Nesta noite, quando a décima segunda badalada do relógio
soar, estaremos em 2021, ano em que o presidente
terá
de descer do palanque e fazer o que não fez até agora: governar o país. Caso
não o faça, aumentará as chances de ser expelido do cargo e ficar a ver navios
em 2022.
Se decidir, finalmente, agir como deveria ter agido desde janeiro de
2019, terá inúmeros desafios a enfrentar — um trabalho hercúleo para um
parlamentar medíocre, egresso do baixo clero, que não reúne condições
intelectuais nem morais para presidir miseravelmente uma reunião de condomínio,
e que se cerca de gente ainda mais desqualificada (talvez para não se sentir
tão pequeno quanto é).
No âmbito da economia, Bolsonaro terá de lidar com o
fim do auxílio emergencial e suas consequências. A despeito das tentativas
recorrentes dos frentistas do Posto Ipiranga, não surgiu uma alternativa
viável ao Bolsa Família nem uma solução mágica para financiar a "Renda
Cidadã". Com o fim do “orçamento de guerra” e a não aprovação da Lei
Orçamentária Anual, a poderosa esferográfica Bic do mandatário de
fancaria pode ficar sem tinta — pelo menos nos primeiros meses —, levando sua popularidade
a subir no telhado justamente quando começam de fato as articulações para o
pleito de 2022. E como o ambiente político é norteado pela circunstância
econômica, a conclusão é óbvia.
Na política internacional, a célebre frase “é a economia,
estúpido”, cunhada pelo marqueteiro democrata James Carville, que
previu a vitória de Clinton sobre Bush em 1992, continua vigendo. Bolsonaro
& Filhos jamais esconderam que tinham lado na disputa pela presidência
americana, e agora descobriram que escolheram o lado errado. A demora em
reconhecer a vitória de Biden certamente não facilitará as relações
comerciais entre os dois países, como tampouco favorecem as relações do Brasil
com a China os constantes ataques do chanceler de festim Ernesto Araújo
e do ex-quase embaixador Eduardo “Fritador de Hambúrguer” Bolsonaro.
Para além
disso, as aleivosias do capitão-sem-noção seguem num crescendo assustador — no
discurso de abertura da 75ª Assembleia da ONU, por exemplo, ele tratou aos
coices (para dizer o mínimo) os países que lhe cobraram responsabilidade
ambiental, culpou índios e caboclos pelas queimadas, inflou o valor do auxílio
emergencial e responsabilizou os governadores pela crise.
No xadrez político em Brasília, Bolsonaro terá de renovar
concessões e acordos para tentar emplacar aliados no comando da Câmara e do
Senado — para ele, é vital ter um lambe-botas no comando das duas Casas,
sobretudo na Câmara, cujo presidente não só controla a pauta de votações como
decide se aceita ou não um pedido de impeachment contra o chefe do Executivo. Atualmente,
Rodrigo “Botafogo” Maia está sentado em cima de uma pilha de
quase 60 demandas do tipo.
Na esfera judicial, Bolsonaro e seus
apoiadores continuam afirmando que não houve denúncias de corrupção neste
governo, mas somente porque desconhecem o significado dessa palavra.
Curiosamente, o termo é de uso corrente, sobretudo no Brasil. De acordo com o Michaelis,
entre outras acepções, “corrupção” significa 1) Degradação de valores morais
ou dos costumes, devassidão, depravação; 2) Ato ou efeito de subornar alguém
para vantagens pessoais ou de terceiros; 3) Uso de meios ilícitos, por parte de
pessoas do serviço público, para obtenção de informações sigilosas, a fim de
conseguir benefícios para si ou para terceiros.
Bolsonaro é investigado em um inquérito que tinha tudo para ser concluído antes da
aposentadoria do decano Celso de Mello do STF, mas não foi. No
fim de novembro, a AGU comunicou ao ministro Alexandre de Moraes que
o investigado “declinava
do meio de defesa” de prestar depoimento às autoridades e dar sua
versão sobre a acusação de interferência política na Polícia Federal.
Sob a relatoria do ministro estão outros dois casos, que correm em segredo
de Justiça. O mais antigo apura ameaças e disseminação de fake news contra
integrantes do STF, e o outro trata da organização de um protesto
antidemocrático, realizado defronte ao QG do Exército em Brasília, que
pugnava pela reedição do AI-5 e o fechamento do Congresso e do STF.
