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quinta-feira, 30 de novembro de 2023

CADA VEZ MELHOR...


Três ministros do STF elogiaram as indicações feitas por Lula, mas deputados e senadores da oposição não pouparam críticas. Caso o nome de Dino venha a ser confirmado, sete dos 11 ministros serão indicações de petistas. Vale lembrar que, durante a campanha, Lula disse que “mexer na Suprema Corte para colocar amigo é um retrocesso. Quanto à indicação de Gonet à PGR, além de atender aos interesses do morubixaba, ela agrada também ao STF e parte do MPF. Tanto Gonet quanto Dino precisam ter seus nomes aprovados pelo Senado. O Planalto esbanja otimismo, mas no caso de Dino a rejeição tende a ser maior.

Churchill disse que não há melhor argumento contra a democracia do que cinco minutos de conversa com um eleitor mediano; Figueiredo, que um povo que não sabe escovar os dentes não está preparado para votar; Saramago, que a cegueira é uma questão particular entre as pessoas e os olhos com que nasceram; Ferreira Gullar elogiou a ascensão de um operário à presidência, mas lembrou que Fernandinho Beira-Mar também veio do "seio do povo"; e Karl Marx ensinou que "a história sempre se repete como tragédia ou farsa". No Brasil dos nossos dias, porém, está cada vez mais difícil saber o que é tragédia e o que é farsa. 

Lula é tido e havido como um "animal político", mas Arnaldo Jabor o definiu como um "fenômeno religioso", "de fé" — como as igrejas que caem e matam fiéis, e os que sobram continuam acreditando. Com um povo analfabeto e manipulável e emparedando instituições democráticas e poderes moderadores, o petista criou uma igreja para seu partido dirigir. E eleger o "anticristo", em 2018, só piorou o que já era bastante ruim.

O ato em memória de Cleriston Pereira da Cunha — convocado para o último domingo por Silas Malafaia e apoiado por Jair Bolsonaro e seus miquinhos amestrados  foi o cinismo levado às fronteiras do paroxismo. Os hipócritas agem como se não tivessem nada a ver com o peixe, mas o espelho revela o olhar cínico e deslavado da culpa. 


Os principais jornais falaram "alguns milhares" de manifestantes, mas a adesão ficou ficou muito aquém da esperada — o que não desanimou o ex-ministro bolsonarista Ricardo Salles e sua trupe de contestar (mais uma vez) o resultado das urnas e incitar o confronto com o Supremo, como se o capítulo eleitoral de 2022 não tivesse terminado. 


Em decisão proferida na véspera do dia nacional, o ministro Dias Toffoli (indicado por Lula para o STF em retribuição aos bons serviços prestados ao PT) declarou imprestáveis as provas oriundas dos acordos de leniência da Odebrecht e, de quebra, perorou que a prisão de seu benfeitor foi "o verdadeiro ovo da serpente dos ataques à democracia, um dos maiores erros judiciários da história do país".  A decisão foi criticada por diversas associações de advogados e dos Juízes Federais. No dia seguinte, o Instituto Não Aceito Corrupção afirmou que a linguagem foi "exageradamente politizada" e fugiu à "técnica imparcial" que deveria ser aplicada numa decisão do STF.

Observação: Tanto o Executivo quanto o Legislativo e o Judiciário merecem todo o respeito como instituições. mas o mesmo não se aplica aos presidentes dos Poderes, parlamentares e magistrados. Respeito não se impõe, conquista-se, e agentes públicos que não se dão ao respeito não podem exigi-lo daqueles a quem eles deveriam servir.

Em meio às rusgas entre o STF e o Congressoos senadores aprovaram a toque de caixa uma PEC de conteúdo anódino. Eliminados os excessos e os retrocessos, a sobra mais relevante foi o bloqueio liminares monocráticas contra decisões do presidente da República e leis do Congresso. É improvável que a proposta seja chancelada pela Câmara  a reação dos ministros deve estimular Arthur Lira, que é cliente de caderneta das liminares protetivas do STF, a enfiá-la no gavetão dos assuntos pendentes (que ele costuma abrir conforme sua conveniência).

Os togados exageraram em sua reação à PEC. Sob refletores, o mais enfático foi Gilmar Mendes, que chamou a proposta de "cadáver outrora enterrado", criticou "investidas desmedidas e inconstitucionais" do Legislativo" e disse que a Corte não é composta por covardes e que "os autores dessa empreitada" são "inequívocos pigmeus morais". Horas depois, acompanhado dos colegas Moraes e Zanin, o semideus das togas foi ao Alvorada a convite de Lula, que convocou um regabofe para jogar água na fervura.

