sábado, 30 de novembro de 2024

WINDOWS 10 X WINDOWS 11

O FRACO TEME A MORTE, O DESGRAÇADO CLAMA POR ELA, O VALENTE A PROCURA E O SENSATO A ESPERA.

 

Nem todos os usuários do Windows 11 gostaram dos novos menus de contexto limitados e do novo menu Iniciar. Muitos, inclusive, fizeram o downgrade e deixaram para decidir o que fazer em outubro do ano que vem, quando o Win10 deixar de receber atualizações e correções de falhas críticas e de segurança. 

Microsoft nunca facilitou a instalação do Win11 em máquinas antigas, chegando mesmo a impor exigências frequentemente artificiais — como a obrigatoriedade de vincular a conta local a uma conta online da Microsoft —. mas a cada brecha fechada os usuários abriam duas novas. Depois de soluções como o Rebound11 e o Tiny11, surge agora o Flyby11 para contornar as restrições de hardware (clique aqui para mais detalhes). 

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ESTOU DE SACO CHEIO DESSA MERDA. VAMOS FAZER UMA PAUSA E RETORNAR NA SEGUNDA-FEIRA.

A pergunta é: vale a pena migrar para um SO cujas atualizações são quase sempre problemáticas — a mais recente acarretou uma "falta de fluidez" jamais vista no Win10 — e a impossibilidade de desinstalar bloatware deixa os usuários reféns de aplicativos inúteis? Quanto às questões estéticas, por que recorrer a apps pagos para dar ao Win11 a aparência do antecessor, quando se pode ter o Win10 original, que, aliás, incorporou vários recursos da versão atual?
 
Ferramentas de análise de trafego da Web apontam que a participação do Win11 vem caindo, enquanto a do Win10 permanece na casa dos 60%. Isso explica por que a Microsoft decidiu oferecer um ano adicional de atualizações de segurança para quem se dispuser a desembolsar US$ 30 (lembrando que novos recursos, correções de bugs e suporte técnico não fazem parte do pacote).

Para encerrar, uma anedota filosófica sobre a conveniência de postergar determinadas decisões:

Era uma vez um rei que adorava coisas estranhas. Sabendo disso, um espertalhão abordou o dono de um bebê elefante e propôs levar o animal até o palácio e vendê-lo ao rei, dizendo que o elefantinho cantava. O rei concordou em pagar o peso do paquiderme em ouro, mas desde que o ouvisse cantar. O vigarista disse que entendia a preocupação do monarca, mas ponderou que o bicho ainda era bebê. Para evitar dúvidas, ele e seu sócio ficariam hospedados no palácio até o elefante ficar adulto e começar a cantar. O rei topou, mas advertiu: 
Daqui a 20 anos, se ele não cantar, vocês serão degolados. 
O dono do animal ficou apavorado, mas  vigarista o tranquilizou:
Daqui a 20 anos o rei pode estar morto, o elefante pode estar morto, nós podemos estar mortos... Então, carpe diem. 

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

GOLPE DA CNH

PARA ALGUNS, "DEUS CURA E O MÉDICO APRESENTA A CONTA"; PARA OUTROS, "O MÉDICO CURA E DEUS LEVA A FAMA".

 

O phishing via SMS vêm se tornando cada vez mais frequente no Brasil. Golpes como o "SMS dos Correios" e, agora, o da CNH são exemplos de como os criminosos utilizam links maliciosos para redirecionar usuários a sites fraudulentos ou instalar vírus que capturam dados sensíveis.

Se você receber uma mensagem de texto alegando que sua Carteira Nacional de Habilitação está prestes a ser suspensa, NÃO CLIQUE no link encurtado. Ele leva a um site falso, mas muito parecido com o do DETRAN ou outro órgão oficial, onde você será induzido a preencher um cadastro e efetuar o pagamento de uma taxas, sob o pretexto de evitar o bloqueio de sua habilitação.

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Acreditar no inacreditável e permitir que a imaginação obedeça aos ditames do inimaginável são características daqueles que, por consciência ou contingência do devaneio, se deixam levar a um universo paralelo bem distante da realidade. Foi o caso dos conspiradores do Planalto, do homem que se explodiu na praça dos Três Poderes, dos depredadores das sedes-símbolo da República e de todos os que acreditaram na chance de Bolsonaro continuar no poder sem lei e na marra. 