Observação: Semanas atrás, Moraes negou a dispensa prévia do interrogatório do presidente, enviou o tema para análise do plenário e concedeu mais 90 dias de prazo para a conclusão do inquérito que trata da “suposta” ingerência indevida na PF. Vale lembrar que Jair Bolsonaro empregou 102 pessoas com laços familiares ao longo de seus 28 anos como deputado federal. O mandato de Bolsonaro está na mira do TSE, onde tramitam dois pedidos de
cassação da chapa que o elegeu. No total, há oito processos contra o presidente
e seu vice naquela Corte Eleitoral, sendo quatro deles com informações robustas
sobre disparo em massa de fake news pelo WhatsApp.
Flávio “Rachadinha” Bolsonaro é investigado há mais
de dois anos por um “suposto” esquema de desvio de recursos do gabinete que
ocupava na Alerj até ser eleito senador. O MP-RJ apresentou
denúncia contra ele, contra Fabrício Queiroz e digníssima esposa, e
mais uma dúzia de suspeitos de envolvimento na maracutaia. O fato se
tornou público em 3 de novembro, mas acabou ofuscado pela eleição presidencial
americana. Cabe agora ao Órgão Especial do TJ-RJ aceitar ou não a
denúncia; caso aceite, os acusados se tornarão réus e o processo judicial terá
início. O desembargador Milton Fernandes de Souza foi sorteado relator,
mas o caso só poderá ser pautado para julgamento depois que o magistrado
concluir a análise da denúncia e proferir seu voto. Não há prazo para que isso
venha a ocorrer.
Conforme duas reportagens publicadas pela revista Época
(clique aqui
e aqui
para acessá-las), a Abin e o GSI foram mobilizados pela defesa de
Zero Um para tentar obter provas de que funcionários da Receita
Federal teriam acessado ilegalmente dados sigilosos da movimentação
financeira do hoje senador. A publicação diz que o próprio Alexandre Ramagem,
diretor da Abin, repassou a FB, via mensagens de WhatsApp,
dois relatórios com orientações para sua defesa. Se for confirmado que a
primeira-família mobilizou órgãos públicos para atender interesses particulares
e tentar atrapalhar a investigação criminal, Bolsonaro pai pode ser
processado tanto por crime comum quanto de responsabilidade.
Em junho, Fabrício Queiroz foi localizado e preso num
imóvel em Atibaia, pertencente ao dublê de advogado e mafioso de comédia Frederick
Wassef, que até então cuidava da defesa de Flávio no inquérito
das rachadinhas e atuava como consultor jurídico da Famiglia Bolsonaro. Por
razões que a própria razão desconhece, o semideus togado Gilmar Mendes acolheu
um pedido de habeas corpus que substituiu a prisão preventiva de Queiroz
por prisão domiciliar, além de estender o benefício a Márcia Aguiar,
esposa do ex-factótum do clã, que estava foragida.
Em novembro, Danielle Oliveira acusou formalmente Wassef
de injúria racial — o advogado a teria chamado de "macaca",
entre outras agressões verbais. Todas as testemunhas do caso já foram ouvidas
pelo delegado, menos o acusado.
Após negar
que escondeu Queiroz, Fred se contradisse ao tentar explicar por
que abrigou o ex-assessor de seu cliente num imóvel que mais parecia
um cativeiro. Disse que não sabia do paradeiro do ex-PM, que jamais
falou com ele e tampouco tinha conhecimento de que ele estivesse em sua
propriedade em Atibaia, embora
Queiroz tenha morado lá por pelo menos um ano. Mais adiante, reconheceu que abrigou dito-cujo, mas por “questões
humanitárias”. Em outro pronunciamento, afirmou: “Todos estão
convictos hoje de que o Fred virou o alvo. Se bater no Fred atinge o
presidente, eu
e o presidente viramos uma pessoa só.” Depois, tentou
descolar o presidente do assunto: “Nunca, jamais, o presidente Jair
Bolsonaro soube ou teve conhecimento desses atos, desses fatos. Essa é minha
inteira responsabilidade.”
Wassef abandonou
as causas da família Bolsonaro três dias após a prisão de Queiroz.
