quinta-feira, 14 de abril de 2022

AINDA SOBRE O MAC PRO E MAIS DICAS PARA O WINDOWS 11

NENHUM TRAPACEIRO NOS ENGANA TÃO BEM QUANTO O TRAPACEIRO QUE EXISTE EM CADA UM DE NÓS.


O fato de ter sido meio que “empurrado” para o macOS não significa que eu vá abandonar o festejado sistema da Microsoft, até porque meu note roda o Win11. Sem falar que old habits die hard — afinal, um “casamento” de 3 décadas não se desfaz da noite para o dia. 


Como qualquer mudança, migrar do Windows (que uso desde a versão 3.0, lançada em1990) para o sistema da Apple exige uma adaptação mais demorada do que a requerida por um simples upgrade de versão do mesmo sistema operacional. 


Já começa que o tradicional “refresh” produzido pela tecla F5 no Windows é obtido no macOS via atalho Command + R (sendo “Command” a tecla com o logo do Windows nos teclados convencionais). E o famoso “X” vermelho que o Windows exibe no canto superior direito das janelas é representado no Mac por um botãozinho vermelho localizado no lado oposto. Para desligar o computador, em vez de clicar no botão Iniciar e no comando respectivo, como se faz no Windows, clica-se no ícone da maçã, na barra que fica alinhada à borda superior da tela, e então em Desligar


Voltando ao Win11, o upgrade no meu notebook foi um calvário. Além de demorar horas, deixou a máquina instável — eu só consegui utilizá-la normalmente depois que a excelente suíte Advanced System Care, da IOBit, fez sua mágica. Mas é preciso destacar que as atualizações entregues pelo Windows Update nos últimos meses restabeleceram diversas funções que a Microsoft havia suprimido e deixaram o Win11 mais redondo e menos “guloso” por memória RAM.


O Win10 já permitia dividir a tela em várias janelas, mas isso ficou mais fácil na versão atual. Basta pousar o mouse sobre o botão maximizar da janela (ou digitar o atalho Win + Z) para criar até quatro janelas diferentes, o que pode ser interessante para quem tem um monitor de tela grande. Também é possível minimizar todas as janelas e tornar a abri-las selecionando o grupo, bem como fazer ajustes adicionais clicando com o botão direito no grupo, selecionando Configurações do Grupo e explorando as opções disponíveis no campo Multitarefa.


A Microsoft deve reimplantar a função que permitia arrastar e largar arquivos entre janelas e programas. Enquanto isso não acontece, pode-se arrastar o arquivo, pressionar Alt+Tab e largar o dito-cujo na janela para a qual se quer transferi-lo.


Os temas oferecidos por padrão pelo Win11 são bonitos, mas você pode obter outros dando um clique direito na área de trabalho, clicando em Personalizar > Temas > Procurar temas, rolando a tela, escolhendo o tema que mais lhe agradar e clicando em Adquirir. Também é possível configurar o modo escuro clicando em Cores > Tema escuro.


O Gerenciador de tarefas continua respondendo ao atalho Ctrl+Shift+Esc e pouco mudou em relação às versões anterior (mais detalhes nesta postagem). Entre os muitos recursos que ele oferece, dois são particularmente úteis para a maioria dos usuários: 1) impedir que apps enxeridos peguem carona na inicialização do Windows, e 2) forçar o encerramento de processos que pararam de responder. 


E com isso eu encerro este post. Bom feriado. Feliz Páscoa a todos.

quarta-feira, 13 de abril de 2022

O PARLELISMO E A CPI DA CPI

 

Entende-se por paralelismo uma relação de simetria que estabelece nexo entre textos no plano linguístico por meio de elementos de coesão e coerência formalizados na composição morfossintática ou semântica escrita. Segundo a Gramática Houaiss da Língua Portuguesa, essa relação pode ser sintática, morfológica ou semântica. Mas há outro tipo paralelismo que, embora não seja abordado pelos compêndios gramaticais, é visto amiúde no governo Bolsonaro


A CPI do Genocídio revelou a existência de um gabinete paralelo na Saúde, e, mais recentemente, denúncias feitas por prefeitos sugerem que a mesma formação espúria se deu na Educação, onde dois pastores amigos se aliaram a prepostos do Centrão para impor um lobismo abjeto cujo lema parece ser "quanto eu levo nisso".

 

Observação: Dias atrás, o presidente do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação, Marcelo Lopes da Ponte, foi ouvido pela comissão e confirmou ter participado de quatro reuniões com os pastores apontados como pivô do suposto esquema.

 

Com a rapidez de quem frita um ovo, o senador Randolfe Rodrigues — que atuou como vice-presidente na comissão que investigou a Saúde e agora figura como coordenador da campanha de Lula — conseguiu, na última sexta-feira, as 27 assinaturas necessárias para a instalação da CPI do Bolsolão do MEC. No final de semana, porém, o Planalto abriu seu mercado de trocas e três senadores retiraram suas rubricas do requerimento. 

