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sexta-feira, 27 de novembro de 2020

LEMBRA DELE?

A CIÊNCIA DESENHA A ONDA E A POESIA A ENCHE DE ÁGUA.

A geração Y mal se lembra de como era viver sem telefones celulares, e a geração Z sequer cogita dessa possibilidade (ou seja, de que fosse possível viver sem os diligentes aparelhinhos). Da geração X — assim considerados os nascidos entre 1960 e 1980 —, um ou outro ainda se recorda dos orelhões de ficha, mas só os Baby Boomers — como este que vos escreve — vivenciaram a “experiência” de pedir uma ligação interurbana à telefonista e esperar horas até que a chamada fosse completada.

Reminiscências à parte, muita gente não sabe que a telefonia móvel começou a ser testada durante a Segunda Guerra Mundial (em trens militares alemães), antes mesmo de os Laboratórios Bell (nos EUA) desenvolverem um sistema de alta capacidade, interligado por diversas antenas (chamadas de “células”, donde o termo “celular”).

A sueca Ericsson lançou seu Mobilie Telephony A no final dos anos 1950 — uma geringonça que pesava 40 kg e tinha de ser acomodada no porta-malas dos carros —, mais ou menos na mesma época em que os russos criaram o "Altay" (serviço nacional de telefonia móvel civil para carros que, duas décadas mais tarde, funcionava em apenas trinta cidades da União Soviética).

A americana Motorola apresentou seu DynaTAC 8000X em 1973, mas o aparelho era grande, pesado e desajeitado. Em 1979, a telefonia móvel celular entrou em operação no Japão e na Suécia; em 1983, a AT&T criou uma tecnologia específica, usada pela primeira vez na cidade de Chicago (EUA), mas que não se popularizou devido ao tamanho e peso avantajados dos aparelhos e autonomia da bateria que mal chegava a 30 minutos (e levava 10 horas para recarregar).

Embora a "nova" tecnologia e os primeiros "tijolões" tenham desembarcado no Brasil em meados dos anos 1980, foi somente depois da privatização das TELES (em 1998) que seu uso começou a se popularizar. Primeiro, porque até então habilitar uma linha era um processo trabalhoso, demorado e caro, o sinal era limitado pela escassez de células (antenas) e as ligações custavam os olhos da cara (num primeiro momento, até as chamadas recebidas era tarifadas). Mas a livre concorrência entre as operadoras produziu bons frutos.

Aparelhos a preços subsidiados, redução significativa no custo das ligações e, mais adiante, planos pré-pagos e gratuidade nas chamadas entre clientes da mesma operadora “democratizaram” o uso dos telefoninhos, que encolhiam de tamanho enquanto cresciam em recursos e funções. Até que o visionário Steve Jobs, então CEO da Apple, revolucionou o mercado com o lançamento do iPhone, obrigando a concorrência a adequar seus “dumbphones” (dumb = burro) ao novo conceito de “smartphone” (smart = inteligente; phone). 

Assim, o que era bom ficou melhor — e maior, já que a miniaturização deixou de fazer sentido em aparelhos que, em última análise, eram microcomputadores ultraportáteis. (Para saber mais sobre a evolução dos celulares e smartphones, clique aqui e acesse o primeiro capítulo da sequência que eu publiquei sobre o tema há poucos meses).

Engana-se quem pensa que o primeiro celular capaz de se conectar à Internet foi o iPhone. Onze anos antes do pequeno notável da Apple, o Nokia 9000 Communicator já oferecia essa funcionalidade — ainda que a limitasse aos habitantes da Finlândia. Na mesma época, a RIM (Research In Motion) lançou o Inter@ctive Pager 850, que permitia enviar emails e acessar serviços por meio da conexão WAP.

Lançado em 2001, o RIM 957 Wireless Handheld vinha com processador Intel 386 de 32-bit e 5 MB de memória interna (e custava US$ 500). No ano seguinte, o BlackBerry 5810 já oferecia conexão GSM e, além de fazer ligações, enviava/recebia SMS e dispunha de navegador de Internet. 

Na sequência vieram o BlackBerry 6710 — com 8 MB de memória e bateria para 4 dias de uso sem precisar recarregar —, o 6210 — com 16 MB de memória flash e conexão USB —, o 7320 com display colorido e jogos embarcados no sistema —, o 8700 — primeiro smartphone da marca com conectividade EDGE (também conhecida como "2.75G", com uma capacidade de banda de até 236 Kbps) — e o 8800 lançado em 2007, com GPS, Bluetooth e display de 2,5” e 65 mil cores.

Em 2009 a empresa lançou o BlackBerry Curve 8530 — primeiro modelo a contar com trackpad óptico, conexão 3G, Wi-Fi, GPS, Bluetooth e câmera traseira de 2 MP. Mais adiante vieram, pela ordem, o BlackBerry Torch 9800 — com sistema operacional BlackBerry 6 e teclado físico em slide (retrátil). 

Em 2011 foi a vez do BlackBerry Curve 9380 — que rodava o BlackBerry 7 e contava com tecnologia NFC e câmera de 5 megapixels e teclado virtual — e do BlackBerry Bold 9900 — com processador de 1.2 GHz, touchscreen e teclado QWERTY físico — e, em 2012, do BlackBerry Z10, com tela de 4,2” e resolução de 1.280 x 768 pixels.

Continua...

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

LEMBRA DELE? (FINAL)

A EFICIÊNCIA É MAIS IMPORTANTE QUE O ESTILO.

Recapitulando: a telefonia celular remonta a meados de século passado, mas o iPhone foi o divisor de águas entre os dumbphones de até então e os smartphones de a partir de então, ainda que não tenha sido o primeiro celular a oferecer acesso à Internet.

Em 1996, o 9000 Communicator, da Nokia, já oferecia essa funcionalidade. mas somente na Finlândia. Já primeiros pagers e handhelds da RIM — como o Inter@ctive Pager 850, que você vê na ilustração ao lado — , lançados mais ou menos na mesma época, enviavam emails e acessavam serviços via conexão WAP. Mas não eram smartphones.

Noves fora executivos e profissionais liberais da velha-guarda, que ainda guardam (se me perdoam o trocadilho) boas lembranças dos gadgets de alta produtividade fabricados pela RIM, pouca gente se lembra que essa empresa canadense era referência em telefonia móvel muito antes do lançamento do iPhone, do iOS, do Android e do malsinado Windows Phone.

Observação: A companhia só trocou o nome RIM pelo que vinha usando para batizar seus gadgets em 2013, conforme anúncio feito por seu CEO durante o lançamento do smartphone BlackBerry 10.