À imprudência dos atos e o emprego de meios toscos faz pensar num surto coletivo de demência, mas rompantes não duram tanto nem atingem igualmente pessoas com origens, idades, profissões, gêneros e etnias diferentes entre si. Mas foge à compreensão a razão pela qual esses autores (e executores) do enredo da insurreição presumiram que teriam êxito; espanta como não consideraram a hipótese de um fracasso seguido de pesadas consequências. 

Desequilíbrios emocionais e mentais não explicam tudo. O desatino desenha um traço de união entre o chaveiro do interior de Santa Catarina, oficiais de forças especiais treinados, militares de alta patente, ministros de Estado, presidente travestido de pregador da desobediência civil, gente que louva pneus na porta de quartéis e toda rede de rebeldes ávidos por uma causa. 

O ressentimento cria identificação. Do argumento da trama fornecido por Bolsonaro ao longo da carreira e do mandato de presidente, chegou-se à elaboração do roteiro do qual partiu-se para a execução de uma revolução tecida nos escaninhos de mentes contaminadas pelo vírus do inconformismo violento ante as regras da legalidade. Não há que se falar em anistia

Não há como a sociedade condescender nem aceitar a versão de que a culpa é da loucura alheia. Não cola. Se doidos há, por trás deles estão os dirigentes do hospício, delinquentes muito conscientes de sua orientação à guerra.

Bolsonaro já percebeu que será condenado, e o comportamento que exibe a caminho do patíbulo sinaliza a intenção de transformar o julgamento no maior comício de sua torpe existência. 

A mensagem pode apresentar diferentes conteúdos, como um alerta sobre uma possível multa ou até mesmo uma irregularidade no veículo. Por isso, jamais clique em links suspeitos e desconfie sempre de solicitações de pagamentos via Pix, principalmente com promessas de regularização rápida. Se receber alguma mensagem suspeita sobre sua CNH, denuncie o fato à polícia ou ao DETRAN do seu estado.

Governos e empresas confiáveis não condicionam ações ou benefícios ao acesso a links enviados por mensagens. Em caso de dúvida, entre em contato diretamente com o órgão ou instituição mencionada. Sites como www.siteconfiavel.com.br e www.reclameaqui.com.br ajudam a identificar se o link foi manipulado.

Não compartilhe dados sensíveis. Informações como códigos de segurança ou senhas nunca devem ser enviadas por SMS.

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

BLACK FRIDAY

NÃO COMPRE O SUPÉRFLUO PARA NÃO PRECISAR VENDER O NECESSÁRIO. 

A Black Friday surgiu nos EUA dos anos 60 e chegou ao Brasil em 2010, inicialmente no comércio online. Tanto lá como cá ela acontece no dia seguinte ao Thanksgiving — feriado que os norte-americanos comemoram na quarta quinta-feira de novembro. 

O termo "Black Friday" foi cunhado por policiais da Filadélfia, que precisavam lidar com o trânsito caótico e tumultos nas lojas após o feriado de ação de graças e antes do jogo Army-Navy, e adotado pelos comerciantes para aludir ao dia em que as vendas saíam do vermelho graças a descontos que chegavam a até 80%.

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Bolsonaro recebeu defesa morna de aliados. A mobilização foi considerada protocolar por um de seus asseclas: “Para fingir que se importam”. No Xwitter, 23 dos 93 deputados federais do PL criticaram o indiciamento nas 24 horas seguintes ao caso  alguns de forma genérica, sem sequer uma menção ao ex-presidente. No Instagram, outros 43 parlamentares da sigla também o apoiaram, a maioria sem grande ênfase. Um congressista da legenda avalia que metade do grupo bolsonarista do PL – estimado em dois terços dos parlamentares – está disposta a romper com o ex-presidente se surgir uma liderança forte para enfrentar o PT em 2026. 
Bolsonaro sabe o que o aguarda. Nas redes sociais, a coreografia vitimista alimenta o conspiracionismo da perseguição, mote do comício hipertrofiado do "mito. No banco dos réus, a encenação não terá serventia. Seu discurso sempre passa pela tese segundo a qual, como nada foi feito, nada é criminoso. Como Lula não tinha tomado posse, nada poderia ser considerado como tentativa de golpe. Isso é uma grande falácia, porque poder constituído é o poder eleito. Havia uma eleição, a proclamação do resultado e a diplomação do eleito. Algo pode estar mais constituído do que isso?
Ficaram instantaneamente gastas as alegações de inocência. O inquérito expõe a anatomia da tentativa de golpe da reunião na qual o então presidente instou seu ministério, em julho de 2022, a disseminar inverdades sobre a lisura das urnas, até o mapeamento dos encontros em que ele informado do Plano Copa 2022 e da operação "Punhal Verde e Amarelo". Recolheram-se evidências de que o golpe "não se consumou em razão de circunstâncias alheias à vontade de Bolsonaro": os comandantes do Exército e da Aeronáutica se negaram a participar do golpe; somente o comandante da Marinha aderiu. Faltou tropa. 
Cabe ao procurador-geral Paulo Gonet converter os indiciamentos em denúncias e ao STF, converter em réus os (por enquanto) 37 denunciados .
O inquérito da PF caiu sobre a biografia do capetão com o peso de uma lápide. Vade retro, Satanás!
 