Na noite em que o anúncio foi feito, FB elogiou o trabalho e a lealdade
do advogado. Nos meses seguintes, o site O Antagonista e a
revista eletrônica Crusoé mostraram como Fred usou sua
proximidade com o presidente da República para ganhar
milhões de reais de empresários interessados em resolver problemas
no governo. Em agosto, outra revelação da Crusoé: O advogado
recebeu R$
9 milhões da JBS. Em outra reportagem, a revista mostrou que
partiu de Jair Bolsonaro a iniciativa de pedir
uma reunião na PGR entre o causídico e o subprocurador responsável
pelo caso da JBS.
Em setembro, Wassef foi alvo de busca e apreensão na Operação
E$quema S. Denunciado
por peculato e lavagem de dinheiro, ele é suspeito de ter obtido R$
2,7 milhões por meio do escritório da ex-procuradora Luiza Nagib Eluf,
contratada pela Fecomércio Rio com uso de dinheiro público do Sesc/Senac
Rio. Segundo o MPF, Cristiano Zanin e
Roberto Teixeira — advogados do criminoso Lula — comandaram o
esquema entre 2012 a 2018. Estão na mira dos investigadores desvios de valores
que chegam a R$ 300 milhões. No entanto, o
inquérito foi suspenso em outubro por decisão de Gilmar
Mendes.
Carlos Bolsonaro, vereador pelo Rio de Janeiro que dá
expediente no Palácio do Planalto, é investigado pela “suposta” contratação
de funcionários fantasmas. Seu nome
é suscitado nada menos que 43 vezes no inquérito
dos atos antidemocráticos. Depoimentos de testemunhas dão conta de que o filho do
capitão vem “ajudando” e “cooperando” com os canais suspeitos de ataques às
instituições e ao regime democrático.
No final de julho, Anderson Rossi, dono do Foco do
Brasil, foi questionado sobre uma possível ajuda do vereador na
estruturação de seu canal, que chega a faturar R$ 140 mil por mês. Já a Folha
Política, segunda franquia mais rentável entre os canais bolsonaristas, tinha
1,65 milhão de inscritos no início de março; hoje está com 2,19 milhões — um
salto de 32%. Ernani Fernandes Barbosa Neto, proprietário do canal,
disse à PF ter faturado entre R$ 50 mil e R$ 100 mil por mês.
Em um inquérito que corre atualmente no STF, Zero Dois aparece
como suspeito de ser líder
do chamado “gabinete
do ódio”, um grupo de
assessores que se encarregam de espalhar mentiras sobre ministros da Corte e
apoiar manifestações antidemocráticas nas redes sociais e em grupos de
apoiadores do presidente, pedindo o fechamento do Congresso e do Supremo.
Eduardo Bolsonaro está na mira da PGR,
que determinou a abertura de “notícia de fato” para
saber se o deputado violou a Lei de Segurança Nacional em declarações postadas
nas redes sociais. Além disso, uma apuração preliminar o investiga por pagamentos
em dinheiro vivo quando da compra de dois apartamentos no Rio, em 2011
e 2016.
Nem o filho caçula do
presidente, Jair Renan, foge à regra que baliza os “negócios da família”. Embora não tenha cargo público, o pimpolho é suspeito de tráfico de influência.
Em 13 de novembro, ele articulou e participou de uma reunião entre o ministro do Desenvolvimento Regional,
Rogério Marinho, e um grupo de empresários da Gramazini Granitos e Mármores
— empresa que patrocina a Bolsonaro Jr. Eventos e Mídia, cuja sede fica
num camarote do estádio Mané Garrincha. O compromisso, que não constava
na agenda oficial de Marinho, foi revelado pela revista Veja. O ministro informou
que o filho do chefe “participou na qualidade de ouvinte e por acreditar
que o sistema construtivo teria potencial de reduzir custos para a União”,
e que a reunião foi um pedido do Planalto.
As relações da empresa de Renan com o Planalto vão
além de promover reuniões entre os investidores de seu negócio e ministros. Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, a Astronautas
Filmes, produtora de audiovisual que possui contrato milionário com o
Governo, realizou gratuitamente a cobertura da festa de inauguração da Bolsonaro
Jr. Eventos e Mídia. Somente neste ano, a produtora recebeu R$ 1,4 milhão
do governo federal. Em nota, a empresa afirma que não existe nenhum “laço de
favorecimento”. O deputado federal Ivan Valente solicitou à PGR
que investigue suposto tráfico de influência no caso.
