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domingo, 14 de janeiro de 2024

ANDROID — APPS QUE SE DESTACARAM EM 2023

NÃO DIGA TUDO QUE SABE, NÃO FAÇA TUDO QUE PODE, NÃO CREIA EM TUDO QUE OUVE NEM GASTE TUDO QUE TEM.

Lula escalou seu velho amigo e correligionário Ricardo Lewandowski para substituir Flávio Dino no ministério da Justiça. O troca-troca só não foi literal porque Lewandowski foi substituído por Cristiano Zanin em abril do ano passado, quando se aposentou do STF, ao passo que Dino está preenchendo a vaga da ex-ministra Rosa Weber. 
Lewandowski disse que a segurança pública será sua prioridade, mas descobrirá em breve que, embora pertençam à mesma galáxia, Judiciário e Executivo são estruturas muito distintas, e perceberá que aterrissou na Esplanada como um alienígena. No planeta das togas, ele dava ordens e anotava no final dos despachos: "Cumpra-se". No Ministério da Justiça, seu primeiro grande desafio será cumprir uma ordem emanada do STF quando ele ainda era ministro da Corte: caberá a ele, como substituto de Dino, apresentar até abril p.f. as diretrizes para a civilização dos presídios
Ao pendurar a toga, o magistrado optou por aproveitar a aposentadoria para ganhar dinheiro. Tornou-se consultor da CNI e prestou serviços jurídicos à J&F. Na pasta da Justiça, mergulhará na política  um buraco negro habitado por três tipos de personagens: gente que faz, gente que manda fazer, e os alienígenas, que se limitam a perguntar o que está acontecendo. 
 
Se vivo fosse, Vinicius de Moraes definiria um smartphone sem aplicativos como um "barco sem mar", um "campo sem flor", uma "chama sem luz", um "jardim sem luar". Já a Microsoft, à luz da experiência que amargou com o aziago Windows Phone, poderia compará-lo a "um fiasco sem par". Não que o sistema fosse ruim — pelo contrário, ele era leve e muito rápido. O problema foi a empresa demorar a perceber que o mundo digital estava se tornando móvel e que essa mobilidade ia além dos laptops — ou seja, enquanto a concorrência apostava suas fichas no Android, ela continuava focada na plataforma PC.
 
Windows Mobile foi lançado em 2010, quando o Android já havia soprado sua terceira velinha. Três anos depois, ao se dar conta de que havia dormido no ponto e que tentar empurrar o SO para fabricantes de celulares que já haviam fechado com a concorrência era malhar em ferro frio, a Microsoft comprou a Nokia e, diante do desinteresse dos desenvolvedores em criar aplicativos para seu sistema, resolveu fazê-lo por conta própria. Mas aí já era tarde demais. E como nenhum produto sobrevive sem consumidores,  o Windows 10 Mobile foi devidamente sepultado.
 
Até não muito tempo atrás, o termo "programa" designava a qualquer software instalado num computador, do sistema operacional a um simples editor de texto. A reboque dos smartphones e tablets, surgiram novas e diferentes terminologias — que o lançamento do Windows 8 se encarregou de bagunçar, ao rebatizar os mesmos programas de antigamente como "apps da Windows Store", "apps universais" ou simplesmente "apps". 

Quando não havia dispositivos móveis, qualquer software pendurado no SO era chamado de "programa" ou de "aplicativo", embora o correto fosse "aplicativo de programa". Com o advento das lojas de apps do Android e iOS, o termo "app" se popularizou, ainda que "programa" seja o nome que se dá a um conjunto de instruções executas por um computador e "aplicativo", a uma porção de software que permite ao usuário comandar uma tarefa específica.
 
