quinta-feira, 21 de abril de 2022

E ASSIM A COISA VAI... DE MAL A PIOR (CONTINUAÇÃO)

Sem perder de vista o ensinamento de Magalhães Pinto, a melhora de Bolsonaro nas pesquisas de intenções de voto não significa muita coisa. Diz Marcus Melo:  

O ciclo da popularidade presidencial é conhecido: lua de mel no início do mandato; seguida de declínio nas taxas de aprovação; e finalmente elevação seis meses antes das novas eleições (…). Popularidade não implica voto, que é uma escolha estratégica. O eleitor votará em quem não aprova para evitar quem rejeita mais.”

 

Digo Mainardi complementa: 

 

No segundo turno, o sociopata tem menos de 40% dos votos contra todos os candidatos, em todas as pesquisas. Esse é seu teto. Vamos ver se, nas próximas semanas, ele será capaz de furá-lo. Duvido muito, mas não entendo nada do assunto, nem quero entender. 

 

Eu assino embaixo.

 

Em abril de 2021, quando a terceira via — aquela que foi sem nunca ter sido — ainda se chamava assim — polo democrático, Mario Sabino publicou um artigo intitulado O perigo é Lula virar o polo democrático. Na ocasião, um manifesto em prol de uma candidatura alternativa às de Jair Bolsonaro e Lula, assinado por Ciro Gomes, Luiz Henrique Mandetta, João Doria, Eduardo LeiteJoão Amoêdo, Luciano Huck e Sergio Moro havia sido divulgado. Um ano depois, que no Brasil é sempre um século, todos os signatários diminuíram de tamanho (alguns até moralmente). 

 

Ciro, o perdedor nato que se apresenta como alternativa ao PT, vai aderir outra vez a Lula no segundo turno. Se ele ainda ataca o chefão petista, é porque a hipocrisia é uma necessidade imposta pelo vício ao fracasso bem precificado. Mas agora o cearense de Pindamonhangaba virou sua boca rota contra Sergio Moro, a quem qualifica de inimigo da República. 

 

Como Moro não está mais na disputa, o esterno candidato pedetista se divide entre uma piscadela ao seu eleitorado — le gauchisme oblige — e uma requebrada para Lula e o sistema ao qual pertencem.

Mandetta se tornou uma vaga lembrança de uma pandemia que ainda está aí, mas é como se não se estivesse mais — graças à vacina (que devemos a João Doria) e à admirável capacidade humana de entrar em estado de negação da realidade, imunizante de rebanho potentíssimo. 

 

Depois de cogitar lançar-se candidato à Presidência, o primeiro ex-ministro da Saúde de Bolsonaro se afastou delicadamente do primeiro ex-ministro da Justiça de Bolsonaro. Cogita disputar uma cadeira no Senado pelo Grêmio Recreativo Escola de Samba União Brasil, do qual Moro foi rebaixado da comissão de frente para puxador de carro alegórico da agremiação que, tudo indica, terá o reto e vertical Luciano Bivar como candidato a presidente.


ObservaçãoBivar negou ter rifado Moro. Em mensagem enviada a um grupo de lavajatistas, ele disse: “Ao tomar sua decisão, Moro estava ciente de que em nenhum momento a legenda para a disputa presidencial lhe fora prometida. O que foi conversado e prometido foi a abertura para sua contribuição na construção de uma alternativa à polarização e, claro, a opção de candidatar-se em São Paulo para o cargo que quiser, onde certamente terá sucesso”. E concluiu, segundo a Folha de S. Paulo: “Vocês gostariam de ver o Moro fora da política definitivamente? Era o que o Podemos estava fazendo de forma sorrateira, tirando dele toda a capacidade de prosseguir com sua candidatura, sem nenhuma estrutura. Tudo o que lhe fora prometido foi, logo depois das pesquisas decrescentes, negado e boicotado, e ele ficou à própria sorte”. De acordo com Bivar, portanto, a candidatura presidencial de Moro morreu por causa de suas “pesquisas decrescentes”, e não por causa do poder crescente dos quadrilheiros.

 

Doria é um capítulo à parte. Mas muito curto. Ele se mantém firme em direção a uma derrota humilhante. Leite, que poderia ser candidato viável se tivesse sido bem trabalhado, permanece na disputa interna tucana, mesmo tendo sido cortejado pelo PSD de Gilberto Kassab e pelo GRESUB. Se não abrir o olho, vai virar mais um eterno candidato presidencial — assim como Ciro Gomes, só que à direita. Amoêdo abdicou do nadauma candidatura pelo Novo — em nome do lugar nenhum, o que resume de forma lapidar (sem trocadilho) seu envelhecimento político precoce. É outro caso de alguém com ideias certas no lugar errado — no caso, a política. 

 

Quanto a Luciano Huck, recém-convertido a apoiador do ex-governador do Rio Grande do Sul, só quer aparecer nessa outra “dança dos famosos”. Já o apresentador José Luiz Datena não sabe o que quer. Diz que “o melhor candidato é aquele que não quer ser e não precisa se eleger”. Só não explica por que não desiste de ameaçar disputar ora a Presidência, ora uma cadeira no Senado. Talvez se dê melhor como vereador. Afinal, 2024 está logo aí.

 

Voltando ao vaticínio de Sabino, passado um século, o jornalista reconhece que, mesmo mais pobre, sua profecia se confirmou. Como ele escreveu lá atrás: Se o Polo Democrático modelo 2021/2022 não lançar um candidato viável a tempo de ser trabalhado eleitoralmente, o perigo é Lula virar o candidato de centro contra Bolsonaro, transmutando-se em Polo Democrático”. O andar da carruagem não deixa dúvidas de que isso está acontecendo. 

 

Ironicamente, se tudo der certo para Lula, assistiremos à maioria dos signatários do manifesto — exceto Moro e talvez Amoedo — apoiando o molusco no segundo turno ou bancando o isentão, porque, sabe como é, no Brasil ainda se acredita que um extremo é mais centro do que outro. A terceira margem do rio se revelaria, então, finalmente uma miragem. “Eu não votaria nem por um nem pelo outro. No Bolsonaro, eu não voto”, disse FHC nos tempos do Polo Democrático de 2018.

