sábado, 11 de janeiro de 2025

QUOUSQUE TANDEM ABUTERE PATIENTIA NOSTRA?

GRAÇAS A UMA DEFORMAÇÃO LASTIMÁVEL NA CONSCIÊNCIA POLÍTICA COLETIVA, O POVO ADORA SER ENGANADO, E POVO ALIENADO, POLITICALHA FELIZ...

Quem acompanha este Blog sabe o que eu penso do presidente de turno e da patuleia que o endeusa, e de seu antecessor e da choldra que o idolatra. Mas é preciso admitir quando alguém tem razão, mesmo que em um discurso fingido, com fins eminentemente eleitoreiros. Senão vejamos.

Na esvaziada cerimônia que marcou os dois anos do ataque à sede dos Poderes — supostamente convocada em defesa da democracia, mas que não passou de uma patética tentativa de justificar o fiasco da atual gestão —, Lula disse que considera "extremamente graves" as mudanças anunciadas por Mark Zuckerberg

Ecoando o chefe, Lindbergh Farias, futuro líder do PT na Câmara, afirmou que ele seus colegas de partido compareceram ao evento para "celebrar a democracia e repudiar todo tipo de golpe", esquecendo de lembrar — ou lembrando de esquecer — que o PT foi um dos primeiros a reconhecer a vitória de Nicolás Maduro, que assumiu ontem seu terceiro mandato após romper relações com pelo menos 8 países latino americanos

Somente Cuba, China, Rússia, Nicarágua, Irã e outros 15 países de viés autoritário reconheceram a vitória de Maduro, que não cai do galho graças a uma forte repressão e ao apoio de países como Rússia, China e Irã. Na última quinta-feira, a principal figura da oposição, María Corina Machado, que estava escondida havia meses, foi detida durante um protesto (e liberada depois que o episódio viralizou na Internet).

Diz o ditado que "o diabo sabe das coisas não por ser o diabo, mas por seu velho, e para enganar, ele até reza missa" e que "burros velhos não aprendem truques novos". A aversão chapada de Lula ao corte de gastos foi o exemplo mais agudo da dissonância crescente que se observa entre o que pensa o poder público e o que a sociedade espera dele. Sem mencionar que boa parte das soluções para problemas reais foram descartadas — tanto pelo Planalto quanto pelo Congresso, como bem observou Veja na edição desta semana — por questões políticas, ideológicas e eleitoreiras, escancarando ainda mais o descompasso entre os políticos e os cidadãos que bancam seus salários e mordomias.

Admirador confesso de Maduro, o pontifex maximus da seita do inferno reduziu a maior potencia do hemisfério sul à condição de impotência ao aceitar bovinamente as humilhações e desfeitas do sacripanta e não ser capaz de chamar a Venezuela de ditadura. Não é preciso ser de esquerda ou de direita para condenar o regime venezuelano; basta ter dois neurônios ativos e operantes e um mínimo de vergonha na cara.

Emparedado pelas circunstâncias (leia-se "popularidade em queda"), nosso conspícuo mandatário achou por bem não comparecer à posse do "cumpanhêro" nem escalar Geraldo Alckmin ou Celso Amorim para representá-lo, mas, ignorando a carta protocolada junto ao Itamaraty por um grupo formado por mais de 50 ONGs, enviou a embaixadora brasileira em Caracas à cerimônia.

Com uma frequência cada vez maior, discursos que pregam a democracia são desmentidos por ações que flertam com o autoritarismo. Lamentavelmente, quem paga o preço dessa hipocrisia é o povo, que lobotomizado pela maldita polarização, não vê que entre 212,5 milhões de brasileiro deve existir alguém melhor do que um ex-presidiário "descondenado" e um aspirante a golpista para presidir esta republiqueta de bananas.

Mas diz outro ditado que "cada povo tem o governo que merece", e argumentar com quem renunciou à lógica é como dar remédio a um defunto.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

PSICOPATIA X SOCIOPATIA

DE MÉDICO E DE LOUCO TODO MUNDO TEM UM POUCO.

 
O Google deixou de exibir o número exato de resultados para consultas de pesquisa, de modo que não é possível saber quantos links são retornados quando buscamos por "psicopata" e "sociopata" (juntos ou isoladamente). Ainda assim, a quantidade é substancial, e não faltam sugestões de artigos como "5 sinais de que seu chefe pode ser um psicopata" ou "Sociopata: 10 dicas para identificar um perto de você".
 
