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quinta-feira, 27 de maio de 2021

SOBRE SISTEMA E APLICATIVOS (CONTINUAÇÃO)

PROMETE EM DÚVIDA, QUE AO DAR NINGUÉM TE AJUDA.

Conforme eu antecipei no post anterior, os aplicativos são responsáveis pela maioria das tarefas que o computador (de mesa, portátil ou ultraportátil) executa para nós. Embora o Windows integre um editor de textos elementar (Notepad, ou Bloco de Notas) e outro um pouco mais versátil (WordPad), muita gente não abre mão do MS Word (processador de textos que integra o Windows 365, como passou a ser chamado o pacote de apps de escritório e produtividade Office 365 — sucessor da tradicional suíte de aplicativos MS Office). 

Para proteger o computador contra malware e invasões, há quem prefira uma “Internet Security” — como as da Kaspersky, McAfee, Symantec, Avira, etc. —, a despeito de o Windows dispor de antimalware e firewall nativos. E para manter o sistema nos triques, usuários intermediários e avançados se valem de suítes de manutenção como o Advanced System Care, da IObit, ou o CCleaner, da Piriform, ainda que o próprio Windows conte com utilitários nativos para limpeza do disco, correção de erros e desfragmentação dos dados. E esses são apenas alguns entre dúzias de exemplos que eu poderia citar.

Ainda que os discos rígidos atuais sejam verdadeiros latifúndios, não há razão para ocuparmos cada megabyte de espaço com programas que usamos uma vez para nunca mais. Até porque qualquer software adicionado ao computador ocupa espaço e consome recursos (ciclos da CPU, espaço na memória RAM, etc.), e quanto mais aplicativos pendurarmos no sistema, mais lento o computador ficará e maiores serão os riscos de infeções digitais.

Até não muito tempo atrás, para instalar qualquer aplicativo era preciso adquirir a respectiva a mídia de instalação. Hoje em dia, basta acessar o site do desenvolvedor do programa — ou um repositório de softwares, como o Baixaki —, baixar o instalador, rodar o executável, aceitar os termos do EULA (detalhes nesta postagem) e pronto. A Web está coalhada de “freewares” (para saber mais sobre as diversas modalidades de distribuição e licenciamento de software, acesse esta postagem), e a “gratuidade” estimula a instalação de toda sorte de inutilitários. Por outro lado, além do impacto na performance do sistema, sempre existe o risco de esses programinhas virem acompanhados de vírus e outros códigos maliciosos. 

Observação: Apps maliciosos ou adulterados pela bandidagem digital são responsáveis pela maioria dos incidentes de segurança em smartphones (para saber mais, acesse esta postagem e as seguintes), sobretudo porque poucos usuários atentam para as permissões solicitadas no momento da instalação. Você já se perguntou, por exemplo, por que diabos uma lanterna ou um gravador de voz que você instala no seu celular pede permissão para acessar sua agenda de contatos ou seus grupos no WhatsApp?

Pode-se argumentar que tudo é reversível no âmbito do software e que basta desinstalar os aplicativos inúteis ou problemáticos para recuperar o espaço que eles ocupavam e tudo voltar a ser como antes no Quartel de Abrantes. Mas não é assim que a banda toca. Elementos indesejáveis (pastas, arquivos de log e entradas inválidas no Registro do Windows, entre outros) costumam sobreviver à desinstalação do programa que os criou. Barras de ferramentas adicionadas ao navegador e alterações da homepage e do mecanismo de buscas são bons exemplos de modificações que nem sempre são revertidas com a pura e simples remoção do programa que as implementou. E o mesmo vale para vírus e outros códigos mal-intencionados (spywares, trojans, bots e outros que tais).