 

Parafraseando Diogo Mainardi, “entre Lula e Bolsonaro, melhor se atirar do Campanário de San Marco”. Mas vale lembrar que Mainardi mora em Veneza. Para os brasileiros, as alternativas são votar em branco, anular o voto, abster-se de votar ou se enforcar num pé de cebola.

quarta-feira, 20 de abril de 2022

E ASSIM A COISA VAI... DE MAL A PIOR.



Lula e Bolsonaro apostam na memória curta dos brasileiros e buscam reescrever, cada qual a seu modo, a desditosa história tupiniquim. Os paus-mandados do Planalto tentam minimizar a apologia desbragada do “mito” à cloroquina e sua aversão às vacinas. Os sectários da sanguessuga vermelha tentam vender como absolvição a decisão hipócrita e teratológica que promoveu seu líder de ex-presidiário a ex-corrupto.

Deixando de lado por um instante esses epítomes da desfaçatez, o conselho de ética da Assembleia Legislativa de São Paulo, em decisão unânime, se posicionou favoravelmente à cassação do mandato do deputado Arthur do Val, doravante conhecido por “Mamãe, eu não devia falar o que falei”. A decisão foi tomada pouco mais de um mês após o episódio que a motivou, mas só valerá depois de ser submetida à CCJ e de receber o aval da mesa diretora da Alerj.

O nobre parlamentar que falou merda na Ucrânia trocou uma zona de guerra por outra. Do Val trocou uma zona de guerra por outra. No leste europeu, ele atacou a dignidade humana dizendo que as ucranianas são “fáceis” porque são pobres. De volta a São Paulo, comparou-se ao colega Fernando Cury — aquele que foi flagrado apalpando os seios da deputada Isa Penna em plenário, mas amargou apenas uma suspensão — e, de passagem, retirou sua pré-candidatura ao governo do Estado de São Paulo.

É impossível não comparar o caso do deputado paulista com a dublê de pastora e ex-deputada federal carioca Flordelis. Indiciada por ser mentora intelectual e mandante do assassinato do marido (ocorrido em junho de 2019), ela se escudou por mais de dois anos na imunidade garantida pelo mandato, com fé na expectativa de que a providência divina a livraria da cadeia. Não funcionou. Flordelis foi cassada em agosto de 2021 e deve ser julgada no próximo dia 9. No último dia 12, o também pastor Carlos Ubiraci, filho da parlamentar, negou qualquer relação com o crime, mas acusou a mãe de participação direta no assassinato.

Vale lembrar que vivemos num país onde um criminoso condenado (em três instâncias) a mais de 25 anos de prisão deixa sua cela após míseros 580 dias, é convertido em ex-corrupto e periga ser eleito (pela terceira vez) presidente da República. Dizer o quê? Viva o povo brasileiro, que tem o governo que merece e merece os governantes que tem.

Ainda sobre essa vergonha nacional, após a vergonhosa oficialização da indicação do picolé de chuchu para vice na chapa petista o ex-presidiário iniciou por Brasília uma sequência de viagens para discutir alianças e palanques e responder críticas de que “só fala para convertidos”. Falando em convertidos, Geddel Vieira Lima — aquele do bunker soteropolitano onde a PF encontrou R$ 51 milhões em caixas de papelão — se aliou ao PT na Bahia. Alguma surpresa?

Anfitrião do jantar que reuniu o petralha e caciques do MDB, o ex-senador cearense Estrupício Oliveira disse que o seu partido não repetirá em 2022 o "suicídio" de 2018 — referindo-se à candidatura de Henrique Meirelles, que ficou em sétimo lugar, com 1,2% dos votos, na última disputa presidencial —, e articula o desmonte da pré-candidatura da senadora Simone Tebet ao Planalto.

No encontro — que se transformou numa espécie de reunião de aconselhamento a Lula — parlamentares pediram ao petista para evitar declarações “fora do tom” e focar na democracia e em “feitos do passado”. Nas últimas, o sevandija de Garanhuns disse que a Ucrânia poderia ter evitado a invasão russa com uma “cervejinha”, defendeu o aborto, incentivou o assédio da militância contra parlamentares e ameaçou banir os militares do governo. Segundo O Antagonista, caciques que participaram da conversa avaliam que Lula está “à vontade demais” e que “parece ter perdido a cautela que lhe era característica”.

Magalhães Pinto costumava dizer que a política é como as nuvens no céu: a gente olha e elas estão de um jeito; olha de novo e elas já mudaram. Neste momento, o maior adversário de Simone Tebet é seu próprio partido. Fugindo do "suicídio", os coronéis da legenda esperam que a senadora não sobreviva ao congestionamento das candidaturas de terceira via. Se ela sobreviver, tentarão eliminá-la na convenção do MDB, que ocorrerá em julho. Se falharem, cuidarão da própria vida.

Antes do jantar retrocitado, Lula visitou José Sarney e ouviu do macróbio a previsão de que o MDB não aprovará a candidatura de Simone na convenção. Como há diretórios bolsonaristas na legenda, Sarney sinalizou que o partido deve optar por liberar os estados, deixando evidente que a prioridade dos coronéis é eleger grandes bancadas na Câmara e no Senado, equipando-se para disputar poder com o Centrão.

Triste Brasil.

LENOVO LANÇA O SMARTPHONE GAMER LEGION Y90

MAIS VALE UM GOSTO QUE DINHEIRO NO BOLSO.

A Lenovo lançou no mês passado seu novo smartphone gamer Legion Y90, equipado com processador Snapdragon 8 Gen 1 da Qualcomm, até 18 GB de RAM e 650 GB de espaço interno — 512GB UFS 3.1 (o padrão de armazenamento mais rápido, atualmente, para smartphones) e 128 GB num SSD em RAID 0, que o sistema “enxerga” como um latifúndio só.