Embora remetam a distúrbios diferentes, os termos "psicopatia" e "sociopatia"
se relacionam a conceitos sobrepostos e, portanto, costumam ser tratados como sinônimos — o canibal Hannibal Lecter, por exemplo, foi descrito como "sociopata puro" no filme O Silêncio dos Inocentes e como "psicopata puro" no livro que inspirou a adaptação.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Desde que foi eleito novamente para comandar a Casa Branca, a calopsita do penacho alaranjado vem subindo gradativamente o tom das provocações. Sua penúltima bravata (porque outras certamente virão) foi publicar numa rede social uma mapa com o Canadá incorporado ao território dos EUA — e isso após dizer que o país vizinho deveria se tornar o "51º estado americano" e que os EUA devem recuperar o controle do Canal do Panamá e comprar a Groenlândia. 
Para viabilizar tudo isso, o despirocado ameaça não só impor sanções e tarifas como usar de força militar. Mais delirante, só mesmo a canonização do demiurgo de Garanhuns e a concessão de perdão eterno ao capetão-golpista.
 
A psicopatia aparece na literatura psiquiátrica desde os anos 1800, mas deixou de figurar na lista de transtornos clínicos do DSM (sigla de Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, em inglês) em meados do século passado, quando o termo "distúrbio de personalidade sociopática" deu lugar a "transtorno de personalidade antissocial".
 
O manual estabelece que traços de psicopatia e sociopatia não são transtornos mentais em si, mas sim parte do transtorno de personalidade antissocial. Já a expressão "distúrbio de personalidade sociopática", usada na primeira edição do DSM (1952), alinhava-se com a ideia — 
predominante na época — de que comportamentos antissociais eram atribuídos principalmente ao ambiente e só considerados desviantes quando quebravam regras sociais, culturais ou legais.
 
O termo "sociopata" surgiu nos anos 1930, quando o psicólogo George Partridge destacou as consequências sociais do comportamento de violar os direitos alheios. Acadêmicos e clínicos usavam os dois termos de forma indistinta ou preferiam "sociopata" para evitar que os leigos associassem "psicopata" à psicose.
 
Em "The Mask of Sanity" (1941), o psiquiatra Hervey Cleckley forneceu a primeira descrição formal de traços de psicopatia com base em observações clínicas de nove pacientes psiquiátricos. Ele destacou características como falta de confiabilidade, impulsividade, beligerância, indiferença às consequências e ausência de remorso ou vergonha. Posteriormente, o psicólogo Robert Hare ampliou essa descrição, incluindo traços interpessoais, emocionais e de estilo de vida, além dos comportamentos antissociais listados no DSM.
 
Embora não haja uma definição única de sociopatia (que, como dito, passou a ser chamada de "transtorno de personalidade antissocial" no final dos anos 1960), os comportamentos antissociais dos sociopatas são semelhantes aos dos psicopatas. No entanto, os psicopatas frequentemente usam seu "magnetismo pessoal" para manipular e explorar os outros, e apenas observadores atentos são capazes de identificar traços como falta de empatia, indiferença ao sofrimento alheio e recusa (ou terceirização) de responsabilidade por seus atos.
 
Pessoas com traços psicopáticos apresentam alterações cerebrais em áreas associadas a emoções, inibição de comportamento e resolução de problemas, além de diferenças no sistema nervoso e frequência cardíaca reduzida. Já o comportamento antissocial dos sociopatas tende a estar relacionado ao ambiente, como histórico de abusos físicos e conflitos familiares.
 
Apesar de representações fictícias como Hannibal Lecter e Villanelle, da série Killing Eve, nem todas as pessoas com psicopatia ou traços de sociopatia são assassinos em série ou violentas. Ainda assim, a psicopatia está associada a uma ampla gama de comportamentos prejudiciais e, no sistema de justiça criminal, é frequentemente ligada à reincidência, especialmente em crimes violentos.
 
Embora a psicopatia seja geralmente associada a dependência de drogas, falta de moradia e outros transtornos de personalidade, ela também foi considerada um fator relevante para o fracasso em seguir as restrições da COVID-19 (qualquer semelhança com o então presidente desta banânia não é mera coincidência). A sociopatia, por outro lado, é menos estabelecida como um indicador confiável de comportamentos antissociais futuros.
 
Resumo da ópera: Nem a psicopatia nem a sociopatia são classificadas como transtornos mentais em manuais formais de diagnóstico psiquiátrico. Ambas são traços de personalidade relacionados a comportamentos antissociais, associados a características interpessoais, emocionais e de estilo de vida. Acredita-se que causas genéticas, biológicas e psicológicas levem à psicopatia, enquanto a sociopatia e seus comportamentos antissociais são vistos como um produto do ambiente. Em geral, a sociopatia apresenta maior risco de danos a terceiros.
 
Postagem criada com base em um artigo dos professores de psicologia Bruce Watt e Katarina Fritzon, da Bond University, publicado originalmente no site The Conversation.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

NOVO CHIP DE COMPUTAÇÃO QUÂNTICA SUGERE QUE VIVEMOS NUM MULTIVERSO

QUEM TROCA O CAMINHO VELHO PELO NOVO SABE O QUE DEIXOU PARA TRÁS, MAS NÃO SABE O QUE VEM PELA FRENTE.

