascimentos.
 
Relatos envolvendo a permanência do "eu" durante EQMs vêm sendo colecionados e estudados há mais de 150 anos. Além da sensação de "flutuar" fora do corpo, de encontros com parentes mortos ou entidades espirituais e do avistamento de jardins ou túneis com ou sem luz no final, algumas pessoas "ressuscitadas" detalham não só os procedimentos que as trouxeram de volta como as conversas que os médicos tiveram durante a reanimação. 
 
Criado para diferenciar EQMs de simples alucinações ou ilusões e 
ajudar a compreender melhor um fenômeno relatado de maneiras diversas por diferentes culturas, religiões e linhas de pensamento o psiquiatra Alexander Moreira-Almeida, coautor do livro "Ciência da Vida Após a Morte", criou o Modelo de Validação Espiritual, que é baseado em critérios como inefabilidade (incapacidade de descrever completamente a experiência em palavras), novidade (característica incomum à experiência sensorial normal) e transformação (impacto profundo na visão de mundo e valores do indivíduo). 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA.

Culpar o espelho pela imagem que ele reflete ou balança pelo peso que ela indica é o mesmo atirar no portador de más notícias. As coisas são como são, gostemos nós ou não, e Lula não está gostando dos resultados das pesquisas. A questão é que popularidade é como confiança: demora-se a conquistar, mas perde-se da noite para o dia. Mesmo sem novas declarações polêmicas, o percentual de entrevistados que consideram o governo e o governante ruins e inoperantes aumenta a cada levantamento, e muitos associam o xamã do PT à corrupção — marca indelével da qual nem mesmo a ajuda do STF conseguiu livrar a "alma viva mais honesta do Brasil". Para  reverter esse cenário, Lula precisa de boas notícias, mas sem criatividade, olhando para o passado e carente de ideias decentes, só lhe resta rezar por um milagre.
Como se costuma dizer, de nada adianta trocar as rodas da carroça quando o problema é o burro.
 
Segundo Alexander, há quatro tipos de evidências — experiências de quase morte, experiências mediúnicas, memórias de vidas passadas, e aparições — e estudos sobre cada uma delas. No âmbito das EQMs, ele cita um caso publicado no The Lancet envolvendo um paciente que chegou ao hospital praticamente morto, mas foi reanimado e, ao despertar do coma, pediu a um enfermeiro que fosse buscar sua dentadura... que estava exatamente onde o paciente disse que estaria, embora ele não pudesse saber disso. 
Em outro experimento, um médium foi solicitado a colocar um casal em contato com o filho que morrera de câncer aos 11 anos, e, durante a psicografia, o menino fez uma piada com a senha de Internet da família — coisa que o médium não teria como saber. Na avaliação do psiquiatra, a única explicação possível é a de que consciência continua existindo depois que cérebro para de funcionar.

Há milhares de casos de crianças que descrevem o que faziam "em vidas passadas" logo que aprendem a falar. Num deles, uma menina asiática de 3 anos que estava vendo televisão apontou para a imagem de um templo famoso do Sri Lanka, disse que morou naquela região, descreveu um rio que ficava próximo dali e contou que andava de bicicleta quando "um carro grande passou por cima dela". A família investigou e descobriu que havia uma loja de incenso atrás do templo e que um dos funcionários que fazia entregas de bicicleta passou desta para melhor após ter sido atropelado por um caminhão. 

No que tange a "aparições", Alexander cita o caso de um homem que deserdou os filhos, mudou de ideia e fez outro testamento, mas morreu sem ter registrado o documento. Anos depois, ele "apareceu" para um dos filhos e o instruiu a verificar o bolso de seu sobretudo, onde havia um bilhete dizendo que o testamento estava em uma bíblia antiga. O caso foi levado à justiça e dez testemunhas confirmaram que a caligrafia era mesmo do morto.
 
Continua...

domingo, 28 de agosto de 2022

SOBRE O DEBATE NA BAND


Lula usou no Jornal Nacional os velhos truques retóricos do PT para encobrir suas responsabilidades pela roubalheira no Brasil e pelo apoio a ditaduras estrangeiras. Virou um negacionista dos esquemas criminosos. Esperava vista grossa, assim como esperava que as medidas anticrime originais fossem ser aplicadas contra o crime organizado, não contra os próprios petistas. Como a única "autocrítica'" do PT diz respeito às brechas que o partido deixou para ser exposto em toda a sua crueza, Lula não quer cometer esse "erro" de novo, mas usa acertos involuntários do passado para enganar o povo sobre o futuro.

