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segunda-feira, 22 de julho de 2024

BUG DO MILÊNIO EM EDIÇÃO REVISTA E ATUALIZADA

VIVA CADA DIA COMO SE FOSSE O ÚLTIMO; UMA HORA VOCÊ ACERTA.


Em meados da década de 1950, quando os primeiros mainframes foram criados, o hardware custava caríssimo e cada byte contava. Os programadores precisavam espremer seus códigos no menor espaço possível, e escrever o ano com dois dígitos em vez de quatro proporcionava uma economia colossal. 

A possiblidade de as máquinas enlouquecerem quando os relógios saltassem de 23h59 em 31/12/99 para 00h00 de 01/01/00 foi relativizada, já que os programas de então estariam mortos e sepultados no ano 2000. No entanto, era preciso manter a compatibilidade dos novos softwares com os antigos, e o jeito foi continuar registrando o ano com dois dígitos. Conforme a "virada" se aproximava, a expectativa de que o "00" fosse interpretado como uma volta a janeiro de 1900 aumentava. Centenas de bilhões de dólares foram gastos com medidas preventivas. Na França, o Crédit Agricole gastou quase € 140 milhões e a France Telecom, € 160 milhões. A empresa de trens francesa SNCF parou seus trens entre 23h55 e 00h15. Mas acabou que o temido bug do milênio foi muito peido e pouca bosta. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Cresce a pressão no Partido Democrata para que Biden desista de concorrer à reeleição. Depois de dizer que só retiraria sua candidatura se sua saúde o exigisse, o macróbio foi diagnosticado com Covid e cancelou um comício que faria em Las Vegas. Trump, por sua vez, renovou o entusiasmo num discurso de mais de uma hora em Milwaukee. Começou emotivo, pregando união e prometendo "um amanhã rico e maravilhoso” para cidadãos de todas as raças, religiões, cores e credos", mas o tom ameno foi abandonado. Quando parou de ler o teleprompter, o peruquento voltou a atacar democratas e a chamar imigrantes de criminosos, a falar em fraude eleitoral, referir-se à Covid como "vírus chinês", a mentir sobre dados da inflação e a desenhar um país à beira do apocalipse. Repetiu o mote "drill, baby, drill" — espécie de grito de guerra pró-exploração de petróleo e gás — e afirmou não ser "inimigo da democracia", mas seu "salvador". Como se costuma dizer, o lobo perde o pelo, mas não abandona o vício. Entrementes, aliados da vice-presidente Kamala Harris vêm se movimentando nos bastidores para garantir que ela seja a escolhida como líder da chapa caso Biden se afaste. A ver o que vai dar.

Não se sabe se o dinheiro investido ajudou a evitar o desastre, já que as falhas foram igualmente pontuais na Itália, na Coreia do Sul e em outros países que não investiram em prevenção. No Brasil, o governo federal montou uma "sala de situação" do setor elétrico. O governador de São Paulo criou um site para acompanhar os efeitos da "catástrofe" no Estado e o prefeito da capital, antevendo a possibilidade de panes em semáforos causarem congestionamentos monstruosos, colocou 2.700 funcionários da CET de prontidão. Mas os relógios deram meia-noite e nada de incomum aconteceu. Não no réveillon de 2000, pelo menos.
 
Na última sexta-feira (19), um "apagão cibernético" levou ao cancelamento de milhares de voos, causou problemas de comunicação em várias partes do mundo e paralisou sistemas bancários e serviços de emergência. Os impactos foram mais sentidos nos EUA, na Austrália e em alguns países europeus, mas aplicativos do Bradesco, Pan, Neon e Next e fintechs amanheceram com problemas também no Brasil. Nas redes sociais, memes com os dizeres"o bug do milênio chegou 24 anos atrasado" e que "deveria ser rebatizado de Bug Rubens Barrichello" começaram a pipocar já no início da manhã.
 
Pivôs do imbróglio, Microsoft e CrowdStrike se apressaram a identificar e corrigir o "problema subjacente", mas reconheceram que intermitências pontuais poderiam persistir por horas ou dias a fio, já que a natureza do problema exigia a reinicialização manual dos sistemas afetados. 
Em entrevista à imprensa, o CEO da CrowdStrike — empresa de segurança cibernética reconhecida mundialmente por seu sistema de detecção e resposta a ameaças — reconheceu que um bug numa atualização do Falcon Sensor foi o responsável pelas falhas do Azure da Microsoft e pediu desculpas pelo transtorno (nem o Linux nem MacOS apresentaram instabilidades).  
 
