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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

WINDOWS 10 — UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL?

QUEM PERSEGUE DUAS LEBRES NÃO ALCANÇA UMA DELAS E DEIXA A OUTRA ESCAPAR.
 
fim do suporte ao Windows 10 obrigará milhões de usuários a escolher entre continuar usando um sistema inseguro, forçar o upgrade numa máquina que não atende às exigências do Win11, comprar um computador novo, ou migrar para o Linux. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

O sucesso tem muitos pais, mas o fracasso é órfão. O desempenho medíocre do PT nas eleições municipais e a vitória de Donald Trump na disputa pela Casa Branca comprovam essa máxima. De celebrada por encarnar esperança e renovação, Kamala Harris passou a culpada pela estagnação do discurso em tempo já ultrapassado pelas demandas do eleitorado. 
A esquerda brasileira olha para o resultado das urnas como se o problema não remontasse ao primeiro governo Dilma. Num comício da campanha de Haddad à Presidência, o rapper Mano Brown apontou o afastamento do PT da "multidão que precisa ser conquistada" e levou uma tremenda vaia. O abismo estava logo ali, mas o autoengano prevaleceu — e cresceu quatro anos depois, com a volta do ex-presidiário descondenado ao Planalto. 
Lula e seus sectários não praticam autocrítica. Segundo eles, fazê-lo equivaleria a baixar a guarda e abrir passagem para os adversários. Mas retificar condutas não significa capitular. Ao contrário. É, no dizer do samba de Paulo Vanzolini, reconhecer a queda, não desanimar, sacudir a poeira e preparar a volta por cima. 
Irritado com ponderações sobre os erros da esquerda, o deputado Ivan Valente, ex-petista atualmente no PSOL, pontificou: "Isso é conversa de intelectual que nunca foi para porta de fábrica entregar panfleto". Alguém deveria lembrar ao nobre parlamentar que o conceito de "porta de fábrica" deixou de existir quando o panfleto passou a ser digital.

Observação: Comemora-se hoje o 135° aniversário do primeiro golpe militar desta republiqueta de bananas. Clique aqui para ler um breve resumo da verdadeira história da Proclamação da República.
 
Microsoft decidiu oferecer mais um ano de atualizações de segurança a quem se dispuser a desembolsar US$ 30 (lembrando que novos recursos, correções de bugs e suporte técnico não fazem parte do pacote). 

A decisão não foi tomada por solidariedade às "viúvas do Ten", mas porque elas representam mais de 60% dos usuários do Windows.

Aceitar a "gentil oferta" é uma medida paliativa, que serve apenas para emburrar o problema com a barriga até outubro de 2026. Mas por que resolver hoje um problema que pode ficar para amanhã?

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

A CAIXA DE PANDORA — O MITO E A REALIDADE

NÃO ESPEREIS O JUÍZO FINAL; ELE SE REALIZA TODOS OS DIAS.

 

"Abrir a Caixa de Pandora" é uma metáfora para ações que desencadeiam consequências maléficas e irreversíveis. 

Segundo a mitologia grega, Pandora ("aquela que tem todos os dons") foi criada por Hefesto e Palas Atena a mando de Zeus, que queria castigar Prometeu ("aquele que pensa antes") por roubar o fogo dos deuses e dá-lo aos homens. 

Depois de ganhar um dom de cada divindade de Olimpo, Pandora recebeu de Zeus uma caixa que jamais deveria ser aberta e a missão de seduzir Epimeteu ("aquele que pensa depois"). Encantado com a beleza da moça e ignorando as advertências do irmão, Prometeu, sobre aceitar presentes do deus dos deuses, Epimeteu tomou a moça como esposa (e eu que achava que "presente de grego" tinha a ver com a lenda do Cavalo de Troia). 
 
Quando criou a mulher, Deus também criou a curiosidade. A curiosidade levou Pandora a abrir a caixa e libertar todos os males que recaíram sobre a humanidade. Mas a esperança, que é "a última que morre", ficou presa no fundo da caixa, talvez para nos dar forças para lutar contra as adversidades, mesmo que o mal muitas vezes vença o bem.
 
Revisito essa fábula por três motivos: 1) sempre gostei de mitologia; 2) muita gente usa essa metáfora sem saber sua origem; 3) insistir no erro esperando produzir um acerto é a melhor definição de imbecilidade que eu conheço. 
 
Em momentos distintos da ditadura, Pelé e o general Figueiredo alertaram para o perigo de misturar brasileiros com urnas em eleições presidenciais. Ambos foram muito criticados, mas o tempo provou que eles estavam certos. O eleitores fazem nas urnas, a cada dois anos, o que Pandora fez uma única vez. Só que não por curiosidade, e sim por ignorância. E como ensinou o Conselheiro Acácio (personagem do romance O Primo Basílio), as consequências vêm sempre depois. 
 
A ditadura militar resultante do golpe de 1964 durou 21 longos anos. A reabertura, lenta e turbulenta, não se deveu ao "espírito democrático" dos presidentes-generais Geisel e Figueiredo, mas ao ronco das ruas e à pressão da imprensa, que se intensificaram em 1984, depois que uma manobra de bastidor sepultou a emenda Dante de Oliveira

Em janeiro do ano seguinte, Tancredo Neves derrotou Paulo Maluf por 480x180 votos de um colégio eleitoral formado por 686 deputados, senadores e delegados estaduais. A exemplo da Viúva Porcina (aquela que foi sem nunca ter sido), Tancredo entrou para a história como nosso primeiro presidente civil desde João "Jango" Goulart, mas baixou ao hospital horas antes da cerimônia de posse e morreu 38 dias e 7 cirurgias depois.

