Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta gripe. Ordenar por data Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta gripe. Ordenar por data Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 3 de março de 2023

UTILIDADE PÚBLICA

As vacinas contra a Covid criadas desde 2021 eram monovalentes, mas as mais recentes podem tanto substituir a terceira ou quarta dose para quem está atrasado como servir como dose de reforço para quem está com o esquema vacinal em dia. O intervalo para a aplicação é de quatro meses contados a partir da última dose. 

De acordo com o cronograma de entregas da Pfizer, 38 milhões de doses da vacina já foram enviadas ao Brasil, e mais 10 milhões devem chegar até junho. A vacinação será escalonada em etapas, de acordo com o envio das doses aos estados e com o recebimento das novas levas. 

O ministério divulgou no último final de semana um informe técnico com previsão de datas para as cinco etapas, mas estados e cidades podem implementar seus próprios calendários, de modo que é importante checar os dias exatos e os grupos divulgados pelas secretarias estaduais e municipais. 

Segundo a estimativa do ministério:
  • Fase 1 (27/02): Pessoas acima de 70 anos; pacientes imunocomprometidos a partir de 12 anos; pessoas vivendo em instituições de longa permanência (ILP) e comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas;
  • Fase 2 (06/03): Pessoas de 60 a 69 anos;
  • Fase 3 (20/03): Gestantes e puérperas;
  • Fase 4 (17/04): Trabalhadores da saúde;
  • Fase 5 (17/04): Pessoas com deficiência permanente a partir de 12 anos, pessoas privadas de liberdade e adolescentes cumprindo medidas socioeducativas.
Em alguns países, a bivalente é indicada à população geral, mas não há planos para que pessoas de fora dos grupos de risco recebam indicação para a nova dose no Brasil. No entanto, a população em geral também é alvo da nova campanha devido às baixas coberturas com a terceira e a quarta doses (são cerca de 60 milhões de brasileiros sem o primeiro reforço).
 
O ministério adverte que as pessoas que não vão receber a bivalente — como crianças, jovens e a maior parte dos adultos — precisam estar com os reforços previstos para cada faixa etária atualizados. Hoje, mais de 90% das vítimas fatais da Covid são pessoas que não estão adequadamente vacinadas com todas as doses indicadas do imunizante original. 

Ainda não foi decidido se as pessoas que não receberão a bivalente serão convocadas para uma eventual quinta dose do imunizante monovalente, bem como se a vacinação será anual, como a da gripe, já que isso depende da evolução do vírus.

sexta-feira, 27 de março de 2020

A ERA DA (IN)SEGURANÇA


NUNCA ENCONTREI UMA PESSOA TÃO IGNORANTE QUE NÃO PUDESSE TER APRENDIDO ALGO COM A PRÓPRIA IGNORÂNCIA.

A pandemia do coronavírus nos vem impondo um estilo de vida diferente daquele a que estávamos acostumados. Voluntária ou compulsoriamente, a critério do prefeito/governador de cada município/estado, devemos todos ficar em casa e evitar contato com outras pessoas, o que, segundo a conclusão a que chegaram os especialistas (ainda que não de forma totalmente consensual), é a melhor maneira de evitar que o sistema de saúde entre em colapso.

Padarias, farmácias, supermercados e outros estabelecimentos que oferecem serviços considerados “essenciais” devem ser frequentados com parcimônia, sempre evitando aglomerações e mantendo distância (1,5 m) dos outros clientes. Aliás, os sintomas da Covid-19 são semelhantes aos da gripe, e a disenteria não faz parte da lista. Então, lotar carrinhos e mais carrinhos com fardos de papel higiênico não só não faz sentido como provoca um “efeito manada” que induz os demais clientes a fazer o mesmo, propiciando um desabastecimento que poderia ser evitado se cada um comprasse a quantidade adequada a suas necessidades.  

Fato é que, sem poder sair de casa — nem mesmo para trabalhar, como vem acontecendo com muita gente —, o jeito é buscar alternativas para encher o tempo. A Internet é uma opção, assim como a leitura e a televisão, a despeito dos noticiários (é importante a população se manter informada, mas vamos combinar: ninguém aguenta mais ouvir que o dólar subiu, a bolsa caiu e a pandemia atingiu não sei quantos países, afetou não sei quantas pessoas e causou não sei quantos óbitos nas últimas não sei quantas horas). Por outro lado, com mais tempo ocioso, newbies e afins tendem a aprimorar suas habilidades. E é aí que mora o perigo.

Como no caso das doenças, a cura só surge depois que a causa do mal é descoberta. Daí os desenvolvedores de ferramentas de segurança diversificarem os mecanismos de detecção de malwares, quando mais não seja porque modelos baseados somente na “assinatura” dos vírus não só estão obsoletos como também não oferecem proteção contra ameaças “zero day”.

Observação: zero day (dia zero) é uma expressão usada para conceituar ataques que se aproveitam de falhas de software recém-descobertas e ainda não corrigidas. Trata-se de uma técnica amplamente utilizada pelos cibercriminosos, que concentram nessas brechas seu poder de fogo durante o lapso de tempo (horas, dias, semanas) que leva para o desenvolvedor disponibilizar a respectiva correção. Nesse entretempo, os dispositivos computacionais ficam muito mais vulneráveis a ataques, ainda que os usuários mantenham o sistema em dia e as ferramentas de segurança atualizadas. E o mesmo raciocínio se aplica ao surgimento de novos malwares e à criação das respectivas vacinas.

Nenhum software é totalmente seguro e nenhum dispositivo computacional é imune a ataques, invasões e assemelhados, a não ser que esteja desligado ou, no mínimo, desconectado da Internet. Cabe aos desenvolvedores de sistemas e aplicativos corrigir bugs e falhas de segurança em seus produtos, mas é responsabilidade dos usuários aplicar as correções em seus computadores, smartphones, tablets etc.

Da mesma forma que um carro aberto e com a chave na ignição pode ser furtado mais facilmente do que se estiver travado e com o alarme acionado, contas de email e redes sociais, aplicativos de netbanking e outros serviços “sensíveis” que utilizamos via PC/smartphone podem ser alvo de invasores. E o mesmo vale para medidas de segurança que, se não impedem invasões, hackeamentos e afins, ao menos dificultam a ação dos invasores, que acabam procurando outra vítima, já que não faltam usuários relapsos, que, mesmo tendo ciência dos riscos, não se preocupam em proteger seus dispositivos. 

Se você não quer fazer parte do lado negro das estatísticas, acompanhe as próximas postagens.  

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Telefonia e Humor de Sexta-Feira

Um dos motivos que sempre nos levou a pensar duas vezes antes de aceitar ofertas interessantes de uma operadora concorrente consiste no desconforto de se ter de mudar o número do celular.
Mas com "portabilidade numérica" - que começa a ser implementada a partir deste mês -, será possível trocar de operadora sem perder o número (desde que dentro de uma mesma área de registro, evidentemente).
De início, essa facilidade estará restrita apenas a algumas cidades de São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e Paraná. Quanto ao custo, fala-se em algo em torno de R$4,00, mas parece que as principais operadoras não irão cobrar nada pelo serviço.

***
Voltando de uma viagem de negócios, o sujeito apanha um taxi e, durante o percurso, convence o motorista a ser sua testemunha num possível caso de adultério. Então, ao chegarem em casa, eles sobem pé ante pé até o quarto e flagram a mulher na cama com outro cara. Quando o marido saca a arma e aponta para a cabeça do homem nu, a esposa grita:
- Não faça isso! Este homem tem sido muito generoso! Eu menti quando disse que herdei dinheiro, foi ele quem pagou o BMW, e o iate que eu comprei para você, e é ele quem mantém a nossa casa em Angra!
Perplexo, o marido abaixa a arma, olha para o motorista e pergunta:
- O que você faria?
E o motorista responde:
- Eu devolveria logo o cobertor, para que ele não pegue uma gripe.

Bom final de semana a todos.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

ELEIÇÕES 2018 — FALTAM 12 DIAS




Quem acompanha minhas despretensiosas postagens sabe o que eu penso sobre as pesquisas de intenção de voto. Aliás, estatísticas devem ser tratadas com muito cuidado — basta lembrar a história dos cientistas que colocaram um sujeito com a cabeça no freezer e os pés no forno e não entendiam por que ele berrava tanto, já que, na média, deveria se sentir confortável.

Acho difícil acreditar que a opinião de 2.000 entrevistados em cento e poucos municípios traduz o que pensam mais de 140 milhões de eleitores em quase 5.600 cidades brasileiras. A propósito, basta relembrar a eleição de Doria no primeiro turno do pleito de 2016 e do retumbante fiasco de Dilma no da semana passada — embora fosse tida e havida como favorita por todos os institutos de pesquisa, a anta vermelha não chegou nem perto de se eleger.

Dias atrás, um novo levantamento feito pelo Datafolha apurou que Bolsonaro está 16 pontos percentuais à frente de Luladdad na contagem de votos válidos (58% a 42%). Para superar o capitão, o dublê de fantoche e alter ego do presidiário de Curitiba precisaria conquistar todos os votos nulos, em branco ou de indecisos.

A pesquisa FSB/BTG Pactual, cujos resultados foram divulgados nesta segunda-feira, diz que o candidato do PSL está 18 pontos percentuais à frente do  petista nas intenções de voto, e que sua rejeição é de 38%, enquanto a do adversário chega a 53%. Já os números publicados pelo Instituto Paraná Pesquisas — também nesta segunda-feira — dão conta de que Bolsonaro tem 59,1% das intenções de voto, contra 25,5% de Haddad (mais detalhes na figura abaixo).