Mais de 29 mil clientes CrowdStrike utilizam o Falcon, incluindo empresas dos setores de varejo, saúde, serviços financeiros. A ferramenta inspeciona tudo que acontece nas máquinas para prevenir e neutralizar ataques, mas a falha na atualização de sexta-feira foi fatal para o Windows 
— que, ironicamente, é useiro e vezeiro em brindar os usuários com atualizações problemáticas

Menos de 1% dos computadores corporativos com o sistema da Microsoft foram afetados pela falha (pior seria o problema tivesse sido causado um ataque hacker, já que isso abalaria seriamente a credibilidade do Falcon, que serve justamente detectar e prevenir ataques cibernéticos). Como os criminosos se valem de casos de grande repercussão para disparar mensagens com instruções enganosas e ludibriar suas vítimas, recomenda-se aos usuários domésticos do Windows redobrar os cuidados com mensagens que usem a CrowdStrike como gancho. 

ObservaçãoUma reedição revista e atualizada do "bug do milênio" deve ocorrer às 3h1min7 de 19 de janeiro de 2038, quando os processadores de 32 bits, que contam o tempo desde 1970, chegarão ao limite de segundos e pararão de funcionar, continuarão funcionando com a data errada ou iniciarão uma contagem regressiva de  2.147.483.647 até zero. Atualmente, a maioria dos chips é de 64 bits, mas alguns sistemas usados na operação de servidores ainda são baseados na arquitetura de 32 bits. Enfim, quem viver verá.

Barbas de molho, pessoal.

sexta-feira, 3 de maio de 2024

QUEM VIVER VERÁ

A ÚNICA MANEIRA DE SEGUIR EM FRENTE É SEGUINDO EM FRENTE.

A conversa entre "dois seres humanos" que Lula manteve com Arthur Lira foi insuficiente para normalizar as relações do Planalto com o Congresso. Para piorar, nem bem desobstruiu sua relações com o imperador da Câmara, o petista foi intimado pelas circunstâncias a se reunir com o presidente no Senado. 

Em agosto de 2011, ignorando a máxima segundo a qual nada é mais permanente do que um programa temporário do Estado, Dilma concedeu um alívio tributário a empresas em troca da promessa de manutenção de empregos, que duraria até dezembro de 2012, mas ganhou a perenidade de um fantasma e continua favorecendo empresas de 17 setores da economia. 

Na semana passada, Pacheco insinuou que o governo deveria reduzir gastos em vez de recorrer ao STF contra o benefício tributário que o Congresso renovou até 2027. Haddad cobrou responsabilidade fiscal do Legislativo. Pacheco disse que o ministro foi "injusto", e  que o zelo com as contas nacionais não inclui uma adesão à agenda do Poder Executivo. 

Dilma reconheceu que a desoneração tributária foi um erro. Ironicamente, o mesmo Congresso que a defenestrou sob a alegação de que praticara ciclismo fiscal pega em lanças por uma assombração tributária que sobreviveu ao impeachment e a todos os governos que vieram depois dele.


O termo Q-Day remete ao dia em que um computador quântico se tornará capaz de quebrar as chaves criptográficas que governos e empresas vêm utilizando há décadas para proteger informações sensíveis. Quando (e se) isso acontecer, a segurança dos sistemas financeiro, de tráfego aéreo, usinas nucleares e rede elétrica, entre outros, poderá ser quebrada em poucos minutos. 

A ameaça não se limita apenas a futuras violações. Dados criptografados coletados agora e nos próximos anos poderão ser desbloqueados após o Q-Day, e autoridades de inteligência dos EUA afirmam que a China e a Rússia vêm armazenando esses dados na esperança de decodificá-los no futuro. Joe Biden sancionou a Lei de Preparação para a Segurança Cibernética da Computação Quântica, mas os novos protocolos de criptografia levarão mais de uma década para substituir os atuais, e isso pode ser tempo demais para evitar uma catástrofe.

Os computadores convencionais mais poderosos, capazes de fazer 1 trilhão de tentativas por segundo, levariam trilhões de anos para quebrar chaves de 256 bits — daí esse protocolo ser considerado seguro e ser largamente utilizado em sistemas criptográficos modernos, como o AES. Mas o detalhe (e o diabo mora nos detalhes) é que a segurança da criptografia não se baseia somente na quantidade de bits da chave, mas também no algoritmo utilizado.
 
Apesar de estarmos habituados com a base decimal, podemos escrever qualquer número inteiro usando a base binária, na qual o computador "enxerga" uma sequência de dígitos e multiplica cada potência de 2 (da esquerda para direita) por 0 ou 1 para chegar ao resultado. A sequência "10", por exemplo, tem dois bits e equivale a 0x20 + 1x21; a sequência "111" tem três bits e equivale a 1x20 + 1x21 + 1x22, e assim por diante. Já os qubits (bits quânticos) podem assumir os valores 0, 1 ou 0 e 1 ao mesmo tempo, o que aumenta astronomicamente a velocidade de processamento dos computadores quânticos, que executam em poucos minutos tarefas que os supercomputadores atuais levariam milhares de anos para concluir.

A Atom Computing criou o primeiro computador quântico capaz de alcançar a marca dos 1180 qubits, deixando no chinelo os 433 qubits do Osprey, da IBM. Mas s IBM e o Google vêm criando modelos cada vez mais poderosos, e tudo indica que um avanço significativo poderá ser alcançado ainda nesta década. Todavia, mesmo que o avanço seja notável, o novo recordista ainda não é capaz de executar operações usando todos os qubits ao mesmo tempo.
 
