Segundo a revista eletrônica Crusoé, o presidente
do STF, Dias Toffoli, teria
se irritado com um artigo publicado em O Antagonista, na última quarta-feira, no qual
o procurador Diogo Castor salientou
que os cargos nos tribunais eleitorais são preenchidos por indicações políticas,
e por isso teria anunciado a criação do tal inquérito para investigar calúnias
contra a honorabilidade da corte e de seus membros e familiares. “Esse
assassinato de reputações que acontece hoje nas mídias sociais, impulsionado
por interesses escusos e financiado sabe-se lá por quem, deve ser apurado com
veemência e punido no maior grau possível”, afirmou o ministro ao Estado. “Isso está atingindo todas as
instituições e é necessário evitar que se torne uma epidemia.”, disse o ministro.
Observação: O senador Flávio Arns, da Rede do Paraná, é o 29º parlamentar a assinar o
novo requerimento da CPI da Lava-Toga,
que será protocolado hoje no Senado (eram necessárias 27 assinaturas). “Minha
decisão foi motivada pelo grande sentimento de frustração vivenciado pela
sociedade brasileira nos últimos dias, principalmente diante do risco de
retrocesso em relação à Lava-Jato”,
justificou o parlamentar, em nota. Já o senador Flávio Bolsonaro ainda não assinou o requerimento. Sua assessoria
informou que ele está “avaliando” o pedido, e evitou dizer qual decisão ele
tomará. Ontem, o presidente do Senado, Davi
Alcolumbre, disse não existir a
menor hipótese de ele levar adiante qualquer tentativa de investigação contra o
Supremo neste momento, pois a Lava-Toga
criaria um embate desnecessário entre Legislativo e Judiciário. Alcolumbre também minimizou o efeito dos pedidos de impeachment contra ministros STF e
disse que “uma crise institucional agora não fará bem ao Brasil". Entrementes,
entre uma decisão suprema e outra, Dias
Toffoli vem articulando a criação de uma frente parlamentar de apoio ao
Judiciário, visando neutralizar os avanços da turma que quer botar a Lava-Toga na rua. Se isso explica
porque o zero um e outros parlamentares enrolados com a Justiça relutam em
apoiar a CPI... bem, para bom entendedor, pingo é letra.
Para a deputada Janaína
Pascoal, “os ministros são agentes públicos como outros quaisquer. Eles
também precisam dar satisfação. Às vezes, os ministros reagem como se fossem
intocáveis, inalcançáveis, acima de quaisquer autoridades. Isso não é verdade.
Eles estão sujeitos a fiscalizações e críticas de outros agentes públicos.” (…)
“Um jornalista que escreve uma matéria pode receber críticas. Mas os
magistrados querem se colocar num Olimpo que não é real. Não pode ser real.”
O presidente Jair
Bolsonaro se manifestou indiretamente sobre a decisão do STF que fixou a competência da Justiça
Eleitoral para julgar crimes comuns ligados ao caixa 2. Ele retuitou um vídeo
em que seu filho Eduardo, o zero
três, pede apoio ao pacote anticrime de Sergio
Moro. Clique aqui
para assistir.
Ao cumprimentar Toffoli
pela iniciativa, Gilmar Mendes, seu antigo mentor, vituperou
ataques contra os procuradores da Lava-Jato
e a proposta de criar uma fundação para gerir parte de uma multa
bilionária paga pela Petrobras. “Não quero cometer perjúrio, mas o que se
pensou com essa fundação do Deltan
Dallagnol? Foi criar um fundo eleitoral? Era para isso? Imagina o poder.
Quantos blogues teriam? Quanta coisa teria à disposição? Se eles estudaram
em Harvard, não aprenderam
nada. São uns cretinos”, disse Gilmar,
referindo-se ao currículo de Deltan.
