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terça-feira, 12 de março de 2024

SÃO AS ÁGUAS DE MARÇO FECHANDO O VERÃO...

É A PROMESSA DE VIDA NO TEU CORAÇÃO.

Tarcísio de Freitas é mineiro de Três Corações, mas foi eleito governador de São Paulo pela extrema-direita bolsonarista. No último dia 25, ao discursar na mais paulista das avenidas ao lado do padrinho inelegível e prestes a ver o Sol nascer quadrado, o afilhado se uniu a uma boçalidade. Semanas depois, ao enviar ao legislativo estadual um projeto que cria uma centena de escolas cívico-militares, bateu continência para uma temeridade. As tais escolas serão tocadas pelas secretarias da Educação e de Segurança Pública, comandadas, respectivamente, por Renato Feder, cuja iniciativa mais relevante foi desistir da ideia de tirar São Paulo do programa de livros didáticos do MEC, e pelo capitão Guilherme Derrite, ideólogo da estratégia da matança implementada pela PM na Baixada Santista. Ao afirmar que escolas militares agregam ao ensino "civismo, brasilidade e disciplina", o governador finge não notar que foi justamente esse tipo de pedagogia que resultou na intentona do 8 de janeiro. Ao ecoar no Palácio dos Bandeirantes os mesmos ruídos que Bolsonaro produzia no Planalto, Tarcísio parece não perceber que o tambor faz muito barulho, mas é vazio por dentro, e que esse "vazio" resultou na derrota do "mito" em 2022.

A canção "Águas de Março", composta por Tom Jobim em 1972, fala que a chegada do outono traz a promessa de renovação e esperança, talvez porque as consequências trágicas das tempestades de verão se repetem ano após ano. Os telejornais exibem cenas surreais (e alguns parecem se comprazer em exibi-las, diga-se), com botes atravessando ruas e avenidas, carros submersos ou sendo arrastados pela correnteza, árvores caídas, imóveis inundados, moradores reclamando da falta de energia elétrica, e por aí vai. Embora as "tempestades de verão" sejam chamadas assim porque são comuns na estação mais quente do ano, temporais precedidos ou acompanhadas de relâmpagos, rajadas de vento e granizo podem ocorrer em qualquer estação. 

O Brasil é o pais com maior incidência de raios no mundo. O "raio" é uma descarga elétrica atmosférica caracterizada pela emissão de luz e calor. Já o "trovão" (que pode alcançar 120 dB) é o som resultante do aquecimento do ar pela corrente elétrica, e o "relâmpago", a luz emitida quando o raio flui entre nuvens, entre uma nuvem e o solo ou entre o solo e uma nuvem. A tensão varia de 100 mil volts a 1 milhão de volts, a amperagem vai de 20 mil a 200 mil ampères, e a temperatura pode superar em 5 vezes a temperatura da superfície do Sol. O potencial energético de uma tempestade elétrica equivale ao de uma bomba atômica; a diferença é que o artefato libera tudo numa fração de segundo e o corisco a distribui por vários minutos a algumas horas.

 

Observação: É mito que os raios não caem duas vezes no mesmo lugar. O Cristo Redentor, por exemplo, que fica no alto do Corcovado (RJ), é atingido seis vezes ao ano, em média.

 

Quando atingem a rede elétrica, os raios causam sobretensões que podem torrar (literalmente) a fiação dos imóveis e danificar aparelhos elétricos e eletroeletrônicos num raio (sem trocadilho) de muitos quarteirões (daí a importância do aterramento e do uso de tomadas de três pontos). Em caso de falta de energia, recomenda-se desconectar os aparelhos das tomadas e tornar a ligar somente quando o fornecimento for estabilizado. Quando a energia volta, podem ocorrer picos de tensão que chegam facilmente a 500V. Apagões intermitentes (quando a luz acaba, volta e torna a acabar) podem causar quedas de fase (situação em que as lâmpadas acendem, mas ficam fraquinhas) e danos a eletroeletrônicos sensíveis (como modem, roteador, decoder de TV etc.). 

 

Algumas regiões do país vêm sendo castigadas por chuvas bem acima da média para esta época do ano. Num mundo ideal, bastaria consultar a previsão do tempo para evitar compromissos nos horários críticos, mas não vivemos num mundo ideal, e a despeito do avanço da tecnologia nas últimas décadas, continua chovendo em piquenique de meteorologista (Narciso Vernizzi, o "Homem do Tempo" da Jovem Pan, tornava quase infalíveis seus boletins estimando em 50% as possibilidades de "chuvas em pontos isolados"). 


Observação: Se você mora num dos 645 municípios paulistas, envie um SMS com CEP da sua rua para o número 40199 e a Defesa Civil lhe enviará um alerta (também por SMS) sempre que houver previsão de temporais para sua região. 

 

Via de regra, os temporais desabam do meio para o final da tarde, após a temperatura atingir a máxima do dia. Céu escuro, nuvens negras, formigamento na pele e pelos eriçados nos braços são indícios de tempestade elétrica. Se você estiver andando pela rua quando São Pedro abrir as comportas do céu, procure abrigo numa padaria, farmácia, mercado ou outro estabelecimento qualquer. Se estiver de moto ou bicicleta, pare num posto de combustíveis e espere a chuva passar. Ne carro, reduza a velocidade, aumente a distância do veículo da frente, acenda os faróis baixos, acione o limpador de para-brisa e o desembaçador traseiro, ligue o ar-condicionado, regule a ventilação forçada para a velocidade máxima e direcione os defletores para o para-brisa. 


Observação: Se seu carro não tem ar-condicionado nem ventilação forçada, Sr. Flintstone, não há como não se molhar, pois será preciso deixar uma fresta de dois dedos nas janelas para minimizar o embaçamento. Se necessário (e costuma ser necessário), limpe o para-brisas de tempos em tempos com um pano seco  jamais passe a mão no vidro, ou a gordura da pele irá agravar o problema). Substitua as palhetas dos limpadores regularmente e mantenha-as sempre limpas. Verifique se os orifícios do lavador estão desobstruídos e se há água no reservatório.