 

O novo chip de computação quântica desenvolvido pelo Google executou, em menos de 5 minutos, um cálculo que os supercomputadores mais rápidos da atualidade levariam 10 septilhões de anos para fazer. 

Esse número excede as escalas de tempo conhecidas na física e ultrapassa em muito a idade do Universo, levando a crer que a computação quântica ocorre em vários universos paralelos, conforme previu David Deutsch fez meados do século passado. "O Willow é tão rápido que indica que vivemos num multiverso", escreveu Hartmut Neven, fundador do Google Quantum AI, no blog da gigante de Mountain View. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Enquanto o STF julga a responsabilidade das plataformas digitais sobre conteúdos de seus usuários, a Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, anuncia um conjunto de mudanças em suas práticas de moderação de conteúdo e defende que se chegue a uma "solução balanceada" e com "diretrizes claras". 
Seguindo os passos de Elon Musk no Xwitter, Mark Zuckerberg anunciou que os "fact-checkers" não mais poderão classificar o conteúdo postado nas plataformas da Meta, transferindo para os usuários a incumbência de determinar se um post é real ou fake. Nos EUA, os checadores começaram já começaram a receber o aviso de rescisão de seus contratos com a big tech, segundo apuração do New York Times. Ainda não se sabe quando a decisão será expandida para outros mercados, incluindo o Brasil.
Sem citar nominalmente a mais alta corte brasileira, o CEO da Meta afirmou que governo americano precisa ajudar a combater o que está sendo feito pelo Judiciário em países da América Latina onde "tribunais secretos podem ordenar que empresas removam conteúdos de forma silenciosa". Disse ainda que o sistema de moderação acabou se tornando uma "ferramenta para silenciar opiniões diferentes", e criticou expressamente a regulação das redes sociais por parte de alguns governos, mencionando, inclusive, que "tribunais na América Latina possuem poder de exigir que redes sociais removam conteúdos silenciosamente".
Antes do início do recesso, o ministro Barroso, atual presidente do STF, defendeu que a atual regra sobre responsabilidade das plataformas (consubstanciada no art. 19º do Marco Civil da Internetseja declarada apenas parcialmente inconstitucional, divergindo divergindo dos votos de Toffoli e Fux. O julgamento foi interrompida pelo pedido de vista de André Mendonça, e só deve ser retomado após o recesso, mas o Ministério Público já mandou intimar a big tech para dar mais explicações sobre a mudança.
 
De acordo com o TechCrunch, a afirmação de Neven foi bem-aceita por uns, até porque o multiverso é uma área de estudo real dentro da física quântica, mas recebida com reservas por outros. Segundo os céticos, a velocidade do novo chip se baseia no benchmark que o próprio Google criou para medir o desempenho quântico, e isso não prova que versões paralelas de nós estão circulando em outros universos.
 
Os computadores convencionais operam com base na dualidade dos bits — 0 para falso e 1 para verdadeiro. Assim, tudo que é digital — textos, imagens, músicas, vídeos etc. — e todos os algoritmos que formam os sistemas e apps que rodam em PCs e smartphones são sequências de bits 0 e bits 1. 
 
Na computação quântica, o qubit (ou bit quântico) é uma partícula de nível subatômico, como um elétron ou um fóton. Por permitir diversas combinações simultâneas de zeros e uns, a superposição quântica reduz enormemente o tempo que o computador leva para concluir uma tarefa, e o entrelaçamento quântico faz com que duas partículas interligadas, mesmo que separadas por grandes distancias, reajam de forma similar, resultando numa situação exponencial de ganho de desempenho.
 
Observação: Nos computadores clássicos, dobrar o número de bits dobra a capacidade computacional, ao passo que passo que o aumento no número de qubits nos computadores quânticos produz ganhos em escala exponencial.
 
Quanto mais qubits o computador utiliza, mais propenso a erros ele se torna, mas o Willow consegue corrigir esses erros em tempo real introduzindo mais qubits no sistema. No entanto, é preciso demonstrar que se está "abaixo do limiar" para mostrar progresso real na correção de erros, e esse tem sido um grande desafio desde 1995, quando Peter Shor introduziu a correção de erros.
 
No futuro, diz Neven, a tecnologia quântica será indispensável para coletar dados de treinamento de IA, e ajudará a descobrir medicamentos, projetar baterias mais eficientes para carros elétricos e acelerar o progresso em fusão e novas alternativas de energia. 
 