Também de acordo com o O
Antagonista, o principal alvo dessa caça à bruxas é o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava-Jato em Curitiba, embora outros
integrantes da força-tarefa e os auditores da Receita Federal que
iniciaram uma investigação sobre as transações financeiras de sua mulher, Roberta Rangel, e do casal Gilmar e Guiomar Mendes também estejam
na mira.
A investigação do STF
é vista por procuradores como uma forma de intimidar o Ministério Público.
Ainda nesta sexta-feira, Raquel Dodge
solicitou informações sobre o inquérito ao ministro Alexandre de Moraes,
designado relator da ação. Na avaliação da procuradora-geral, o caso tem
potencial para comprometer a imparcialidade do Judiciário, já que a função de
investigar não faz parte da competência do Supremo. “Os fatos ilícitos, por
mais graves que sejam, devem ser processados segundo a Constituição”, afirmou
ela. Toffoli rebateu e disse que,
além de haver previsão regimental para abertura do inquérito, o CPP estabelece
que toda investigação deve ser supervisionada por um juiz.
Dallagnol disse que a decisão do Supremo pode fechar a janela de combate à corrupção política que se abriu há cinco anos, quando se iniciou o operação força-tarefa. Segundo ele, as defesas dos criminosos já estão se movimentando; a 13ª Vara Federal em Curitiba vem recebendo pedidos de declinação de competência (para que os casos da Lava-Jato sejam remetidos para a Justiça Eleitoral). Antes do julgamento, o decano da Lava-Jato, Carlos Fernando Santos Lima, já alertava para os efeitos da decisão: "É quase inacreditável que haja uma intenção real de se tomar essa decisão. Porque podem jogar cinco anos no lixo, por uma questão técnica sem relevância." Dodge disse não ver risco de anulação das ações em andamento e já julgadas, mas entende que é preciso avaliar tudo isso com muito cuidado e não perder o foco.
Dallagnol disse que a decisão do Supremo pode fechar a janela de combate à corrupção política que se abriu há cinco anos, quando se iniciou o operação força-tarefa. Segundo ele, as defesas dos criminosos já estão se movimentando; a 13ª Vara Federal em Curitiba vem recebendo pedidos de declinação de competência (para que os casos da Lava-Jato sejam remetidos para a Justiça Eleitoral). Antes do julgamento, o decano da Lava-Jato, Carlos Fernando Santos Lima, já alertava para os efeitos da decisão: "É quase inacreditável que haja uma intenção real de se tomar essa decisão. Porque podem jogar cinco anos no lixo, por uma questão técnica sem relevância." Dodge disse não ver risco de anulação das ações em andamento e já julgadas, mas entende que é preciso avaliar tudo isso com muito cuidado e não perder o foco.
Já a especialista em direito
eleitoral Carla Karpstein afirma haver, sim, risco de anulação dos processos, tanto nas cortes comuns quanto na
Justiça Eleitoral — nesta, porque os advogados vão dizer que as provas são
nulas porque não foram produzidas ali; naquela, vão argumentar que houve
nulidade porque a Justiça não tinha competência para julgar caixa 2 nos
casos que já foram decididos ou estão em tramitação.
Três entidades que representam os procuradores saíram em
defesa de membros da força-tarefa atacados por Gilmar Mendes e alvos de investigação no Supremo. A Conamp, maior e principal entidade de
promotores e procuradores em todo o País repudiou
nesta sexta, 15, o feroz ataque de Gilmar aos integrantes da
força-tarefa e as críticas ao acordo firmado pela Lava-Jato com a Petrobrás para tentar reverter 80% dos recursos da
multa que a estatal pagará a autoridades dos Estados Unidos. Curiosamente,
partiu de Raquel Dodge o pedido para o STF suspendesse o acordo que criava
o fundo de R$ 2,5 bilhões. O presidente da Associação
Nacional de Procuradores, José Roberto
Robalinho, disse ao Estado que
há pelo menos dois pontos questionáveis no procedimento adotado pela PGR
— sem analisar no mérito em si a ação apresentada.