 

Caso a visibilidade fique muito prejudicada, pare num estacionamento (coberto) de shopping ou supermercado e espere a chuva amainar. Se o local costuma alagar, suba a primeira ladeira e só retome o trajeto original depois que o nível da água baixar. Na estrada, pare num posto; na impossibilidade, pare no acostamento, ligue o pisca-alerta, feche os vidros e permaneça dentro do carro (ele é um abrigo seguro contra raios não por estar isolado pelos pneus, mas porque as descargas são dissipadas pela superfície metálica e absorvidas pelo solo sem causar danos aos ocupantes). 

 

Alagamentos são sempre perigosos. A enxurrada pode arrastar veículos de grande porte, e a lâmina de água pode encobrir pedras, buracos, bueiros sem tampa e que tais. Se for inevitável passar por um trecho alagado, observe o comportamento do veículo à sua frente — mas não se baseie em ônibus ou caminhões, que, por serem mais altos, atravessam alagamentos que carros de passeio não conseguem transpor. Costuma-se dizer que um trecho inundado é "atravessável" quando o nível da água não ultrapassa o meio das rodas, mas não convém arriscar.


Se realmente não houver alternativa, procure seguir pelo meio da rua — onde o acúmulo de água costuma ser menor do que próximo ao meio-fio. Inicie sua travessia depois que o carro da frente concluir a dele e somente se não vier outro veículo no sentido contrário, já que as "marolas" elevam temporária, mas significativamente o nível da água. Engrene a primeira marcha, use a embreagem para manter o giro do motor em aproximadamente 2.000 RPM, mantenha a velocidade constante e não mude de marcha até alcançar o outro lado. Se o carro tiver câmbio automático ou automatizado, coloque a alavanca seletora na posição 1 (para impedir mudanças de marcha) e dose a aceleração cuidadosamente  sem o auxílio da embreagem, elevar o giro do motor faz as rodas motrizes responderem na mesma medida.

 

Evite parar durante o trajeto. Se isso acontecer e o motor "morrer", tentar religá-lo pode resultar em dados por calço hidráulico. Coloque a transmissão em ponto morto (ou na posição N) e empurre o carro para fora da água. Se tiver um mínimo de habilidade manual e as ferramentas necessárias, retire as velas de ignição e dê a partida (o movimento dos pistões expulsará a água do interior dos cilindros). A menos que os componentes do sistema eletrônico de injeção (como a sonda lambda) tenham sido afetados, basta recolocar as velas, religar os cabos e dar a partida para o motor voltar a funcionar. Mas o procedimento recomendável é chamar um guincho para rebocar o carro até uma oficina confiável, onde o mecânico fará um exame mais detalhado.

 

Aquaplanagem é o nome que se dá à perda de contato dos pneus com o solo quando o veículo trafega sobre uma lâmina de água. Se o volante lhe parecer "muito leve", evite virá-lo bruscamente — se os pneus recuperarem a tração repentinamente, pode não haver tempo de corrigir a trajetória. Se sentir o carro "flutuar", tire o pé do acelerador, mas só pise no pedal do freio (levemente) se houver ABS. Quando os pneus retomarem o contato com o asfalto e você recuperar o controle da direção, siga o "rastro" do carro da frente, mas mantenha distância e esteja preparado para tirar o pé do acelerador e segurar firmemente o volante ao primeiro sinal de aquaplanagem.

 

Ainda que seja mais comum em altas velocidades e/ou com pneus carecas, a aquaplanagem pode ocorrer com pneus em ordem e velocidades inferiores a 60 km/h. E o perigo aumenta em vias sinuosas (dependendo da velocidade e do traçado da pista, pode não haver tempo para recuperar o controle da direção e fazer a curva). Ao menor sinal de água na pista, diminua a velocidade e use uma marcha inferior àquela que você usaria com tempo seco, pois manter o giro do motor mais elevado aumenta a tração das rodas motrizes e favorece a aderência dos pneus.

 

Boa sorte.

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

DESLIGAR OU NÃO O COMPUTADOR? (SEGUNDA PARTE)

É LOUCURA ODIAR TODAS AS ROSAS PORQUE UMA TE ESPETOU.

 

Vimos que desligar o computador frequentemente pode reduzir a vida útil de seus componentes, mas manter a máquina ligada por dias a fio pode não ser a melhor opção, quando mais não seja porque uma saudável reinicialização restabelece o "viço" que o sistema perde ao longo de uma sessão prolongada.


Um dos argumentos de quem é avesso a desligar o PC tem a ver com o drive de disco rígido, mas o fato é que o componente em questão evoluiu ao longo das últimas décadas, sem falar que a obsolescência programada nos leva a trocar o aparelho bem antes de o HDD "pifar". Demais disso, cada vez mais computadores utilizam drives de memória sólida, que não tem partes móveis e são baseados em memória flash, o que os torna menos suscetíveis a impactos, trepidações e distúrbios da rede elétrica


Observação: Sem embargo, só se deve desligar o computador "na marra" (hard shutdown) quando e se não houver alternativa. 

 

Fontes de alimentação "bivolt" funcionam com tensões entre 90 V e 240 V, sendo portanto capazes de suportar sobretensões de até 100% e subtensões de mais de 20% — quando ligadas a uma tomada de 127 V, naturalmente. Assim, a única vantagem de usar um filtro de linha é que trocar o fusível (ou o próprio filtro) é mais fácil que substituir os varistores internos da fonte. 


Observação: Essas "réguas" não filtram coisa nenhuma, não passam de "benjamins" providos de fusíveis (ou leds, conforme o caso) destinados a evitar que picos de tensão danifiquem os aparelhos. Para obter proteção eficiente, utilize um nobreak online (UPS) ou, na impossibilidade, um bom estabilizador de tensão (voltaremos a esse assunto oportunamente).