Na década passada, anteviram-se a possibilidade de um salto substancial na computação quântica e os riscos que isso representa para a segurança, que, até então, vinham sendo solenemente ignorados. O senso de urgência foi intensificado pela consciência de quão difícil e demorada seria a implementação de novos padrões. A julgar por migrações passadas, estima-se que, mesmo depois de se estabelecer uma nova geração de algoritmos, a implementação pode levar mais 10 ou 15 anos. 
De acordo com NIST, o governo americano estabeleceu uma meta geral de migrar o máximo possível para algoritmos resistentes ao quantum até 2035 — projeto que muitos pesquisadores reconhecem ser ambicioso.
 
Apesar dos sérios desafios da transição para esses novos algoritmos, os EUA se beneficiaram da experiência de migrações anteriores, como a que foi feita para solucionar o chamado bug do milênio e as mudanças anteriores para novos padrões de criptografia. O tamanho alcançado por gigantes como Amazon, Apple, Google e Microsoft, que controlam grandes faixas de tráfego da internet, sugere que alguns poucos participantes poderiam realizar grande parte da transição com relativa agilidade, mas os estrategistas alertam que a maneira como um adversário pode se comportar depois de obter um grande avanço torna a ameaça diferente de qualquer outra que a comunidade de defesa já enfrentou. 

Quem viver verá.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

O FIM DOS TEMPOS SEGUNDO SEI LÁ QUEM (PARTE 3)

INCÊNDIOS CAPAZES DE QUEIMAR MILHÕES DE HECTARES COMEÇAM COM UMA SIMPLES FAGULHA.
Depois de criar o céu, a Terra, o dia, a noite, e de dar nome aos bichos, às plantas e às coisas, Deus definiu as perplexidades e as situações inusitadas criando... Fernando Collor.
Com uma pena de oito anos e dez meses de reclusão a lhe pesar na lomba, o "Rei-Sol" fez uma aparição inesperada
 (Surpresa!) na cerimônia de posse do novo ministro da Justiça (Pasmo!), acomodou-se na fileira destinada a ex-presidentes (Assombro!) ao lado de Sarney, a quem já chamou de ladrão (Estupefação!), e a uma cadeira de distância de Alexandre de Moraes (Espanto!). Todos os oradores o ignoraram ao desfiar nomes em seus salamaleques; Lula e Lewandowski mencionaram Sarney e Moraes, fingindo não ver o personagem que se imiscuía entre eles.
Deveu-se a presença do futuro presidiário nos salões do Planalto à negligência do STF. Condenado em maio do ano passado, o ex-caçador de marajá de araque interpôs um recurso chamado tecnicamente de "embargo declaratório" — que não se presta a rediscutir o mérito do processo, mas apenas para reivindicar o esclarecimento de eventual contradição ou omissão na decisão. A PGR sustentou que o embargante tenta "reabrir a discussão da causa, promover rediscussão de premissas fáticas e provas, além de atacar, por meio de via indevida, os fundamentos do acórdão condenatório". 
O recurso já deveria ter indeferido e a execução da pena, iniciado, porém, numa evidência de que o crime é perto, mas a Justiça mora muito longe, o Supremo espera, espera, espera, espera...
Collor age como se desejasse reforçar com sua presença a crença segundo a qual, na política, nada se cria, nada se transforma, tudo se corrompe. 
Deus, como se sabe, está em toda parte. Mas deixou de ser full time desde que criou Collor.

Catástrofes naturais, asteroides, cometas, invasões alienígenas e guerras permeiam as previsões apocalípticas que os arautos do "juízo final" trombeteiam há milênios. Se dependesse dessa confraria de lunáticos, o mundo já teria acabado pelo menos treze vezes nos últimos trinta anos. 
 
Em 29 de abril de 1988, um fanático religioso de nome Leland Jensen previu que o cometa Halley seria puxado para a órbita da Terra, causando uma enorme destruição global (como foi dito no capítulo anterior, a passagem do cometa pela Terra havia ocorrido dois anos antes, de modo que, àquela altura, ele já estava bem longe no espaço. 

Em 26 de março de 1997, a aproximação do cometa Hale-Bopp gerou rumores de que uma nave alienígena vinha a reboque, e que a Nasa escondia a informação para evitar pânico. A história levou à criação da seita Heaven´s Gate, que dizia preparar os fiéis para o fim do mundo — no dia 29, trinta e nove sectários se suicidaram, esperando que suas almas fossem levadas pelos extraterrestres.  Além disso, interpretações duvidosas das centúrias de Nostradamus levaram os conspirólogos do apocalipse a alardear que o ano de 1999 "traria do céu o grande rei do terror”, mas as consequências não foram além do pânico que a notícia causou. 
 