A raposa mineira levou para a sepultura a esperança de milhões de brasileiros e deixou de herança um neto que envergonharia o país e um mix de puxa-saco dos militares, oligarca da politica de cabresto nordestina, escritor, poeta e acadêmico que se chamava José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, mas era conhecido como José Sarney

Sem o carisma e o traquejo administrativo do finado, Sarney tentou descascar o formidável abacaxi econômico (inflação, dívida externa e desemprego nas alturas) através de uma série de pacotes de medidas econômicas baseadas no congelamento de preços e salários. Ao final de sua aziaga gestão, a inflação estava em 4.853% ao ano, mas os prefeitos haviam voltado a ser eleitos diretamente, a Constituição Cidadã fora promulgada (aumentando de 4 para 5 a duração de seu mandato) e a primeira eleição presidencial direta desde 1960, realizada.   
 
Em 15 de novembro de 1989, o cardápio de postulantes ao Planalto oferecia 22 opões, incluindo Ulysses Guimarães, Mário Covas e Leonel Brizola. E o que fez esclarecido eleitorado ao quebrar o jejum de urna de 29 de urna? Escalou Lula e Fernando Collor para disputar o 2º turno. O caçador de marajás de mentirinha venceu o desempregado que deu certo, mas o envolvimento no esquema PC lhe rendeu um impeachment.
 
Observação: Em maio do ano passado, o STF condenou Collor a 8 anos e 10 meses de reclusão, mas ele continua livre, leve e solto graças a um pedido de vista apresentado pelo ministro Dias Toffoli na véspera do último carnaval. Em contrapartida, qualquer "reles mortal" que acessar o Xwitter durante a suspensão ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes corre o risco de ser multado em R$ 50 mil. Dá para acreditar numa coisa dessas?
 
Com a deposição do Rei-Sol, o baianeiro e namorador Itamar Franco foi promovido a titular, nomeou Fernando Henrique ministro da Fazenda e editou o Plano Real, cujo sucesso pavimentou o caminho que levou o grão-duque tucano a vencer o pleito presidencial de 1994 no 1º turno. Em 1997, picado pela mosca azul, sua alteza comprou a PEC da reeleição

Como quem parte, reparte e não fica com a melhor parte é burro ou não tem arte, o tucano de plumas vistosas disputou a reeleição em 1998 e foi eleito no 1º turno, mas em 2002, sem novos truques para tirar da velha cartola, não conseguiu eleger seu sucessor.
 
Após três derrotas consecutivas, Lula venceu José Serra e deu início aos 13 anos, 4 meses de 12 dias de lulopetismo corrupto que só foi interrompidos em 2016, com o impeachment de Dilma Rousseff, a inolvidável gerentona de araque

Num primeiro momento, a troca de comando pareceu uma lufada de ar fresco numa catacumba: depois de mais de uma década ouvindo garranchos verbais de um ex-retirante semianalfabeto e frases desconexas de uma mandatária incapaz de juntar lé com cré numa frase que fizesse sentido, ter um presidente que sabia falar – e que até usava mesóclises – era um refrigério.
 
Temer conseguiu reduzir a inflação (que havia retornado firme e forte sob Dilma) e aprovar o Teto de Gastos e a Reforma Trabalhista, mas seu prometido "ministério de notáveis" se revelou uma notável agremiação de corruptos e sua "ponte para o futuro", uma patética pinguela. 

A conversa de alcova gravada à sorrelfa por Joesley Batista só não derrubou o vampiro do Jaburu porque sua tropa de choque – capitaneada pelo deputado Carlos Marun – comprou votos das marafonas da Câmara para escudá-lo das "flechadas de Janot". Apesar do desgaste, o nosferatu claudicou como "pato manco" até o final do mandato-tampão e transferiu a faixa para Jair Bolsonaro. 
 
Sem a proteção do manto presidencial, o vampiro que tinha medo de fantasma chegou a ser preso, mas foi socorrido pelo desembargador Ivan Athié, então presidente da 1ª Turma do TRF-2, que havia sido afastado do cargo durante 7 anos por suspeitas de corrupção e venda de sentenças, mas fora reintegrado em 2011, quando o STF trancou o processo contra ele. E viva a Justiça brasileira!
 
Ao acompanhar o golpe de Estado que levou Napoleão III ao poder, Karl Marx concluiu que a história acontece como tragédia e se repete como farsa. O Barão de Itararé dizia que político brazuca é um sujeito que vive às claras, aproveita as gemas não despreza as cascas, e o saudoso maestro Tom Jobim (que era brasileiro até no nome), ensinou que o Brasil não é para principiantes. E com efeito. 
 
Em 2018, havia 13 postulantes ao Planalto. Nenhum deles empolgava, é verdade, mas por que se arriscar a acertar com Geraldo Alckmin, Álvaro Dias, Henrique Meirelles ou João Amoedo quando se podia pode errar com certeza escalando para o embate final um mau militar e parlamentar medíocre travestido de "outsider antissistema" e um patético bonifrate do então ex-presidiário mais famoso do Brasil?

Em 2022, as opções era ainda menos atraentes, sobretudo depois que o "establishment" eliminou Sergio MoroJoão Dória e Eduardo Leite da quimérica "terceira via". Mas, de novo, por que correr o risco de acertar votando em Simone Tebet, em Felipe D'ávilaou mesmo em Ciro Gomes (situações desesperadoras justificam medidas desesperadas) quando se podia errar com certeza despachando Lula e Bolsonaro para o 2º turno?
 