 

Quanto a manter o computador sempre ligado ou colocar o sistema em suspensão/hibernação em vez de simplesmente desligar o aparelho, vale lembrar que o retorno da suspensão é quase imediato (basta pressionar qualquer tecla para essa mágica acontecer) e o "despertar" da hibernação, mais rápido que um boot convencional, que manter o PC sempre ligado o expõe a riscos (como o de um eventual apagão) e aumenta o gasto com energia (em 2021, a tarifa acumulou alta de 114% ante os 48% da inflação no mesmo período). 


Para além disso, a vida útil dos componentes é limitada — a dos monitores de vídeo é estimada em 10 mil horas; a das bateria que alimentam smartphones e notebooks, em algo entre 300 a 600 ciclos (cada ciclo corresponde a uma descarga completa seguida de uma carga completa). Por outro lado, ainda que você desligue e religue o computador dezenas de vezes por dia, 24/7, seu HDD deve durar pelo menos 5 anos. No caso dos melhores SSDs, se você escrever e apagar 256 GB de dados por dia (um prodígio que poucos heavy users conseguem realizar) o drive continuará funcionando por cerca de 20 anos. E é inconcebível, atualmente, manter o mesmo computador em uso por duas décadas. 


Observação: Quem migrou para o Windows 11 num computador de configuração modesta, com disco rígido eletromecânico, sabe o que é amargar longos minutos de espera a cada inicialização. Comenta-se inclusive que a Microsoft cogita incluir o SSD na lista de pré-requisitos obrigatórios para a instalação da mais recente encarnação de seu festejado sistema operacional (vide comparativo nesta postagem).

 

Continua...

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

MAIS SOBRE AS CHUVAS DE VERÃO

QUEM QUER VER O ARCO-ÍRIS NÃO PODE RECLAMAR DA CHUVA.

Entra governo, sai governo, só mudam as moscas. Depois da estiagem atípica que resultou num aumento absurdo da conta de luz (devido à falta de planejamento do governo e ao custo da produção de energia por termoelétricas), as chuvas de verão voltaram a provocar inundações, desabamentos, quedas de árvores, interrupções no fornecimento de energia e mais um sem-número de aborrecimentos (nem vou mencionar a tragédia que se abateu sobre Petrópolis, na região serrana do RJ, porque acredito que os leitores esteja tão saturados quanto eu de ouvir falar nessa desgraça).

Céu escuro, nuvens negras, sensação de leve formigamento na pele e pelos eriçados nos braços são indícios de tempestade elétrica. Mas uma das vantagens de viver no século XXI é poder usar e abusar da tecnologia. Se você mora no Estado de São Paulo, mande um SMS com o CEP de sua residência (ou de outro local de seu interesse) para o número 40199 e a Defesa Civil lhe enviará um alerta, também por SMS, sempre que houver previsão de temporais na sua região. O serviço é gratuito e funciona direitinho.

Como dito nas postagens anteriores, o melhor a fazer na iminência de um temporal é desligar a chave geral do quadro de força, mas para isso é preciso estar em casa. Deixar a energia desligada preventivamente quando se sai pela manhã e se volta somente à noite pode prejudicar a conservação dos alimentos que dependem de refrigeração, por exemplo. Por outro lado, não custa nada tirar da tomada o cabo de energia do computador, do televisor, do decodificador da operadora de TV, do modem, do roteador, do telefone sem fio, enfim, dos aparelhos elétricos e eletroeletrônicos mais susceptíveis a sobretensões e outros distúrbios da rede elétrica.

Prejuízos causados por distúrbios elétricos são passíveis de indenização, desde que a reclamação seja formalizada no prazo de 90 dias — a concessionária terá 10 dias para examinar o bem danificado, mais 15 para decidir se o pedido é procedente e outros 20 para efetuar o ressarcimento; se a reclamação não for atendida, pode-se recorrer ao Procon ou a um Juizado Especial Cível (tribunal de pequenas causas). Note que sorvetes, congelados e outros perecíveis que se deteriorem por conta de falta de energia por um período prolongado também são indenizáveis, pois a Resolução nº 414/2010 da ANEEL estabelece que, em caso da suspensão do fornecimento, o religamento deve ser feito em até 4 horas na área urbana e 8 na rural (obviamente, isso não se aplica a desligamentos por falta de pagamento).

Como cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém, convém manter distância de grades metálicas (como as que protegem portas e janelas), deixar o banho para depois (mesmo que o chuveiro seja a gás) e usar o celular em vez do telefone fixo (a menos que o aparelho seja sem fio e funcione desligado da tomada). Se você for pego por uma borrasca em campo aberto, evite manusear objetos metálicos longos — como tripés, guarda-chuvas e assemelhado — e jamais se abrigue sob árvores isoladas (em grupo, elas não atraem raios). Em não havendo uma estrutura de alvenaria nas proximidades, agache-se e mantenha os pés juntos — os raios se espalham de forma concêntrica; se você mantiver as pernas afastadas, a diferença de potencial entre seus pés permitirá a passagem da corrente pelo seu corpo. E se o temporal o surpreender durante um banho de  mar, de piscina, de lago ou de rio, saia da água imediatamente e abrigue-se num local seguro.

ObservaçãoEngana-se quem acha que raios não caem duas vezes no mesmo lugar. A rigor, eles costumam “repetir” um local quando há condições de atração — como é caso do Cristo Redentor, no morro do Corcovado (Rio de Janeiro), que é atingido seis vezes por ano, em média.

O tempo é imprevisível (que o digam os meteorologistas). Hoje em dia, no Brasil, até São Pedro deixou de ser confiável, mas as tempestades de verão costumam desabar do meio para o final da tarde, depois que a temperatura atinge seu ápice. Então, procure agendar seus compromissos para outros horários. Se for apanhado no contrapé, abrigue-se numa padaria, farmácia, mercado ou outro estabelecimento qualquer. Na impossibilidade, fique longe de árvores, postes, quiosques e objetos metálicos grandes e expostos (como tratores, escadas, cercas de arame, etc.).