No Brasil, o evento ganhou a alcunha de "Black Fraude" porque comerciantes adeptos da Lei de Gerson inflam os preços antes de aplicar os "descontos" — donde o apelido jocoso e o slogan pejorativo "tudo pela metade do dobro do preço". Ainda assim é possível economizar, seja nas compras online, seja nas lojas físicas — lembrando que o e-commerce evita filas e multidões, mas dá margem a atrasos na entrega, entre outros dissabores. E só nas compras presenciais é possível manusear os produtos, experimentar as roupas e, em alguns casos, negociar descontos adicionais com os vendedores.

 

Sites como Buscapé e Bondfaro ajudam a poupar tempo, combustível e sola de sapato. Mas é importante checar se o site da loja possui certificação de segurança SSL (Secure Sockets Layer), evitar transações em computadores públicos e em redes Wi-Fi "públicas", fugir de ofertas "milagrosas" (a maioria é phishing) e desconfiar de lojas sem CGC, endereço físico ou telefone de contato.

 

site oficial da Black Friday lista as lojas participantes, mas convém conferir a reputação dos vendedores e os comentários de outros consumidores em portais como o Mercado Livre. Ainda que o artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor assegure o direito de arrependimento em até 7 dias após o recebimento de uma compra online, recomenda-se evitar compras por impulso, comparar preços, prazos e políticas de troca entre diferentes lojas, considerar o valor do frete nas compras online e pechinchar nas presenciais.
 
A menos que sejam parceladas pela loja, as compras com cartão devem ser consideradas pagamento à vista — cobrar a mais no crédito fere o inciso V do art. 39 do CDC. O boleto bancário depende de compensação e pode atrasar a entrega, e pagamentos com cartão de débito devem ser evitados nas compras online. Desconto adicional para pagamento por Pix é um atrativo, mas somente se a empresa for confiável. Evite salvar os números do cartão de crédito em dispositivos ou navegadores, mesmo que sejam considerados seguros. Se possível, gere um cartão de crédito virtual, que funciona uma única vez (ou durante um tempo pré-definido, já que as regras variam de uma operadora para outra). 


Boas compras!

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

ANDROID — DICAS

ALGUMAS PESSOAS NÃO VALEM A PÓLVORA QUE AS MANDARIA PARA O INFERNO.


Android é o sistema operacional para dispositivos ultraportáteis mais popular do planeta. mas muitas das funções que ele disponibiliza são subtilizadas, não só, mas principalmente porque os usuários as desconhecem.
 
Claro que a utilidade desses recursos não é a mesma para todas as pessoas, e que a interface do sistema varia conforme as "skins" criadas pela Samsung, Motorola, Xiaomi e Realme para personalizar seus aparelhos, mas saber como acessá-los facilita sobremaneira o uso do smartphone.