 

Desembarcaram o senador Weverton Rocha, candidato de Ciro Gomes ao governo do Maranhão, e dois parlamentares do Podemos: o paranaense Oriovisto Guimarães, fundador do grupo educacional Positivo, que mantém negócios milionários com o governo, e o potiguar Styvenson Valentim, que divulgou há seis meses um vídeo no qual tachou o Senado de "chiqueiro" e lamentou ter que chamar "vagabundo" de "excelência". 

 

Uma quarta senadora — a emedebista capixaba Rose de Freitas — disse que sua assinatura foi incluída no requerimento sem seu consentimento, tendo sumido na sequência, e exigiu investigação. Randolfe, autor do pedido de abertura da CPI do MEC, sustenta que o computador usado para inserir e apagar a rubrica digital da parlamentar está instalado no gabinete dela, e ameaça levá-la ao Conselho de Ética por quebra de decoro.

 

Para evitar que o pedido seja engavetado por falta de assinaturas, senadores de oposição farão uma ofensiva para pressionar os colegas a endossar o requerimento. A estratégia será buscar apoio de parlamentares com histórico em avalizar comissões investigativas na Casa. Na lista estão José Serra, que apoiou a CPI do Genocídio, Marcelo Castro, que preside a Comissão de Educação, Otto Alencar, que teve atuação relevante nos trabalhos da comissão que investigou a Saúde, além de outros senadores. Entre os senadores do PSD — partido que ocupa a segunda maior bancada do Senado após as movimentações de filiação da janela partidária e deve indicar o relator e a vice-presidência da comissão —, apenas Omar Aziz, que presidiu a CPI anterior, assinou o requerimento. 

 

A exemplo de como fez por ocasião da CPI do Genocídio, o presidente do Senado tem demonstrado resistência em instalar uma comissão parlamentar de inquérito em ano eleitoral. Na quinta-feira passada, Rodrigo Pacheco disse que deixará para decidir sobre o tema quando ele “existir” (naquele momento, segundo ele, não havia quórum suficiente para a instalação). Disse ainda o senador que, para além das 27 assinaturas, é preciso haver um “fato determinado” para a criação do colegiado, e que CPIs em ano eleitoral podem ser usadas como palanque político pela oposição.

 

Seria preciso instalar uma CPI paralela (o que no governo em curso é paralelismo) para investigar os motivos que levaram três senadores a produzir a façanha de desfritar um ovo em 48 horas. Segundo a coluna de Josias de Souza, o enredo da fritura reversa inclui intriga, emoção e perfídia, e o comando da mágica coube ao senador licenciado Ciro Nogueira, chefão da Casa Civil e padrinho de operadores que o Centrão acomodou dentro dos cofres do MEC.

 

Em meio a mais esse imbróglio, Randolfe Rodrigues cogita transferir a apuração para a Comissão de Educação, permanente e em funcionamento. A ideia é centrar a agenda do colegiado nos depoimentos de supostos envolvidos nas denúncias — na prática, seria uma espécie de “mini-CPI”. Como se vê, o esforço para blindar os larápios do MEC trouxe a lume farto material para uma CPI da CPI.

MAIS SOBRE O MAC PRO

LEIS SÃO COMO SALSICHAS. É MELHOR NÃO VER COMO ELAS SÃO FEITAS.

Comparações diretas entre máquinas de configurações diferentes e sistemas operacionais distintos não fazem muito sentido, mas a atualização do meu Mac Pro para a versão Monterrey 12.3 do macOS, que foi lançada em 14 de março, transcorreu sem sobressaltos e demorou um décimo do tempo que meu Dell Inspiron levou para migrar do Win10 para o Win11

Como em mencionei em outras oportunidades, o gargalo de dados do notebook é o HDD (de 2 TB a 5400 RPM). Drives eletromecânicos, mesmo de última geração, são muito mais lentos que SSDs Sata III, (como o que equipa meu desktop Frankenstein), que, por sua vez, são mais lentos que o SSD PCI Express com NVMe do Mac Pro

As taxas de leitura e gravação de um drive de disco rígido de boa estirpe giram em torno dos 150 MB/s e 130 MB/s, respectivamente. Já as do SSD Sata alcançam 560 MB/s e 520 MB/s, respectivamente, e o modelo PCIe com NVMe chega a 3.300 MB/s e 2.000 MB/s (vide figura). 

Com o Win11, meu Dell Inspiron dava o boot e carregava o sistema em pouco mais de um minuto, mas eu só conseguia abrir o navegador, o cliente de email, o Word e os demais aplicativos que uso regularmente quase cinco minutos depois. O Frankenstein reduzia esse tempo para menos de um minuto, mas, com o Mac, isso acontece segundos após eu digitar minha senha de usuário. 