Dirigir sob chuva requer alguns cuidados adicionais, tanto na cidade quanto na estrada, pois a visibilidade diminui e as pistas ficam escorregadias, aumentando o risco de colisões, sobretudo em caso de freadas bruscas. Então, reduza a velocidade, aumente a distância do carro da frente e acenda os faróis baixos. Para evitar que a visibilidade fique ainda mais prejudicada, ligue o desembaçador traseiro e o ar-condicionado, direcionando o fluxo de ar para o para-brisa. Se seu carro não tem ar-condicionado, ligar a ventilação forçada na velocidade máxima também ajuda.

Se seu carro não tem sequer ventilação forçada... bem, Mr. Fred Flintstone, prepare-se para se molhar, pois você vai ter de deixar os vidros das portas abertos (uma fresta de pelo menos dois dedos) e limpar o para-brisa de tempos em tempos com um pano seco (jamais limpe o vidro com a mão, pois o suor e a gordura natural da pele vai agravar a situação). Se a visibilidade ficar muito comprometida, evite correr riscos desnecessários: pare o carro num local seguro e espere a chuva diminuir.

Continua...

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

AINDA SOBRE BATERIAS, REDE ELÉTRICA E QUE TAIS — CHUVAS DE VERÃO

BASTA PRESTAR ATENÇÃO AO QUE AS PESSOAS FAZEM PARA NÃO SER ENGANDO PELO QUE ELAS DIZEM.

Vimos na postagem anterior que o terceiro pino dos plugues de três pontos, quando conectado a uma tomada aterrada, ajuda a prevenir danos causados por “fugas de corrente” e distúrbios da rede elétrica comuns durante temporais com raios. Em tese, quanto mais circuitos eletrônicos um aparelho tiver, maior será o risco de ele ser danificado, daí a importância de desconectar os cabos de alimentação das tomadas (puxando-os sempre pelos plugues) ou desligar a chave geral da caixa de força.  

Tempestades de verão costumam vir acompanhadas de descargas elétricas e ventos fortes. Além de alagamentos, quedas de árvore sobre os fios da rede elétrica e outros aborrecimentos, eles podem causar interrupções no fornecimento de energia e sobretensões com potencial para torrar (literalmente) a fiação dos imóveis e os aparelhos a ela conectados. Como os filtros de linha não filtram coisa nenhuma e  os estabilizadores de boa qualidade não garantem proteção satisfatória contra picos de tensão, eu recomendo o uso de um bom nobreak UPS

As fontes de alimentação dos PC são "bivolt", ou seja, capazes de operar entre 90 V e 240 V e, consequentemente, de suportar sobretensões de até 100% e subtensões de mais de 20% (quando ligadas a uma tomada de 127 V, evidentemente). Assim, a única vantagem do filtro de linha é facilitar a substituição do fusível (ou do próprio filtro), já que substituir os varistores internos da fonte dá bem mais trabalho.

Também chamados de relâmpagos ou coriscos, os raios resultam da perda de capacidade do ar de isolar cargas elétricas opostas que se acumulam no interior de nuvens como cumulonimbus. Uma única descarga pode atingir 1 bilhão de volts, 200 mil ampères e temperatura cinco vezes superior à da superfície do Sol. Já os trovões são fenômenos acústicos resultantes do aquecimento do ar pela corrente elétrica do raio, e podem chegar a 120 decibéis (o som mais alto que pode ser produzido não vai além de 194dB).

Costumamos dizer que os raios “caem”, mas eles também podem “subir” do solo em direção à nuvem, ocorrer dentro da nuvem ou passar de uma nuvem para outra. A quantidade de energia produzida por uma tempestade elétrica chega a superar a de uma bomba atômica — a diferença é que a bomba libera tudo de uma só vez, ao passo que a tempestade leva de muitos minutos a algumas horas.

Ao atingir a rede elétrica (direta ou indiretamente), o raio provoca sobretensões — elevações da tensão máxima permitida pela rede em 10% ou mais, por tempo igual ou superior a três ciclos (embora durem milésimos de segundo, elas podem facilmente elevar a tensão a 500V). Para proteger a instalação elétrica dos imóveis e os aparelhos a ela conectados, os quadros de força dispõem de fusíveis (que, como o nome sugere, se fundem) ou disjuntores (que se desarmam). Mas é recomendável desligar a chave geral em caso de tempestades severas, pois o desconforto temporário será menos impactante do que os aborrecimentos que a borrasca pode causar.

Na eventualidade de um apagão, o nobreak fornece energia por tempo suficiente para o usuário salvar seu trabalho, encerrar o Windows e desligar o computador — note que o religamento só deve ser feito depois que o fornecimento de energia for restabelecido e estabilizado

Apagões intermitentes, nos quais "a luz acaba, volta e torna a acabar sucessivas vezes", potencializam o risco de danos. Aliás, é justamente quando a energia retorna que ocorrem as quedas de fase (situação em que as lâmpadas acendem, mas ficam fraquinhas) e as sobretensões.

Continua...

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

MELHOR PREVENIR DO QUE REMEDIAR... (CONTINUAÇÃO)

NÃO VÁS AMIÚDE AONDE TE QUEREM MUITO.

Entre outras mudanças de hábito causadas pela pandemia está o uso do álcool, líquido e/ou em gel, em nossa higienização pessoal e na limpeza de tudo mais que manuseamos amiúde. e o celular não é exceção.

Limpar o onipresente telefoninho demanda alguns cuidados, a começar pela formulação do álcool, que deve conter o mínimo possível de água. O ideal, salvo melhor juízo, é usar álcool isopropílico com concentração de 70%, que pode ser encontrado em lojas de insumos de informática, de utensílios de escritório, ou em farmácias de manipulação. 

