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quarta-feira, 21 de novembro de 2018

QUEM SAI AOS SEUS NÃO DEGENERA: POSTE DE LULA VIRA RÉU POR CORRUPÇÃO PASSIVA E LAVAGEM DE DINHEIRO


Ainda no assunto do post anterior: Em mais uma tentativa vergonhosa para desacreditar o TRF-4 e a juíza Gabriela Hardt, a defesa do ex-presidente presidiário ingressou com mais um pedido de Habeas Corpus, desta vez para colocar em xeque a autoridade da juíza no âmbito da Lava-Jato.

A alegação é que a Portaria 587, de 6 de junho de 2018 — que determina a substituição de Sérgio Moro por Gabriela Hardt —, veda explicitamente a atuação da juíza substituta em casos relacionados à operação Lava-Jato. Os advogados alegam também que o Código Penal exige que o réu seja sentenciado pelo juiz que tomou o depoimento, que, no caso, é Sérgio Moro — o que causa espécie, visto que boa parte das alegações infundadas da defesa consistia, até então, em acusar Moro de violar os princípios da imparcialidade e impessoalidade.

O princípio da identidade física do juiz criminal — de a sentença ser proferida pelo mesmo juiz que ouviu o depoimento do réu — não é absoluto e será avaliado no julgamento do HC.

Para concluir, mais um indício da inabalável lisura do partido que, não à toa, foi considerado pelo Ministério Público como uma organização criminosa: O poste que Lula indicou para disputar em seu lugar a presidência nas eleições deste ano, Fernando Haddad, que ostenta em seu currículo uma até então inédita derrota em primeiro turno nas eleições municipais de 2016 em São Paulo, quando pleiteou sua reeleição para prefeito, virou réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em ação judicial que apura se ele recebeu repasses da empreiteira UTC Engenharia entre maio e junho de 2013 para pagamento de dívidas de sua campanha à prefeitura paulistana em 2012.

A denúncia, apresentada pelo Ministério Público de São Paulo, foi aceita pela Justiça na última segunda-feira, 19. O valor envolvido nos repasses chegaria a R$ 2,6 milhões. Haddad, é claro, nega a acusação e afirma que a UTC teve interesses contrariados durante sua gestão.

A acusação foi apresentada pelo promotor Marcelo Mendroni com base em depoimento do empresário Ricardo Pessoa, presidente da UTC, em delação premiada na Operação Lava-Jato, e acolhida pelo juiz Leonardo Barreiros, da 5ª Vara Criminal da Barra Funda.

Haddad voltará em breve a pronunciar o "s" no final das palavras. Assim que se tornar réu mais 6 vezes, for condenado, preso, e começar a cumprir a pena, ficará parecido com o Exterminador dos Plurais que o pariu a tal ponto que ninguém vai mais reparar em como ele pronuncia as palavras.

domingo, 15 de abril de 2018

PETRALHAS E AFINS CONTINUAM IRRESIGNADOS COM A PRISÃO DE LULA



Se a prisão do molusco eneadáctilo roubou a cena no final de semana passado, desta vez foi a notícia do bombardeio à Síria que ocupou as primeiras páginas dos principais jornais e foi trombeteada pela mídia falada e televisiva. No entanto, a política internacional não é a minha praia, de modo que me recolho à minha insignificância e deixo esse tema para quem entende do assunto. Sigamos adiante.

Desde que Lula foi encarcerado, cresce o número de “apoiadores” que buscam livrá-lo da cadeia ou, na impossibilidade, visitá-lo para prestar vassalagem. Na última terça-feira, a juíza da 12ª Vara Federal de Curitiba negou o pedido de visita do senador Roberto Requião e mais 15 puxa-sacos ― dentre os quais os petralhas Lindbergh Faria e Gleisi Hoffmann e os governadores dos estados do Acre, Amapá, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe (basta uma rápida pesquisa no Google para descobrir seus nomes e respectivos partidos). Mas não é só.