Volto ao assunto mais adiante para falar do macOS e do processo de adaptação que a mudança de plataforma impõe a quem, como eu, sempre usou PCs Windows.

terça-feira, 12 de abril de 2022

QUEM SAI AOS SEUS NÃO DEGENERA

 

A novela da presidência a Petrobras chega ao último capítulo nesta quarta-feira. Adriano Pires declinou do convite alegando conflitos de interesse, mas o fato é que sua posição em relação ao petróleo não combina com a de Bolsonaro, que é um símbolo do atraso, e que tanto Roberto Castello Branco quanto Joaquim e Silva e Luna foram defenestrados por não se submeterem à vontade do capitão, que claramente deseja fazer com a petrolífera o que fez com a PF, a PGR, o TCU... 

 

À  primeira vista, Mauro Ferreira Coelho, o indicado da vez, preenche os requisitos básicos (nome limpo, experiência e fluência em inglês, entre outros). Mas Bolsonaro é o tipo de suserano que exige do vassalo obediência cega e disposição para dar o rabo e pedir desculpas por estar de costas — que o digam o general Eduardo “um manda e o outro obedece” Pazuello e sua versão de jaleco, Marcelo Queiroga. Para esse presidente, o currículo é o que menos importa — como demonstram as indicações de Carlos Alberto Decotelli, o ministro “relâmpago” da educação, e Kássio Nunes Marques, o ministro “tubaína” do STF. 

 

Na última quinta-feira, Jair Renan Bolsonaro, que é investigado por suposto tráfico de influência e lavagem de dinheiro, chegou com duas horas de atraso à superintendência da PF em Brasília. Com o filho do pai estava o dublê de advogado e mafioso de comédia Frederick Wassef (aquele em cuja casa a polícia encontrou o então foragido Fabrício Queiroz, cujo nome dispensa maiores apresentações). O depoimento durou horas, mas o resultado da investigação é tão incerto quanto o passado do Brasil (basta lembrar como atuou o passador-de-pano-geral da República em relação aos 90 pedidos de investigação envolvendo sua alteza irreal). 


O depoente se disse "revoltado" com o inquérito — talvez porque, a exemplo do pai e dos irmãos, ele acha que não deve nada a ninguém. Muito menos explicações. Tanto é que o depoimento deveria ter ocorrido em dezembro, mas o investigado não apareceu. Alegou que estava doente. A revolta contrasta com o padrão de vida de zero quatro. Meses atrás, ele se mudou com a mãe para uma mansão (no bairro mais chique de Brasília) avaliada em R$ 3,2 milhões, cujo aluguel mensal é de R$ 15 mil


Segundo Wassef, seu cliente é vítima de mentiras produzidas pela oposição comunista para prejudicar o pai presidente. Essa tese segue na mesma linha da aleivosia de que o país está diante de um fabuloso mal-entendido, de uma sequência impressionante de coincidências maliciosamente interpretadas, que acabou fazendo um filho modelo de um pai exemplar parecer um malandrão. 


Triste Brasil.

 

Com Josias de Souza

AINDA SOBRE O MAC PRO

NINGUÉM SABE DO QUE É CAPAZ ATÉ QUE O TENTA FAZER.

Para concluir o que eu disse sobre o Mac Pro na postagem anterior, a atualização do macOS para a versão mais recente (Monterrey 12.3, lançada em 14 de março) ocorreu sem sobressaltos, o que foi um alívio — como se costuma dizer, cachorro picado por cobra tem medo de linguiça —, e levou um décimo do tempo que meu notebook precisou para concluir a instalação do Windows 11

Vale destacar que é inadequado fazer uma comparação direta entre máquinas de configuração diferente e com sistemas operacionais distintos. No caso em tela, pesa muito o fato de o armazenamento do meu portátil ficar a cargo de um “jurássico” HDD de 2 TB a 5400 RPM, cuja performance é muito inferior à do SSD/NVMe que equipa o Mac.

Outro aspecto do note que sempre me desagradou é o subsistema de rede, que limita a conexão com a Internet a 100 Mbps. Isso faz uma diferença brutal para quem usa o portátil como substituto do PC de mesa — situação em que é natural optar pela estabilidade da conexão cabeada em detrimento da rede Wi-Fi. A exemplo do desktop que continua na UTI, o Gigabit Ethernet do Mac ultrapassa com facilidade os 300 Mbps previstos no meu contrato com a Vivo. 

Para além isso, seis portas Thunderbolt 2 e quatro USB 3.0 proporcionam uma expansão flexível e de alto desempenho, inclusive para quem trabalha com edição de vídeo ou gosta de jogar games radicais (não é o meu caso). 

O Thunderbolt 2 combina o PCI Express e o DisplayPort numa tecnologia versátil e de alta velocidade, que fornece até 20 Gbps de largura de banda para cada dispositivo externo, permitindo conectar SSDs externos, adicionar um chassi de expansão PCI e trabalhar com monitores 4K e dispositivos periféricos capazes de transmitir em 4K. 