Motorola, fabricante número 2 em smartphones no Brasil — atrás apenas da Samsung — não recomenda o uso de álcool em gel, que é indicado para limpar as mãos e evitar a contaminação pelo vírus da Covid, mas, por demorar mais a evaporar, pode causar danos ao smartphone e a outros eletroeletrônicos.

Para higienizar a tela do celular, desligue-o e use lenços ou panos levemente umedecidos em álcool isopropílico 70%. Esfregue gentilmente o display e a carcaça, mas sempre cuidando para que o álcool no penetre pela porta de carregamento, entrada do fone de ouvido, microfone e alto-falante e demais aberturas do aparelho. Jamais mergulhe o dispositivo em produtos de limpeza ou utilize materiais abrasivos ou que contenham amônia, alvejantes e que tais. 

Limpe também a capinha, o carregador, o fone de ouvido e demais acessórios que acompanham o aparelho, lembrando que capas plásticas ou de silicone podem ser lavadas com detergente neutro e enxaguadas em água corrente. Mas é importante secar bem a capinha antes de recolocá-no no aparelho (ou recolocar o aparelho na capinha, se você preferir assim).

O conector do cabinho do carregador chega a criar teia de aranha se não for limpo regularmente, mas não se deve usar lâminas, clipes, alfinetes e outros objetos pontiagudos, sobretudo de metal. Para limpar a parte interna do conector, use ar comprimido (daqueles vendidos em aerossol). Feito isso, umedeça a ponta de um “cotonete” em álcool isopropílico 70% e esfregue cuidadosamente as bordas do orifício. Ao final, seque bem a região com um pano de microfibra ou de algum tecido macio e que não solte fiapos).

Desconecte aparelhos elétricos e eletroeletrônicos das tomadas sempre que um temporal com rajadas de vento, raios e trovadas ameaçar atingir sua região. Quedas de galhos de árvores sobre a rede elétrica — ou mesmo um raio que atinja um poste energia local — podem causar distúrbios elétricos (como sobretensões e apagões) que filtros de linha não filtram e estabilizadores de tensão nem sempre conseguem mitigar (sugiro utilizar um bom nobreak UPS).

Observação: Evite tomar banho quente (se o chuveiro for elétrico, naturalmente) durante esses temporais. Se precisar falar ao telefone, use o celular, mas jamais o faça se o aparelho estiver na carga. No caso do telefone convencional, modelos sem fio oferecem menos riscos do que os convencionais.

Antes de baixar a tampa do notebook, certifique-se de não ter deixado nada sobre o teclado. Qualquer objeto, mesmo pequeno — como uma caneta ou um pendrive — pode danificar a tela. Falando em tela, evite usar limpa-vidros daqueles vendidos em supermercados em monitores (de TV ou de computador) e displays de smartphones, pois a maioria desses produtos contém amônia. Prepare uma solução de água e vinagre, umedeça um pano microfibra, esfregue suavemente na tela e dê acabamento com um pano seco, limpo e que não deixe fiapos.

Uma das vantagens do notebook em relação ao PC de mesa é eliminar aquela incomodativa “macarronada” de fios e cabos, mas isso não se verifica quando a gente usa o portátil como substituto do desktop, conectado a um monitor externo e plugado a um combo de teclado e mouse. Pior ainda se tivermos de "desmontar o cirquinho" regularmente, para usar o aparelho também em trânsito, pois isso nos desestimula a organizar os cabos, que tendem a ficar espalhados de qualquer jeito.

Em sendo possível, organize essa “macarronada” com a ajuda com fitas, cintas plásticas ou luvas corretoras de cabos — mas evite fita isolante, crepe, durex ou coisa parecida, que são difíceis de remover e deixam resíduos de cola na cabaiada. As luvas custam barato e proporcionam um excelente resultado, tanto do ponto de vista estético quanto da segurança. 

Observação: Deixar os cabos espalhados sobre a mesa de trabalho (ou embaixo dela) não só polui o visual como também dá margem a tropeções, choques elétricos e até curtos-circuitos.

Evite operar o portátil sobre as coxas, tanto por conta do desconforto decorrente do aquecimento do aparelho quanto pelo fato de que apoiá-lo sobre uma almofada, colcha, travesseiro ou algo semelhante pode obstruir as ranhuras de ventilação. Use o portátil sobre uma mesa, bancada ou outra superfície plana, lisa, limpa, seca, de preferência num local ventilado. Se for jogar, acople o portátil a um suporte que o mantenha elevado e ventilado (vide figura), pois isso ajuda o sistema de arrefecimento a trabalhar com toda a sua capacidade (mais detalhes no capítulo anterior).

Continua...

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

AINDA SOBRE COMO PROTEGER ELETROELETRÔNICOS DE DISTÚRBIOS DA REDE ELÉTRICA

QUANDO DISSE "SÓ SEI QUE NADA SEI", SÓCRATES NÃO ESTAVA AFIRMANDO UMA CERTEZA, MAS SIM TRANSPARECENDO TODAS AS SUAS DÚVIDAS.

Tempestades de verão — assim chamadas por serem frequentes na estação mais quente do ano — causam alagamentos, prejudicam o trânsito e, quando acompanhadas de raios e rajadas de vento, produzem distúrbios na rede elétrica, seja porque os raios a atingem diretamente, seja porque o vento derruba árvores sobre o respectivo cabeamento.

Raios (ou relâmpagos, ou coriscos) não decorrem da “colisão” entre nuvens, mas de perda da capacidade do ar de isolar as cargas elétricas opostas que se acumulam no interior dos cúmulos nimbos (que são formados por gotículas de água, granizo e partículas de gelo e podem ter mais de 20 km de altura e outros tantos de extensão). As descargas ocorrem tanto dentro das nuvens quanto de uma para outra ou delas para o solo e vice-versa, sendo as descendentes as mais comuns, embora as maiores são as que passam de uma nuvem para outra (elas podem chegar a dezenas de quilômetros de extensão).