No final do século XX, temia-se que os computadores enlouqueceriam quando os relógios saltassem de 23h59 de 31/12/99 para 00h00 de 01/01/00, pois o "00" seria interpretado como como uma volta a janeiro de 1900. Mas o "Bug do Milênio" foi "muito peido para pouca bosta". 
Foram gastos US$ 300 bilhões com medidas preventivas, e apenas umas poucas falhas foram registradas em terminais de ônibus na Austrália, em equipamentos de medição de radiação no Japão e em testes médicos na Inglaterra. 

Em Brasília, montou-se uma “sala de situação” do setor elétrico para lidar com eventuais distúrbios no fornecimento de energia; o então governador de São Paulo criou um site para acompanhar os efeitos da “catástrofe” (havia preocupação em áreas-chave, como saúde, segurança pública, transportes, recursos hídricos e administração penitenciária), e o prefeito da capital paulista colocou 2 700 funcionários da CET de prontidão no Réveillon, antevendo a possibilidade de panes em semáforos e congestionamentos anormais (quando os relógios deram meia-noite e nada de incomum aconteceu, os servidores foram desmobilizados e puderam curtir a virada do século, ainda que com algum atraso).
 
Observação: Os computadores dependem de um relógio interno para executar corretamente diversas tarefa, como verificar se sua conta de telefone venceu ou se está na hora de ligar a iluminação pública, por exemplo. Assim, achava-se que o famigerado bug faria os servidores das empresas de telefonia entenderem que você estaria devendo 100 anos de serviço, o que provavelmente resultaria na suspensão de sua linha e na cobrança de multas e juros que você não conseguiria pagar nem sem vivesse outros 100 anos. No caso das luzes, a cidade poderia ficar às escuras se o programa interpretasse que o dia seguinte não havia chegado — e ele jamais chegaria, a menos que alguém explicasse ao software que 00 é maior que 99. Em meados dos anos 1950, quando os primeiros mainframes foram criados, a quantidade de dados que eles eram capazes de armazenar caberia num prosaico disquete de 1,44 MB (tipo de mídia que só seria criada décadas depois). Portanto, escrever o ano com dois dígitos em vez de quatro representava uma economia colossal. Além disso, achava-se que os softwares de então seriam aposentados bem antes da virada do milênio — o que realmente aconteceu, só que ninguém levou em conta que os novos programas continuaram a registrar o ano com dois dígitos para manter compatibilidade com os antigos. 
 
Em 1986, Richard Noone publicou 5/5/2000 ICE: THE ULTIMATE DISASTER, no qual anotou que o fim do mundo decorreria de um alinhamento de planetas que cobrira a Antártida com uma camada de gelo de 5 quilômetros de espessura. Ninguém morreu congelado, mas o livro vendeu feito pão quente. Anos depois, o apresentador cristão de rádio e TV Harold Camping previu que uma série de terremotos assolaria o planeta em 21 de maio de 2011, e que somente 3% da população mundial iria para o céu. Quando a data passou, ele mudou a previsão para 21 de outubro e disse que em maio teria havido somente um “julgamento espiritual”.
 
Também em 2011 circulou pelo mundo o temor de que o "Arrebatamento" estava próximo, e que Jesus voltaria do Reino do Céu para resgatar os justos de alma pura e condenar os pecadores a serem governados pelo anticristo — que seria auxiliado por um falso profeta e a própria Besta do Apocalipse — e enfrentariam um caos que duraria sete anos. Depois desse período, Jesus voltaria com seu exército dos justos para instaurar a paz e reinar soberano por mil anos, quando finalmente ocorreria o Juízo Final. Pelo visto, o Messias decidiu seus planos!
 
Uma antiga crença Viking relacionada ao ciclo da vida, morte e renascimento preconizava que Odin, o principal deus do panteão nórdico, seria morto por um lobo gigante em fevereiro de 2014, quanto então o mundo acabaria e os dois únicos sobreviventes dariam início a uma nova civilização. Outra previsão apocalíptica, mas embasada em pesquisas científicas, alardeou que a Terra deixaria de girar em 16 de janeiro de 2013, causando furacões e terremotos que poriam fim à raça humana. 
 
De acordo com um artigo publicado na "Nature Geoscience" em janeiro do ano passado, o núcleo interno da Terra "quase parou de girar em 2009 e inverteu seu sentido de sua rotação". A matéria foi assinada por pelos cientistas Xiaodong Song e Yi Yang, da Universidade de Pequim, que pesquisam o fenômeno desde 1995. 

A rotação do núcleo interno é impulsionada pelo campo magnético gerado no núcleo externo e equilibrada pelos efeitos gravitacionais do manto. Para conduzir a pesquisa, Yang e Song analisaram ondas sísmicas de terremotos quase idênticos que atravessaram o núcleo interno da Terra seguindo trajetórias semelhantes desde a década de 1960. Ainda segundo os pesquisadores, "um ciclo de oscilação dura cerca de sete décadas", o que significa que o núcleo muda de direção aproximadamente a cada 35 anos.