Tanto num caso como no outro a maldita polarização fez com que tanto a merda quanto as moscas fossem as mesmas. A diferença foi que em 2018 a parcela minimamente pensante do eleitorado se viu obrigada a apoiar o ex-capitão para evitar que o país fosse presidido pelo fantoche do presidiário, e em 2022, embarcar na falaciosa "Frente Democrática", capitaneada pelo então ex-presidiário "descondenado" para evitar mais 4 anos (ou sabe Deus quantos) sob a batuta do refugo da escoria da humanidade.
 
Há males que tempo cura e males que vêm para pior e com o passar do tempo. Lula 3.0 é uma reedição piorada das versões 1 e 2, e como como nada é tão ruim que não possa piorar, o macróbio petista cogita disputar a reeleição em 2026 (que os deuses nos livrem tanto dessa desgraça quanto da volta do capetão-golpista).
 
As consequências da inconsequência do eleitorado tupiniquim são lamentados todos os dias, inclusive por quem abriu a Caixa de Pandora achando que estava escolhendo o menor de dois males, mas isso só se justifica quando e se não há outra opção. E tanto em 2018 quanto em 2022 havia alternativas; só não viu quem não quis ou não conseguiu porque sofre do pior tipo de cegueira que existe. 
 
Observação: Um levantamento feito pelo portal g1 apurou que 61 pessoas com mandados de prisão em aberto (leia-se fugitivos da polícia) se candidataram a prefeito ou a vereador nas eleições deste ano. A maioria dos casos envolve dívida de pensão alimentícia, mas há suspeitos de estelionato, roubo, homicídio e estupro. 
 
Reza uma velha (e filosófica anedota) que Deus estava distribuindo benesses e catástrofes naturais pelo mundo que acabara de criar, quando um anjo apontou para o que seria futuramente o Brasil e perguntou: "Senhor, por que destinastes a essa porção de terra clima ameno, praias e florestas deslumbrantes, grandes rios e belos lagos, mas não desertos, geleiras, vulcões, furações ou terremotos?" E Deus respondeu: "Espera para ver o povinho filho da puta que vou colocar aí."
 
Políticos incompetente e/ou corruptos que ocupam cargos eletivos não brotam nos gabinetes por geração espontânea; se eles estão lá, é porque foram eleitos por ignorantes polarizados, que brigam entre si enquanto a alcateia de chacais se banqueteia e ri da cara deles. 
 
Einstein achava que o Universo e a estupidez humana eram infinitos, mas salientou que, quanto ao Universo, ele ainda não tinha 100% de certeza. Alguns aspectos de suas famosas teorias não sobreviveram à passagem do tempo, mas sua percepção da infinitude da estupidez humana merece ser bordada com fios de ouro nas asas de uma borboleta. 
 
Não há provas de que boas ações produzam bons resultados – a "lei do retorno" é mera cantilena para dormitar bovinos – mas sabe-se que más escolhas costumam gerar péssimas consequências, como prova e comprova a história desta republiqueta de bananas: nossa independência  foi comprada, a Proclamação da República foi um golpe militar (o primeiro de muitos), o voto é um "direito obrigatório", nossa democracia é uma piada e o sistema político está falido. 
 
Desde 1889, 35 brasileiros alcançaram a Presidência pelo voto popular, eleição indireta, linha sucessória ou golpe de Estado (o número depende de como alguns casos específicos, como presidências muito breves ou interinas, mas isso não vem ao caso neste momento). Oito integrantes dessa seleta confraria – começando pelo primeiro, Deodoro do Fonseca – deixaram o cargo prematuramente, e dos cinco que foram eleitos pelo voto direto desde a redemocratização, dois acabaram impichados. 

Dos mais de 30 partidos políticos que mamam nas tetas dos fundos eleitoral e partidário (ou seja, são bancados pelo suado dinheiro dos "contribuintes"), nenhum representa os interesses da população, e alguns são verdadeiras organizações criminosas. 

O Brasil de hoje lembra aquelas fotos antigas de reis africanos, que imitavam os trajes e trejeitos dos governantes de nações mais evoluídas e recebiam aulas de civilização dos oficiais do Império Britânico, mas achavam que para se transformar em soberanos civilizados bastava copiar as vestes e adereços daqueles que lhes falavam das maravilhas da Rainha Vitória ou de Napoleão III. 

O resultado se vê nas fotografias. As mais clássicas mostram negros magros, ou gordíssimos, com uma cartola de segunda-mão na cabeça, calças rasgadas ou remendadas, pés descalços ou calçados com uma bota só, velha e sem graxa. Imaginavam-se nobres, esses coitados, iguais a seus pares europeus, mas, junto com as novas roupas e os acessórios, continuavam usando colares feitos de ossos, pulseiras de metal e argolas na orelha ou no nariz, enquanto eram roubados até o último papagaio pelos que supostamente vieram ensiná-los a ter valores cristãos, avançados e democráticos.
 
O Brasil aparece na foto como uma democracia de Primeiro Mundo, mas a realidade do dia a dia mostra pouco mais que uma cópia barata e malsucedida do artigo legítimo. Nossas eleições são subordinadas a todo tipo de patifaria, do voto obrigatório ao anacrônico horário eleitoral "gratuito", passando por deformações propositais que entopem a Câmara Federal com políticos das regiões que têm meia dúzia de eleitores. 

O resultado é um monumento à demagogia, à corrupção e à estupidez. Acordos políticos são urdidos na surdina por parlamentares que votam com base em seus interesses pessoais. Milícias e fações criminosas têm representantes no Congresso, nas Assembleias Legislativas estaduais e nas Câmaras Municipais. Candidatos só entram em algumas regiões se tiverem proteção dos criminosos, e os moradores são "convidados" a votar na "turma da casa".
 