O raio é formado por várias descargas com voltagem de 100.000.000 V a 1.000.000.000 V, amperagem de 20.000 A a 200.000 A e temperatura cinco vezes maior que a da superfície do Sol. Já o trovão decorre do aquecimento do ar pela corrente elétrica produzida pelo raio, e seu ribombar pode alcançar 120 decibéis.

ObservaçãoA quantidade de energia descarregada por uma tempestade chega a ser superior à de uma bomba atômica; a diferença é que a bomba libera tudo de uma só vez, ao passo que a tempestade o faz durante um período que pode ir de vários minutos a algumas horas.

Quando atingem a rede elétrica (direta ou indiretamente), os raios provocam aumentos de tensão com potencial para torrar (literalmente) a instalação dos imóveis e danificar eletrodomésticos e eletroeletrônicos no raio (sem trocadilho) de muitos quarteirões. Daí a importância do aterramento e do uso da tomada de três pontos — que se tornaram obrigatórias no Brasil, mas, curiosamente, num formato incompatível com qualquer dos modelos utilizados mundo afora.

Chamamos subtensão transitória a uma redução inferior a 10% da tensão nominal da rede e com duração igual ou inferior a 4 ciclos. Ela pode ocorrer tanto por culpa da concessionária de energia quanto por problemas na instalação elétrica do imóvel. Lâmpadas que “enfraquecem” no momento em que o compressor da geladeira entra em funcionamento, por exemplo, denunciam falta de aterramento ou fiação de bitola inadequada à demanda energética. Já as subtensões não transitórias (superiores a quatro ciclos e com duração de alguns minutos a muitas horas) costumam ter as mesmas causas e apresentar os mesmas — se você notar um enfraquecimento "persistente" das lâmpadas (sobretudo em horários de pico), consulte um eletricista; caso ele não identifique problemas na fiação do imóvel, acione a concessionária de energia.

Entende-se por sobretensão a elevação em 10% ou mais, por tempo igual ou superior a três ciclos, da tensão máxima permitida pela rede. Ao contrário do que ocorre nas subtensões, neste caso a luminescência das lâmpadas aumenta de intensidade. Se a instalação e o quadro de força estiverem dentro dos padrões, o problema deve ser externo, e cabe à concessionária de energia solucioná-lo. Mas não deixe de checar periodicamente o estado dos fusíveis (ou dos disjuntores, conforme o caso) e verificar a fixação dos cabos de energia no quadro de força (o afrouxamento dos parafusos é um problema bastante comum). Quanto a sobretensões que ocorrem durante tempestades elétricas, não há muito a fazer senão desligar a chave-geral ou desconectar das tomadas os aparelhos mais sensíveis.

Um aterramento comme il faut deve ser procedido durante a construção do imóvel, mediante a introdução de um conjunto de hastes metálicas no solo e ligação das ditas-cujas ao polo terra das tomadas (aquele que recebe o terceiro pino). Instalações elétricas antigos nem sempre são aterradas, e ligar o polo terra da tomada de três pontos a um cano metálico da rede hidráulica ou ao próprio neutro da rede elétrica — que é aterrado na estação geradora de energia — é gambiarra e, portanto, esse procedimento não é recomendável.

Disjuntores fusíveis desarmam ou se fundem por efeito de uma sobretensão para proteger a fiação do imóvel e os aparelhos a ela conectados. Computadores, modems, roteadores, decodificadores de TV por assinatura, secretárias eletrônicas e telefones sem fio são mais "sensíveis" do que lavadoras de roupa, refrigeradores e que tais. Em tese, quanto mais circuitos eletrônicos o aparelho tiver, maior será o risco de danos, daí ser importante desligar a chave-geral da caixa de força ou desconectar os cabos de força das tomadas (puxando-os pelos plugues, nunca pelos cabos).

Se a tempestade provocar um apagão, só religue os aparelhos quando a energia for restabelecida e estabilizada. Apagões intermitentes, nos quais a luz acaba, volta e torna a acabar sucessivas vezes, potencializam o risco de danos, pois é justamente quando a energia retorna que ocorrem quedas de fase (situação em que as lâmpadas acendem, mas ficam fraquinhas) e sobretensões (estas são mais frequentes e duram alguns milésimos de segundo, mas podem atingir facilmente a marca dos 500V).

Como nem sempre estamos em casa durante o temporal, é importante dispormos de um estabilizador de tensão ou, melhor ainda, de um nobreak. Convém evitar os Filtros de linha, que custam mais barato, mas não filtram coisa nenhuma, pois não passam de extensões providas de um led ou fusível que funciona como varistor e interrompe a passagem de energia quando a sobrecarga já atingiu os aparelhos que o tal "filtro" deveria proteger. Convém também evitar sempre que possível ligar dois ou mais aparelhos na mesma tomada.

As fontes de alimentação dos PC são do tipo "bivolt", ou seja, são capazes de operar entre 90 V e 240 V e, consequentemente, de suportar sobretensões de até 100% e subtensões de mais de 20% (quando ligadas a uma tomada de 127 V, evidentemente). Assim, a única vantagem do filtro de linha é facilitar a substituição do fusível (ou do próprio filtro), pois a troca dos varistores internos da fonte costuma dar mais trabalho.

Continua...

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

DICAS PARA ECONOMIZAR ENERGIA E PROTEGER DISPOSITIVOS ELETROELETRÔNICOS

UM PILOTO SUPERIOR UTILIZA SEU JULGAMENTO SUPERIOR PARA EVITAR SITUAÇÕES QUE REQUEIRAM O USO DE SUA HABILIDADE SUPERIOR.

O ministro das causas perdidas e dos tempos estranhos trocou a suprema toga pelo supremo pijama em julho, mas sua poltrona no STF continua vaga. Davi Alcolumbre, presidente da CCJ do Senado, pretende empurrar com a barriga, até 2023, a sabatina do ex-ministro da Justiça e ex-AGU André Mendonça, indicado por Bolsonaro para o lugar de Marco Aurélio Mello.