Cada porta Thunderbolt 2 permite conectar em cadeia até seis periféricos, tornando possível utilizar até 36 dispositivos externos. Além disso, o Mac Pro suporta até dois monitores DVI ou HDMI (quando conectado pela porta HDMI incorporada). Mas basta usar um adaptador Apple Mini DisplayPort para DVI de link duplo para conectar monitores DVI adicionais. A rigor, pode-se conectar até seis monitores DVI ativos usando o adaptador, mas vale lembrar que isso exige um USB alimentado, já que o Mac Pro disponibiliza quatro portas USB e são necessárias seis para conectar todas elas.

O USB 3.0 permite utilizar simultaneamente dezenas de dispositivos externos dos mais variados tipos, e as duas portas Gigabit Ethernet possibilitam a conexão com várias redes. A porta HDMI 1.4 fornece suporte para televisores, projetores e monitores de alta definição, incluindo TVs Ultra HD. O suporte ao Wi-Fi 802.11ac de três fluxos provê conectividade sem fio de alta velocidade; para todas as outras conexões wireless (como teclado e mouse sem fio), o Mac Pro conta com Bluetooth 4.0. 

Quando giramos o gabinete para conectar um dispositivo, o Mac Pro detecta o movimento e ilumina automaticamente o painel de E/S, facilitando a conexão situações de pouca luz. Pode não ser um recurso “indispensável”, mas evidencia a preocupação da Apple com detalhes e nos leva a achar mais “palatável” o preço exorbitante do aparelho. 


A Páscoa está chegando. Chocolate engorda. Para não brigar com a balança, que tal pedir uma belezinha dessas ao Coelhinho? Pode ser que ele não traga, mas você não vai saber se não tentar. 


A versão mais recente do Mac Pro (que parece um ralador de queijo) chega a custar até R$ 541.598 (noBrasil), mas pode vir com rodinhas de aço inoxidável. O acessório, que substitui as pernas de metal do desktop, aparece no site da maçã por a partir de R$ 4 mil (se comprado junto ao computador). 

Adquiridas separadamente, as rodinhas custam R$ 6.999. Com essa dinheirama, você compra um notebook de configuração bastante aceitável e um smartphone de entrada de linha. Não da marca da maçã, evidentemente. Mas maçã a gente sempre pode comprar no supermercado. 

segunda-feira, 11 de abril de 2022

AS ELEIÇÕES E O DESTINO DO BRASIL

 

 

Há perguntas fáceis de fazer e difíceis de responder. Por exemplo: como alguém em sã consciência pode querer reconduzir ao Planalto o articulador do Mensalão que tropeçou no Petrolão, teve a ficha imunda lavada pela Justiça “cumpanhêra” e, de volta ao xadrez (sem trocadilho) da reeleição, se vende como o melhor mandatário desde Tomé de Souza? 

 

Outro exemplo: como alguém em sã consciência não vê que o “mito” dos bolsomínions não passa de um santo de pés de barros (e sujos), e que lhe conceder um segundo mandato é agir como o sapo da fábula do escorpião


Mais um: como votar em parlamentares que aprovam um fundo eleitoral de R$ 4,9 bi (e o Supremo diz que está tudo certo) quando 15 milhões de brasileiros não fazem três refeições por dia?

 

Uma república onde votar é um direito que o cidadão é obrigado a exercer sob pena de multa pecuniária (além de outras sanções) não é uma democracia como manda o figurino. Para além disso, nosso “eleitorado”, que jamais foi brilhante, exsuda polarização e se divide em duas facções de apedeutas fanáticos (o número de integrantes de cada facção varia conforme a empresas de pesquisas e o escopo de quem paga pela enquete). 


Diante disso, como reclamar de um Congresso onde metade dos parlamentares tem contas a acertar com a Justiça Criminal — aquela que é cega no mundo inteiro, mas no Brasil parece ser paga para não ver?

 

Isso me faz lembrar da anedota siciliana em que o pai dá ao filho uma lupara, o garoto troca a arma por um relógio com um coleguinha de escola e o pai, ao saber do fato, pergunta: “Agora, se alguém diz que tua mamma è una putanna, você faz o quê? Diz que são oito e meia?

 

Mudando da anedota para a lenda, sempre fui fã de Sherazade e admirador da obra de Malba Tahan — pseudônimo do professor de matemática e escritor carioca Júlio Cesar de Mello e Souza. Seu livro mais famoso é O homem que calculava, onde o fictício escritor árabe narra as aventuras de Beremiz Samir e brinda o leitor com uma coletânea de problemas e curiosidades matemáticas à maneira dos contos das Mil e Uma Noites


A lenda eu transcrevo a seguir integra o livro Maktub (termo que significa “estava escrito”, mas é usado para expressar o tradicional fatalismo dos muçulmanos).

 

Há muitos anos, quando voltava de Bagdá, encontrei, num caravançará (albergue) próximo a Damasco, um velho árabe de Hedjaz muito me chamou a atenção. Ele falava agitado com os mercadores e peregrinos, gesticulando e praguejando sem cessar; fumava uma mistura forte de tabaco e haxixe, e quando ouvia de um dos companheiros uma censura qualquer, exclamava, apertando o turbante esfarrapado entre as mãos ossudas:

 

— Mac Allah! (por Deus!) ó muçulmanos! Eu já fui poderoso! Eu já tive o Destino nesta mão!