A tela AMOLED de 6,92” tem taxa de atualização de 144 Hz e taxa de amostragem de toques de 720 Hz — o que é excelente para games —, além de suporte a HDR10+ e Dolby Vision. A câmera para selfie, de 16 MP, fica na borda superior, e as traseiras (uma de 64 MP e outra de 13 MP, ultrawide), no módulo central que integra o “Y” da marca Legion, luzes RGB e a entrada/saída de ar do sistema de resfriamento Frostbite M, que funciona de forma ativa e passiva e consegue ser até 300% mais eficiente que seu antecessor. A bateria, de 5800 mAh, conta com carregamento de 68W (ultrarrápido).  

Há versões com 12GB e 16GB de RAM e armazenamento de 256GB. O modelo top, além dos 18 GB de memória LPDDR5, conta ainda memória virtual de até 4GB. Essa belezinha contam ainda com caixas de som estéreo com Dolby Atmos e um motor duplo de vibração do eixo X, que aumenta a sensação de imersão nos jogos, além de quatro botões físicos nas laterais da parte superior, algo essencial em um smartphone gamer.

Na China, a pré-venda começou em fevereiro, com previsão de entrega do aparelho a partir do dia 10 de março. Promocionalmente, o modelo de 16 GB e 128 GB custa 3.999 yuans, ou R$ 3.270 na conversão direta. Com a mesma quantidade de RAM e 256 GB de armazenamento, o preço sobe para 4.299 yuans (R$ 3.516). A versão topo de linha sai por 4.999 yuans (R$ 4.088).

Com esse modelo, a Lenovo também lançou um controle com botões físicos, que pode ser usado para melhorar ainda mais a experiência nos games. Além do Legion Y90, a empresa chinesa apresentou o Legion Y700 — seu primeiro tablet gamer  e dois novos notebooks gamer: o Legion Y9000 e o Y7000.

Para quem é fã de games (e tem cacife para bancar o preço acrescido dos escorchantes impostos cobrados no Brasil), a novidade é um prato cheio.

Fonte: Sparrows News

terça-feira, 19 de abril de 2022

EM ANO ELEITORA VELE TUDO, ATÉ DECRETAR O FIM DE UMA PANDEMIA QUE NÃO ACABOU


Segundo dados oficiais, a Covid infectou meio bilhão de pessoas e matou e causou 6 milhões de mortes em todo o mundo. No Brasil, também oficialmente, foram cerca de 30 milhões de casos e mais de 660 mil mortes. Na prática, esses números são bem mais expressivos, ainda que, segundo diversos especialistas, teriam sido muito menores se o governo federal (leia-se Bolsonaro) agisse de forma diferente. Mas ele não agiu e continua não agindo. Mesmo porque estamos em ano eleitoral e o presidente não desceu do palanque um dia sequer de sua funesta gestão, embora tenha prometido, entre outras falácias de campanha, acabar com o instituto da reeleição.

No último domingo, rendendo-se mais uma vez aos desígnios eleitoreiros de Bolsonaro, o preposto presidencial que comanda a Saúde anunciou o fim da emergência sanitária. Menos de uma semana antes, a OMS decidiu que a Covid continua a ser uma “Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional”, o que na prática mantém o status da doença como pandêmica. O órgão ressaltou ainda que o vírus continua a ter uma evolução “imprevisível, agravada pela sua ampla circulação e intensa transmissão”. Mas, como se sabe, para ser ministro de Bolsonaro é preciso dar o rabo e pedir desculpas por estar de costas.

O fim da emergência no Brasil impactará ao menos 170 regras sanitárias, entre as quais a autorização de uso emergencial de remédios e vacinas — como a CoronaVac, que, diferentemente dos imunizantes produzidos pelos laboratórios Pfizer, Janssen e AstraZeneca, o produto que Bolsonaro qualificava pejorativamente de “vachina do Doria” conta apenas com autorização emergencial.

Segundo Marcelo Queiroga, mais de 73% da população brasileira já completou o esquema vacinal e 71 milhões de doses de reforço foram aplicadas. Porém, para continuar se equilibrando com um pé em cada canoa, o taifeiro do capetão ressaltou que “continuaremos a conviver com o vírus” e que seu ministério “permanece vigilante e preparado para adotar todas as ações necessárias para garantir a saúde dos brasileiros”.

Dados compilados por VEJA apontam que, com mais de 40% dos brasileiros imunizados com a dose de reforço, a média móvel de mortes desta Páscoa foi 96,3% menor do que a registrada no mesmo feriado em 2021, e a média de casos foi 77,7% menor do que no mesmo período do ano passado. Mas especialistas ouvidos pelo GLOBO ressaltam que a pandemia ainda não está controlada em diversas regiões do mundo, que o fim do decreto pode dificultar a adoção de novas medidas caso o cenário epidemiológico piore no país, que a decisão foi prematura — pois deveria ser tomada somente quando a OMS decretasse o fim da emergência em âmbito mundial —, pois o cenário fora de controle em outros lugares do planeta pode levar a uma piora no Brasil.

O patamar que estabelece o que é uma endemia nesse caso ainda não foi bem estabelecido. O cenário epidemiológico atual permite eventualmente a suspensão do decreto emergencial, mas não se sabe o que pode acontecer no futuro, principalmente em relação ao surgimento de novas variantes que escapem ao efeito das vacinas — o risco é cada vez menor, mas isso não significa que ele não exista.

Não cabe a Queiroga — nem muito menos a Bolsonaro — decretar o “fim da pandemia”. O status oficial foi definido pela OMS (com certo atraso) em 11 de março de 2020, quando a Covid se espalhou por todo o planeta. No Brasil, o governo decretou emergência sanitária uma semana antes, visando à liberação de recursos no combate à doença. Mas não houve alteração pela OMS desde então, razão pela qual o rebaixamento para endemia defendido por Bolsonaro não é uma medida sensata.

