Com um napoleão de hospício brincando de presidente e vituperando
estultices para levar ao delírio sua récua de apoiadores descerebrados — numa
das mais recentes, chamou
Willian Bonner de canalha —, não era de esperar que o autodeclarado expert em
logística, nomeado ministro para bancar o boneco de
ventríloquo e, en passant, transformar a pasta em cabide de fardas para os
amigos do rei, gestasse e parisse um cronograma de vacinação que não fosse uma quizumba.
Curiosamente, dias depois que o governador João Doria anunciou que a
imunização dos paulistas começa no próximo dia 25, o ministro general (que até
recentemente não tinha vacina, seringa, agulha nem algodão em quantidade
suficiente para vacinar meia dúzia de gatos pingados) declarou que o governo
federá começará a vacinar todos os brasileiros no dia 20. Vá ser eficiente
assim no mato!
Existe “muita
incompreensão” por parte da imprensa em relação às
medidas que o governo vem tomando para o enfrentamento da pandemia, disse o general, que também reclamou de ter sido chamado de
“fracassado” e dos repórteres fotográficos, que batem fotos suas toda vez
que ele se move.
Ainda sobre as vacinas, o Instituto Butantan finalmente
encaminhou à Anvisa o pedido de
autorização temporária de uso emergencial e em caráter experimental da CoronaVac. Trata-se do primeiro pedido
de uso de uma vacina contra a Covid feito à agência, que deve levar cerca de 10
dias para decidir se autoriza ou não. Sem detalhar os dados, o diretor do instituto afirmou que o imunizante tem eficácia de 78% para
evitar casos leves e de 100% para quadros moderados e graves.
A compra da "vacina chinesa do Doria" é assunto delicado no governo
federal. Por disputa política com o governador paulista, Bolsonaro fez seu preposto a recuar de uma proposta de aquisição do imunizante em outubro. "Senhores, é simples assim. Um manda e outro
obedece", explicou, constrangido, o subserviente general, que agora pretende comprar 100
milhões de doses da CoronaVac — ou
seja, toda a produção do instituto prevista para este ano.
Na quinta-feira, ao apresentar parte dos dados à Anvisa, o governador paulista cobrou que
a agência mantenha a "independência" na análise: "E em nenhum momento, mas em nenhum
momento pense em atender a qualquer tipo de pressão de ordem ideológica ou de
outro tipo de pressão para prejudicar a velocidade imperativa de oferecer a
essa vacina a oportunidade de salvar vida de brasileiros em nosso País",
disse ele.
De acordo com Pazuello, toda a produção do Butantã
será incorporada ao plano nacional de imunização coordenado pelo governo
federal. Doria, porém, tem outros
planos — como dito, a ideia é iniciar a vacinação em São Paulo no dia 25 de janeiro, com foco em
profissionais de saúde, e imunizar a população com 60 anos ou mais até 28 de
março. O tucano recorreu ao STF e o ministro Lewandowski concedeu uma liminar garantindo que o comandante da Saúde não ponha as patas nos insumos comprados pelo Estado de São Paulo.
Observação: O contrato que o governo assinou com o Butantan prevê a entrega de 8,7 milhões de doses da CoronaVac até o próximo dia 31. Ao todo, são 100 milhões de doses —, segundo Pazuello, "toda a produção" será incorporada ao Plano Nacional de Imunização, o que gera novo impasse com o governo paulista. Doria não abre mão de iniciar a vacinação no estado em 25 de janeiro e prevê 60 milhões até o fim de março — leia na coluna de Thais Arbex.
O governo federal ainda tem contrato com a Fiocruz para a produção e distribuição
distribuir de 210,4 milhões de doses da
vacina da AstraZeneca/Oxford a partir de fevereiro. A fundação articula a
importação de 2 milhões de doses prontas, provenientes da fábrica indiana, para
aplicar ainda em janeiro, e, a exemplo do Butantan,
solicitou
nesta sexta-feira o registro de uso emergencial do imunizante.
Last but not least, deputados democratas devem
apresentar nesta segunda-feira um pedido de impeachment contra Donald Trump. Eles solicitaram ao
vice-presidente Mike Pence e ao
gabinete de Trump que invoquem a
25ª Emenda, visando à destituição do presidente doidivanas.
Os principais democratas da Câmara dizem que há amplo consenso para a ação, que, se bem-sucedida, seria um marco histórico: nenhum presidente americano jamais sofreu impeachment duas vezes. Para além disso, a única alternativa para depor o troglodita laranja antes da posse de
Biden, marcada para o próximo dia
20, é sua exoneração pelo legislativo.
A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, chamou Trump
de “desequilibrado” (ela deveria conhecer a versão tropicalizada desse merda) e reforçou que é dever do
Congresso proteger os americanos. Em carta a seus pares, Pelosi diz que procurou o presidente do Estado-Maior Conjunto, Mark Milley, para “discutir as precauções disponíveis para evitar que um presidente
instável inicie hostilidades militares ou acesse os códigos de lançamento e
ordenando um ataque nuclear”. A parlamentar afirma que “A situação deste
presidente desequilibrado não poderia ser mais perigosa e devemos fazer tudo o
que pudermos para proteger o povo americano de seu ataque desequilibrado ao
nosso país e à nossa democracia”.
Todavia, é improvável que o Senado, controlado pelo Partido Republicano,
aja antes que Trump deixe o cargo. O impeachment anterior, por abuso de poder e
obstrução do legislativo, foi um processo de quase cinco meses.
Trump deixou claro sua incapacidade ao propagar mentiras e tentar manipular funcionários públicos para
reverter os resultados das eleições. Os democratas o acusam de incitar
a multidão que tomou de assalto o Capitólio na última quarta-feira, com o objetivo de interromper a certificação da vitória eleitoral do presidente eleito. Segundo
a líder da Câmara, ele se comportou de maneira “sediciosa”.
A ver que bicho dá.