 

— É um pobre diabo — diziam. — Não bate bem da bola! Que Allah o proteja!

 

Eu, porém, sentia irresistível atração pelo desconhecido, e assim procurei me aproximar dele discretamente e conquistar sua confiança, o que consegui ao cabo de poucos dias.

 

— Os homens da caravana me tomam por doido — disse-me ele certa noite, enquanto cavaqueamos a sós. Não querem acreditar que já tive nas mãos o destino da humanidade inteira. Sim, senhor: o destino do gênero humano!

 

Esbugalhei os olhos assombrado. Aquela afirmação insistente de que havia sido senhor do Destino era característica do seu pobre estado de demência. Mas ele insistiu:

 

— Segundo ensina o Alcorão — o livro de Allah — a vida de todos nós está escrita — Maktub! — no grande Livro do Destino, onde cada homem tem uma página com tudo o que de bom ou de mau lhe vai acontecer. Todos os fatos que ocorrem na terra, do cair de uma folha seca à morte de um califa, estão fatalmente escritos no Livro do Destino! Sem esperar que eu o interrogasse, ele me narrou o seguinte:

 

— Em viagem pelo deserto salvei certa vez com um velho feiticeiro que ia ser enforcado. Em sinal de gratidão, ele me deu um talismã raríssimo que possuía, uma pedra maravilhosa que permitia a entrada livre na famosa Gruta da Fatalidade, onde se acha — pela vontade de Allah — o Livro do Destino.

 

Depois de sugar longamente a piteira do seu narguilé, velho prosseguiu:

 

─ Viajei dois anos a fim de chegar à gruta encantada. Um djinn (gênio benfazejo) que estava de sentinela à porta me deixou entrar, avisando, porém, que eu só poderia permanecer na gruta pelo espaço de poucos minutos. Era minha intenção alterar o que estava escrito na página e fazer de mim um homem rico e feliz. Bastava acrescentar com a pena (que eu já levava): “Terá muito dinheiro!” Lembrei-me, porém, dos meus inimigos. Poderia, naquele momento, fazer grande mal a todos eles. Movido pela ideia única do ódio e da vingança, abri a página de Ali Ben-Homed, o mercador. Li o que ia acontecer a esse meu rival e acrescentei embaixo, cheio de rancor: “Morrerá pobre, sofrendo os maiores tormentos!” Na página de Zalfah-el-Abarj escrevi, impiedoso, alterando-lhe a vida inteira: “Perderá todos os haveres; ficará cego e morrerá de fome e sede no deserto!” E assim, sem piedade, arrasei, feri, retalhei a todos os meus desafetos!

 

— E na tua vida? — indaguei, curioso. — Que fizeste, ó muçulmano, na página em que estava escrita a tua própria existência?

 

— Ah, meu amigo! ─ prosseguiu o ancião, cheio de mágoa. — Nada fiz em meu favor. Preocupado em lazer o mal aos outros, esqueci-me de fazer o bem a mim mesmo. Agi como um miserável. Semeei largamente o infortúnio e a dor e não colhi a menor parcela de felicidade. Quando me lembrei de mim, quando pensei em tornar feliz a minha vida, estava terminado o meu tempo. Sem que eu esperasse, um efrite (gênio do mal, que se opõe ao djinn) me agarrou fortemente e, depois de me arrancar o talismã, expulsou-me da gruta. Caí entre as pedras e, com a violência do choque, perdi os sentidos. Quando recuperei a razão, achei-me ferido e faminto, muito longe da gruta, junto a um pequeno oásis do deserto de Omã. Sem o talismã precioso, nunca mais pude descobrir o tortuoso caminho da Gruta do Destino.

 

E concluiu, entre suspiros, numa atitude de profundo e irremediável desalento:

 

— Perdi a única oportunidade que tive de ser rico e feliz!

 

Seria verdadeira essa estranha aventura? Até hoje ignoro. O certo é que o triste caso do velho árabe de Hedjaz encerrava grande e precioso ensinamento: Preocupados em levar o mal a seus semelhantes, quantos homens se esquecem do bem que poderiam fazer a si próprios...

 

O que tem isso a ver com a sucessão presidencial? Nada. Ou tudo. Deixo a conclusão por conta do leitor.

ESTA VAI PARA OS APPLEMANÍACOS (CONTINUAÇÃO)

PARA ADÃO, O PARAÍSO ERA ONDE ESTAVA EVA.

A marca da maçã mordida sempre se destacou pela excelência de seus produtos, mas a arquitetura fechada, o software proprietário e o preço nas alturas fazem desses aparelhos um sonho de consumo de muitos, mas que poucos têm cacife para realizar. 

