terça-feira, 18 de junho de 2024

CONSCIÊNCIA E VIDA APÓS A MORTE (PARTE XI)

PARA CONHECER OS AMIGOS É PRECISO PASSAR PELO SUCESSO E PELA DESGRAÇA; NO SUCESSO VERIFICA-SE A QUANTIDADE E NA DESGRAÇA, A QUALIDADE.

 
O professor Ian Stevenson dedicou sua vida acadêmica ao estudo da reencarnação a partir de episódios envolvendo fatos que somente os familiares das pessoas mortas poderiam saber. Entre outros relatos de lembranças ocorridas na infância, ele destaca em seu livro Twenty Cases Suggestive of Reincarnation o caso de uma menina nascida em 1948 de uma rica família da Índia.

Durante uma viagem de carro, Swarnlata Mishra apontou uma estrada que levava à cidade de Katni e disse ao pai que vivera lá quando se chamava Biya Pathak e que teve dois filhosEmbora morasse com na cidade de Pradesh, a 160 quilômetros dali, ela descreveu detalhadamente o que chamou de "minha casa". Ao tomar conhecimento do caso, o pesquisador de fenômenos paranormais Sri H. N. Banerjee usou as anotações do pai da menina para encontrar a família Pathak, que confirmou tudo que a criança dissera sobre Biya (morta em 1939). Até aquele momento, nenhuma das duas famílias jamais ouvira falar da outra. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Na política, quem tem medo do adversário geralmente é controlado por ele. Na campanha de 2022, uma das armas do bolsonarismo foi a difusão da tese segundo a qual Lula legalizaria o aborto se retornasse ao Planalto. Deu-se algo diferente: a banda bolsonarista do Congresso quer transformar em homicídio modalidades de aborto legalizadas há 84 anos, inclusive em casos de estupro, e o petista revelou finalmente qual será sua posição diante do avanço na Câmara do projeto antiaborto: de cócoras.

Durante a corrida presidencial, o medo de perder votos levou o xamã petista a brindar os evangélicos com uma carta em que diz ter "compromisso com a vida" e ser "pessoalmente contra o aborto". Antes, ele havia dito que "é preciso transformar o aborto numa questão de saúde pública". Quando evolui para a covardia, o medo perde a serventia. 

Se convertidas em homicidas, como sugere o deputado-pastor Sóstenes Cavalcante, autor do projeto, as vítimas de estupro amargariam até 20 anos de cadeia, o dobro da pena imposta aos estupradores. A mulher que vivencia o drama precisa de suporte público, não da ameaça de ser trancafiada num calabouço. 

Podendo qualificar o debate, Lula e seus operadores desqualificam-se em silêncio. Não aprenderam nada, não esqueceram nada. 

 
Meses depois, o viúvo de Biya foi com o irmão e um dos filhos até a casa dos Mishra em Pradesh. Todos foram prontamente reconhecidos por Swarnlata, que tratou o "marido" e o "cunhado" pelo nome e o "irmão" pelo apelido de infância. Semanas depois, ela foi com o pai até a casa dos Pathak em Katni, chamou os parentes e amigos de Biya pelo nome, relembrou episódios domésticos e tratou os filhos da falecida com uma intimidade de mãe. 

Observação: Stevenson diz no livro que presenciou um dos encontros das duas famílias, e que, diferentemente de milhares de relatos de lembranças de outras vidas, as memórias de Swarnlata não desapareceram depois que ela cresceu.
 
O conceito da reencarnação é quase tão antigo quanto as religiões, e fincou raízes no bramanismo, no hinduísmo, no budismo e nas religiões africanas e de povos indígenas, embora seja menos presente no judaísmo, no cristianismo e no islamismo (detalhes nesta postagem). O matemático grego Pitágoras (570 a.C. - 496 a.C.) teria presenciado cerimônias em que espíritos afirmavam ter reencarnado em corpos humanos. Allan Kardec publicou diversos livros sobre experiências mediúnicas e fundou a doutrina espírita, da qual a reencarnação é um dos principais pilares. 

Até meados do século passado, memórias de outras vidas eram classificadas como "distúrbios mentais". Atualmente, quando não são tachadas de mistificação, essas lembranças são atribuídas a coincidências ou "auto-induções bem intencionadas". 

O diretor da área de assistência espiritual da Federação Espírita do Estado de São Paulo, Wlademir Lisso, prefere embasar suas palestras em pesquisas de universidades estrangeiras. Segundo ele, terapias de regressão não provam nada nem tampouco são bem-vistas pelos espíritas. O pesquisador mineiro Hernani Guimarães Andrade, autor de Reencarnações no Brasil, conta em seu livro o caso de uma menina paulistana que, com um ano de idade, começou a dizer palavras em italiano sem que ninguém as tivesse ensinado e a relatar lembranças da Segunda Guerra Mundial (que deixaram de jorrar depois que ela completou 3 anos).
 
Pesquisadores de várias universidades ao redor do mundo vêm buscando explicações para marcas de nascença tidas como evidências de reencarnação. Um levantamento feito com 210 crianças que alegaram ter lembranças de outras vidas apontou que 35% delas apresentavam marcas congênitas na pele, e 90% dos laudos necroscópicos das pessoas que elas supostamente foram em outra encarnação apresentaram correspondência "satisfatória" entre os ferimentos que causaram sua morte e as marcas de nascença das crianças.
 
Para Stevenson, há fortes indícios de que muitas crianças conseguem se lembrar de suas vidas anteriores. Ele cita o caso de uma menina da antiga Birmânia (hoje Myanmar) que, numa encarnação anterior, morreu durante uma cirurgia cardíaca. Curiosamente, o peito da menina tinha uma longa linha vertical hipopigmentada, que correspondia perfeitamente à incisão cirúrgica feita no da falecida.
 