 

O general-senador Hamilton Mourão postou nas redes sociais que "alguns ministros se dizem traídos pelo governo", ensejando a suposição de que "houve um acordo", e sugere que o propósito era a eleição do petista-mor. Assiste razão ao ex-vice-presidente. O devido processo legal não deveria frequentar palácios nem magistrados jantar ou negociar com partes processuais. 


Do alto de seu Olimpo particular, os supremos togados demoram a perceber que guardar ressentimentos é como tomar veneno na suposição de que os adversários serão intoxicados. Reza a Constituição que os Poderes da República devem ser harmônicos e independentes entre si. A harmonia foi para o beleléu há tempos. Consolida-se agora a subversão da independência. 


Triste Brasil.

terça-feira, 7 de novembro de 2023

DE VOLTA ÀS INDICAÇÕES AO STF

 

A fé move montanhas, mas, por via das dúvidas, o chanceler Mauro Vieira continua empurrando, enquanto os 34 nomes que o Itamaraty enviou às autoridades de Israel e do Egito rezam para que mísseis não lhes caiam sobre a cabeça. Já não há força no universo capaz de deter no primeiro escalão do governo Lula a maledicência segundo a qual o "fator revide" retarda a repatriação. Cada minuto a mais é uma eternidade a menos na taxa de sanidade mental dos que esperam. Diz-se nos bastidores que o pavio de Lula ficou mais curto. Nada melhor do que a impotência para esticar o pavio. Resta a quem não dispõe da força lembrar que a diplomacia traz a maciez injetada no nome.

***

Ao chancelar a indicação do advogado de estimação de D. Lula III para o STF, que viola claramente o princípio da impessoalidade, o Senado ratificou sua vocação para repartição cumpridora das ordens do Planalto. Mas estamos no Brasil, onde não há inocentes na política. E isso tabmém se aplica a quem vota em candidatos como ErundinaAgnaldo Timóteo, Romário, Tiririca (sem mencionar o rinoceronte Cacareco e o Macaco Tião), lembrando que maus políticos não "brotam" nos gabinetes por geração espontânea. 

Observação: Acusado de protecionismo durante a criação do Mundo por favorecer a porção de terra que futuramente tocaria ao Brasil, disse o Senhor das Esferas: "Esperem para ver o povinho de merda que eu vou botar lá." Dito e feito.

Churchill ensinou que a "democracia é a pior forma de governo, à exceção de todas as outras
— mas disse também que "o melhor argumento contra a democracia é cinco minutos de conversa com um eleitor mediano. Já o general Figueiredo lecionou que "um povo que não sabe sequer escovar os dentes não está preparado para votar".

De acordo com o art. 101 da Constituição Cidadã, os aspirantes à suprema toga são escolhidos pelo presidente da República e empossados depois que a CCJ do Senado e o plenário aprovam a indicação. A sabatina é meramente protocolar: desde a proclamação da República, apenas cinco candidatos foram reprovados (todos no final do século 19). 
 
No período pós-ditadura, Sarney indicou Celso de Mello, e Collor, o primo Marco Aurélio. Suas vagas foram preenchidas respectivamente por Nunes Marques e André Mendonça. Fernando Henrique indicou Gilmar Mendes, e TemerAlexandre de Moraes. As demais togas foram distribuídas por Lula e por Dilma ao longo dos 13 anos, 4 meses e 14 dias de jugo lulopetista.
  
Há no Supremo diversas esquisitices 
 como ministro reprovado em concurso para juiz ou que mantém negócio privado. Com a chegada de Nunes Marques, a supremacia da corte foi tisnada pelo currículo-tubaína do substituto do libertador de traficantes. Com essa indicação, Bolsonaro enfiou "10% de si mesmo na corte", e com a do pastor André Mendonça, cumpriu a promessa de nomear um ministro terrivelmente evangélico. 
 
Observação: A aprovação do dublê de ministro da Justiça e pastor presbiteriano foi comemorada com pulinhos, gritinhos de “Aleluia”, “Glória a Deus” e frases ininteligíveis por Micheque (ou Mijoias), que, a exemplo do marido, jamais ouviu falar em "liturgia do cargo". Jobim (o ex-ministro, não o maestro) disse certa vez que o Brasil não é para amadores. Mas o país está ficando esquisito até para os profissionais.
 