"Apps", "apps desktop" e "apps para smartphones/tablets" são coisas diferentes e incompatíveis entre si. De modo geral, tudo com que interagimos no dia a dia é app desktop — como o MS Office e o MS Outlook, que funcionam em sistemas operacionais legados (o que não ocorre no caso de apps Windows). Já um "app portátil" é um software que roda diretamente de um pendrive, de um HD externo ou da nuvem (sem que seja preciso instalá-lo no computador), e um app da Windows Store é um aplicativo instalável disponibilizado pela loja oficial da Microsoft

Atendem por "apps Windows" (ou "apps Universais") todos os aplicativos multiplataforma do ecossistema Windows — ou seja, que foram desenvolvidos com base na UWP (Universal Windows Platform), cuja finalidade é oferecer uma experiência de uso unificada em qualquer dispositivo com sistema operacional Windows

Observação
Apps desktop só rodam nas versões desktop do Windowsapps da Windows Store rodam nos Windows 8/8.110 e 11 e podem funcionar em outras plataformas; apps Windows (ou apps universais) rodam em todas as versões do sistema a partir do Win8. Note que apps Windows Phone só funcionavam na plataforma mobile e portanto não eram considerados "universais".
 
O Google Android é o sistema operacional móvel mais popular do planeta — daí a quantidade de apps disponíveis na Play Store ser gigantesca. Claro que nem todos são úteis (isso sem falar que o que é útil para você pode não ser útil para mim e vice-versa). Preferências pessoais à parte, o TREBEL se destacou no Brasil, em 2023, como "melhor aplicativo para o uso diário". Suas parcerias com diversos músicos e gravadoras dão acesso a uma vastíssima gama de faixas musicais que podem inclusive ser baixadas e ouvidas offline, sem custos adicionais nem interrupções publicitárias.
 
O ChatGPT ganhou o prêmio de Voto Popular em 2023 por suas múltiplas funcionalidades baseadas em IA fornecerem textos criativos, auxiliarem no aprendizado de idiomas e oferecerem respostas específicas a perguntas sobre temas os mais variados. Vale destacar que, ao longo do ano, o chatbot recebeu atualizações que ampliaram sua gama de funcionalidades, como a capacidade de ver, entender e criar imagens.
 
Reelsy Reel Maker foi eleito o App Mais Divertido do ano no Brasil. Ele oferece modelos prontos em diversas categorias — como moda, culinária e fitness — para a edição ágil de vídeos em redes sociais, além de permitir a adição de músicas para tornar os vídeos mais atrativos. Já o prêmio de Melhor App para Crescimento Pessoal da Play Store foi para o Desrotulando, que fornece detalhes nutricionais dos produtos alimentícios a partir dos respectivos códigos de barras e oferece dicas de especialistas, sugestões de substitutos saudáveis e ajuda na organização das refeições. 
 
Remodel AI ficou em primeiro lugar na categoria Melhor Tesouro Escondido. Ele facilita a remodelação de ambientes domésticos usando inteligência artificial para analisar imagens dos ambientes e sugerir renovações baseadas em designs arquitetônicos, incluindo novas disposições de paredes, paisagismo e pisos. O Lunos: Educação Financeira foi escolhido como o Melhor App para Fazer o Bem — ele orienta os usuários sobre gestão financeira pessoal com métodos simplificados, incluindo ferramentas para elaboração de orçamentos, questionários, módulos interativos de aprendizagem e conselhos para economizar dinheiro.
 
Outros apps que se destacaram no ano que passou foram o Bing para dispositivos móveis, da Microsoft — que potencializa as buscas usando o GPT-4 da OpenAI e cria efeitos visuais baseados em descrições textuais com o "Criador de imagens do Designer” e a tecnologia DALL-E 3 — e o navegador Opera para Android — que oferece diversas opções de personalização e recursos similares à versão desktop, incluindo VPN grátis, bloqueio de anúncios e gerenciamento de dados móveis, sem falar na assistente de inteligência artificial Aria, criada em colaboração com a OpenAI

No segmento de edição e design gráfico, o destaque foi o Canva, que oferece uma gama diversificada de ferramentas para projetos de design, incluindo apresentações, materiais impressos e postagens para redes sociais, e possui uma seção para criação de imagens e vídeos a partir de descrições textuais. 

sexta-feira, 6 de maio de 2022

A RESILIÊNCIA DA MICROSOFT

A SUPREMA ARTE DA GUERRA CONSISTE EM VENCER O INIMIGO SEM TER DE ENFRENTÁ-LO. 