Observação: Processadores de 32-bit deixarão de contar o tempo às 03h14 de 19 de janeiro de 2038. A partir daí os computadores deixarão de diferenciar 2038 de 1970 (o primeiro ano em que todos os sistemas atuais passaram a medir o tempo). Quando o limite de 2.147.483.647 segundos for atingido, as máquinas deixarão de computar os segundos seguintes, darão início a uma contagem negativa (de -2.147.483.647 até zero), deixarão de funcionar ou continuarão funcionando com a data incorreta. A boa notícia é que a Microsoft distribui versões de 64-bit para o Windows desde 2005, e o macOS opera exclusivamente em 64-bit desde 2011. Assim, chips de 32-bit serão coisa do passado em 2038, mas não se descarta a possibilidade de alguns dispositivos específicos sofrerem com o bug, especialmente em infraestruturas de ambientes industriais.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

O FIM DOS TEMPOS SEGUNDO SEI LÁ QUEM (CONTINUAÇÃO)

NOTHING IS IMPOSSIBLE, THE WORD ITSELF SAYS "I'M POSSIBLE".

A pressão de Lula para aboletar Guido Mantega na presidência da Vale causou espécie a membros do conselho de administração da companhia. Um deles traduziu seu espanto para o idioma da política: "Lula virou o Arthur Lira da Vale. A diferença é que o presidente da Câmara maneja o centrão para cavar nomeações em estatais, e o presidente da República usa todos os meios à sua disposição para impor uma nomeação política a uma corporação privada, com ações na Bolsa de Valores." 
Ao se tornar uma companhia aberta (em 2020), a Vale deixou de ter um controlador definido, e a influência do governo minguou depois que o BNDES desembarcou do negócio e Previ enxugou sua participação. Achando
 que seria possível recriar o ambiente de 2011, quando Dilma trocou Roger Agnelli por Murilo Ferreira no comando da empresa, o inquilino do Planalto pegou em lanças para defender o nome de seu ex-ministro da Fazenda (aquele que apoiou a intervenção da gerentona de araque no setor elétrico para reduzir artificialmente a conta de luz), mas, mesmo descendo às redes sociais para criticar a atuação da Vale na reparação aos mortos de Brumadinho e com Gleisi Hoffmann batendo bumbo pró-Mantega, não conseguiu apenas 2 dos 7 dois votos necessários. 
Ao perceber que já não se fazem passados como antigamente, Lula saiu de fininho. As ações da Vale, que haviam caído na véspera, adquiriram automaticamente um viés de alta. 
Como diria Paulo Leminski, "haja hoje para tanto ontem!".

Interpretações distorcidas de Nostradamus indicaram que o mundo acabaria em julho de 1999. Mas não acabou. No ano seguinteRichard Noone trombeteou que o alinhamento dos planetas produziria uma espessa camada de gelo que congelaria a Terra. Mas não produziu. 

Em 2009, alarmistas proclamaram que o Grande Colisor de Hádrons criaria mini buracos negros que destruiriam o mundo. Mas não criou. Dois anos depoiso pregador Harold Camping apregoou que terremotos devastadores começariam a ocorrer em 21 de maio, e que apenas 3% da população mundial iria para o Céu. Quando sua previsão furou, ele a reagendou para 21 de outubro. E deu no que deu.

A primeira previsão apocalíptica da era tecnológica foi o bug do milênio. Como os computadores registravam datas usando apenas dois dígitos, achou-se que os sistemas entrariam em colapso com a chegada do ano 2000, e que isso resultaria em explosões nucleares, queda de aviões e toda sorte de desgraças. Mas o apocalipse ficou para outro dia. 

É fato que conflitos bélicos  como a invasão da Ucrânia e as escaramuças no Oriente Médio  podem evoluir para uma hecatombe nuclear, e que grandes erupções vulcânicas podem provocar um cataclismo de proporções épicas. Mas a colisão do planeta X com a Terra, prevista para maio de 2003, foi reagendada primeiro para dezembro de 2012 e depois para Setembro de 2017Considerando que chegamos a 2024, a conclusão é óbvia.

Cientistas de todo o mundo (o que não significa "todos os cientistas do mundo") sugerem a possibilidade de a Terra ser extinta daqui a 250 milhões de anos, depois que os 7 continentes se juntarem num supercontinente. Se isso se confirmar, será a primeira extinção em massa desde a aniquilação dos dinossauros, há 66 milhões de anos. Mas o biólogo Tony Barnosky acredita que o planeta ficará bem; o que pode acontecer, segundo ele, é a aniquilação do modo de vida atual. 

Como nada é para sempre, a vida na Terra terá um fim. Mas ele pode levar bilhões de anos para chegar. Até lá, a tecnologia precisa avançar a um nível que permita migrar a humanidade para outros planetas.

Quem viver verá.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

LANÇAMENTO DO GOOGLE CHROME 100 PODE TIRAR SITES DO AR (OU NÃO)

NA CIÊNCIA, O CRÉDITO VAI PARA O HOMEM QUE CONVENCE O MUNDO DE UMA IDEIA, NÃO PARA AQUELE QUE A TEVE PRIMEIRO.

