UM BATE-PAPO INFORMAL SOBRE INFORMÁTICA, POLÍTICA E OUTROS ASSUNTOS.
quinta-feira, 23 de abril de 2020
AINDA SOBRE AS ASNICES PALACIANAS E SUAS REPERCUSSÕES
terça-feira, 22 de junho de 2021
ACREDITE... SE PUDER
De acordo com o Estadão, a TV Brasil — a “emissora traço” que Bolsonaro prometeu extinguir durante a campanha — planeja incluir na sua grade de programação um telejornal que irá exibir apenas “boas notícias”. O Antagonista atribuiu a paternidade dessa ideia extraordinária ao “ministro da Propaganda” Fábio Faria, que negou ter participado da reunião e acusou o Estadão de propagar fake news (de fake news os bolsonaristas entendem).
Na última terça-feira, em cerimônia no Palácio do Planalto, Fábio
Faria defendeu o uso da TV pública para combater “narrativas erradas”.
“Que a verdade possa chegar onde o povo quer ouvir. A gente,
infelizmente, muitas vezes, é obrigado a ficar combatendo fake news, perdendo
tempo, deixando de trabalhar, deixando de fazer os nossos deveres aqui para
desmistificar as notícias enganosas. Vamos levar a verdadeira comunicação para
o restante do País”, disse o genro do Homem do Baú.
Resumo da ópera: enquanto o número de vítimas fatais da Covid ultrapassa meio milhão, os luminares palacianos querem levar ao telespectador fatos “leves” sobres saúde, comportamento e entretenimento. O nome do folhetim já está definido — “Bom de Ver”. As gravações do piloto já foram feitas, embora a data da estreia ainda não tenha sido definida.
Bolsonaro e sua trupe são críticos da cobertura da
imprensa sobre a pandemia e defendem um noticiário que se concentre no número
de curados. Mortes pela doença, inflação, desemprego, aumento da pobreza, nada
disso é pauta. O general-chefe da Casa Civil costuma reclamar que “só tem
caixão” na TV, interpretando à sua maneira o papel daquele que mata o
mensageiro portador de más notícias.
Observação: Em 1707, quando voltava triunfante
para a Grã-Bretanha após derrotar os franceses no Mediterrâneo, a frota
comandada pelo almirante britânico Clowdisley Shovell adentrou denso
nevoeiro. O imediato garantiu que estavam numa rota segura rumo à Península
Britânica, mas outro marujo disse que, segundo seus cálculos, eles estavam em
rota de colisão com um arquipélago de 150 minúsculas ilhas a sudoeste da
Inglaterra. Shovell não só rejeitou a informação do marinheiro como
mandou enforcá-lo. Resultado: os navios se espatifaram nas ilhas encobertas
pelo nevoeiro e cerca de dois mil homens se afogaram.
A divulgação de fake news — prática contra a qual o
ministro das Comunicações ora se insurge — tem sido o norte, o sul, o leste e o
oeste deste espúrio desgoverno. O próprio presidente teve vídeos retirados do
ar pelo Facebook e pelo Google sob a alegação de que propagava
informações falsas ou sem comprovação — e por conta disso o governo prepara um
decreto para limitar a atuação das redes sociais no Brasil.
No STF, um inquérito investiga a disseminação de fake
news por parte da récua bolsonarista. No Congresso, uma CPI apurara
a participação de nomes ligados ao Palácio do Planalto na produção desse tipo
de conteúdo. Na última terça-feira, a Associação Brasileira de Imprensa
pediu ao MPF que investigue o uso do canal público para divulgação
pessoal do presidente — o motivo foi a transmissão de um culto religioso que
teve a participação do Messias que não faz milagres.
O plano de investir na TV pública como um contraponto ao
noticiário da pandemia contraria a promessa de campanha de Bolsonaro de
privatizar a “emissora traço” (*), passando a EBC para a iniciativa
privada. A estatal chegou a ser incluída no Programa de Parcerias de
Investimentos, mas a ideia nunca saiu do papel.
Mudando da emissora traço (*) para a CNN Brasil,
o jornalista Rafael Colombo pediu para deixar o quadro “Liberdade
de Opinião” após atritos com o comentarista Alexandre
Garcia. Segundo a Folha, o apresentador, que já havia tido
divergências de opinião ao vivo com Garcia, pedira
para não interagir mais com o bolsonarista, mas foi convencido a ficar.