Em 2013, visando dar sobrevida ao natimorto Windows Mobile, a Microsoft comprou a divisão mobile da Nokia. Quando o Windows Phone ocupava o segundo lugar no ranking dos sistemas operacionais para dispositivos móveis — atrás apenas do imbatível Android —, o Google e a Motorola lançaram a linha Moto G, que vendeu feito pão quente e condenou ao ostracismo concorrentes como Blackberry OSUbuntu PhoneFirefox OS e o próprio Windows Phone.


Fundada em 1865 para produzir papel, a Nokia logo diversificou suas atividades. Em 1982, ela lançou o celular Mobira Senator (para automóveis). Três anos depois, o Mobira Cityman 900 se tornaria seu primeiro telefone móvel totalmente portátil.


Embora não fosse ruim, o sistema da Microsoft não era bom o bastante para fazer frente ao iOS e ao Android. Para complicar, o fiasco de vendas do Windows Phone desestimulou os desenvolvedores parceiros, levando a própria Microsoft a criar aplicativos para ele. Mas aí já era tarde.


O "casamento" com a empresa finlandesa durou 18 meses e seus rebentos tornaram-se vagas lembranças — até 2020, quando os celulares da Nokia ressurgiram no mercado brasileiro em pareceria com a Multilaser. Mas isso é outra conversa.


Observação: A Nokia chegou a liderar o mercado global de celulares — numa época em que “androide” era apenas um robô com formas humanas e o Symbian reinava absoluto como sistema operacional móvel —, mas aí a Apple lançou o iPhone (2007) o Google, o sistema Android (2008). 


A resiliência da Microsoft também ficou evidente no segmento de navegadores. De olho no sucesso do Netscape Navigator, a empresa criou o Internet Explorer; para estimular sua adoção, embutiu o browser no Windows 95 (saiba mais sobre as guerras dos browsers na matéria que dividi em 21 capítulos não consecutivos e publiquei entre 6 de maio e 16 de junho de 2020). 


O Internet Explorer reinou absoluto até ser destronado pelo Google Chrome em meados de 2012. Quando finalmente se deu conta que seu browser estava irremediavelmente superado, a Microsoft o atualizou para a versão 11, lançou o Microsoft Edge e o promoveu a navegador nativo do Windows 10, esperando com isso reeditar o sucesso alcançado pelo IE duas décadas antes. 


O Win10 patinou um bocado antes de deslanchar, mas o Edge jamais decolou. Contribuíram para o fiasco a incompatibilidade do browser com outras plataformas e versões anteriores do próprio Windows (ele só rodava no Win10), a falta de extensões e a demora no lançamento de atualizações (que dependiam do Windows Update). 


Quando a ficha finalmente caiu, a Microsoft recriou o Edge do zero. Do programa antigo restou apenas o nome, mas acrescido da palavra Chromium — numa referência ao Projeto Chromium, que conferiu ao navegador compatibilidade com outras plataformas (aí incluídos os sistemas móveis Android e iOS) e com boa parte das extensões criadas para o Google Chrome. 


A estratégia rendeu bons frutos: O Edge Chromium já superou o Safari e se tornou o segundo navegador mais usado em desktops. Mas vai ter de comer muito feijão para desbancar o browser do Google (vide figura). 