Por essas e outras — mais um gripe que ninguém merece —, vou ficando por aqui, não sem antes relembrar que não concordo 100% com tudo que Bolsonaro diz, mas sou 1.000% contrário à volta do PT ao poder.

Falando no diabo, digo, nos petistas, vale a pena assistir ao vídeo abaixo até o final. São cerca de quatro minutos, mas que valem cada segundo:

   

Visite minhas comunidades na Rede .Link:

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

CADA CIRCO TEM O PALHAÇO QUE MERECE


Tudo somado e subtraído, quase nada se aproveitou da pantomima falaciosa (mas pomposamente batizada de Apresentação Oficial do Plano Nacional de Imunização contra a Covid-19) que foi encenada na última quarta-feira, no salão nobre do Palácio do Planalto, para apresentar um plano vacinal feito nas coxas por um general estrategista delirante que acontece de ser ministro da Saúde de um presidente a quem Pedro Bial qualificou de "acéfalo", "desgovernante" e "inominado". 

Bolsonaro se disse "honrado" em receber os governadores e afirmou que alguns não compareceram por "motivo de força maior". João Doria foi um deles. A título de justificativa, o tucano informou que era seu aniversário de 63 anos e que ficaria próximo à família em São Paulo. Mas enviou o secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, para representá-lo na efeméride.

Durante a solenidade, uma situação inusitada ocorreu. Ninguém estava de máscara, só o Zé Gotinha — personagem usado pelo Ministério da Saúde desde 1986 em campanhas de vacinação —, que não retribuiu a aperto de mão oferecido pelo presidente, preferindo manter distância e fazer um sinal de “positivo”. Resta saber se o ator que interpretou o mascote permanecerá no posto.

A impressão que ficou, de que nem o suserano nem o vassalo sabiam que estavam falando, só reforçou a sensação de que nenhum dos dois tem a menor ideia do que está fazendo no cargo que ocupa. Para além disso, sobraram perguntas não respondidas e respostas a indagações que não foram feitas. Mas dois pontos chamaram especialmente a atenção:

1) A “aflição” do mandatário de festim (desde o início, segundo ele) com a gravidade da pandemia:

A grande força que todos nós demonstramos agora [governo federal e governos estaduais] é a união para buscar a solução de algo que nos aflige há meses. (...) Nos afligiu desde o início [a Covid-19]", disse Bolsonaro.

2) O fato de o general-ministro da Saúde “estranhar” a ansiedade e a angústia da população em relação à vacina que pode frear uma linha de produção que vem empilhando cadáveres em escala industrial:

"Nós somos os maiores fabricantes de vacinas da América Latina. Para que essa ansiedade e essa angústia?, perguntou Pazuello.

Observação: Segundo balanço do Ministério da Saúde feito na noite da quarta-feira 16, a Covid-19 havia matado 182.799 pessoas no Brasil, sendo 964 apenas nas últimas 24 horas.

Para bom entendedor, pingo é letra. Como nem todo mundo lê entrelinhas o real significado das bolsonarices e pazuellices, dedico mais algumas linhas às falas do suserano e seu vassalo. Começo por lembrar que nenhum dos cinco presidentes-generais que governaram o país durante a ditadura teve um ministro da Saúde que não fosse médico. 

Agora, no entanto, 26 anos depois da redemocratização, o general da banda de turno, que é fã de carteirinha do regime militar, não só troca o comando da pasta duas vezes em menos de 30 dias, como o faz em meio à maior pandemia viral desde a Gripe Espanhola (1918-1920) para empossar um taifeiro triestrelado que se sujeita, sem o menor constrangimento constrangimento, ao aviltante papel de mamulengo.

Em sua participação no jornal da Gazeta da última quarta-feira, Josias de Souza resumiu magistralmente esse deplorável espetáculo circense:

Brasília esteve mais surrealista do que o habitual nas últimas horas. Atingiu-se o ápice da incongruência na cerimônia de anúncio de um hipotético plano federal de vacinação contra a Covid, no Palácio do Planalto. Surgiu em cena um presidente que fala em "união", "entendimento" e "paz". Discursou um ministro da Saúde que questiona a "ansiedade" e a "angústia" dos brasileiros ávidos por vacinas. Ambos soaram inadequados. Jair Bolsonaro foi ofensivo. Eduardo Pazuello, desrespeitoso.

A súbita conversão do presidente à vacina ofende a inteligência alheia. No mesmo discurso em que fez pose de gestor respeitável, Bolsonaro declarou que a pandemia o "afligiu desde o início" e que "se algum de nós exagerou foi no afã de buscar solução." Faltou explicar que aflições atormentavam o presidente quando ele afirmou que a maior crise sanitária do século seria uma "gripezinha". E que solução pretendia alcançar quando declarou que o Brasil precisa "deixar de ser um país de maricas”.

A crítica do ministro da Saúde à "ansiedade" da população desrespeita os mais de 180 mil cadáveres produzidos pela Covid e seus familiares. "Somos os maiores fabricantes de vacina da América Latina", disse Pazuello. "Pra quê essa ansiedade, essa angústia?" O capitão do Planalto e o general da Saúde contraíram o coronavírus. Nenhum dos dois teve de ralar por leitos de UTI e respiradores do SUS. Bolsonaro teve a assistência ininterrupta dos médicos da Presidência. Pazuello foi internado no DF STAR, que é o hospital privado mais bem conceituado de Brasília.

Nas últimas duas semanas, o brasileiro assistiu pela TV ao início da vacinação em massa na Inglaterra e nos Estados Unidos. No Brasil, faltam seringas e vacinas. Sobra improvisação. A CoronaVac, chamada por Bolsonaro de "vacina chinesa do Doria", voltou a ser tratada como opção. Após prever que a imunização começaria em março, dezembro ou janeiro, Pazuello sustenta que, se tudo correr como planejado por ele, as primeiras doses de vacina podem ser aplicadas em fevereiro.

"Não vejo nada de errado", disse o general. "Se tivesse visto, teria corrigido." Então, tá! Resta constatar que a novela da vacina dispõe de novos personagens: um presidente pacificador e um ministro perfeito, gestor de mostruário. Agora só falta convencer o brasileiro a desempenhar nesse enredo o papel de bobo.

Que Deus nos ajude.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

TECLADO - BACTÉRIAS E PROBLEMAS AFINS

Tomara que o Cascão não compartilhe o PC com os demais integrantes da Turma da Mônica (personagens criados pelo impagável Maurício de Souza): segundo o Dr. Bactéria, diretor técnico da Microbiotécnica, teclados de computador tendem a acumular mais germes do que vasos sanitários (para saber mais, clique aqui).
Além do risco de disseminar gripe, conjuntivite e moléstias que tais, a falta de higiene pode acarretar problemas de funcionamento, sendo recomendável faxinar – ou substituir – esses dispositivos de tempos em tempos.
No caso da faxina, desconecte o periférico, solte os parafusos que fixam as duas metades da carcaça, passe um pincel entre e sob as teclas e na placa lógica e complete a limpeza com um aspirador de pó. Se necessário, passe um pano umedecido em água morna (adicione algumas gotas de detergente neutro) nas teclas e na carcaça, segue tudo muito bem, remonte e pronto.

OBSERVAÇÃO: É impressionante a quantidade de poeira, cabelos, fios de barba, cinza de cigarro, fiapos e outras impurezas que se acumulam no interior dos teclados. Em alguns casos é possível remover as teclas para fazer uma limpeza mais profunda, mas sempre existe o risco de o plástico ressecado trincar. Então, considerando que teclados básicos custam a partir de R$ 12, talvez seja melhor comprar um novo e um abraço.

Lave sempre as mãos depois de comer, espirrar ou usar o banheiro. Se você cultiva o (mau) hábito de fazer uma “boquinha” enquanto opera o computador, cubra o teclado físico e ative o virtual (digite osk na caixa de pesquisas do menu Iniciar) para degustar seus salgadinhos, bolachinhas e outras guloseimas sem emporcalhar o períférico. Se o mouse ficar engordurado, mas basta limpá-lo com um pano úmido (a não penetrará no dispositivo, a menos que você use um jurássico modelo de esfera, o que é bem pouco provável).


Abraços a todos e até amanhã.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

ENTRE GOLPES, IMPEACHMENTS, VAMPIROS E CORUJAS EMPALHADAS

 

Na postagem de sexta-feira eu comentei que Doria havia programado para o dia do aniversário da cidade de São Paulo — segunda-feira passada — um evento destinado a promover a CoronaVac e incentivar a população a se imunizar. 

O governador convidou todos os ex-presidentes que ainda caminham entre os vivos, mas apenas o macróbios compareceram — Fernando Henrique (89), de corpo presente; José Sarney (90 anos), e Michel Temer (80) remotamente. Os menos vetustos Collor (71), Lula (75) e Dilma (73) declinaram do convite.

Segundo José Simão, Sarney parecia uma coruja empalhada que escapou da gripe espanhola. Como é imortal, o eterno donatário da Capitania do Maranhão não precisa se imunizar — a vacina dele é a “FormolVac”, produzida no Egito. Temer, que é vampirão, não quer vacina, quer sangue — a vacina dele é a SangueVacDoria mandou um recado ao capitão-cloroquina pronunciando cada palavra com que em Caps Lock: BOLSONARO, EU SALVO VIDAS. A vacina do tucano, segundo Simão, é a CashmereVac.


Mudando de assunto, a última pesquisa Datafolha atestou que 40% dos brasileiros consideram Bolsonaro ruim ou péssimo (ante 32% no mês passado). Com isso, o capitão-cloroquina passa a ser dono da segunda pior avaliação entre todos os presidentes eleitos desde a redemocratização, atrás apenas de Collor (48%). 