Depois que meu desktop baixou ao hospital (ainda não há previsão de alta) e usar meu notebook com Windows 11 se tornou um teste de paciência (graças ao disco rígido eletromecânico), resolvi explorar novas opções e acabei me encantando com o Mac Pro. Mas parte desse encanto se foi quando descobri que, mesmo na configuração mais modesta, essa belezinha custa tanto quanto um VW Polo zero quilômetro.

Fazia tempo que eu vinha pensando em conhecer melhor o sistema da maçã — minha experiência nessa seara se limitava a duas semanas a bordo de um MacBook, que eu usei em 2006 para embasar um comparativo envolvendo o macOS, o Windows e o Ubuntu. Depois de muito fuçar, descobri que uma versão mais antiga do continua sendo vendida, e por um valor menos apavorante (ainda que não menos assustador). Mas mais vale um gosto do que dois tostões no bolso, como dizia meu finado pai.


Quem olha para o gabinete cilíndrico de 25 cm de altura e 17 cm de diâmetro não imagina o “poder de fogo” desse computador, que é equipado com um processador Intel Xeon E5 de 6 núcleos (12 threads), 64 GB de RAM DDR3 (a 1866 MHz) 1 TB de armazenamento (SSD/NVMe) e gráficos AMD FirePro D700 com 6 GB de VRAM GDDR5. Ele dispõe de suporte nativo ao Wi-Fi 802.11ac e Bluetooth 4.0, duas portas de rede (LAN), quatro USB 3.0 e seis Thunderbolt 2Completam o conjunto a saída HDMI (para monitor de vídeo) e os conectores para microfone e fone de ouvido. 


A Apple caprichou tanto na arquitetura interna (com foco no desempenho) quanto no gabinete cilíndrico, que é feito de alumínio polido e “pede” para ficar sobre a mesa. O sistema de exaustão é poderoso, mas silencioso: em vez de usar vários dissipadores de calor e múltiplos ventiladores para resfriar o processador e as placas gráficas, a empresa optou por uma peça de alumínio extrudado com apenas um ventilador, mas de tamanho maior e com as pás curvadas para trás, o que garante melhor desempenho com menos rotações por minuto e, consequentemente, menos ruído.


Volto a frisar que produtos da Apple não são para qualquer bolso, e a coisa não fica muito melhor quando o proprietário é precisa recorrer à assistência técnica autorizada. A boa notícia para os applemaníacos que não nasceram em berço de ouro — e, portanto, dão duro para pagar suas contas — é a Reparação de Autoatendimento


O anuncio, feito no final do ano passado, informa que peças de reposição serão vendidas pelo mesmo preço cobrado das oficinas de consertos, e que manuais serão disponibilizados no site da Apple, para que interessados possam reparar eles próprios seus aparelhos. 


Inicialmente, o programa contempla somente iPhones 12 e 13 e computadores com chip M1 (para saber mais, clique aqui). 

domingo, 10 de abril de 2022

ARAS E O BOI DE PIRANHA



Corpos de civis abandonados por ruas com casas, lojas e carros destruídos. Esse era o cenário em Bucha, a cerca de 60 km de Kiev, quando os ucranianos voltaram a ter o controle da cidade após a saída das tropas russas. O presidente Volodymyr Zelensky acusou a Rússia de promover genocídio, mas os russos dizem que o massacre seria uma armação de seus inimigos e negam ter atacado civis.

A resposta da ONU a divulgação das imagens de mortos deixados em Bucha foi a mais dura desde o início da guerra. Os russos foram acusados de "violações e abusos graves e sistemáticos", e o país acabou suspenso do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Mas nada disso impediu que um novo ataque aéreo ocorresse: Na última sexta-feira, dezenas morreram em um bombardeio a uma estação de trem lotada no leste da Ucrânia. Mais uma vez, o governo ucraniano acusa a Rússia de ter realizado deliberadamente o ataque, o que Moscou nega.


Mudando de um ponto a outro, o recurso apresentado pela PGR contra a decisão da ministra Rosa Weber no caso Covaxin revela quão ilimitado é o desejo de Augusto Aras de transformar a blindagem de Bolsonaro num processo de ridicularização da Procuradoria. Para livrar Bolsonaro, Aras e sua equipe aceitam como verdadeira uma fábula em que o general Eduardo Pazuello faz o papel de boi de piranha (falo da rês que é jogada no rio para ser comida enquanto o resto da manada passa). 


Aras negou-se a arquivar o inquérito que investiga se Bolsonaro cometeu crime de prevaricação no caso da compra da vacina indianaAras pediu a ela que reconsidere a decisão ou submetesse o recurso ao plenário do Supremo. Segundo ele, o presidente da República não é obrigado a mandar investigar as denúncias de crime que lhe chegam aos ouvidosO procurador-vassalo prefere enxergar o "boi de piranha" na figura rotunda do general Pesadelo a ter de admitir que o capitão-suserano deva ser investigado por suspeita de prevaricação. E o STF, se permitir que as piranhas devorem apenas ex-interventor da Saúde, vincular-se-á à Procuradoria no projeto da autodesmoralização.