O professor Jim B. Tucker, da Divisão de Estudos da Personalidade do Departamento de Psiquiatria da Universidade da Virgínia, estuda casos de depressão e outros distúrbios em crianças e adolescentes que relatam lembranças de vidas passadas. Em entrevista concedida a Superinteressante, ele disse ter colecionado mais 2.500 casos, a maioria envolvendo crianças pequenas que descrevem familiares falecidos que jamais conheceram, ou que têm marcas de nascença que correspondem a ferimentos de pessoas que elas supostamente "foram" numa vida anterior. Ele reconhece que nenhum desses casos é "prova" de reencarnação, mas os relatos mais significativos são fortes indícios de que algumas pessoas guardam lembranças de vidas anteriores.
 
Continua...

segunda-feira, 17 de junho de 2024

AINDA SOBRE O MAQUIAVEL DE MARÍLIA

Em 2009, a morte do supremo togado Menezes Direito deu ao então presidente a oportunidade de retribuir com a suprema toga os bons serviços prestados por seu AGU como advogado do Sindicato dos Metalúrgicos, consultor jurídico da CUT, assessor jurídico do PT e subchefe para assuntos jurídicos da Casa Civil sob José DirceuSegundo o art. 101 da Constituição, aspirantes a togados supremos devem ter mais de 35 e menos de 65 anos, reputação ilibada e notório saber jurídico; segundo Lula, que se ufanava de jamais ter lido um livro na vida, seu apadrinhado ter bombado duas vezes em concursos para Juiz de Direito não constituía impedimento — opinião compartilhada pelos 59 senadores que chancelaram a indicação presidencial. 

No novo habitat, Toffoli buscou apoio em Gilmar Mendes, de quem absorveu a arrogância e a grosseria,  julgamento da ação penal 470, ele votou pela absolvição de Dirceu (que foi apontado como "chefe da quadrilha do mensalão") e pediu transferência para a 2ª Turma do STF, que ficou responsável pela Lava-Jato, assim que a
 "primeira lista de Janot" foi divulgada. Foi ele quem sugeriu tirar de Curitiba os casos não relacionados diretamente à Petrobras, foi ele quem concedeu prisão domiciliar a Paulo Maluf (a foto do turco lalau se arrastando para o camburão apoiado numa bengala merecia integrar os arquivos de dramaturgia da Rede Globo) e foi dele o pedido de vista que interrompeu a votação da limitação do foro privilegiado quando já havia maioria a favor.
 
Léo Pinheiro revelou em sua proposta de delação que a OAS executou reformas na casa do eminente ministro, mas a informação vazou e o então procurador-geral Rodrigo Janot (notório admirador do lulopetismo) melou o acordo. A Lava-Jato descobriu que um consórcio suspeito de firmar contratos viciados com a Petrobras repassou R$ 300 mil ao escritório de advocacia da esposa do magistrado, mas investigação não foi adiante, a Lava-Jato morreu, e não é de bom-tom falar mal dos mortos.
 
Em 2018, pouco antes de o mais jovem ministro do STF se tornar o mais jovem presidente do Tribunal,  J.R. Guzzo, então colunista de Veja, anotou num texto magistral que um indivíduo considerado incompetente para ser juiz da comarca mais ordinária do interior passaria a presidir a mais alta corte de Justiça do país. Que ele não só era uma nulidade em matéria de direito, mas também um fenômeno de suspeição e parcialidade sem paradigma no mundo civilizado, e que quem o leva a sério, a começar pelos colegas que o chamam de excelência, tratavam o Brasil como um país de idiotas. 
 
No finalzinho do mês passado, o doutor em direito e ciência política e professor da USP Conrado Hübner Mendes publicou um artigo sob o título "É isto um juiz?". Em seu discurso de posse, relembrou o articulista, o magistrado afirmou que queria "enxergar um porto seguro" nessa "era de ponderações, imprevisibilidade e incertezas", mas sua falta de credenciais acadêmicas e profissionais e a atuação pouco conhecida como advogado de partido foram lembradas de modo recorrente durante sua sabatina no Senado. E não levou muito tempo para que ele revelasse seu estofo jurídico.

O eminente magistrado assumiu a presidência do STF pregando “harmonia” e invocando o papel de “mediador”, mas deixou como legado um inquérito sem fim que transformou o tribunal em polícia e censor. Ao longo de sua gestão, esmerou-se em impor travas à Lava-Jato e ao combate à corrupção. A virtude que mais confere unidade a sua trajetória não está em sua jurisprudência, mas em sua lealdade a Lula. Embora tenha negado um pedido da jornalista Mônica Bergamo para entrevistar seu padrinho na prisão, o apadrinhado mudou de posição no ano seguinte. 
 
Ao autorizar Lula a comparecer ao velório do irmão Vavá meia hora antes do enterro e determinar que ele se reunisse com os familiares numa base militar, longe da imprensa, de militantes e de celulares, sua excelência 
forneceu munição para o então presidiário mais famoso desta banânia capitalizar "a desumana decisão” que o impediu de dar o último adeus ao "irmão querido".
 
Observação: Aristides Inácio da Silva, pai de Lula, morreu de cirrose em 1978 e foi sepultado como indigente — nenhuma mulher, ex-mulher ou filho se dignou de lhe conceder um túmulo e uma lápide. Dois anos depois, durante uma breve passagem pela prisão da ditadura, o então sindicalista foi autorizado a comparecer ao velório da mãe. Durante sua primeira gestão, Lula perdeu os irmãos João InácioOdair Inácio, mas não compareceu ao enterro de nenhum dos dois (segundo o Conexão Política, enquanto o corpo do primeiro era velado, o petista jantava com ministros e assessores na Granja do Torto). Em 2017, já em pré-campanha, transformou o velório de Marisa Letícia em comício e o cadáver em arma contra seus adversários políticos. 
 