No que concerne a dispositivos móveis, o Safari — navegador padrão do iPhone e do iPad — perde apenas para o Google Chrome. O Edge contabiliza mais de 10 milhões de downloads na Google Play Store e tem boa classificação na App Store. Se ele vai ou não superar os concorrentes, isso só o tempo dirá.

quinta-feira, 7 de abril de 2022

WINDOWS 11 — VALE A PENA MIGRAR? (PARTE 7)

ALGUMAS PESSOAS NUNCA DIZEM UMA MENTIRA QUANDO SABEM QUE A VERDADE PODE MAGOAR MAIS.


O “pulo do gato” da Microsoft foi transformar em sistema operacional (quase) autônomo a interface gráfica baseada no MS-DOS, que vinha sendo aprimorada desde 1985.

Lançado comercialmente em 1995 (com pompa e circunstância dignas da coroação de um rei), o Win95 fez um sucesso estrondoso  que se repetiu com a edição OSR2 (lançada um ano depois) e os Win98 (junho/98) e 98/SE (maio/99). Mas não há mal que sempre dure nem bem que nunca termine.

Lançado a toque de caixa para aproveitar o apelo mercadológico da virada do milênio, o desditoso WinME (de Millennium Edition) tornou-se o patinho feio da família — sem direito a final feliz como cisne real. E o fiasco foi reeditado pelas versões Vista (2207) e 8/8.1 (2012/13).

JFK disse certa vez que não conhecia a fórmula do sucesso, mas a do fracasso era tentar agradar a todos ao mesmo tempo. Insensível ao ensinamento do ex-presidente norte-americano, a Microsoft incumbiu o malsinado Win8 de servir a dois senhores.

Para além da (péssima) ideia de criar um sistema único para operar tanto PCs quanto smartphones, a empresa suprimiu o Iniciar (que acompanhava o Windows desde 1995) e implementou uma interface gráfica mais adequada a telas sensíveis ao toque (touchscreen). Diante da chiadeira ensurdecedora, o jeito foi lançar uma atualização “meia-boca” (falo do Win8.1) para “recriar” o Iniciar. Mas aí a porca já havia torcido o rabo.

Também contribuíram para o fracasso das versões 8/8.1 a Metro UI, formada por grandes blocos coloridos, que era mas útil em dispositivos touch. Aliás, o Windows Phone foi outro grande fiasco, não por ser um sistema ruim, mas porque a Microsoft demorou a se dar conta de que o mundo digital estava se tornando móvel e que essa mobilidade ia além dos notebooks. Para piorar, o Windows Mobile foi lançado quando o Android, que era uma plataforma de código aberto, já estava no mercado havia três anos.

Observação: Em 2013, a Microsoft concluiu que empurrar seu sistema móvel para fabricantes de smartphones que já usavam o Android era malhar em ferro frio, mas, em vez de jogar a toalha, resolveu comprar a finlandesa Nokia (em 2013) e criar ela própria os aplicativos que os desenvolvedores parceiros não tinham interesse em fornecer (e smartphone sem apps vira peso de papel). Resultado: o Windows Mobile morreu e não deixou saudades. 

Voltando ao Win8/8.1, a exigência de uma “conta Microsoft” (como nas plataformas Android e iOS) não agradou aos usuários, que também reclamaram do SkyDrive (antigo nome do OneDrive), que não podia ser desabilitado nem desinstalado. Mas o maior responsável pelo fracasso do Win8 talvez tenha sido seu lançamento ter ocorrido num momento em que os consumidores preferiam o tablet ao notebook, embora a incompatibilidade do Windows RT (capaz de rodar em dispositivos com configuração de hardware mais espartana e tablets com arquitetura ARM) com aplicativos desenvolvidos para versão desktop do sistema também tenha contribuído.

Diferentemente do eleitorado tupiniquim, a Microsoft não cultiva o péssimo hábito de insistir no erro achando que a “perseverança” será recompensada com um acerto. É nítido que o Win11 busca aliciar usuários de smartphones com sua interface atraente. E que o sistema passa a sensação de ser fácil de operar por quem ingressou no maravilhoso mundo da computação pessoal à bordo do apetrecho que a genialidade de Steve Jobs promoveu de “telefone sem fio de longo alcance” a microcomputador ultraportátil (ainda que o iPhone não tenha sido o primeiro celular capaz de acessar a Internet).