No smartphone, reverter o aparelho às configurações de fábrica costuma resolver todos esses problemas, mas tudo volta a ser como era quando o aparelho foi ligado pela primeira vez — ou seja, todas as configurações, personalizações e aplicativos terão de ser refeitos/reinstalados. No PC, mesmo que a Microsoft tenha facilitado bastante a reinstalação do Windows, esse processo é apenas a parte visível do iceberg. Depois de reinstalar o sistema ainda  preciso atualizá-lo, personalizá-lo e reinstalar todos os aplicativos que não vieram com o computador. Isso sem mencionar que arquivos pessoais (documentos de texto, fotos, músicas, vídeos, etc.) podem se perder caso o usuário não cultive o hábito de manter backups atualizados desse conteúdo.

Por hoje chega. O resto fica para uma próxima vez.  

quinta-feira, 22 de abril de 2021

AINDA SOBRE A SEGURANÇA DIGITAL (CONCLUSÃO)

A CIÊNCIA NUNCA RESOLVE UM PROBLEMA SEM CRIAR PELO MENOS OUTROS DEZ.

Para concluir esta breve sequência sobre segurança digital, relembro que em algum momento da história da informática os cibercriminosos se deram conta de que o malware poderia ser um aliado valioso se, em vez de danificar o sistema alvo, monitorasse os hábitos de navegação das vítimas, bisbilhotasse seus arquivos sigilosos e capturasse credenciais de login, números de cartões de crédito e que tais.

Manter o Windows e os aplicativos atualizados, contar com a proteção de um arsenal de segurança responsável, criar senhas seguras, desconfiar (sempre) de anexos e hyperlinks recebidos por email e/ou compartilhados em programas mensageiros e/ou redes sociais, por exemplo, são dicas largamente divulgadas, mas nem sempre observadas. E “o problema com as consequências (como observou o Conselheiro Acácio, personagem do romance O Primo Basílio, de Eça de Queiroz), é que elas sempre vêm depois”.

É fato que ainda não inventaram um software de segurança idiot proof a ponto de proteger usuários relapsos de si mesmos, mas também é fato que ninguém apresentou uma solução melhor do que usar esse tipo de ferramenta. Se ela não garante proteção absoluta como spywarestrojansransomwares e assemelhados, ao menos minimiza os riscos de o usuário ser vítima desses programinhas mal-intencionados.

Deixar o computador desligado é uma solução, mas não uma alternativa válida, a exemplo de não conectar a Internet — nos tempos que correr, isso seria como usar uma Ferrari apenas para ir buscar pão na padaria da esquina. Existe uma maneira menos absurda — mas ainda radical, pelo menos no âmbito doméstico — de operar o computador livremente, sem se preocupar com a segurança e a integridade do sistema. Essa alternativa, conhecida como “virtualização”, consiste basicamente em instalar um aplicativo que cria uma "imagem" das definições e configurações do computador e as recarrega a cada inicialização. Assim, sempre o usuário ligar o computador, tudo será como dantes no quartel de Abrantes, independentemente da ação de malwares e/ou das “barbeiragens” cometidas pelo próprio usuário durante a sessão anterior.

Observação: virtualização faz lembrar do filme "Feitiço do Tempo", no qual um repórter meteorológico ranzinza (Bill Murray) foi encarregado pela quarta vez consecutiva de cobrir uma festividade interiorana chamada de "Dia da Marmota" e, após pernoitar na cidadezinha devido a uma nevasca, passa a reviver a cada manhã o dia da festa, como se o tempo tivesse deixado de passar (clique aqui para assistir).

O detalhe (e o diabo mora nos detalhes) é que eventuais atualizações e correções do Windows, de seus componentes e dos demais aplicativos, instalações e remoções de software, apagamento de arquivos e pastas, enfim, quaisquer alterações realizadas legítima e intencionalmente durante uma sessão são desfeitas na próxima inicialização. Claro que é possível criar exceções ou desativar a ferramenta antes de fazer as modificações desejadas, mas até aí morreu o Neves.  

