Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta fake news. Ordenar por data Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta fake news. Ordenar por data Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 23 de abril de 2020

AINDA SOBRE AS ASNICES PALACIANAS E SUAS REPERCUSSÕES



Para não castigar o leitor com textos ainda mais longos que os de costume, vou dedicar o post de hoje a mais algumas considerações sobre a penúltima estultice bolsonariana e deixar para o próximo a continuação da novela sobre a renúncia de Jânio e as sumidades que presidiram esta banânia desde o fim da ditadura militar.

Como vimos, a manifestação popular do último domingo foi considerada antidemocrática (na medida em que defendia o fechamento do Congresso e do Supremo e a volta da ditadura e do AI-5) e provocou uma saraivada de críticas, tanto da alta cúpula do Legislativo e do Judiciário quanto de entidades como OAB, AMB, Ajufe e congêneres. Isso porque o que poderia ser classificado como mais um protesto sem relevância (como tantos outros) foi amplificado pela participação do presidente e seu discurso em apoio aos manifestantes.

Bolsonaro tentou dar ares de apoio dos militares à sua presença na manifestação — mas o Forte Apache (como é conhecido o QG do Exército) ficou incomodado por ter sido escolhido como moldura de uma ação política. O capitão convidou os generais ministros da defesa (Fernando Azevedo e Silva) e da Secretaria de Governo, (Luiz Eduardo Ramos) para acompanha-lo à efeméride, mas ambos declinaram do convite por considerarem que sua presença passaria a impressão de que o Exército avalizava a manifestação.

Pelo fato de Bolsonaro ser político, os generais consideram que ele tem o direito de participar de manifestações políticas, mas, diante da repercussão negativa desta última (ou penúltima, que outras certamente virão), eles acharam que convalidar as reivindicações antidemocráticas dos manifestantes foi um (ou mais um) tiro no pé.

O presidente baixou a bola e moderou o tom já na segunda-feira, depois de receber um puxão de orelha do núcleo militar do governo. Em reunião na noite do domingo, os ministros-generais combinaram o que ele deveria dizer no dia seguinte para desfazer o clima político tenso (a frase “Já estou no poder, por que daria um golpe?” lhe foi sugerida nessa reunião).

Por meio de nota, o Ministério da Defesa declarou que as Forças Armadas obedecem à Constituição, e o procurador-geral Augusto Aras pediu a abertura de inquérito no STF para apurar responsabilidades, mas por alguma razão não incluiu Bolsonaro entre os alvos da investigação. Ou ele ainda não se deu conta de que deve obrigações não ao presidente que o indicou para o cargo, mas à Constituição e ao brasileiro que lhe paga o salário, ou sua intenção foi cacifar-se à vaga do Supremo que se abre em novembro com a aposentadoria do decano Celso de Mello.

Josias de Souza diz em sua coluna que esse inquérito está eivado de ironias, sendo a primeira delas o uso de ferramenta da ditadura — a Lei de Segurança Nacional — para processar pessoas que pedem a volta do regime militar, e a segunda o fato de as manifestações terem sido magnificadas por um presidente que sustenta que não houve ditadura no Brasil. E deixa no ar duas perguntas:

1) Por que manter o inquérito sob sigilo se o suposto envolvimento de parlamentares é mais uma razão para submeter a apuração à luz do Sol?

2) Por que Bolsonaro foi excluído do rol de investigados, a pretexto de ter “apenas participado do ato”, quando foi justamente sua participação que agregou relevância ao episódio?

Também não ficou claro como o pedido da PGR foi parar na mesa do ministro-relator de outro inquérito secreto — o das fake news, aberto em março do ano passado para apurar supostas notícias falsas contra o Supremo e ataques aos seus ministros por iniciativa do presidente da Corte, Dias Toffoli. Se a investigação que excluiu Bolsonaro for acoplada a esse inquérito, ficará demonstrado que as coisas nem sempre são tão ruins quanto parecem — elas podem ser muito piores.

Merval Pereira comenta que a piada do dia entre os parlamentares é que os sorteios no STF estão sendo feitos “pela mão de Deus”, como o gol do Maradona. O pedido de Aras caiu para o ministro Alexandre, relator do inquérito das fake news, e o do deputado Eduardo Bolsonaro (para impedir a prorrogação da CPI das Fake News no Congresso), no colo de Gilmar Mendes, um dos mais ferrenhos combatentes das fake news, e que tem assumido publicamente posições vigorosas contra as reivindicações ilegais de intervenção militar — a tal ponto que retuitou uma declaração do colega (mas não exatamente amigo) Luís Roberto Barroso, repudiando os que pedem a volta do AI-5 e da ditadura militar.

Ainda segundo Merval, basta um parlamentar ou associação da sociedade civil requisitar a inclusão de Bolsonaro no inquérito para que o pedido seja encaminhado pelo STF à PGR, criando um constrangimento que possivelmente impedirá sua não aceitação. 

O inquérito das fake news já tinha uma relação de 10 a 12 deputados bolsonaristas e outros tantos empresários que tiveram o sigilo quebrado, e a PF estava prestes a fazer busca e apreensão em seus endereços quando veio a quarentena. Com o novo inquérito, ficará mais difícil brecar a investigação, que já teria identificado o “gabinete do ódio” como sendo a origem das fake news, e não é nada difícil que surja indícios de ligação desse grupo, coordenado pelo pitbull zero dois, à organização dessas manifestações ilegais.

Aras conversou com Alexandre de Moraes e deve receber um relatório sobre as investigações das fake news no início da próxima semana. Originalmente, elas são sobre o STF, mas há indícios de que tudo esteja interligado, e a PF deve escalar para o caso os mesmos policiais que já estão trabalhando no inquérito das fake news, para dar mais agilidade às investigações. 

Vamos continuar acompanhado para saber que bicho vai dar.

terça-feira, 22 de junho de 2021

ACREDITE... SE PUDER


De acordo com o Estadão, a TV Brasil — a “emissora traço” que Bolsonaro prometeu extinguir durante a campanha — planeja incluir na sua grade de programação um telejornal que irá exibir apenas “boas notícias. O Antagonista atribuiu a paternidade dessa ideia extraordinária ao “ministro da Propaganda” Fábio Faria, que negou ter participado da reunião e acusou o Estadão de propagar fake news (de fake news os bolsonaristas entendem).

Na última terça-feira, em cerimônia no Palácio do Planalto, Fábio Faria defendeu o uso da TV pública para combater “narrativas erradas”. “Que a verdade possa chegar onde o povo quer ouvir. A gente, infelizmente, muitas vezes, é obrigado a ficar combatendo fake news, perdendo tempo, deixando de trabalhar, deixando de fazer os nossos deveres aqui para desmistificar as notícias enganosas. Vamos levar a verdadeira comunicação para o restante do País”, disse o genro do Homem do Baú.  