A possibilidade de executar apps Android no PC é um atrativo a mais, e a integração com a Microsoft Store deve ser concluída em breve (a função ainda está em fase de testes e o download, restrito à Amazon Store), quando então será possível baixar qualquer aplicativo Android no Win11.

Vale lembrar que para executar esses apps é preciso habilitar a máquina virtual (VM) na seção de recursos opcionais e contar com pelo menos 8GB de RAM, armazenamento em memória Flash (SSD) e processador Core i3 8ª geração, Ryzen 3000, Snapdragon 8c ou superior (visite a página de suporte da Microsoft para mais informações sobre os requisitos mínimos).

Para quem não se importa de ser reconhecido pela flecha espetada no peito, mais informações sobre como baixar e instalar jogos mobile da Play Store podem ser obtidas a partir deste link. Recomendo apreciar com moderação.

Observação: Serviços do Google ainda não estão disponíveis para uso no Win11, razão pela qual muita coisa que estamos habituados a ver no Android pode não funcionar ou funcionar de maneira diferente em desktops e notebooks.

Uma nova atualização para a versão beta do Win11, lançada em meados do mês passado, trouxe mudanças no sistema de notificações e corrigiu diversos bugs. Aliás, se novos recursos vêm a conta-gotas, correções de bugs vêm a mancheias.

A demora na inicialização do sistema em dispositivos habilitados para 5G foi um dos problemas resolvidos. Também foram corrigidos erros que causavam a desativação da inicialização automática dos apps UWP após a atualização do PC, a incompatibilidade entre os nomes de domínio NetBios e DNS do Active Directory ao criar um cluster, que impediam a caixa de diálogo Controle de Conta de Usuário (UAC) de mostrar corretamente o app solicitando privilégios elevados, bem como problemas relacionados a arquivos do OneDrive e à página Configurações.

Continua...

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

LEMBRA DELE? (FINAL)

A EFICIÊNCIA É MAIS IMPORTANTE QUE O ESTILO.

Recapitulando: a telefonia celular remonta a meados de século passado, mas o iPhone foi o divisor de águas entre os dumbphones de até então e os smartphones de a partir de então, ainda que não tenha sido o primeiro celular a oferecer acesso à Internet.

Em 1996, o 9000 Communicator, da Nokia, já oferecia essa funcionalidade. mas somente na Finlândia. Já primeiros pagers e handhelds da RIM — como o Inter@ctive Pager 850, que você vê na ilustração ao lado — , lançados mais ou menos na mesma época, enviavam emails e acessavam serviços via conexão WAP. Mas não eram smartphones.

Noves fora executivos e profissionais liberais da velha-guarda, que ainda guardam (se me perdoam o trocadilho) boas lembranças dos gadgets de alta produtividade fabricados pela RIM, pouca gente se lembra que essa empresa canadense era referência em telefonia móvel muito antes do lançamento do iPhone, do iOS, do Android e do malsinado Windows Phone.

Observação: A companhia só trocou o nome RIM pelo que vinha usando para batizar seus gadgets em 2013, conforme anúncio feito por seu CEO durante o lançamento do smartphone BlackBerry 10.

Os primeiros pagers mensageiros da canadense tinham formato de flip e de concha. A partir da terceira geração, eles incorporaram o icônico teclado QWERTY, e foi devido à semelhança das teclas físicas com a casca de uma amora silvestre (blackberry, em inglês) que eles ganharam o nome da frutinha. O status de telefone foi conquistado com o lançamento do BlackBerry 5810, que reunia num único dispositivo as funções de telefone celular e de agenda eletrônica, além de ter conectividade GSM, internet móvel 2G e plataforma baseada em Java. Curiosamente, ele não dispunha de microfone e autofalante embutidos, razão pela qual era preciso usar fones de ouvido para ouvir e falar.