Alguns anos atrás, ao avaliar aplicativos de virtualização para embasar um artigo, achei-os interessantes para donos de lanhouses, cibercafés e afins, mas restritivos demais para usuários domésticos. Nesta revisão, percebi claramente que as ferramentas estão bem mais amigáveis, não o bastante para recomendar seu uso, mas o suficiente para sugerir, a quem interessar possa, o Faraonics Deep Freeze e o Shadow Defender, que oferecem versões de teste, mas exigem registro após o prazo de avaliação, o que não acontece com o Reboot Restore, que é freeware. Seja qual for a sua escolha, só ative a proteção depois de particionar o HDD (veja como fazer isso na sequência de 5 postagens iniciada por esta aqui) e mover para a partição que não será virtualizada seus arquivos de texto, planilhas, enfim, tudo o que você costuma alterar constantemente.

Cumpre mencionar que reverter ações malsucedidas nas edições 9x do Windows exigia executar o scanreg/restore via prompt de comando — uma tarefa complicada para os poucos leigos e iniciantes que sabiam da existência desse recurso). Sensível a esse problema, a Microsoft criou o System Restore (ou restauração do sistema), que pretendia introduzir no WinXP — que não só foi um sucesso absoluto de crítica e de público como se tornou a edição mais longeva da história do Windows —, mas acabou adicionando aos recursos nativos do Windows Millennium Edition, que lançou a toque de caixa em setembro de 2000, para aproveitar o apelo mercadológico da “virada do milênio”, mas acabou sendo um retumbante fiasco.

Em linhas gerais, o System Restore cria backups das configurações do Registro e de outros arquivos essenciais ao funcionamento do computador em intervalos regulares, ou sempre que alguma modificação abrangente é procedida (note que também é possível "pontos de restauração" manualmente). Assim, caso o PC se torne instável ou seja incapaz de reiniciar, o usuário pode tentar reverter o sistema a um ponto anterior através da interface gráfica e, com um pouco de sorte, resolver o problema com relativa facilidade.

Observação: O desairoso WinME sucedeu ao Win98SE (que muitos consideravam “o melhor Windows de todos os tempos), mas não conseguiu se legitimar como seu virtual sucessor — missal da qual o XP, lançado 13 meses depois, se desincumbiu com um pé nas costas. Dentre seus muitos problemas do ME, relembro a lentidão, os travamentos constantes e a profusão de telas azuis da morte — decorrentes, em grande medida, da maneira como o sistema suportava aplicações que dependiam de compatibilidade integral com o MS-DOS. Além disso, se PC ficasse ocioso por mais de 10 minutos, mover o cursor do mouse podia resultar no congelamento do sistema, acompanhado ou não de uma indesejável tela azul. A ocorrência desse erro dependia da configuração do computador, mas quem teve a infelicidade de ser aporrinhado por ele jamais o esqueceu. Ademais, a própria restauração do sistema se tornou problemática no ME a partir de 8 de setembro de 2001, já que um erro na forma como o recurso passou a marcar os pontos a partir dessa data tornou a ferramenta incapaz de encontrá-los, e mesmo quando a restauração era realizada com sucesso podia acontecer de malwares serem ressuscitados junto com os arquivos legítimos, o que tornava a restauração inútil quando o propósito era recuperar o sistema de uma eventual infecção.

segunda-feira, 19 de abril de 2021

SEGURANÇA É UM HÁBITO — CONTINUAÇÃO

NO ANO 453 A.C., EM ALGUM DIA DO MÊS DE FEVEREIRO, VERIFICOU-SE TERRÍVEL ENCONTRO ENTRE OS AGUERRIDOS EXÉRCITOS DA BEÓCIA E DE CRETA. SEGUNDO RELATAM AS CRÔNICAS, VENCERAM OS CRETINOS, QUE ATÉ AGORA SE ENCONTRAM NO GOVERNO.

A insegurança digital não se resume aos folclóricos “vírus de computador”, que, aliás, não surgiram com a Internet, embora a popularização da Rede Mundial de Computadores entre usuários domésticos tenha contribuído sobremaneira para sua proliferação.