Resumo da ópera: enquanto o número de vítimas fatais da Covid ultrapassa meio milhão, os luminares palacianos querem levar ao telespectador fatos “leves” sobres saúde, comportamento e entretenimento. O nome do folhetim já está definido — “Bom de Ver”. As gravações do piloto já foram feitas, embora a data da estreia ainda não tenha sido definida.

Bolsonaro e sua trupe são críticos da cobertura da imprensa sobre a pandemia e defendem um noticiário que se concentre no número de curados. Mortes pela doença, inflação, desemprego, aumento da pobreza, nada disso é pauta. O general-chefe da Casa Civil costuma reclamar que “só tem caixão” na TV, interpretando à sua maneira o papel daquele que mata o mensageiro portador de más notícias.

Observação: Em 1707, quando voltava triunfante para a Grã-Bretanha após derrotar os franceses no Mediterrâneo, a frota comandada pelo almirante britânico Clowdisley Shovell adentrou denso nevoeiro. O imediato garantiu que estavam numa rota segura rumo à Península Britânica, mas outro marujo disse que, segundo seus cálculos, eles estavam em rota de colisão com um arquipélago de 150 minúsculas ilhas a sudoeste da Inglaterra. Shovell não só rejeitou a informação do marinheiro como mandou enforcá-lo. Resultado: os navios se espatifaram nas ilhas encobertas pelo nevoeiro e cerca de dois mil homens se afogaram.

A divulgação de fake news — prática contra a qual o ministro das Comunicações ora se insurge — tem sido o norte, o sul, o leste e o oeste deste espúrio desgoverno. O próprio presidente teve vídeos retirados do ar pelo Facebook e pelo Google sob a alegação de que propagava informações falsas ou sem comprovação — e por conta disso o governo prepara um decreto para limitar a atuação das redes sociais no Brasil.

No STF, um inquérito investiga a disseminação de fake news por parte da récua bolsonarista. No Congresso, uma CPI apurara a participação de nomes ligados ao Palácio do Planalto na produção desse tipo de conteúdo. Na última terça-feira, a Associação Brasileira de Imprensa pediu ao MPF que investigue o uso do canal público para divulgação pessoal do presidente — o motivo foi a transmissão de um culto religioso que teve a participação do Messias que não faz milagres.

O plano de investir na TV pública como um contraponto ao noticiário da pandemia contraria a promessa de campanha de Bolsonaro de privatizar a “emissora traço” (*), passando a EBC para a iniciativa privada. A estatal chegou a ser incluída no Programa de Parcerias de Investimentos, mas a ideia nunca saiu do papel.

Mudando da emissora traço (*) para a CNN Brasil, o jornalista Rafael Colombo pediu para deixar o quadro “Liberdade de Opinião  após atritos com o comentarista Alexandre Garcia. Segundo a Folha, o apresentador, que já havia tido divergências de opinião ao vivo com Garcia, pedira para não interagir mais com o bolsonarista, mas foi convencido a ficar. A gota d’água foi a divulgação da notícia de que Garcia lucrou com fake news sobre a pandemia. A CNN Brasil informou que a saída de Colombo do programa é “uma das novidades programadas pela emissora e que em breve, divulgará mais informações”.

(*) Em fevereiro, de acordo com o relatório nacional da Kantar Ibope Media, a TV Brasil registrou 0,17 ponto de audiência na faixa das 6h às 5h59. Não contente em ficar (bem) atrás de Globo, Record, SBT, Band e RedeTV!, a deficitária rede estatal conseguiu perder para Viva (0,25), Multishow (0,2), SporTV (0,18), Discovery Kids (0,18) e Cartoon Network (0,18). Com a exibição da tal novela bíblica, a emissora registrou picos históricos de audiência (para quem beira o traço desde sua fundação, em 2007). O site da EBC festeja “patamar recorde de audiência em São Paulo”.

Duas pesquisas recentes mostram que a impopularidade de Bolsonaro se consolidou: o levantamento feito pela Exame/Ideia indica que 49% dos entrevistados desaprovam o governo; na pesquisa XP/Ipespe, esse índice foi um ponto percentual maior. Ambas mostram que a desaprovação do governo vem crescendo de forma consistente e ininterrupta desde outubro do ano passado, quando estava em 31%.

As razões são óbvias. Além dos mais de 500 mil mortos em razão da pandemia, o que por si só deveria bastar para arruinar a imagem de qualquer presidente, há uma aflitiva lentidão na vacinação, fruto da incompetência criminosa do governo, como vem mostrando com clareza a CPI do Genocídio. A pesquisa XP/Ipespe apurou que apenas 5% dos entrevistados dizem que “com certeza” não vão se vacinar, enquanto 88% disseram que ou já se vacinaram ou pretendem se vacinar. Esse é seguramente um dos aspectos que minam a popularidade de Bolsonaro, mas decerto não é o único.

Outro tema sensível abordado na pesquisa XP/Ipespe foi a corrupção, que Bolsonaro se jacta de ter liquidado em seu governo. O levantamento mostra que, em novembro de 2018, após a vitória eleitoral de Bolsonaro, 56% dos entrevistados, confiando nas ruidosas promessas do presidente eleito, esperavam que a corrupção fosse diminuir nos seis meses seguintes, enquanto apenas 17% imaginavam que fosse aumentar. Já na mais recente pesquisa, 46% disseram crer que a corrupção vai aumentar, enquanto apenas 16% entendem que vai diminuir.

Isso significa que a percepção de corrupção no País cresceu junto com a impopularidade do presidente, e não parece ser mera coincidência. As inúmeras suspeitas envolvendo a primeira-família, de rachadinhas ao uso da máquina pública para fins privados, contradizem frontalmente o discurso saneador do capetão. Hoje, quem está com Bolsonaro corre o risco de ser visto como corrupto.

Tal percepção é implacável, mesmo para os que têm boa imagem nacional. A pesquisa XP/Ipespe mostra que as Forças Armadas — de longe a instituição que inspira maior respeito entre os brasileiros — vêm perdendo a confiança dos cidadãos desde que se permitiram envolver com um governo tão nocivo para o País. O levantamento mostra que, em dezembro de 2018, pouco antes da posse de Bolsonaro, 70% dos brasileiros diziam confiar nas Forças Armadas; hoje, essa confiança caiu para 58%.

Se a má companhia bolsonarista prejudica uma instituição tão respeitada, o estrago para os já desmoralizados partidos e políticos que dão sustentação ao pior governo da história é muito maior. E o preço desse apoio será cada vez mais salgado: a pesquisa Exame/Ideia mostra que 52% dos entrevistados concordam com a realização de manifestações contra o governo.