Para decretar o fim da pandemia, uma das estratégias da OMS é vacinar 70% da população de todos os países do mundo até meados deste ano. Embora países da América do Norte, do Sul e da Europa, em sua maioria, tenham alcançado a meta, grande parte das nações africanas ainda estão longe do percentual. Como um todo, o continente imunizou apenas 16% de sua população com as duas doses.

GOOGLE CHROME — DICAS

A PALAVRA É MEU DOMÍNIO SOBRE O MUNDO.

Depois de encabeçar por mais e uma década o ranking dos navegadores mais populares, o vetusto Internet Explorer foi destronado pelo Google Chrome e entrou em decadência senil. 

O MS-Edge não agradou, E Edge Chromium, a despeito dos esforços da Microsoft, ainda não se popularizou a ponto de ameaçar a supremacia do Chrome, que tem presença garantida em quase 70% dos smartphones do planeta.

Como o próprio Windows, o navegador do Google oferece vários recursos pouco explorados, ainda que muitos deles funcionem também nas versões para Android e iOS. Conhecê-los pode melhorar a experiência do internauta com o browser, lembrando sempre que o que é útil para uns pode não ser útil para outros.

As abas (ou guias) permitem navegar por ao mesmo tempo por sites diferentes sem abrir múltiplas instâncias do navegador. Por outro lado, elas não reduzem significativamente o consumo de memória RAM (um dos grandes “problemas” do Chrome e seus concorrentes).

O Chrome foi projetado para armazenar cada plugin, extensão e aba em processos separados no sistema operacional, de modo a evitar que o usuário precise reiniciar o browser em caso de problemas. Assim, se há sete abas abertas e uma delas trava, as outras seis continuam (em tese) operando normalmente. 

O problema é que múltiplos processos rodando ao mesmo tempo consomem muita memória. Isso não é problema quando se tem um PC com 6GB ou 8GB de RAM, mas quem roda o Win10 ou Win11 com 4GB ou menos sente um impacto brutal no desempenho global do computador.

Pode-se organizar melhor as abas abertas agrupando-as em categorias, como “música”, “trabalho”, etc. Basta clicar com o botão direito sobre uma aba, selecionar "Adicionar guia ao novo grupo" e definir nome e cor do conjunto. Assim, cada vez que uma nova aba for aberta, o usuário terá apenas de clicar com o botão sobre ela e escolher um dos grupos criados.

Observação: Quando digitamos uma palavra-chave na barra de endereço, o Chrome exibe a opção "Alternar para esta guia" abaixo dos URLs que contêm o termo, evitando que a mesma página seja aberta várias vezes.

Quem se irrita com janelinhas pop-ups pedindo permissão para enviar notificações pode se livrar delas facilmente. Basta clicar no ícone exibido à esquerda do URL, na barra de endereços do Chrome, selecionar “Configurações do site > Pop-ups e redirecionamentos” e clicar em “Bloquear”.

Se quiser usar o Chrome como bloco de notas, digite "data:text/html, <html contenteditable>" (sem aspas) na barra de endereços, pressione Enter e escreva o que quiser na página em branco que é exibida. Para salvar o conteúdo, clique no menu de três pontinhos, vá em "Imprimir" e, em "Destino", selecione "Salvar como PDF". 

Aliás, a omnibox — que permite fazer buscas no Google sem abrir a página do mecanismo de pesquisas — funciona também como calculadora. Digite a conta diretamente na barra, pressione a tecla "=" e dê Enter.

Se fechar uma aba sem querer e não se lembrar do endereço da página que ela exibia, pressione Ctrl+Shift+T e o Chrome reabrirá a última guia fechada. Alternativamente, clique com o botão direito no sinal de “+” (aquele que abre uma nova guia) e escolha a opção “Reabrir guia fechada”.

Como dito, browsers são vorazes consumidores de memória RAM, e o Chrome não é exceção. Mas é possível controlar esse consumo clicando no menu de três pontinhos, posicionando o cursor sobre "Mais ferramentas" e selecionando "Gerenciador de tarefas". Na janela seguinte, organize a lista por memória, CPU ou rede, de modo a destacar os itens com maior taxa de consumo. Para adicionar outras categorias, dê um clique direito na barra do topo do Gerenciador e marque os itens desejados. 

Quem não usa alguma extensão que drena memória — ou está com uma guia muito pesada — pode encerrá-la (selecionando a dita-cuja e clicando em “Encerrar processo”). O processamento da aba será finalizado, mas a guia não será fechada, de maneira a prevenir a perda de possíveis links e permitir recarregar o processo (ícone de seta circular) a qualquer tempo. Para fechar a aba, basta clicar no ícone do “x”.

Observação: Quando uma extensão é encerrada, uma notificação de que a função foi finalizada de forma forçada é exibida, mas é possível reativar a extensão a qualquer momento, pois seu encerramento não a remove do navegador.

Por último, mas não menos importante: o Gerenciador pode ser usado também para apagar o cache e o histórico de navegação. Isso não só evita que algum bisbilhoteiro siga os rastros do internauta como deixa o Chrome mais rápido.

segunda-feira, 18 de abril de 2022

MOTOQUEIRO FANTASMA ATACA DE NOVO

  

Miserável é o país que que precisa de heróis. Miserável país aquele que não tem heróis.” (Bertolt Brecht). 

 

O Brasil não precisa de heróis, precisa de estadistas. Faltam-nos agentes públicos que governem pensando não nas próximas eleições, mas nas próximas gerações. Somos uma nação apinhada de apalermados que endeusam políticos quando deveriam cobrá-lo e não os reeleger se não fizessem um bom governo. Como dizia Eça de Queiroz, políticos e fraldas devem ser trocados frequentemente, e pela mesma razão.

 

Um poder que se serve em vez de servir é um poder que não serve. Por motivos cuja obviedade dispensa maiores considerações, Lula e Bolsonaro são exemplos prontos e acabados de políticos que não servem. O primeiro bateu asas e voou da prisão para o palanque. O segundo é o candidato à presidente que se tornou presidente candidato. Ambos apostam na ignorância de um povo incapaz de encontrar o próprio rabo usando as duas mãos e uma lanterna. 