Perguntados sobre o impeachment, 53% do entrevistados disseram-se contrários à abertura do processo, mas os resultados de uma enquete promovida pelo Atlas Político (que deu uma surra nos demais institutos de pesquisa no ano passado) apontam outro cenário: 53,% da população tupiniquim são a favor do impeachment e 41,5% contra.

Em meio à polarização político-ideológica que assola o país, pesquisas, avaliações, opiniões e previsões devem ser recebidas com alguma reserva. O fanatismo emburrece e a burrice cega, levando as pessoas a acreditar no que querem e ver as coisas como gostariam que fossem. Os devotos de S. Lula, o podre, acreditarão ad aeternum na inocência do picareta, a despeito de ele ter sido condenado em dois processos (em três e duas instâncias, respectivamente) e ser réu em mais meia dúzia de ações criminais.

Voltando ao morubixaba de turno, a atuação desastrosa do governo no enfrentamento da pandemia pode ter consequências. Lideranças do Congresso, ex-presidentes da República e até ministros do STF vêm discutindo nos bastidores o impedimento do alienado (ou a cassação da chapa pela qual ele e Mourão se elegeram, o que mataria dois coelhos com um paulada só). 

O movimento pró-impeachment surgiu primeiro em partidos de esquerda e na sociedade civil, mas logo se espraiou, inclusive entre grupos de direita que saíram às ruas para pedir a cabeça de Dilma em 2016. A Folha listou 23 situações que podem embasar uma acusação de crime de responsabilidade contra Bolsonaro, mas Rodrigo Maia dizia ver erros, mas não crimes no procedimento do presidente, e mantinha seu avantajado buzanfã sobre cerca de 60 pedidos de abertura de processo de impeachment. 

Quando o STF decidiu que os presidentes da Câmara e do Senado não poderiam disputar um segundo mandato dentro da mesma legislatura, Maia subiu o tom nos ataques  ao capitão. A uma semana de deixar o posto, o deputado diz que a discussão sobre o impeachment será inevitável, mas achou por bem deixar o abacaxi dos pedidos de abertura processo para seu sucessor descascar. Na política, o desafeto de hoje pode ser o aliado de amanhã. E vice-versa.

Bolsonaro apoia Arthur Lira para a presidência da Câmara (falaremos da capivara do deputado alagoano numa próxima postagem) e Rodrigo Pacheco para a presidência do Senado (o mesmo candidato apoiado pelo PT). O Psol, “pensando no bem comum”, lançou a "empolgante" candidatura da antediluviana Luiza Erundina, reduzindo a competitividade do desnorteado e combalido movimento oposicionista que sustenta a candidatura do deputado Baleia Rossi.

A despeito de todas as peculiaridade do desgoverno em curso — que é tão nefasto quanto o de Dilma, mas temperado com pitadas de crueldade —, a cantilena dos demais Poderes continua a mesma: as instituições são sólidas, as ameaças à democracia são retóricas, não há motivos para preocupação. Ledo engano. O Supremo, sem Celso de Mello — de quem eu jamais pensei que fosse sentir falta — e com Gilmar Mendes ditando as regras e exigindo obediência dos pares, empurra com a barriga decisões que possam causar desconforto para sua alteza irreal e os príncipes merdeiros.

Bolsonaro flerta com o golpismo desde sempre, com comprova a escolha do sucessor Sergio Moro no Ministério da Justiça e Segurança Pública — uma das personalidades mais patéticas do anedotário contemporâneo, que confunde “segurança nacional” com a “honra” de um presidente que estimula o desrespeito à ciência, menospreza a pandemia e chama o povo de maricas

O boicote do capitão-decepção à vacinação terá efeito direto na recuperação da economia. O cenário mais provável é que menos de 80 milhões de brasileiros tenham sido imunizados até o final do ano, o que aumenta as chances de novas medidas restritivas ao funcionamento das empresas e do comércio para evitar o colapso do sistema de Saúde. E o que fazem a respeito o suserano e seu vassalo? Insistem no negacionismo, receitam cloroquina e, pegos com as calças na mão e as cuecas manchadas de batom, mentem deslavadamente.

Simone Tebet, candidata à presidência do Senado, diz que ainda não há força suficiente, nas ruas ou na Câmara, para um processo essencialmente político, como é o caso do impeachment, avançar. Até mesmo opositores do presidente vão nessa mesma linha, ou acham que o Centrão vai barrar o impeachment, o que acirrará a polarização e terá consequências nefastas para o país.

Nada mais natural que a campanha pelo pé na bunda do trevoso comece pequena. A despeito do vulto das manifestações de 2013 — que eclodiram para protestar contra o aumento das tarifas do transporte público, mas foram adquirindo uma pauta diversa, ganhando corpo e revelando uma insatisfação com a classe política —, Dilma, a insuperável, se reelegeu em 2014 e só foi expelida em 2016.

Há quem considere junho de 2013 um mês que não terminou, que dialoga diretamente com a crise econômica e política vivida hoje pelo país. Mas isso é outra conversa. Fato é que a campanha pelo impeachment não está tão pequena assim. Embora Bolsonaro tenha ironizado as carreatas (com um sorrisinho amarelo), dizendo que “só tinha 10 carros", protestos semelhantes ocorreram país afora no sábado e no domingo (obviamente, o presidente não fez referência a eles). E carretas em dois dias seguidos, bandeiras vermelhas e verde-amarelas, gente de esquerda e de direita… e a carreata da direita saiu da Barra da Tijuca, o bairro mais bolsonarista do Rio de Janeiro, onde moram Jair, Flávio e Carlos Bolsonaro...

A ideia de que o Centrão vai barrar o impeachment é um engano. Esse bloco fisiologista e venal de marafonas congressista faz o que é bom para si mesmo. Hoje, bom para o Centrão é apoiar o capitão; se amanhã o vento mudar e o impeachment pegar fogo, os ratos abanarão o navio, deixarão o capitão na mão. Nós já vimos esse filme numa versão em que Dilma foi protagonista. E ainda que o impeachment seja derrotado, a pressão servirá ao menos para manter Bolsonaro na defensiva, minimizando seu potencial de causar (ainda mais danos) ao país. 

Dito isso, “passo a palavra” a Ricardo Rangel:

Supondo que não haja impeachment até lá, enfrentaremos uma encruzilhada em 2022. Se Bolsonaro vencer, estará renovado o mandato do pior presidente da história; se perder, o caminho será o golpe — e o roteiro está à vista de todos:

1. Bolsonaro questiona constantemente, sem fundamento, a lisura do processo eleitoral. Se perder, mentirá que a vitória lhe foi roubada e convocará seus apoiadores a “resistir” e tomar o poder na marra.

2. A máquina de fake news bolsonarista faz esforço incansável para desacreditar a imprensa, de modo que o eleitorado duvide quando ela denunciar que Bolsonaro mente.

3. Bolsonaro luta para controlar o Congresso em busca de meios com que barrar os esforços para impedir o golpe vindouro.

4. O presidente fez um “liberou geral” para a compra de armas: de 2019 para 2020, a venda mais do que dobrou. Quem está comprando não são cidadãos moderados e cumpridores da lei: é a extrema direita apoiadora de Bolsonaro.

5. Bolsonaro seduz constantemente as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros (dos quais vêm as milícias, que o presidente sempre defendeu), onde conta com forte apoio, inclusive nas patentes mais altas. Apoia um projeto de lei para reduzir o controle dos governadores sobre as PMs e criar para elas patentes de oficiais generais: se aprovada, tal lei dará aos comandantes grande autonomia, ao mesmo tempo que fará com que sintam gratidão eterna a Bolsonaro. No ano passado, ele estimulou o motim da PM no Ceará.

6. O presidente seduz também as Forças Armadas (onde não tem tanto prestígio): se conseguir uma quebra na hierarquia suficiente para que o Exército não reprima motins das PMs, isso basta.

É sedutora a tese de que nossas instituições são fortes, de que uma tentativa de golpe não terá sucesso, de que Bolsonaro não seria louco de tentar uma loucura dessas. Sedutora e equivocada. Nossas instituições são menos fortes do que gostamos de imaginar: ao contrário dos EUA, que barrou o golpe de Trump, nossa tradição não é liberal e democrática, mas corrupta e autoritária. E, mesmo que seja uma loucura, isso não significa que Bolsonaro — homem despótico, desprovido de senso crítico e com traços de paranoia — não vá tentar o golpe. Até porque sua alternativa é voltar para a planície e assistir placidamente à evolução de processos penais contra seus filhos e, possivelmente, contra ele mesmo.

Se tentar o golpe, mesmo que fracasse, Bolsonaro causará enorme dano ao país. É preciso impedi-lo, e a hora de se mexer é já. O Congresso deve eleger presidentes da Câmara e do Senado sem vínculo com Bolsonaro, repudiar a lei das PMs, criar legislação contra fake news (não é simples, admita-se) e restringir o comércio de armas. PF e Exército devem unificar e melhorar o controle de armas. O Supremo deve concluir o inquérito das fake news e punir os responsáveis. O TSE deve publicar o algoritmo das urnas eletrônicas. Governadores e comandantes das Forças Armadas devem purgar bolsonaristas radicais das tropas. 

Não tomar tais providências é cortejar o desastre no ano que vem.

sexta-feira, 27 de março de 2020

O LIVRE ARBÍTRIO SEGUNDO BOLSONARO



Diz-se que Deus deu ao Homem (com letra maiúscula para não deixar dúvidas de que estou me referindo ao ser humano, independentemente de sexo, gênero, ou seja qual for a expressão politicamente correta nestes tempos estranhos) o livre arbítrio — que o dicionário define como "a possibilidade de decidir, escolher em função da própria vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa determinante". 