Os primeiros pagers mensageiros da canadense tinham formato de flip e de concha. A partir da terceira geração, eles incorporaram o icônico teclado QWERTY, e foi devido à semelhança das teclas físicas com a casca de uma amora silvestre (blackberry, em inglês) que eles ganharam o nome da frutinha. O status de telefone foi conquistado com o lançamento do BlackBerry 5810, que reunia num único dispositivo as funções de telefone celular e de agenda eletrônica, além de ter conectividade GSM, internet móvel 2G e plataforma baseada em Java. Curiosamente, ele não dispunha de microfone e autofalante embutidos, razão pela qual era preciso usar fones de ouvido para ouvir e falar.

BlackBerry 957 foi lançado em 2000 com design mais vertical, para ser usado com uma só mão. A série iniciada no ano seguinte — pelo BlackBerry 7210, um dos modelos mais icônicos da marca — já exibia imagens em cores no display. O Pearl 8100, que integrava trackball no topo do teclado (para facilitar a navegação) e contava com câmera digital e funções multimídia, foi o primeiro modelo a reproduzir entre usuários domésticos o sucesso alcançado no uso corporativo.

A empresa chegou a cravar 80 milhões de usuários — em sua maioria empresários, executivos e assemelhados, que surfavam no “status de pessoa ocupada” emprestada pelos aparelhinhos da marca —, mas aí a Apple lançou o iPhone e o Google, o Android. A RIM contra-atacou com o BlackBerry 8800 — que dispunha de GPS, 64 MB de memória interna e tela de 2,5” — e o Storm 9500 — primeiro modelo da marca com tela sensível ao toque. No entanto, a oferta pífia de apps (comparada à fartura da Apple Store e do Google Play), problemas com o touchscreen e uma pane geral no sistema da empresa (que ficou fora de operação durante dias) abalou a confiança dos usuários.

A canadense tentou reverter o quadro com o Blackberry Passport e o tablet PlayBook, mas se o visual do smartphone encantou os consumidores, seu preço estratosférico os afugentou, e o tablet foi um fiasco monumental, tanto de público quanto de crítica.

Em 2016, a BlackBerry anunciou que abandonaria o segmento de smartphones, mas ressurgiu das cinzas meses depois, quando a chinesa TCL Corporation licenciou a marca para usar em novos celulares. Agora, no mesmo mês em que essa parceria foi encerrada foi encerrada, veio o anúncio de que a marca voltará a disputar o mercado corporativo de smartphones no ano que vem, com modelos 5G produzidos em parceria com a empresa texana OnwardMobility (os aparelhos serão fabricados pela chinesa FIH Mobile). Ainda não há detalhes sobre quais e quantos modelos serão lançados, mas espera-se que tenham forte esquema de proteção e pelo menos um deles traga o clássico teclado físico QWERTY.

Smartphones (e tablets) são microcomputadores ultraportáteis extremamente versáteis, mas precisam "comer muito feijão" para aposentar notebooks e desktops — aplicações exigentes requererem mais poder de processamento e fartura de memória que os pequenos notáveis não são capazes de oferecer (pelo menos por enquanto), e telas de pequenas dimensões e teclados virtuais acanhados não combinam com a digitação de textos longos.

OnwardMobility  está apostando suas fichas no grande número de pessoas que a pandemia da Covid-19 colocou home office — e na possível “perpetuação” do home office no “novo normal”, mesmo depois que tivermos vacinas e, quiçá, medicamentos comprovadamente eficazes contra o Sars-CoV-2. E um celular cuja marca é sinônimo é segurança pode ter alta demanda. 

Apesar do iPhone e inúmeros modelos com sistema Android serem onipresentes nos ambientes empresariais, o teclado físico poderia facilitar sobremaneira a digitação de emails mais longos, por exemplo, coisa que é um teste de paciência em teclados virtuais e telas de vidro. 

A conferir.

sexta-feira, 19 de julho de 2019

RIR É O MELHOR REMÉDIO

AS PESSOAS BOAS DORMEM BEM À NOITE, MAS, DURANTE O DIA, AS PESSOAS MÁS SE DIVERTEM MUITO MAIS.

Oswaldo tirou o papel do bolso, conferiu a anotação e perguntou à balconista:

-Moça, vocês têm pendrive?

-Temos, sim.

-O que é um pendrive? Pode me esclarecer? Meu filho me pediu para comprar um.

-Bom, pendrive é um aparelho em que o senhor salva tudo o que tem no computador.

-Ah, é como um disquete...

-Não. No pendrive o senhor pode salvar textos, imagens e filmes. O disquete, que nem existe mais, só salva texto.

-Ah, tá bom. Vou querer.

-Quantos gigas?

-Hein?

-De quantos gigas o senhor quer o seu pendrive?

-O que é giga?

-É o tamanho do pen.

-Ah, tá. Eu queria um pequeno, que dê para levar no bolso sem fazer muito volume.

-Todos são pequenos, senhor. O tamanho, aí, é a quantidade de coisas que ele pode
arquivar.

-Ah, tá. E quantos tamanhos têm?

-Pode ter 2; 4; 8; 16 gigas...

-Hmmmm, meu filho não falou quantos gigas queria.

-Neste caso, o melhor é levar o maior.

-Sim, eu acho que sim. Quanto custa?

-Bem, o preço varia conforme o tamanho. A sua entrada é USB?

-Como?

-É que para acoplar o pen no computador, tem que ter uma entrada compatível.

-USB não é a potência do ar condicionado?

-Não, isso é BTU.

-Ah! É isso mesmo. Confundi as iniciais. Bom, sei lá se a minha entrada é USB.

-USB é assim ó: com dentinhos que se encaixam nos buraquinhos do computador. O outro tipo é este, mais tradicional, o senhor
só tem que enfiar o pino no buraco redondo. Seu computador é novo ou velho? Se for novo é USB.

-Acho que tem uns dois anos. O anterior ainda era com disquete. Lembra do disquete? Quadradinho, preto, fácil de carregar, quase não tinha peso. Meu primeiro computador funcionava com aqueles do tipo bolacha, grandões e quadrados. Era bem mais simples, não acha?

-Os de hoje nem têm mais entrada para disquete. Ou é CD ou pendrive.

-Que coisa! Bem, não sei o que fazer. Acho melhor perguntar ao meu filho.

-Quem sabe o senhor liga pra ele?

-Bem que eu gostaria, mas meu celular é novo, tem tanta coisa nele que ainda nem aprendi a discar.

-Deixa eu ver. Poxa, um smartphone! Este é bom mesmo! Tem Bluetooth, banda larga, touchscreen, câmera fotográfica, flash, filmadora, radio AM/FM, TV digital, micro-ondas...

-Blutufe? E micro-ondas? Dá orá cozinhar com ele?
-Não senhor. É que ele funciona no sub-padrão, por isso é muito mais rápido.

-E pra que serve esse tal de blutufe?

-É para o telefone se comunicar com outro, sem fio.