A gota d’água foi a divulgação da notícia de que Garcia
lucrou com fake news sobre a pandemia. A CNN Brasil informou
que a saída de Colombo do programa é “uma das novidades
programadas pela emissora” e que “em breve,
divulgará mais informações”.
(*) Em fevereiro, de acordo com o relatório nacional da Kantar Ibope Media,
a TV Brasil registrou 0,17 ponto de audiência na faixa das 6h às 5h59.
Não contente em ficar (bem) atrás de Globo, Record, SBT, Band
e RedeTV!, a deficitária rede estatal conseguiu perder para Viva
(0,25), Multishow (0,2), SporTV (0,18), Discovery Kids
(0,18) e Cartoon Network (0,18). Com a exibição da tal novela
bíblica, a emissora registrou picos
históricos de audiência (para quem beira o traço desde sua
fundação, em 2007). O site da EBC festeja “patamar
recorde de audiência em São Paulo”.
Duas pesquisas recentes mostram que a impopularidade de Bolsonaro
se consolidou: o levantamento feito pela Exame/Ideia indica que 49%
dos entrevistados desaprovam o governo; na pesquisa XP/Ipespe, esse
índice foi um ponto percentual maior. Ambas mostram que a desaprovação
do governo vem crescendo de forma consistente e ininterrupta desde outubro do
ano passado, quando estava em 31%.
As razões são óbvias. Além dos mais de 500 mil mortos em
razão da pandemia, o que por si só deveria bastar para arruinar a imagem de
qualquer presidente, há uma aflitiva lentidão na vacinação, fruto da
incompetência criminosa do governo, como vem mostrando com clareza a CPI do Genocídio.
A pesquisa XP/Ipespe apurou que apenas 5% dos entrevistados dizem
que “com certeza” não vão se vacinar, enquanto 88% disseram que ou
já se vacinaram ou pretendem se vacinar. Esse é seguramente um dos aspectos
que minam a popularidade de Bolsonaro, mas decerto não é o único.
Outro tema sensível abordado na pesquisa XP/Ipespe
foi a corrupção, que Bolsonaro se jacta de ter liquidado em seu governo.
O levantamento mostra que, em novembro de 2018, após a vitória eleitoral de Bolsonaro,
56% dos entrevistados, confiando nas ruidosas promessas do presidente
eleito, esperavam que a corrupção fosse diminuir nos seis meses seguintes,
enquanto apenas 17% imaginavam que fosse aumentar. Já na mais recente
pesquisa, 46% disseram crer que a corrupção vai aumentar, enquanto
apenas 16% entendem que vai diminuir.
Isso significa que a percepção de corrupção no País cresceu
junto com a impopularidade do presidente, e não parece ser mera coincidência.
As inúmeras suspeitas envolvendo a primeira-família, de rachadinhas ao uso da
máquina pública para fins privados, contradizem frontalmente o discurso saneador
do capetão. Hoje, quem está com Bolsonaro corre o risco de ser visto
como corrupto.
Tal percepção é implacável, mesmo para os que têm boa imagem
nacional. A pesquisa XP/Ipespe mostra que as Forças Armadas — de
longe a instituição que inspira maior respeito entre os brasileiros — vêm
perdendo a confiança dos cidadãos desde que se permitiram envolver com um
governo tão nocivo para o País. O levantamento mostra que, em dezembro de 2018,
pouco antes da posse de Bolsonaro, 70% dos brasileiros diziam
confiar nas Forças Armadas; hoje, essa confiança caiu para 58%.
Se a má companhia bolsonarista prejudica uma instituição tão
respeitada, o estrago para os já desmoralizados partidos e políticos que dão
sustentação ao pior governo da história é muito maior. E o preço desse apoio
será cada vez mais salgado: a pesquisa Exame/Ideia mostra que 52%
dos entrevistados concordam com a realização de manifestações contra o governo.
Coube a Bolsonaro o duvidoso mérito de demonstrar que
o atual sistema de governo não funciona. O perigo do desenho de um sistema que
opõe o vencedor de uma eleição plebiscitária (portanto, uma figura forte) a um
Parlamento fracionado e com baixa representatividade (o sistema proporcional de
voto brasileiro garante a desproporção) já vinha sendo apontado há anos. Nem
era preciso esperar a chegada de uma caricatura de homem de Estado como o atual
presidente.