Padres, pastores, rabinos e assemelhados se utilizam dessa "escapatória" — e dos dogmas, que são "pontos fundamentais que as doutrinas religiosas apresentam como verdades absolutas, certas e inquestionáveis" para explicar aos fiéis coisas que nem eles próprios entendem. "Por que criminosos matam criancinhas inocentes?" pergunta a velhinha. "Porque Deus lhes deu o livre arbítrio", responde o batina, mas acrescenta: "Só que Deus está vendo o que cada um de nós faz, e todos teremos de Lhe prestar contas dos nossos atos". Enfim, tudo faz parte de um tal "Plano de Deus", mas não se sabe ao certo no esse plano consistiria e qual seria seu objetivo.

Tudo isso para dizer que, por livre arbítrio, o presidente Bolsonaro resolveu trafegar pela contramão do bom senso e bater de frente com quase todos os governadores de 26 estados e do Distrito Federal. Uma decisão que não chega a surpreender, considerando sua maneira, digamos, peculiar de governar. Basta lembrar como ele atuou durante a tramitação da PEC da Previdência para tirar a castanha com a mão do gato — ou seja, colher o bônus sem arcar com o ônus de uma reforma impopular, mas de importância fundamental, sem a qual a fonte dos caraminguás dos quais depende a subsistência de milhões de aposentados, pensionistas e outros beneficiários do INSS iria se exaurir dentro de mais alguns anos. 

Pela mesma razão, Bolsonaro engavetou a proposta de reforma administrativa, que está pronta para ser encaminhada ao Legislativo desde o final do ano passado, sem mencionar outras estultices que visam manter mobilizados seus descerebrados apoiadores — uma versão com sinal invertido da militância fanática lulopetista. Nada o irrita mais que ser ofuscado por algum subalterno. Prova disso são as frequentes frituras de Sérgio Moro e, mais recentemente, de Henrique Mandetta, que tem recebido o apoio e o agradecimento da população por seu trabalho sério e ponderado no combate à pandemia.

Mandetta se viu obrigado a ajustar o discurso depois que desagradou o chefe ao classificar um possível colapso do sistema de saúde como "tema urgente neste momento". Em pronunciamento feito no Palácio do Planalto, o ministro pediu “calma e planejamento” para paralisações das atividades econômicas, e disse que “há lugares que pararam tanto que não tinham mecânicos para a manutenção de determinadas máquinas hospitalares, necessidades prementes que temos no dia a dia de unidades de saúde, de unidades de manutenção de água e esgoto”.

Ser ministro de Bolsonaro é conviver diuturnamente com o risco de desagradá-lo de alguma forma e ser sumariamente exonerado a qualquer momento — ou, numa linguagem que combina mais com o modo de falar de sua excelência, é como dar o c* e ter de pedir desculpas por estar de costas.

A exemplo de Lula no comando da fação criminosa que fundou e chama de partido político, Bolsonaro é incapaz de regar uma plantinha que tenha potencial para crescer e lhe fazer sombra. Daí o PT boiar sem rumo, como merda n’água e o Brasil claudicar com uma pedra no sapato que acontece de ser seu presidente. Mas o criminoso de Garanhuns é (quase) carta fora do baralho, e o capitão caverna caverna tem mais 30 meses de mandato — tempo mais que suficiente para botar a pique esta Nau de Insensatos vinha se mantendo na superfície, apesar de seu capitão, até que surgiu um vírus mutante capaz de causar tamanha catástrofe. 

À crise sanitária soma-se a econômica: desde o final de fevereiro, enquanto o número de infectados e mortos pelo “novo coronavírus” (eu detesto essa expressão) cresceu exponencialmente mundo afora e, mais adiante, o preço barril do petróleo despencou, graças à queda de braço entre o príncipe saudita Mohamed bin Salman, líder da OPEP, e Vladimir Putin, presidente da Rússia, no Brasil o dólar acompanhou a curva ascendente da Covid-19 e o Ibovespa, a trajetória descendente da commodity.

É inegável que estamos diante de algo inusitado, pelo menos neste século. No passado, entre 1918 e 1920, a gripe espanhola contaminou quase 30% da população mundial e matou dezenas de milhões de pessoas, mas os tempos eram outros e a tecnologia e os recursos da medicina, idem. Não obstante, uma recessão agravaria ainda mais o quadro, daí a importância de se implementar de maneira consciente medidas como confinamento de pessoas, paralisação da indústria e do comércio (noves fora atividades ditas “essenciais”) e outras que tais. 

Observação: Vale lembrar que a diferença entre o remédio e o veneno é a dose — em doses exageradas, ambos podem matar; em doses insuficientes, um não mata, mas o outro não cura.

Consciência e ponderação são artigos em falta nas prateleiras do presidente. Na última quarta-feira, durante videoconferência com os governadores do Sudeste, Doria disse que ele deveria “dar exemplo ao País, e não dividir a nação em tempos de pandemia“. O capitão se exaltou, chegando a chamar o governador paulista de leviano e demagogo. Acusou Doria de se apoderar do nome dele nas eleições de 2018 e depois lhe “virar as costas”, que a possibilidade de se eleger presidente em 2022 subiu-lhe à cabeça, e concluiu recomendando-lhe  que “saísse do palanque” (logo quem!). 

Após a reunião, Doria usou as redes sociais para lamentar o “ataque descontrolado” de Bolsonaro, lembrou o número de mortos pelo coronavírus no Brasil até o momento e ironizou a declaração do presidente de que “isso não passa de uma gripezinha”.

Para encerrar, segue versão resumida de um texto publicado em O ESTADÃO desta quinta-feira por Joaquim Falcão, membro da ABL e professor titular de Direito Constitucional da Escola de Direito da FGV/RJ.

“As palavras da Constituição e das leis já são legendas para alguns atos da Presidência. O art. 268 do Código Penal diz que ‘comete crime de infração de medida sanitária preventiva quem desrespeitar determinação do poder público destinada a impedir introdução e propagação de doença contagiosa’. A Lei de Impeachment diz que é crime de responsabilidade: ‘praticar ou concorrer para que se perpetre qualquer dos crimes contra a segurança interna, definidos na legislação penal’. Mas para que as palavras do impeachment vivam é preciso mais.

Um extenso devido processo legal por iniciativa dos presidentes do Congresso e do Senado exige convergir decisões dos tribunais, precisa de insatisfeitos e ofendidos, de políticos estaduais e municipais, de opinião pública esclarecida e estupefata e de mínima oportunidade e conveniência para as elites econômicas.

Bolsonaro tem contribuído para estas convergências. Ao humilhar ministros, exerce poder presidencial como humilhação de si próprio. Demitiu desavisados generais. Tentou desacreditar Sérgio Moro. Esgotou Paulo Guedes. Melancólico — mas esperançoso — é ver na televisão a imagem petrificada do ministro Luiz Henrique Mandetta, obrigado a presenciar ao vivo suas discordâncias intestinas. Bolsonaro morre de ciúmes do bom trabalho do ministro. Aliás, de qualquer ministro. Agride e ofende governadores, prefeitos, como se já fossem a oposição política que estão se tornando. Demonstra ódio sem objeto. Ou terá objeto? Qual? Estranho. Mesmo quando escolhe bem, age como se tivesse errado.

Talvez acredite que a MP sobre Estado de Calamidade Pública lhe dê poderes para acender as trevas. Desligar a palavra. Jurídica ou não. A MP limitou a lei de acesso à informação ao governo. Limita a transparência da gestão pública. Não será obrigado, por exemplo, a informar se ele próprio estará ou não com coronavírus. Agora ou no futuro. Ou revelar outros dados solicitados. Distribuição de recursos financeiros a empresas favoritas. Basta fundamentar, como Jânio Quadros: “Fi-lo porque qui-lo.”

A MP vale até dezembro de 2020. Poderia tentar adiar eleições de outubro em razão do coronavírus. Rosa Weber é pedra no meio do caminho. Mas adiando, teria tempo para constituir seu partido. Quem conseguirá primeiro concretizar ou desarmar o impeachment? Como o coronavírus, os atos de destruição da democracia também têm carga tóxica.”

Enfim, o “mito” dos bolsomínions emula a fábula da Roupa Nova do Rei, só que, ao invés de se exibir nu em pelo, o presidente vai se desnudando aos poucos, como uma stripper. Ainda não se sabe qual peça da indumentaria real cairá por último, se a máscara ou a coroa. Façam suas apostas.

sexta-feira, 20 de março de 2020

SE HOUVER AMANHÃ...


É no mínimo frustrante nossa sensação de impotência diante da pandemia do Covid-19, uma crise mundial inusitada e sem paralelo na história recente da humanidade. É certo que a Gripe Espanhola contaminou quase 30% da população mundial e matou dezenas de milhões de pessoas — no Rio de Janeiro, por exemplo, chegaram a ser registrados mil óbitos num único dia —, mas isso foi entre 1918 e 1920, antes mesmo da descoberta da penicilina.

Observação: Faço essa remissão para dar ao leitor uma ideia de quão limitados eram os recursos da medicina de então, já que antibióticos não combatem vírus e podem aumentar a suscetibilidade da pessoa a uma infecção viral (embora haja controvérsias a esse respeito).