 

A patuleia ignara foi convencida pelo proselitista de Garanhuns de que o Mensalão nunca existiu — ou só existiu porque ele foi traído ou não sabia de nada. Veem o molusco como a alma viva mais honesta do Brasil. Dizem que foi preso injustamente (interpretando erroneamente a vergonhosa decisão que anulou suas condenações e as provas produzidas pela Lava-Jato) e que tudo não passou de um conluio articulado por Moro e Bolsonaro para impedi-lo de voltar para acabar com a fome e rebaixar tsunamis econômicos planetários a marolinhas — e, en passant, encher as próprias burras e multiplicar a fortuna de políticos corruptos e empresários espertalhões.

 

Já o sultão do Bolsonaristão surfou no antipetismo e usou o atentado em Juiz de Fora para fugir dos debates — para não ser trucidado pela oratória populista e demagógica, mas competente, de Ciro Gomes. A exemplo do autoproclamado “Parteiro do Brasil Maravilha”, o estadista de mentirinha aposta na memória curta do eleitorado em geral e no fanatismo dos bolsomínions desmiolados (desculpem a redundância) em especial. Eleito com a promessa de acabar com a reeleição, combater a corrupção e sepultar a “velha política do é dando que se recebe”, passou de candidato à presidente a presidente candidato que inaugura obras inacabadas e pedras fundamentais, promove motociatas, produz fake news em escala industrial e lança mão de emendas de relator e de patifarias como o Bolsolão do MEC para comprar apoio popular e parlamentar.

 

Batizada de Acelera com Cristo 2, a penúltima motociata eleitoreira do motoqueiro fantasma que assombra o Planalto aconteceu na Sexta-Feira Santa e teve entre seus organizadores o empresário Jackson Villar, que recebeu R$ 5.700 de auxílio emergencial do governo federal entre abril de 2020 e outubro de 2021. Um dos patrocinadores foi o empresário Marcelo Bella, dono da marca de suplementos Black Skull, que assinou contrato com o Exército para fornecer suplementos alimentares. 

 

O sistema de monitoramento de pedágios da rodovia dos Bandeirantes registrou a passagem de 3.703 motos e veículos engajados na manifestação pelas praças de pedágio de Campo Limpo, Itupeva e Sumaré. Na edição anterior, foram 6.661. Apoiadores do Messias falaram à época em 1,3 milhão de motos e afirmaram que o evento havia entrado para o Guinness (e foram prontamente desmentidos). Com base em recursos de mapa e de georreferenciamento, o governo paulista estimou a presença de 12 mil motos. 

 

Observação: O número citado pelos baba-ovos do “mito” é maior que toda a frota de motocicletas, motonetas e ciclomotores da cidade de São Paulo (são 1.260.276 veículos, segundo o Denatran). Para conseguir reunir 1,3 milhão de motos, os organizadores teriam que convocar 62% de toda a frota dos 39 municípios da região metropolitana de São Paulo — ou 22% da frota de todo o Estado, que corresponde a 6.015.445 de motos e assemelhados

 

Apesar da adesão 44% menor, bolsonaristas apatetados promoveram nas redes sociais o assunto #MaiorMotociataDoMundo. O deputado Eduardo Bananinha, filho 02 do pai de todos, tuitou: "O que vão inventar agora para diminuir a maior motociata de um político da história mundial provavelmente?" 

 

As motociatas bolsonarianas já custaram aos cofres públicos mais de R$ 5 milhões, segundo levantamento realizado pela Folha. A soma leva em conta as despesas com o cartão de pagamento do governo federal e os gastos assumidos pelos estados para garantir a segurança da população e da comitiva do candidato.

 

Triste Brasil. 

WHATSAPP GB — ACABOU A FESTA

COMANDAR MUITOS É O MESMO QUE COMANDAR POUCOS; TUDO É UMA QUESTÃO DE ORGANIZAÇÃO.

O WhatsApp GB é uma APK similar ao WhatsApp oficial, mas oferece uma penca de recursos e funções não contempladas pelo app da Meta, entre as quais a possibilidade de cadastrar mais de um número para utilizar simultaneamente no aplicativo, aplicar temas personalizados, programar respostas automáticas, filtrar mensagens e o autoexplicativo recurso “não perturbe”. 


Observação: A sigla APK (de Android Application Pack) designa um pacote de aplicações que pode ser descompactado e instalado no Android. A rigor, todos os aplicativos que baixamos da Google Play são APKs, mas o termo é mais comumente usado em relação a apps que não estão em lojas oficiais de aplicativos. Alguns mods agregam novas funcionalidades a APKs já modificados. O NS WhatsApp, por exemplo, adiciona recursos extras aos já explorados pelo WhatsApp GB, como a possibilidade de incrementar a customização e personalização com efeitos 3D. Já o JT WhatsApp — que recebeu esse nome por ser desenvolvida pela Jimtechs — oferece uma plataforma que, segundo o desenvolvedor, evita o banimento pelo WhatsApp.


Usar versões não-oficiais do WhatsApp implica riscos, pois é preciso desativar a configuração de segurança para instalar "apps desconhecidos". E por não ficam hospedados no Google Play Store, os APKs não têm sua segurança checada pelo GoogleNo caso específico das versões paralelas do WhatsApp, o usuário deixa de contar com criptografia de ponta a ponta e corre o risco de ser espionado pelo programa pirata, pois terá de lhe conceder acesso à câmera e ao microfone.


Há tempos que o Facebook (hoje Meta) ameaça impor sanções a quem utiliza versões alternativas de seu app mensageiro.  No final do mês passado, diversos usuários do WhatsApp GB relataram pelas redes sociais que foram banidos e tiveram seus números bloqueados pela plataforma. Em sendo o seu caso, faça um backup das conversas, desinstale o app pirata e baixe o WhatsApp Messenger ou o WhatsApp Business, que estão disponíveis na Play Store e App Store, podendo ser acessados na versão web. 