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Buscando maneiras de defender o indefensável, Bolsonaro se escora num artigo do New York que acusa o STF de promover o desmonte da Lava-Jato, esquecendo de lembrar — ou lembrado de esquecer — que ele próprio foi um dos grandes responsáveis pela desmoralização da força tarefa, que desceu a ladeira depois que Sergio Moro aceitou ser ministro de seu governo — um governo que se tornaria tão ou mais corrupto do que as gestões petistas. 
O que o jornal diz faz sentido. Quando anulou as sentenças da Lava-Jato contra Lula, Gilmar Mendes enfatizou que aquela decisão não seria estendida a outros processos e réus. Dias atrás, ele próprio anulou todas as condenações de José Dirceu, como se as eventuais irregularidades apontadas pela Vaza-Jato tivessem o condão de apagar a corrupção. 
O desmonte da Lava-Jato e a anulação das sentenças nao só ressuscitaram como fortaleceram a sensação de impunidade que campeava solta nos tempos do mensalão e do petrolão. Por essas e outras, diante da profusão de provas e da abundância de evidencias, não punir exemplarmente Bolsonaro e seus cúmplices desmoralizaria ainda mais o sistema judicial brasileiro. 
Cada um luta com as armas que tem, mas tumultuar o ambiente escorando-se na imagem negativa do PT e do Supremo não deve levar o capetão a lugar nenhum. Aliás, na entrevista que concedeu ao retornar das férias do próprio ócio, ele soou como um cínico réu confesso: admitiu que procurou saber "se existia alguma maneira na Constituição para resolver o problema". Que problema? "Tinha insatisfação no Brasil", limitou-se a dizer. 
Havia uma insatisfação difusa no país em 2022, mas a maioria do eleitorado despejou seu descontentamento nas urnas. Tomado pelas palavras, Bolsonaro cogitou quase tudo, até a decretação de um estado de sítio. Só não pensou em passar a faixa para Lula. 
Bolsonaro faz pose de ofendido com o palavreado chulo e criminoso dos seus cúmplices. "Esses áudios vazados aí me ofendem", disse, como que puxando a faca para os oficiais do "Punhal Verde Amarelo", que tramaram a execução de Lula, Alckmin e Moraes. Os militares indiciados junto com ele começam a perceber que as versões do chefe da organização criminosa soam desconexas, mas convergem sempre para um mesmo ponto: sejam quais forem as provas reunidas pela PF, todos os crimes foram cometidos pelos outros. 
Mauro Cid já havia experimentado a mesma sensação. E deu em delação.

Os widgets são atalhos que podem ser posicionados em locais estratégicos da tela inicial e usados para interagir com determinados aplicativos sem precisar abri-los (o que ajuda a economizar bateria). Para criá-los, acesse a gaveta de aplicativos, mantenha o dedo sobre o ícone do programa desejado, toque em "Adicionar à tela inicial" (ou em widget para explorar mais opções) e arraste o atalho até o local desejado.
 
pasta segura ajuda a proteger documentos, arquivos, fotos e vídeos importantes. Para configurar o recurso, acesse o app Files, localize a opção Pasta Segura e configure uma senha, um PIN ou um padrão de acesso para ela, retorne à tela inicial do Files, selecione os arquivos que você deseja proteger, toque no ícone dos três pontinhos e na opção Mover para pasta segura.
 
Com o Google Assistente ativado, basta dizer Ok, Google e o comando desejado para abrir aplicativos, configurar timers e alarmes, criar listas de compras, traduzir conversas em tempo real etc. Para substituir o assistente original pelo Gemini, acesse o app pela bandeja de apps, toque em sua imagem de perfil e faça a alteração em Assistente Google Mudar.
 
Dividir tela para usar dois aplicativos ao mesmo tempo é útil para checar dados de uma planilha para preencher um documento, por exemplo. Para usar o recurso, abra um aplicativo, toque no ícone dos três tracinhos verticais (no canto inferior esquerdo da tela), pressione o ícone do app, toque em Abrir na exibição em tela dividida Dividir a tela e repita o processo com o segundo app (lembrando que alguns aplicativos não funcionam em tela dividida).

Por último, mas não menos importante: baixe o app Encontre meu Dispositivo para chegar os últimos lugares em que seu aparelho esteve, localizá-lo em caso de perda ou roubo, bloqueá-lo, ativar um sinal sonoro (que tocará mesmo se o celular estiver no mudo), enviar uma mensagem personalizada para ser exibida na tela e até apagar remotamente todos os dados (clique aqui para saber como proceder em cada caso).  

terça-feira, 26 de novembro de 2024

ENTRE NINHOS DE PERIQUITOS E OVOS DE SERPENTE

UMA MENTIRA É SÓ UMA MENTIRA, DUAS SÃO DUAS MENTIRAS, MAIS DE TRÊS É CAMPANHA POLÍTICA.

O conto "Ninho de Periquitos" ilustra a coragem e as escolhas inevitáveis que a vida exige: ao apanhar dois periquitinhos para ao filho que completava 10 anos naquele dia, um sertanejo foi picado por uma urutu, matou a cobra com seu facão e amputou a própria mão para preservar a vida.

Naquele fim de mundo, socorro médico era uma miragem, e adiar a decisão, numa época em que se usavam sanguessugas para tratar enfermidades, era assinar o próprio atestado de óbito. 

 

Até pouco tempo atrás, o câncer era uma sentença de morte inapelável. Hoje, o diagnostico precoce aumenta exponencialmente as chances de cura. Costuma-se dizer que reconhecer a existência do problema é meio caminho andado, mas a solução só virá a reboque das medidas cabíveis. E essa lógica se aplica também ao contexto político. 