Na sabatina, só admitiu a existência do petrolão porque "você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram e devolveram o dinheiro roubado". Como Palocci confessou, mas o envolveu, o ex-corrupto mentiu sobre a relação da força-tarefa com os colaboradores: "Você não só ganhava liberdade, por falar o que queria o Ministério Público, como ganhava metade do que roubou. Ou seja, o roubo foi oficializado pelo MP", disse. 


O colunismo lulista adorou a performance do candidato, mas Sergio Moro ironizou: "Lula não explicou a roubalheira, desviou da pergunta. O saque bilionário à Petrobras aconteceu sem o seu conhecimento? A única verdade na entrevista é a voz rouca. (...) Diz que vai para a Presidência no sacrifício; preferia ficar em casa. No triplex ou no sítio de Atibaia?"

 

Pior ainda é a indefinição de Bolsonaro sobre o debate marcado para a noite de hoje. Na sexta-feira, durante um bate-papo pra lá de descontraído na chapa-branquíssima Jovem Pan, o capitão disse: "Eu devo estar no domingo. Achava que não, mas agora acho que devo ir. Mas vou ser fuzilado, vão atirar em mim o tempo todo porque eu sou o alvo compensador para eles. (...) No tocante a responder eu não devo nada, então é tranquilo responder essas acusações que fizeram ao longo do tempo todo aí nas mídias."


Ao dizer "não devo nada", Bolsonaro parece confundir debate com inquérito policial. Como presidente da República e candidato à reeleição, isso de "não devo nada" não existe.

 

Todos os candidatos aptos a debater já confirmaram presença, exceto os franco-favoritos. Lula condiciona sua participação à presença do seu principal rival, que faz declarações dúbias — ora diz que não vai, ora insinua que pode dar as caras. Só falta os dois ficarem em frente ao estúdio aguardando a entrada um do outro para definir o que fazer.


Atualização: Os 2 só confirmaram o comparecimento neste sábado. Havia dúvidas sobre quais seriam os riscos e os benefícios de comparecer a esse tipo de evento. Pela manhã, o petista anunciou a decisão em suas redes sociais. Horas depois, o atual presidente também confirmou. 


Observação: Desconhecida do grande público e desprezada em seu próprio partido, Simone Tebet surpreendeu pela experiência política, capacidade técnica e emoção autêntica. Saiu-se melhor na bancada do JN do que em entrevistas recentes a emissoras de rádio e portais. A dupla de apresentadores tentou emparedá-la por sua incapacidade de reunir apoio no próprio MDB ou pelos péssimos índices de segurança e educação da gestão de André Puccinelli, de quem foi vice-governadora. A senadora reagiu com tranquilidade, destacando a polarização política que atinge toda a sociedade e explicando que nunca teve a caneta de governadora na mão. Se ganhará votos, ainda é cedo para saber, mas há dúvidas de que ela conquistou admiradores. Sua presença na disputa eleitoral qualifica o debate e a cacifa para 2026

 

Pior do que o antipetismo ou o antibolsonarismo primário é o pró-petismo ou o pró-bolsonarismo inocente. Isso inclui aceitar a tese de que o coronel da esquerda e o capitão da direita vieram ao mundo para desempenhar uma missão que, por divina, é indiscutível. São movidos por uma fé que lembra a origem, cristã ou socialista, da maioria dos seus devotos. O ingrediente da dúvida está excluído de ambos os credos. Num caso, a presunção de virtude vem de revelações divinas. Noutro, vem de uma certa inevitabilidade dos processos históricos.

 

Não é a hipocrisia de Lula e Bolsonaro que assusta. A hipocrisia pelo menos é uma estratégia compreensível para pessoas que têm um enorme passado pela frente. O que espanta é perceber que, em certos momentos, ambos parecem acreditar de verdade que sua missão sublime no planeta lhes dá o direito de transformar as eleições num circo que sonega a exposição de meia dúzia de projetos e explicações a um eleitorado que banca a bilheteria de R$ 5 bilhões do fundão eleitoral. 


Hoje, o debate presidencial é mais essencial para a educação democrática dos candidatos do que para o esclarecimento do eleitor.


Com Felipe Moura Brasil, Josias de Souza e Claudio Dantas

domingo, 31 de julho de 2022

O DESEMPREGADO QUE DEU CERTO (OITAVA PARTE)


Sobre o "Pacheco de terninho" (vide capítulo anterior), Augusto Nunes anotou em sua coluna que "a impostura não resistiu à transcrição, sem retoques, das respostas a um punhado de perguntas não combinadas". Segue uma versão condensada do texto:


"Publicada pela Folha em 20 de setembro de 2009, a entrevista concedida por Dilma ao jornalista Valdo Cruz desencadeou a implosão da farsa concebida para vender uma irremediável mediocridade com a embalagem de superministra onisciente. Dilma é outra reencarnação, em forma de mulher, de um grande personagem criado por Eça de Queiroz no livro A correspondência de Fradique Mendes. É um Pacheco de terninho.