No primeiro ano do governo Bolsonaro, o ministro congelou o inquérito que investigava o primogênito do mandatário e outros 935 processos fornidos com dados do Coaf. No mesmo ano, quando ainda presidia o STFhospedou um general em seu gabinete como forma de estreitar relações, e anunciou uma nova interpretação do autoritarismo brasileiro em pleno Salão Nobre da Faculdade de Direito do Largo São Francisco: " Hoje não me refiro mais a golpe nem a revolução, mas a movimento de 1964".
 
"Toffoli é nosso", disse o então presidente. "Muito bom termos aqui a Justiça ao nosso lado", enfatizou. Derrotado nas unas, o aspirante a tiranete foi aconselhado pelo togado a sumir: "Presidente, sua presença na cerimônia de posse só vai mostrar um país dividido, as pessoas vão vaiar" (conforme relato de Recondo e Weber no livro "O Tribunal"). 

Sua lealdade a Augusto Aras foi inspiradora. Depois de organizar livro em homenagem ao PGR, apoiar sua recondução e indeferir pedido de investigação por crime de prevaricação contra ele, que se disse "estrategicamente discreto" por arquivar mais de 70 representações contra o ex-presidente, o togado discursou na despedida: "Não fosse a responsabilidade, a paciência, a discrição e a força do silêncio de sua Excelência [referindo-se a Aras], talvez não estivéssemos aqui, não teríamos, talvez, democracia."
 
Mas o mundo gira, a Lusitana roda e não há nada como o tempo para passar. Com a volta de Lula ao Planalto, o apadrinhado ingrato vem fazendo das tripas coração para se ajustar à nova conjuntura. Durante a cerimônia diplomação do xamã petista, sussurrou-lhe ao ouvido: "Me sinto mal com aquela decisão e queria dormir nesta noite com seu perdão". Fantasiado de madalena arrependida (Caravaggio deve ter se revirado na tumba), trombeteou que "a Lava-Jato foi o "verdadeiro ovo da serpente dos ataques à democracia" e que "a prisão de Lula foi um dos maiores erros judiciários da história do país". 

Não bastasse a vassalagem explícita, o nobre togado despejou uma enxurrada de decisões monocráticas que, entre outras coisas, suspenderam a bilionária multa do acordo de leniência da J&F, anularam todos os processos envolvendo o príncipe das empreiteiras Marcelo Odebrecht e liberaram para diferentes autoridades — inclusive do PT — o acervo completo de mensagens hackeadas de procuradores da Lava-Jato e do ex-juiz Sergio Moro.
 
Em 2016, o então senador Romero Jucá disse que "a sangria" precisava ser estancada". Enquanto se empenha no desmonte da Lava Jato, o STF faz sangrar sua credibilidade junto aos brasileiros, seja no exame colegiado de decisões monocráticas, seja no reparo ao comportamento de magistrados alheios aos autos e/ou aos ditames da ética. Que a Corte perde a majestade só parecem ter dúvidas seus integrantes, que, ao serem (de modo condenável) atacados nas ruas e nas redes, cobram respeito sem se mostrarem respeitáveis. Se a contestação ao papel supremo do Tribunal é danosa para a democracia, ruinosas são as atitudes que dão margem à confrontação. Passa da hora de se pôr um fim a tal embate, mas a iniciativa cabe a quem detém a prerrogativa constitucional de falar por último sobre o que é legal ou ilegal no país.
 
As togas não fazem um favor a si mesmas quando dão margem à interpretação de que estejam prestando favores a outrem ou obtendo vantagens de cunho pessoal. Oferecem, antes, um desserviço à coletividade aliando-se ao espírito do tempo da má educação cívica quando o ideal seria darem o exemplo oposto. Olham o panorama de cima, sem dar mostras de perceberem o tamanho da erosão sofrida na sociedade e do quanto esse desgaste por ser nocivo para a imprescindível confiança nas instituições. Na disseminação da descrença viceja o entusiasmo pela anormalidade barulhenta que confere ao autoritarismo a chance de sugerir aos incautos a pior das soluções.
 
Segundo Gilberto Freyre, o formalismo exacerbado leva os juristas a se isolarem da realidade brasileira. Mas o problema de certos ministros do STF não é o excesso de liturgia, mas, sim a falta dela. A julgar pela desfaçatez com que se dedicam a rega-bofes e encontros com o lobismo político e empresarial, algumas togas já deram alta aos psicanalistas, e o togado a quem me refiro nesta postagem é um dos que desafiam Freud e a própria sensatez. Dizer que os magistrados brasileiros perderam o contato com as pessoas que lhes pagam os salários é muito pouco para traduzir tamanha alienação. Na verdade, eles se desconectaram da realidade.
 
Houve um tempo em que eu me envergonhava de ser brasileiro. Agora, tenho nojo.

domingo, 16 de junho de 2024

RECEITA DE MANTEIGA CASEIRA

PEQUENOS DESCUIDOS PODEM PRODUZIR GRANDES MALES.