Coube a Bolsonaro o duvidoso mérito de demonstrar que o atual sistema de governo não funciona. O perigo do desenho de um sistema que opõe o vencedor de uma eleição plebiscitária (portanto, uma figura forte) a um Parlamento fracionado e com baixa representatividade (o sistema proporcional de voto brasileiro garante a desproporção) já vinha sendo apontado há anos. Nem era preciso esperar a chegada de uma caricatura de homem de Estado como o atual presidente.

Caricaturas às vezes ilustram um argumento, e a maneira como Bolsonaro, em busca da reeleição, está negociando com uma agremiação política de aluguel (das quais existem dezenas) serviu também para reiterar a falência do sistema de partidos. A combinação do mau funcionamento de ambos — sistema de governo e sistema político-partidário — é, ao mesmo tempo, causa e consequência da profunda crise atual.

A amplitude da crise está levando elites pensantes no mundo político, intelectual e empresarial à convicção de que as próximas eleições não trarão uma solução, nem mesmo uma saída provisória — sequer com uma candidatura viável de terceira via. Esse “não dá mais de jeito nenhum” é o grande cenário de fundo para o que se discute no momento na Câmara em termos de reforma política.

Desse cenário surgiu também a proposta do semipresidencialismo, que vem da intersecção entre o mundo acadêmico do Direito e o da política e envolve também ministros do STF. Na sua essência, significa manter a atual figura do presidente da República como chefe de Estado com a prerrogativa de nomear um primeiro-ministro (que não precisa ser parlamentar nem eleito) que, por sua vez, teria de montar um gabinete de ministros dependendo de maioria no Legislativo. O modelo é o que já existe na França e em Portugal: sem maioria no Parlamento cai o governo chefiado pelo primeiro-ministro, mas o presidente eleito diretamente permanece no posto.

A ideia do semipresidencialismo agora lançada em debate público embute duas constatações realistas e uma forte dose de esperança. Ela assume, corretamente, que nunca funcionará o atual sistema presidencialista pelo qual o chefe do Executivo começa o governo buscando maioria no Legislativo num sistema político-partidário fracionado e pouco representativo. E assume ainda, corretamente, que a “cultura política” brasileira precisa da figura forte do presidente (que continuaria chefe das Forças Armadas e da diplomacia) e não comportaria um parlamentarismo puro.

A esperança é a de que a necessária redução do número de partidos — elemento essencial em qualquer reforma política — se daria na medida em que surgissem dois grandes blocos no Legislativo: o da “situação” e o da “oposição”. Alteração como a introdução do voto distrital misto ajudaria, mas não seria precondição para o semipresidencialismo.

A ideia em debate assume também, realisticamente, que não há perspectiva de ampla reforma política com as atuais forças em jogo no Legislativo e, de qualquer maneira, só valeria a partir de 2026. Mas não seria — e aí há um involuntário componente de ironia política — tão radical diante do que já acontece.

De fato, Bolsonaro divide a chefia de governo não com um, mas com dois primeiros-ministros, os presidentes da Câmara e do Senado. Já o Centrão pode ser descrito como uma “federação” de partidos de situação com uma notável diferença em relação à proposta do semipresidencialismo: no sistema de governo atual o presidente é seu refém. Ou seja, no semipresidencialismo, Bolsonaro não precisaria ter medo de impeachment. Sem embargo dos defeitos ou vantagens desse tipo de ideia, o principal mérito político no momento está em forçar um debate para além dos sistemas de governo e político-partidário atuais, dentro dos quais não se vislumbra saída para a crise permanente.

Para muitos, a discussão em torno de normas futuras pode parecer perda de tempo, utopia acadêmica ou impossibilidade política (ou a soma disso tudo). Cabe então lembrar que só há duas resoluções de crises como a que o Brasil enfrenta: a saída pela negociação, compromisso e algum tipo de consenso, ou a saída pelo conflito. Bolsonaro aposta no conflito

O assassinato em público da Lava-Jato, a maior e mais bem sucedida operação de combate à corrupção jamais vista na história da justiça penal brasileira, é o pior crime contra o respeito às leis, o regime democrático e as instituições que está sendo cometido no Brasil dos nossos dias. O STF, os chefes da vida política e as elites, com a participação ativa da esquerda e o apoio da mídia, escandalizam-se todos os dias contra os “atos antidemocráticos”, os riscos de “ditadura” e todos os demais fantasmas do gênero; fazem até processos e jogam gente na cadeia por conta disso. Mas não dizem uma sílaba diante da licença praticamente oficial para roubar o erário público que foi dada pelo próprio STF e as camadas seguintes do Judiciário.

É isso, em português claro, que resultou da liquidação da Lava-Jato. E isso — a decisão superior da justiça estabelecendo que as leis não valem para os casos de corrupção — é a própria negação da ideia de democracia. Não existe Estado de Direito onde o crime seja aceito, aprovado e incentivado, como acontece hoje no Brasil por determinação da própria Justiça. E fim de conversa.

Foi uma ilusão, ou um momento de estupidez, achar que a decisão do STF que anulou todas as ações penais contra Lula — e sua condenação em três instâncias pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro — iria parar nele. Como na história da árvore envenenada, que só pode produzir frutos venenosos, o presente dado ao ex-presidente, ex-presidiário e agora “ex-corrupto” contaminou imediatamente os processos de ladroagem que existem debaixo dele. Resultado: condenações obtidas com base em provas materiais, confissões dos criminosos, delações de comparsas e outros elementos óbvios de culpa, estão sendo anulados para se adaptarem à decisão do STF que desobrigou Lula de pagar pelos delitos que cometeu, segundo a Justiça brasileira.

O STJ — e o resto do mecanismo Judiciário que se pendura embaixo do STF — acaba de dar ao País um exemplo perfeito deste processo de degeneração. Em setembro último, antes da supressão da Lava-Jato pela ação combinada dos ministros Edson Fachin e Gilmar Mendes, executivos da empreiteira de obras Queiroz Galvão foram condenados na 13ª Vara Federal de Curitiba por corrupção, lavagem de dinheiro, cartel, fraude e organização criminosa, no assalto em massa contra a Petrobras. Não houve como escapar: a empresa tinha dado mais de R$ 5 milhões a políticos nomeados pelo doleiro Alberto Youssef, figura central da Lava-Jato. Mas a exemplo de Lula, que teve seus processos anulados porque o STF decidiu que ele tinha sido julgado no lugar errado — Curitiba, em vez de São Paulo, segundo descobriu o ministro Fachin — a Queiroz Galvão se safou porque o STJ decidiu que seu caso deveria ser julgado na Justiça Eleitoral, e não na Justiça Penal de Curitiba. Pronto: zera tudo.