-Que maravilha! Essa é uma grande novidade! Mas os celulares já não se comunicam com os outros sem usar fio? Nunca precisei de fio para ligar para outro celular. Fio em celular, que eu saiba, é apenas para carregar a bateria...

-Não, já vi que o senhor não entende nada, mesmo. Com o Bluetooth o senhor passa os dados do seu celular para outro, sem usar fio. Lista de telefones, por exemplo.

-Ah! E antes precisava de fio?

-Não, tinha que trocar o chip.

-Hein? Ah, sim, o chip. E hoje não precisa mais chip...

-Precisa, sim, mas o Bluetooth é bem melhor.

-Legal esse negócio do chip. O meu celular tem chip?

-Sim, tem chip.

-E eu faço o quê com o chip?

-Se o senhor quiser trocar de operadora, portabilidade, o senhor sabe.

-Sei, sim, portabilidade, não é? Claro que sei. Não ia saber uma coisa dessas, tão simples? Imagino então que para ligar tudo isso, no meu celular, depois de fazer um curso de dois meses, eu só preciso clicar nuns duzentos botões...

-Nããão! É tudo muito simples, o senhor logo apreende. Quer ligar para o seu filho? Anote aqui o número dele. Isso. Pronto, agora é só o senhor apertar o botão verde...

Oswaldo segura o celular com a ponta dos dedos, temendo ser levado pelos ares, para um outro planeta:

-Oi filho, é o papai. Sim. Diz-me, filho, o seu pendrive é de quantos... Como é mesmo o nome? Ah, obrigado, quantos gigas? Quatro gigas está bom? Ótimo. E tem outra coisa, o que era mesmo? Nossa conexão é USB? É? Que loucura. Então tá, filho, papai está comprando o teu pendrive.

-Que idade tem seu filho?

-Vai fazer dez em março.

-Que gracinha...

-É isso moça, vou levar um de quatro gigas, com conexão USB.

-Certo, senhor. Embalagem pra presente?

No escritório, Oswaldo examina o pendrive, minúsculo, menor do que um isqueiro, capaz de gravar filmes... Olha desconfiado para o celular sobre a mesa. "Máquina infernal", pensa. “Eu preciso apenas de um telefone para fazer e receber chamadas, não de um aparelho tão complexo que somente especialistas saberão utilizar”. Em casa, ele entrega o pendrive ao filho e pede para ver como funciona. O garoto insere o aparelho e uma janelinha é exibida no monitor. Em seguida, o menino clica com o mouse e abre uma webpage em inglês. Seleciona umas palavras e um “heavy metal” infernal invade o quarto e os ouvidos de Oswaldo. Outro clique e a música termina. O garoto diz:

-Pronto, pai, baixei a música. Agora eu levo o pendrive para qualquer lugar e onde tiver uma entrada USB eu posso ouvir a música. No meu celular, por exemplo.

-Seu celular tem entrada USB?

-É lógico. O seu também.

-É? Quer dizer que eu posso gravar músicas num pendrive e ouvir pelo celular?

-Se o senhor não quiser baixar direto da internet...

Naquela noite, antes de dormir, Oswaldo deu um beijo na esposa e disse:

-Sabe que eu tenho Blutufe?

-Como é que é?

-Bluetufe. Não vai me dizer que não sabe o que é?

-Não enche, Oswaldo, deixa eu dormir.

-Meu bem, lembra como era boa a vida, quando telefone era telefone, gravador era gravador, toca-discos tocava discos e a gente só tinha que apertar um botão para as coisas funcionarem?

-Claro que lembro, Oswaldo. Hoje é bem melhor, né? Várias coisas numa só, até Bluetufe você tem. E conexão USB também. Que ótimo, Oswaldo, meus parabéns.

-Clarinha, com tanta tecnologia a gente envelhece cada vez mais rápido. Fico doente de pensar em quanta coisa existe por aí que nunca vou usar.

-Ué? Por quê?

-Porque eu aprendi a usar computador e celular e tudo o que sei já está ultrapassado.

-Por falar nisso, precisamos trocar nossa televisão.

-Por quê? Ela quebrou?

-Não. Mas não tem HD, SAP, PIP...

-E blutufe, a nova vai ter?

-Boa noite, Oswaldo, vai dormir que eu não aguento mais...

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

GOOGLE CHROME FALANDO DINAMARQUÊS e humor de final de semana

É raro, mas pode acontecer de as atualizações de software sugeridas por webservices e programinhas como os que eu mencionei na postagem anterior comprometerem o funcionamento dos aplicativos ou tornarem o próprio o Windows instável.  Por conta isso, achei por bem relatar uma situação curiosa em que me vi envolvido há alguns dias:

Um update do Chrome que eu apliquei por recomendação do Secunia PSI mudou o idioma do browser para o dinamarquês. Confesso que cheguei a pensar na possibilidade de algum malware ter ultrapassado minhas linhas de defesa (e por isso rodei uma bateria de varreduras), mas depois me ocorreu que a versão sugeria deveria ser BETA, pois Chrome instala automaticamente suas atualizações.
O jeito foi reconfigurar o navegador, mas confesso que percorrer a sequência de menus que leva a esse ajuste num idioma com o qual eu não tenho a menor familiaridade não foi tarefa das mais simples (risos).

Observação: Para configurar o idioma padrão do Chrome, clique no ícone do canto superior direito da janela, selecione Configurações no menu suspenso, role a página até o final, clique no link Mostrar configurações avançadas e, em Idioma > Configurações de idiomas e do corretor ortográfico, selecione português (Brasil) e reiniciar o navegador.

Para piorar, foram necessárias várias tentativas, pois não bastou selecionar o idioma português (Brasil): a coisa só voltou a status quo ante depois que eu removi todas as demais opções de idioma.
Antes de concluir, sugiro a todos que leiam (ou releiam) as considerações e dicas que eu publiquei em http://fernandomelis.blogspot.com.br/2009/07/quando-o-progresso-vira-retrocesso.html.

