Mostrando postagens com marcador estanqueidade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador estanqueidade. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 5 de setembro de 2017

CRONÓGRAFO COM PONTEIROS DESSINCRONIZADOS... (PARTE IV)

HÁ TRÊS COISAS NA VIDA QUE NÃO VOLTAM JAMAIS: A FLECHA LANÇADA, A PALAVRA DITA E A OPORTUNIDADE PERDIDA.

Diferentemente dos relógios fabricados até os anos 60/70, os modelos atuais são, em sua maioria, resistentes à água (water resist). Isso significa que você pode lavar as mãos ou tomar uma chuva moderada sem danificá-los, mas para tomar banho ou lavar o carro com um deles no pulso, só mesmo se ele for à prova d'água (water proof).

Essa informação vem gravada no fundo da caixa (tampa) e, em alguns modelos, também no mostrador. Por uma questão de marketing, no entanto, os fabricantes “carregam nas tintas” e identificam relógios que suportam apenas respingos de água como WR 30m (ou 100ft, ou 3atm), sugerindo que o usuário não só possa entrar com eles na piscina ou no mar como também mergulhar a profundidades de até 30 metros ― o que só seria seguro com modelos identificados como WR 50M (ou 165ft, ou 5 atm).

Observação: Na água, a pressão aumenta à razão de uma atmosfera a cada 10 metros de profundidade; quanto maior a pressão, maior o risco de o líquido penetrar pela junção do vidro com a caixa, pelo retentor da tige (“eixo” da coroa) ou pela tampa traseira do relógio. Veja mais detalhes sobre estanqueidade na tabela que ilustra esta postagem.

A rigor, para praticar esportes aquáticos (nadar ou mergulhar sem tanque de ar), convém investir num modelo WR 100m (ou 300ft, ou 10atm), de preferência com coroa rosqueada. Claro que não há problema em tomar banho de chuveiro ou banheira com um relógio desses no pulso, mas convém evitar mergulhá-lo em água muito quente. Sauna, então, nem pensar, pois a diferença de temperatura entre o ambiente e o ar no interior da caixa resulta em condensação (formação de gotículas) e pode danificar o mecanismo, especialmente nos modelos à quartzo, que são alimentados por bateria.

Note que nem os relógios indicados para mergulho estão livres dos efeitos da água salgada. O oxigênio presente nas moléculas de água propicia a oxidação do metal, e o sal acelera ainda mais esse processo. Mesmo que a caixa seja de aço, ouro, titânio, os fechos e pinos da pulseira não são inoxidáveis, e, portanto, estão sujeitos à corrosão.


Continuamos no próximo capítulo.

TEMER X JANOT ― E VIVA O POVO BRASILEIRO

Temer diz não estar preocupado com a nova denúncia que Janot deve apresentar dentro de mais alguns dias e que virá robustecida com novas informações de Joesley Batista e do operador do PMDB na Câmara, Lucio Funaro. Diz estar seguro de que a acusação será inepta e que sua preocupação é “levar o Brasil adiante”, pautando e aprovando a reforma da previdência, à semelhança do que já ocorreu com a PEC dos gastos e a reforma trabalhista. Mas isso é conversa fiada, como comprova a antecipação de seu retorno da China, a despeito da justificativa oficial, que é acompanhar a votação da meta fiscal. Ademais, o Planalto está longe de contar com o apoio parlamentar necessário à aprovação de propostas de emenda constitucional, que exigem o mínimo de 308 votos.

Se Temer não estivesse preocupado com a denúncia, por que sua defesa teria pedido a suspensão da acusação até que o STF julgue a suspeição de Rodrigo Janot para atuar em casos contra ele? Aliás, voltado a pedir, porque o pedido havia sido feito originalmente no mês passado, mas Fachin o rejeitou monocraticamente, e ele foi reapresentado na última sexta-feira, juntamente com um agravo regimental que postula a suspensão da denúncia que ainda nem chegou.

Para barrar a denúncia anterior, o presidente moveu mundos e fundos (principalmente fundos), mas conseguiu sensibilizar apenas 263 dos 513 deputados. Agora o buraco é mais embaixo; primeiro, porque novos fatos ― como a confirmação de Funaro ter recebido dinheiro para ficar calado e que o Temer não só tinha conhecimento do esquema, mas também o apoiava ― tornaram a segunda acusação ainda mais robusta que a anterior.