Esse imbróglio começou na China, no final do ano passado, mas à medida que os casos aumentaram mundo afora — já são cerca de  200 mil infectados —, em Wuhan, epicentro do SARS-CoV-2, registrou-se uma única transmissão local na última terça-feira (17). A maior parte dos 78 mil chineses infectados já estão recuperados, e algumas atividades começam a voltar ao normal, com os trabalhadores retornando às fábricas (que estavam fechadas desde fevereiro). Isso se deve em grande parte ao fato de os chineses terem construído em tempo recorde 16 hospitais em Wuhan, (o primeiro ficou pronto em dez dias) para atender tanto infectados quanto qualquer pessoa que apresentasse sintomas. O maior deles, com capacidade para atender duas mil pessoas simultaneamente, deve ser fechado no final deste mês, já que o número de casos está controlado. 

É impossível negar a responsabilidade (ou irresponsabilidade, melhor dizendo) do governo chinês pelo alastramento do vírus, e de as autoridades locais terem tentado abafar os primeiros alertas sobre seus efeitos e letalidade. No dia 30 de dezembro, o doutor Li Wenliang tentou alertar seus colegas de que pacientes estavam em quarentena na emergência do hospital, mas foi acusado de estar "espalhando boatos" e, três dias depois, forçado a assinar uma advertência de que seu comportamento era “ilegal”. Ele acabou morrendo no dia 6 de fevereiro, em razão da Covid-19.

Nos dias seguintes, pessoas começaram a procurar hospitais da cidade com queixas de sintomas semelhantes ao de uma pneumonia viral, mas que não respondiam a tratamentos comuns. Os médicos notaram que todos trabalhavam no mercado Huanan, onde carnes variadas, exóticas e animais silvestres vivos eram vendidos em um ambiente pouco salubre. No dia 31 de dezembro, o governo de Wuhan foi forçado a admitir que 27 pessoas estavam infectadas com uma pneumonia desconhecida, mas afirmou que a doença era “evitável e controlável”. O escritório da OMS em Pequim também foi alertado, mas o tom do governo local era de otimismo e sugeria que não havia transmissão entre humanos.

No dia 7 de janeiro, foi anunciado que um novo vírus havia sido identificado, e no dia 9 a Covid-19 fez sua primeira vítima fatal, cuja morte só foi anunciada dois dias depois, após seu código genético ser divulgado em um banco de dados público para que pesquisadores do mundo inteiro pudessem estudá-lo. No dia 13 a Tailândia registrou o primeiro caso de Covid-19 fora da China. Dia 16, foi a vez do Japão. Com a disseminação, no dia 18 Pequim mandou a Wuhan o epidemiologista Zhong Nanshan, que anunciou em rede nacional que o vírus era transmitido entre humanos. O presidente Xi Jinping também se pronunciou, e partir daí, a resposta foi rápida. O resto é história recente.

A questão é que a maneira como Eduardo Bolsonaro — que chegou a ser cogitado para assumir o posto de embaixador do Brasil nos EUA — tratou essa questão não foi lá muito diplomática. Em seu perfil oficial no Twitter, ele sugeriu que o Estado chinês teria escondido “algo grave” e comparou o caso com ChernobylO embaixador da China no Brasil repudiou a publicação e exigiu pedido de desculpas. Zero três tornou a emenda pior que o soneto, o que levou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a apresentar um pedido de desculpas.

Bolsonaro pai, habitualmente loquaz, não deu um pio, mas o vice, general Hamilton Mourão — que teve papel decisivo na reaproximação do Brasil com China após o então candidato a presidente ter disparado declarações hostis ao país asiático durante toda a campanha eleitoral — tentou minimizar o impacto: “(A declaração) não é motivo de estresse, pois a opinião de um parlamentar não corresponde à visão do governo. Nenhum membro do governo tocou nesse assunto”, disse Mourão ao Estado. Já o governador de São Paulo, João Doria, chamou de “lamentável” e “irresponsável” a postagem do deputado fritador de hambúrgueres.

Em situações como a que estamos atravessando, mais importante que apontar o dedo para o eventual culpado é RESOLVER O PROBLEMA. O resto se vê depois. Os mercados estão instáveis, com o dólar acima dos R$ 5 e a bolsa amargando quedas expressivas — após encostar nos 120 mil pontos em 23 de janeiro, o Ibovespa desceu de elevador o que levou um tempo enorme para subir pela escada. Por volta das 16h30 de ontem, quando eu finalizava este texto, a B3, depois de diversos picos e vales, operava em alta de 3%, perto dos 69 mil pontos, mas a montanha russa deve prosseguir até o fechamento e nada indica que não se repita nos próximos dias.

São Paulo, capital da locomotiva do Brasil e maior metrópole da América Latina, ainda não virou uma cidade-fantasma, mas o trânsito e a circulação de pessoas diminuíram dramaticamente. Nos supermercados, desmiolados lotam carrinhos com álcool em gelisso quando encontram o produto nas gôndolas — e papel higiênico — talvez com receio de toda essa paúra lhes desarranjar os intestinos. Ontem à noite, opositores e apoiadores de Bolsonaro fizeram panelaços, indiferentes ao fato de estarmos em meio a uma tormenta de dimensões épicas, e que precisamos remar juntos e na mesma direção, ou esta nau de insensatos irá a pique e nós estaremos fodidos e mal pagos.  

Os ataques de Bolsonaro & Filhos ao Congresso visam manter mobilizada a claque de apoiadores. O capitão está de olho na reeleição desde que subiu a rampa do Planalto, mas foi eleito para governar para todos, em que pesem diferenças político-ideológicas e de visão do mundo. Com sua postura beligerante, vem desfazendo velhas amizades, transformando correligionários em desafetos e aliados de primeira hora em adversários. 

Embora jamais tenha sido o candidato de nossos sonhos (noves fora os bolsomínions, que são uma versão com sinal invertido da militância lulopetista), Bolsonaro acabou se tornando a única alternativa à volta do PT graças aos votos do esclarecidíssmo eleitorado tupiniquim no primeiro turno. E a despeito de estar se saindo pior como presidente do que como candidato, temos de aturá-lo até 2022 e torcer pelo sucesso do seu governo, pois disso depende o futuro do Brasil e, em última análise, o de todos nós. Portanto, não é o momento de falar em impeachment, de bater panelas ou convocar manifestações de rua (tanto contra quanto a favor do governo). 

Observação: Ao assumir o comando da Famiglia Corleone com a “aposentadoria” do pai — Don Vito, o “padrinho” (tanto no livro de Mario Puzo quanto na trilogia dirigida por Francis Ford Coppola o título “The Godfather”, que significa “O Padrinho”, foi traduzido como “O Poderoso Chefão”) —, Michel apeou o irmão de criação, Tom Hagen, do posto de consiglieri, dizendo-lhe que não havia ninguém melhor que o pai para aconselhá-lo, mas o fato é que Hagen não era um conselheiro para tempos de guerra (e aí seguiu-se a execução sumária dos capi das famílias mafiosas rivais, mas essa é uma outra conversa).  

Se servir de consolo, é bom lembrar que Bolsonaro é o presidente desta banânia, mas há no governo gente do quilate de Paulo Guedes Sérgio Moro, entre outros aliás, o ministro Luiz Henrique Mandetta vem demonstrando habilidade e competência para lidar com as imensas dificuldades impostas pelos limitados recursos do nosso sistema de saúde. Se o capitão não atrapalhar, conseguiremos superar mais essa crise. E que sirva de lição para apedeutas munidos de título eleitoral praticarem o árduo exercício do raciocínio — que está longe se ser o esporte preferido dos brasileiros. Assim, talvez nas próximas eleições possamos escolher o melhor candidato nas próximas em vez de eleger o menos ruim para evitar a volta do pior.

Por hoje chega. Amanhã tem mais. Isso se houver amanhã.

terça-feira, 17 de março de 2020

CONTRA EPIDEMIA, BRASIL TEM DE PARAR — E AS CONTAS, COMO FICAM?



Está difícil. A qualquer minuto, dizem médicos respeitadíssimos, os governos e as redes sociais, o sujeito pode pegar um coronavírus ao botar o pé para fora de casa, e a partir daí não está claro se ele vai ter uma gripe, se não vai acontecer nada ou se vai cair morto. Epidemiologistas afirmam que o governo deveria adotar providências a fim de impedir ou limitar aglomerações e movimentações de pessoas, suspender aulas em escolas e universidades, espetáculos esportivos e artísticos, cultos religiosos e qualquer grande reunião, bem como restringir a presença física em locais de trabalho e a circulação pelas cidades.

Ler sobre o assunto, em geral, só aumenta a sua própria confusão mental, visto que lhe jogam em cima 1.000 notas, avisos, vídeos, áudios, fotos, etc., que se repetem ou se contradizem uns aos outros. Para completar, começam a surgir, agora, dúvidas cada vez angustiantes sobre outras aflições da vida. Vou perder meu emprego? Vou fechar a minha empresa? Vou ficar sem um tostão no bolso?

O noticiário é tenebroso. As bolsas caem tanto, em todos os países do mundo, a ponto de suspenderem os pregões. O dólar passa dos R$ 5,00. As companhias de aviação, a continuar essa procissão, estão a caminho da falência porque a cada dia um país diferente proíbe voos vindos do exterior, e os passageiros não podem mais comprar passagens, mesmo que queiram. Na sequência, quebram os hotéis e o restante da indústria de viagem. Segue-se a falência dos fornecedores.

As indústrias não poderão operar se os operários não puderem frequentar ambientes onde há outras pessoas. O mesmo vale para o grande, médio e pequeno comércio. Faltam peças e componentes importados. E se proibirem as pessoas de andar de ônibus, metro ou trem? Estão sendo suspensos shows, disputas esportivas, convenções, congressos (inclusive congressos médicos) e mais todo o tipo de atividade onde existe público.