No dia seguinte à decisão da magistrada, a Comissão dos Direitos Humanos do Senado (?!) aprovou um pedido da senadora Vanessa Grazziotin para que seus membros verifiquem as “condições de encarceramento” da sede da PF em Curitiba, onde o condenado foi hospedado compulsoriamente. Mas é possível que isso nem venha a ocorrer, pois o Sindicato dos Delegados da PF do Paraná solicitou a transferência do prisioneiro, alegando que sua presença exige que agentes cumpram tarefas fora de suas atribuições, dificulta o atendimento ao público e causa insegurança devido à “vigília permanente” dos militontos.

Paralelamente, a defesa do demiurgo de Garanhuns tenta mais uma chicana para reverter a prisão de seu cliente ― vale lembrar que, no próprio dia de sua prisão, Lula teve um habeas corpus pelo ministro Edson Fachin. A alegação desse agravo regimental é que os chamados “embargos dos embargos” (último recurso possível na esfera do TRF-4) ainda não foram julgados, o que tornaria a prisão do molusco ilegal. Caso Fachin mantenha sua posição, a defesa pede que o recurso seja analisado pela 2ª Turma do STF (leia-se Fachin, Mendes, Lewandowski, Toffoli e Celso de Mello), e em caso de nova recusa, requer a concessão de um habeas corpus “ex officio” (já vimos do que se trata nas postagens sobre o julgamento do HC de Palocci).

Até as pedras portuguesas que revestem o piso do Supremo sabem que os tais “embargos dos embargos” são meramente protelatórios e serão rejeitados pelos desembargadores da 8ª Turma na próxima quarta-feira, mas os honorários os rábulas cobram honorários vultosos e, portanto, precisam mostrar serviço.

Para concluir, algumas linhas acerca de um “efeito colateral” da prisão de Lula no país da corrupção ― onde quase metade dos parlamentares é composta de investigados, denunciados e réus na Justiça penal, e cujo chefe do Executivo só continua no cargo porque (1º) o amigão Gilmar Mendes manipulou o julgamento da cassação da chapa Dilma- Temer no TSE; (2º) porque Temer comprou o apoio das marafonas da Câmara para se livrar das denúncias apresentadas contra si pelo então procurador-geral Rodrigo Janot.  

Fato é que PT e Planalto vêm agindo em conjunto para barrar a prisão após condenação em segunda instância. A ideia é pressionar o ministro Alexandre de Moraes ― que foi nomeado por Temer e que já se manifestou favoravelmente à execução da pena após a segunda instância ―, já que a ministra Rosa Weber frustrou as expectativas dessa caterva.

Na última quarta-feira, petistas próximos a Lula (como Luiz Marinho, pré-candidato ao governo paulista, e o ex-ministro Gilberto Carvalho) se reuniram com Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes para falar sobre as ações que tratam do tema no STF. Um dia antes, Gilmar, que virou bandeira e agora é favorável à prisão somente após o trânsito em julgado, almoçou com Temer e sugeriu a nomeação de Moraes para o Ministério da Defesa, de maneira a tirá-lo da Corte.

Comenta-se também que Temer fez um aceno ao PT quando seus amigos e ex-assessores José Yunes e João Baptista Lima Filho foram presos: “No Brasil do século XXI, alguns querem impedir candidatura. Busca-se impedir ao povo a livre escolha. Reinterpreta-se a Constituição, as leis e os decretos ao sabor do momento. Vê-se crimes em atos de absoluto respeito às leis e total obediência aos princípios democráticos”, diz a nota do presidente “campeão de audiência”, que busca numa improvável reeleição a solução para manter sua prerrogativa de foro. Dias antes, o próprio Lula elogiou a postura de Temer durante a crise provocada pelos áudios gravados por Joesley Batista, afirmando que foi “uma coisa sórdida”, mas que o presidente “soube se impor”.

Como se vê, a desgraça une, e, na política, o inimigo de hoje pode ser o aliado de amanhã. Triste Brasil.

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