 

Bolsonaro pode ser acusado de tudo, menos de uma boa gestão e de não ser oportunista. Como se soube, depois que foi cooptado por pastores amigos e de prepostos do Centrão, a MEC adotou o lobby como programa e o "quanto eu levo nisso" como lema. Matreiro, o capetão se valeu do gancho deixado Aras para se escudar da merda que bateu no ventilador da pasta sob a batuta do ministro-pastor indicado pela terrivelmente evangélica primeira-dama. 

 

TCU levou o pé à porta para impedir um superfaturamento de R$ 732 milhões na aquisição de ônibus escolares. A falcatrua foi revelada no sábado pelo Estadão. Dois dias depois, de passagem pelo Rio de Janeiro, Bolsonaro subiu no caixote: "Porra, a licitação nem foi feita ainda. Quem descobriu fomos nós. Nós temos compliance, temos gente trabalhando em cada ministério com lupa em contratos."


Imaginou-se que o presidente já tivesse ordenado o cancelamento da licitação. Engano. Menos de 24 horas depois de seu arroubo o MEC informou que o pregão eletrônico suspeito estava mantido para terça-feira. Nele, o governo se dispôs a pagar até R$ 480 mil por um ônibus escolar que custa no mercado — no máximo — R$ 270 mil. Assim, a compra de 3.850 veículos saltaria de R$ 1,31 bilhão para R$ 2,08 bilhões


Pegos no contrapé, os operadores que o Centrão infiltrou no MEC fixaram um novo valor máximo para a compra dos ônibus: R$ 1,5 milhão — preço sugerido pela CGU em manifestação de 10 de março, mas que vinha sendo ignorado antes de o caso ganhar os contornos de escândalo. Resta explicar por que o governo desprezou alertas feitos pela CGU e pela área técnica do próprio Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, por que manteve do pregão eletrônico depois de o caso ter sido pendurado nas manchetes de ponta-cabeça e por que os responsáveis pelo edital superfaturado continuam em seus postos?

 

Provocado por três parlamentares —Tábata Amaral, Felipe Rigoni e Alessandro Vieira — o ministro Walton Alencar, do TCU, achou melhor se precaver: autorizou a realização da licitação, mas condicionou a homologação à demonstração prévia de que não houve maracutaia. Bolsonaro voltou a declamar o velho e batido ramerrão segundo o qual seu governo está há três anos e três meses sem corrupção. Quem olha ao redor percebe que não faltam malfeitorias. O que falta é vergonha na cara. 


Por falar nisso, o ex-ministro Milton Ribeiro manteve a cara do capitão no fogo ao declarar em depoimento à PF que abriu as portas do MEC para pastores lobistas a pedido do chefe.

 

Com Josias de Souza 

sábado, 9 de abril de 2022

TUDO QUE É DEMAIS ENCHE!

Eu me jactava de ser apolítico e apartidário, mas o nefasto governo lulopetista levou-me a observar mais atentamente o abjeto cenário político tupiniquim. Foi então que passei a ter vergonha de ser brasileiro. Sob Dilma, a inesquecível, a vergonha virou nojo. Sob Bolsonaro, faltam-me palavras para expressar como me sinto em relação aos políticos em geral e a este governo em particular. Ando com o saco na Lua de ouvir falar em gente que nos rouba bilhões para financiar campanhas e continuar a nos roubar. De tempos para cá, acompanhar o noticiário virou penitência. Para além dessa maldita pandemia e do descalabro no Leste Europeu  que não têm data para terminar —, há a novela da reeleição presidencial  que termina em outubro, para o bem ou para o mal.

 

Costuma-se dizer que colhemos o que plantamos, mas também se diz que quem semeia ventos colhe tempestades. Desnecessário relembrar (mais uma vez) por que apoiamos em 2018 o candidato que se tornou o pior presidente do Brasil desde Tomé de Souza — não por falta de concorrentes à altura. Mas o fato é que ouvir falar e eleições, pesquisas e o diabo a quatro vem ficando mais insuportável a cada dia. E a mídia, sádica, joga sal na ferida. Somos lembrados a toda hora que teremos novamente um pleito plebiscitário, e que agora o lulopetismo corrupto pode derrotar o bolsonarismo boçal. Diogo Mainardi disse que prefere se atirar do Campanário de San Marco a escolher entre Lula e Bolsonaro, mas Diego mora em Veneza.

 

Faz sentido um ex-presidiário condenado a mais de 25 anos de prisão por uma dúzia de juízes de três instâncias ter a ficha imunda lavada a toque de caixa e ser reinserido no tabuleiro eleitoral? Faz sentido um ex-parlamentar medíocre e de passado duvidoso ser reeleito para um segundo mandato depois de tudo que fez nos últimos 40 meses? E continuar desfiando a lei da gravidade porque aparelhou a PGR e a PF, e se “se valeu do orçamento secreto” para eleger presidente da Câmara um deputado réu disposto a manter sob seu respeitável buzanfã os mais de 140 pedidos de impeachment protocolados em desfavor do benfeito?