É óbvio que continuará havendo histórias assim. A mensagem não poderia ser mais clara: seja lá qual for o governo, ou quem estiver na Presidência da República, contrate um time de advogados caros, separe uns bons milhões para os honorários (e outras despesas) e roube à vontade. Não tem a menor importância o fato de existir uma montanha de provas contra o ladrão. É só dizer à Justiça, depois da condenação, que você deveria ter sido processado na vara “A”, em vez da vara “B”, e correr para o abraço. 

O melhor de tudo é que os militantes das instituições democráticas não acham absolutamente nada de errado com isso.

Com Willian Waak e J.R. Guzzo

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

BASTA DE FAKE NEWS

FOI-SE O TEMPO EM QUE AS PESSOAS ME DECEPCIONAVAM; HOJE ELAS APENAS CONFIRMAM MINHAS TEORIAS.


Comemora-se no dia 2 de abril o Dia Internacional da Checagem de Fatos, mas as eleições municipais estão aí, e com as fake news potencializadas pela Inteligência Artificial, fica ainda mais difícil separar o joio do trigo. 

Adubada pela popularização das redes sociais a polarização semeada por Lula com seu "nós contra eles" transformou as campanhas políticas num campo mais fértil para o joio das fake news do que para o trigo dos debates — debates esses que eram mais ou menos civilizados quando os tucanos, e não os trogloditas, eram os adversários de turno do PT e seus satélites. 
 
O uso de fake news, perfis-robôjunk news e outros mecanismos não é uma exclusividade da política tupiniquim entre outras coisas, essa prática ensejou o desembarque do Reino Unido da União Européia e levou Trump à presidência dos EUA em 2106 (o Facebook admitiu que a Internet Research Agency comprou mais de US$ 100 mil em anúncios políticos na plataforma durante a campanha eleitoral).  

No Brasil, a moda surgiu no pleito de 2014 e se consolidou nos subsequentes, tanto gerais como presidenciais. Este ano, a julgar pelo festival de acusações e xingamentos trocados entre os 5 primeiros colocados na disputa pela prefeitura de São Paulo, os eleitores minimamente pensantes que não baixarem o sarrafo terão de escolher entre anular o voto, votar em branco ou dar uma banana pra essa gentalha e se abster de votar. 

Observação: A capital paulista lidera o ranking mundial de poluição do ar pelo quarto dia consecutivo por causa das queimadas, mas, segundo algumas fontes, o problema se agrava significativamente sempre que os aspirantes a alcaide abrem a boca

O voto em branco indica que o eleitor não se identifica com nenhum dos candidatos ou propostas, mas não é considerado na contagem e, portanto, não afeta o resultado diretamente. O voto nulo é uma forma de protesto mais explícito, mas também não interfere no resultado (é mito que 50% + 1 votos nulos anulam a eleição). Já a abstenção (não votar), sobretudo em países em que "o exercício do direito de voto é obrigatório", como é o caso desta banânia, é uma forma de protesto contra o sistema como um todo (embora possa resultar de desinteresse ou alienação política). 

PAUSA PARA MAIS DESGRAÇA

A estiagem vem causando uma queda acentuada no nível dos mananciais que abastecem a capital paulista e outras cidades do estado. A situação não é tão crítica como a de 2020/21, mas pode se agravar se as previsões de estiagem para 2025 e 2026 se confirmarem.
Bauru, Piracicaba e outros municípios do interior enfrentam racionamentos há mais de três meses, e os focos de incêndio registrados em todo o estado continuam aumentado. Para piorar o que já é ruim, a seca na represa Guarapiranga (que abastece boa parte da zona sul da capital) tem contribuído para aumentar a poluição da água e do ambiente ao redor do reservatório.
Capitaneado pelo bolsonarista Tarcísio de Freitas, o governo do estado iniciou a perfuração de poços artesianos e retomou as obras de reservatórios próximos a Campinas como forma de minimizar os efeitos da falta de chuva. Se ainda se ouve falar em "rodízio" e "racionamento", é porque isso não orna com eleições, mas a conscientização da população e uma "mãozinha" de São Pedro são cruciais para o restabelecimento dos níveis dos reservatórios.
Quem for pedir ajuda ao santo deve frisar que a precipitação deve ser significativa, ocorrer por um período prolongado e se concentrar nas bacias hidrográficas que alimentam os reservatórios. As célebres "tempestades de verão" servem apenas para aumentar o caos na sempre caótica Sampa, mas mais caótica ainda em meio a uma eleitoral travada por aspirantes a alcaide que não reúnem condições sequer para dirigir um carrinho de pipoca.
 
Disse alguém mais sábio que "só existem 'influencers' porque existem 'idioters'", mas mesmo que não fazem integra a confraria de anencéfalos que endeusam políticos corruptos e têm bandidos de estimação corre o risco de "levar gato por lebre" se não puser as barbichas de molho.

Para checar a veracidade dos posts, você pode usar a ferramenta disponível na SERP do Google — basta clicar (ou tocar) nos três pontinhos verticais que ficam ao lado dos títulos nos resultados das pesquisas para ter acesso a informações como origem do domínio, idade do registro do site e certificado de segurança — recorrer à coluna Me engana que eu posto, hospedada no site da revista Veja
 
O E-Farsas é o site de checagem de fatos mais antigo do Brasil (para checar um tema específico, encaminhe  o pedido através da aba "Contato"), mas a Agência Lupa, ligada à Folha de S.Paulo, também é pioneira nesse ramo. Para entrar em contato, basta mandar uma mensagem no Facebook que o bot irá avaliar se as informações são verdadeiras ou falsas.
 
O Boatos.org vem desmentindo boatos sobre doenças raras, notícias de morte de pessoas públicas, tentativas de golpes ou outros tipos de fake news desde 2013. Para sugerir a checagem de uma notícia, envie uma mensagem pelo site ou pelo Facebook; se preferir usar o WhatsApp, o telefone é 61 99275-5610

O Fato ou Fake, do g1, está ativo desde julho de 2018. A apuração de notícias falsas é feita por uma equipe de jornalistas de diversos veículos — como Época, Extra, G1, CBN, Extra, TV Globo, GloboNews, Jornal O Globo e Valor Econômico. Para enviar sugestões pelo WhatsApp, o número é 21 97305-9827. 
 
detector de fake news do FakeCheck consegue analisar um texto de pelo menos 100 palavras usando usando Processamento de Linguagem Natural e Aprendizado de Máquina. Para enviar o material pelo WhatsApp, o número é 16 98112-8986

Criado por uma ex-engenheira da Nasa e um desenvolvedor de apps premiado, o site Ground News ajuda a entender o viés da mídia, verificar a credibilidade da fonte e visualizar dados de propriedade de agências de notícias em todo o mundo, e está disponível no formato aplicativo para Android e para iOS.