Bolsonaro sempre disse ser um “defensor da família”. Após quase dois anos à frente do governo, transparece sua preocupação em
proteger pelo menos uma delas: a sua própria. O primeiro passo foi articular
a troca no comando da PF, em abril, com a exoneração do diretor-geral da
entidade, o delegado Maurício Valeixo. O então ministro Sérgio Moro
denunciou a maracutaia. Posteriormente vieram à tona imagens de uma reunião
ministerial na qual o capitão-honestidade diz que não esperaria alguém “foder” a família dele, ou
amigo, para trocar alguém da “segurança”. A fala também fazia referências ao
Rio de Janeiro, onde as investigações bafejam no cangote dos filhos Flávio e
Carlos.
Em outra frente, a Famiglia Bolsonaro meteu o bedelho
nas eleições para a chefia do MP-RJ — responsável pelas investigações
contra dois pimpolhos do presidente. O atual procurador-geral, Eduardo
Gussem, foi criticado por Zero Um por sua atuação no caso da
rachadinha no gabinete. Os Bolsonaro cerraram fileiras em torno do procurador Marcelo Rocha Monteiro,
bolsonarista assumido, como uma opção para a lista tríplice, definida em
dezembro, de onde é escolhido o nome do próximo procurador-geral de Justiça do
Estado. No final, ele foi o quarto mais votado.
Cabe ao governador interino optar por manter a tradição e
indicar para a chefia um integrante da lista ou fazer um aceno ao presidente
nomeando o candidato da Famiglia para o cargo. Publicamente, Bolsonaro
alega que esses órgãos estão agindo para prejudicar seus filhos em uma
tentativa de atingi-lo — chegando mesmo a dizer tratar-se de perseguição
política do então governador Wilson Witzel, que buscava se cacifar
para disputar o Planalto em 2022, o que justificaria, segundo o presidente, as
tentativas de desmoralizar sua família.
Quanto à novela
da vacinação contra a Covid, o desvario mais recente do capitão-mefistofélico
aconteceu na última segunda-feira. “São os laboratórios que deveriam ter
interesse em vender vacina contra o coronavírus para o Brasil e que
nenhum deles apresentou ainda um pedido para liberação do imunizante”,
disse ele à récua de apoiadores.
"Botei hoje nas mídias sociais que eu falei que não estava
preocupado com pressão. Falei mesmo, porque nós temos que ter responsabilidade,
certas coisas não podem ser correndo, você está mexendo com a vida do próximo.
A imprensa desceu o cacete em mim. Agora, se eu vou na Anvisa, que é um órgão
de Estado 'corre aí, não sei o que lá', eu estou interferindo."
Em resposta a essas estapafúrdias declarações, a Pfizer
informou que a Anvisa pediu uma série de "análises
específicas" para liberação emergencial da vacina no Brasil, e que, por
enquanto, seguirá com o pedido por outro formato, o de submissão
contínua. De acordo com a farmacêutica, a nota também é uma
demonstração de que a empresa "quer, sim, vender para o Brasil, mas que
o processo aqui exige mais tempo".
Um exemplo dessa demora do
procedimento, segundo a Pfizer, é a exigência dessas informações
exclusivas sobre este país, enquanto nos demais os dados são analisados na totalidade, sem exigir novos recortes. Já a Anvisa disse que está à
disposição dos laboratórios para discutir os requisitos para liberação de vacinas seguras e eficazes para toda a população. A diretoria da agência
chamou a Pfizer para uma nova reunião (marcada para ontem, quarta-feira).
Observação: Desde março, a Covid-19 causou
quase 200 mil mortes no Brasil. Mas o Sars-CoV-2 não é a única praga — e, quiçá,
nem a mais letal — que vitima esta pobre republiqueta de almanaque. Outro
patógeno dissemina negativismo, ignorância e desfaçatez, enquanto se serve da
estrutura do Estado em benefício próprio e dos seus apaniguados. Embora o
remédio para essa virose exista e esteja disponível nas prateleiras do
Congresso Nacional, o presidente da Câmara não tira seu avantajado buzanfã de
cima do receituário, impedindo a medicação do paciente e a consequente
erradicação do mal. Praga semelhante vitimou os Estados Unidos, mas lá o
imunizante já foi ministrado e o paciente deve receber alta daqui a 20 dias. Aqui
pelas nossas bandas... enfim, não há bem que sempre dure nem mal que nunca
termine. Vai passar.