 

Em 2018, ao preferir a certeza do erro à possibilidade do acerto, a maioria irracional do eleitorado obrigou a minoria pensante a apoiar o "menos pior". Como a alternativa ao bonifrate do então presidiário mais famoso do Brasil era Jair Bolsonaro, o jeito foi tapar o nariz e votar no nhô-ruim para evitar a volta do nhô-pior. Claro que se podia esperar grandes coisas de um mau militar que trocou a caserna pela política para continuar pendurado no erário como parlamentar medíocre, mas tampouco se podia prever que o mandrião flibusteiro se tornaria o pior mandatário desde Tome de Souza. 

 

Não faltaram pedidos de impeachment (foram mais de 140) nem evidencias de crimes comuns que justificassem a abertura de inquéritos do STF. Mas Rodrigo Maia viu erros, mas não crimes nas 60 petições que arquivou, Arthur Lira reputou inúteis as demais e o antiprocurador-geral jogou na privada o relatório CPI da Covid e o que mais ameaçou a permanência do napoleão de hospício na Presidência. Em suma, o carcinoma foi diagnosticado, mas nem o Legislativo nem o Judiciário se dignaram de extirpá-lo antes que ele evoluísse para metástase. 

 

Bolsonaro sempre foi inimigo visceral das liberdades democráticas — tanto nos 15 anos de caserna quanto nos 28 de deputância —, mas seus arroubos antidemocráticos não eram levados a sério, nem mesmo quando ele defendia abertamente a censura e o fechamento do STF e do Congresso. A exemplo do escorpião da fábula, esse filhote da ditadura jamais foi capaz de agir contra a própria natureza. As "mudanças de comportamento" que ele encenou quando as circunstâncias o exigiram eram tão fictícias quanto a criação do mundo descrita no Gênesis. 

 

Segundo Charles Baudelaire, "o maior trunfo do diabo é nos convencer de que ele não existe". Tudo que Bolsonaro queria era se perpetuar no poder a qualquer custo. Se tivesse contido seu furor uterino e governado o país dentro das "quatro linhas" que ele tanto evocava, talvez Lula estivesse gozando férias compulsórias em Curitiba e ele, Bolsonaro, conquistado um segundo mandato de maneira legítima.

 

Seu inconformismo com o resultado das urnas ficou claro no silêncio conivente diante das manifestações de correligionários que pregavam a retomada do poder. Em vez de ordenar o desmonte dos acampamentos de radicalizados ansiosos por uma inexequível virada da maré, o aspirante a tiranete acalentou a ilusão dos que agora clamam por uma inconcebível anistia por se verem na contingência de ver o sol nascer quadrado. Mestre em tirar castanha com a mão do gato, emendou à autoclausura a fuga para Miami. Homiziado na cueca do Pateta, assistiu de camarote aos desdobramentos dos ataques terrorista de 8 de janeiro — ápice da trama golpista que vinha sendo costurada nos bastidores havia meses. 

 

Escorado no princípio da causalidade, o Conselheiro Acácio (personagem do romance O Primo Basílio, de Eça de Queiroz) ensinou que as consequências sempre vêm depois. Por tudo que fez, o falso messias que prometeu salvar o Brasil do lulopetismo corrupto se tornou um caso clássico de emenda pior que o soneto. Em abril, seus pernoites na embaixada da Hungria levaram apoiadores a temer sua prisão preventiva; quando Moraes não a decretou, o temor deu lugar à galhofa: "Xandão amarelou, virou xandinho [...] encarcerar Mauro Cid é uma coisa, e outra bem diferente é prender Bolsonaro sem uma sentença [...] o barulho seria grande no Congresso e nas ruas diante dessa covardia injustificável", mugiram os devotos do rebotalho da ditadura. 

 

Inelegível até 2030, proibido de deixar o país e alvo de três inquéritos que tramitam no STF — todos sob a relatoria de Moraes —, Bolsonaro segue livre, leve e solto. Mas não há nada como o tempo para passar: no último dia 19, a Operação Contragolpe prendeu quatro militares de alta patente e indiciou Braga Netto, Mauro Cid, o próprio Bolsonaro e outros 34 envolvidos na "suposta" tentativa de golpe. "Suposta" porque o que tem rabo de jacaré, couro de jacaré, boca de jacaré e dentes de jacaré sempre pode ser um coelhinho inofensivo. 

 

À luz da lógica e das trajetórias de alguns personagens, é difícil desconectar a trama posta em marcha logo após o resultado das eleições das atitudes e ligações do candidato derrotado, cujo vice na chapa anfitriou pelos menos uma reunião com os pretensos executores da eliminação LulaAlckmin e Moraes — segundo informações do ex-ajudante de ordens ora delator e de um caminhão de provas reunidas pela PF num relatório de 884 páginas. 