O buscador de imagens reversas Duplichecker permite fazer pesquisas a partir de uma imagem, colando um URL ou digitando as palavras-chave correspondentes. Outra opção a considerar é a coluna Me engana que eu posto, que fica hospedada no site da revista Veja

O Aos Fatos é uma agência especializada na checagem de fatos que classifica as notícias em sete categorias — verdadeiro, impreciso, exagerado, distorcido, contraditório, insustentável e falso — e aceita denúncias no Facebook mediante posts marcados com a hashtag #vamosaosfatos e no WhatsApp pelo número 21 99956-5882.

O Comprova dispõe de uma equipe de jornalistas de 24 veículos  entre os quais Exame, Folha/UOL, Nexo, Estadão e Veja — e recebe denúncias via Facebook pelo ou WhatsApp através do número 11 97795-0022

sexta-feira, 19 de junho de 2020

O INQUÉRITO DAS FAKE NEWS, O QUEIROZ QUE NÃO É XAROPE E O ADEUS DO MILITANTE CASCA GROSSA



Em março de 2019, embasado no artigo 43 do regimento interno do STF, o presidente de turno da Corte determinou ex officio a abertura de um inquérito para apurar disseminação de “fake news” e ameaças aos ministros. Com a mesma penada, Toffoli encarregou Alexandre de Moraes de relatá-lo.

Na interpretação do conspícuo magistrado, se o artigo dispõe que, em caso de “infração à lei penal na sede ou dependência do tribunal” o presidente pode instaurar inquérito e designar um relator, os ataques aos ministros e ameaças em meios digitais validam sua decisão, uma vez que membros do STF são ministros “em qualquer hora e em qualquer lugar”.

Essa não foi a primeira vez — e possivelmente não será a última — que o Supremo usa de hermenêutica criativa para encaixar na moldura da legalidade decisões pra lá de controversas. Em outubro do ano passado, por exemplo, os ministros decidiram que réus delatados têm direito a apresentar memoriais depois dos réus que firmaram acordo de colaboração, sob pena de anulação da sentença e reabertura da instrução processual. Cerca de um mês depois, ainda que pela maioria apertada de 6 votos a 5, suas excelências proibiram o cumprimento antecipado da pena por réus condenados em segunda instância.

Um sem-número de juristas e políticos discordaram da interpretação tortuosa de Toffoli e apontaram vício de origem no inquérito das fake news, dada a flagrante violação patente do princípio acusatório. Por esse modelo, para abrir um inquérito o juiz tem de ser acionado pela polícia e o Ministério Público, a quem cabe propor as medidas investigativas, sem mencionar que o órgão responsável pela acusação não pode ser o mesmo que julga.

Em meio à enxurrada de questionamentos — inclusive de membros do próprio STF —, a então procuradora-geral Raquel Dodge, a quem caberia decidir pelo arquivamento do caso, por ser a PGR titular da ação penal e o único órgão com legitimidade para levar adiante uma acusação, argumentou que seria impossível prosseguir com o inquérito sem ferir o sistema jurídico, e que o arquivamento promovido pela PGR era irrecusável na hipótese em exame. Mesmo assim, as investigações já duram mais de um ano.

Um mês após ter substituído Dodge no comanda da PGR, o atual passador-de-pano-geral disse não ver ilegalidade no caso e defendeu a participação da PGR nas investigações. Semanas atrás, no entanto, quando a PF apertou o cerco em torno de políticos, empresários e ativistas bolsonaristas, Aras pediu ao ministro-relator a suspensão do inquérito. 

Na última quarta-feira, durante o julgamento da ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) em que a Rede Sustentabilidade questiona o inquérito das fake news, 8 dos 11 ministros votaram pela constitucionalidade da ação. Ressalte-se que, diante da escalada da difusão de fake news, o próprio partido pediu a extinção da ação, mas o ministro Edson Fachin rejeitou. Todavia, em vez de julgar o caso monocraticamente, Fachin decidiu submetê-lo ao plenário. O julgamento terminou na tarde de ontem, e o placar final foi de 10 votos a 1, vencido o ministro Marco Aurélio Mello — que sempre teve predileção por ser voto vencido. 

Mudando de pato para ganso, Fabrício Queiroz, ex-assessor parlamentar do então deputado Flávio Bolsonaro, ex-factótum do Clã e mestre na arte do desaparecimento, foi preso em Atibaia (SP) na manhã de ontem, na casa do advogado Frederick Wassef, que se gaba de ser amigo íntimo de Jair Bolsonaro e do filho Flávio (o Zero Um das rachadinhas). De acordo com o caseiro, Queiroz, o devoto de São Gasparzinho, vivia no local havia cerca de um ano, o que confirma os laços de “juramento de sangue” com o clã presidencial, bem ao estilo mafioso — que pode ser quebrado se a mulher de Queiroz, contra quem também há um mandato de prisão, vier se juntar ao marido na cadeia. 

Por último, mas não menos importante: o Plantão do Jornal Nacional acabou de noticiar a saída do ministro da Educação sem-educação do governo. O nome do substituto não foi informado, mas é tida como certa a indicação de Weintraub para o Banco Mundial, em Washington D.C. 

No vídeo em que o ministro lê sua carta de despedida (tchau, querido, já vai tarde), Bolsonaro (que também não deve demorar a deixar o governo) diz ao puxa-saco que o momento é "difícil", mas "de confiança", e que os compromissos de campanha estão mantidos (só se for com esse obelisco da incompetência e da grosseria, que as promessas feitas aos eleitores há muito que foram para a ponte que o partiu). Curiosamente, ou nem tanto, o semblante do presidente que aparece no vídeo dá conta de que ali seri o último lugar onde Bolsonaro desejaria estar naquele momento.

Após 14 meses à frente do MECWeintraub assumiu a Pasta em 9 de abril do ano passado, com a demissão do igualmente imprestável (e também indicado por Olavo de Carvalho) Ricardo Vélez —, o projeto mal ajambrado de troglodita nada fez além de criar polêmicas de toda espécie e incidentes diplomáticos com a China, além, é claro, de fustigar a crise entre o chefe do Executivo e o STF (não que Bolsonaro precise de ajuda nesse quesito, mas enfim...).

A polêmica mais recente surgiu após a divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, quando o fanático-ideológico e lambe-botas de Olavo de Carvalho defendeu a prisão dos ministros do Supremo, a quem chamou de "vagabundos". No último domingo, ao participar de um protesto com pautas antidemocráticas e inconstitucionais na Esplanada dos Ministérios, o coscorão voltou a usar o termo "vagabundos" mas desta feita sem dizer textualmente a quem se referia.