A ver.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

O SMARTPHONE E A OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA (CONTINUAÇÃO)

O MAIOR INIMIGO DO CONHECIMENTO NÃO É A IGNORÂNCIA, MAS A ILUSÃO DO CONHECIMENTO.

 
obsolescência programada nos leva a substituir produtos em boas condições de funcionamento por modelos de última geração. No caso dos smartphones, a "vida útil" é abreviada pelo fim das atualizações do sistema operacional.
 
O Google lança novas versões do Android a cada 12 meses (em média), mas a Samsung oferece até 4 anos de atualização e até 5 de patches de segurança para os modelos mais recentes — os anteriores a 2021 têm direito a 3 upgrades de sistema e 4 anos de patches de segurança. A Motorola garante duas atualizações do Android e de 2 a 4 anos de atualizações de segurança para seus modelos, e a Xiaomi, três upgrades do Android para modelos mais das séries Mi e Redmi Note e duas para os demais, além de 4 anos de pacotes de segurança para todos (não deixe de consultar o site do fabricante antes de comprar seu aparelho novo). 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

O ano que se inicia herdou do anterior um conflito entre Legislativo e Judiciário — por causa das emendas parlamentares, entre outras pendengas — do qual o Executivo tenta se manter equidistante para não se tornar alvo do tiroteio. Mas a estratégia foi vista com desconfiança pelo Congresso, mesmo porque o Palácio do Planalto não disfarçou o investimento numa aliança com o Supremo como forma de driblar os obstáculos no trânsito de seus interesses num Parlamento de maioria arisca, e não há acertos na comunicação que deem jeito nessa rivalidade porque é na tensão permanente que se sustenta o poder de deputados e senadores sobre o presidente da República.
O único fator que poderia mudar a situação seria o aumento da popularidade de Lula, como aconteceu em seus dois mandatos anteriores — em meados do segundo governo, eram 70% os que aprovavam Lula contra os atuais 35%. É a distância que separa a solicitude da hostilidade dos congressistas, que vivem de votos e, portanto, preferem a companhia de quem lhes possa render vantagem eleitoral.
Sempre foi assim. Nos idos da década de 80, os dissidentes da Arena sentiram o cheiro de queimado da rejeição popular e abandonaram o candidato do regime para aderir a Tancredo Neves no colégio eleitoral de 1985, que marcou o início da redemocratização. Lá se vão 40 anos, mas o pragmatismo segue no comando da política e nas escolhas do eleitorado, que responde bem quando motivado por algo que lhe pareça estimulante e com potencial de render benefícios — coisa que Lula, em sua terceira (e queira Deus derradeira) passagem pelo Planalto, Lula não está conseguindo oferecer. Em não havendo renovação, fica vencido o prazo de validade da reciprocidade popular — como se deu com o Plano Real e várias realizações do governo de Fernando Henrique, que foi eleito e reeleito em primeiro turno, mas não fez o sucessor. 
Lula tem um problema difícil de resolver, sobretudo porque o anseio maior da população é pela redução da insegurança frente ao avanço da criminalidade. Mas o combate à inflação e o desmonte da ditadura também não eram fáceis. Foi preciso coragem, disposição ao enfrentamento, capacidade de articulação política, desprendimento partidário e renúncia ao personalismo, entre outros atributos que claramente não figuram no portfólio de Lula 3.
 
A compra de um smartphone novo geralmente implica o descarte do antigo, que pode ser vendido ou doado após a devida reversão às configurações de fábrica, mas mantê-lo como dispositivo de backup para emergências ou reservá-lo para pagamentos via Pix, transações bancárias, compras online, entre outros, pode ser interessante, sobretudo num país onde um celular é furtado ou roubado a cada 33 segundos.
 
Utilizar o aparelho antigo para visualizar rotas no Waze não só economiza a bateria do "novo" como reduz os riscos de "perdê-lo" para amigos do alheio — o que é particularmente útil para taxistas e motoristas de aplicativo. Pode-se ainda usá-lo para controlar lâmpadas e eletrodomésticos inteligentes, como aspiradores programáveis, ou como câmera de segurança, babá eletrônica etc. — há diversos aplicativos (tanto pagos como gratuitos) na Google Play Store e na Apple Store para essas finalidades. 

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

O SMARTPHONE E A OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA

CONSTRUIR PODE SER UMA TAREFA LENTA E DIFÍCIL DE ANOS; DESTRUIR PODE SER UM ATO IMPULSIVO DE UM ÚNICO DIA.

 

A geladeira Frigidaire que havia em casa quando eu nasci tinha mais de 10 anos, mas continuou em uso até meados da década de 1970. Depois de trocar a borracha de vedação da porta e pintar o gabinete umas três ou quatro vezes, meu pai finalmente comprou um modelo de duas portas da Brastemp — que durou até a virada do século.
 