Qual a imparcialidade que se pode esperar de Zanin, que até outro dia recebia e cumpria ordens do atual presidente? Não dá. Na sabatina, os nobres senadores não examinaram nada; fizeram de conta que perguntavam e o candidato fez de conta que respondia. E teria sido aprovado mesmo que falasse em aramaico para a banca examinadora, uma vez que essa era a vontade de Lula.
 
Entre as muitas coisas inúteis da vida brasileira, poucas competem com essas sabatinas. Por que montar esse circo mambembe, com a simulação de que estão sendo tomadas decisões importantes para o país, se essas decisões não têm importância nenhuma? Zanin estava aprovado antes mesmo de seu nome ser oficialmente apresentado. Nunca foi um candidato; sempre foi um novo ministro. Quem decidiu tudo foi Lula, não o Senado. Ninguém procurou seque manter as aparências.

Qual é o "notável saber jurídico" do ex-advogado de Lula? Não se sabe. Não há registro de que exista, não no mundo das realidades. Ele não fez pós-graduação em Direito, não escreveu nenhum livro ou artigo que chamasse a atenção por sua qualidade como exposição de conhecimentos jurídicos, não comandou seminários nem tampouco deu cursos dos quais alguém se lembre. Sua única qualificação é ter sido nomeado por Lula — que é a única que realmente vale no Brasil de hoje.
 
A nomeação do nobre causídico reacendeu o debate acerca da escolha das togas. Nos últimos dez anos, foram apresentadas 23 PECs propondo mudanças na formatação da corte, no processo de indicação e na fixação de tempo de mandato das ministros. Dessas, cinco foram protocoladas no Senado, mas somente a PEC 16/2019 continua tramitando (as demais foram arquivadas no final da legislatura). Na Câmara, 14 das 18 PECs seguem em tramitação, mas, como algumas foram apensadas a outras, esse número gira em torno de seis.

Com J.R. Guzzo

domingo, 3 de abril de 2022

LULA LÁ DE NOVO OUTRA VEZ


O tempo em que Lula era o presidiário mais famoso do Brasil e Sergio Moro um herói nacional perdeu-se nas brumas da corrupção que assola o país desde a célebre carta que Pero Vaz de Caminha enviou ao rei de Portugal. A Lava-Jato, que era tida e havida como a mais bem sucedida operação saneadora da história, foi desmantelada pelo dublê de mau militar e parlamentar medíocre que elegemos por falta de opção à volta do lulopetismo corrupto. E a menos que o imprevisto tenha voto decisivo na assembleia dos acontecimentos, a próxima eleição presidencial (que está cada vez mais próxima) será uma reprise da anterior, mas com os protagonistas em posições invertidas. 

A jugar pelas pesquisas, o lulopetismo corrupto deve derrotar o bolsonarismo boçal. Mas enquetes eleitoreiras não são 100% confiáveis. Até porque a maioria é encomendada a empresas que cobram caro para apresentar o resultado desejado pelos marqueteiros dos candidatos. Demais disso, se a eleição fosse um filme, o resultado das pesquisas seria apenas um frame que registrava o humor dos eleitores naquele exato momento.

Em 1980, quando Lula et caterva fundaram o PT, disseram tratar-se de um “partido diferente”, que não roubaria nem deixaria roubar. Anos depois, o Mensalão e o Petrolão demonstraram que não há santos na política, apenas corruptos em maior ou menor grau. 

Lula disputou (e perdeu) o governo de São Paulo em 1982, elegeu-se deputado federal em 1986 (e instruiu seu espúrio partido a não assinar a Constituição de 1988, de cuja elaboração ele participou). Disputou e perdeu as três eleições presidenciais seguintes — para Collor em 1989 e para FHC em 1994 em 1988 —, até que derrotou José Serra e 2002 e, a despeito do Mensalão, venceu Geraldo Alckmin em 2006. Em 2010, com a popularidade nos píncaros, empalou o Brasil com o “poste” que viria a derrotar Aécio Neves dali a quatro anos, no maior estelionato eleitoral pré-Bolsonaro

O impeachment da Dilma promoveu Michel Temer a titular, mas sua ponte para o futuro foi para a ponte que partiu depois que Lauro Jardim revelou sua conversa de alcova mui suspeita com certo moedor de carne bilionário. No Brasil, a corrupção desafia até a lei da gravidade, e o vampiro do Jaburu se equilibrou no Planalto — graças aos favores das marafonas da Câmara, que custaram bilhões de reais em verbas e emendas parlamentares  e terminou o mandato-tampão como um patético “pato-manco” (ermo cunhado pelos norte-americanos para designar políticos que terminam seus mandatos tão desgastados que até os garçons demonstram seu desprezo servindo-lhes café frio).