Depois de afirmar em entrevista a Veja que 'Marco Aurélio Garcia é o Pacheco das relações internacionais', o historiador e youtuber Marco Antonio Villa fez uma concisa e claríssima descrição da figura: 


'Era um sujeito tido como brilhante. No primeiro ano de Coimbra, as pessoas achavam estranho um estudante andar pela universidade carregando grossos volumes. No segundo ano, ele começou a ficar mais calvo e se sentava na primeira carteira. Começaram a achar que ele era muito inteligente, porque fazia uma cara muito pensativa durante as aulas e, vez por outra, folheava os tais volumes. No quarto ano, Portugal todo já sabia que havia um grande talento em Coimbra. Virou deputado, ministro e primeiro-ministro. Quando morreu, a pátria toda chorou. Os jornalistas foram estudar sua biografia e viram que ele não tinha feito nada. Era uma fraude'.

 

Não deixou nenhum livro, discurso, anotações em agenda, nada que prestasse. Apenas um punhado de frases tolas, ocas ou óbvias e meia dúzia de platitudes, todas pronunciadas com voz grave, expressão severa e o tom solene de quem anuncia o 11º mandamento. E então ficou claro que Pacheco era de poucas palavras e muita pose não porque passava o tempo todo pensando, mas por falta do que dizer. Caprichava nos maneirismos por entender que não é preciso ser uma sumidade; basta parecer que é.

 

A farsa do colosso intelectual começou a tomar forma na aula de Direito Natural em que se ouviu pela primeira vez um enunciado do aluno caladão: "O século XIX é um século de progresso e de luz". Estreou no Parlamento com um aparte ao orador que discorria sobre a liberdade. "Ao lado da liberdade deve sempre existir a autoridade", ponderou. Alguns meses de silêncio depois, enquadrou um parlamentar da oposição que criticava a política educacional do governo que chefiava, resumida em outra lição famosa: "Um povo sem o curso dos liceus é um povo incompleto".

 

Injuriado com o que ouvia, Pacheco aparteou o orador para a réplica tremenda: "Ao ilustre deputado que me censura só tenho a dizer que enquanto, sobre questões de Instrução Pública, Sua Excelência, aí nessas bancadas, faz berreiro, eu, aqui nesta cadeira, faço luz!". Mais três ou quatro afirmações semelhantes e Pacheco foi dispensado de falar. Bastava a contemplação da testa, "uma superfície escanteada, larga e lustrosa", para imaginar o tamanho do cérebro que guardava.

 

Sem saber atirar, Dilma foi promovida a musa da luta armada. Sem ter feito nada de relevante, sem produzir nenhuma ideia original, sem consumar qualquer obra notável, virou secretária municipal exemplar, secretária estadual cinco estrelas, ministra brilhante e, desde o despejo de José Dirceu, a superchefe da Casa Civil que todo presidente Lula pediu a Deus. Transformada em candidata à presidência sem ter disputado sequer uma eleição de síndico, até que foi bem enquanto fez de conta que falava pouco porque agia muito. Falavam por ela os óculos de primeira da classe, a sisudez de professora de Física disposta a reprovar meio mundo, o jeitão de quem não tem paciência com incompetentes. Só abria a boca a serviço da pátria. 

 

Acusada de transformar a Casa Civil numa fábrica de dossiês malandros, por exemplo, revidou com uma frase que Pacheco teria subscrito: 'Isso é a espetacularização do nada!'. É ela!, deslumbrou-se a companheirada. É ela!, concordou a base alugada depois de ouvi-la resumir a fórmula mágica do programa federal de casas populares: 'Quem não puder pagar nada não pagará nada. Mas haverá um esforço para todo mundo contribuir, nem que seja simbolicamente, com a prestação'.

 

Convidada a confirmar a candidatura ao Planalto, saiu-se com esta: 'Hoje em dia o Brasil pode ter tudo. Já teve um presidente metalúrgico, pode ter um presidente negro, pode ter uma presidenta. A sociedade brasileira é madura o suficiente para saber que a sua multiplicidade pode ser representada de todas as formas'. Mas que crânio!, emocionou-se Lula, que já se cumprimentava pela vitória arrasadora quando veio a entrevista. E à discurseira sem nexo seguiram-se declarações indecifráveis, frases sem pé nem cabeça, afirmações interrompidas no meio. Um desastre."

 

Dilma esqueceu que era só um Pacheco de terninho e embarcou na fantasia. Num país sensato, a plateia do primeiro comício da candidata sumiria da praça no segundo minuto do discurso. Como falta juízo nas prateleiras tupiniquins, essa senhora virou presidente da República. 
Triste Brasil!
 
Continua...