Observação: Como o DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA (terça-feira, 20) não é feriado nacional (embora seja aqui em Sampa), nosso "feriadão" termina no domingo, ou seja, o expediente será normal na semana que vem. Passemos agora ao nosso tradicional humor de final de semana:

Oswaldo tirou o papel do bolso, conferiu a anotação e perguntou à balconista:
-Moça, vocês têm pendrive?
-Temos, sim.
-O que é um pendrive? Pode me esclarecer? Meu filho me pediu para comprar um.
-Bom, pendrive é um aparelho em que o senhor salva tudo o que tem no computador.
-Ah, é como um disquete...
-Não. No pendrive o senhor pode salvar textos, imagens e filmes. O disquete, que nem existe mais, só salva texto.
-Ah, tá bom. Vou querer.
-Quantos gigas?
-Hein?
-De quantos gigas o senhor quer o seu pendrive?
-O que é giga?
-É o tamanho do pen.
-Ah, tá. Eu queria um pequeno, que dê para levar no bolso sem fazer muito volume.
-Todos são pequenos, senhor. O tamanho, aí, é a quantidade de coisas que ele pode arquivar.
-Ah, tá. E quantos tamanhos têm?
-Pode ter 2; 4; 8; 16 gigas...
-Hmmmm, meu filho não falou quantos gigas queria.
-Neste caso, o melhor é levar o maior.
-Sim, eu acho que sim. Quanto custa?
-Bem, o preço varia conforme o tamanho. A sua entrada é USB?
-Como?
-É que para acoplar o pen no computador, tem que ter uma entrada compatível.
-USB não é a potência do ar condicionado?
-Não, isso é BTU.
-Ah! É isso mesmo. Confundi as iniciais. Bom, sei lá se a minha entrada é USB.
-USB é assim ó: com dentinhos que se encaixam nos buraquinhos do computador. O outro tipo é este, mais tradicional, o senhor
só tem que enfiar o pino no buraco redondo. Seu computador é novo ou velho? Se for novo é USB.
-Acho que tem uns dois anos. O anterior ainda era com disquete. Lembra do disquete? Quadradinho, preto, fácil de carregar, quase não tinha peso. Meu primeiro computador funcionava com aqueles do tipo bolacha, grandões e quadrados. Era bem mais simples, não acha?
-Os de hoje nem têm mais entrada para disquete. Ou é CD ou pendrive.
-Que coisa! Bem, não sei o que fazer. Acho melhor perguntar ao meu filho.
-Quem sabe o senhor liga pra ele?
-Bem que eu gostaria, mas meu celular é novo, tem tanta coisa nele que ainda nem aprendi a discar.
-Deixa eu ver. Poxa, um smartphone! Este é bom mesmo! Tem Bluetooth, banda larga, touchscreen, câmera fotográfica, flash, filmadora, radio AM/FM, TV digital, micro-ondas...
-Blutufe? E micro-ondas? Dá prá cozinhar com ele?
-Não senhor. É que ele funciona no sub-padrão, por isso é muito mais rápido.
-E pra que serve esse tal de blutufe?
-É para o telefone se comunicar com outro, sem fio.
-Que maravilha! Essa é uma grande novidade! Mas os celulares já não se comunicam com os outros sem usar fio? Nunca precisei de fio para ligar para outro celular. Fio em celular, que eu saiba, é apenas para carregar a bateria...
-Não, já vi que o senhor não entende nada, mesmo. Com o Bluetooth o senhor passa os dados do seu celular para outro, sem usar fio. Lista de telefones, por exemplo.
-Ah! E antes precisava de fio?
-Não, tinha que trocar o chip.
-Hein? Ah, sim, o chip. E hoje não precisa mais chip...
-Precisa, sim, mas o Bluetooth é bem melhor.
-Legal esse negócio do chip. O meu celular tem chip?
-Sim, tem chip.
-E eu faço o quê com o chip?
-Se o senhor quiser trocar de operadora, portabilidade, o senhor sabe.
-Sei, sim, portabilidade, não é? Claro que sei. Não ia saber uma coisa dessas, tão simples? Imagino então que para ligar tudo isso, no meu celular, depois de fazer um curso de dois meses, eu só preciso clicar nuns duzentos botões...
-Nããão! É tudo muito simples, o senhor logo apreende. Quer ligar para o seu filho? Anote aqui o número dele. Isso. Pronto, agora é só o senhor apertar o botão verde...
Oswaldo segura o celular com a ponta dos dedos, temendo ser levado pelos ares, para um outro planeta:
-Oi filho, é o papai. Sim. Diz-me, filho, o seu pen drive é de quantos... Como é mesmo o nome? Ah, obrigado, quantos gigas? Quatro gigas está bom? Ótimo. E tem outra coisa, o que era mesmo? Nossa conexão é USB? É? Que loucura. Então tá, filho, papai está comprando o teu pen drive.
-Que idade tem seu filho?
-Vai fazer dez em março.
-Que gracinha...
-É isso moça, vou levar um de quatro gigas, com conexão USB.
-Certo, senhor. Embalagem para presente?
No escritório, Oswaldo examina o pendrive, minúsculo, menor do que um isqueiro, capaz de gravar filmes... Olha desconfiado para o celular sobre a mesa. "Máquina infernal", pensa. “Eu preciso apenas de um telefone para fazer e receber chamadas, não de um aparelho tão complexo que somente especialistas saberão utilizar”. Em casa, ele entrega o pen drive ao filho e pede para ver como funciona. O garoto insere o aparelho e uma janelinha é exibida no monitor. Em seguida, o menino clica com o mouse e abre uma wepage em inglês. Seleciona umas palavras e um “heavy metal” infernal invade o quarto e os ouvidos
de Oswaldo. Outro clique e a música termina. O garoto diz:
-Pronto, pai, baixei a música. Agora eu levo o pendrive para qualquer lugar e onde tiver uma entrada USB eu posso ouvir a música. No meu celular, por exemplo.
-Seu celular tem entrada USB?
-É lógico. O seu também.
-É? Quer dizer que eu posso gravar músicas num pendrive e ouvir pelo celular?
-Se o senhor não quiser baixar direto da internet...
Naquela noite, antes de dormir, Oswaldo deu um beijo na esposa e disse:
-Sabe que eu tenho Blutufe?
-Como é que é?
-Bluetufe. Não vai me dizer que não sabe o que é?
-Não enche, Oswaldo, deixa eu dormir.
-Meu bem, lembra como era boa a vida, quando telefone era telefone, gravador era gravador, toca-discos tocava discos e a gente só tinha que apertar um botão para as coisas funcionarem?
-Claro que lembro, Oswaldo. Hoje é bem melhor, né? Várias coisas numa só, até Bluetufe você tem. E conexão USB também. Que ótimo, Oswaldo, meus parabéns.
-Clarinha, com tanta tecnologia a gente envelhece cada vez mais rápido. Fico doente de pensar em quanta coisa existe por aí que nunca vou usar.
-Ué? Por quê?
-Porque eu aprendi a usar computador e celular e tudo o que sei já está ultrapassado.
-Por falar nisso, precisamos trocar nossa televisão.
-Por quê? Ela quebrou?
-Não. Mas não tem HD, SAP, PIP...
-E blutufe, a nova vai ter?
-Boa noite, Oswaldo, vai dormir que eu não agüento mais...


O autor é desconhecido, mas deve ser alguém como eu ou você, que nasceu entre os anos 50 e 60.

terça-feira, 15 de junho de 2021

USE MELHOR SEU SMARTPHONE

UMA COISA É QUERER APRENDER, OUTRA COISA É QUERER GARANTIAS DE QUE NÃO VAI ERRAR.