"Tempos estranhos", costumava dizer o primo de Collor em suas longas perorações, numa evidente paráfrase ao filósofo grego Platão. Com efeito. Graças a gente como ele (falo de Mello, não de Platão), o criminoso de Garanhuns passou de presidiário de Curitiba a ex-corrupto e pré-candidato a presidente do Brasil das Maravilhas.

No Executivo, se uma moeda fosse cunhada para homenagear o atual presidente, ela teria o valor facial de R$ 3 e exibiria a efígie da Rainha de Copas de um lado e a do Chapeleiro Maluco do outro. No Congresso, a maioria dos 594 parlamentares produz leis como os açougueiros de Bismarck produziam salsichas, o que torna essa caterva tão inútil e ímproba quanto nossa hipotética moeda. 

Fosse o Brasil um país sério e o König der Scheiße que ainda despacha no Planalto já teria sido defenestrado (e internado ou preso). Como o país não passa de uma banânia, o Napoleão de Hospício segue na Presidência, promovendo motociatas e fazendo pouco caso do povo e levando ao delírio a récua de muares que batem os cascos para tudo que ele fala, afirmando que suas opções são a reeleição, a morte ou a prisão (noves fora a primeira, qualquer uma das outras estaria de bom tamanho) e que nada está tão ruim que não possa piorar.

Na última sexta-feira, o capetão disse a apoiadores que o Brasil é um dos países cuja economia menos sofreu efeitos da pandemia. Na Europa, disse ele, há inflação e falta de alimentos. Esquece-se sua alteza que seus governados disputam ossos como cães vira-latas, queimam-se ao usar espiriteiras improvisadas e os que dependem do carro para trabalhar se veem obrigados a escolher entre encher o tanque ou levar comida para casa.

O país das maravilhas descrito por Bolsonaro não encontra fundamentos na realidade. Desmente-o, por exemplo, a inflação galopante, que chegou a 10,16% em setembro — conforme informou o IBGE horas antes das afirmações feitas no cercadinho do Alvorada — e a alta dos preços, que é recorde no Brasil desde 1994. A fome também voltou a ser parte da vida de 19 milhões de pessoas no país sob Bolsonaro, segundo relatório da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.

Aos apoiadores, o presidente diz que a situação é reflexo do lockdown, relativizando sua responsabilidade na crise que o país vivencia. Nosso país está em franca recuperação, afirma ele, como se não houvesse mais de 14 milhões de desempregados. Para os que ainda têm empregos, o salário médio mensal encolheu 8,8% em apenas um ano, passando de R$ 2.750 em 2020 para R$ 2.508 em 2021. 

remuneração do presidente da Petrobras, general Luana e Silva, é de absurdos R$ 260.400,00, e o preço da gasolina no Brasil, 71,12% maior do que na Virgínia (EUA), onde o salário-mínimo é 11 vezes maior. Segundo a FGV, o percentual de famílias endividadas chega a 72,9%. Diante desse quadro, é um escárnio a Petrobras distribuir R$ 31,6 bilhões em dividendos a seus acionistas — dividendos esses originários dos lucros fabulosos gerados pela inescrupulosa isenção de tributos, principalmente na exportação do petróleo bruto.

As crises hídrica e energética que voltam a nos assombrar eram previsíveis e poderiam ter sido evitadas — ou pelo menos minimizadas — com planejamento responsável e investimento adequados. Mas Bolsonaro preferiu irrigar os bolsos dos militares com soldos polpudos, empurrar com a barriga a reforma administrativa e assistir impassível ao aumento do fundo eleitoral aprovado pelos congressistas fisiologistas, que queriam mais de R$ 7 bilhões para se esbaldar a custas dos contribuintes.

Bolsonaro culpa o ICMS (leia-se os governadores) pela escalada do preço de combustíveis e GLP, como se a discrepância entre o real e o dólar não fosse patrocinada por seu Posto Ipiranga — que se vendeu como um competente economista liberal, mas, na prática, não passa de um pau mandado a serviço do despirocado despresidente da República.

O que tem isso a ver com informática? Nada. Ou tudo, em considerando que a solução encontrada para contornar a crise energética é aumentar o valor da vergonhosa bandeira tarifária, repassando aos consumidores o ônus da incompetência desse governo de merda. Por conta disso, compartilho com vocês uma lista dos grandes vilões do consumo energético. Se vocês utilizam alguns deles e acham que mantê-los ligados diuturnamente não aumenta a conta de energia, talvez seja a hora de reverem seus conceitos.

1 — Os carregadores de celulares não são vorazes consumidores de energia, mas passam a sê-lo quando mantidos permanentemente plugados na tomada. O consumo médio de um carregador é de 0,26W quando não está sendo usado e de 1W a 5W quando está conectado ao aparelho, mesmo depois de a bateria ter sido totalmente recarregada.

2 — Fornos de micro-ondas costumam permanecer ligados à tomada porque a maioria de nós tem preguiça de acertar o relógio. Mas mantê-los em stand-by permanente 3W/h. Faça as contas.

3 — Desktops e notebooks também integram essa seleta confraria. É certo que os smartphones os substituem com vantagem na maioria das tarefas do dia a dia, mas é igualmente certo que digitar textos longos num tecladinho virtual exibido numa telinha sensível ao toque de pequenas dimensões é uma provação. Isso sem mencionar games, edição de vídeo e outras tarefas que exigem mais poder de processamento e espaço na memória RAM que a maioria dos diligentes telefoninhos costuma oferecer. Assim, ligue o PC somente quando necessário — mantê-lo em stand-by significa acrescer sua conta de energia em cerca de 20W/h se for um modelo de mesa e 15W/h se for um portátil. Caso sua máquina demore a inicializar, utilize a hibernação em vez do desligamento convencional. Isso não só economiza energia como agiliza a reinicialização do sistema, que ressurge com todos os aplicativos e janelas do jeito como se encontravam quando o aparelho foi posto para "dormir".