 
A exemplo do azeite, que anda pela hora da morte, os laticínios em geral — e a manteiga em particular — também estão custando os olhos da cara. Felizmente para quem não aprecia o "não-sabor" das margarinas, fazer manteiga em casa é uma alternativa econômica e saudável. Você vai precisar apenas de creme de leite, sal e ervas aromáticas, e o preparo é muito simples:

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Durante a campanha de 2022, quando era indagado sobre seus planos para se relacionar com um Congresso cheio de novos poderes, Lula dizia que resolveria tudo com muita conversa. Transcorrido um ano e meio de governo, muito se discursou e pouco se resolveu. Suas duas primeiras passagens pelo Planalto se deram num tempo em que o Congresso era submisso a cargos emendas de liberação não impositiva, e o Executivo, nos píncaros da popularidade, enfrentava uma oposição aveludada. 
Mas o tempo passou e Lula fez como Carolina na janela. Não deu o devido peso à força da maioria de centro, direita e extrema-direita, que antes não tinha voz nem o respaldo das "ruas" — hoje conhecidas como redes sociais — e tampouco dispunha do manejo do Orçamento da União. Num primeiro ano dedicado a ambições internacionais, confiou no taco do passado, deixou o Congresso entregue a articuladores cuja expertise não está à altura da ferocidade das onças agora poderosas e dedicou-se à governança de palanque. Semeou descaso, jogou no improviso, e agora colhe derrotas. 
Atribuir as derrotas ao perfil ideológico dos parlamentares é ignorar que o Legislativo lhe deu folga orçamentária na transição, aprovou o arcabouço fiscal e ainda lhe conferiu medalha por ter tirado a reforma tributária do campo das ilusões quase perdidas. A esta altura, mais proveitoso para uma correção de rotas seria se acertar internamente para conseguir responder à velha pergunta comum à esquerda do século passado: qual é o rumo? Sem isso, não se chega ao prumo.
 
1) Bata no liquidificador 500g de creme de leite (mas creme de leite "de verdade", não a mistura láctea que se propõe a substituí-lo) até obter uma pasta com textura semelhante à da manteiga industrializada;
 
2) Passe essa pasta no coador para separar o soro do leite, coloque a manteiga em uma tigela, lave-a em água fria, amasse com uma espátula para remover totalmente o soro. Troque a água algumas vezes até que ela saia limpa (isso é importante para garantir que a manteiga tenha uma boa conservação).
 
3) Tempere a manteiga com sal e suas ervas preferidas (bem picadinhas, naturalmente), transfira-a para um pote com tampa, feche bem, guarde na geladeira e consuma em até 10 dias.
 
Observação: Use creme de leite fresco e com alto teor de gordura (acima de 35%). Quanto mais gordura ele tiver, mais fácil será separar o soro. Se preferir usar uma batedeira ou processador em vez do liquidificador, comece em velocidade baixa e aumente gradualmente para média-alta — o creme passará por estágios de chantilly até se separar em manteiga e soro. O processo pode levar de 8 a 10 minutos; continue batendo até que os sólidos se separem completamente do líquido.

sábado, 15 de junho de 2024

PAU QUE NASCE TORTO MORRE TORTO

  
Em política, como na vida, a melhor hora para mudar e antes de a mudança se tornar compulsória. Lula deveria ter se livrado de Juscelino Filho há tempos. Melhor seria não tê-lo trazido para a Esplanada, pois já se sabia à época que ele havia utilizado emendas orçamentárias em benefício próprio. Mas sempre que a oportunidade de corrigir o erro lhe bate à porta, o parteiro do Brasil Maravilha reclama do barulho e ignora o fato, como faz agora com seu ministro indiciado pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. 

Em março de 2023, quando Juscelino já estava pendurado de ponta-cabeça nas manchetes, Lula disse que ele não poderia ficar no governo se não conseguisse provar sua inocência. Mantido no cargo, o elemento virou "padrão de inocência" do terceiro reinado do ex-tudo (ex-retirante, ex-metalúrgico, ex-sindicalista, ex-presidiário e ex-corrupto). 

Há dois meses, a CGU constatou que 80% de uma estrada pavimentada graças a uma emenda do então deputado maranhense — coisa de R$ 7,5 milhões, dinheiro da Codevasf, que foi convertido em ninho de perversões do Centrão desde Bolsonaro. Intimado pela PF a se explicar, Juscelino alegou "perseguição".  Em nova evidência de que não perde a oportunidade de perder oportunidades, Lula tornou a conceder sobrevida ao auxiliar. 

A atitude do presidente é um insulto porque o contribuinte não merece a presença de um indiciado por desviar verbas públicas nas cercanias do cofre; inútil porque o União Brasil, partido do indiciado, não entrega os votos que o governo reivindica no Congresso, e desmoralizante porque a presença do suspeito no governo vai se convertendo num processo de aviltamento da autoridade presidencial.

Na terça-feira 11, Lula autorizou a demissão de Neri Geller de uma secretaria do Ministério da Agricultura por suspeita de irregularidade no leilão para importação de arroz. Ao anunciar o afastamento, o chefe da pasta disse que "o governo não tem compromisso com o erro". Pausa para as gargalhadas. Dois dias depois, ao ser indagado sobre a ruína ética de Juscelino, o demiurgo de Garanhuns insistiu: "ele tem o direito de provar que é inocente".   

Nenhum espelho reflete melhor a imagem de um governante do que as suas contradições. Geller foi ao olho da rua 48 horas antes da abertura do inquérito para apurar a maracutaia do arroz; Juscelino permanece no cargo 24 horas depois de ser indiciado pela PF por corrupção lavagem de dinheiro e organização criminosa. Após avalizar a sensata rigidez imposta a Geller, a alma viva mais honesta do Brasil amenizou: "O fato do cara (sic) ter sido indiciado não significa que cometeu um erro". 