Empresas que podem adotam, pelo menos em parte, o “teletrabalho”. A Amazon quebra, porque não há mais gente para fazer as entregas. A Netflix morre por falta de gente para ver seus filmes. Os governos (o do Brasil, por exemplo, já está quebrado muito antes de qualquer vírus) param porque não há mais funcionários, nem impostos. Ao fim e ao cabo, o que sobra?

Há duas possibilidades: ou a onda passa, e passa relativamente logo, ou o mundo acaba. Como a segunda hipótese é pouco provável, mesmo porque é impossível dar tudo errado durante o tempo todo, sobra a primeira. Há estimativas, nas quais você acredita se quiser, que as coisas vão piorar durante os próximos três, quatro ou cinco meses, e depois começarão inevitavelmente a melhorar — porque o contágio se esgota e o combate à epidemia se torna mais eficaz. Muito do mal, entretanto, já está feito.

A economia mundial não vai crescer como se poderia esperar — na verdade, o que se espera agora é exatamente o contrário. No Brasil, especialmente, a situação é delicada. Não apenas a estrutura de saúde, pública ou particular, não está equipada para enfrentar uma epidemia dessas proporções — atenção: a de nenhum país está, mesmo no primeiro mundo, porque era impossível prever o coronavírus e executar, durante anos, o volume de obras para enfrentá-lo –, mas na própria economia em si. O Brasil vem de um não-crescimento de 1% em 2019. A reação que se poderia esperar para este ano, pela excelente posição dos principais fundamentos econômicos, já parece travada — até porque a maioria das empresas, dos investidores e dos consumidores tem certeza de que está travada.

O ministro Paulo Guedes disse que o país tem “capacidade e velocidade de escape” para enfrentar a crise. Não se sabe bem o que é isso, mas é certo que a urgência das reformas se torna cada vez mais vital. O Brasil, sem nenhum vírus, já não tinha outra escolha que não fosse transformar radicalmente o seu Estado. Agora, então, continuar a não mexer em nada parece uma clara tentativa de suicídio.

Entrementes, Bolsonaro, ignorando riscos de disseminação do vírus em aglomerações de pessoas, sobre os quais ele próprio havia alertado, não só voltou a estimular como também aderiu aos protestos pró-governo e contra o Congresso e o STF no último domingo, que foram mixurucas no tamanho — nem todos os eleitores do capitão são golpistas, mas todos os golpistas votaram nele, e foi esse pedaço do seu eleitorado, o pior pedaço, que desceu ao asfalto —, mas tiveram um gigantesco significado político. "Não tem preço", reagiu Jair Bolsonaro ao confraternizar com apoiadores. Engano. Haverá um preço. E ele será alto.

O governo enfrenta um par de crises: a pandemia da COVID-19 e o raquitismo do PIB. O bom senso recomendaria buscar aliados e evitar brigas. Mas Bolsonaro achou que seria uma boa ideia associar-se a uma manifestação com ataques ao Judiciário e, sobretudo, ao Legislativo. Descobrirá nos próximos dias o seguinte: pior do que duas crises, só três crises.

Imaginou-se que o país viveria uma fase benfazeja, com a aprovação de novas reformas sem mensalões nem petrolões, mas o capitão substituiu o presidencialismo de cooptação pelo governo de trincheira, e o Legislativo, em resposta, levou a irresponsabilidade fiscal às fronteiras do paroxismo. Sob refletores, o governo foi à mesa de negociações; nos bastidores, o presidente detonou seus negociadores. O general Augusto Heleno forneceu munição à ala golpista chamando os congressistas de “chantagistas”, antes de arrematar em grande estilo: “Foda-se!”. Fornicou-se apenas o interesse público, pois os parlamentares responderam à hostilidade explodindo no colo de Bolsonaro uma pauta-bomba de R$ 20 bilhões — dinheiro que não existe nos cofres do Tesouro.

O deputado Marcelo Ramos, presidente da comissão que colocou em pé a versão de reforma previdenciária aprovada pelo Legislativo ano passado, sinaliza o que está por vir: “A ida do presidente às manifestações deixa claro que ele não tem nenhuma responsabilidade com a agenda econômica do país; se tivesse, estaria procurando unir o povo em torno dela e não dividir o povo em torno de pautas antidemocráticas e secundárias.” E acrescentou: "Bolsonaro se entrincheira no seu gueto de radicais, que é cada vez menor, já que ninguém com o mínimo de bom senso pode continuar acreditando nisso como um caminho razoável para o desenvolvimento e o futuro do país."

Paulo Guedes continua pressionado pelas duas emergências que o assediavam na semana passada e ainda terá de lidar com o desafio de levar à vitrine medidas emergenciais contra os efeitos tóxicos do coronavírus. Além de renovar seus argumentos em favor do destravamento das reformas no Congresso, o ministro terá de lidar com um presidente que decidiu dar de ombros para as recomendações médicas sobre o coronavírus para se isolar numa quarentena com o golpismo. O preço político do isolamento será alto. Num país que ainda convive com quase 12 milhões de desempregados, Bolsonaro logo descobrirá que golpes retóricos não criam empregos. Mas então pode ser tarde demais.

Com J.R. Guzzo e Josias de Souza

quarta-feira, 22 de julho de 2020

PRÓXIMAS ATUALIZAÇÕES DO WINDOWS 10, UMA PITADA DE HISTÓRIA E OUTRA DE CULTURA INÚTIL

O BRASIL PRECISA MENOS DE INSULTOS E MAIS DE SOLUÇÕES.

Vimos que o Windows 10 Iron (ou versão 21H1, que parece nome de vírus de gripe) deve ser lançado no primeiro semestre de 2021 e promete vir recheado de novidades. 

O cronograma de atualizações da Microsoft prevê o lançamento de um update de recursos ainda este ano (lá pelo final de setembro ou começo de outubro), mas, até onde se sabe, ele se limitará a corrigir bugs e fazer outros ajustes internos, ou seja, não deve introduzir mudanças daquelas que saltam aos olhos dos usuários. 

Essa alternância já foi observada nas duas últimas atualizações semestrais: a versão 1909, liberada há pouco mais de um mês, trouxe uma porção de inovações, ao passo que a anterior, 1903 estava mais para um service pack de antigamente do que para um update de recursos como manda o figurino.

Observação: Ao disponibilizar o Win 10 como serviço, em junho de 2015, a Microsoft modificou significativamente sua política de atualizações: foram-se os tradicionais service packs e vieram os updates semestrais de conteúdo — o primeiro foi lançado em julho de 2016, quando o Win 10 completou um ano, e não à toa foi chamado de Anniversary Update). De se ressaltar que as atualizações de qualidade — correções de segurança e confiabilidade — foram mantidas e sua periodicidade mensal, preservada (toda segunda terça-feira de cada mês, daí elas serem conhecidas como Patch Tuesday).

Mudando de um ponto a outro, no dia 4 abril de 1975 dois jovens amigos, ambos fanáticos por tecnologia, fundaram uma empresa “de garagem” para desenvolver e comercializar interpretadores BASIC voltados ao Altair 8800 (que é tido e havido como o precursor dos computadores pessoais). 

Por interpretadores, entendem-se programas de computador que leem um código fonte a partir de uma linguagem de programação interpretada e o converte num código executável; por programa, um conjunto de instruções em linguagem de máquina que descrevem uma tarefa a ser realizada pelo computador; por instrução, uma operação única executada por um processador, que pode ser qualquer representação de um elemento num programa executável, tal como um bytecode (formato de código intermediário entre o código fonte, o texto que o programador consegue manipular e o código de máquina que o computador consegue executar); por conjunto de instruções, a representação em mnemônicos do código de máquina que facilita o acesso ao componente. 

Observação: A grande vantagem do bytecode está na combinação da portabilidade — o bytecode irá produzir o mesmo resultado em qualquer arquitetura — com a prescindibilidade do pré-processamento típico dos compiladores. Em outras palavras, ele pode ser definido como um produto final, que dispensa a validação da sintaxe (conjunto de regras que definem as sequências corretas dos elementos de uma linguagem de programação)e dos tipos de dados (entre outras funções dos compiladores).

Se a ficha ainda não caiu, os jovens que mencionei no primeiro parágrafo não são mais tão jovens assim. Willian Henry Gates III está com 64 anos e Paul Gardner Allen estaria com 67 se não tivesse morrido em 2018. A empresa que eles fundaram é a Microsoft — cujo nome advém da combinação de microcomputador e software — e o Altair 8800, uma geringonça baseada na CPU Intel 8080, vendida na forma de kit (a montagem ficava por conta de quem o comparasse) por intermédio da revista norte-americana Popular Electronics

A primeira versão dessa engenhoca não passava de uma caixa de metal repleta de luzes vermelhas, operada por chaves, e que não tinha qualquer utilidade prática, mas era fácil de montar... e as pessoas compravam porque achavam legal montar um computador (tanto assim que as vendas superaram em 10 vezes as expectativa mais otimistas de seu idealizador).

Dez anos depois de fundarem a Microsoft, Gates e Allen criaram uma interface gráfica que rodava no MS-DOS. A essa altura, os computadores pessoais já haviam evoluído um bocado, mas, salvo raríssimas exceções, não dispunham de uma interface gráfica, e operá-los exigia conhecimentos avançados de programação, além da memorização de centenas de intrincados “comandos de prompt”, baseados em texto e parâmetros. 

prompt — ponto de entrada para a digitação de comandos do DOS e outros comandos internos do computador — é geralmente representado pela letra correspondente à partição do sistema, seguida de dois pontos, uma barra invertida e o sinal de “maior que” (C:>), embora outros elementos sejam adicionados conforme se navega pelos diretórios, pastas e arquivos. Os comandos precisam ser inseridos cuidadosamente, pois um espaço a mais ou a menos, um caractere faltando ou sobrando ou qualquer erro de digitação resulta na exibição de uma mensagem de erro.