A relação entre pessoas e artefatos teve início em tempos imemoriais, mas a história do consumo remonta à Idade Média, quando a aquisição de produtos que até então visavam atender às necessidades da família ganhou um viés, digamos, hedonista. Com a Revolução Industrial, diversos artefatos que até então eram manufaturados passaram a ser produzidos em larga escala, estimulando um consumismo que se tornaria (como de fato se tornou) parte indissociável do comportamento humano.
 
Em outras palavras, os fabricantes dos assim chamados "bens duráveis" — porque eram feitos para durar — passaram a se valer da obsolescência programada para estimular o consumo repetitivo. Daí o lançamento de novos modelos ou versões em intervalos de tempo cada vez mais curtos, acompanhadas de campanhas de marketing que visam dar aos consumidores a ideia de que as novas funcionalidades (que por vezes não passam de inutilidades) justificam a substituição de algo em perfeitas condições de conservação e funcionamento por algo supostamente “superior”. 
 
Em economias terceiro-mundistas, como é o caso da nossa, o poder aquisitivo das classes menos favorecidas não permite transformar em realidade o que se convencionou chamar de "sonho de consumo". Para contornar esse empecilho, a indústria reduz a "vida útil" de seus produtos, antecipando o momento da troca por um modelo estalando de novo.
 
ObservaçãoEntende-se por "vida útil" o período de tempo ao cabo do qual o produto perde a validade ou deixa de apresentar o desempenho esperado, e por "bens duráveis" os produtos que só se deterioram ou perdem a utilidade com o uso persistente por um longo período, como no caso dos automóveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos e afins.
 
Muitos "bens duráveis" parecem vir programados para "pifar" assim que a garantia termina, e como o conserto pode custar tanto quanto a troca por um modelo novo, o pagamento parcelado "sem juros" e os 12 meses de garantia contra defeitos de fabricação recomendam a substituição. No caso dos microcomputadores, desktops e notebooks de configuração razoável podem prestar bons serviços por mais de 5 anos, mas os smartphones tendem a ser substituídos em intervalos menores, seja porque estão mais sujeitos a quedas, furtos e roubos, seja porque os aparelhos deixam de receber atualizações do sistema (sobretudo os modelos baseados no Android) depois de 2 ou 3 anos.
 
Isso nos leva à seguinte pergunta: o que fazer com o aparelho usado quando compramos um novo? A resposta fica a próxima postagem. 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

LENDAS E MAIS LENDAS...

O VERDADEIRO DELEITE ESTÁ EM DESCOBRIR, E SEMPRE EXISTE ALGO INCRÍVEL ESPERANDO PARA SER DESCOBERTO.

Quando a noite cai e as sombras se alongam, histórias de lugares distantes, tempos esquecidos e seres que desafiam a lógica e a razão começam a ganhar vida. 

Desde priscas eras, mitos e lendas urbanas misturam o real e o imaginário, perpetuando mistérios que transcendem fronteiras e idiomas. Trazidos para o Brasil pelos colonizadores, Lobisomens, Vampiros e outros ícones do sobrenatural se juntaram ao Saci-Pererê, ao Curupira, à Mãe D'água e a outros membros ilustres do panteão folclórico tupiniquim, que também incorporou o Jack-o'-lantern da festa de Halloween, que chegou até nós de carona com as escolas de inglês.
 
A fama de conquistador rendeu ao político amazonense Bernardo Cabral o apelido de Boto TucuxiDurante o governo Collor, quando ministro da Justiça e da Agricultura, Cabral teve um tórrido affair com a então ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Mello, que se tornou a quinta esposa de Chico Anysio em 1992, assegurando ao marido a alcunha de "humorista que se casou com a piada".

Reza o folclore amazônico que, nas noites de lua cheia do mês de julho, um boto-cor-de-rosa assume a forma de um homem bonito, vestindo terno, sapatos brancos e chapéu (que esconde suas narinas de boto), para seduzir caboclas ribeirinhas. Até pouco tempo atrás, filhos de mães solteiras eram chamados, naquela região, de "filhos do boto". 
 
Observação: Lendas envolvendo cetáceos com atos carnais e fetiches ictiofálicos remontam à Grécia Antiga, onde o golfinho simbolizava a luxúria, e à Roma Antiga, onde era associado ao culto da deusa do amor, talvez porque seus movimentos na água se assemelhassem aos do ato sexual. No entanto, a lenda do boto tucuxi só se estabeleceu no Brasil em meados do século XIX. 

a Lenda de Sleepy Hallow mistura elementos do folclore europeu com a atmosfera sombria da Nova Inglaterra, e é tida como a precursora das histórias de terror estadunidenses. Ela é ambientada na cidade fictícia de Sleepy Hallow, onde um sujeito se declara à filha de um rico fazendeiro, é rejeitado pela moça e desaparece misteriosamente quando volta para casa, deixando o cavalo, a sela, o chapéu e uma misteriosa abóbora despedaçada. A interpretação mais comum é de que ele foi morto pelo "cavaleiro sem cabeça", que vagava pelo vilarejo nas noites de Halloween em busca da cabeça perdida. 