Num inquérito policial, todo mundo é inocente até prova em contrário. Num governo, a presunção de inocência deveria ser vista como uma garantia constitucional móvel. Lula revelou-se precário ao nomear um ministro suspeito e temerário ao manter um ministro investigado. Cada segundo de sobrevida concedido ao indiciado é ultrajante. O que dirá nas fases da denúncia e da ação penal? 

Na Justiça, a inocência é presumida até o trânsito em julgado. Na administração pública, certas biografias recomendam a presunção da culpa.

sexta-feira, 14 de junho de 2024

CONSCIÊNCIA E VIDA APÓS A MORTE (PARTE X)

A EXPERIÊNCIA É COMO UMA LANTERNA PENDURADA NAS COSTAS: ELA SÓ ILUMINA O CAMINHO JÁ PERCORRIDO.

Entre as pessoas que afirmam ter lembranças de vidas passadas, a maioria são crianças pequenas que, conforme crescem, deixam para trás recordações, maneirismos e até línguas estrangeiras que conseguiam falar sem nunca terem tido qualquer contato prévio com elas. No levantamento feito pelo Nupes com 402 adultos e 30 de crianças e adolescentes que relataram experiências correlatas, um menino tailandês afirmou que era professor e foi morto por um tiro a caminho da escola. Ele disse o nome do tal professor, dos pais, da esposa e dos filhos dele (que moravam numa aldeia distante e jamais tiveram qualquer conexão com o menino). 

As "explicações convencionais" elucidam uma parcela dos casos, mas não dão conta do conjunto de evidências que envolvem a maioria deles. Mesmo que o menino tivesse absorvido telepaticamente o conhecimento sobre o professor assassinado, como explicar suas duas marcas de nascença, que eram compatíveis com a entrada e a saída da bala no corpo do morto?

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

No auge da pandemia, políticos corruptos e seus cúmplices encheram as burras intermediando a compra de respiradores, vacinas e outro insumos sem licitação. Agora, a pretexto de evitar desabastecimento e/ou aumento especulativo no preço do arroz, o governo Lula decidiu importar 263,3 mil toneladas do cereal (por R$ 1,3 bilhão). 
Farejando o cheiro de podre no ar, a Justiça Federal suspendeu o leilão, mas ele acabou sendo realizado no último dia 6. O produto seria importado por quatro empresas, três delas com aparência esquisita — uma fábrica de sorvetes, uma locadora de veículos e máquinas e um mercadinho especializado em queijos. 
O proprietário da locadora foi citado em uma investigação que mirou o atual deputado federal e ex-secretário de Transportes do DF Alberto Fraga, e o mercadinho, que abocanhou o maior lote na disputa (coisa de R$ 700 milhões), tem capital social de R$ 5 milhões e Wisley A. de Sousa como único sócio.
Potencializou-se a percepção segundo a qual a boa intenção na administração pública está separada da perversão por uma fronteira extremamente tênue. A produção nacional tem condições de suprir a demanda, e a venda do arroz importado com preço tabelado e selo do governo federal é demagogia eleitoreira em estado bruto. 
Depois que a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina acionou o TCU, Lula mandou anular o leilão impregnado de suspeição e aceitou o pedido de demissão — eufemismo para exoneração — do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, "chegado" de Robson Luiz Almeida França, dono de duas das empresas que intermediaram a venda de 44% do arroz adquirido pela Conab. Outra empresa — do mesmo personagem — tinha como sócio Marcelo Geller, filho do secretário demissionário.

Havia sob a fumaça um negócio bilionário trançado sob regras permissivas. Compra-se no escuro. É preciso um incêndio para iluminar a precariedade e os vínculos tóxicos dos intermediários. Lula agiu apenas depois que a oposição já havia levado o caso ao TCU e à PGR. O cancelamento do leilão não elimina a necessidade de investigação. Houve inépcia ou desonestidade. Em qualquer hipótese, o contribuinte merece pratos limpos.  


O caso de Thusita, publicado em 1991 pelo psicólogo e parapsicólogo Erlendur Haraldsson, fala de uma garota de Sri Lanka que, desde pequena, tagarelava sobre como viveu — e morreu — numa cidade a 50 km da sua. Aos dois anos, ela disse que nasceu em Akuressa, que era filha Jeedin Nanayakkara e que se afogou, ao cair de uma ponte estreita, quando estava grávida. Numa visita à cidade de Akuressa, os pesquisadores descobriram uma família Nanayakkara, que realmente morava perto de uma ponte para pedestres... da qual uma nora, Chandra caiu e morreu afogada aos 27 anos. 
 
Exemplos como esses não faltam. Um caso que desafia o rigoroso escrutínio da ciência desde o início do século passado é o de Leonora Piper. Para descobriu se a médium era "pra valer", William James — tido como o pai da psicologia americana — acompanhou-a por anos a fio, e só ficou convencido depois que 25 pesquisadores que ela jamais havia visto antes se consultaram com ela e receberam informações detalhadas sobre assuntos privados que só eles conheciam. 
 
O Departamento de Psiquiatria da Universidade de Virgínia catalogou mais de 2.000 experiências semelhantes, a maioria de crianças de entre 2 e 6 anos. Embora muitos cientistas atribuem os episódios à autossugestão, o professor de psiquiatria Alexander Moreira-Almeida afirma que, noves fora os casos de fraude, as experiências são válidas no sentido de as pessoas realmente as estarem vivenciando e, portanto, devem ser acolhidas com empatia. Além disso, como explicar fenômenos como a xenoglossia — capacidade de alguém, sem nunca na vida ter entrado em contato com um idioma, passar a falá-lo fluentemente?
 