 

O direito ao delírio é livre, mas os deveres da realidade recomendam observar o andar da carruagem e incluir no radar uma mudança de planos. Na política, a fidelidade vai ao velório, mas assiste ao enterro no limite da beira da cova. Quem vive de votos sabe que eleições livres dependem de democracia plena, e que, em nome da própria sobrevivência, não convém associar-se a empreitadas liberticidas. Não tão depressa que pareça traição, mas nem tão devagar que denote conivência, a tendência é que o ferido seja deixado pelo caminho no ritmo do agravamento de sua situação.

 

O indiciamento de Bolsonaro por golpismo recebeu defesa morna de aliados — "para fingir que se importam", nas palavras de um de seus asseclas. No Xwitter, 23 dos 93 deputados federais do PL criticaram a PF nas 24 horas seguintes ao caso — alguns de forma genérica, sem sequer uma menção ao ex-presidente. No Instagram, outros 43 parlamentares da sigla também o apoiaram, mas sem grande ênfase. Um congressista do PL avalia que metade do grupo bolsonarista da sigla — estimado em dois terços dos parlamentares — está disposta a romper com o ex-presidente se surgir uma liderança forte para enfrentar o PT em 2026.

 

Segundo a Folha, a revelação do plano de assassinatos impactou mais o Congresso do que a divulgação dos 37 indiciados por golpismo. Boa parte dos nomes da lista já era esperada, mas não as evidências da trama para executar um presidente eleito, seu vice e um ministro da Suprema Corte. Avalia-se que a mera cogitação de usar aparato estatal para cometer assassinatos políticos é algo inimaginável, só encontrando paralelo nos anos de chumbo. 

 

Os 55 áudios aos quais o Fantástico teve acesso deram fornecem detalhes das ações golpistas e confirmam o protagonismo do general Mario Fernandes. que tinha um roteiro para deputados bolsonaristas usarem durante a CPMI do 8 de Janeiro. O documento de três páginas descreve estratégias para criar uma narrativa em relação aos movimentos do envolvidos. 


Em uma live no perfil do ex-ministro do Turismo, Bolsonaro ironizou as investigações. O general Braga Netto, igualmente denunciado por envolvimento no plano de execuções, afirmou que nunca se tratou de golpe, muito menos de assassinar alguém.

 

A esta altura, impõe-se uma reflexão: foi para isso que lutamos tanto pelas "Diretas Já"? É fato que, pior que nossos políticos, só mesmo um eleitorado que repete os erros a cada eleição, esperando um resultado diferente. 


Em 1989, ao quebrar um jejum de urna de 29 anos, a récua de muares guindou ao Planalto um falso caçador de marajás, que entrou para a história como o primeiro presidente eleito pelo povo na Nova República e o primeiro a sofrer um impeachment. 

Nas pegadas do pleito de 2002, o lulopetismo corrupto se instalou no Poder e reinou por 13 anos 4 meses e 11 dias. Em 2018, Lula, que então colecionava duas dúzias de ações criminais, foi recolhido à carceragem da PF, onde gozou férias compulsórias por míseros 580 dias. Em 2024, já "descondenado" e reabilitado politicamente, conquistou um inusitado terceiro mandato, pois era preciso defenestrar do Planalto o refugo da escória da humanidade. 

Passados dois anos da posse do macróbio petista, livramo-nos das turbulências militares — o que não é pouca coisa —, mas falta saber o que o STF fará com a quadrilha de golpistas que incluía um presidente e quatro ex-ministros, três dos quais com altas patentes militares. Considerando que nossa mais alta corte baixou o pano da Operação Lava-Jato, convém economizar expectativas.

 

Ao contrário do sertanejo que optou por amputar a própria mão para não perder a vida, Bolsonaro escolheu cavar mais fundo em busca do caminho que o eternizaria no poder, mas que, pavimentado por uma fieira de crimes que não para de crescer, deverá levá-lo a ver o sol nascer quadrado. E quanto antes isso acontecer, tanto melhor. 

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

ESQUERDA X DIREITA (CONCLUSÃO)

OS IDIOTAS VÃO DOMINAR O MUNDO, NÃO PELA CAPACIDADE, MAS PELA QUANTIDADE.