O lançamento da 100ª versão Google Chrome (prevista para meados de 2022) poderia resultar numa reprise do “bug do milênio”, já que a identificação da nova compilação será feita por um número de três dígitos (em vez de dois), e muitos sites desenvolvidos com o kit Duda retornariam o erro 403, indicando que o acesso à página não é permitido.

Explicando melhor: sempre que acessamos uma webpage, uma string do cabeçalho de requisição conhecida como “user agent” permite ao servidor identificar o navegador, o sistema operacional e outras informações importantes de quem fez uma requisição, visando enviar uma página que seja exibida corretamente no computador (ou no celular) do requisitante.

Se você acessar as configurações do Chrome, clicar em Ajuda e em Sobre, verá que a versão atual do navegador é a 97.0.4692.71. Como nem todos os sites coletam todos os dígitos do número da compilação, quando o user agent apontar para o Chrome 100.x o servidor identificar apenas o “10”, a página requisitada não será exibida — por questões de segurança, o Duda bloqueia acessos de versões do Chrome abaixo de 40 — ou, se for, não contará com a maioria dos recursos implementados no browser do Google ao longo dos últimos anos.

A boa notícia é que o responsável pelos kits de desenvolvimento web envolvidos anunciou uma correção para o problema, de modo que os sites feitos com o Duda devem continuar funcionando corretamente no Chrome 100 e versões posteriores. 

O Google cogitou de mudar a ordem dos números usados para identificar a versão do Chrome, passando de "100.0.1234.56" para "99.100.1234.56", por exemplo, mas o fabricante do kit foi mais rápido e “corrigiu a falha” meses antes da data programada para o lançamento da versão 100 do navegador”, segundo Danny Mann, Diretor de Infraestrutura e DevOps da empresa.

A conferir.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

BUG DO MILÊNIO — A HISTÓRIA SE REPETE (FINAL)


DAI-ME SERENIDADE PARA ACEITAR O QUE NÃO POSSO MUDAR; TENACIDADE PARA MUDAR O QUE POSSO E SORTE PARA EU NÃO FAZER MUITA MERDA.

Como dito na postagem anterior, faltam 19 anos para 2038, e isso é tempo mais que suficiente para adequar os dispositivos e evitar a versão revista e atualizada do bug do milênio. Demais disso, diferentemente das correções necessárias em 2000, a coisa é bem mais simples de resolver. No caso de sistemas bem escritos, basta programá-lo para uma nova versão, que utilize valores de 8 bytes para armazenar datas.

Transformar o tipo de datação de 32-bit para 64-bit é uma alternativa funcional, uma vez que se utiliza de datas mais elásticas — no caso, 292 bilhões de anos no futuro —, mas pode prejudicar a compatibilidade binária de softwares. Todavia, trocar sistemas para os que suportam a arquitetura de 64-bit (ou seja, descartar os de 32-bit) é algo que vem acontecendo há tempos, já que as versões de 64-bit são cada vez mais comuns, tanto em computadores pessoais quanto em servidores. É certo que muitos sistemas embarcados podem não ser substituídos até a data-limite, e alguns alguns arquivos codificados no formato 32-bit (como o ZIP) continuam sendo largamente utilizados, deixando o problema ali mesmo depois da vida útil dos computadores em si.

Existem outras maneiras de resolver a falha, entre elas a inclusão de armazenamento de datas em milissegundos ou microssegundos. Essa opção resulta em pelo menos 300.000 anos antes que os números inteiros cheguem a uma contagem negativa. A data limite de 2038 varia de acordo com o valor zero utilizado para iniciar a contagem de tempo. No Windows NT, que se utiliza de número inteiro de 64-bit, com nanossegundos como contagem e data inicial de 1 de janeiro de 1601, o problema deve aparecer apenas no ano de 2184. Já em computadores que iniciam seu ponto de partida zero em 1 de janeiro de 1980, os números inteiros devem se esgotar apenas em 2116, mesmo que usem inteiros de 32-bit. A Apple, entretanto, diz que só terá problemas semelhantes no ano de 29.940 — ou seja, tempo mais que suficiente para novas tecnologias darem conta do recado.

Para saber mais sobre o assunto, acesse a página do Project 2038 ou do The Year 2038 Bug (ambas em inglês), que contêm informações detalhadas, incluindo códigos que podem ser usados por desenvolvedores para resolver o problema. Mas é importante salientar que esse problema não é motivo para pânico, como aconteceu em 2000. Além de ser uma situação mais simples, o espaço de tempo para se implementar uma solução é ainda maior, suficiente, inclusive, para que surjam novas tecnologias que não tragam problemas para armazenamento e contagem de data.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

BUG DO MILÊNIO — A HISTÓRIA SE REPETE (CONTINUAÇÃO)


UM EVENTO INIMAGINÁVEL EM UMA CENTENA DE ANOS TALVEZ SEJA INEVITÁVEL EM UM MILHÃO DE ANOS.