Nem sempre a lembrança de quem fomos, verdadeira ou não, vem espontaneamente. Para isso há a chamada terapia regressiva. Em 2009, o quadrinista André Diniz, lançou 7 Vidas – A Aventura de uma Pessoa em seus Passados, com narrativas autobiográficas que incluem ser um órfão peruano e um sacerdote religioso na Itália. Ele conta que viu coisas que sequer sabia que existiam, como casas sem teto no Peru e o uso do óleo de gordura de foca como combustível, e que, quando pesquisava, descobria que eram reais.
 
Mistérios do além, reencarnação e vidas passadas costumam render boas histórias. A escritora Elizabeth Jhin, autora de novelas como "Escrito nas Estrelas", "Além do Tempo" e "Espelho da Vida" diz ser fascinada pela tema. "A Viagem", de Ivani Ribeiro, foi recordista de audiência no horário das 19h e produziu um aumento significativo na venda de livros sobre espiritismo.
 
Em sua primeira obra psicografada (Parnaso de Além-Túmulo), o médium mineiro Chico Xavier, que estudou até o ensino fundamental, produziu poemas atribuídos a gigantes como Augusto dos Anjos, morto anos antes. Monteiro Lobato chegou a dizer que, se Xavier fosse um embuste como médium, como escritor ele poderia estar em qualquer Academia de Letras, pois seus versos eram "coisa de outro mundo".

Continua...

quinta-feira, 13 de junho de 2024

O MAQUIAVEL DE MARÍLIA


Às vésperas de completar 15 anos no STF, o ministro Dias Toffoli segue fazendo história — e assim continuará até 2042, já que, em nossas cortes superiores, a aposentadoria dos magistrados só é compulsória aos 75 anos. Claro que nada impede sua excelência antecipar a troca da suprema toga pelo supremo pijama — como fez Joaquim Barbosa em julho de 2014, aos 59 anos —, nem o destino de presenteá-lo com o pijama de madeira — como fez com Menezes Direito em 2009 e Teori Zavascki em 2016. 

Gilberto Freyre, morto há 37 anos, disse certa vez que o formalismo exacerbado leva os juristas a se isolarem da realidade brasileira. Se ainda caminhasse entre os vivos, o autor de Casa-Grande & Senzala contataria que o problema de certos ministros do STF não é o excesso de liturgia, mas a falta dela. A julgar pela desfaçatez com que se dedicam a rega-bofes e encontros com o lobismo político e empresarial, algumas togas já deram alta aos psicanalistas, e Toffoli é um dos que desafiam Freud e a própria sensatez. 

 

A penúltima afronta do Maquiavel de Marília (apelido cunhado pelo jornalista paraibano José Nêumanne) ao recato produziu a torrefação de R$ 39 mil em diárias internacionais de um agente de segurança, que o acompanhou de 25 de maio a 3 de junho, durante uma viagem ao Reino Unido sem o menor vestígio de interesse público.

 

No dia 1º, Toffoli compareceu à final da Champions League e assistiu à vitória do Real Madrid sobre o Borussia Dortmund em camarote financiado pelo empresário Alberto Leite, dono da FS Security — um devoto de Bolsonaro, fã de Elon Musk e crítico de Alexandre de Moraes. Antes, entre abril e maio, excursões por Londres e Madrid já haviam torrado quase R$ 100 mil em diárias do segurança. Em nota, a assessoria do ministro realçou que as viagens não afetam o ritmo de trabalho do magistrado, que continua a proferir decisões e a participar das sessões plenárias, ainda que virtualmente.

 

Em despachos recentes, Toffoli cancelou as penas de Marcelo Odebrecht, anulou punições à Odebrecht e até à J&F, que nada tem a ver com a Lava-Jato. Na véspera do Carnaval, suspendeu com um pedido de vista o julgamento dos embargos protelatórios opostos pela defesa de Collor no processo em que o Rei-Sol foi condenado a 8 anos e 10 meses de reclusão, e devolveu os autos três meses depois, acompanhado do voto pela redução da pena para menos da metade (o que permitiria o cumprimento em regime aberto desde o início). 

 

O Supremo faria um bem a si mesmo se aplicasse em relação ao eminente togado — e a outras togas assemelhadas — a fórmula contida numa lei enunciada pelo ex-ministro da Fazenda e economista Mario Henrique Simonsen, segundo a qual é preferível pagar a comissão de certas obras para que os interessados esqueçam o projeto. Mal comparando, pode ser mais vantajoso para o país pagar as despesas de viagens internacionais e nacionais de Toffoli, desde que ele seja dispensado de tomar decisões judiciais.

 

Continua...

quarta-feira, 12 de junho de 2024

DICAS PARA MANTER O DESEMPENHO DO CELULAR NOS TRINQUES (FINAL)

O SILÊNCIO É UM AMIGO QUE NUNCA TRAI.

Todo aplicativo consome recursos e todo arquivo ocupa espaço. Instalar programas desnecessários e armazenar milhares de fotos e centenas de vídeos no celular resulta em lentidão, mesmo que o dispositivo disponha de 6GB de RAM e 256GB de armazenamento. 

Portanto, elimine o crapware, instale somente apps necessários e transfira para um pendrive ou HDD externo ou para a nuvem sua fototeca e sua filmoteca. Configure o sistema para suspender ou encerrar apps que não são usados com frequência e recorra a ferramentas de diagnóstico, como o Phone Doctor, para identificar e reparar os problemas mais comuns. 
 
Se seu orçamento o obrigar a comprar um smartphone com 4GB de RAM e 64GB de armazenamento, você pode possa emular memória com o RAM Plus, que é disponibilizado por alguns modelos Samsung e Xiaomi e permite usar parte da memória interna como "RAM virtual", e ampliar o armazenamento com um SD-Card
Existem dezenas de tipos desses cartões no mercado, mas nem todos são aceitos por todos os smartphones. Consulte o manual do seu aparelho (ou do aparelho que você pretende comprar) para saber se ele compatível com SDHC ou SDXC e quais das três principais classes de velocidade ele suporta (mais detalhes nesta postagem).  