Observação: Na série de televisão "Sleepy Hallow", o protagonista sobrevive ao encontro com o fantasma e passa a lutar contra forças sobrenaturais, mas essa versão não segue fielmente os eventos da história original. 
 
Mais ou menos na mesma linha e inspirada em Robert Raymond Robinson — que teve o rosto desfigurado aos 8 anos de idade e fazia caminhadas noturnas para não chocar as pessoas com sua aparência assustadora —, a Lenda do Homem Verde alude a um homem alto, de pele esverdeada e rosto desfigurado, que era visto de madrugada, vagando pelas estradas da região. Acredita-se que o termo "homem verde" se deva ao fato de as luzes dos carros se refletirem no uniforme militar de flanela que o homem costumava usar, ou pelo tom esverdeado de sua pele, decorrente da falta de sol.   
 
No México, a Lenda da Llorona narra a saga de uma mulher que, traída pelo amor de sua vida, afogou seus filhos, se suicidou e foi amaldiçoada a vagar eternamente pelos cursos d'água, chorando e buscando crianças para substituir os filhos mortos. Dizem que ouvi-la chorar é prenúncio de morte ou infortúnio. Na Venezuela, La Llorona é chamada de "La Sayona", e no Brasil, de "Mulher da Meia-Noite". 
 
A lenda do Cão Negro de Bungay — que remonta a 1577 e trata de um enorme cão negro que invadiu a Igreja de Saint Mary e matou várias pessoas teria inspirado Sir Arthur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes e membro fundador da Sociedade para Pesquisas Psíquicas de Hampshire, a escrever o conto "O Cão dos Baskervilles". O conto foi publicado originalmente em capítulos na revista Strand Magazine, entre agosto de 1901 e abril de 1902, e envolve a morte de Sir Charles Baskerville, atribuída a um cão infernal que assombrava a família nos pântanos sombrios de Dartmoor, na Inglaterra.
 
Na Alemanha, a lenda do Flautista de Hamelin conta que um músico misterioso se ofereceu para livrar a cidade homônima de uma infestação de ratos. Usando sua flauta mágica, ele conduziu os roedores até o rio Weser, onde eles morreram afogados. Quando o conselho municipal se recusou a pagar o valor combinado pelo serviço, o músico usou a flauta para atrair as crianças da cidade até um local incerto e não sabido, e só as devolveu depois de receber o valor combinado. Diz-se que a partir de então nenhum habitante de Hamelin descumpriu uma promessa.

Observação: Bom seria se nossos políticos também se inspirassem nessa lenda, mas para isso os eleitores precisariam deixar claro para essa caterva que descumprir promessas pode ter consequências.
 
Segundo a lenda japonesa de Kuchisake-onna (ou "mulher da boca cortada"), uma mulher mutilada pelo marido ciumento percorre as ruas à noite, com o rosto escondido por uma máscara cirúrgica, e pergunta aos transeuntes se a acham bonita. Quem diz que não é morto a golpes de tesoura; quem responde que sim é apresentado a seu rosto sem máscara, e, se demonstra repulsa, tem a boca cortada para ficar parecido com ela. Essa história foi adaptada para o cinema e contada em mangás (histórias em quadrinhos). 
 
Na África do Sul, o Tokoloshe (equivalente Zulu aos sprites ingleses, yokai japoneses e duendes da mitologia nórdica) 
é descrito como um humanoide pequeno, mas muito poderoso, que é invocado por pessoas para fazer mal a seus desafetos. A crença nessa entidade é tamanha que os sul-africanos colocavam a cama sobre tijolos para não serem molestados durante o sono. 
 
Na Austrália, as Luzes Min-Min são associadas a espíritos ancestrais que vigiam a terra e seu povo. Elas são muito brilhantes e seguem os viajantes por longas distâncias. Segundo os aborígenes, quem tenta persegui-las nunca volta para contar a história. Várias hipóteses foram apresentadas ao longo dos anos, de fenômenos geofísicos como piezeletricidade a insetos com características bioluminescente, mas nenhuma foi comprovada, e as luzes continuam sendo um dos maiores mistérios da Austrália.
 
Parafraseando Joseph Campbell, "mitos são sonhos públicos, e sonhos, mitos privados". Em um mundo onde a realidade frequentemente supera a ficção, as lendas e o folclore refletem nossos desejos e medos. E uma história pode ser mais verdadeira do que a verdade, não por nos contar sobre como as coisas são, mas porque nos contam o que elas significam. 

domingo, 5 de janeiro de 2025

MAMINHA NA BRASA

PROMESSAS E BOLACHAS NASCERAM PARA SER QUEBRADAS.

