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domingo, 3 de junho de 2018

GREVE GERAL NA PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA É FAKE NEWS


O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse na última sexta-feira que os órgãos de inteligência estão atentos a vídeos e notícias falsas que incitam a retomada da paralisação dos caminhoneiros e dizem que o governo não cumpre o acordo. Se for necessário, segundo ele, serão tomadas providências. " Não vai ficar sem punição quem tentar descaracterizar a verdade dos atos praticados pelo governo".

Ainda de acordo com o ministro, os pontos do acordo feito com os caminhoneiros já estão em vigor: a não cobrança de pedágio do eixo suspenso, em vigor desde ontem, a reserva de 30% de frete na Companhia Nacional de Abastecimento para caminhoneiros autônomos, e a tabela de preço mínimo para o frete. O desconto de R$ 0,46 por litro de óleo diesel deve chegar às bombas de combustível até a próxima segunda-feira (4).

Carlos Marun, ministro da Secretaria de Governo, afirmou que a partir de segunda-feira os postos de combustíveis deverão afixar o valor cobrado pelo litro do diesel no último dia 21 e maio e o valor atual com a redução dos R$ 0,46.

Segundo O SENSACIONALISTA, a tal “Ponte para o Futuro” do presidente foi bloqueada por caminhoneiros. E ninguém passa. Temer pode não chegar ao fim de seu mandato por falta de combustível — e parece quem ninguém está disposto a ajudar a empurrar.

Para os analistas, a paciência da população com o governo está na reserva — na reserva militar, segundo alguns. Pelas estradas do país, manifestantes pedem a volta da ditadura, da tomada de dois pinos e do jogo da cobrinha da Nokia. Eles só se esquecem de que, ao contrário do jogo da cobrinha, no mundo real quem morre não tem duas vidas.

sábado, 26 de maio de 2018

BRASIL ― ALGUMA COISA ESTÁ MUITO ERRADA




Em meio à paralisação dos caminhoneiros, professores do ensino básico de 34 escolas da rede particular da cidade de São Paulo suspenderam as aulas na última quarta-feira (23), em protesto contra a redução do recesso de final de ano, o cancelamento do direito a bolsas de estudo para filhos e uma série de outros benefícios. Não vou entrar no mérito, mas apenas ponderar que se o objetivo era pressionar o sindicato patronal ou os estabelecimentos de ensino, a estratégia não funcionou. Seja porque a paralisação prejudicou apenas os alunos ― e, indiretamente, seus pais, que pagam caras mensalidades para que as crianças tenham aulas ―, seja por não ter sensibilizado a população em geral, que anda de saco cheio dessas coisas. E não sem razão.

Mesmo após colocar o governo de quatro, os representantes dos caminhoneiros ficaram de “discutir se aceitavam ou não a proposta”. Nesse entretempo, a absurda paralisação segue causando inestimáveis prejuízos, sobretudo ao impedir produtos perecíveis de chegar ao destino, remédios a hospitais e farmácias e combustíveis aos postos. Ainda que esse imbróglio termine neste final de semana, levará dias até que o abastecimento, o transporte e as demais rotinas voltem ao normal no país. 

Claro que as consequências seriam menos dramáticas se quem queria trabalhar não tivesse sido impedido pelos bloqueios em estradas, marginais, portos e outros pontos estratégicos, mas até aí morreu o Neves. Fato é que, além do prejuízo bilionário aos contribuintes, o único resultado palpável do acordo firmado na última quinta-feira foi expor a fragilidade de um governo mambembe, que mal se sustenta nas pernas: o “day after” amanheceu sob o comando da greve, alimentando o temor de que a situação se agravasse se o presidente e o Planalto precisasse ceder ainda mais. Só que Temer já deu os anéis; agora, só lhe restam os dedos.

Salta aos olhos a falta de entrosamento entre os presidentes da República, do Senado e da Câmara. Temer ignorou a crise e se escafedeu para o Rio ― a pretexto de comparecer a uma cerimônia qualquer ―, depois de encarregar o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, das negociações com os caminhoneiros. Eunício Oliveira deixou Brasília na tarde da quinta-feira e só voltou porque sua viagem pegou mal ― e a mídia caiu de pau. Rodrigo Maia tentou capitalizar, mas mostrou que não é bom de conta ao aprovar uma desoneração que geraria um rombo de R$ 10 bilhões. E a Abin, por sua vez, só se apercebeu das dimensões da greve quando era tarde demais. 

Ontem, como solução in extremis, Temer decidiu recorrer às Forças Armadas para desobstruir as estradas ― e convenhamos: já estava mais que na hora. A medida parece ter surtido efeito, embora alguns bloqueios persistam teimosamente, na manhã deste sábado, em diversas rodoviária do país. Aguarda-se uma coletiva de imprensa para logo depois da reunião desta manhã, no Palácio do Planalto (como foi dito na coletiva de ontem, serão duas reuniões diárias para avaliar a situação do movimento; uma logo pela manhã e outra no final da tarde).

Observação: Se alguém tem algo a comemorar, esse alguém é o ex-presidente Lula. Inconformado com o fato de sua vassala Gleisi Hoffmann ― a quem escolheu para substituir Ruy Falcão na presidência nacional do PT ― não ter conseguido “parar o Brasil” em protesto contra sua prisão, agora lhe serve de consolo o fato de os caminhoneiros terem obtido sucesso, mesmo que os motivos do protesto sejam bem outros.

Vale lembrar que greve é como sexo: quando se obriga alguém a fazer, é porque alguma coisa está errada.