Anos-luz de evolução separam os chips Intel® Core™ atuais dos 286, 386 e 486 das décadas de 80/90. Raras vezes paramos para pensar nisso, mas, quando o fazemos, custa-nos acreditar que os monstruosos mainframes dos anos 1950 — que ocupavam prédios inteiros e tinham menos poder de processamento que uma calculadora de bolso teria dali a 30 anos — diminuíram de tamanho a ponto de ser levados no bolso, ao mesmo tempo em que seus recursos cresceram em progressão geométrica. 

O pool de sistemas usado pela NASA na missão Apollo 11 dispunha de 64 KB de RAM e processador com frequência de operação de 0,043 MHz. Isso corresponde a uma ínfima fração da capacidade de executar cálculos de qualquer smartphone xing-ling, e o que hoje é considerado "top de linha", "última geração", "estado da arte" e que tais não demora a se tornar "coisa do passado". E assim sucessivamente.

Existem processadores de diferentes tamanhos, capacidades e funcionalidades desenvolvidos, mas a maioria deles opera de forma parecida. Os primeiros modelos, de 16-bit, eram capazes de armazenar e acessar valores até 216 (equivalente a 65.539 números diferentes). As versões de 32-bit operam com 232 (= 4.294.967.295), mas é preciso tem em mente que essa capacidade é dividida de forma equânime para calcular o tempo e armazenar informações dos aplicativos do computador. Em outras palavras, cada uma das funções ocupa metade da capacidade do processador, razão pela qual um modelo baseado na arquitetura de 32-bit não é capaz de continuar contando o tempo depois que a contagem atinge 2.147.483.647 segundos . Já os processadores modernos, que equipam a maioria dos computadores atuais, são baseados no sistema de 64-bit, cujo limite é bem maior: 264 (18.446.744.073.709.551.616).

O bit (forma reduzida binary digit) é a menor unidade de informação que o processador é capaz de manipular, e pode representar apenas dois estados opostos — fechado/aberto, desligado/ligado, falso/verdadeiro, etc. , que, por convenção, são expressos pelos algarismos 0 e 1. Para economizar tempo e espaço, não vou descer a detalhes sobre esse assunto; quem quiser saber mais a respeito pode clicar aqui para acessar uma abordagem detalhada, mas em linguagem palatável.

Computadores fazem cálculos monstruosos usando o código binário, o que nos causa certa estranheza porque estamos habituados a usar a base decimal. Mas é possível escrever qualquer número inteiro usando a base binária, considerando que cada 1 ou 0 se refere a uma potência de 2 — o primeiro, a 20; o segundo, a 21, e assim por diante. O computador "vê" uma sequência de dígitos, multiplica cada potência de 2 (da esquerda para direita) por 0 ou 1 e chega a um número. A sequência 10, por exemplo, tem dois bits e equivale a 0x20 + 1x21. A sequência 111 tem três bits e equivale a 1x20 + 1x21 + 1x22. A sequência de 4 bits 1001 equivale ao número 9 (1x20 + 0x21 + 0x22 + 1x23), e assim por diante.

No que tange aos microchips (ou microprocessadores), os termos 32-bit e 64-bit se referem ao tamanho do registro — ou seja, do "mapa" onde o processador distribui os "endereços" dos dados de que precisa para operar. Como todos esses endereços apontam para a RAM — memória física do computador, onde tudo, do sistema operacional a um simples arquivo de texto, é carregado e processado —, CPUs de 32-bit, que só conseguem operar com 232 (ou 4.294.967.295 endereços diferentes), são incapazes de "enxergar" mais que 4 GB de RAM, independentemente da quantidade de memória fisicamente instalada na máquina

Chips de 64-bit operam com 264, sendo capazes de mapear mais de 17 bilhões de endereços na RAM e acessá-los de maneira mais rápida e eficiente. Vale lembrar, porém, que é o sistema operacional quem "diz ao computador como utilizar seus componentes", e um chip de 64-bit só exibirá todo seu poder de fogo se o sistema também for de 64-bit. Mas tenha em emente que um chip 64-bit suporta sistemas operacionais de 32-bit (embora não funcione em plena capacidade), mas chips 32-bit não suportam sistemas operacionais 64-bit; que apps de 64-bit só funcionarão se tanto o processador quanto o sistema forem de 64-bit, embora não haja problema algum em instalar aplicativos de 32-bit em máquinas com sistema operacional e processador 64-bit.

Observação: A Microsoft oferece versões de 64-bit do Windows desde a edição XP. Para saber se o seu sistema é de 32 ou 64-bits, dê um clique direito no botão Iniciar, clique em Sistema e, em Especificações do dispositivo, veja a resposta em Tipo de Sistema. Para obter informações adicionais sobre o processador e a configuração de hardware, baixe e instale o freeware CpuZ.