BlackBerry 957 foi lançado em 2000 com design mais vertical, para ser usado com uma só mão. A série iniciada no ano seguinte — pelo BlackBerry 7210, um dos modelos mais icônicos da marca — já exibia imagens em cores no display. O Pearl 8100, que integrava trackball no topo do teclado (para facilitar a navegação) e contava com câmera digital e funções multimídia, foi o primeiro modelo a reproduzir entre usuários domésticos o sucesso alcançado no uso corporativo.

A empresa chegou a cravar 80 milhões de usuários — em sua maioria empresários, executivos e assemelhados, que surfavam no “status de pessoa ocupada” emprestada pelos aparelhinhos da marca —, mas aí a Apple lançou o iPhone e o Google, o Android. A RIM contra-atacou com o BlackBerry 8800 — que dispunha de GPS, 64 MB de memória interna e tela de 2,5” — e o Storm 9500 — primeiro modelo da marca com tela sensível ao toque. No entanto, a oferta pífia de apps (comparada à fartura da Apple Store e do Google Play), problemas com o touchscreen e uma pane geral no sistema da empresa (que ficou fora de operação durante dias) abalou a confiança dos usuários.

A canadense tentou reverter o quadro com o Blackberry Passport e o tablet PlayBook, mas se o visual do smartphone encantou os consumidores, seu preço estratosférico os afugentou, e o tablet foi um fiasco monumental, tanto de público quanto de crítica.

Em 2016, a BlackBerry anunciou que abandonaria o segmento de smartphones, mas ressurgiu das cinzas meses depois, quando a chinesa TCL Corporation licenciou a marca para usar em novos celulares. Agora, no mesmo mês em que essa parceria foi encerrada foi encerrada, veio o anúncio de que a marca voltará a disputar o mercado corporativo de smartphones no ano que vem, com modelos 5G produzidos em parceria com a empresa texana OnwardMobility (os aparelhos serão fabricados pela chinesa FIH Mobile). Ainda não há detalhes sobre quais e quantos modelos serão lançados, mas espera-se que tenham forte esquema de proteção e pelo menos um deles traga o clássico teclado físico QWERTY.

Smartphones (e tablets) são microcomputadores ultraportáteis extremamente versáteis, mas precisam "comer muito feijão" para aposentar notebooks e desktops — aplicações exigentes requererem mais poder de processamento e fartura de memória que os pequenos notáveis não são capazes de oferecer (pelo menos por enquanto), e telas de pequenas dimensões e teclados virtuais acanhados não combinam com a digitação de textos longos.

OnwardMobility  está apostando suas fichas no grande número de pessoas que a pandemia da Covid-19 colocou home office — e na possível “perpetuação” do home office no “novo normal”, mesmo depois que tivermos vacinas e, quiçá, medicamentos comprovadamente eficazes contra o Sars-CoV-2. E um celular cuja marca é sinônimo é segurança pode ter alta demanda. 

Apesar do iPhone e inúmeros modelos com sistema Android serem onipresentes nos ambientes empresariais, o teclado físico poderia facilitar sobremaneira a digitação de emails mais longos, por exemplo, coisa que é um teste de paciência em teclados virtuais e telas de vidro. 

A conferir.

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

DE VOLTA AO WINDOWS 10 20H2 (CONCLUSÃO)

 PAGAR IMPOSTOS, NO BRASIL, SAI MAIS CARO QUE ALIMENTAR ELEFANTE COM CHOCOLATE BELGA.

Conforme eu disse na postagem anterior, a finalidade precípua da atualização semestral que promove o Win 10 à versão 20H2 é fazer ajustes e correções “internas” no sistema, daí a impressão de que nada mudou depois que aplicamos o patch e reiniciamos o computador. 