 

Durante a campanha eleitoral de 2022, o ex-tudo (ex-retirante, ex-metalúrgico, ex-sindicalista, ex-presidente e ex-presidiário descondenado) prometeu que, se eleito fosse, a picanha e a cervejinha voltariam a frequentar a mesa dos brasileiros de baixa renda. 

Acabou que a picanha, os demais cortes "nobres" e até os "não tão nobres" subiram barbaramente de preço, e com o dólar a mais de R$ 6 — maior valor desde o início do Plano Real —, a ceia de Natal dos brasileiros ficou quase 20% mais cara em comparação ao ano anterior.
 
 
Observação: Em meados de dezembro, o CEO e da Forbes Brasil descreveu em sua coluna como a vida da população tupiniquim foi afetada pelo derretimento do real — 28,2% apenas no último ano — e o aumento da taxa básica de juros, decorrentes da perda de confiança dos investidores na condução econômica e no ambiente fiscal. "O Brasil não suporta mais dois anos sob Lula, e o preço da omissão será pago por todos nós", ele escreveu. E finalizou: "Quando a sociedade romperá o silêncio e exigirá mudanças reais?"

A picanha foi considerada "carne de segunda" até meados dos anos 1970, quando então começou a ser servida pelas churrascarias e se tornou a queridinha dos churrasqueiros de quintal. Mas pagar mais de R$ 100 por uma picanha de 1,2 kg em tempos de vacas magras (desculpem, não resisti ao trocadilho) não para qualquer um. Por terem textura e sabor semelhantes ao da picanha, a alcatra e o contrafilé não fazem feio na churrasqueira, mas essa substituição deve ser uma opção do consumidor, não um embuste urdido por açougueiros e supermercadistas desonestos. 
 
Pode-se ir Fusca aonde se vai de Audi, mas não há nada melhor que ter o melhor quando dinheiro não é problema. Em sendo o seu caso, escolha uma picanha de formato triangular, de 1 a 1,3 kg, com coloração vermelho-escura, gordura branca ou levemente amarelada e textura firme

O peso da picanha varia conforme a idade e a raça do boi, mas mais de 1,5 kg ou é vaca velha ou o açougueiro incluiu uma parte do coxão duro para lucrar um pouco mais — cada traseiro tem apenas duas picanhas. O risco de levar gato por lebre é ainda maior com a "picanha fatiada" vendida nos supermercados, mas isso é outra conversa). 
 
A verdadeira picanha tem três veias (fica mais fácil de entender assistindo a este vídeo) e fibras diagonais no lado oposto ao da capa de gordura — que
 deve ter entre 1,5 e 2 cm e ser uniforme por toda a peça; uma camada muito grossa indica que o boi era velho e, portanto, que a carne será mais dura. 

maciez da picanha depende da raça e da idade do boi, mas do processo de maturação é fundamental, de modo que vale a pena pagar um pouco mais por uma peça maturada (como diz o ditado, "já que está inferno, dê um abraço no diabo"), que deve ser cortada em fatias grossas no sentido contrário ao das fibras. A gordura não deve ser removida antes ou durante o preparo, já que é a maior responsável pela suculência e maciez da carne — e pode ser consumida sem problemas, desde que com moderação. 
 
Se seu 13º já evaporou e as inevitáveis despesas extras de inicio de ano (IPVA, IPTU, material escolar etc.) estão lhe tirando o apetite, a maminha (irmã da picanha e do miolo de alcatra) custa menos e não decepciona em termos de maciez, suculência e sabor. Minha sugestão é 
fatiá-la em bifes altos cortados no sentido contrário ao das fibras, temperar com sal grosso, pimenta-do-reino e assar até que a carne fique tostada por fora e rosada por dentro (a menos que você prefira churrasco "à la sola de sapateiro", mas eu acho uma heresia).
 
Coloque os bifes na grelha a 15 cm do braseiro incandescente, deixe assar por 4 minutos, pincele-os com manteiga temperada com ervas, vire depois de 2 minutos, pincele o outro lado com manteiga, deixe assar por mais 4~5 minutos, suba a grelha para 30 cm e asse por mais 3~4 minutos.
 
Bom proveito. 

sábado, 4 de janeiro de 2025

FÉRIAS NO ESPAÇO

QUEM NUNCA MUDA DE DIREÇÃO ACABA EXATAMENTE ONDE PARTIU.

Em vez de passar férias na praia ou na montanha, que tal ver ao vivo e em cores as maravilhas do espaço sideral? 
 