 
Como dito no capítulo anterior, as disputas presidenciais pós-redemocratização não eram o clássico embate "direita versus esquerda", já que o PSDB sempre foi um partido "de centro" (se de centro-esquerda ou centro-direita, nem eles próprios sabem; se há dois banheiros na casa, tucano que é tucano mija no corredor). Mas o Tucanato entrou em parafuso em 2014, depois que o "poste" de Lula derrotou o neto de Tancredo, e vem encolhendo desde então, inclusive nas disputas locais: em 2016, mais de 14% dos prefeitos eleitos eram tucanos; em 2024, foram menos de 2%.

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Ao defender seu desprezível genitor, Flávio Bolsonaro insultou nossa inteligência ao afirmar que "segundo a imprensa", um grupo de cinco pessoas tinha um plano para matar autoridades e, na sequência, criar um gabinete de crise integrado por eles, já que foi a Polícia Federal, e não a imprensa, quem apresentou a documentação comprobatória que embasou um relatório de quase 900 páginas e o indiciamento do ex-mandatário e outras 36 pessoas.
"Por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime", acrescentou o filho do pai, num abjeto exercício de hermenêutica. Enfim, diz o ditado que "o fruto não cai longe do pé", "filho de peixe peixinho é", "quem sai aos seus não degenera", e "família que vai em cana unida permanece unida."
A prisão do ex-presidente golpista deixou de ser uma questão de "se" para se tornar uma questão de "quando". E quanto antes, melhor.
 
A divisão entre "esquerda" e "direita" remonta a 1789, quando Luís XVI convocou os "Estados Gerais" para discutir a crise financeira que assolava a França. O evento se transformou numa Assembleia Nacional Constituinte, onde os deputados alinhados com o monarca sentavam-se à direita, e os que defendiam a limitação do poder real, à esquerda. Assim, um simples "acidente de localização" fez com que aqueles que apoiam o status quo sejam vistos como "de direita", e os que desejam mudanças, como "de esquerda". Mas vale destacar que esses conceitos não são absolutos: alguém "de esquerda" pode parecer "de centro-esquerda" diante de um esquerdista radical, e o mesmo vale para a direita. 

Em última análise, tudo depende do ponto de vista e do paradigma adotado. Para ilustrar esse premissa, cito o caso de um padre recém-ordenado, que assumiu sua paróquia um dia antes da morte do prefeito corrupto, rabugento e malquisto pelos munícipes. Sem elementos para embasar a homília fúnebre, o religioso convidou algum dos presentes a enaltecer as virtudes do "nosso querido alcaide". Como ninguém se manifestou, sobrou para a viúva, que, constrangida, sentenciou: "O pai dele era ainda pior."

Incontáveis de tons de cinza separam o preto do branco na paleta de cores, e inúmeras correntes de pensamento e ideologias diferentes preenche o espaço entre os dois extremos do espectro político-ideológico. O branco é a soma de todas as cores do espectro visível, enquanto o preto, que resulta da ausência da luz, representa na política um vazio ideológico de extremo radicalismo, onde não há espaço para o diálogo.
 
Os Conservadores são geralmente alinhados à direita por defenderem valores, tradições e instituições que consideram essenciais à estabilidade social. Já os Liberais, comumente associados ao centro ou ao centro-direita (embora possam pender à esquerda em questões sociais), priorizam a liberdade individual, os direitos civis e um Estado limitado.
 
Os Reacionários pugnam pelo retorno a uma ordem passada que eles consideram ideal; os Revolucionários, em contraste, buscam transformações radicais e imediatas nas estruturas sociais, políticas ou econômicas, frequentemente associadas à extrema esquerda. Os Libertários exaltam a liberdade individual e rejeitam intervenções estatais em qualquer esfera, e sua rejeição a governos autoritários lhes permite ser de direita e ao mesmo tempo ficar fora do espectro clássico.

Os Progressistas defendem mudanças em prol da justiça social. Os Moderados (ou "isentões") tentam equilibrar ideias de ambos os lados. Os Anarquistas são esquerdistas que rejeitam toda autoridade estatal (si hay gobierno soy contra), ao passo que os Autoritários priorizam o controle centralizado, podendo ser tanto de esquerda quanto de direita. 

Os "Socialistas" são tidos como esquerdistas porque suas ideias se baseiam na igualdade social, na redução das desigualdades econômicas e na maior intervenção do Estado na economia para garantir direitos sociais. No entanto, em alguns contextos históricos, movimentos ou políticas que se identificavam como socialistas incorporaram elementos da retórica nacionalista extrema (como o Nazismo na Alemanha, que é considerado de extrema-direita).
 