Os direitos dos cidadãos representam a área mais notável das semelhanças com reis africanos. Nunca houve tantos direitos escritos nas leis nem o poder público foi tão incompetente para mantê-los. O Congresso não representa o povo que o elegeu para tal, e há uma recusa sistemática em combater o crime por parte de nove entre dez políticos com algum peso. Com quase 50 mil assassinatos por ano, o Brasil é um dos países onde a vida humana tem menos valor. 
 
Se nossas instituições funcionassem – e suas excelências não se cansam de dizer que elas funcionam –, a Câmara teria aberto pelo menos um dos quase 150 pedidos de impeachment contra Bolsonaro, e o Centrão não teria transformado a ocupação do Orçamento num processo de bolsonarização das instituições. Pode passar pela cabeça de alguém que exista democracia num país como esse? 
 
Quando nossos nobres parlamentares perderam a credibilidade e o mais alto cargo do funcionalismo público federal passou a ser ocupado por uma sequência de mandatários que, noves fora Fernando Henrique — já foram presos ou respondem a processos criminais, o Judiciário se tornou nosso último bastião. Mas faz tempo que as opiniões e os vieses político-partidários dos eminentes togados (que deveriam ser isentos, imparciais e apartidários) se tornaram públicos e notórios.
 
O Supremo poderia nos ter livrado do aspirante a golpista em diversas oportunidades (motivos para tal não faltaram), mas as excelências que tudo decidem – do destino dos presidentes ao furto de codornas — acharam melhor dar tempo ao tempo, apostando na sapiência inigualável dos eleitores. 

É fato que Alexandre de Moraes impediu a consumação do golpe, mas também é fato que ele já deveria ter tirado de circulação o "mito" dos extremistas de direita, que mesmo inelegível até 2030 faz pose de cabo eleitoral de luxo e articula com seus comparsas no Congresso uma improvável (mas não impossível) anistia a si e aos golpistas do 8 de janeiro. 
 
Como o chanceler Charles De Gaulle não disse, mas a frase lhe é atribuída, "le Brésil n’est pas un pays serieux". 
 
Continua...

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

LULA E O COELHINHO DA PÁSCOA


Não se sabe ao certo o que é o tempo ou se ele realmente existe. Mas o poeta disse que não há nada como o tempo para passar. Com o passar do tempo,
 a abjeta polarização dividiu a população brasileira ao meio  noves fora uma pequena parcela que não tem bandido de estimação, se envergonha da política fisiologista e tem nojo de políticos corruptos. Mas o que seria de esperar dessa escória que o Criador escalou para povoar o país do futuro que nunca chega, cuja descoberta foi uma fraude, a Independência, comprada, e a Proclamação da República, o primeiro de uma sequência de golpes de Estado que pensamos ter terminado com o tão sonhado fim da ditadura?
 
Em abril de 1984, uma maracutaia urdida pela alta cúpula militar sepultou a emenda Dante de Oliveira, mas a semente estava plantada e a campanha pelas Diretas Já culminou na eleição indireta de Tancredo Neves. Mas quis o destino
 (e depois dizem que Deus é brasileiro!) que o presidente eleito, tido e havido como "salvador da pátria", baixasse ao hospital horas antes da cerimônia de posse e à cova 5 semanas depois, levando consigo a esperança de milhões de brasileiros e deixando de herança um neto que envergonharia o país e um combo de oligarca maranhense, escritor, poeta e acadêmico a quem o último presidente-general se recusou a transferir a faixa presidencial (faixa a gente transfere para presidente, não para vice, e esse é um impostor).
 
Após 5 longos anos de desgoverno Sarney, nosso esclarecidíssimo eleitorado — que não votava para presidente desde a eleição de Jânio Quadros, em 1960 — reafirmou sua estranha predileção pelo "quanto pior, melhor". Embora a lista de postulantes ao Planalto incluísse Ulysses Guimarães, Mário Covas e outros próceres da nossa política (quando nosso política ainda tinha próceres), a récua de muares preferiu Collor e Lula no segundo turno e liquidou a fatura elegendo o pseudocaçador de marajás.
 
Concluído o impeachment do Rei-Sol, o baianeiro namorador Itamar Franco foi promovido a titular e o sucesso do Plano Real garantiu a vitória do 
grão-duque tucano Fernando Henrique, que se reelegeu em 1998, mas não conseguir fazer seu sucessor e deu presidência de bandeja para o desempregado que deu certo e seu espúrio partido.
 
Lula renovou seu mandato em 2006 e, para provar que era "capaz de eleger até poste", emplacou a mulher sapiens em 2010. A dita-cuja fez o diabo para se reeleger em 2014, mas foi penabundada em 2016, sendo sucedida pelo vampiro que tem medo de fantasmas, que claudicou até o final do mandato-tampão e passou a faixa para um combo de mau militar e parlamentar medíocre com vocação para tiranete. E deu no que deu.
 
Com as velas enfunadas por ventos supremos, o ex-presidiário mais famoso 
da história desta banânia zarpou da carceragem da PF e aportou no Planalto pela terceira vez .Vale destacar que a coalizão que se formou em torno do dito-cujo tinha por objetivo impedir a reeleição do "mito" dos anencéfalos e consertar os estragos feitos durante sua execrável gestão. Mas pau que nasce torto nunca se endireita, e o Sun Tzu de Atibaia logo enveredou pelo perigoso terreno das afinidades ideológicas aliadas ao excesso de pretensão sobre seu real tamanho na cena externa.
 
