Entre todos os corruptos presos na Operação Lava-Jato, o ex-deputado Pedro Corrêa é, de longe, o que mais aproveitou o tempo ocioso para fazer amigos atrás das grades.
Político à moda antiga, expoente de uma família rica e tradicional do Nordeste, Corrêa, conhecido pelo jeito bonachão, conseguiu o impressionante feito de arrancar gargalhadas do sempre sisudo juiz Sergio Moro quando, em uma audiência, se disse um especialista na arte de comprar votos. Falou de maneira tão espontânea que ninguém resistiu.

Confessar crimes é algo que Correa ―  o primeiro político a se apresentar ao Ministério Público para contar o que sabe em troca de redução de pena ― vem fazendo desde que começou a negociar um acordo de delação premiada, há quase um ano. Durante esse tempo, ele prestou centenas de depoimentos. Deu detalhes da primeira vez que embolsou propina por contratos no extinto INAMPS, na década de 70, até ser preso e condenado a vinte anos e sete meses de prisão por envolvimento no petrolão, em 2015; admitiu ter recebido dinheiro desviado de quase vinte órgãos do governo, de bancos a ministérios, de estatais a agências reguladoras, num inventário de quase quarenta anos de corrupção.

VEJA teve acesso aos 72 anexos de sua delação, que resultam num calhamaço de 132 páginas. Ali está resumido o relato do médico pernambucano que usou a política para construir fama e fortuna. Com sete mandatos de deputado federal, Corrêa detalha esquemas de corrupção que remontam aos governos militares e à breve gestão de Fernando Collor, passando por FHC, até chegar à era petista. Ele aponta como beneficiários de propina senadores, deputados, governadores, ex-governadores, ministros e ex-ministros dos mais variados partidos e até integrantes do Tribunal de Contas da União.

Além de novos personagens, Corrêa revela os métodos. Conta como era discutida a partilha de cargos no governo Lula e, com a mesma simplicidade com que confessa ter comprado votos, narra episódios, conversas e combinações sobre pagamentos de propina dentro do Palácio do Planalto, detalha como Lula gerenciou pessoalmente o esquema de corrupção da Petrobras ― da indicação dos diretores corruptos da estatal à divisão do dinheiro desviado entre os políticos e os partidos ― e descreve situações em que o petralha tratou com os caciques do PP sobre a farra nos contratos da Diretoria de Abastecimento da Petrobras, comandada por Paulo Roberto Costa, o Paulinho.

Uma das passagens mais emblemáticas, segundo o delator, se deu quando parlamentares do PP se rebelaram contra o avanço do PMDB nos contratos da diretoria de Paulinho. Um grupo foi ao Palácio do Planalto reclamar da “invasão”, e Lula, de acordo com Corrêa, passou uma descompostura nos deputados dizendo que eles “estavam com as burras cheias de dinheiro” e que a diretoria era “muito grande” e tinha de “atender a outros aliados, pois o orçamento” era “muito grande” e a diretoria era “capaz de atender todo mundo”. Os caciques pepistas só se conformaram quando o “chefe” garantiu que a maior parte das comissões seria do PP, dono da indicação do Paulinho.

Se Corrêa estiver dizendo a verdade, seu testemunho é o mais contundente até aqui sobre a participação direta do sumo sacerdote da Petelândia no propinoduto da Petrobras. Todavia, para a militância asina, Lula é, realmente, a “alma viva mais honesta desse país.

Para concluir, faço aqui um aparte: A VERDADE POSSUI TRÊS ESTÁGIOS: NO PRIMEIRO, ELA É RIDICULARIZADA, NO SEGUNDO, REJEITADA COM VIOLÊNCIA, E NO TERCEIRO, ACEITA COMO SENDO EVIDENTE POR SI MESMA. Pena que a capacidade limitada de raciocínio dos petistas não lhes permita chegar ao terceiro estágio. Felizmente, burrice não dói. Se doesse, os urros desses apedeutas seriam ainda mais insuportáveis do que as asnices que eles não se se cansam de zurrar.

(Clique aqui para acessar o texto de Reinaldo Azevedo que deu origem a esta postagem e leia a íntegra da matéria na edição de Veja desta semana).

Bom domingo a todos.