O circo já está sendo montado: enquanto o Planalto chama Joesley Batista de “grampeador-geral da República”, o empresário chama Temer de “ladrão geral da República”, diz que ele é uma vergonha para os brasileiros, que a colaboração premiada é um direito que o presidente tem por dever respeitar, e que atacar os colaboradores só evidencia sua incapacidade de se defender dos crimes de que é acusado. Já o advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, encarregado da defesa do presidente, diz que Parte inferior do formulário Joesley não merece resposta em face de seu comportamento absolutamente reprovável, e que a resposta foi dada pela Câmara com a rejeição da primeira denúncia. Sob a justificativa de que a “segunda delação de Funaro apresenta inconsistências e incoerências próprias de sua trajetória de crimes”, o causídico afirma que seu cliente se reserva o direito de não tratar de “ficções e invenções" de quem quer que seja.

De acordo com O Estado, a delação do operador do PMDB da Câmara ― ou de Temer, como preferem alguns ― não atinge não apenas o Planalto, mas também diversas figuras de expressão no PMDB. Segundo Merval Pereira, a segunda denúncia não só será mais robusta como também deverá corroborar a anterior. Mas o que importa mesmo nessa pantomima é se o governo terá condições de comprar os proxenetas da Câmara com verbas, cargos, etc., já que não honrou tudo que prometeu da primeira vez, e agora não há dinheiro para prometer mais nada.

O fato é que, se o processo for adiante, não será pela gravidade da denúncia, mas porque o Temer não tem mais o que oferecer aos deputados mercenários em troca de seu apoio. Diante desse cenário estapafúrdio, não surpreende que, a pouco mais de um ano das próximas eleições, a onda de rejeição a políticos e autoridades públicas, até recentemente limitada ao Executivo e ao Legislativo, tenha se estendido também ao Judiciário e Ministério Público. Pesquisa Ipsos mostra que, nos últimos meses, houve um aumento significativo na desaprovação popular a ministros do Supremo e até ao juiz Sérgio Moro ― que ainda é majoritariamente aprovado pela sociedade, mas cuja taxa de rejeição atingiu o nível mais alto em dois anos.

Essa é, lamentavelmente, a nossa realidade política. 

Confira minhas atualizações diárias sobre política em www.cenario-politico-tupiniquim.link.blog.br/

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

CRONÓGRAFO COM PONTEIROS DESSINCRONIZADOS? RESOLVA VOCÊ MESMO (Parte II)

RELÓGIO QUE ATRASA NÃO ADIANTA.

Todo relógio precisa de uma fonte de energia para funcionar. No final da década de 60, a maioria dos modelos de pulso continha uma mola (para gerar energia), uma espécie de massa oscilatória (para oferecer referência de tempo), dois (ou três) ponteiros, um mostrador enumerado e diversas engrenagens, até que a Bulova resolveu substituir a roda de balanço por um transistor oscilador, que, alimentado por uma bateria, mantinha um diapasão funcionando a algumas centenas de hertz. Mais adiante, o cristal de quartzo ― cujas propriedades já eram conhecidas e usadas para proporcionar a frequência exata em transmissores/receptores de rádio e computadores ― assumiria as funções desse diapasão e agregaria maior precisão ao mecanismo.

Se você tenciona comprar um relógio, escolha algo que seja funcional e confiável. Caixas de aço ou titânio são excelentes opções. O ouro é mais nobre, naturalmente, mas encarece significativamente o produto e chama a atenção dos amigos do alheio. E o mesmo vale para modelos de grife ― Patek, Rolex, Omega, Panerai, Hublot, IWC, Breitling, Tissot, Tag Heuer e distinta companhia ―, que chegam a custar centenas de milhares de dólares.

Observação: O Grandmaster Chime, da Patek Philippe (confira na foto que ilustra esta postagem) tem duas faces ― dependendo do lado usado para cima, ele exibe as horas ou o calendário perpétuo instantâneo. A caixa redonda de 47,4mm é feita de ouro rosa 18k e adornada com cristais de safira. O preço é de arrepiar: 2,5 milhões de francos suíços (cerca de R$ 8 milhões).

Quanto ao mecanismo responsável pelo movimento (também conhecido como calibre), você pode optar por modelos a quartzo ou mecânicos. No primeiro caso, que, como vimos, utiliza um oscilador regulado por uma peça de quartzo, a alimentação geralmente é feita por uma bateria. Já os modelos mecânicos funcionam “à corda”, que pode ser manual ou automática. Para os verdadeiros connoisseurs, apenas calibres mecânicos ― e de preferência manuais ― são aceitáveis, em que pese sua limitada reserva de marcha (em média, 24 horas). Isso significa que o relógio deixa de trabalhar quando fica muito tempo fora do pulso (modelos automáticos) ou quando não recebe corda (modelos manuais), e aí é preciso ajustar a hora e o calendário antes de voltar a "vesti-lo".