Entre os episódios burlescos protagonizados por D. Lula III  destaca-se a postura de admirador confesso do tiranete venezuelano Nicolás Maduro. Sua majestade disse inicialmente que ouviu do amigo a promessa de um pleito "limpo e democrático" e respeito à vontade do povo, consubstanciada pelo resultado das urnas. De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (que é controlado pelo Partido Socialista da Venezuela), o autocrata abjeto foi reeleito com 51,21% dos votos, mas a líder da oposição Maria Corina Machado diz ter provas de que Edmundo González Urrutia venceu por uma ampla vantagem. 
 
Para os observadores internacionais e a maioria dos governos — com exceção de Cuba Rússia, China, Nicarágua, Irã e outros regimes igualmente autoritários —, os dados oficiais são fraudulentos; segundo a Associated PressMaduro perdeu por uma diferença de quase meio milhão de votos. Para surpresa de ninguém, o paradeiro das atas eleitorais que o autoproclamado vencedor prometeu exibir continua incerto e não sabido, até porque seu conteúdo comprovaria o autogolpe. 
 
Num primeiro momento, Lula compactuou com a postura abjeta de seu partido, que reconheceu prontamente a vitória do caudilho venezuelano, mas mudou de ideia depois que Centro Carter afirmou que as atas eleitorais coletadas pela oposição eram "consistentes", e que González venceu de maneira clara e "por uma margem intransponível". Todavia, ao
 insistir que democracia é um conceito relativo, que a Venezuela não é uma ditadura, mas vive um 'regime desagradável", o petista escancara sua incapacidade de encaixar as palavras "Maduro" e "podre" numa mesma frase e deixa claro que sua abjeta ideológica o impede de se render à realidade, o que é inadmissível para um líder regional. 

Ecoando o ex-chanceler Celso Amorim, seu aspone especial para assuntos internacionais, Lula propôs a realização de um inexequível segundo turno das eleições no país vizinho (proposta essa que foi prontamente rechaçada por Corina, Urrutia e seus apoiadores). Aplicando-se os mesmos conceitos à conjuntura tupiniquim, Bolsonaro seria ligeiramente antidemocrático, o golpe falhado seria aceitável e o petismo aceitaria graciosamente o VAR de uma segunda eleição. 

Lula recebeu Maduro numa cúpula de países sul-americanos e tratou-o com deferência especial. Como anfitrião, foi criticado por seus pares, mas deu de ombros e seguiu na toada de condescendências em série, culminando na situação atual em que o Brasil, de líder, passou a voz praticamente isolada ao se recusar a reconhecer com clareza a fraude eleitoral deflagrada no final do mês passado. Além de desrespeitar o eleitor que votou nele acorrentado ao fator democrático, o pseudo grande estadista desrespeita a si mesmo.
 
Maduro já exibiu sua boca de jacaré, seus dentes de jacaré, seu couro de jacaré e seu rabo de jacaré, mas Lula continua achando que ele é o coelhinho da Páscoa. Num instante em que metade dos brasileiros ainda respira aliviada por ter conseguido se livrar de um candidato a déspota, Lula deveria parar de disputar a liderança da oposição com o "o coisa", sob pena de consolidar a crise venezuelana num processo de erosão da sua própria popularidade.

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

DE VOLTA À VELOCIDADE DA LUZ E AS VIAGENS NO TEMPO (PARTE VII)

NÃO HÁ NADA COMO O TEMPO PARA PASSAR, MESMO QUE O TEMPO NÃO EXISTA.

Einstein definiu o tempo como uma dimensão física entrelaçada com o espaço, disse que o espaço não era como "uma caixa rígida e inerte que contém as coisas" nem o tempo "uma linha reta pela qual as coisas fluem numa sucessão de acontecimentos formados por passado, presente e futuro". 

Séculos antes, Newton havia dito não era possível medir o "tempo verdadeiro", mas pressupor sua existência ajudava a compreender o amanhecer, o anoitecer e outros fenômenos naturais vinculados ao relógio e ao calendário. Bem mais recentemente, Julian Barbour afirmou que existe um universo onde o tempo flui do que chamamos de passado para o que chamamos de futuro", e outro em que ele corre no sentido inverso. 

Tudo isso parece ficção cientifica, mas a verdadeira "beleza" da ciência não está nas respostas, e sim nas perguntas que cada resposta suscita. Então, se o que é futuro para um observador é passado para outro, o tempo não flui necessariamente do ontem para o amanhã, e se o hoje é o amanhã de ontem e o ontem de amanhã, não seria o tempo apenas uma invenção humana destinada a facilitar a compreensão da realidade? 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Nos EUA, um juiz achou normal um ex-presidente levar para casa documentos secretos do governo; aqui, um ex-presidente acha normal ligar para o chefe da Receita Federal para "aliviar a barra" de um filho investigado. Vivemos tempos estranhos quando ações nitidamente ilegais são consideradas normais e os Poderes conspiram para a transformar uma republiqueta de bananas num governo autoritário que controla os poderes. O presidente de turno pode escolher o secretário da Receita Federal, mas não pode interferir nas investigações, muito menos para defender um filho. Não vivemos numa monarquia absolutista, onde a família do rei é intocável. Mas a vontade de normalizar qualquer deslize vai longe, tanto na visão de direita quanto da esquerda. 
O Legislativo é um poço de fisiologismo a serviço do desserviço (no que toca à população), o Judiciário se arroga o direito de direcionar as investigações do ponto de vista de uma maioria relativa — e as togas votam de maneira sobre casos idênticos de acordo com a conjuntura e o bandido de estimação da vez — e Lula acha que pode tudo, de interferir na Petrobras a indicar a velha camarinha de aliados para órgãos estatais. 
Nas pegadas da anulação do leilão para a compra de 264 mil toneladas de arroz — que teve entre os vencedores uma loja de queijos e uma locadora de automóveis — o Ministério da Saúde suspendeu a licitação de R$ 840 milhões para a compra de imunoglobulina, depois que as empresas participantes do certame apresentaram preços acima do valor de referência estipulado pelo governo. 
Farejando o cheiro de cartel, o plenário do TCU autorizou, no ano passado, a pasta da Saúde a incluir na disputa empresas estrangeiras, que oferecem o medicamento a preços até 30% inferiores aos dos concorrentes nacionais, mas os fornecedores domésticos recorreram ao STF e o ministro Nunes Marques decidiu monocraticamente proibir a aquisição do remédio importado.
A despeito dos riscos apontados pelo TCU, o fantasma da cartelização continua assombrando a licitação, mas não ocorreu a ninguém acionar a Anvisa para examinar a possibilidade de certificar o medicamento fabricado no estrangeiro. A encrenca da imunoglobulina superfaturada chega depois de outra esquisitice licitatória que levou o TCU a obrigar a Secom a suspender contrato de R$ 197,7 milhões com empresas que cuidariam das redes sociais do governo — o resultado da tomada de preços foi exposto na imprensa antes da proclamação dos vencedores. 
São tempos muito estranhos, estes que vivemos. 