Os primeiros registros (teóricos) de códigos de computador capazes de autorreplicar remontam a meados do século passado, mas o nome vírus só foi adotado nos anos 1980, depois que um pesquisador chamado Fred Cohen embasou sua tese de doutorado nas semelhanças entre os vírus biológicos e os digitais, tais como precisar de um hospedeiro, fazer cópias de si mesmos, infectar outros sistemas/organismos etc. (mais detalhes na sequência Antivírus - A História). 

Observação: Vale salientar que um vírus, em si, não é necessariamente destrutivo, e que um programa destrutivo, em si, não é necessariamente um vírus, e que worms, trojans, spywares, keyloggers, hijackers, ransomwares e outros programinhas maliciosos que não se encaixam na definição de “vírus” continuam a ser chamados como tal, mesmo depois que se convencionou usar o termo malware — acrônimo de malicious software” — para referenciar as pragas em geral, inclusive os próprios vírus.

O que começou como uma brincadeira inocente tornou-se um sério problema para usuários de PC, já que os criadores de vírus passaram a embutir em seus códigos instruções para apagar dados, corromper arquivos importantes do sistema, comprometer o funcionamento de aplicativos legítimos, sobrescrever as informações gravadas nos discos rígidos e por aí afora.

O lado bom da história, se é que se pode dizer assim, é que as pragas se limitavam a atuar no âmbito do software — se o antivírus não impedisse a infeção (ação preventiva) nem fosse capaz de dar cabo dela a posteriori (ação corretiva), bastava reformatar o HDD e reinstalar o Windows para tudo voltar a ser como dantes no Quartel de Abrantes.

Observação: A origem da frase portuguesa “tudo como dantes no quartel d’Abrantes” remonta ao século XIX, quando Portugal foi invadido pelo exército de Napoleão, liderado pelo general Jean Junot. Em 1807, uma das primeiras cidades invadidas foi Abrantes, a 152 quilômetros de Lisboa. Lá, Junot instalou seu quartel-general e, meses depois, se fez nomear duque d’Abrantes. Os franceses encontraram Portugal acéfalo, já que D. João VI, a família real e seus puxa-sacos haviam fugido para o Brasil. Durante a invasão, ninguém ousou se opor ao duque, e a tranquilidade com que ele se mantinha no poder provocou o dito irônico. A quem perguntasse como iam as coisas, a resposta era sempre a mesma: “Está tudo como dantes no quartel d’Abrantes”.

Convém ter em mente que malwares não são pragas divinas nem obras do demônio ou criações de entes sobrenaturais. Tecnicamente, eles são programas outros quaisquer, mas instruídos a executar tarefas maliciosas (no léxico da informática, o termo programa designa um conjunto de instruções em linguagem de máquina — como C, C#, C++, JavaScript, TypeScript, VB.Net etc. — que descrevem uma tarefa a ser realizada pelo computador).

Continua.

domingo, 11 de abril de 2021

TUDO COMO DANTES NO QUARTEL DE ABRANTES

 

Impossível enxergar a olho nu vestígios de sanidade na forma como Jair Bolsonaro lida com a pandemia. Ele briga com os fatos mais ou menos como o sujeito que salta do décimo andar e, ao passar pelo oitavo, proclama aliviado: “Até aqui, tudo bem.”

No dia em que o Brasil registrou pela primeira vez mais de 4 mil mortes por covid em 24 horas, o capitão criticou novamente medidas de isolamento social adotadas por estados e municípios para evitar ou atenuar o colapso das UTIs. Presidente que prega o retorno a uma hipotética “normalidade” sem fornecer vacinas na quantidade necessária para atingir a imunidade coletiva condena sua Presidência à anormalidade.

Bolsonaro acha que se imunizou politicamente ao entregar a coordenação política do governo para o centrão. Engano. A tribo de Arthur Lira e Valdemar Costa Neto revela-se capaz de tudo, exceto de cometer suicídio político. A lealdade dos aliados tende a diminuir na proporção direta do aumento do número de cadáveres. A Fiocruz, fundação vinculada ao Ministério da Saúde, alertou que a pandemia deve permanecer em “níveis críticos” durante o mês de abril, “prolongando a crise sanitária e o colapso nos serviços e sistemas de saúde nos Estados e capitais brasileiras”. De acordo com o Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19, elaborado pela Fiocruz, houve um aumento na taxa de letalidade da covid. Subiu de 3,3% para 4,2%.