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quarta-feira, 25 de outubro de 2017

VOTAÇÃO DA SEGUNDA DENÚNCIA - SE NÃO CAIR, TEMER SERÁ UM PATO MANCO


Finalmente o “grande dia”. Pelo menos para imprensa, que só fala no julgamento da segunda denúncia contra Temer ― e agora também contra dois de seus comparsas ―, como se isso fosse a coisa mais importante deste mundo, como se já não soubéssemos de antemão o resultado ― resta apenas saber o placar, que os jornais tentam adivinhar, enquanto o povo não está nem aí, já que precisa tocar a vida e quer mais é que que esse espetáculo degradante acabe logo; afinal, qualquer número será uma derrota para o país.

A possibilidade de a Câmara decidir contra Temer existe, mas é muito remota. O que não existe é vantagem real na troca de Michel por Rodrigo, na convocação de eleições a toque de caixa e na escolha de um novo atravessador de pinguela por um Congresso apinhado de investigados, denunciados e até réus na Justiça penal ― uma caterva que só continua solta e em pleno exercício do mandato parlamentar graças ao foro privilegiado e à morosidade na tramitação dos processos no STF.

Na denúncia anterior, que a CCJ da Câmara recomendou barrar por 41 votos a 24, o Planalto conseguiu 263 votos no plenário ― precisava de apenas 171 votos ―, e a oposição, que precisava de 342 votos, conseguiu apenas 227. Agora, o resultado na CCJ foi um pouco pior para o governo (39 a 26), e ainda que tropa de choque de Temer garanta que igualará ou superará a marca anterior, a expectativa nos bastidores é de 20 votos a menos ― o que ainda dá e sobra para salvar o rabo fedido de sua insolência e de Eliseu Quadrilha e Moreira (Angorá) Franco. Aliás, decidir a situação dos três numa única votação favorece os governistas: como o presidente e seus comparsas estão no mesmo barco, todos vêm se empenhando em ajudar na busca de apoio entre os proxenetas do parlamento. Essa decisão foi questionada pela oposição via mandado de segurança impetrado no STF, mas o ministro Marco Aurélio Mello, que foi sorteado relator, negou provimento ao recurso (não li a fundamentação da decisão e, portanto, não vou comentá-la).

Adicionalmente, integrantes da oposição vão tentar forçar o adiamento da votação para a próxima semana ― e assim sucessivamente. A ideia, capitaneada pelo deputado pernambucano Sílvio Costa, do Avante, é formar piquetes nas três entradas principais do plenário e convencer os 227 deputados que votaram contra Temer da primeira vez a não registrar presença, de modo a dificultar a formação do quórum mínimo de 342 parlamentares. É mole?

Aos trancos e barrancos, o Planalto dá como certo o sepultamento da denúncia, mas quer garantir o mesmo número de votos obtidos em agosto, pois uma diferença para menos sinalizaria falta de apoio e fragilizaria ainda mais um presidente tão impopular para os brasileiros quanto Nero para os antigos os romanos. Aliás, a julgar pelas pesquisas de opinião pública, a popularidade de Lula está prestes a ultrapassar os 100%, enquanto a de Temer, se nada reverter sua queda-livre, deve ficar abaixo de 0% ― caso os institutos de pesquisa consigam provar que isso é matematicamente aceitável. Seja como for, ainda que os indicadores econômicos venham reagindo bem à crise política ― ou ignorando solenemente o espetáculo midiático promovido por comunicadores, cientistas políticos e formadores de opinião em geral ―, a última segunda-feira registrou queda na Bolsa e aumento na cotação do dólar, o que não é um bom sinal.

Observação: O dólar comercial registrou sua maior alta em relação ao real desde a denúncia da JBS, saltando 1,31% e fechando a R$ 3,232 ― cotação mais elevada desde 11 de julho. E a “cutela” do mercado também foi percebido no índice Ibovespa, referência da Bolsa, que recuou 1,27%, aos 75.413 pontos.

Temer está confiante, mas, pelo sim, pelo não, continua distribuindo dinheiro e agrados a rodo, visando garantir o apoio das marafonas da Câmara ― já se foram R$ 12 bilhões, sem falar em cargos e benesses distribuídos à larga. Segundo O GLOBO, só em emendas parlamentares foram gastos R$ 881 milhões ― emendas individuais de deputados devem ser pagas, naturalmente, mas o cronograma é o governo quem estabelece, conforme suas conveniências políticas. Houve também uma frustração de receita de R$ 2,4 bi com o novo Refis, de R$ 6 bi a desistência de privatizar o aeroporto de Congonhas no ano que vem, e de mais R$ 2,8 bi com a anistia de 60% das multas ambientais, prevista no decreto editado na última segunda-feira. O Planalto tentou dourar a pílula e vender a história como algo positivo, quando na verdade não passa de um afago para bancada ruralista, que contam com 200 parlamentares e, sozinha, pode garantir a vitória de Temer na votação.

Observação: Nem vou mencionar o recuo do presidente na questão do trabalho escravo, até porque uma portaria não se sobrepõe à legislação vigente, e a ministra Rosa Weber, do STF, já concedeu uma liminar contra a medida governamental (resta saber como decidirão seus pares; afinal, de uns tempos a esta parte a credibilidade do Supremo não anda lá essas coisas).

Enquanto isso, a população assiste apática a esse espetáculo circense de quinta classe, que será transmitido em tempo real pela imprensa falada e televisiva e estará disponível na Internet para ser revisto a qualquer tempo, ainda que o cidadão comum esteja mais preocupado com o próprio emprego, com suas contas, enfim, com sua própria sobrevivência.

Fato é que, mesmo superando a segunda denúncia, Michel Temer será um pato manco. Em conversas com aliados no último fim de semana, ele disse que vai defender uma pauta de medidas prioritárias e deixou claro que não desistiu da reforma da Previdência, mas dificilmente conseguirá aprovar alguma coisa.

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