Num evento organizado pela revista New Scientist em 2020, o físico italiano Carlo Rovelli esticou uma corda, pendurou a caneta no meio para marcar o presente, disse que o futuro estava à direita e o passado à esquerda e que o tempo é uma sequência de momentos que podemos ordenar e medir com nossos relógios. Depois de uma breve pausa, ele acrescentou: "Quase tudo o que eu disse está errado; é como se eu dissesse que a Terra é plana."
 
Rovelli ensinou que o aquilo que costumamos chamar de "tempo" é um emaranhado de camadas de fenômenos diferentes, que podem ser relevantes para alguns e irrelevantes para outros. Se nossas medições fossem precisas o suficiente, veríamos que o tempo corre em velocidades distintas para pessoas diferentes, dependendo de onde elas estão e de como se movimentam, mas não percebemos essas diferenças porque as velocidades que experimentamos no dia a dia são muito pequenas. 
 
Parafraseando Stephen Hawking, se o calendário for apenas uma convenção, nossa existência estaria pré-definida desde o Big Bang. Se tudo que existe é um efeito-cascata de causas e consequências, o plasma de quark-glúon dos primeiros instantes do universo já estaria destinado a dar origem à matéria, às estrelas, aos planetas e a formas de vida como nós. Assim, nossa correria para cumprir prazos e horários se deve a uma ilusão criada por nós mesmos, da mesma forma que o coelhinho da Páscoa serve para vender chocolate.
 
Observação: Segundo a física tradicional, o tempo como é uma dimensão real tão fundamental quanto o espaço — que Einstein unificou com o tempo num tecido contínuo que ficou conhecido como espaço-tempo. Embora possamos viver a vida baseados na ilusão útil do tempo ou assumir que tudo é uma sequência de momentos independentes, ainda teremos de acordar na hora certa todas as manhãs.
 
A tese segundo a qual o espaço-tempo é uma estrutura única e inseparável é quase uma unanimidade no meio científico, mas algumas "incompatibilidades" entre a relatividade geral e a mecânica quântica permitem questionar se Einstein estava certo em tudo que postulou. No mundo das partículas, diferentemente das outras três forças da natureza, a gravidade deixa de ser uma atração entre dois corpos e passa a ser uma deformação no tecido do cosmos causada pela matéria e de acordo com sua massa. 
Isso significa que o trânsito pelas três dimensões espaciais no espaço-tempo flui por "vias de mão dupla", mas na quarta dimensão a via é de mão única. 

Ou seria, pois a Termodinâmica Quântica admite a possibilidade de invertê-la, de modo que o tempo pode, sim, "andar’ para trás", ao menos no diminuto universo atômico e subatômico. Isso se o tempo realmente existir. Se não existir, sempre resta a causalidade. 

Continua...

quarta-feira, 31 de julho de 2024

CÂMBIO MANUAL, AUTOMÁTICO OU AUTOMATIZADO? (PARTE V)

QUANDO TEMOS 20 ANOS, A VIDA É UM MAPA RODOVIÁRIO; QUANDO CHEGAMOS AOS 24, COMEÇAMOS A ACHAR QUE O MAPA ESTÁ DE CABEÇA PARA BAIXO; AOS 40, TEMOS CERTEZA DISSO E AOS 60, PERCEBEMOS QUE ESTAMOS TOTALMENTE PERDIDOS.
 
A tecnologia por trás do "câmbio CVT" (sigla de Continuously Variable Transmission) foi idealizada no século XV pelo polímata Leonardo da Vinci — para ser usada em moinhos, bombas e outras geringonças, naturalmente —, mas a primeira patente foi registrada quase 400 anos depois, e somente em 1958 a montadora holandesa DAF estreou a primeira versão do câmbio "Variomatic" no pequeno DAF 600 — que foi um fiasco de vendas e ficou menos de 5 anos em linha. Mas não há nada como o tempo para passar.
 
Subaru lançou o Justy com a transmissão ECVT em 1984, e, na sequência, a Honda, a Toyota e a Nissan desenvolveram suas próprias transmissões continuamente variáveis, que não usam engrenagens dentadas — como os câmbios manuais e automatizados — nem planetárias — como os automáticos —, mas polias de diâmetros variáveis interligadas por uma correia metálica. 