O Brasil pós-redemocratização elegeu cinco presidentes pelo voto direto: Collor, FHC, Lula, Dilma e Bolsonaro. O primeiro e a penúltima foram enviados para casa antes de concluir o mandato. Uma taxa de mortalidade de 40% — praticamente dez vezes maior do que o índice de letalidade do vírus. Há nas gavetas do deputado Arthur Lira, o réu que preside a Câmara, sete dezenas de pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Por muito menos, o então presidente da Câmara Eduardo Cunha, mentor de Lira, colocou para andar o pedido de deposição de Dilma.

Falando com um grupo de devotos na porta do Alvorada, Bolsonaro recusou-se a comentar os 4.211 corpos do dia. Preferiu espinafrar a estratégia do isolamento social. “Tem uma pesquisa aí que diz que quem tem uma vida saudável é 8 vezes menos propenso a ter problema com a covid” afirmou ele, sem citar a fonte da pesquisa, em vídeo divulgado por canal bolsonarista no YouTube. “Mas quando você prende o cara em casa, o que ele faz em casa? Duvido que ele não aumentou um pouquinho de peso. Duvido. Até eu cresci um pouquinho a barriga”, completou, arrancando gargalhadas dos apoiadores. “Me chamavam de torturador, racista, homofóbico. Agora é o quê? Aquele que mata muita gente? Genocida! Imagina se o Haddad estivesse no meu lugar?! (...) Do que eu não sou culpado aqui no Brasil? (risos)”, afirmou o presidente. “O pessoal [em outros países] quer destruir o vírus. O pessoal, aqui, quer destruir o presidente. Se vai morrer mais gente, não interessa [pra eles], não”, concluiu.

Diante da escalada no número de casos de coronavírus, no Brasil, todos os estados e o Distrito Federal passam por algum tipo de restrição. O isolamento social é consolidado internacionalmente como uma das principais ferramentas de combate à Covid. Em março, o sucessor de Pazuello no comando da Saúde defendeu uma orientação para a população usar máscaras e adotar o isolamento ao assumir a pasta. A postura foi elogiada por parlamentares, inclusive integrantes da oposição, por não seguir o presidente.

Observação: Queiroga é cardiologista, não general. Mas, a exemplo do antecessor, o doutor também se submete às generalidades que compõem as superstições de Bolsonaro sobre o “tratamento precoce” do coronavírus. Nesta quarta-feira, foi batizado com Cloroquina numa pajelança anticientífica realizada na cidade catarinense de Chapecó. Ao aceitar o convite do chefe para integrar a comitiva presidencial num tour cloroquínico, o subordinado comportou-se como um médico que viaja num avião sabendo que toda a sua bagagem de conhecimentos científicos viaja em outra aeronave. A iniciativa pode ser um tributo que o doutor decidiu pagar à falta de lógica, para evitar que o presidente o expurgue do governo, como fez com o ortopedista Henrique Mandetta e o oncologista Nelson Teich. A dúvida que paira no ar é a seguinte: o que é pior, um general sem formação médica que bate continência para as prescrições de um capitão ou um médico que se rende ao receituário de um presidente sem comprovação científica?

Numa pandemia, depois da insanidade costuma vir a cobrança. Como Bolsonaro não dispõe de um plano mirabolante de retorno à normalidade sem restrições, tende a se tornar um aliado tóxico. Aos pouquinhos os aliados do Planalto começam a fazer exercícios de futurologia. Muitos já avaliam que, se concluir o mandato, o capitão fará campanha em 2022 não nas redes sociais, mas ao lado de uma pilha de cadáveres. Não será fácil recrutar companhia.

Com Josias de Souza

quinta-feira, 8 de abril de 2021

VAI UM FILMINHO AÍ?