Diferentemente do que muitos imaginam, a telefonia móvel precedeu a Internet, o primeiro celular capaz de conectar a Rede Mundial de Computadores não foi o iPhone e a interface gráfica não foi inventada pela Microsoft ou pela Apple. E quem “nasceu” primeiro foi o ovo, não a galinha

Mas o iPhone foi um divisor de águas, pois transformou em computador pessoal ultraportátil o que até então era basicamente um telefone sem fio de longo alcance.

Num primeiro momento, os fabricantes investiram pesado na miniaturização do hardware, já que, ate o lançamento do iPhone, em 2007, a demanda dos usuários era por aparelhos cada vez menores. 

Os primeiros celulares vendidos no Brasil (no final dos anos 1980) eram “tijolões” pesados e desajeitados. Já o Motorola StarTAC (vide imagem), lançado em 1996, media apenas 94 x 55 x 19 milímetros (com a tampa fechada) e pesava míseras 88g (a título de comparação, uma caixa de fósforos comum mede 54 x 35 x 15 milímetros).

O iPhone obrigou a concorrência a se adequar à nova tendência de mercado, e assim os dumbphones de até então deram lugar aos smartphones, que mais adiante se tornariam (como de fato se tornaram) computadores pessoais ultraportáteis capazes também de fazer receber ligações telefônicas.

O aumento exponencial de funcionalidades tornou o smartphone indispensável para a maioria das pessoas — segundo o Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da FGV, entre os 440 milhões de dispositivos computacionais em uso no Brasil, 53% são telefones celulares —, mas também contribuiu para interromper o processo de miniaturização e prejudicou a portabilidade (no sentido de acompanhar o usuário a toda parte), que é justamente o diferencial do smartphone em relação aos desktops e notebooks.

Grandes poderes implicam grandes responsabilidades”, disse tio Ben a Peter Parker. Por grandes responsabilidades, no caso, entenda-se uma tela de tamanho compatível com as novas funções, sobretudo depois que a tecnologia touchscreen e o teclado virtual se tornaram padrão de mercado.

Andar para cima e para baixo com um dispositivo do tamanho de uma tábua de carne é complicado. Levá-lo na mão é desconfortável — e perigoso: além do risco de queda, essa exposição chama a atenção dos amigos do alheio (smartphones top de linha chegam a custar mais de R$ 10 mil). 

Pendurar o aparelho no cinto ou no cós da calça era moda nos tempos de antanho, mas nem o hardware nem as capinhas dos modelos atuais integram a indispensável presilha. Na bolsa... bem, cada vez menos mulheres usam esse acessório no dia a dia. Ainda que assim não fosse, as notificações sonoras ficam inaudíveis e olhar a tela para conferir se chegou mensagem pelo WhatsApp torna-se mais complicado.  

Moçoilas (de todas as idades) andam com seus celulares emergindo do bolso traseiro da calça, como se isso não facilitasse a ação da bandidagem. Aliás, muitas “tanajuras” usam calças justíssimas para valorizar o derriére, o que não só chama ainda mais a atenção da bandidagem como submete o aparelho a uma pressão que ele não foi projetado para suportar. Afora a possibilidade de trincar a tela quando a dona do buzanfã se aboleta no assento do carro, no sofá de casa ou seja onde for sem tirar o aparelho do bolso. E colocá-lo no sutiã não é a solução, pois potencializa os riscos de câncer de mama.

Para os varões o cenário não é muito melhor. Levar o celular no bolso lateral implica o risco de a radiação eletromagnética inibir a produção de espermatozoides. Nas calças tipo “cargo”, o bolso próximo à coxa seria a solução ideal, não fosse o fato de manter o aparelho junto à coxa ou ao quadril pode enfraquecer os ossos, especialmente se essa prática se prolongar por anos a fio.   

Puérperas e baby-sitters jamais devem colocar o telefone no carrinho do bebê — segundo pesquisadores, a criança pode apresentar problemas comportamentais, como TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). Igualmente desaconselhável é dormir com ele sob o travesseiro. O fato de a tela se iluminar a cada mensagem recebida interfere na produção de melanina (hormônio que induz o sono), podendo, inclusive, causar tonturas e/ou dores de cabeça.

Recomenda-se falar ao celular com o aparelho afastado do rosto de 0,5 cm a 1,5 cm. Além de evitar a contaminação por bactérias, esse cuidado reduz a quantidade de radiação eletromagnética absorvida pela pele.

Por último, mas não menos importante: deixar a bateria na carga a noite não só reduz sua vida útil como pode provocar superaquecimento (e até explosão) caso o carregador não interrompa a passagem de corrente quando a carga estiver completa. 

Por falar nisso, se você precisar substituir o carregador original, opte por um modelo homologado pelo fabricante (jamais se deixe seduzir pelo preço convidativo dos dispositivos comercializados por ambulantes, camelôs e assemelhados).

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

DO DISQUETE AO PENDRIVE E COMO RECUPERAR O ESPAÇO ORIGINAL NOS UTILÍSSIMOS “CHAVEIRINHOS” DE MEMÓRIA ― Continuação

ENTRE O PSICANALISTA E O DOENTE, O MAIS PERIGOSO É O PRIMEIRO.

Conforme vimos no post anterior, um dos grandes responsáveis pela popularização dos “chaveirinhos de memória” foi o padrão Universal Serial Bus (USB), criado em meados dos anos 90, que conquistou o mercado por permitir a conexão “a quente” ― ou seja, os dispositivos podem ser plugados e removidos com o computador ligado ― e por desobrigar o usuário de configurar manualmente os canais IRQ e DMA ― o que não raro resultava em incompatibilidades difíceis de solucionar. Isso sem mencionar que, além de detectar automaticamente os periféricos, as controladoras USB dispensam fontes de alimentação externas, pois, dependendo do consumo dos dispositivos, elas próprias fornecem a energia necessária ao seu funcionamento.
Em 1997, praticamente todas as placas-mãe já integravam pelo menos duas portas USB 1.1, mas a taxa de transferência (entre 1,5 e 12 Mbps) logo se revelou insuficiente para a conexão de múltiplos periféricos (em tese, cada porta USB suporta até 127 dispositivos, mas é preciso ter em mente que a velocidade é compartilhada). 

A virada do século trouxe o USB 2.0, totalmente compatível com a versão anterior, mas já com taxa de transferência máxima de até 480 Mbps (note que se você conectar um dispositivo USB 1.1 numa porta USB 2.0, ele ficará limitado à velocidade do padrão 1.1). O USB 2.0 ainda é amplamente utilizado por mouses, teclados, impressoras, pendrives, celulares, câmeras digitais, filmadoras e outros gadgets, conquanto máquinas de fabricação recente tragam interfaces USB 3.0, com taxa de transferência de respeitáveis 4,8 Gbps e capacidade para alimentar eletricamente periféricos que consomem até 900 mA (contra 500 mA da versão anterior). Para facilitar a diferenciação, os fabricantes adotaram a cor azul na parte interna dos novos conectores, mas como isso não é obrigatório, convém atentar para as especificações do computador na hora da compra.