Antes de deixarmos no passado o que ao passado pertence, é bom lembrar que o DOS — ou MS-DOS, como a Microsoft batizou sua versão desse vetusto "sistema operacional baseado em disco" — foi o SO propriamente dito até  o Windows 95, que se pretendia um sistema operacional autônomo. Na verdade, ele quase chegou lá, porque o DOS continuou atuando nos bastidores e sobreviveu à virada do século. O cordão umbilical só foi cortado em outubro de 2001, com o lançamento do XP, cujo estrondoso sucesso fez dele a versão mais longeva de toda a história do Windows (seu suporte estendido foi encerrado somente em 2014).

Observação: O nome "XP" deriva de eXPerience. Foi o primeiro sistema operacional produzido pela Microsoft com vistas ao usuário final construído a partir da arquitetura e do kernel (núcleo) do Windows NT 5.1, e por isso foi considerado sucessor tanto do Windows 2000, voltado ao mercado empresarial, quando do malfadado Windows ME, focado no usuário doméstico.

Por hoje está de bom tamanho. O resto fica para os próximos capítulos.

domingo, 20 de dezembro de 2020

MAIA DÁ NOMES AOS BOIS, MAS NÃO PÕE ORDEM NO CURRAL

 

Em 2018, para impedir que o criminoso Lula guindasse sua quadrilha de volta ao poder, elegemos um parlamentar medíocre, inclusive mau militar — como o General Ernesto Geisel classificou o capitão da reserva Jair Messias Bolsonaro, que foi expelido da caserna por indisciplina e insubordinação

Durante a campanha, visando aliciar os mercados e obter o apoio do empresariado, o então candidato convidou Paulo Guedes para comandar a Economia (e assim o superministro embarcou numa canoa que deveria saber furada). 

Para endossar a promessa de promover a maior cruzada contra a corrupção da história e conquistar a confiança de quem estava até os tampos com a roubalheira de Lula, do PT e de seus satélites, o capitão-honestidade, adepto desde sempre das práticas da baixa política e amigo de milicianos, convidou o ícone da Lava-Jato para comandar a pasta da Justiça (e assim Sérgio Moro embarcou numa canoa que deveria saber furada). 

E para rebater a acusação de que acabaria com os programas assistencialistas, prometeu criar o abono natalino para o Bolsa Família, que qualificou de “uma grande conquista dessas pessoas que tanto necessitam e ficaram esquecidas por muito tempo” (o respectivo ato normativo foi assinado em 11 de abril de 2019).

Acabou que a pandemia da “gripezinha” superou a expectativa do presidente, tanto em número de vítimas fatais (que, segundo o vaticínio do capitão-oráculo, seria inferior ao da gripe H1N1) quanto em gastos (noves fora a roubalheira; de acordo com o TCUR$ 54,7 bilhões desceram pelo ralo da corrupção via fraudes envolvendo o Auxílio Emergencial). Assim, o país se viu na situação da maioria dos trabalhadores tupiniquins — que, quanto tem emprego, vê sobrar mês no fim do salário). Em outras palavras, a festa acabou, a fonte secou e a popularidade caiu (notadamente entre os mais pobres, sobretudo nos estados do norte e nordeste, para os quais os R$ 600 mensais do Corona-Voucher, que deixa de ser pago este mês, equivalia a quatro meses de Bolsa Família).

Para não arcar com o ônus, o capitão-conversinha fez o de sempre, ou seja, culpou a vítima da vez. Aliás, da mesma forma como Lula nunca via nada, nunca sabia de nada, Bolsonaro nunca tem culpa de nada: se não deu certo, foi porque o Congresso atrapalhou, se não funcionou, foi porque o STF não deixou... e por aí vai. No caso em tela, o “culpado” de turno foi Rodrigo Maia. Em sua live da última quinta-feira, disse sua excelência: "Sabia que não teve (13° para o Bolsa Família) nesse ano? Foi promessa minha? Foi. Foi pago ano passado? Foi. Mas, o presidente da Câmara deixou caducar a MP. Vai cobrar de mim? Cobra do presidente da Câmara". A questão é que a MP não foi votada por causa de uma articulação do próprio governo, que custaria R$ 8 bilhões aos cofres públicos.

No dia seguinte, assim se manifestou Paulo Guedes: “Sou obrigado, contra minha vontade, a recomendar que não pode ser dado o 13.º do Bolsa Família. É lamentável, mas precisa escolher entre um crime de responsabilidade (13.º) e a lei.” O ministro explicou ainda que a exceção dada pelo Congresso por meio do orçamento de guerra, que livrou o governo de amarras fiscais e da necessidade de compensações, vale apenas para gastos relacionados à pandemia, o que não é o caso do 13.º do Bolsa Família. “Acabou esse espaço fiscal”, disse.

A fala do Posto Ipiranga foi endossada pelo líder do governo na Câmara. Ricardo Barros foi a plenário e confirmou que a MP não foi votada a pedido do governo. “Não havia recursos para isso, e portanto, o Ministério da Economia pediu que essa medida não fosse votada”, disse, pedindo ainda que a MP da prorrogação não fosse colocada em votação porque seu efeito já havia sido cumprido, o que o presidente da Casa acatou.

Na tarde de sexta-feira, foi a vez de Rodrigo Maia usar a tribuna para contra-atacar, acusando Bolsonaro de participar de uma articulação para desmoralizar adversários: Mais um episódio ocorrido ontem quando, infelizmente, o presidente da República mentiu em relação a minha pessoa. Aliás, muita coincidência, a narrativa que ele usou ontem e a narrativa que os ‘bolsomínions’ usam há um ano comigo, em relação as MPs [Medidas Provisórias] que perdem a validade nessa Casa, é a mesma narrativa. É uma articulação conjunta para desqualificar e desmoralizar a imagem dos adversários do Presidente da República”.

Maia, que depois de seu discurso recebeu apoio de diversos líderes, inclusive da oposição, disse ainda que Bolsonaro foge das suas responsabilidades como presidente e que o país só não tem um novo programa social, ou um fortalecimento do Bolsa Família, por responsabilidade do presidente. “Se o presidente da República tivesse tido coragem, podíamos estar discutindo o 13º do Bolsa Família aqui hoje, podíamos estar discutindo a expansão do auxílio emergencial aqui hoje. Se hoje o governo não consegue promover uma melhora no Bolsa Família para esses milhões de brasileiros que ficarão sem nada a partir de 1º de janeiro, a responsabilidade é exclusiva dele (do presidente).”

Maia afirmou ainda que o Congresso assumiu a liderança durante a pandemia, aprovando medidas, porque o governo, movido pelo negacionismo do presidente e pela inação de Guedes, que passou mês no Rio de Janeiro, não fez absolutamente nada. “Garantimos o país funcionando porque o negacionismo do governo e a depressão do ministro da Economia fizeram com que o Parlamento assumisse esse papel”, disse o presidente da Câmara, que tenta articular um nome para contrapor ao líder do PP, Arthur Lira, apoiado por Bolsonaro. Um dos motivos do apoio do presidente a Lira, já declarado por várias vezes, é a promessa de que o deputado irá levar adiante medidas barradas por Maia, como a ampliação do porte de arma.

Estarei onde sempre estive: do lado da democracia, contra a agenda de costumes que divide o Brasil, que radicaliza o Brasil, que gera ódio entre as pessoas. E como essa é a agenda do presidente, eu continuarei sendo um leal adversário do presidente da República naquilo que é ruim para o Brasil e serei um aliado do governo, e não do presidente da República, nas pautas que modernizam o Estado brasileiro”, encerrou Maia.

Veja a íntegra do discurso:

O SR. RODRIGO MAIA (DEM – RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Eu vou aproveitar o pedido da Líder Deputada Sâmia Bomfim e do Líder Deputado Ricardo Barros e o episódio – mais um episódio – ocorrido no dia de ontem, Líder Deputado Aluisio, quando infelizmente o Presidente da República mentiu em relação a minha pessoa.

Aliás, é muita coincidência a narrativa que ele usou ontem com a narrativa que os “bolsominions” usam há um ano comigo em relação às medidas provisórias que perdem validade nesta Casa. É a mesma narrativa! A narrativa que eu deixei caducar a medida provisória do 13.º não vem de hoje. Peguem as redes sociais dos extremistas “bolsominions” que vocês vão ver lá: “Rodrigo Maia derruba e caduca medida provisória do 13.º do Bolsa Família e do BPC”. Então, há uma articulação conjunta para desqualificar e desmoralizar a imagem dos adversários do Presidente da República.

Mas hoje, o próprio Ministro Paulo Guedes confirmou que o Presidente é mentiroso, quando disse que de fato não há recursos para o 13.º do Bolsa Família.

Então, eu acho que essas coisas para um País com a dificuldade que estamos passando, com a dificuldade que vamos passar a partir de 1º de janeiro com o fim da PEC da Guerra, que todos os partidos aqui votaram, do PSOL ao PSL, todos colaboraram e deram as condições para o Governo governar o nosso País, eu acho que nós deveríamos estar mais preocupados em sentar em uma mesa dialogando sobre o nosso futuro do que tentar transferir responsabilidade para os outros.

Quando você disputa um eleição para ser Presidente do Brasil, você assume a responsabilidade de dar um norte para o nosso País. Infelizmente não é o que tem acontecido nos últimos 2 anos.