A Meta diz que não se responsabiliza pela perda de dados durante a migração, já que não é a proprietária das versões alternativas.

domingo, 17 de abril de 2022

UMA PRECE PELA TERCEIRA VIA


 

Segundo a última pesquisa Quaest, a desistência de Sérgio Moro implodiu a terceira via. Somados, os pré-candidatos "alternativos" tinham 12% dos votos; agora, têm 5%. Ciro Gomes tinha 7%; agora tem 6%. Em contrapartida, Bolsonaro pulou de 26% para 31%, e Lula passou de 44% para 45%. Palmas para o eleitorado tupiniquim. Com a implosão da terceira via, os defensores do capetão podem concentrar seus ataques nos sectários do ex-presidiário, e o Brasil deve sair das urnas ainda pior do que já está.


Ao longo dos últimos meses, os bolsonaristas promoveram ataques contra Moro e a Lava-Jato, talvez por terem percebido que o ex-juiz era o único candidato capaz de interceptar o eleitorado do “mito”. A arapuca montada por Luciano Bivar e ACM Neto para tirá-lo do páreo filiando-o à União Brasil acabou por liquidar o Centro Democrático que supostamente se propunha a criar. Com esses números, diz Diogo Mainardi, o tal Centro Democrático já pode se candidatar como o novo Centrão bolsonarista


Observação: O UB rejeita a candidatura de Moro porque seus membros querem aderir ao lulismo ou ao bolsonarismo. O líder do partido, Elmar Nascimento, disse a Merval Pereira: “Moro não serve para a gente; não tem estado nenhum que o queira, dos 51 deputados, só três o apoiam. Sendo assim, é melhor a gente ter uma candidatura raiz. Se o Moro fosse um fenômeno eleitoral, fosse o favorito, está bem, vamos lá. Mas não é isso. A turma está querendo a sobrevivência política”. A terceira via não foi minada por Lula nem por Bolsonaro, mas por seus próprios integrantes.


Até o momento, a senadora Simone Tebet é a favorita para liderar o Centro Democrático. Depois de sacrificar Moro, que tinha 9% dos votos na penúltima pesquisa do Ipespe, o bloco centrista cogita apresentar o nome da senadora, que teve 2% na pesquisa divulgada na última quarta-feira (sem Moro). UB, MDB, PSDB e Cidadania prometem anunciar o nome do “candidato único” em 18 de maio, mas, a menos que o imprevisto tenha voto decisivo na assembleia dos acontecimentos, Bolsolula já ganhou.


O maior adversário de Simone é o próprio MDB. Fugindo do "suicídio", os coronéis da legenda preparam a execução da candidatura da correligionária. Esperam que a parlamentar não sobreviva ao congestionamento das candidaturas de terceira via. Se ela sobreviver, tentarão eliminá-la na convenção do partido, se falharem, cuidarão da própria vida. Vão ignorar Tebet, acertando-se com Lula nos seus estados (a velha guarda nordestina do MDB calcula que pelo menos 14 dos 27 diretórios do partido desejam fechar com o petralha, entre eles pelo menos sete dos nove do Nordeste). 


Antes do jantar na casa de Eunício Oliveira, Lula visitou Sarney e ouviu do macróbio a previsão de que o MDB não aprovará a candidatura de Simone na convenção. Como há diretórios bolsonaristas na legenda, o abantesma maranhense estima que o partido deve optar por liberar os estados. A prioridade dos coronéis é eleger grandes bancadas na Câmara e no Senado, equipando-se para disputar poder com o Centrão.


Moro avalia a possibilidade de disputar uma vaga na Câmara como uma derrota para quem mirava o Palácio do Planalto, mas a filiação ao Podemos não deu os frutos esperados e a mudança de partido foi a pá de cal. Na política, ensina Claudio Dantas, não se pode ter ilusões; afinal, como ser candidato antissistema quando se precisa do sistema para ser candidato?

sábado, 16 de abril de 2022

LULA “PAZ E AMOR” DE MAU HUMOR

 


Discursando para uma malta de convertidos, Lula defendeu mudanças na legislação para que gestantes possam fazer aborto “sem ter vergonha”. Não cabe aqui discutir o mérito, mas apenas ponderar que a questão deveria ser largamente debatida no Congresso e que o discurso causou estranheza porque o petista vinha adotando um tom mais moderado, quiçá para amealhar votos de eleitores cristãos desavisados.


Dias depois, em entrevista a uma rádio cearense, o petralha afirmou ser contra o aborto, mas ponderou que é preciso transformar essa questão numa questão de saúde pública”.Para além de defender o aborto, Lula sugeriu que militantes e sindicalistas mapeassem as residências dos deputados federais em cada região e realizassem manifestações em frente à casa dos parlamentares para fazer pressão sobre o Congresso e “tirar a tranquilidade” dos congressistas


Como nos ensinou a inolvidável Dilma, cria e sucessora do picareta dos picaretas, “depois que a pasta de dentes sai do dentifrício ela dificilmente volta pra dentro do dentifrício”. Ao incitar a patuleia contra adversários políticos, o ex-presidiário rasga a narrativa falaciosa com a qual tenta convencer o eleitorado de que ele é um democrata e defende as instituições. 


Proferida por Bolsonaro — que, na definição lapidar do senador Omar Aziz, “por onde passa vai lançando fezes” —, o pronunciamento de Lula teria sido qualificado como o que de fato é: assédio moral e incentivo à invasão da privacidade garantida pela Constituição. Mas o PT trabalhou os meios de comunicação e logrou êxito em enfatizar a declaração sobre o aborto. 


Boa de jogo, a caterva lulopetista fez do limão a limonada; ruim de bola, os mitomaníacos meteram os cascos traseiros pelos dianteiros os incentivar uma reação “na base da bala”.  Mas nada muda o fato de que incentivar o cerco às famílias dos deputados reaviva a imagem do Lula raivoso que perdeu três eleições presidenciais, e joga mais lenha na fogueira do antipetismo — o que seria ótimo se a “terceira via” já estivesse consolidada; no atual cenário, porém, tudo que prejudica eleitoralmente o molusco eneadáctilo favorece o devoto da cloroquina.