Mecanismos a quartzo alimentados por bateria funcionam ininterruptamente por anos a fio ― modelos com cronógrafo e outras papagaiadas tendem a consumir mais energia, mas uma bateria original ou equivalente costuma durar mais de dois anos. Existem opções alimentadas por energia solar (que dispensam a troca da bateria) ou térmica (como o smartwatch Matrix, que usa o calor do pulso como fonte de energia). 

Quanto à maneira de mostrar as horas, os relógios podem ser analógicos (de ponteiros), digitais (display de cristal líquido) ou híbridos (combinação de ambos). Via de regra, os analógicos consomem mais energia que os digitais ― a menos que você use muito a luzinha que ilumina o display, deixe os contadores de tempo e os alarmes e demais sinais sonoros ativados, e por aí vai. Nos digitais, além dos tradicionais cronógrafo e calendário simples ou duplo (com dia do mês e da semana) que os modelos de ponteiros costumam oferecer, você encontra contador de tempo regressivo, altímetro, bússola, termômetro e uma porção de outras papagaiadas.

Por hoje chega. Amanhã a gente conclui.

MENDES E OS CÃES SEM RABO

Gilmar Mendes, o inefável, não foi feliz na analogia entre juízes que “insistem em desafiá-lo” e rabo do cachorro.

Explicando melhor: o juiz federal Marcelo Bretas ― tido como o “Sérgio Moro carioca” ― mandou prender Jacó Barata Filho, o “rei do ônibus”, e Mendes mandou soltar; Bretas mandou prender de novo, e o supremo ministro do Supremo, de novo, mandou soltar. E emendou: “Em geral, o rabo não abana o cachorro, é o cachorro que abana o rabo”.

A declaração ofensiva, vulgar e imprópria de um juiz da Suprema Corte foi repudiada pela sociedade em geral e pelos magistrados em particular, embora nada tenha de atípica: o magistrado sul-mato-grossense é conhecido pela arrogância, amor ao protagonismo, língua ferina e total falta de comedimento nas relações com seus pares e juízes que estão abaixo dele na hierarquia do Judiciário.

Para qualquer pessoa minimamente racional, o fato de Mendes ter sido padrinho de casamento da filha de Barata com um sobrinho de sua mulher, Guiomar Mendes, que trabalha no escritório de advocacia que defende Barata ― que, por sua vez, é sócio de um cunhado do ministro numa empresa de ônibus ― já deveria bastar para o ministro se dar por impedido de atuar no caso. Mas não Gilmar, para quem “o juiz deve se afastar do caso quando é ‘amigo íntimo’ das partes, e essa qualificação não contempla padrinhos de casamento”.

É tanto compadrio misto que a chega a ser difícil de acreditar, mas o "deus-sol da magistratura" não vê aí “nenhuma suspeição”. Talvez por isso ele seja alvo de abaixo-assinados que pedem sua saída do STF ― o da Change.org já conta com quase 900.000 assinaturas. Ou também por isso, já que fedem suas relações semipresidencialistas com amigão Michel Temer e seus frequentes encontros fortuitos “nos porões do Jaburu”; a soltura de réus como José Dirceu e Eike Batista, que deixa clara sua habitualidade na concessão de habeas corpus a poderosos e põe em dúvida sua imparcialidade; o empenho na absolvição da chapa Dilma-Temer num julgamento patético, que envergonhou o país por ignorar a profusão de provas contra os réus a pretexto de “manter a governabilidade”, e por aí segue a interminável procissão.

Rodrigo Janot, ora no apagar das luzes de sua gestão à frente da PGR, pediu ao Supremo que a quintessência do saber jurídico seja impedida de atuar no caso da máfia do transporte no RJ. Resta saber como a presidente e os demais membros do STF se posicionarão sobre a questão. A sociedade já deixou claro que repudia um membro da mais alta Corte do país que atua não como operador da justiça, mas como distribuidor de privilégios.

Na última segunda-feira, a ministra Cármen Lúcia notificou Mendes sobre o pedido de suspeição apresentado por Janot, para quem “os vínculos são atuais, ultrapassam a barreira dos laços superficiais de cordialidade e atingem a relação íntima de amizade”. Vamos ver que bicho dá.

ObservaçãoNenhum pedido dos 80 pedidos impedimento ou suspeição de ministros do STF foi atendido nos últimos dez anos; todos foram rejeitados pelo presidente do STF da época e não tiveram os méritos discutidos pelo colegiado. 

E como hoje é sexta-feira:


Confira minhas atualizações diárias sobre política em www.cenario-politico-tupiniquim.link.blog.br/