Digo mais, se o Presidente da República tivesse tido coragem, nós podíamos estar discutindo, sim, o 13.º do Bolsa Família aqui hoje, podíamos estar discutindo a expansão do Auxílio Emergencial aqui hoje.

É claro que a visão da esquerda em relação a esse caminho é diferente da nossa visão, que somos liberais na economia, mas, mesmo no nosso campo, fizemos muitas propostas. Muitos economistas considerados liberais e um grupo grande de economistas de São Paulo fizeram uma proposta para a expansão do Auxílio Emergencial ou ampliação e fortalecimento do Bolsa Família, que não seria muito diferente. Claro que do nosso campo, com restrições nas despesas públicas, respeitado o Teto de Gastos.

Hoje aqui não estamos discutindo o novo programa social para o Brasil, porque o Presidente da República proibiu o Senador Marcio Bittar — ou pelo menos o indicou. Claro que ele não pode proibir um Senador de nada —, mas indicou o Senador da PEC Emergencial, que aliás foi prometida por este Governo para ser votada em 05 de dezembro do ano passado, mas o Presidente pediu que nada de gatilho fosse votado.

Nós que temos uma visão liberal na economia tentamos trazer os gatilhos para dentro do projeto de lei, que votamos anteriormente, o PL 101, mas o Governo não consegui as condições. O Deputado Ricardo Barros tentou, mas não conseguiu.

Então, se hoje o Presidente não consegue promover uma melhora ou uma expansão do Bolsa Família para esses milhões de brasileiros que ficarão sem nada, a partir de 1º janeiro, a responsabilidade é exclusiva dele, que tem um governo que é liberal na economia, mas não tem coragem de implementar essa política dentro do Governo e principalmente no Parlamento.

Eu escrevi um artigo longo, de uma página quase inteira, no jornal Folha de S. Paulo, em setembro, quando eu dizia que para criar um programa social — isso respeitando a posição daqueles que acham que o Teto de Gasto está errado, que essas restrições estão erradas. Eu acho que são visões distintas para se chegar ao mesmo objetivo, que era um auxílio mais amplo, a partir de 1º de janeiro. Eu escrevi um longo artigo falando sobre o Teto de Gastos e de onde poderiam vir os recursos para a ampliação do Bolsa Família e para a modernização do Cadastro Único, que não pode ser encerrado. Ele tem que ser modernizado, utilizado de forma de melhor qualidade por parte do Governo.

Eu escrevi coisas que, talvez em setembro, com uma eleição no Rio de Janeiro, com o DEM disputando a Prefeitura, com o meu pai disputando uma eleição para Vereador, talvez não fosse o melhor momento para eu dizer que precisaríamos desindexar as aposentadorias, precisaríamos acabar com o abono salarial, precisaríamos acabar com o seguro defeso, precisaríamos também acabar com a indexação de outros contratos do Governo, com alguns auxílios que os servidores e os militares recebem. Talvez em setembro não fosse um momento adequado. Talvez o adequado, se eu quisesse usar politicamente a Presidência da Câmara, era ter votado a Medida Provisória nº 1.000, faltando uma semana para a eleição.

Nós saberíamos… Nós sabemos qual seria o resultado dessa votação. Nós sabemos qual seria o resultado dessa votação. Eu, por responsabilidade da minha visão de Brasil e de gasto público, concordando com a visão do Governo de que a medida provisória já fez seus efeitos e entendendo que o Governo não teve a coragem de jogar a PEC Emergencial do Senado, no plenário, para que fosse aprovada, e nem de utilizar a nossa, do Deputado Pedro Paulo, que está aprovada desde dezembro do ano passado na CCJ e que vai na mesma linha, entendo que infelizmente o Governo não tem condições de tratar da ampliação de nenhum gasto público, senão estará cometendo crime, já que, a partir do próximo ano, a LRF, a regra de ouro e o próprio teto de gastos voltam a funcionar da mesma forma que antes da PEC de Guerra, que todos nós aqui, de forma quase unânime, aprovamos para o bem do Brasil.

Então, eu quero deixar esse registro. É óbvio que nós queremos construir as condições para… não vou dizer para o 13.º do Bolsa Família, porque acho que essa não é a melhor palavra. Seria uma melhoria da transferência de renda para as atuais famílias e para novas famílias que, por essa crise, vão precisar dos recursos, até porque nós sabemos que o crescimento de 4% no próximo ano, Deputado Aluisio, diante de uma queda de 4,5% a 5% nesse ano, equivale a quase zero de crescimento, é apenas o efeito estatístico.

Portanto, o que nós deveríamos fazer — e foi o que eu propus, mas infelizmente não vai acontecer, porque o Senado também não quer — era não termos recesso, nem a Câmara nem o Senado nem o Judiciário, para que, juntamente com o Poder Executivo, com o fim do estado de calamidade, com o fim da PEC de Gerra, nós pudéssemos em janeiro trabalhar na construção de um programa social dentro da realidade do Brasil, de um orçamento primário na ordem de 1 trilhão e 485 bilhões, que é o orçamento primário que o Brasil tem, lembrando que 1 trilhão e 410 bilhões são despesas correntes. Há um espaço muito pequeno para que se possa mexer com investimento e ampliação de gastos públicos.

Eu fiz questão de fazer esse registro, Líder Molon, porque não vieram de hoje as agressões convergentes do Presidente e de seus aliados radicais nas redes sociais contra a minha pessoa, porque o Presidente não gosta de adversários que jogam de forma aberta e transparente. Ele prefere os aliados — ele vai conhecer, um dia, alguns — que estão sempre jogando pelas costas, e, quando podem, nós sabemos o que fazem com os Governos. Então, eu fiz questão de fazer esse registro.

Ontem, de fato, eu fiquei muito irritado, porque eu nunca poderia imaginar que, em um País como o Brasil, um Presidente da República pudesse, de forma mentirosa, tentar comprometer a imagem do Presidente da Câmara ou de qualquer cidadão brasileiro. E, sem falsa modéstia, foi a Câmara dos Deputados que comandou o País no ano passado, quando o Bolsonaro ficava nos ameaçando nessas redes sociais dele. Na pandemia, quando o Ministro da Economia ficou 1 mês no Rio de Janeiro, o Presidente ficou negando a pandemia e o Ministro da Economia disse que com 5 bilhões de reais ele aniquilava o Coronavírus — revista Veja, entrevista do mês de março —, fomos nós, unidos, e o Senado que construímos os caminhos.

Construímos o auxílio emergencial; construímos a PEC de Guerra, com data para acabar, diferentemente das outras crises; construímos as soluções das medidas provisórias de crédito, porque o Governo mandou medidas fracas, com textos ruins, que só foram executadas depois da aprovação do Congresso; aprovamos recursos para a cultura, para o esporte, para os profissionais de saúde, para as comunidades indígenas; garantimos que o País funcionasse, porque o negacionismo do Governo e a depressão do Ministro da Economia fizeram com que o Parlamento assumisse esse papel.

Esse foi o motivo de, no meio da pandemia, ele ter vindo com tantas agressões.

Eu poderia agora — e tenho muitos pedidos no meu WhatsApp — anunciar aqui que colocaríamos em votação a Medida Provisória nº 1.000, mas, como disse o Líder do Governo, não há interesse, por parte da base do Governo e do próprio Governo, em votar essa matéria porque ela já fez os seus efeitos. No entanto, eu precisava fazer o meu discurso para resguardar a imagem desta Casa e da minha Presidência porque amanhã a narrativa vai deixar de ser o 13.º do Bolsa Família e vai passar a ser outra e o Presidente pode vir a dizer que nós é que acabamos com o auxílio emergencial porque não votamos a medida provisória.

Então, foi muito importante o Governo entrar em obstrução contra a Medida Provisória nº 1.000 — isso foi muito importante, isso está registrado na imprensa, está registrado em plenário — porque nós queremos, tenho certeza, e estamos dispostos ainda a trabalhar no mês de janeiro e a construir caminhos para que 8, 10, 12 milhões de brasileiros possam ser incluídos no Bolsa Família de forma a respeitar o Orçamento primário. É claro que aqui temos visões diferentes de como chegar a isso, mas, no campo liberal da economia, ainda queremos e estamos dispostos — e sei que o plenário inteiro está, até para discutir as matérias — a discutir esses caminhos.

E os nossos caminhos passam pela PEC Emergencial, pela reforma tributária, pela discussão da reforma administrativa, mas não para perseguir servidor, e sim para valorizá-lo, para valorizar a qualidade do serviço público. É disso que estamos tratando. É claro que alguns olham apenas cortes, cortes, cortes, mas não adianta cortar se não dermos condições para que o servidor atenda bem ao cidadão brasileiro.

Eu fiz questão de fazer este registro — sei que ele está sendo longo, que não é a primeira vez e tenho certeza de que não será o último — porque continuarei no mesmo lugar que sempre estive: ao lado da democracia e contra a agenda de costumes, que divide o Brasil, que radicaliza o Brasil, que gera ódio entre as pessoas. Como essa é a agenda do Presidente, continuarei sendo um leal adversário do Presidente da República naquilo que é ruim para o Brasil, mas serei um aliado do Governo, e não do Presidente, nas pautas que modernizem o Estado brasileiro, respeitando o limite de gastos, já que a nossa carga tributária é muito alta e a população não merece mais uma vez pagar a conta da incompetência e da falta de coragem do Governo em enfrentar aquilo que prometeu que é a reestruturação das despesas públicas, começando pela PEC Emergencial.

Muito obrigado pela atenção. Fica aqui o meu registro na tarde de hoje. (Palmas.)