Conforme o diâmetro da polia motriz aumenta, o diâmetro da polia conduzida diminui ( e vice-versa), mantendo o motor em sua faixa de rotação mais eficiente (maior desempenho com menos consumo de combustível). Como a variação é contínua, não há trocas de marchas, o que resulta num funcionamento suave e progressivo, e da feita que o torque varia conforme a velocidade, a economia de combustível tende a ser maior do que nos veículos com câmbio manual, automáticos convencionais e automatizados. Mas nem tudo são flores: a manutenção é mais cara e o ruído na cabine aumenta com a rotação do motor, o que afeta o conforto acústico dos ocupantes do veículo
 
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

A fruta está madura quando atinge o ponto de ser comida e podre quando cai do galho. Nicolás Maduro est
á pra lá de podre, mas se recusa a cair do galho. Se a fraude escandalosa prosperar, ele infernizará a vida dos venezuelanos por pelo mais seis anos (a menos que seja chamado a despachar presencialmente com Satanás), como vinha fazendo desde 2013, depois que Hugo Chávez bateu as botas. 
Em sendo real a proclamação oficial do resultado do pleito, o eleitor venezuelano reelegeu a superinflação, a recessão, o desemprego, a corrupção, a repressão e o êxodo de 25% do país. Ainda que a democracia dê liberdade às pessoas para exercitarem sua capacidade de fazer besteiras, insensatez tem limite: eleger a sandice uma vez é temeridade, duas é teimosia e três, suicídio.
O secretário-geral da ONU pediu a exibição dos resultados das urnas por assembleias de voto. Se Maduro não mostrar a ata, vai passar recibo de que perdeu e está mentindo, e se mostrar, ficará provado que ele perdeu e está mentido dando um golpe. O presidente da Argentina postou no Xwítter: "MADURO DITADOR, FORA!!!". Chile, Peru, Uruguai, Costa Rica, Equador, Panamá, Paraguai e República Dominicana exigiram a revisão completa dos resultados das urnas "com a presença de observadores eleitorais independentes". O tiranete não gostou e ordenou a pronta retirada das delegações diplomáticas dos "governos de direita subordinados a Washington e abertamente comprometidos com os mais sórdidos postulados ideológicos do fascismo internacional".
Edmundo González, o rival consentido pelo regime, é mero fantoche da líder oposicionista Maria Corina Machado, inabilitada pelo regime. Assim, o triunfo da oposição não seria garantia de êxito, mas até a ilusão de que é possível recomeçar do zero parece melhor que a perpetuação de uma ditadura apodrecida. E a vocação dos venezuelanos para o suicídio, por inverossímil, cheira a fraude.
O governo brasileiro divulgou nota oficial após o anúncio da reeleição, mas sem parabenizar Maduro. Segundo o assessor especial Celso Amorim, o déspota venezuelano disse que entregará as atas eleitorais, mas ressaltou que seu governo "corre o risco de ser alvo de golpe por parte da extrema direita”. Mais cedo, o esbirro de Lula havia dito que é amigo de César, mas mais amigo da verdade (e eu sou o coelho da Páscoa). Brasil, México e Colômbia estão articulando uma declaração conjunta para cobrar de forma mais enfática a entrega das atas de votação ao Centro Carter, que atua como observador internacional na Venezuela. Em entrevista coletiva, Maria Corina Machado disse que González Urrutia venceu de lavada, e vai provar o resultado disponibilizando as atas eleitorais na internet. A líder da oposição destacou também os protestos que se espalharam pelo país e convocou um ato para a manhã desta terça-feira.
O apoio do PT a Maduro passou de vexaminoso a ultrajante quando o partido chamou o autocrata de "presidente reeleito" em nota oficial. Num momento em que até o Itamaraty condiciona o reconhecimento do resultado à divulgação dos 60% de boletins de urna que "desapareceram", o partido de Lula qualifica o arremedo caricato de processo eleitoral do país vizinho como "jornada pacífica, democrática e soberana".
Para derrotar o golpismo de Bolsonaro, Lula abraçou Alckmin e costurou sua frente ampla, na qual muitos votaram para evitar o mal maior. Ao celebrar Maduro, o PT cospe no prato em que Lula comeu graças ao trabalho da imprensa livre, à independência da Justiça Eleitoral, à pluralidade política e, sobretudo, ao respeito à vontade da maioria do eleitorado. Ou seja: tudo que o ditador sonega aos venezuelanos, que convivem há décadas com a tese segundo a qual as únicas opções para que as coisas melhorem são os ditadores ou os loucos.
Por um descuido da providência divina, Maduro demonstrou em menos de 24 horas que acumula as duas condições. No domingo, acusado de fraude pela oposição, ele celebrou sua hipotética reeleição após uma suposta contagem de 80% dos votos. Na segunda-feira, com a velocidade de um raio, deixou-se coroar pelo órgão eleitoral da Venezuela como presidente reeleito e tratou o duvidoso como "irreversível".
Em vez de acender a luz, o déspota de bosta acenou com um recrudescimento do apagão democrático e acusou a oposição de tramar um "golpe de Estado" mediante um suposto ataque hacker que teria impossibilitado a divulgação de todas as atas de votação. Estão em cena todos os ingredientes tradicionalmente usados por Maduro para perseguir rivais e erguer as teorias conspiratórias que escoram as suas fraudes. A diferença é que, dessa vez, o pavio da sociedade venezuelana está mais curto. Num prenúncio do que está por vir, soaram em Caracas os primeiros buzinaços e panelaços.
Incrível e inacreditável são tidos como sinônimos, mas "incrível" soa como elogio e "inacreditável" é depreciativo. Para admitir que o improvável fosse real, seria preciso supor que o eleitor venezuelano reelegeu a ruína. De tão incrível, a vitória de Maduro é fantasticamente inacreditável, mas, alheio à deterioração que o rodeia, o pupilo de Chávez prefere ligar o botão do "foda-se".
"Nada de grave, nada assustador". Foi assim que Lula tratou a questão venezuelana. Na opinião do petista, a imprensa está tratando o assunto como se fosse a 3ª guerra mundial. "Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com um recurso e vai esperar na Justiça", acrescentou o Sun Tzu de Atibaia.Todo venezuelano sonha em viver nessa Venezuela democrática esboçada nas declarações de Lula, seja ela onde for. O diabo é que um fato não deixa de existir apenas porque o presidente brasileiro o ignora. No país de Maduro, a autoridade eleitoral é exercida por um compadre e oJudiciário está submetido ao palácio presidencial.
O PT disse que a vitória de Maduro foi democrática e representou a soberania do povo. Biden, ligou para Lula para entender a posição do brasileiroEnquanto isso, as atas que a oposição venezuelana conseguiu nos locais de votação, somando 80% das urnas do país, apontaram a vitória de González por 7,08 milhões de votos a 3,2 milhões. As ruas estão um caos e pelo menos 12 pessoas morreram e mais de 800 foram presas — incluindo um líder da oposição, que foi sequestrado.
Com suas declarações, Lula sinalizou que o reconhecimento da pretensa reeleição de Maduro pelo governo brasileiro é uma questão de tempo. Revelou-se capaz de fazer qualquer coisa pelo ditador venezuelano, inclusive papel de bobo.
As orelhas, os dentes e o focinho são de lobo, mas o xamã petista e a escumalha esquerdopata comandada por Gleisi Hoffmann, a sacerdotisa da seita inferno, agem se como se estivessem diante de uma vovozinha disfarçada.