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Vivo, Cazuza cantaria: "Brasil, mostra tua cara / Quero ver quem paga / Pra gente ficar assim / Brasil, qual é o teu negócio / O nome do teu sócio / Confia em mim." Explico: a PEC das Praias passou na Câmara sem alarde e subiu para o Senado, onde tem como relator o famoso senador das rachadinhas e mansões milionárias. Mas o presidente da Casa pisou no freio ao declarar que a votação não será pautada "da noite para o dia", e o feitiço da invencibilidade digital da direita bolsonarista acabou enfeitiçado na praia das redes. Desde então, o filho do pai desperdiça saliva em entrevistas e postagens. "Não tenho interesse pessoal nisso, não sou proprietário de área beneficiada, não estou levando dinheiro do Neymar nem do empreendimento que ele fará", disse FB ao Globo. 
Esforçando-se para dar um aroma social à empreitada, Zero Um alardeou que a PEC presentearia habitantes pobres da orla com títulos de propriedade e mencionou os moradores do Complexo da Maré e dos quilombolas da Restinga de Marambaia, no Rio. Mas o bolsonarismo deixou-o apanhando sozinho nas redes. Ainda que a milícia digital organize uma mobilização tardia, já não há força no universo capaz de deter a maledicência segundo a qual o que move o primogênito do aspirante a tiranete não é a Maré nem a Restinga, mas a ideia fixa do pai de criar "uma Cancún em Angra dos Reis. 
Zonzo, FB tem dificuldades para manter a língua na coleira. Na mesma entrevista, ele disse que a PEC não tem nada de agressivo às praias, que todo mundo gosta de ir a um resort em Cancún, em Miami, na Espanha, na Grécia, e que a ideia é fazer um troço pequeno no Brasil para tentar estimular empreendimentos. E fechou com chave de ouro dizendo que, para fazer empreendimento em Angra, Salvador, qualquer lugar de Alagoas, seguirá existindo toda uma burocracia ambiental. 
Deu para entender?
 
O Bluetooth é útil em diversas situações, mas pode causar interferências ou erros de emparelhamento. Se desligar e religar o recurso não resolver, reinicie o smartphone; se o problema persistir e o "modo detectável" estiver ligado, limpe o cache do Bluetooth; se mesmo assim não funcionar, reverter o aparelho às configurações de fábrica costuma solucionar esse e uma porção de outros problemas. 
 
Por ser ultraportátil, o celular está sujeito a impactos e quedas. Segundo a Lei de Murphy, se cair, vai quebrar. Capinhas e películas protegem o aparelho, mas não fazem milagres — clique aqui e aqui para saber quais modelos são mais indicados. Se a tela trincar ou rachar, você terá de substituí-la — o conserto custa caro e nada garante que as coisas voltam a ser como dantes no quartel de Abrantes.
 
A autonomia da bateria pesa tanto quanto a RAM e o armazenamento na escolha de um smartphone. Modelos
 "premium" trazem baterias de 6.000 mAh, mas quem usa intensamente o aparelho não está livre de fazer um "pit stop" entre as recargas. A boa notícia é que baterias de íons ou polímero de lítio não estão sujeitas ao famigerado efeito memória, podendo ser recarregadas a qualquer momento, e sempre se pode recorrer ao "carregamento rápido" e a softwares que otimizam o consumo energético (mais detalhes na sequência de postagem iniciada aqui). 
 
A potência dos carregadores rápidos chega a ser 8 vezes superior à dos convencionais, mas nem todo aparelho suporta essa tecnologia (consulte o manual o site do fabricante). E muitos dos que suportam vêm acompanhados de carregadores comuns. 

Observação: Para descobrir a potência do carregador, basta multiplicar a voltagem pela amperagem. Meu Galaxy M23 suporta um carregador de 25 W (9V x 1,67A), mas veio com um modelo de 15 W, que demora cerca de 90 minutos para levar a bateria de 20% a 100%.  
 
Evite deixar o celular na carga a noite toda. Os riscos de superaquecimento e explosão são desprezíveis quando a bateria e o carregador são originais ou homologados pelo fabricante do aparelho, já que um sistema inteligente interrompe a passagem de corrente quando a bateria está cheia. No entanto, seguro morreu de velho, de modo que não custa nada desligar o telefone, tirá-lo da capinha, recarregá-lo num local fresco e ventilado e, ao final, desconectar o carregador do telefone e da tomada, nessa ordem.
 
A autonomia informada pelos fabricantes é medida em "condições controladas" — com temperaturas em torno de 20-25°C, umidade do ar otimizada, sinal de rede estável, Wi-Fi, Bluetooth, e GPS desligados, brilho da tela inferior a 50% e usando apenas "aplicativos-padrão" —, que não refletem o que acontece no dia a dia. Mesmo assim, não é normal
 um aparelho relativamente novo precisar ser recarregado duas ou três vezes por dia. Antes de levar o dito-cujo a uma assistência técnica de confiança, experimente fazer o seguinte:
 
1 — Abra as configurações, toque em Bateria > Atividade da bateria, identifique os aplicativos que consomem mais energia, suspenda os que você acessa com frequência e desinstale os que nunca usa;
2 — Diminua o brilho da tela e o tempo de "timeout", ative os modos escuro e de economia de energia e reduza a quantidade de ícones na tela inicial;
3 — Desative o disparo automático do flash, a sincronização automática de fotos e vídeos, as conexões sem fio, o serviço de GPS e os alertas sonoros/vibratórios;
4 — Use papel de parede preto em telas AMOLED ou OLED, instale um antivírus responsável e mantenha o sistema e os apps atualizados (atualizações de software geralmente incluem otimizações de bateria). 

terça-feira, 11 de junho de 2024

CONSCIÊNCIA E VIDA APÓS A MORTE (PARTE IX)

DEMOCRACIA SÃO DOIS LOBOS E UMA OVELHA DECIDINDO O QUE COMER NO JANTAR.