Na última quarta-feira o Supremo decidiu, por 9 votos a 1 (o voto vencido foi, mais uma vez, de Marco Aurélio, o incorrigível), rejeitar o HC impetrado pelo ministro da Justiça, André Mendonça, para retirar Weintraub do inquérito das fake news.

A propósito: Brasil e Estados Unidos têm acordo de extradição.

quarta-feira, 4 de março de 2020

AINDA SOBRE FAKE NEWS E CIBERATAQUES


A IDEOLOGIA É UM TROÇO QUE MATA.

Quem leu minha postagem de de ontem deve estar lembrado que eu fiz uma alusão à enxurrada de fake news publicadas nas redes sociais desaconselhando as pessoas a se vacinarem contra doenças infectocontagiosas. Mencionei também que há no brasil mais de 11 milhões de pessoas que, em pleno século XXI, ainda acham que a Terra é plana, sem falar nos petistas, esquerdistas e afins que engolem se engasgar a narrativa do criminoso Lula, que posa de perseguido político e se autodeclara “a alma viva mais honesta do Brasil”.  

Passando ao que interessa, uma pesquisa realizada pela sociedade médica em parceria com a ONG Avaaz (os questionários foram aplicados pelo Ibope entre 19 e 22 de setembro de 2019) dá conta de que sete em cada dez brasileiros acreditam em fake news sobre vacinas.

Dez afirmações falsas recorrentes sobre vacinas foram apresentadas aos entrevistados, e 67% deles disseram que ao menos uma das informações era verdadeira (apenas 22% conseguiram identificar que as dez afirmações eram falsas e mais 11% não souberam ou não quiseram responder).

Para 24% dos pesquisados, "há boa possibilidade de as vacinas causarem efeitos colaterais graves", quando, na verdade, os efeitos adversos graves são raríssimos. A segunda afirmação falsa mais recorrente foi "há boa possibilidade de as vacinas causarem a doença que dizem prevenir", com 20% de concordância.

O presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha, chama a atenção para o fato de que mesmo afirmações absurdas tiveram concordância de parcelas consideráveis dos entrevistados: para 14%, é correto afirmar que "O governo usa vacinas como método de esterilização forçada da população pobre"; 12% disseram que "contrair a doença é, na verdade, uma proteção mais eficaz do que se vacinar contra ela", e 13% assumiram que deixaram de se vacinar ou deixaram de vacinar uma criança sob seus cuidados, seja por falta de planejamento (38%), seja por dificuldade de acesso aos postos de vacinação (20%). Também foram citados o medo de um efeito colateral grave (24%) e de contrair a doença através da vacina (18%), além de alertas e notícias vistos na internet (9%). Cada entrevistado citou até três motivos.

De acordo com o novo estudo “Iceberg Digital” (*), desenvolvido pela empresa russa de segurança digital Kaspersky em parceria com a empresa de pesquisas CORPA, 62% dos brasileiros não sabem reconhecer uma notícia falsa, embora apenas 2% dos entrevistados desconheçam completamente o termo "fake news".

(*) O nome do estudo remete ao fato de a parte submersa do iceberg ser muito maior que a porção visível, servindo como metáfora para os perigos ocultos em sites, aplicativos, links ou imagens que, à primeira vista, parecem inofensivos e superficiais, mas que escondem perigos grandes ou desconhecidos.

O intuito da Kaspersky é ajudar os internautas a reconhecer os perigos que se escondem na internet, aprender a diferenciar o real do falso, minimizando, assim, os risco de se tornarem vítimas de ciberataques. Vale frisar que as fake news também são usadas pelos cibercriminosos para atrair usuários desatentos para links maliciosos e roubar dados pessoais e dinheiro.

Por essas e outras, evite disseminar notícias falsas. Antes de reencaminhar um email, um SMS, uma mensagem recebida pelo WhatsApp ou uma postagem em rede sociais (notadamente notícias polêmicas e muito recentes), verifique se o mesmo conteúdo foi publicado nos portais de grandes jornais e emissoras de TV. Desconfie de núncios em redes sociais que parecem ser bons demais para ser verdade; na maioria dos casos, eles são iscas para atrair incautos e desavisados. Não clique em links de fontes desconhecidas e/ou reputação duvidosa e, caso o faça, jamais forneça informações pessoais, financeiras ou confidenciais. Por último, mas não menos importante: assegure-se de que seu computador esteja atualizado com as versões mais recentes dos softwares (sistema operacional, navegadores, plug-ins, ferramentas de segurança).

A Kaspersky recomenda a instalação de uma solução de segurança que ofereça proteção contra sites perigosos e vazamento de informações, como o Kaspersky Security Cloud, que você pode adquirir ou testar gratuitamente (pelo prazo de 30 dias) seguindo este link. Para mais informações sobre o estudo Digital Iceberg, clique aqui.


segunda-feira, 6 de agosto de 2018

FAKE NEWS E OUTRAS COISAS QUE VOCÊ DEVE EVITAR

COLLOR NÃO É CORRUPTO, PABLO ESCOBAR NÃO É BANDIDO, MADURO É DEMOCRATA, LULA É A ALMA VIVA MAIS HONESTA DA GALÁXIA E O BRASIL É UM PAÍS SÉRIO.

Num cenário tumultuado pela polarização político-partidária, as fake news são um prato cheio, não só para os políticos de má-fé e suas espúrias assessorias, mas também para os malfeitores digitais. Então, a recomendação é redobrar os cuidados com anexos e links que você receber por email e/ou através de redes sociais e mensagens de WhatsApp — o Google e o Facebook estão trabalhando para aprimorar seus sistemas de inteligência artificial, mas identificar e remover as fake news, que já é trabalhoso para seres humanos, torna-se uma missão hercúlea para um algoritmo que ainda está aprendendo a separar o joio do trigo.

Evite repassar mensagens de cunho político, mesmo as que expressam sua opinião ou se alinham com seu posicionamento político-partidário. Deixe o trabalho sujo para os candidatos e seus marqueteiros, já que o Congresso aprovou uma verba astronômica (retirada do suado dinheiro dos impostos) para patrocinar as campanhas (deixar essas decisões por conta do Legislativo é o mesmo que dar a Herodes a chave do berçário, mas enfim...).  

Sempre que você ficar em dúvida quanto à veracidade de uma notícia, investigue se a informação foi publicada também nos grandes portais, como G1, UOL, Terra e afins. O blog Me Engana que Eu Posto, hospedado no site de Veja, também pode ajudá-lo nesse mister, a exemplo da página Agência Lupa, hospedada no site da Folha, e do site Fake ou News.