Voltando à vaca fria, os pendrives substituem com vantagens os CDS/DVDs, não somente devido ao tamanho reduzido (que facilita o transporte), mas também pelo número de ciclos de gravação/regravação que eles suportam (até 100 mil, dependendo da tecnologia da memória flash utilizada). Com isso, os CD-Players automotivos, que desbancaram os indefectíveis toca-fitas das décadas de 70 e 80 (dos quais muita gente já nem se lembra mais), acabaram superados pelos diligentes “chaveirinhos”, já que a maioria dos veículos de fabricação recente disponibiliza uma portinha USB.

Observação: Uma fita K7 comportava algumas dezenas de faixas musicais (isso as que a gente gravava, já que as “oficiais” traziam as 12 ou 13 faixas do LP correspondente, e um abraço). Já um CD-R (de 650/700 MB) permite armazenar cerca de 100 faixas (no formato MP3), ao passo que um pendrive de 16 GB (que custa menos de R$ 20) comporta 7.500 músicas (de 4 minutos cada, a 128 Kbps), o que dá para ouvir durante 20 dias, sem interrupções nem repetições. Sem mencionar que, por pouco mais de R$ 100, você compra um modelo com capacidade para inacreditáveis 1 TB (1024 GB). E isso num dispositivo menor que uma tampa de caneta Bic.

O resto fica para a próxima, pessoal. Abraços e até lá.

E como hoje é sexta-feira:

Oswaldo tirou o papel do bolso, conferiu a anotação e perguntou à balconista:
-Moça, vocês têm pendrive?
-Temos, sim.
-O que é um pendrive? Pode me esclarecer? Meu filho me pediu para comprar um.
-Bom, pendrive é um aparelho em que o senhor salva tudo o que tem no computador.
-Ah, é como um disquete...
-Não. No pendrive o senhor pode salvar textos, imagens e filmes. O disquete, que nem existe mais, só salva texto.
-Ah, tá bom. Vou querer.
-Quantos gigas?
-Hein?
-De quantos gigas o senhor quer o seu pendrive?
-O que é giga?
-É o tamanho do pen.
-Ah, tá. Eu queria um pequeno, que dê para levar no bolso sem fazer muito volume.
-Todos são pequenos, senhor. O tamanho, aí, é a quantidade de coisas que ele pode arquivar.
-Ah, tá. E quantos tamanhos têm?
-Pode ter 2; 4; 8; 16 gigas...
-Hmmmm, meu filho não falou quantos gigas queria.
-Neste caso, o melhor é levar o maior.
-Sim, eu acho que sim. Quanto custa?
-Bem, o preço varia conforme o tamanho. A sua entrada é USB?
-Como?
-É que para acoplar o pen no computador, tem que ter uma entrada compatível.
-USB não é a potência do ar condicionado?
-Não, isso é BTU.
-Ah! É isso mesmo. Confundi as iniciais. Bom, sei lá se a minha entrada é USB.
-USB é assim ó: com dentinhos que se encaixam nos buraquinhos do computador. O outro tipo é este, mais tradicional, o senhor só tem que enfiar o pino no buraco redondo. Seu computador é novo ou velho? Se for novo é USB.
-Acho que tem uns dois anos. O anterior ainda era com disquete. Lembra do disquete? Quadradinho, preto, fácil de carregar, quase não tinha peso. Meu primeiro computador funcionava com aqueles do tipo bolacha, grandões e quadrados. Era bem mais simples, não acha?
-Os de hoje nem têm mais entrada para disquete. Ou é CD ou pendrive.
-Que coisa! Bem, não sei o que fazer. Acho melhor perguntar ao meu filho.
-Quem sabe o senhor liga pra ele?
-Bem que eu gostaria, mas meu celular é novo, tem tanta coisa nele que ainda nem aprendi a discar.
-Deixa eu ver. Poxa, um smartphone! Este é bom mesmo! Tem Bluetooth, banda larga, Touch Screen, câmera fotográfica, flash, filmadora, rádio AM/FM, TV digital, micro-ondas...
-Blutufe? E micro-ondas? Dá pra cozinhar com ele?
-Não senhor. É que ele funciona no sub-padrão, por isso é muito mais rápido.
-E pra que serve esse tal de blutufe?
-É para o telefone se comunicar com outro, sem fio.
-Que maravilha! Essa é uma grande novidade! Mas os celulares já não se comunicam com os outros sem usar fio? Nunca precisei de fio para ligar para outro celular. Fio em celular, que eu saiba, é apenas para carregar a bateria...
-Não, já vi que o senhor não entende nada, mesmo. Com o Bluetooth o senhor passa os dados do seu celular para outro, sem usar fio. Lista de telefones, por exemplo.
-Ah! E antes precisava de fio?
-Não, tinha que trocar o chip.
-Hein? Ah, sim, o chip. E hoje não precisa mais chip...
-Precisa, sim, mas o Bluetooth é bem melhor.
-Legal esse negócio do chip. O meu celular tem chip?
-Sim, tem chip.
-E eu faço o quê com o chip?
-Se o senhor quiser trocar de operadora, portabilidade, o senhor sabe.
-Sei, sim, portabilidade, não é? Claro que sei. Não ia saber uma coisa dessas, tão simples? Imagino então que para ligar tudo isso, no meu celular, depois de fazer um curso de dois meses, eu só preciso clicar nuns duzentos botões...
-Nããão! É tudo muito simples, o senhor logo apreende. Quer ligar para o seu filho? Anote aqui o número dele. Isso. Pronto, agora é só o senhor apertar o botão verde...
Oswaldo segura o celular com a ponta dos dedos, receando ser levado pelos ares, para um outro planeta:
-Oi filho, é o papai. Sim. Diz-me, filho, o seu pen drive é de quantos... Como é mesmo o nome? Ah, obrigado, quantos gigas? Quatro gigas está bom? Ótimo. E tem outra coisa, o que era mesmo? Nossa conexão é USB? É? Que loucura. Então tá, filho, papai está comprando o teu pen drive.
-Que idade tem seu filho?
-Vai fazer dez em março.
-Que gracinha...
-É isso moça, vou levar um de quatro gigas, com conexão USB.
-Certo, senhor. Embalagem para presente?
No escritório, Oswaldo examina o pendrive, minúsculo, menor do que um isqueiro, capaz de gravar filmes... Olha desconfiado para o celular sobre a mesa. "Máquina infernal", pensa. “Eu preciso apenas de um telefone para fazer e receber chamadas, não de um aparelho tão complexo que somente especialistas saberão utilizar”. Em casa, ele entrega o pen drive ao filho e pede para ver como funciona. O garoto insere o aparelho e uma janelinha é exibida no monitor. Em seguida, o menino clica com o mouse e abre-se uma webpage em inglês. Seleciona umas palavras e um “heavy metal” infernal invade o quarto e os ouvidos
de Oswaldo. Outro clique e a música termina. O garoto diz:
-Pronto, pai, baixei a música. Agora eu levo o pendrive para qualquer lugar e onde tiver uma entrada USB eu posso ouvir a música. No meu celular, por exemplo.
-Seu celular tem entrada USB?
-É lógico. O seu também.
-É? Quer dizer que eu posso gravar músicas num pendrive e ouvir pelo celular?
-Se o senhor não quiser baixar direto da internet...
Naquela noite, antes de dormir, Oswaldo deu um beijo na esposa e disse:
-Sabe que eu tenho Blutufe?
-Como é que é?
-Bluetufe. Não vai me dizer que não sabe o que é?
-Não enche, Oswaldo, deixa eu dormir.
-Meu bem, lembra como era boa a vida, quando telefone era telefone, gravador era gravador, toca-discos tocava discos e a gente só tinha que apertar um botão para as coisas funcionarem?
-Claro que lembro, Oswaldo. Hoje é bem melhor, né? Várias coisas numa só, até Bluetufe você tem. E conexão USB também. Que ótimo, Oswaldo, meus parabéns.
-Clarinha, com tanta tecnologia a gente envelhece cada vez mais rápido. Fico doente de pensar em quanta coisa existe por aí que nunca vou usar.
-Ué? Por quê?
-Porque eu aprendi a usar computador e celular e tudo o que sei já está ultrapassado.
-Por falar nisso, precisamos trocar nossa televisão.
-Por quê? Ela quebrou?
-Não. Mas não tem HD, SAP, PIP...
-E blutufe, a nova vai ter?
-Boa noite, Oswaldo, vai dormir que eu não aguento mais...