Caricaturas às vezes ilustram um argumento, e a maneira como
Bolsonaro, em busca da reeleição, está negociando com uma agremiação
política de aluguel (das quais existem dezenas) serviu também para reiterar a
falência do sistema de partidos. A combinação do mau funcionamento de ambos —
sistema de governo e sistema político-partidário — é, ao mesmo tempo, causa e
consequência da profunda crise atual.
A amplitude da crise está levando elites pensantes no mundo
político, intelectual e empresarial à convicção de que as próximas eleições não
trarão uma solução, nem mesmo uma saída provisória — sequer com uma candidatura
viável de terceira via. Esse “não dá mais de jeito nenhum” é o grande
cenário de fundo para o que se discute no momento na Câmara em termos de
reforma política.
Desse cenário surgiu também a proposta do
semipresidencialismo, que vem da intersecção entre o mundo acadêmico do Direito
e o da política e envolve também ministros do STF. Na sua essência,
significa manter a atual figura do presidente da República como chefe de Estado
com a prerrogativa de nomear um primeiro-ministro (que não precisa ser
parlamentar nem eleito) que, por sua vez, teria de montar um gabinete de
ministros dependendo de maioria no Legislativo. O modelo é o que já existe na
França e em Portugal: sem maioria no Parlamento cai o governo chefiado pelo
primeiro-ministro, mas o presidente eleito diretamente permanece no posto.
A ideia do semipresidencialismo agora lançada em debate
público embute duas constatações realistas e uma forte dose de esperança. Ela
assume, corretamente, que nunca funcionará o atual sistema presidencialista
pelo qual o chefe do Executivo começa o governo buscando maioria no Legislativo
num sistema político-partidário fracionado e pouco representativo. E assume
ainda, corretamente, que a “cultura política” brasileira precisa da figura
forte do presidente (que continuaria chefe das Forças Armadas e da
diplomacia) e não comportaria um parlamentarismo puro.
A esperança é a de que a necessária redução do número de
partidos — elemento essencial em qualquer reforma política — se daria na medida
em que surgissem dois grandes blocos no Legislativo: o da “situação” e o da
“oposição”. Alteração como a introdução do voto distrital misto ajudaria, mas
não seria precondição para o semipresidencialismo.
A ideia em debate assume também, realisticamente, que não há
perspectiva de ampla reforma política com as atuais forças em jogo no
Legislativo e, de qualquer maneira, só valeria a partir de 2026. Mas não seria —
e aí há um involuntário componente de ironia política — tão radical diante do
que já acontece.
De fato, Bolsonaro divide a chefia de governo não com
um, mas com dois primeiros-ministros, os presidentes da Câmara e do Senado.
Já o Centrão pode ser descrito como uma “federação” de partidos de
situação com uma notável diferença em relação à proposta do
semipresidencialismo: no sistema de governo atual o presidente é seu refém. Ou
seja, no semipresidencialismo, Bolsonaro não precisaria ter medo de
impeachment. Sem embargo dos defeitos ou vantagens desse tipo de ideia, o
principal mérito político no momento está em forçar um debate para além dos
sistemas de governo e político-partidário atuais, dentro dos quais não se
vislumbra saída para a crise permanente.
Para muitos, a discussão em torno de normas futuras pode
parecer perda de tempo, utopia acadêmica ou impossibilidade política (ou a soma
disso tudo). Cabe então lembrar que só há duas resoluções de crises como a que
o Brasil enfrenta: a saída pela negociação, compromisso e algum tipo de
consenso, ou a saída pelo conflito. Bolsonaro aposta no conflito
O assassinato em público da Lava-Jato, a maior e mais
bem sucedida operação de combate à corrupção jamais vista na história da
justiça penal brasileira, é o pior crime contra o respeito às leis, o regime
democrático e as instituições que está sendo cometido no Brasil dos nossos
dias. O STF, os chefes da vida política e as elites, com a participação
ativa da esquerda e o apoio da mídia, escandalizam-se todos os dias contra os “atos
antidemocráticos”, os riscos de “ditadura” e todos os demais
fantasmas do gênero; fazem até processos e jogam gente na cadeia por conta
disso. Mas não dizem uma sílaba diante da licença praticamente oficial para
roubar o erário público que foi dada pelo próprio STF e as camadas
seguintes do Judiciário.