A VIDA É INGRATA NO MACIO DE SI, MAS TRANSTRAZ A ESPERANÇA MESMO DO MEIO DO FEL DO DESESPERO.

A maior pandemia viral da história do nosso país — quiçá do mundo — impôs a adoção do home office e de medidas como o “isolamento social” para retardar a propagação da Covid e evitar o colapso no sistema de saúde. 

Se as decisões foram acertadas, se surtiram os efeitos esperados, se devem ser mantidas ou suspensas em benefício da recuperação, bem, essas são perguntas cujas respostas podem variar de acordo com o nível intelectual e, por que não dizer, as convicções político-ideológicas das pessoas a quem a gente as dirigir.

Polarizações à parte, é incontestável que o uso de computadores (de mesa, portáteis e ultraportáteis) cresceu exponencialmente no último ano, tanto por conta do trabalho remoto quanto pela redução do contato pessoal com colegas, amigos e parentes (falo de pessoas responsáveis, não dos cretinos que promovem e frequentam festinhas clandestinas), como comprova o expressivo aumento da base de usuários de plataformas como o Zoom.

A videoconferência surgiu nos anos 1970, mas demorou décadas para se popularizar, já que a troca de vídeos em tempo real exigia inicialmente um aparato sofisticado, com duas ou três câmeras, microfones, um ou dois monitores, aparelhos de vídeo cassete, lousas eletrônicas, e um computador conectado à Internet. Mas, já dizia o poeta, “não há nada como o tempo para passar”.

Observação: Para que não se lembra, a conexão em banda larga só começou pipocar no Brasil após a virada do século; até então a modalidade padrão de acesso era a lenta e instável rede “dial up”, na qual placas de modem analógico incorporadas aos PCs discavam (literalmente) para um provedor de Internet. Além de instável, a conexão discada era extremamente lenta (a velocidade máxima teórica alcançada por um modem analógico é de 56,6 kbps) e cara, pois a operadora cobrava um pulso quando a ligação era completada e pulsos adicionais a cada 6 segundos, da mesma forma que nas ligações convencionais — a não ser durante as madrugadas e em feriados e finais de semana, quando eram cobrados apenas dois pulsos, independentemente do tempo de duração da chamada.

Ao longo dos últimos anos, graças, sobretudo, à melhoria da conexão e às novas tecnologias que surgiram, como smartphones ultra velozes e tablets, as famosas chamadas de vídeo se tornaram comuns até mesmo em aplicativos como WhatsApp, Skype, Facebook e Instagram, entre tantos outros. 

Em 2020, a videoconferência tornou-se indispensável na rotina das pessoas. O Google Meet, por exemplo, teve uso ampliado em 25 vezes durante a pandemia; a Microsoft registrou, em apenas um mês, aumento de 70% no número de usuários do Skype, e o Zoom, que se popularizou bastante, surpreendeu ao bater incríveis 169% de crescimento no período.

Além do home office, do happy hour virtual e das confraternizações remotas (por videoconferência) entre amigos e parentes, os sites que oferecem filmes e seriados para download também registram uma expansão substantiva em sua base de usuários. Mas é preciso ter em mente que navegar na Web, que até não muito tempo atrás um “bucólico passeio no parque”, tornou-se uma prática tão perigosa quanto um safári nas savanas africanas, dado o aumento exponencial de pragas digitais e golpes virtuais. E foi-se o tempo em que o vírus era apenas incomodativo (na pior das hipóteses, bastava reinstalar o sistema operacional para que tudo voltasse a ser como antes no Quartel de Abrantes).

Procurar o nome de um filme no Google (ou em outro mecanismo de buscas qualquer) e clicar no primeiro link que aparece é uma prática tão comum quanto perigosa. Não raro, o internauta é redirecionado a sites potencialmente inseguros, que condicionam a liberação do conteúdo ao preenchimento de um cadastro com nome, CPF, telefone, endereço eletrônico etc. Alguns exibem uma mensagem de erro, outros fornecem o conteúdo, mas vendem os dados a empresas especializadas no envio de spam, e há os que chegam até a lançar valores a débito na telefônica informada no cadastro — sem autorização e à total revelia do usuário — a título de cobrança pelo “serviço fornecido”.