A exceção fica por conta do Edge Chromium, que aposentou de vez o Edge “de legado” (que a Microsoft integrou ao Windows 10 buscando recuperar seu lugar ao sol no segmento de navegadores). No entanto, basta escarafunchar a nova versão para encontrar algumas novidades interessantes, como as que eu mencionei rapidamente no capítulo anterior. Mas tem mais.

O update tornou mais fácil a reinstalação do Windows, que agora pode ser feita a partir de uma versão disponível online, caso haja algum erro no disco local. 

As notificações do Assistente de Foco foram desativadas por padrão — mas podem ser reabilitadas facilmente pelo Configurações.  

O aplicativo Narrador, além novos sons e comandos, pode ler emails recebidos no Outlook ou no app Email do Windows 10. Você pode alterar o tamanho e a cor do cursor de texto. Já a "Lupa" (use o atalho Tecla do Windows + Sinal de adição para convocá-la) mantém o cursor dentro da área aumentada, facilitando a navegação.

O Bloco de Notas, além de facilitar a aplicação de zoom no texto, passou a avisar que as alterações feitas não foram salvas. Ele faz isso exibindo um pequeno "asterisco" (*) ao lado do título do arquivo — pequeno a ponto de passar despercebido a quem não dispõe de um binóculo, mas enfim...

O Gerenciador de Tarefas ganhou a capacidade de exibir, na aba Desempenho, a temperatura da placa de vídeo e o tipo de drive de HD. Se seu computador dispõe de um SSD ou algum outro disco extra, será possível monitorá-los a partir dessa aba.

Você pode parear dispositivos Bluetooth escolhendo uma ação diretamente na notificação exibida na tela — antes, apesar de os dispositivos conectarem automaticamente, era preciso acessar as "Configurações" do Windows 10 para fazer os ajustes necessários.

A assistente virtual Cortana — que se tornou um aplicativo independente com a atualização semestral de maio deste — ganhou novas funções, entre as quais checar a agenda, adicionar tarefas, criar uma lista de compras e até enviar emails. Sem mencionar que agora é possível conversar com ela (por voz) em português.

Seu nome foi uma homenagem à inteligência artificial que auxilia o Master Chief na franquia de jogos Halo, exclusiva da empresa. Nos jogos, a primeira aparição da assistente se deu em 1999. Em 2014, ela foi disponibilizada no Windows Phone, e em 2015, integrada ao Windows 10.

Observação: Vale lembrar que a versão mobile do Windows foi descontinuada em 2017, depois de serem lançados 21 modelos de smartphone com o sistema móvel da Microsoft e hardware da HPAcerLenovo e Nokia. O desinteresse dos usuários afugentou os desenvolvedores de aplicativos, e hoje em dia ninguém quer um smartphone sem aplicativos. Antes de jogar a toalha, a Microsoft adquiriu a finlandesa Nokia, mas apenas uns poucos celulares com Windows Phone 8.1 (todos da Microsoft/Nokia) suportavam atualização para o Windows 10 Mobile, o que afastou potenciais consumidores. Em 2017, a empresa finalmente se deu por vencida e desistiu de desenvolver hardware ou software para a plataforma.

Para acessar a Cortana, clique no ícone circular ao lado da caixa de pesquisas da Barra de Tarefas e, assim que o app for aberto, formule sua pergunta. Por exemplo, Cortana, você sabe o que significa (uma palavra em outro idioma)? Ou: Cortana como se diz (uma frase) em (idioma)? Ou então: Cortana, qual é a definição de (diga a palavra)? Ou ainda: Cortana, qual a previsão do tempo?

Se o ícone não estiver aparecendo, clique com o botão direito do mouse em qualquer ponto vazio da barra e marque a opção Mostrar botão Cortana.

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

SISTEMA OPERACIONAL, APLICATIVOS E INUTILITÁRIOS — PARTE 8

A IMAGINAÇÃO É A METADE DA DOENÇA, A TRANQUILIDADE É A METADE DO REMÉDIO E A PACIÊNCIA, O COMEÇO DA CURA.