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sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

AINDA SOBRE PENDRIVES...

NUM CASAMENTO, O IMPORTANTE NÃO É A ESPOSA, É A SOGRA. UMA ESPOSA LIMITA-SE A REPETIR AS QUALIDADES E OS DEFEITOS DA PRÓPRIA MÃE.

Embora a postagem da última quinta-feira tenha fechado a sequência sobre pendrives que eu iniciei no dia 17 de outubro, achei por bem aproveitar esta sexta-feira - dia em que sempre introduzo uma anedota no post do dia - para reproduzir um texto que acho muito legal. Infelizmente, não posso dar o devido crédito ao autor, pois não faço a menor ideia de quem seria o dito-cujo. Mas a maneira como ele ilustra a relação com a informática de quem nasceu antes dos anos 1990 é positivamente impagável. Antes, porém, reproduzo a postagem que publiquei ontem na minha comunidade de política:

VERGONHA NACIONAL

Panelaços pipocaram em São Paulo, Rio, Minas e Distrito federal na noite da última quarta-feira, em protesto contra a desfiguração das medidas anticorrupção, levada a efeito pela Câmara Federal na madrugada anterior.

Embora a anistia ao caixa 2 eleitoral tenha ficado de fora (debalde os esforços de alguns nobres parlamentares, que por pelo menos duas vezes tentaram incluí-la antes da votação da proposta no plenário), apenas 2 das10 medidas sugeridas originalmente pelo MPF, que respaldaram o relatório do deputado gaúcho Onyx Lorenzoni, foram integralmente mantidas. Itens como a criminalização do enriquecimento ilícito, a criação da figura do "reportante do bem" e o aumento do prazo de prescrição dos crimes acabaram cedendo espaço a outros, como a tipificação do crime de abuso de autoridade para magistrados e integrantes do Ministério Público, que foram alegremente adicionados e aprovados.

Observação: Entre a noite de terça e a madrugada de quarta-feria, todos os partidos orientaram suas bancadas a votarem a favor do projeto principal do pacote anticorrupção. Mas um total de 16 emendas (alterações) apresentadas por parlamentares foram analisadas ainda durante a madrugada e alteraram pontos sensíveis do projeto. Todas foram rejeitadas pelo relator da proposta na comissão especial, mas a maioria acabou sendo aprovada pelo plenário. Ao final da sessão, o deputado Lorenzoni desabafou: “O objetivo inicial do pacote era combater a impunidade, mas isso não vai acontecer porque as principais ferramentas foram afastadas. O combate à corrupção vai ficar fragilizado. E com um agravante, que foi essa intimidação dos investigadores”.

Como se não bastasse, o senador Renan Calheiros ― que é alvo de uma dúzia de ações em trâmite no STF e só ainda não se tornou réu devido à morosidade dessa Corte ― concitou seus pares a aprovar, em caráter de urgência, a maracutaia urdida e avalizada pela Câmara, dando um tapa na cara da população de bem e deixando claro que a velha política tenta se manter dominante, a despeito de uma cachoeira de denúncias indicarem que o modelo está completamente desmoralizado, caquético e falido. 

A intenção de Renan e de seus acólitos, muitos deles investigados na Lava-Jato, é constranger o Judiciário para atender a seus próprios interesses, ou, na avaliação da ministra Carmem Lucia, presidente do STF, “fulminar a democracia”. Nesse clima de fim de feira, onde os parlamentares tentam salvar o próprio rabo diante da ânsia por uma nova política expressa pela sociedade, somente a pressão popular pode impedir os avanços contra a democracia.
Procuradores da Lava-Jato já disseram que podem renunciar coletivamente caso a proposta de punição a magistrados e integrantes do Ministério Público por crime de abuso de autoridade seja aprovada no Senado e não seja vetada por Michel Temer ― que vive seu pior momento desde que assumiu a presidência com o impeachment de sua imprestável predecessora.

Na manhã de ontem, o juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava-Jato em primeira instância, e o ministro Gilmar Mendes, que integra o STF e preside o TSE, debateram no Senado o Projeto de Lei de Abuso de Autoridade (voltarei ao assunto oportunamente). 

Pelo andar da carruagem, não demora para que novas manifestações mobilizem a sociedade civil e levem milhões de pessoas novamente às ruas, até porque, sem pressão popular, as raposas continuarão tomando conta do galinheiro. Vamos aguardar o desenrolar dos acontecimentos.  