Lula se tronou réu em 20 ações criminais e foi condenado em duas por uma dezena de juízes de três instâncias do Judiciário — a mais de 25 anos de reclusão, mas deixou a cela VIP na PF de Curitiba depois de míseros 580 dias e foi reconduzido ao cenário político por um consórcio de magistrados que vestiram a suprema toga por cima da farda de militante. Agora, segundo as tais pesquisas, conta com a preferência de 171% dos eleitores. 

Nunca é demais lembrar que, em 2018, essas mesmas empresas de pesquisa deram como certa a derrota de Bolsonaro (em qualquer cenário, não importando quem fosse seu adversário no segundo turno) e a eleição de Dilma para o Senado. Acabou que o capitão derrotou o preposto do presidiário por uma diferença de quase 11 milhões de votos e a eterna nefelibata da mandioca amargou um humilhante quinto lugar.

Uma coisa é torcer pelo que se quer que aconteça e outra, bem diferente, é fazer previsões com base nos fatos. A única semelhança é que tanto uma quanto a outra podem não acontecer. Exijamos, pois, a união dos candidatos da assim chamada “terceira via”, que precisam deixar de lado o ego, a vaidade e a empáfia, descer do salto e se unir em torno de quem tiver mais chances de romper essa maldita polarização. 

Entre a volta de Lula e sua quadrilha e a permanência de Bolsonaro et caterva, resta-nos seguir a sugestão de Diogo Mainardi. O problema é que a maioria de nós vive no Brasil — e não na Itália, como é o caso do jornalista retrocitado —, situação em que a opção menos traumática talvez seja anular o voto ou simplesmente não dar as caras no dia da eleição.

Kim Kataguiri disse para a Folha que “não seria omissão, mas uma expressão do eleitorado (...) ter a maioria de votos nulos e brancos ou abstenção é mostrar que a maior parte da população rejeita os candidatos”. João Amoedo comparou o ato de decidir entre Bolsonaro e Lula a uma escolha entre morrer afogado ou com um tiro, e Vinicius Poit, seu colega de partido, concordou: “Precisamos de uma outra opção que não seja nem esses dois nem o Ciro, que é um outro populista. Eu votaria nulo porque populismo, seja de direita ou de esquerda, não faz bem ao país”.

A meu ver, não há como discordar. Resta combinar com eleitorado, lembrando que, segundo profetizou Pelé, em meados dos anos 1970, o brasileiro está preparado para votar. Dez anos depois, o general João Figueiredo — o presidente que preferia o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo — foi mais longe: “Um povo que não sabe sequer escovar os dentes não está preparado para votar”.

Triste Brasil.

quinta-feira, 17 de março de 2022

LULA LÁ...


Política e honestidade raramente andam de mãos dadas. Salvo honrosas exceções, nossos governantes e representantes se servem do mandato em vez de servir ao país. Mas é importante ter em mente que essa caterva não brota nos gabinetes por geração espontânea; se está lá, é porque obteve o aval do "esclarecidíssimo" eleitorado tupiniquim.

O que dizer de congressistas que destinam R$ 4,9 bi para o fundo eleitoral — dinheiro roubado de nós para financiar a campanha de quem continuará a nos roubar na próxima legislatura — quando metade da população não consegue fazer duas refeições por dia, o dólar está nas alturas, o preço dos combustíveis explodiu e a inflação voltou à casa dos dois dígitos?


Desde a redemocratização, cinco presidentes foram eleitos diretamente e dois foram alçados ao posto devido à morte dos titulares. Desses, o “menos pior” foi FHC, que sujou o poleiro comprando votos para a aprovação da PEC da Reeleição. Quanto aos demais, Collor se revelou um caçador de marajás de araque; Lula, um desaculturado exótico; Dilma, uma calamidade; Temer, uma aberração; e Bolsonaro, um dublê de mau militar e parlamentar medíocre que, por mal de nossos pecados, quer porque quer ficar mais quatro anos no poder.