 

Outra declaração no mínimo desastrosa foi atribuir a Deus a colocação de Gleisi Hoffmann na direção da legenda — aliás, na mesma entrevista o abantesma vermelho defendeu um projeto envolvendo a regulamentação da imprensa e das redes sociais que restringe ainda mais a liberdade de expressão se comparado ao que apresentou no final de seu segundo mandato. Mas repugnante mesmo foi a postura do ex-tucano e agora vassalo petista Geraldo Alckmin. 


Em plena Quinta-Feira da Paixão, durante um comício para sindicalistas, o picolé de chuchu, já com a voz roufenha, berrou a plenos pulmões que Lula é a maior liderança popular do país. “A luta sindical deu ao Brasil o maior líder popular deste país. Lula, Lula, viva Lula, viva os trabalhadores do Brasil”. E dizer que eu votei nesse sujeito!


O PT se acostumou a ser o campeão de votos no Nordeste em todas as eleições desde 2002 — até com o poste Fernando Haddad, em 2018. Segundo reportagem da revista eletrônica Crusoé, mesmo com Lula de volta ao páreo o partido tem encontrado dificuldades tanto nas negociações dos palanques estaduais quanto para encontrar candidatos capazes de atuar como puxadores de votos. Há ainda casos em que os acordos fechados pelo PT com donos de extensas fichas corridas e figuras controversas da política nacional podem custar a Lula votos preciosos em alguns estados. 


Seria uma ótima notícia se tudo que prejudica Lula eleitoralmente não favorecesse o projeto de poder de Bolsonaro


Triste Brasil!

sexta-feira, 15 de abril de 2022

GRILHÕES DE BARBANTE


Num escândalo em que a voz de um ministro soa numa gravação atribuindo o pastoreio nos cofres da Educação a um “pedido especial” do presidente da República, o segredo vale como confissão de culpa. Seria de esperar do presidente que “acabou com a Lava-Jato porque não tem mais corrupção no governo” maior interesse em pôr as coisas em pratos limpos. Mas não Bolsonaro, que é um defensor da transparência, mas só para os outros.

Depois que parlamentares de oposição reuniram assinaturas para a criação de CPI com vistas a apurar as suspeitas, o governo “convenceu” senadores a retirarem seu apoio e apresentou um pedido de CPI com foco nas gestões do PT no ministério. Nada contra investigar desmandos do partido que gestou e pariu o Mensalão e o Petrolão, mas só um idiota não desconfia das verdadeiras intenções do capetão e seus paus-mandados.

 

Observação: Como quem não tem cão caça com gato, a Comissão de Educação do Senado, que tem poderes mais limitados do que uma CPI, virou frente de investigação. O colegiado já aprovou 21 convites, colheu depoimentos de cinco prefeitos e do presidente do FNDE. A conferir se o PGR não matará no peito mais essa investigação.

 

Valendo-se da Lei de Acesso à Informação, O Globo solicitou a relação das entradas e saídas dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura — que se encontraram diversas vezes com o presidente no Palácio do Planalto e no Ministério da Educação —, mas o pedido foi negado. Segundo o GSI, “a divulgação poderia colocar em risco a vida do presidente da República e de seus familiares”. 


Atualização: Pressionado, o GSI liberou as informações. Os registros apontam mais de 30 acessos. Arilton Moura visitou gabinetes de Mourão, ministros e do responsável pela agenda de Bolsonaro. Gilmar esteve pelo menos 10 vezes na sede do governo. Os pastores voltaram ao Planalto mesmo após pedido de apuração. Haja apascentação!


Todo orçamento de R$ 55 bilhões que Bolsonaro entregou ao Centrão no FNDE não daria para vestir a desculpa esfarrapada que o general Augusto Heleno inventou. Na versão do taifeiro do capitão, a revelação de encontros mantidos com um par de interlocutores evangélicos na sede do governo constitui um risco à integridade física de Bolsonaro e de todo o clã presidencial. A alegação é intrigante, preocupante e desmoralizante, anotou Josias de Souza em sua coluna. 


Intriga porque revela a presença no Planalto de um general que confunde jornalismo com terrorismo.

Preocupa porque passa a impressão de que a segurança da principal autoridade do país está entregue a um gabinete de aloprados. Desmoraliza porque sinaliza que o discurso segundo o qual Bolsonaro comanda um governo sem corrupção não resiste a uma análise da agenda de compromissos do presidente.

 

O comportamento do Planalto não orna com a moralidade. Não combina nem mesmo com o versículo multiuso que Bolsonaro extraiu do Evangelho de João: "Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará". O presidente está preso à verdade por grilhões de barbante.

quinta-feira, 14 de abril de 2022

E DÁ-LHE RIVOTRIL!

Bolsonaro, calado, é um poeta. O problema é que ele não se cala e, quando fala, espalha fezes, como bem observou o senador Omar Aziz. Como até os ponteiros de um relógio parado marcam a hora certa duas vezes por dia, ele acertou em cheio quando disse que “não há nada tão ruim que não possa piorar”. 

A afirmação, feita em setembro do ano passado, referia-se à disparada do dólar e da cotação do petróleo. O Messias não deixou claro se aludia ao contexto atual da economia ou a governos passados, mas a frase definiu de forma irreprochável sua pavorosa gestão. 


Marx disse que a história se repete: da primeira vez, um fato aconteceria como tragédia; da segunda, como farsa. O filósofo alemão se referia ao golpe de Estado que alçou Napoleão III ao trono da França — uma “farsa” que copiava uma “tragédia”, qual seja o golpe de 18 de Brumário


Na política, a história também se repete, às vezes sem farsa, mas sempre como tragédia. Prova disso são a eleição presidencial de 2018 e a que deve acontecer daqui cinco meses.