A tecnologia P2P (de Peer-to-Peer, ou ponto a ponto) tornou-se popular na década passada por permitir o compartilhamento de arquivos entre os usuários sem a necessidade de um servidor central. Ela foi projetada para compartilhar arquivos grandes de forma ágil, mas vem sendo usada desde sempre (quem não se lembra do célebre KaZaA) de maneira maliciosa, dado o anonimato que permite. 

O problema do serviço é que o usuário não tem como saber se o arquivo é ou não real, se está realmente baixando um filme ou infectando seu sistema com uma carga viral. E confiar nos comentários que outros espectadores deixaram na plataforma que exibe o filme não é a solução, já que muitos deles podem ser falsos.

Alguns sites que oferecem filmes e séries para download exigem a instalação prévia de “plug-ins” que podem conter vírus, spywares e outros programinhas maliciosos que se destinam a espionar o internauta, exibir janelas pop-up de propaganda, roubar senhas, dados bancários e números de cartões de credito, entre outras coisas.

Observação: No final do ano passado, pesquisadores da Avast deram conta de que 28 extensões disponíveis para os navegadores Google Chrome e do Microsoft Edge instalavam um malware capaz de roubar dados pessoais dos internautas. Somando o número de downloads de todos os plugins maliciosos, a empresa de segurança tcheca calculava que três milhões de pessoas foram afetadas, mundo afora, por essas maracutaias.

Muitos usuários que baixam filmes a partir de sites legítimos acabam buscando a legenda condizente em outros endereços desconhecidos, que vinculam o fornecimento do conteúdo ao preenchimento de um cadastro (e utilizam os dados informados para finalidades escusas), ou então induzem a vítima a baixar arquivos perigosos, como executáveis que, em vez da legenda desejada, brindam o incauto com programinhas maliciosos. Como diz um velho ditado, “o barato sai caro”. Serviços de streaming on-line — como Netflix, Amazon, Disney etc. — são pagos, mas bem mais seguros, além de oferecer o conteúdo dublado ou com legenda.

terça-feira, 16 de março de 2021

SOBRE A RESTAURAÇÃO DO SISTEMA

UM ORAL CAPRICHADO SEMPRE RENDE DIVIDENDOS. 

Até o lançamento do Windows Millennium Edition, ao usuário que instalasse um driver problemático ou um app malcomportado e fosse brindado com instabilidades ou travamentos que conseguisse resolver desinstalando o vilão da história, restavam duas opções: 1) tentar recolocar o bonde nos trilhos restabelecendo a última configuração válida executando o “Scanreg”; 2) formatar o HDD e reinstalar o Windows do zero.

Como era preciso recorrer ao prompt para acessar uma lista de backups do registro e escolher, por tentativa e erro, uma que funcionasse, a maioria dos usuários não conhecia ou não sabia usar esse recurso. Sensível ao problema, a Microsoft introduziu a Restauração do Sistema no WinME (que foi lançado a toque de caixa para aproveitar o apelo mercadológico da chegada do ano 2000). Além de ser mais eficiente que o Scanreg, o novo recurso era (e continua sendo) executado a partir da interface gráfica do sistema, o que facilita bastante sua utilização (mais detalhes nesta postagem).

Não vou repetir aqui o que disse em outras oportunidades (para saber o que é, como funciona e como deve ser configurado e utilizado esse expediente, basta digitar "restauração" no campo Pesquisar aqui do Blog), mas apenas reforçar que a restauração está longe de ser uma panaceia, mas pode poupar muita dor de cabeça em caso de desconfigurações acidentais do sistema ou ações de vírus e outros malwares, por exemplo. 