A propósito — e isto não é fake news —, o PT foi o único grande partido a não assinar o acordo elaborado pelo TSE contra a disseminação de fake news. O documento foi firmado há um mês e meio e as legendas aderiram ao termo aos poucos (entre os nanicos, ficaram de fora o PCO, o Pode, o PMB, o PSTU e o PTC). Ao jornal VALOR, a assessoria petista justificou que “espera o cumprimento da Constituição sem depender de termo de compromisso”. Me engana que eu gosto!

Erros ortográfico-gramaticais podem denunciar armadilhas digitais, mas são bastante comuns em emails, postagens em blogs, redes sociais e por aí afora. O corretor ortográfico de processadores de texto, clientes de email e navegadores de Internet pode ser uma mão na roda, ainda que costume produzir o efeito oposto ao desejado, por fazer correções inadequadas (falamos sobre isso na sequência de postagens iniciada por esta aqui), de modo que nada substitui uma revisão minuciosa do texto pelo próprio autor.

Alguns erros decorrem da pressa em responder uma mensagem, enviar um email ou publicar um texto na Web, mas em alguns casos o responsável é o chamado “vício de linguagem” (ou, em situações extremas, a mais pura e simples ignorância). A língua portuguesa é pródiga em armadilhas, e nem todo mundo é o Professor Pasquale, mas daí a dizer (ou, pior, escrever) para MIM fazer, AO par (de um fato ou assunto) ou entrega À domicílio, por exemplo, ninguém merece.

Outros bons exemplos de construções que “doem no ouvido” são os chamados pleonasmos viciosos, como entrar para dentro, subir para cima, etc. Muita gente também “escorrega” ao usar o verbo FAZER, que deve ficar no infinitivo quando expressa a ideia de tempo — como em FAZ cinco anos, FAZ dois séculos, FEZ 15 dias. Ou do verbo HAVER no sentido de EXISTIR — o certo é HOUVE muitos acidentes, DEVE HAVER outros casos iguais, e assim por diante. Falando no verbo HAVER, nunca diga HÁ dez anos ATRÁS — nesse contexto, tanto quanto ATRÁS indicam o tempo passado, de modo que o correto é HÁ DEZ ANOS ou DEZ ANOS ATRÁS, uma coisa ou outra.

Segue uma lista de palavras que muita gente fala (e escreve) errado. Confira:

"Asterístico" — A forma correta é asterisco (*).
"Bicabornato" — O correto é bicarbonato — sal derivado do ácido carbônico.
"Toráxico" — O certo é torácico — refere-se a alguma coisa relacionada ao tórax.
"Supérfulo" — O correto é supérfluo — refere-se a alguma coisa dispensável ou desnecessária.
"Beneficiente" — A forma correta é beneficente — termo que designa algo ou alguém que faz caridade e ajuda os necessitados.
"Previlégio" — O correto é privilégio — expressa uma vantagem ou direito concedido a apenas algumas pessoas.
"Losângulo" — A forma correta é losango — quadrilátero com dois ângulos agudos, dois obtusos e os lados iguais.
"Triologia" — O certo é trilogia — conjunto de três obras sequenciais que se complementam.
"Reinvindicar" — A palavra correta é reivindicar — indica o ato de exigir alguma coisa.
"Entertido" — O certo é entretido — refere-se ao estado de quem está compenetrado ou absorto em alguma coisa.
"Madastra" — A forma correta é madrasta — termo que designa o cônjuge de alguém que não é a mãe do filho ou da filha desse alguém.
"Milhonário" — A certo é milionário.
"Intrevista" — A forma correta é entrevista — remete ao diálogo ou encontro entre duas ou mais pessoas (os propósitos podem variar, mas a grafia não).
"Degladiar" — O certo é digladiar — expressa o ato de combater corpo a corpo com espada ou, por extensão, discutir ou brigar.
"Impecilho" — O correto é empecilho — no sentido de obstáculo ou impedimento.
Há ainda quem fale poblema ou pobrema em vez de problema; cabelelero em vez cabeleireiro; cocrante em vez de crocante; mindingo em vez de mendigo; imbigo em vez de umbigo; priguiça em vez de preguiça; pertubar em vez de perturbar; estrupo em vez de estupro, sombrancelha em vez de sobrancelha; mortandela em vez de mortadela; iorgute em vez de iogurte; cardaço em vez de cadarço; largato em vez de lagarto (tanto em relação ao animal quanto à carne); barguilha em vez de braguilha, e assim por diante.

Espero ter ajudado.

Visite minhas comunidades na Rede .Link:

terça-feira, 23 de outubro de 2018

O DESESPERO DO PT A 5 DIAS DO SEGUNDO TURNO



Ao encerrar sua peregrinação pelo Nordeste, Haddad criticou a “leniência” da TSE com o suposto envio em massa de fake news anti-PT (ou a favor de Bolsonaro, o que a esta altura dá no mesmo). Até aí nenhuma surpresa: para os sectários da seita do inferno, o Judiciário só acerta quando decide a favor de Lula. Aliás, o partido da estrela cadente sempre procura pregar suas bobagens onde consegue reunir uma claque numerosa de apoiadores — como a região Nordeste, a única em que o fantoche petista foi mais votado que Bolsonaro (a não ser no Ceará, estado em que Ciro Gomes ganhou disparado, como se vê na imagem que ilustra este post).

A irresignação do PT foi prontamente apoiada pelo PDT, cujo candidato ficou em terceiro lugar no primeiro turno. Haddad chegou a dizer que “o certo seria ele e Ciro disputarem o segundo turno”, e agora busca impugnar a candidatura de Bolsonaro com base numa reportagem publicada na Folha, onde o partido vê “provas robustas do uso de cadastro sem autorização, caixa 2 de campanha e calúnia e difamação”, embora sustente até hoje que Lula foi condenado sem provas, que foi vítima de um conspiração da mídia, da Justiça e do diabo que o carregue.

Salvo melhor juízo, não existe a menor possibilidade de o TSE impugnar a candidatura de Bolsonaro a poucos dias do segundo turno, até porque é muito difícil de provar que houve abuso de poder econômico nesse caso. O fato é que Haddad está prestes a sofrer mais uma derrota acachapante — a exemplo da que sofreu quando tentou a reeleição para a prefeitura de São Paulo e perdeu para João Doria. Para náufrago, jacaré é tronco, mas se é para o poste “escolher” quem ele quer enfrentar no segundo turno, não faz sentido ter realizado o primeiro.  

Não há provas que sustentem o pedido do PT. O que se tem é uma matéria jornalística inconclusiva. A investigação aberta no TSE levará meses — senão anos — para ser concluída (basta lembrar que a ação por de abuso de poder econômico movida pelos tucanos contra a chapa Dilma/Temer em 2014 levou 3 anos para ser julgada). Ademais, a denúncia contra Bolsonaro é de que a distribuição em massa de fake news seria disparada na última semana da campanha, o que agora dificilmente aconteceria, mesmo que a acusação fosse verdadeira.