Space Perspective lançou em setembro a cápsula não tripulada Neptune-Excelsior, que chegou a impressionantes 30 mil metros de altitude antes de retornar à Terra e pousar nas águas do oceano. 

Se tudo correr como esperado, a empresa deve começar a oferecer viagens espaciais até o final deste ano, e quem tiver cacife para bancar a aventura (o bilhete deve custar por volta de US$ 125 mil) poderá ir ao espaço numa cápsula com assentos luxuosos e Wi-Fi, e apreciar a vista panorâmica pelas maiores janelas já construídas para uma viagem espacial. 

Mas não é só a vista que promete ser espetacular: os viajantes terão acesso a um programa culinário que oferece gastronomia de várias partes do mundo, com pratos elaborados especialmente para a jornada espacial. No final de setembro, quase 2 mil pessoas já haviam reservado suas passagens.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Antigamente, a via da pule que o corretor zoológico fornecia ao apostador como comprovante da fezinha no folclórico Jogo do Bicho exibia os dizeres "vale o escrito". Atualmente (para não dizer "desde sempre"), bem pouco (para não dizer "quase nada") do que Lula diz vale na escrita, como ilustram suas profissões de fé no ajuste fiscal intercaladas com ações em sentido contrário. Daí a desconfiança com que foram recebidas suas palavras no vídeo divulgado na penúltima sexta-feira de 2024. Em texto elaborado de forma a hastear bandeiras brancas ao "mercado", a autoproclamada "alma viva mais honesta do Brasil" evitou a versão conspiratória do ataque especulativo ao real com vista a derrubar o governo, firmou compromisso com a estabilidade econômica e sinalizou a edição de novas medidas de contenção de gastos, tudo formatado sob novas regras na comunicação do governo. Curiosamente, após dizer em entrevista ao Fantástico que a Selic era a única "coisa errada" no Brasil, o petista não poupou elogios antecipados à administração do Banco Central sob o mesmo Galípolo que não só justificara o aumento dos juros ante as circunstâncias como desmontara a versão do ataque especulativo. Sinais trocados geram descrédito em relação a gestos futuros, pois são vistos como intenção momentânea a fim de atingir um objetivo específico. Lula diz que 2025 será o "ano da colheita" — como disse em 2023 sobre o ano passado. Se sua retórica seguir na mesma toada, o ano que ora se inicia será de semeadura da tempestade a ser colhida em 2026. O mundo do dinheiro não se limita à avenida Faria Lima. Se o morubixaba da banânia se recusa a ajudar por convicção ideológica, que ao menos se disponha a não atrapalhar.

A conquista do espaço começou oficialmente em 4 de outubro de 1957, quando a hoje extinta União Soviética lançou o Sputnik 1, e em abril de 1961, o russo Yuri Gagarin entrou para a história como o primeiro ser humano a orbitar a Terra (que naquele tempo já era redonda, embora muita gente continue achando que ela é plana). 

Julio Verne descreveu a ida do homem à Lua em 1865, exatos 104 anos antes de sua "profecia" se realizar — depois de 3 missões não tripuladas soviéticas e 5 norte-americanas, em 20 de julho de 1969 o mundo acompanhou em cadeia de TV a alunissagem da Apollo 11 e o feito que Neil Armstrong classificou de "um pequeno passo para o homem, mas um gigantesco salto para a humanidade".

NASA enviou outras 5 missões tripuladas à Lua a partir de então. A Apollo 13 seria a terceira a levar astronautas até o satélite, mas a missão foi abortada dois dias após o lançamento, devido à explosão de um dos tanques de oxigênio do módulo de comando, e ninguém voltou a pisar na Lua após 1972, quando a Apollo 17 encerrou a sequência iniciada três anos antes.
     
Observação: As missões 18, 19 e 20 chegaram a ser projetadas, mas foram canceladas devido ao custo altíssimo, o fim da pressão soviética e o desinteresse do público depois que a NASA provou que era possível enviar astronautas à Lua e trazê-los de volta em segurança. 
 
Em 1973, a NASA mudou o foco para o projeto Skylab e, visando reduzir o custo das missões espaciais, passou a desenvolver ônibus espaciais reutilizáveis. A despeito da explosão da Challenger em 1986 e da desintegração do Columbia em 2003, que causaram a morte de 14 pessoas, os ônibus espaciais continuaram ativos e operantes até 2011. 

Atlantis realizou 33 missões, totalizando 306 dias fora da Terra. Depois que ela foi aposentada a agência espacial norte-americana passou a depender de parcerias com empresas privadas, como a SpaceX, de Elon Musk, para o transporte de astronautas ao espaço.

Se dinheiro não for problema, não há nada melhor que ter o melhor. Ainda dá tempo de fazer uma fezinha na primeira MegaSena do ano e, com sorte, reservar um lugar na Neptune-Explorer