 

De acordo com a CNN, dos 90 pedidos de investigação apresentados ao STF contra Bolsonaro, seu fiel escudeiro na PGR foi contrário a 74. A única vez que o procurador se posicionou a favor da investigação foi no caso da vacina indiana Covaxin — mas, uma vez aberto o inquérito, manifestou-se pelo arquivamento.  A ministra Rosa Weber determinou que os autos fossem reencaminhados para o Ministério Público para nova análise, mas Augusto Aras recorreu  (se a magistrada não revir sua posição, ele pede que o caso seja submetido ao plenário, onde certamente Nunes Marques ou André Mendonça apresentará um pedido de vista e o julgamento será suspenso). 

 

Aras — que foi alçado e reconduzido ao comando do Ministério Público por Bolsonaro ao arrepio da lista tríplice  alega candidamente que sua atuação é técnica (pausa para as gargalhadas) e reputa indevidas “ilações de alinhamento com quaisquer partes envolvidas nos casos”. Dos 9 crimes (comuns e de responsabilidade) apontados pela CPI do Genocídio, no final do ano passado, a gente quase não ouve mais falar. 


CNN fez um levantamento de todas as petições públicas no STF que envolvem o nome do presidente e apurou que existem 155 processos (desde pedidos de investigação até habeas corpus, inquéritos e outros tipos de ação). Deste total, apenas dois foram apresentados durante a gestão de ex-procuradora-geral Raquel Dodge. E o vassalo que a sucedeu, quando não manda as investigações para o arquivo, limita-se a abrir “notícias de fato” — investigações preliminares que ficam restritas ao circuito interno da PGR, não sendo, portanto, acompanhadas pelo STF nem pela sociedade —, levando nada a lugar nenhum. 

 

Quando foi questionado sobre o depósito na conta da primeira-dama feito por Fabrício Queiroz, Bolsonaro disse que queria “encher de porrada” a cara do repórter. Segundo Aras, para que se consume o crime de constrangimento ilegal “o agente preciso impor à vítima um comportamento certo e determinado e o constrangimento há de ser ilegal (deve estar em desconformidade com a legislação em vigor)”. 


No caso da Covaxin, o procurador tentou negar andamento à investigação, mas a ministra Rosa Weber cobrou uma nova manifestação. Aras enviou nova manifestação ao STF pedindo a abertura de inquérito para apurar as suspeitas de irregularidades, mas pediu o arquivamento do caso alegando (pasme o leitor!) que não há a possibilidade de o presidente ter cometido o crime de prevaricação porque não estaria no rol de atribuições do presidente da República comunicar às autoridades de investigação sobre essas irregularidades. 

 

O último caso que chegou às mãos do PGR — e sobre o qual sua graça ainda não se manifestou — envolve a suspeita de possível favorecimento de aliados políticos na distribuição de recursos do MEC. O imbróglio levou à exoneração do chefe da pasta. A ministra Cármen Lúcia determinou a Aras que se manifeste sobre quais providências pretende adotar em relação à investigação contra o Bolsonaro. O que acontecerá a seguir, quem viver verá.

 

CPI do Genocídio atribuiu a Bolsonaro 9 crimes (comuns e de responsabilidade). Nos casos envolvendo o “kit Covid”, que remontam ao primeiro semestre de 2021, a PGR se limitou a informar o Supremo de que abriu uma investigação preliminar para avaliar se houve cometimento de crime por parte do presidente  e decidiu por seu arquivamento (o resultado das apurações não foi informado). 

 

No episódio envolvendo uma criança de cujo rosto Bolsonaro tirou a máscara, a subprocuradora Lindôra Araújo argumentou que “inexistem elementos mínimos que indiquem ter a autoridade noticiada [Bolsonaro] atuado com vontade livre e consciente de criar uma situação capaz de expor a vida ou a saúde de outrem [a criança] a perigo direto e iminente”. 

 

Uma licitação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação previa a compra de ônibus escolares por até R$ 480 mil por veículo  o preço de mercado é R$ 270,6 mil. Segundo O Estadão, o valor estabelecido no processo de licitação seria de R$ 2,045 bilhões — um superfaturamento de R$ 732 milhões em relação ao custo real dos veículos.

 

Vivemos num país com muitas leis e nenhuma vergonha na cara. Não fosse assim, o atual governo seria mais uma página virada na lamentável história republicana desta banânia e nós não teríamos de escolher entre reeleger as 10 pragas do Egito ou os 4 cavaleiros do apocalipse. Mas o mais surreal é a defesa enfática que dois segmentos ideologicamente opostos da população fazem, como prosélitos de seitas infernais, de Bolsonaro e de Lula. Ouçam este trecho do Jovem Pan Morning Show da última segunda-feira e prestem especial atenção à defesa insana feita pelo comentarista com voz de gralha.

 

Por último, mas não menos importante, é preciso ter em mente políticos não devem ser endeusados, mas sim cobrados. Como fraldas (e pelos mesmos motivos) essa caterva deve ser substituída regularmente.