O PT, que sempre acusou o Judiciário de ser rápido no gatilho ao condenar Lula, agora pede urgência ao TSE, como se fosse razoável o Tribunal interferir na eleição presidencial a partir de meras suspeitas. Aliás, a campanha petista se baseia em tentativas de deslegitimar a do oponente, além de atribuir a Temer as mazelas geradas e paridas na gestão de Dilma, notadamente após o estelionato eleitoral que produziu sua reeleição. Isso só cola com a patuleia desvairada, mas essa não precisa ser convencidos de nada.

Observação: Criar narrativas de vitimização é uma especialidade petista que Haddad assimilou rapidamente: mesmo sendo réu por improbidade administrativa e alvo de mais de 30 inquéritos, ele fala como se fosse a Madre Teresa e seu adversário, o próprio Belzebu.

Depois de testar os limites legais e a paciência do eleitorado insistindo na candidatura de um ficha-suja e denunciando, inclusive no exterior, que “eleição sem Lula é fraude”, a seita vermelha ora lança dúvidas sobre o processo eleitoral, revelando sua natureza autoritária, que não admite oposição por se julgar dona da verdade e exclusiva intérprete das demandas populares. Sua usina de produção de narrativas parece não ter limite. A da vez é que está sendo vítima de uma “guerra suja” travada no WhatsApp e que Bolsonaro só vencerá a eleição devido às fake news, como se a rejeição ao PT e a Haddad não estivesse batendo recordes em todo o país.  

Numa campanha difamatória contra Bolsonaro, a pecedebista Manuela D’Ávila, vice do poste, compartilhou um vídeo em que dois atores, simulando um motorista dirigindo para uma “madame” preconceituosa, divulgam posições já desmentidas pelo adversário, como a de que Bolsonaro vai acabar com a licença maternidade, com o 13º, e “subir o morro atirando em todo mundo”. Sem citar diretamente o vídeo, o capitão tuitou: “Quão canalha e cara de pau alguém tem que ser pra se colocar como vítima de fake news enquanto espalha aos quatro cantos que votei contra deficientes, que vou aumentar imposto pra pobre, acabar com bolsa-família, com licença maternidade, 13° salário e mais um monte de mentiras?

Na propaganda política, Haddad tem concitado os eleitores a não votarem em seu adversário simplesmente por serem contra o PT. Só falta ele dizer qual seria a alternativa, pois todas as demais opções (que também não eram grande coisa) deixaram o palco após a apuração das urnas no último dia 7. Agora, minha gente, não adianta chorar.  
  
Sobrando tempo, assista a este clipe.

Visite minhas comunidades na Rede .Link:

quinta-feira, 10 de junho de 2021

HOAX (FAKE NEWS) NO FACEBOOK

QUEM DÁ VOZ A BURROS DEVE SE PREPARAR PARA OS ZURROS

Numa sexta-feira qualquer, enquanto a última badalada do meio-dia reverbera e você se para gastar os poucos trocados que lhe restam num sanduba gorduroso do sujinho defronte ao escritório, seu smartphone acusa a chegada de uma nova mensagem. 

Curioso, você abre o aplicativo e se dá conta de que Ayman al-Zawahiri (sucessor do finado Osama Bin Laden no comando da Al Qaeda) finalmente se lembrou do Brasil: dois 747s carregados com explosivos acabaram de colidir com o Congresso Nacional, ceifando de maneira chocante (literalmente) a carreira de centenas parlamentares corruptos e ímprobos.

Estarrecido com a notícia, mas antevendo a possibilidade de o governo decretar feriado nacional pelos próximos três dias, você cogita desistir do lanche e investir os trocados num par de rojões de cinco tiros — afinal, acontecimentos dessa natureza devem ser comemorados em grande estilo. Eis senão quando cai a ficha: às sextas-feiras o Congresso costuma estar mais vazio que a sua carteira

Conteúdo dessa natureza era chamado de  “hoax” até algum tempo atrás. Hoje, chama-se “fake news”. O termo hoax é (ou era) usado para designar falsos alertas divulgados via email, aplicativo mensageiro, redes sociais, etc.,  geralmente em tom alarmista e não raro “avalizado” por órgãos públicos ou empresas renomadas. Esses “avisos” concitavam os destinatários a adotar com urgência “medidas corretivas” ou seguir links supostamente capazes de neutralizar a ameaça, e terminavam invariavelmente recomendando repassar a mensagem para o maior número possível de pessoas.

Um exemplo antigo — mas que ilustra adequadamente esta abordagem — é o hoax do “Vírus do Ursinho” (jbdgmgr.exe). A mensagem alertava para um poderoso vírus que as ferramentas de segurança não eram capazes de barrar, e que ficava latente por 14 dias, daí a importância de o destinatário localizá-lo e eliminar o quanto antes. Quem seguia as instruções e deletava o arquivo que tinha como ícone a figura de um ursinho removia na verdade um componente legítimo do Windows (e induzia seus contatos a cair na mesma infração).

Feita esta breve contextualização, repito aqui o que já publiquei no Facebook na forma de resposta a postagens que algumas pessoas vêm compartilhando, que na verdade é um hoax (ou fake news). O texto afirma que o a plataforma limita a visualização das postagens a 25 pessoas, e que “colar a mensagem” num post e republicá-la resultará numa crescimento astronômico do número de visualizações do feed do usuário.

Essa tese da limitação — que já foi utilizada em outras mensagens falsas (como a de que o Instagram limitou o alcance para 7% dos amigos) — foi negada pelo próprio Facebook quando a versão original (em inglês) do boato começou a circular na rede. De acordo com o CNET, o Face reforçou que o feed de notícias é definido pela relevância dos posts para as pessoas e não há limite para 25 pessoas. A matéria aponta que a balela surgiu após o anúncio de que a plataforma faria com que posts de amigos ganhassem mais força do que posts de páginas.

A tese de que “copiar e colar” a mensagem produziria mais visualizações também é falsa. Primeiro, porque mensagens como essa não têm muito peso em redes sociais (algumas são até classificadas como spam). Segundo, porque não se configura o feed de notícias “postando uma mensagem padrão”, mas sim clicando nos “três pontinhos” ao lado do nome feed de notícias e depois em “editar preferências”.

Essa conversa fiada de que só 25 amigos vão publicar na sua timeline é mera cantilena para dormitar bovinos — para não dizer “coisa de quem não tem o que fazer”. Seu feed no Face é definido pela relevância dos assuntos e não tem limite de pessoas para isso. E igualmente inócua é a sugestão de colar o texto e republicá-lo para “quebrar o feitiço”. 

Tudo somado e subtraído, essa mensagem não passa de mais um hoax que circula na rede social.