Os "Comunistas" defendem uma sociedade sem classes nem propriedade privada, com os meios de produção totalmente coletivizados, e são classificados como de extrema-esquerda. Os "Fascistas" visam a um Estado autoritário e não raro expansionista, com controle social rígido e apoio ao corporativismo econômico, e são de extrema-direita. Os Nacionalistas  chauvinistas que colocam os interesses da nação acima de tudo — englobam de patriotas moderados a xenófobos extremados, e podem ser tanto de esquerda quanto de direita.

Verdadeiros mestres da manipulação, os Populistas — que podem se situar em qualquer ponto do espectro político-ideológico — se apresentam como salvadores da pátria e fingem defender o povo das "elites corruptas". Carismáticos, eles inspiram lealdade e admiração em seus seguidores com promessas vazias e um discurso simplista que apresenta soluções fáceis e diretas para questões complexas a soluções. No Brasil, Lula e Bolsonaro são a "fina flor" do populismo demagogo (de esquerda e de direita, respectivamente); nos EUADonald Trump é um exemplo lapidar de populista de direita. 

Com o slogan "Make America Great Again" (fazer a América grande outra vez), a calopsita do penacho alaranjado sugere que a decadência atual é fruto de políticas "revolucionárias" ou "liberais". Prometendo restaurar a grandeza perdida, a musa inspiradora do ex-verdugo do Planalto encarna a essência do reacionarismo em sua forma mais caricata.

domingo, 24 de novembro de 2024

NEM SÓ DE MACARRÃO VIVEM OS MOLHOS — CONTINUAÇÃO

FAÇA O QUE TIVER DE SER FEITO ATÉ PODER ESCOLHER O QUE FAZER, E JAMAIS INVERTA ESSA ORDEM.

Nem só de massas vivem os molhos, e um bife suculento fica ainda mais gostoso quando é servido com um molho à base de mostarda

Para seis bifes médios, você vai precisar de:

- 1kg de filé-mignon (ou contrafilé, alcatra, coxão-mole etc.) cortado em bifes; 

- 3 dentes de alho amassados; 

- 3 colheres (sopa) de óleo (de soja, milho ou girassol);

- 1 colher (sopa) de manteiga;

- 1 cebola grande picada;

- 5 colheres (sopa) de mostarda de Dijon — que é menos picante e ácida que a comum, mas sinta-se à vontade para substituí-la pelo molho de mostarda que você usa no hot-dog;

- 2 caixinhas de creme de leite (do verdadeiro)

- ½ xícara (chá) de água; 

- Sal e pimenta-do-reino a gosto;

- Cheiro-verde picado para polvilhar.

Aqueça uma panela ou frigideira de fundo grosso em fogo alto. Quando ela começar a fumaçar, regue com um fio de óleo e frite um bife cada vez, por cerca de 3 minutos de cada lado, virando somente uma vez e temperando com o alho, o sal e a pimenta no momento da fritura. 

Coloque os bifes numa assadeira e reserve. Em outra panela, derreta a manteiga em fogo médio, doure a cebola, junte a mostarda, o sal e a água. Quando ferver, desligue o fogo, junte o creme de leite, misture bem, despeje esse molho sobre os bifes, polvilhe o cheiro-verde e sirva com arroz branco e batata palito.

Considerando que muita gente se embanana quando se trata de "selar", "dourar" e "fritar" a carne:

Selar um bife alto (com 3 cm ou mais de espessura) é deixar a carne suculenta por dentro e com uma crosta crocante por fora. Aqueça bem a frigideira ou chapa, regue com um fio de óleo com ponto de fumaça alto, coloque o bife, deixe por cerca de 2 minutos, vire (uma única vez) e frite por mais 2 minutos. 

Observação: Esse processo faz com que a carne crie uma crosta marrom-escura e retenha os sucos em seu interior, mas deve ser finalizado no forno (pré-aquecido a 200°C) para garantir que ela fique rosada por dentro sem que a parte externa resseque. E é importante deixar a carne descansar por alguns minutos antes de cortar faz com que os sucos se distribuam uniformemente.

Dourar consiste em trabalhar com fogo médio/alto para a carne (ou frango, ou legumes) atingir o ponto desejado. Pingar um pouco de água na panela durante o processo evita que o alimento queime antes de dourar sem que para isso seja preciso colocar mais gordura na panela ou baixar o fago.

Fritar significa mergulhar totalmente o alimento na gordura quente — como se faz com bifes à milanesa, torresmos e batatas fritas. Note que o óleo não pode ultrapassar a metade da altura da panela, sob pena de transbordamento e eventuais queimaduras.

Bom apetite.