 
No livro "After: a doctor explores what near-death experiences reveal about life and beyond" ("Depois: um médico explora o que as experiências de quase morte revelam sobre a vida e além"), o professor emérito da Universidade de Virgínia Bruce Greyson conta que fundou uma associação internacional para estudar melhor as EQMs. Depois de mais de 50 anos de pesquisas, ele reconhece que continua sem entender o fenômeno, embora tenha constatado que o temor da morte diminui para os que passam pela experiência, e que as pessoas se tornam desprendidas em relação ao mundo material (clique aqui para saber mais e assistir a vídeos com palestras de Greyson).
 
Usando tomografia computadorizada por emissão de fótons únicos para observar as áreas ativas e inativas do cérebro, cientistas das universidade de São Paulo e da Filadélfia concluíram que médiuns em transe apresentavam níveis mais baixos de atividade no sistema límbico, no giro temporal superior e no giro pré-central direito no lóbulo frontal (áreas ligadas ao raciocínio, ao planejamento, à geração de linguagem, aos movimentos e à solução de problemas), ou que indica ausência de percepção de si mesmo e de consciência. Vale lembrar que o termo "mediúnico" é descrito nos dicionários como algo próprio de pessoas que, de acordo com algumas crenças religiosas, são capazes de se comunicar com os espíritos.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

A greve de professores e servidores de universidades federais, institutos e centros federais de educação faz aniversário de dois meses nesta semana. Na gênese do movimento, quando seus ministros tentavam convencer os servidores de que só haveria verba para reajuste salarial em 2025, Lula acomodou-se, por assim dizer, do outro lado do balcão. Agora, porém, se deu conta de que está acomodado no trono de presidente da República, não na cadeira de chefe de sindicato em São Bernardo.
Ironicamente, o sindicalismo universitário, simpático ao petismo, não cruzou os braços sob Bolsonaro. Nesta segunda, do lado de fora do Planalto, grevistas protestavam, exigindo que o próprio Lula assuma as negociações. Dentro do prédio, sua excelência recordou que, em passado remoto, já liderou greves na base do "tudo ou nada". Por vezes, ficou com "nada". Isso aconteceu quando a greve se prolongou em demasia e morreu por inanição.
Lula criticou a duração da greve nas universidades e institutos federais. A alturas tantas, foi ao ponto: Quem perde não é o governo nem o presidente, declarou. Perdem o Brasil e, sobretudo, os alunos que estão sem aula há quase 60 dias. Nesse contexto, cabe a Lula usar sua experiência sindical para abreviar o suplício, não para confundir o enredo.

No mundo moderno, a vida após a morte não só é explorada pela cultura popular como estudada pelos cientistas. As pesquisas sobre os mistérios do além-túmulo se dividem em várias categorias, cada qual com características próprias e distintas. Além (sem trocadilho) dos relatos de experiências de quase morte (EQMs), mediunidade, sensações inexplicáveis de presença espiritual, "incorporações" em terreiros de Umbanda e Candomblé, psicografia em sessões de mesa-branca, projeção astral, regressões, enfim, tudo que se relaciona com vidas anteriores ou sugira a continuidade da consciência (ou alma, ou espírito) após a morte do corpo físico leva água ao moinho dos pesquisadores.

O Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora investiga a possibilidade de existir vida após a morte. Sectários do fisicalismo sustentam que tudo se circunscreve ao mundo físico, que nossos pensamentos e desejos são pura e simplesmente atividades cerebrais, mas, para os pesquisadores do Nupes, embora haja muito charlatanismo nessa seara, não faltam evidências que a mente continua a existir depois que o cérebro para de funcionar. Em "Física e a Imortalidade da Alma", o físico Sean Carroll argumenta que a persistência de alguma forma de consciência depois que nossos corpos se decompõem são incompatíveis com as leis da física, mas muitos estudiosos não descartam a possibilidade de a morte não ser o fim de tudo. 
 
Muitos "mistérios" podem ser atribuídos a fenômenos psicossociais, como a predisposição de pais enlutados a endossar a leitura genérica de um suposto médium sobre o filho perdido, mas há casos que desafiam até os mais céticos, como o de Otto, filho da acupunturista Erika Pissarra, que, aos dois anos de idade, passou a apresentar um comportamento que não ornava com sua faixa etária, como andar com as mãos para trás e dizer que gostaria muito de tomar uma cervejinha. A avó do menino achou tais hábitos parecidos com os do pai dela, morto muitos anos antes do nascimento do bisneto. Poderia ser apenas uma idiossincrasia, mas outros eventos pasmaram a família. 
 
Aos três anos, observando o céu, Otto perguntou à avó se ela lembrava de quando o homem foi à Lua pela primeira vez, e emendou: "você era bebezinha na época" (a avó nasceu em 1969, ano em que Neil Armstrong pisou na Lua pela primeira vez). Mas ela só se convenceu de que o menino era a "reencarnação do bisavô" quando ele perguntou se ela lembrava que os dois haviam voado num teco-teco (o passeio realmente aconteceu, mas ela jamais o havia mencionado para Otto ou para os pais dele).

Continua...