Voltando ao bug de 2038, desta vez o xis da questão é a capacidade limitada dos processadores de 32-bit de contar o tempo em segundos — um problema bem mais fácil de resolver que o do bug do milênio, como vermos mais adiante.

Considerando que computadores medem o tempo desde 1º de janeiro de 1970, às 3 horas, 14 minutos e 7 segundos de 19 de janeiro de 2038 eles chegarão ao limite de 2.147.483.647 segundos, e deverão parar de computar os segundos seguintes. Para continuar a contagem, os valores começarão a ser armazenados em uma contagem negativa, de -2.147.483.647 até zero, mas a maioria dos sistemas não conseguirá fazer isso e então simplesmente vai parar de funcionar ou, no melhor dos cenários, continuar funcionando, só que com a data incorreta.

Pare evitar que isso aconteça, a adequação dos dispositivos deverá ser feita até 2038. A maioria dos processadores comercializados atualmente é de 64-bit e o Windows dispõe de versões de 64-bit desde o início deste século. Muitos sistemas usados na operação de servidores (como o Unix) ainda são baseados na arquitetura de 32-bit, mas a lógica é que eles sejam substituídos nos próximos 19 anos. As máquinas que podem causar mais problemas são os chamados “sistemas embarcados”, que são usados em sistemas de transporte e outros aparelhos que devem ter longa durabilidade, como estabilizador de controle em carros, por exemplo. A principal preocupação deve ser com sistemas vitais para a infraestrutura, mas espera-se que os 19 anos que faltam sejam tempo suficiente para administradores e governantes se planejarem.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

BUG DO MILÊNIO — A HISTÓRIA SE REPETE


NINGUÉM É VELHO DEMAIS PARA APRENDER NEM NOVO DEMAIS PARA ENSINAR.

Há exatos 20 anos, o mundo roía as unhas na expectativa da "virada do milênio", que supostamente enlouqueceria todos os computadores quando os relógios saltassem as 23h59 para 00h00 e os calendários, de 31/12/99 para 01/01/00, data que as máquinas interpretariam como 1º de janeiro de 1900.

Todo computador dispõe de um relógio interno e depende dele executar corretamente um sem-número de tarefas — como verificar se sua conta de telefone venceu, por exemplo, ou se está na hora de ligar a iluminação pública. Devido ao assim chamado "bug do milênio", os servidores das empresas de telefonia poderiam entender que os clientes estariam devendo 100 anos de serviço, o que provavelmente resultaria na suspensão da linha e na cobrança de multas e juros que eles não conseguiriam pagar nem que vivessem outros 100 anos. No caso das luzes, a cidade poderia ficar às escuras se o programa interpretasse que o dia seguinte ainda não havia chegado — e jamais chegaria, a menos que alguém lhe explicasse que 00 é maior que 99.

Lá pelos idos de 1950, quando os primeiros computadores foram criados, a quantidade de dados que os monstruosos mainframes eram capazes de adicionar caberia num prosaico disquete de 1,44 MB (tipo de mídia que só seria criada décadas depois), e escrever o ano com dois dígitos em vez de quatro representava uma economia colossal. Além disso, achava-se que até o ano 2000 os programas de então teriam sido aposentados, o que, de fato, aconteceu, mas pouca gente se deu conta de que os novos continuaram a registrar o ano com dois dígitos para manter compatibilidade com os antigos.

Noves fora algumas intercorrências pontuais, o bug do milênio foi muito peido e pouca bosta. Houve falhas em terminais de ônibus na Austrália, em equipamentos de medição de radiação no Japão e em alguns testes médicos na Inglaterra. Alguns sites da Web mostraram a data 1/1/19100. Mas isso não evitou que o pânico se espalhasse mundo afora nem que fossem gastos cerca de US$ 300 bilhões em medidas preventivas.

Em Brasília, montou-se uma “sala de situação” do setor elétrico para eventuais distúrbios no fornecimento de energia; o governo paulista criou um site para acompanhar os efeitos da “catástrofe” (havia preocupação em áreas-chave, como saúde, segurança pública, transportes, recursos hídricos e administração penitenciária) e a prefeitura da capital colocou 2700 funcionários da CET em standby no Réveillon, diante da possibilidade de panes em semáforos ou congestionamentos anormais. Quando os relógios deram meia-noite e nada de incomum aconteceu, os servidores foram desmobilizados e puderam curtir a virada do século, ainda que com algum atraso.

Como não há mal que sempre dure nem bem que nunca termine, em 2038 os processadores de 32-bit perderão a capacidade de contar o tempo. O busílis da questão (como eu havia adiantado nesta postagem de 2017) é a limitação da arquitetura de 32-bit, que atingirá seu ápice às 3h14min7 de 19 de janeiro de 2038. Mais ou menos da mesma forma que se previa que acontecesse na virada do século, as máquinas não conseguirão diferenciar 2038 e 1970, o primeiro ano no qual todos os sistemas atuais passaram a medir o tempo.

Continua na postagem de amanhã.