É isso, em português claro, que resultou da liquidação da Lava-Jato.
E isso — a decisão superior da justiça estabelecendo que as leis não valem para
os casos de corrupção — é a própria negação da ideia de democracia. Não
existe Estado de Direito onde o crime seja aceito, aprovado e incentivado,
como acontece hoje no Brasil por determinação da própria Justiça. E fim de
conversa.
Foi uma ilusão, ou um momento de estupidez, achar que a
decisão do STF que anulou todas as ações penais contra Lula — e
sua condenação em três instâncias pelos crimes de corrupção e lavagem de
dinheiro — iria parar nele. Como na história da árvore envenenada, que só pode
produzir frutos venenosos, o presente dado ao ex-presidente, ex-presidiário e
agora “ex-corrupto” contaminou imediatamente os processos de ladroagem que
existem debaixo dele. Resultado: condenações obtidas com base em provas
materiais, confissões dos criminosos, delações de comparsas e outros elementos
óbvios de culpa, estão sendo anulados para se adaptarem à decisão do STF
que desobrigou Lula de pagar pelos delitos que cometeu, segundo a
Justiça brasileira.
O STJ — e o resto do mecanismo Judiciário que se
pendura embaixo do STF — acaba de dar ao País um exemplo perfeito deste
processo de degeneração. Em setembro último, antes da supressão da Lava-Jato
pela ação combinada dos ministros Edson Fachin e Gilmar Mendes,
executivos da empreiteira de obras Queiroz Galvão foram condenados na 13ª
Vara Federal de Curitiba por corrupção, lavagem de dinheiro, cartel, fraude
e organização criminosa, no assalto em massa contra a Petrobras. Não houve como
escapar: a empresa tinha dado mais de R$ 5 milhões a políticos nomeados pelo
doleiro Alberto Youssef, figura central da Lava-Jato. Mas a
exemplo de Lula, que teve seus processos anulados porque o STF
decidiu que ele tinha sido julgado no lugar errado — Curitiba, em vez de São
Paulo, segundo descobriu o ministro Fachin — a Queiroz Galvão se
safou porque o STJ decidiu que seu caso deveria ser julgado na Justiça
Eleitoral, e não na Justiça Penal de Curitiba. Pronto: zera tudo.
É óbvio que continuará havendo histórias assim. A mensagem não poderia ser mais clara: seja lá qual for o governo, ou quem estiver na Presidência da República, contrate um time de advogados caros, separe uns bons milhões para os honorários (e outras despesas) e roube à vontade. Não tem a menor importância o fato de existir uma montanha de provas contra o ladrão. É só dizer à Justiça, depois da condenação, que você deveria ter sido processado na vara “A”, em vez da vara “B”, e correr para o abraço.
O melhor
de tudo é que os militantes das instituições democráticas não acham
absolutamente nada de errado com isso.
Com Willian Waak e J.R. Guzzo
quinta-feira, 12 de setembro de 2024
BASTA DE FAKE NEWS
Adubada pela popularização das redes sociais a polarização semeada por Lula com seu "nós contra eles" transformou as campanhas políticas num campo mais fértil para o joio das fake news do que para o trigo dos debates — debates esses que eram mais ou menos civilizados quando os tucanos, e não os trogloditas, eram os adversários de turno do PT e seus satélites.
O uso de fake news, perfis-robô, junk news e outros mecanismos não é uma exclusividade da política tupiniquim —entre outras coisas, essa prática ensejou o desembarque do Reino Unido da União Européia e levou Trump à presidência dos EUA em 2106 (o Facebook admitiu que a Internet Research Agency comprou mais de US$ 100 mil em anúncios políticos na plataforma durante a campanha eleitoral).
Bauru, Piracicaba e outros municípios do interior enfrentam racionamentos há mais de três meses, e os focos de incêndio registrados em todo o estado continuam aumentado. Para piorar o que já é ruim, a seca na represa Guarapiranga (que abastece boa parte da zona sul da capital) tem contribuído para aumentar a poluição da água e do ambiente ao redor do reservatório.