No âmbito da TI, popularidade e segurança dificilmente andam de mãos dadas. O Windows é um bom exemplo: criado em 1985 como uma interface gráfica que rodava no MS-DOS e promovido a sistema operacional dez anos depois, quando a Web ainda engatinhava, mas já começava a despertar o interesse dos usuários domésticos de PC, ele alternou sucessos e fracassos, mas tornou-se o sistema operacional mais popular da história da computação pessoal e alçou Bill Gates a posições de destaque no ranking dos bilionários da Forbes.

Quase 3 décadas se passaram entre o lançamento do Win.1, em 20 de novembro de 1985, e o do Win 10, em 29 de junho de 2015 — este como serviço e com a ambiciosa missão de conquistar um bilhão de usuários no prazo de 3 anos. Nesse entretempo, a Microsoft contabilizou sucessos retumbantes (com as edições 98, XP e Seven) e pagou micos memoráveis (com as edições Millennium, Vista e 8/8.1). O Win 10 levou 5 anos para cumprir a meta que lhe foi imposta, mas, mesmo assim, ainda é grande o número de versões pretéritas do sistema que continuam em uso.

No total, a participação do Windows no mercado mundial de sistemas operacionais é de 78%. Desse percentual, 20,7% correspondem ao Windows 7; 1,1% ao Win 8; 0,83% ao XP; e 0,42% ao Vista. É importante ressaltar que todas essas versões deixaram de ser suportadas pela Microsoft, o que potencializa os riscos de infecções virais e invasões, já que eventuais bugs e falhas de segurança que vierem a ser descobertas não serão corrigidas. A exceção fica por conta do Win 8.1, que deve continuar recebendo correções e atualizações até janeiro de 2023. No entanto, quem ainda roda o Seven fará melhor negócio migrando para o Windows 10 (detalhes nesta postagem).

Tudo somado e subtraído, temos que o número de usuários do Windows é quase cinco vezes maior que o do macOS da Apple (78% e 17%, respectivamente), daí a razão de nove de cada dez criadores de vírus, trojans, spywares, rootkits, ransomwares, exploits e pragas digitais afins mirarem o sistema da Microsoft. Guardadas as devidas proporções, o raciocínio se aplica ao Google Android no âmbito dos dispositivos móveis, já que ele opera 2,5 bilhões de smartphones, ao passo que o iOS, da Apple, marca presença em 900 mil iPhones. No âmbito dos tablets e iPads a história é outra, mas isso não vem ao caso para os efeitos desta postagem.

Em números redondos, o Android detém 74,60% do mercado de sistemas operacionais para dispositivos móveis, e o iOS, 24,82% (segundo dados de julho do StatCounter GlobalStats). KaiOS, Samsung, Symbian, Blackberry e outros menos conhecidos, somados, não chegam a 1%. A versão mobile do Windows foi descontinuada em 2017 (mas ainda aparece no ranking da StatCounter com 0.04%). Ao todo, foram lançados 21 modelos de smartphone equipados com o sistema móvel da Microsoft e hardware da HP, Acer, Lenovo e Nokia, mas o desinteresse dos usuários afugentou os desenvolvedores de aplicativos, e um smartphone para o qual não existem aplicativos está tão fadado ao fracasso quanto um browser para o qual não existam extensões (que o diga o MS Edge, lançado pela Microsoft em 2015 para suceder ao obsoleto MS Internet Explorer). 

Antes de jogar a toalha, a Microsoft adquiriu a finlandesa Nokia, mas apenas uns poucos celulares com Windows Phone 8.1 (todos da Microsoft/Nokia) suportavam atualização para o Windows 10 Mobile, o que afastou potenciais consumidores. Em 2017, a empresa finalmente se deu por vencida e desistiu de desenvolver hardware ou software para a plataforma.

Continua...