Observação: A decisão do STF veio quando o pessoal da Lava-Jato buscou ganhar poder. Sem ouvir ninguém, nem Raquel Dodge, os procuradores montaram um esquema em que a Petrobras lhes entregou parte da multa que pagou nos EUA, mas liberada para uso no Brasil, para ser gerenciada por uma fundação de luta contra a corrupção, sob seu controle. Quem decide onde aplicar recursos é o Governo eleito, não os procuradores. O STF se mobilizou e a própria Raquel Dodge entrou na Justiça contra o acordo.
Observação: A decisão do STF veio quando o pessoal da Lava-Jato buscou ganhar poder. Sem ouvir ninguém, nem Raquel Dodge, os procuradores montaram um esquema em que a Petrobras lhes entregou parte da multa que pagou nos EUA, mas liberada para uso no Brasil, para ser gerenciada por uma fundação de luta contra a corrupção, sob seu controle. Quem decide onde aplicar recursos é o Governo eleito, não os procuradores. O STF se mobilizou e a própria Raquel Dodge entrou na Justiça contra o acordo.
O fato é que a ação da procuradora-geral gerou uma crise
interna no MPF. Os procuradores Pablo Coutinho Barreto e Vitor Souza Cunha — chefes da
Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise —, que
atuavam em uma secretaria vinculada ao gabinete de Raquel, pediram
demissão, o que foi recebido pela categoria como um protesto. Ainda na sexta-feira,
os procuradores da Lava-Jato
elaboraram documento no qual trazem esclarecimentos acerca do acordo firmado
entre o MPF e a Petrobras. O
documento é endereçado ao juiz Federal da 13ª
Vara Federal em Curitiba, e pede que as informações sejam encaminhadas
também ao ministro Alexandre de Moraes,
que determinou a suspensão do acordo.
Ao mesmo tempo em que é bombardeada a partir de Brasília, a Lava-Jato sofre um esfriamento natural
em Curitiba, seu epicentro. Lá, Lula
já foi condenado duas vezes e está encarcerado há onze meses. Parte dos
empresários já foi solta; alguns, como Marcelo
Odebrecht, graças à delação premiada. Seguem detidos próceres do PT e MDB,
como o ex-tesoureiro João Vaccari Neto
e o ex-deputado Eduardo Cunha. Com a
saída de Moro e o fim da
substituição temporária por Gabriela
Hardt, a 13ª Vara Federal passou a ser comandada desde o início do mês pelo
juiz Luiz Antonio Bonat, que herdou
cerca de 1.700 procedimentos, de ações penais a inquéritos ainda em andamento.
Nada, porém, que possa fazer mais barulho e causar mais surpresa do que os
casos dos tempos áureos da operação. O frenesi daqueles tempos também está
longe de se repetir. As operações ostensivas, aquelas que antes ocorriam todas
as sextas, foram se tornando mais esparsas.
Os números obtidos pela força-tarefa do Paraná, ao longo
destes cinco anos, restam impressionantes. Ao todo, 2.476 procedimentos de
investigação foram instaurados e, em decorrência deles, houve 155 prisões
preventivas, 183 delações e a condenação de 155 pessoas a exatos 2.242 anos de
prisão. Hoje, o principal flanco de apurações está na Lava-Jato do Rio, que implodiu a quadrilha que saqueou o estado sob
o comando de Sérgio Cabral (já foram
realizadas cerca de 200 prisões em 30 operações) e ainda tem fôlego para novas
e importantes fases.
De acordo com Deltan
Dallagnol, a despeito do horizonte turvo, a operação precisa avançar. Ele
lembrou que, no próximo dia 10 de abril, a corte pode impor mais uma derrota à
investigação, ao julgar se réus condenados em segunda instância, como Lula, devem começar a cumprir pena
imediatamente. “Faremos todo o possível dentro da lei para seguir nosso
trabalho, mas receio que a janela de combate à corrupção que se abriu há 5 anos
tenha começado a se fechar. Está fora da esfera de atribuição de procuradores
de primeira instância mudar isso.” A conferir.