Capitaneado pelo bolsonarista Tarcísio de Freitas, o governo do estado iniciou a perfuração de poços artesianos e retomou as obras de reservatórios próximos a Campinas como forma de minimizar os efeitos da falta de chuva. Se ainda se ouve falar em "rodízio" e "racionamento", é porque isso não orna com eleições, mas a conscientização da população e uma "mãozinha" de São Pedro são cruciais para o restabelecimento dos níveis dos reservatórios.
Quem for pedir ajuda ao santo deve frisar que a precipitação deve ser significativa, ocorrer por um período prolongado e se concentrar nas bacias hidrográficas que alimentam os reservatórios. As célebres "tempestades de verão" servem apenas para aumentar o caos na sempre caótica Sampa, mas mais caótica ainda em meio a uma eleitoral travada por aspirantes a alcaide que não reúnem condições sequer para dirigir um carrinho de pipoca.
Disse alguém mais sábio que "só existem 'influencers' porque existem 'idioters'", mas mesmo que não fazem integra a confraria de anencéfalos que endeusam políticos corruptos e têm bandidos de estimação corre o risco de "levar gato por lebre" se não puser as barbichas de molho.
O E-Farsas é o site de checagem de fatos mais antigo do Brasil (para checar um tema específico, encaminhe o pedido através da aba "Contato"), mas a Agência Lupa, ligada à Folha de S.Paulo, também é pioneira nesse ramo. Para entrar em contato, basta mandar uma mensagem no Facebook que o bot irá avaliar se as informações são verdadeiras ou falsas.
O Boatos.org vem desmentindo boatos sobre doenças raras, notícias de morte de pessoas públicas, tentativas de golpes ou outros tipos de fake news desde 2013. Para sugerir a checagem de uma notícia, envie uma mensagem pelo site ou pelo Facebook; se preferir usar o WhatsApp, o telefone é 61 99275-5610.
O detector de fake news do FakeCheck consegue analisar um texto de pelo menos 100 palavras usando usando Processamento de Linguagem Natural e Aprendizado de Máquina. Para enviar o material pelo WhatsApp, o número é 16 98112-8986.
sexta-feira, 19 de junho de 2020
O INQUÉRITO DAS FAKE NEWS, O QUEIROZ QUE NÃO É XAROPE E O ADEUS DO MILITANTE CASCA GROSSA
Na interpretação do conspícuo magistrado, se o artigo dispõe que, em caso de “infração à lei penal na sede ou dependência do tribunal” o presidente pode instaurar inquérito e designar um relator, os ataques aos ministros e ameaças em meios digitais validam sua decisão, uma vez que membros do STF são ministros “em qualquer hora e em qualquer lugar”.
quarta-feira, 4 de março de 2020
AINDA SOBRE FAKE NEWS E CIBERATAQUES
segunda-feira, 6 de agosto de 2018
FAKE NEWS E OUTRAS COISAS QUE VOCÊ DEVE EVITAR
Erros ortográfico-gramaticais podem denunciar armadilhas digitais, mas são bastante comuns em emails, postagens em blogs, redes sociais e por aí afora. O corretor ortográfico de processadores de texto, clientes de email e navegadores de Internet pode ser uma mão na roda, ainda que costume produzir o efeito oposto ao desejado, por fazer correções inadequadas (falamos sobre isso na sequência de postagens iniciada por esta aqui), de modo que nada substitui uma revisão minuciosa do texto pelo próprio autor.
terça-feira, 23 de outubro de 2018
O DESESPERO DO PT A 5 DIAS DO SEGUNDO TURNO
Não há provas que sustentem o pedido do PT. O que se tem é uma matéria jornalística inconclusiva. A investigação aberta no TSE levará meses — senão anos — para ser concluída (basta lembrar que a ação por de abuso de poder econômico movida pelos tucanos contra a chapa Dilma/Temer em 2014 levou 3 anos para ser julgada). Ademais, a denúncia contra Bolsonaro é de que a distribuição em massa de fake news seria disparada na última semana da campanha, o que agora dificilmente aconteceria, mesmo que a acusação fosse verdadeira.