Passemos agora à anedota:
Oswaldo tirou o papel do bolso, conferiu a anotação e perguntou à balconista:
-Moça, vocês têm pendrive?
-Temos, sim.
-O que é um pendrive? Pode me esclarecer? Meu filho me pediu para comprar um.
-Bom, pendrive é um aparelho em que o senhor salva tudo o que tem no computador.
-Ah, é como um disquete...
-Não. No pendrive o senhor pode salvar textos, imagens e filmes. O disquete, que nem existe mais, só salva texto.
-Ah, tá bom. Vou querer.
-Quantos gigas?
-Hein?
-De quantos gigas o senhor quer o seu pendrive?
-O que é giga?
-É o tamanho do pen.
-Ah, tá. Eu queria um pequeno, que dê para levar no bolso sem fazer muito volume.
-Todos são pequenos, senhor. O tamanho, aí, é a quantidade de coisas que ele pode arquivar.
-Ah, tá. E quantos tamanhos têm?
-Pode ter 2; 4; 8; 16 gigas...
-Hmmmm, meu filho não falou quantos gigas queria.
-Neste caso, o melhor é levar o maior.
-Sim, eu acho que sim. Quanto custa?
-Bem, o preço varia conforme o tamanho. A sua entrada é USB?
-Como?
-É que para acoplar o pen no computador, tem que ter uma entrada compatível.
-USB não é a potência do ar condicionado?
-Não, isso é BTU.
-Ah! É isso mesmo. Confundi as iniciais. Bom, sei lá se a minha entrada é USB.
-USB é assim ó: com dentinhos que se encaixam nos buraquinhos do computador. O outro tipo é este, mais tradicional, o senhor só tem que enfiar o pino no buraco redondo. Seu computador é novo ou velho? Se for novo é USB.
-Acho que tem uns dois anos. O anterior ainda era com disquete. Lembra do disquete? Quadradinho, preto, fácil de carregar, quase não tinha peso. Meu primeiro computador funcionava com aqueles do tipo bolacha, grandões e quadrados. Era bem mais simples, não acha?
-Os de hoje nem têm mais entrada para disquete. Ou é CD ou pendrive.
-Que coisa! Bem, não sei o que fazer. Acho melhor perguntar ao meu filho.
-Quem sabe o senhor liga pra ele?
-Bem que eu gostaria, mas meu celular é novo, tem tanta coisa nele que ainda nem aprendi a discar.
-Deixa eu ver. Poxa, um smartphone! Este é bom mesmo! Tem Bluetooth, banda larga, Touch Screen, câmera fotográfica, flash, filmadora, rádio AM/FM, TV digital, micro-ondas...
-Blutufe? E micro-ondas? Dá pra cozinhar com ele?
-Não senhor. É que ele funciona no sub-padrão, por isso é muito mais rápido.
-E pra que serve esse tal de blutufe?
-É para o telefone se comunicar com outro, sem fio.
-Que maravilha! Essa é uma grande novidade! Mas os celulares já não se comunicam com os outros sem usar fio? Nunca precisei de fio para ligar para outro celular. Fio em celular, que eu saiba, é apenas para carregar a bateria...
-Não, já vi que o senhor não entende nada, mesmo. Com o Bluetooth o senhor passa os dados do seu celular para outro, sem usar fio. Lista de telefones, por exemplo.
-Ah! E antes precisava de fio?
-Não, tinha que trocar o chip.
-Hein? Ah, sim, o chip. E hoje não precisa mais chip...
-Precisa, sim, mas o Bluetooth é bem melhor.
-Legal esse negócio do chip. O meu celular tem chip?
-Sim, tem chip.
-E eu faço o quê com o chip?
-Se o senhor quiser trocar de operadora, portabilidade, o senhor sabe.
-Sei, sim, portabilidade, não é? Claro que sei. Não ia saber uma coisa dessas, tão simples? Imagino então que para ligar tudo isso, no meu celular, depois de fazer um curso de dois meses, eu só preciso clicar nuns duzentos botões...
-Nããão! É tudo muito simples, o senhor logo apreende. Quer ligar para o seu filho? Anote aqui o número dele. Isso. Pronto, agora é só o senhor apertar o botão verde...
Oswaldo segura o celular com a ponta dos dedos, temendo ser levado pelos ares, para um outro planeta:
-Oi filho, é o papai. Sim. Diz-me, filho, o seu pen drive é de quantos... Como é mesmo o nome? Ah, obrigado, quantos gigas? Quatro gigas está bom? Ótimo. E tem outra coisa, o que era mesmo? Nossa conexão é USB? É? Que loucura. Então tá, filho, papai está comprando o teu pen drive.
-Que idade tem seu filho?
-Vai fazer dez em março.
-Que gracinha...
-É isso moça, vou levar um de quatro gigas, com conexão USB.
-Certo, senhor. Embalagem para presente?
No escritório, Oswaldo examina o pendrive, minúsculo, menor do que um isqueiro, capaz de gravar filmes... Olha desconfiado para o celular sobre a mesa. "Máquina infernal", pensa. “Eu preciso apenas de um telefone para fazer e receber chamadas, não de um aparelho tão complexo que somente especialistas saberão utilizar”. Em casa, ele entrega o pen drive ao filho e pede para ver como funciona. O garoto insere o aparelho e uma janelinha é exibida no monitor. Em seguida, o menino clica com o mouse e abre uma wepage em inglês. Seleciona umas palavras e um “heavy metal” infernal invade o quarto e os ouvidos
de Oswaldo. Outro clique e a música termina. O garoto diz:
-Pronto, pai, baixei a música. Agora eu levo o pendrive para qualquer lugar e onde tiver uma entrada USB eu posso ouvir a música. No meu celular, por exemplo.
-Seu celular tem entrada USB?
-É lógico. O seu também.
-É? Quer dizer que eu posso gravar músicas num pendrive e ouvir pelo celular?
-Se o senhor não quiser baixar direto da internet...
Naquela noite, antes de dormir, Oswaldo deu um beijo na esposa e disse:
-Sabe que eu tenho Blutufe?
-Como é que é?
-Blutufe. Não vai me dizer que não sabe o que é?
-Não enche, Oswaldo, deixa eu dormir.
-Meu bem, lembra como era boa a vida, quando telefone era telefone, gravador era gravador, toca-discos tocava discos e a gente só tinha que apertar um botão para as coisas funcionarem?
-Claro que lembro, Oswaldo. Hoje é bem melhor, né? Várias coisas numa só, até Blutufe você tem. E conexão USB também. Que ótimo, Oswaldo, meus parabéns.
-Clarinha, com tanta tecnologia a gente envelhece cada vez mais rápido. Fico doente de pensar em quanta coisa existe por aí que nunca vou usar.
-Ué? Por quê?
-Porque eu aprendi a usar computador e celular e tudo o que sei já está ultrapassado.
-Por falar nisso, precisamos trocar nossa televisão.
-Por quê? Ela quebrou?
-Não. Mas não tem HD, SAP, PIP...
-E blutufe, a nova vai ter?
-Boa noite, Oswaldo, vai dormir que eu não aguento mais...


Bom final de semana a todos.

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