Dezenas de países já começaram suas campanhas de vacinação — 25
dos 27 da União Europeia, além dos Estados Unidos, China, Canadá, Rússia,
Bélgica, Luxemburgo e Letônia, entre outros. O Brasil, apesar de ter comprado a
vacina desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade
de Oxford (e com produção nacional da Fundação Oswaldo Cruz),
ainda não conseguiu aprovar o produto e iniciar a imunização.
O boletim mais
recente da Anvisa aponta que tanto a Pfizer quanto a AstraZeneca
entregaram os resultados parciais dos estudos de fase 3 (última etapa) em 5 e
22 de dezembro, respectivamente. Nenhuma das duas — nem qualquer outro
laboratório — pediu ainda a liberação de uso emergencial, o que, segundo a
agência, pode ser feito com os resultados da terceira fase de testes (Pfizer
e AstraZeneca, portanto, já podem fazer o pedido). Por trás desse imbróglio monumental está a rivalidade
política do capitão-tinhoso com o governador de São Paulo (que possivelmente o enfrentará na eleição de 2022). Bolsonaro chegou mesmo a celebrar
decisão da Anvisa de interromper os testes da CoronaVac após a
morte de um voluntário — a suspensão foi revertida dois dias depois, já que o dito-cujo se suicidou.
Mesmo assim, o capitão-trevoso postou nas redes sociais:
"Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Doria queria
obrigar a todos os paulistanos a tomar. O presidente disse que a vacina jamais
poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha".
Repare que, a exemplo de Pelé, o capitão-ególatra se refere a si mesmo
na terceira pessoa.
Depois que o governo de São Paulo e o Instituto Butantan
anunciaram que a CoronaVac superou o índice mínimo de eficácia exigido pelas agências
regulatórias, mas não informaram o percentual exato de eficácia do
imunizante nem os demais dados do estudo final (devido, até onde se sabe, a uma
cláusula que confere à SinoVac o direito de consolidação da base de
dados e divulgação de resultados de eficácia e segurança), Bolsonaro
levantou dúvidas sobre a eficácia da “vacina chinesa do Doria”.
Em
transmissão ao vivo nas redes sociais na quinta-feira, 24, o capitão-parlapatão alardeou:
“A eficácia daquela vacina em São Paulo parece que está lá embaixo, né?”,
disse Bolsonaro. “Não vou divulgar o percentual aqui, porque se eu
errar 0,001% eu vou apanhar da mídia, mas parece que o percentual tá lá embaixo
levando-se em consideração a outra.” E reforçou mais uma vez que, "se
houver efeito colateral, as pessoas precisam ir pra cima de um
governador que queira obrigar a aplicação", numa clara referência a João Doria.
Dimas Covas, diretor do Butantan, informou que
a SinoVac solicitou ao instituto que não divulgasse os dados
sobre a eficácia, porque eles precisam analisar os casos e demonstrar os
resultados à agência sanitária reguladora da China. Mas disse acreditar que a
data será, inclusive, adiantada. Na mesma linha, o secretário de estado de
Saúde,
Jean Gorinchteyn, confirmou que o planejamento para a vacina
continua: “
nós iniciaremos nosso programa de imunização estadual no dia
25 de janeiro. Apesar dessa não revelação de dados específicos sobre o grau de
eficácia, nós alcançamos o nível exigido, o que nos dá tranquilidade".
Observação: A comunidade científica acredita que o
calendário de vacinação proposto pelo governo de São Paulo, com início em 25 de
janeiro, talvez precise ser revisto. Como a divulgação dos resultados da fase 3
da vacina foram postergados por 15 dias, pode não haver tempo hábil para
providenciar o registro na Anvisa e começar a imunização em janeiro.
Além disso, é preciso que antes a China registre a vacina.
Boas entradas a todos, e que Deus nos ajude.