Observação: Criar narrativas de vitimização é uma especialidade petista que Haddad assimilou rapidamente: mesmo sendo réu por improbidade administrativa e alvo de mais de 30 inquéritos, ele fala como se fosse a Madre Teresa e seu adversário, o próprio Belzebu.
quinta-feira, 10 de junho de 2021
HOAX (FAKE NEWS) NO FACEBOOK
QUEM DÁ VOZ A BURROS DEVE SE PREPARAR PARA OS ZURROS
Numa sexta-feira qualquer, enquanto a última badalada do meio-dia reverbera e você se para gastar os poucos trocados que lhe restam num sanduba gorduroso do sujinho defronte ao escritório, seu smartphone acusa a chegada de uma nova mensagem.
Curioso, você abre o aplicativo e se dá conta
de que Ayman al-Zawahiri (sucessor do finado Osama Bin Laden no
comando da Al Qaeda) finalmente se lembrou do Brasil: dois 747s
carregados com explosivos acabaram de colidir com o Congresso Nacional,
ceifando de maneira chocante (literalmente) a carreira de centenas parlamentares
corruptos e ímprobos.
Estarrecido com a notícia, mas antevendo a possibilidade de o governo decretar feriado nacional pelos próximos três dias, você cogita desistir do lanche e investir os trocados num par de rojões de cinco tiros — afinal, acontecimentos dessa natureza devem ser comemorados em grande estilo. Eis senão quando cai a ficha: às sextas-feiras o Congresso costuma estar mais vazio que a sua carteira.
Conteúdo dessa natureza era chamado de “hoax” até algum tempo atrás. Hoje, chama-se “fake news”. O termo hoax é (ou era) usado para designar falsos alertas divulgados via email, aplicativo mensageiro, redes sociais, etc., geralmente em tom alarmista e não raro “avalizado” por órgãos públicos ou empresas renomadas. Esses “avisos” concitavam os destinatários a adotar com urgência “medidas corretivas” ou seguir links supostamente capazes de neutralizar a ameaça, e terminavam invariavelmente recomendando repassar a mensagem para o maior número possível de pessoas.
Um exemplo antigo — mas que ilustra adequadamente esta
abordagem — é o hoax do “Vírus do Ursinho” (jbdgmgr.exe). A mensagem alertava
para um poderoso vírus que as ferramentas de segurança não eram capazes de barrar,
e que ficava latente por 14 dias, daí a importância de o destinatário localizá-lo e eliminar o quanto antes. Quem seguia as instruções e deletava o
arquivo que tinha como ícone a figura de um ursinho removia na verdade um
componente legítimo do Windows (e induzia seus contatos a cair na mesma
infração).
Feita esta breve contextualização, repito aqui o que já
publiquei no Facebook na forma de resposta a postagens que algumas pessoas vêm compartilhando, que na verdade é um hoax (ou fake news). O texto afirma que o a plataforma limita
a visualização das postagens a 25 pessoas, e que “colar a mensagem” num post e republicá-la resultará numa crescimento astronômico do número de visualizações
do feed do usuário.
Essa tese da limitação — que já foi utilizada em outras mensagens falsas (como a de que o Instagram limitou o alcance para 7% dos amigos) — foi negada pelo próprio Facebook quando a versão original (em inglês) do boato começou a circular na rede. De acordo com o CNET, o Face reforçou que o feed de notícias é definido pela relevância dos posts para as pessoas e não há limite para 25 pessoas. A matéria aponta que a balela surgiu após o anúncio de que a plataforma faria com que posts de amigos ganhassem mais força do que posts de páginas.
A tese de que “copiar e colar” a mensagem produziria
mais visualizações também é falsa. Primeiro, porque mensagens como essa não têm
muito peso em redes sociais (algumas são até classificadas como spam). Segundo,
porque não se configura o feed de notícias “postando uma mensagem padrão”,
mas sim clicando nos “três pontinhos” ao lado do nome feed de notícias e
depois em “editar preferências”.
Essa conversa fiada de que só 25 amigos vão publicar na sua timeline é mera cantilena para dormitar bovinos — para não dizer “coisa de quem não tem o que fazer”. Seu feed no Face é definido pela relevância dos assuntos e não tem limite de pessoas para isso. E igualmente inócua é a sugestão de colar o texto e republicá-lo para “quebrar o feitiço”.
Tudo somado e subtraído, essa mensagem não passa de mais um hoax que circula na rede social.