A menos que o imprevisto tenha voto decisivo na assembleia dos acontecimentos, a próxima eleição presidencial tem tudo para ser uma reedição piorada do pleito plebiscitário de 2018. O queridinho do eleitorado, segundo as pesquisas, é o ex-presidiário que teve a ficha imunda lavada nas coxas pela cúpula do Judiciário, e o vice na chapa, o ex-tucano que até não muito tempo atrás comparava o demiurgo de Garanhuns a um “ladrão de carros” e dizia que votar em Lula seria “reconduzir o criminoso à cena do crime”.


Situações surreais como essas causariam espécie — para dizer o mínimo — em qualquer democracia de respeito, mas não no Brasil, onde existem remédios constitucionais para apear do cargo mandatários que se tornam estorvos (que o digam Collor e Dilma), mas falta vontade política para administrá-los. E deixar a solução do problema cargo da récua de muares que atende por “eleitorado” tem sido um péssimo negócio. 


ObservaçãoPelé disse certa vez que o brasileiro não sabe votar, e Figueiredo — o último presidente general da ditadura —, que “um povo que não sabe sequer escovar os dentes não está preparado para votar”. Ambos foram muito criticados por isso, mas o tempo provou que eles estavam certos.


Voltando à questão dos combustíveis, soa ridículo Bolsonaro culpar o ICMS e contar com a “sensibilidade” da Petrobras. Faz sentido o que ele diz sobre a queda do preço do petróleo no mercado internacional não ser repassada às refinarias tão rapidamente quanto os aumentos, como também a crítica ao oportunismo dos donos de postos de combustíveis, que reajustam para cima o valor cobrado nas bombas bem mais rapidamente do que o reduzem (isso quando a redução chega realmente ao bolso do consumidor final). Por outro lado, estaríamos numa situação mais confortável se o atual governo tivesse se valido da Cide para criar um fundo de amortização.


É fato que os antecessores do capitão poderiam ter feito o mesmo e não fizeram — aliás, Lula e seu repulsivo partido quase “quebraram” a Petrobras com o Petrolão —, mas também é fato que, durante a campanha de 2018, o "mito" prometeu gasolina a R$ 2,50 o litro e gás de cozinha a R$ 35 o botijão de 13 kg


Dizer agora que o combustível aumentou no mundo inteiro em decorrência da guerra no leste europeu é servir-se de uma meia-verdade para justificar o injustificável. Prova disso é que, enquanto o brasileiro gasta 25% de um salário-mínimo para encher o tanque de um carro popular, os argentinos gastam 6%, os italianos, 4,8%, e os norte-americanos, 3%.


Não seria de esperar algo muito diferente de um chefe do Executivo que passeia de motocicleta durante o expediente e trava uma verdadeira cruzada contra as vacinas para não dar palanque a seu arquirrival — cá entre nós, não fosse pelo governador de São Paulo, o dublê de general, expert em logística e ministro da Saúde, Eduardo Pesadelo, ainda estaria esperando “o dia D e a hora H” para iniciar o plano nacional de imunização.


Triste Brasil.

domingo, 20 de fevereiro de 2022

RESTAURE-SE O IMPÉRIO DA MORALIDADE OU LOCUPLETEMO-NOS TODOS! (PARTE XVIII)

 

Em 1998, quando disputou a reeleição, FHC teve como principal adversário o retirante nordestino analfabeto e malandro que usou o sindicalismo como trampolim para a política, fundou uma agremiação de criminosos disfarçada de partido, sangrou os cofres públicos de 2002 a 2010. E continuou a fazê-lo até 2016, mas tirando a castanha com a mão do gato, ou melhor, do "poste" que escolheu para manter quente a poltrona tencionava voltar a ocupar em 2014. Mas nem tudo saiu como planejado: o cutruca se tornou réu em 20 processos e foi condenado em dois, por 10 magistrados de três instâncias do Judiciário, a mais de 26 anos de prisão. 

Como isto aqui é Brasil, a mais alta corte de Justiça (?!) mudou seu entendimento sobre o cumprimento antecipado da pena, permitindo ao abantesma deixar a sala VIP que lhe serviu de cela após míseros 580 dias. E como as “togas cumpanhêras” anularam suas duas condenações e todos os demais atos processuais nas quatro ações que tramitavam ou haviam tramitado na 13ª Vara Federal de Curitiba, o ex-condenado, transmutado em "ex-corrupto", recuperou os direitos políticos que haviam sido suspensos pela Lei da Ficha-Limpa.