No CVT toroidal da Nissan, dois rolamentos substituem a correia, o que proporciona variações mais ágeis na velocidade do veículo. Em outro modelo, dois cones interligados por correia rotacionam em sentidos opostos. No Direct Shift, lançado pela Toyota em 2019, uma engrenagem faz a primeira marcha, o que minimiza a "letargia" nas arrancadas (a partir daí, a parte continuamente variável da transmissão é conectada por embreagens magnéticas, mas o motorista não chega perceber a transição). 
 
Mais recentemente, a Honda lançou o e-CVT (de electric-Continuously Variable Transmission), no qual dois motores elétricos instalados no interior da transmissão simulam trocas de marchas e aproveitam a energia que seria perdida no câmbio durante sua conversão em eletricidade — uma parte dela vai para o motor gerador e a outra parte, para a bateria de íons de lítio.
 
Dirigir um carro com câmbio CVT é praticamente igual a dirigir um modelo com transmissão automática ou automatizada. O sistema também dispensa o pedal de embreagem, e a alavanca seletora apresenta as mesmas funções: P (de Park), D (de Drive), N (de Neutro), R (de ) e, às vezes, comandos como L (de Low) ou S (de Sport). Em alguns modelos, as montadoras programam a transmissão para "tornar as trocas de marcha perceptíveis" para o motorista, de modo a tornar a experiência de condução tão prazerosa quanto a de um carro com transmissão automática convencional ou automatizada de dupla embreagem.
 
Como se viu ao longo desta sequência, cada tecnologia tem suas vantagens e desvantagens. Dizer que uma opção é melhor ou pior do que as demais seria leviano, na medida em que melhor e pior são conceitos relativos, que variam conforme as necessidades, preferências e possibilidades de cada um. No que concerne a veículos 0km, a transmissão automatizada deixou de ser uma opção, já que o último modelo fabricado e vendido com esse tipo de transmissão foi o Fiat Cronos. 
 
De modo geral, o maior problema dos câmbios automatizados de embreagem única são os trancos durante a troca de marchas. Se comparados com os câmbios automáticos, os componentes dos automatizados são menos duráveis — sobretudo a embreagem, que exige substituições mais frequentes, e nos modelos de dupla embreagem a manutenção pode custar mais caro, já que seu sistema é mais complexo.
 
Problemas recorrentes com a transmissão robotizada Easytronic da Meriva levaram muitos proprietários (taxistas, em sua maioria) a substituí-la pelo câmbio mecânico. Eu mesmo tive uma em 2008, que deixou de acionar a embreagem com cerca de 6 mil quilômetros rodados, mas a concessionária reprogramou o sistema e não houve mais problemas, pelo menos até eu vender o carro — que eu troquei um ano depois por um Citroën C3 automático, que troquei dali a dois anos por um Chevrolet Cruze, também automático; ambos me deram outros problemas, mas nada relacionado com a transmissão. 
 
Já meu Ford New Fiesta PowerShift me aporrinhou desde zero com um barulho incomodativo em baixa velocidade, sobretudo quando trafegava por ruas de piso irregular. Em contato com a Ford, fui informado de que não se tratava de um defeito, mas de uma "característica do produto". Com menos de 10 mil quilômetros rodados, o "produto" não trocava mais as marchas. O consultor técnico disse que era um "problema comum" do PowerShift, e que seria sanado com a substituição do "robô" e do conjunto de embreagem sem ônus, pois o carro ainda estava na garantia. E assim foi feito. 

Dali a pouco mais de dois anos — quando a garantia já havia terminado — os famosos trancos trincaram a caixa de câmbio. Como o problema aconteceu no primeiro ano da pandemia de Covid, o carro ficou um mês na concessionária (a caixa era importada e não havia nenhuma em estoque em nenhuma concessionária Ford do país). O conserto foi orçado em R$ 14 mil, mas eu consegui reduzir para R$ 5 mil. Depois que acionei o Procon, fui devidamente reembolsado, mas paguei do bolso 3 das 4 semanas de carro reserva (meu seguro bancou somente os primeiros 7 dias).
 
Continua...