4 — Telefones fixos se tornaram uma espécie em extinção, mas muita gente ainda os utiliza e não abre mão das facilidades providas pelos modelos sem fio. O problema é que eles consomem cerca de 3W/h quando conectados à tomada, enquanto um aparelho convencional, que custa bem mais barato, não impacta sua conta de luz.

5 — Televisores, DVD Players, decodificadores de TV por assinatura e consoles de videogame consomem entre 1 W/h e 3W/h se mantidos em stand-by, ao passo que aparelhos de som impactam acrescem cerca de 15 W/h à sua conta de energia. Desligados da tomada eles não só reduzem esse custo como ficam protegidos de distúrbios da rede elétrica e sobretensões provocadas por raios durante os tradicionais (e atualmente desejáveis) temporais de fim de tarde.

Falando em tempestades de verão, vale lembrar que a extensão territorial e a localização geográfica fazem do Brasil o país com a maior incidência de raios no mundo, chegando a registrar 70 milhões de descargas elétricas por ano. Em 2020 foram contabilizados mais de 120 milhões de raios, um aumento de 51% em relação a 2019, quando foram observados 62 milhões deles. Apesar de as chances de ser atingido por um raio serem desprezíveis, não se pode dizer o mesmo sobre as consequência desse fenômeno nos aparelhos eletroeletrônicos. O ideal é que cada residência disponha de um sistema de aterramento e de um DPS — equipamento que identifica uma sobretensão na rede e a transfere para o sistema de aterramento.

Observação: Os raios provocam surtos elétricos, ou seja, grandes aumentos de tensão que se propagam pela rede elétrica e podem torrar, literalmente, os frágeis componentes de aparelhos elétricos e eletroeletrônicos. Estabilizadores de tensão e nobreaks podem ajudar, mas o melhor a fazer durante um temporal com raios é desligar a chave geral do imóvel ou, no mínimo, desplugar os aparelhos da tomada puxando-os pela parte isolada (jamais pelo cabo). Convém também evitar tomar banho se o chuveiro for elétrico, usar o celular em vez do telefone fixo e manter distância de janelas e portas metálicas

Amanhã eu conto o resto.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

DE VOLTA ÀS TEMPESTADES DE VERÃO - CONTINUAÇÃO


SER MAIS ESPERTO QUE O INIMIGO NÃO TORNA O INIMIGO MENOS PERIGOSO.

Como vimos no post anterior, o melhor a fazer quando uma tempestade elétrica se avizinha é desligar a chave geral do quadro de força (ou, no mínimo, desplugar das tomadas os aparelhos mais sensíveis). Mas nem sempre estamos em casa e, quando estamos, nem sempre tomamos essa providência a tempo, daí ser importante dispor de um no-break ou de um estabilizador de tensão de boa qualidade, que oferecem proteção responsável contra os famigerados distúrbios da rede elétrica (os também famigerados filtro de linha custam mais barato e podem ser encontrados em qualquer casa de ferragem ou hipermercado, mas não filtram coisa nenhuma e, portanto, são uma péssima péssima escolha, como veremos melhor mais adiante).

Chamamos subtensão transitória a uma queda de tensão inferior a 10% da tensão nominal da rede e com duração igual ou inferior a 4 ciclos. Esse fenômeno pode ocorrer tanto por culpa da concessionária de energia quanto da instalação elétrica do imóvel. Lâmpadas que “enfraquecem” momentaneamente sempre que o compressor da geladeira entra em funcionamento ou quando um dispositivo elétrico é ligado em cômodo da casa, por exemplo, denunciam falta de aterramento ou fiação de bitola inadequada à demanda de energia (detalhe: ferro de passar roupas, secador de cabelos e outros utensílios vorazes não servem de parâmetro para essa avaliação).

As subtensões não transitórias (superiores a quatro ciclos e com duração de alguns minutos a muitas horas) têm basicamente as mesmas causas e sintomas das transitórias; se você notar um enfraquecimento "persistente" das lâmpadas (sobretudo em horários de pico), chame um eletricista, e caso ele não identifique problemas na fiação do imóvel, acione a concessionária de energia elétrica.

sobretensão, por sua vez, consiste na elevação (em 10% ou mais), por tempo igual ou superior a três ciclos, da tensão máxima permitida pela rede. Situação oposta às anteriores, nesta o brilho das lâmpadas aumentam de intensidade. Se a instalação estiver dentro dos padrões, especialmente o quadro de força, o problema deve ser externo e compete à concessionária de energia solucioná-lo. Mas convém checar periodicamente o estado dos fusíveis (ou disjuntores) e verificar a fixação dos cabos de energia no quadro (o afrouxamento dos parafusos é um problema comum).

Observação: Quanto às sobretensões que costumam ocorrer durante temporais com relâmpagos, vimos no post anterior que não há muito a fazer além de desligar da tomada os equipamentos mais sensíveis. Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

Voltando aos filtros de linha, eles devem ser evitados por várias razões, a começar por não filtrarem coisa alguma. Apesar do nome, eles não passam de simples extensões (também conhecidas como "réguas"), mas é bom ter em mente que ligar dois ou mais aparelhos na mesma tomada da parede, dependendo de quanta energia cada um deles consome, é uma prática nada recomendável. A diferença entre esses "filtros" e as tais réguas está num pequeno fusível (ou um LED, conforme o modelo) que se rompe (ou funde) por efeito de um pico de energia, interrompendo a passagem da corrente elétrica. O problema é que essa interrupção nem sempre acontece com rapidez suficiente para impedir que a sobretensão alcance os aparelhos que o tal filtro deveria proteger, e aí está feita a caca.

Vale lembrar que as fontes de alimentação dos PCs operam entre 90 V e 240 V e suportam sobretensões de até 100% e subtensões de mais de 20% (quando ligadas a uma tomada de 110 V~127 V, evidentemente). Assim, a única vantagem do filtro de linha é facilitar a substituição do fusível (ou o próprio filtro), que nos varistores internos da fonte de alimentação do computador é uma tarefa mais complicada.

Continuamos na próxima postagem.