Voltemos ao grão-tucano de plumagem vistosa, que, no último ano de seu primeiro mandato, comprou a PEC da Reeleição. Como quem parte e reparte e não fica com a melhor parte é burro ou não tem arte, FHC foi o primeiro mandatário a usufruir de sua "obra". 

Observação: Em 2014, quando criticou o estelionato eleitoral que foi a reeleição de Dilma, Fernando Henrique ouviu do bocório de Garanhuns: "Vi o ex-presidente falar com a maior desfaçatez: ‘É preciso acabar com a corrupção’. Ele devia dizer quem é que estabeleceu a maior promiscuidade entre Executivo e Congresso quando ele começou a comprar voto para ser aprovada a reeleição". Lula reclamar de corrupção em governo alheio é o mesmo que Marcola, o chefe do PCC, imputar crimes ao arquirrival Comando Vermelho, mas, de novo, isto aqui é Brasil, zil, zil, zil...

Em 2002, após três tentativas frustradas, Lula finalmente conquistou a Presidência, dando início aos 13 anos, 4 meses e 12 dias de lulopetismo corrupto que terminaram com o afastamento da estocadora de vento e a promoção do "vice decorativo" a titular. 

Na visão míope da petralhada, o país estava melhor nos tempos de Lula e Dilma — como a parelha de desqualificados fosse austera e pouco afeita a gastos desnecessários, como Aerolulas, luxuosas suítes no Copa e em hotéis estrelados do mundo inteiro, bolsas Hermès, cabeleireiros Kamura e por aí afora. O gramado do vizinho sempre parece mais verde e o osso que se roeu no passado, mais saboroso que o bife que está no prato. 

Não que haja bife no prato dos brasileiros. Enquanto nosso mandatário de fancaria comemorava com pompa e circunstância seus mil dias de governo — com o dólar nas alturas, crises hídrica e de energia elétrica, inflação galopante e combustíveis, gás de cozinha e alimentos a preços estratosféricos —, brasileiros das classes sociais menos favorecidas disputavam ossos e outros refugos que até pouco tempo atrás iam para as latas de lixo de açougues e supermercados.

Dezoito anos depois de transferir a faixa presidencial ao sultão da Petelândia, FHC finalmente concluiu que merda fede. Ou, em suas próprias palavras, que "a reeleição é dos males — talvez o mais grave — de nosso sistema político". Em seu “mea-culpa”, o barão do tucanistão reconheceu que cometeu um “erro histórico” ao patrocinar a emenda em questão, e que foi “ingênuo” por acreditar que a partir daí os governantes não fariam “o impossível” para se reeleger.

"Ingenuidade" — escreveu Dora Kramer em sua coluna, "foi acreditar na inocência do presidente que fez ele mesmo o “impossível” ao jogar o peso de sua autoridade e prestígio angariado no êxito do combate à inflação para aprovar uma emenda em causa própria, ferindo de morte sua majestade em troca de mais quatro anos no Palácio do Planalto."

Vir agora com ato de contrição — prosseguiu a jornalista em seu imperdível texto — soa a tentativa de diluir responsabilidade por algo que guarda mais relação com a forma do que com o conteúdo. O defeito não está no instrumento existente em várias democracias, mas no uso que se faz dele. Por exemplo: quando da proposta da emenda, por que não se incluiu a obrigatoriedade de o postulante ao mesmo cargo se afastar por um período determinado antes da eleição? 

A Justiça é falha na fiscalização do uso indevido do poder e os grandes partidos, tímidos na contestação aos abusos — pois receiam firmar jurisprudências que venham a lhes criar empecilhos amanhã ou depois, diz Dora, relembrando em seguida uma frase ouvida décadas atrás de Roberto Campos: “Não é a lei que precisa ser forte, é a carne que não pode ser fraca”.

É perfeitamente possível conviver com a reeleição, desde que os políticos não abusem dela e que o povo seja esclarecido e esteja preparado para votar. A propósito, em meados dos anos 1970, auge da ditadura militar, Pelé, então no auge da fama, disse que o brasileiro não sabia votar. Anos depois, numa das muitas pérolas que o notabilizaram, o então presidente João Figueiredo ponderou que "um povo que não sabia nem escovar os dentes não estava preparado para votar".

E viva o povo brasileiro!