 

Entre as muitas promessas que o candidato Bolsonaro fez e que o presidente Bolsonaro descumpriu está o fim da instituição da reeleição. Pior: em 3 anos e 4 meses de desgoverno, o capitão jamais desceu do palanque — talvez seja por isso que não teve tempo de governar, mas essa é outra conversa. A questão é que ele e seus sectários delirantes insistem ad nauseam que não houve um único caso de corrupção no governo. Só não dizem em que país. 

 

Indícios de corrupção brotaram e continuam a brotar como ervas daninhas desde janeiro de 2019, mas não há quem os investigue — noves fora a imprensa, naturalmente, daí o ódio figadal que o presidente nutre pelos jornalistas. E não é só ele: desde sua soltura, em novembro do ano retrasado (o que por si só já foi um descalabro), Lula já falou pelo menos 9 vezes em regular os meios de comunicação. 

 

Costuma-se dizer que Deus é brasileiro. Se isso estiver correto, o imprevisto há de ter voto decisivo na assembleia dos acontecimentos e nem Lula nem Bolsonaro voltarão a conspurcar o instituto da Presidência. Do contrário, esta republiqueta de bananas jamais deixará de ser o país do futuro que com um imenso passado inglório pela frente.


No governo que “não tem um caso sequer de corrupção” há um presidente que, quando candidato, prometeu travar uma cruzada contra os corruptos e pôr fim à nefasta política do toma-lá-dá-cá não para de estampar as manchetes com atos no mínimo insólitos. Cito um exemplo recente: após picanha, Forças Armadas aprovam compra de remédio para disfunção erétil. Será que os militares vão usar o “azulzinho” para foder ainda mais o povo brasileiro? 


Já não basta um presidente da Câmara que escamoteia 143 pedidos de impeachment? Um Procurador-Geral que não acha nada porque não se dá ao trabalho de procurar? Um relatório de CPI que atribuiu mais 9 crimes (entre comuns e de responsabilidade) ao chefe do Executivo, mas permanece engavetado? Um mandatário que flerta com o autogolpe como nenhum outro jamais ousou; que apoia (e estimula) manifestações antidemocráticas; que chama ministros do STF de canalha e de filho da puta; que é alvo de quase uma dezena de investigações (que se arrastam a passo de lesma pelos escaninhos do Judiciário) e tem quatro dos cinco filhos igualmente investigados? (Na semana passada foi a vez Jair Renan — que sequer tem mandato — depor na PF do DF).

 

Mesmo diante de inúmeras evidências de um dos maiores escândalos do atual governo, a AGU solicitou ao TSE o arquivamento de um pedido de investigação contra Bolsonaro pelo favorecimento de pastores na distribuição de verbas do MEC. A justificativa é que “houve somente uma menção indevida ao presidente”, e que não há elementos que justifiquem a abertura de investigação na Justiça Eleitoral. Numa entrevista a um grupo de comunicação do Pará, o capitão disse que a Polícia Federal não precisa se preocupar com seu governo, pois ninguém faz nada de errado. Informou que o toma-lá-dá-cá de recursos públicos e cargos na administração federal acalma os parlamentares. 


O doutor de fancaria distribui cargos e emendas e faz vistas grossas para denúncias de pessoas que atuam em seu nome e demonstram pouca atenção republicana com o dinheiro público. Segundo ele, é a receita que acalma. O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira  que, calmíssimo, divide com Arthur Lira o comando do país e a distribuição de medicação aos parlamentares aparece no noticiário como beneficiário de recursos na forma de uma rede de escolas fantasmas


Além de funcionários fantasmas nos gabinetes parlamentares, há também escolas fantasmas. Sabe-se assim que o loteamento do MEC fornece óbolos não apenas a pastores, mas também a gente igualmente próxima ao ex-capitão e ao timoneiro da sua estratégia de sobrevivência política. Todos calmíssimos, naturalmente.

 

Aumentos sucessivos no preço dos combustíveis levaram Bolsonaro a promover a terceira troca de comando na Petrobras. Na avaliação do "mito", era preciso procurar alguém “mais profissional” para presidir a empresa. Faz sentido. Aliás, há muito que os brasileiros deveriam ter procurado alguém “mais profissional” para presidir o país. O que aí está tranquiliza os seus, e não apenas com a distribuição de cargos e verbas. Faz de conta que não existe um orçamento secreto de bilhões de reais, veta de mentirinha um fundo eleitoral de R$ 5 bilhões (para que o Congresso rejeite o veto) e fecha os olhos para denúncias de malfeitos dos seus próximos.

 

De um lado, um Arthur Lira artífice do grande caixa da campanha eleitoral, de outro, um Ciro Nogueira filtro dos repasses das verbas públicas oficiais e, completando a trinca, um Valdemar da Costa Neto, ex-presidiário condenado por corrupção, organizando as "chapas". São quatro no jogo e, nas laterais, jogando junto, filhos numerados e adesistas com patente militar. O aparelhamento dos órgãos de controle do Estado (PGR, PF, COAF etc.), ora transformados em assessorias do presidente da República, não teria sido suficiente para amansar os parlamentares. 

 

A tentativa de Lira de mudar regras de governança da Petrobras para que lobistas pudessem entrar pela porta da frente e mandar na empresa é uma demonstração de que, na prateleira dos medicamentos da estratégia governamental, a cura para o stress tem uma receita: uma dose de orçamento secreto, mais uma injeção de cargos bem pagos e uma colher de chá da Polícia Federal, com um banho de imersão na sonolência induzida da Procuradoria Geral da República


Se a cloroquina não funciona para tratar Covid, quem sabe o Rivotril do receituário do capitão seja eficaz para narcotizar a opinião pública e levá-la a aceitar bovinamente os desmandos, a corrupção, a incompetência e a balbúrdia que abundam neste desgoverno.

 

O conceito de um governo é o resultado da análise de tudo o que sobra para ser desenterrado muitos anos depois. No futuro, quando a arqueologia fizer suas escavações à procura de sinais que ajudem a entender a decadência do governo Bolsonaro, encontrará em meio aos escombros de 2022 evidências de que o cinismo foi o mais perto da honestidade que o atual presidente conseguiu chegar. 

 

Com Olga Curado e Josias de Souza