Para dar uma ideia de como a coisa funciona traçando um paralelo com nosso quotidiano, imagine que, ao caminhar tranquilamente pela cidade, você escorrega numa casca de banana e acorda no hospital com um galo enorme na testa. Se a vida concedesse uma "segunda oportunidade" — como faz a Restauração do Sistema —, bastaria simplesmente voltar ao momento anterior ao escorregão e, sabedor da existência da tal casca de banana, evitar o tombo e as respectivas sequelas.

O Windows cria pontos de restauração automaticamente (desde que o recurso esteja habilitado e os pressupostos que lhe permitam fazê-lo sejam satisfeitos), mas nada impede que você também os crie manualmente sempre que levar a efeito uma reconfiguração abrangente, instalar drivers de dispositivos e aplicativos, ou mesmo antes de abrir um anexo de email suspeito, por exemplo.

Na hipótese de haver problemas, basta escolher um ponto criado anteriormente, comandar a restauração do sistema e torcer para que tudo volte a ser como antes no quartel de Abrantes.

Lembre-se apenas de que você terá de reinstalar eventuais atualizações (do Windows e de apps) que tenham sido implementadas após a criação do ponto de restauração para o qual o sistema foi revertido.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

SÍNDROME DA VISÃO DE COMPUTADOR

A VIDA É CHEIA DE OBRIGAÇÕES QUE A GENTE CUMPRE POR MAIS VONTADE QUE TENHA DE AS INFRINGIR DESLAVADAMENTE.

O primeiro caso de Covid no mundo foi registrado no início de dezembro de 2019; o primeiro caso de gripezinha do capitão-cloroquina no Brasil foi confirmado em 26 de fevereiro de 2020 — há onze meses, portanto.

Há ao menos 200 vacinas em diferentes fases de desenvolvimento mundo afora e cerca de 50 na fase final de testes. Os imunizantes da Moderna, AstraZeneca, Sinopharm e Sinovac devem obter os respectivos registros nas próximas semanas.

Sem embargo, a pandemia não tem data para acabar (para gáudio dos fabricantes de máscaras e álcool em gel, que estão lavando a égua). Ser ou não infectado, apresentar ou não sintomas, sobreviver ou não ao vírus assassino é como uma loteria. No entanto, em meio a tantas incertezas, uma coisa é certa: o home office veio para ficar e, com ele, a Síndrome da Visão de Computador.

Trata-se de um problema de ressecamento ocular associado à redução da frequência com que piscamos os olhos quando operamos o PC. Os sintomas clássicos são ardência, visão distorcida, vermelhidão e fadiga ocular, que podem ser minimizados com o uso de colírios tipo “lágrimas artificiais”.

É recomendável fazer pausas de 10 minutos a cada hora de trabalho, bem como manter uma distância de aproximadamente 30cm da tela do monitor — que não deve ficar nem alta demais, nem baixa demais em relação à linha dos olhos. Sem mencionar que a configuração correta de tela pode ajudar um bocado. Veja como proceder no Windows 10:

Para ajustar o tamanho do texto, dos aplicativos e demais elementos, clique em Iniciar > Configurações > Sistema > Vídeo e, em Ajustar escala e layout, o percentual em que a visualização dos elementos na tela for mais confortável para você.

Na mesma janela, logo abaixo, clique na setinha à direita da caixa referente ao campo Resolução. Repare que apenas uma das diversas opções de resolução disponíveis está marcada como Recomendável. Isso significa que ela exibe o número exato de pixels que a tela possui fisicamente, tornando mais nítida a exibição das imagens. Se quiser, teste outras resoluções; caso não fique satisfeito, é só não as efetivar que tudo volta a ser como antes no quartel de Abrantes.

Clique no link Configurações de escala avançadas e, em Corrigir a escala para aplicativos, ative o botão que autoriza o sistema ajustar o foco automaticamente — ou, por sua conta e risco, deligue o ajuste automático e configure manualmente um valor entre 100 e 500 (lembrando que a Microsoft não recomenda alterar essa configuração).

A exemplo dos smartphones, o Windows dispõe de um modo noturno que bloqueia a luz azul, evitando que seu ritmo circadiano (ou relógio biológico) seja afetado e interrompa produção de melatonina — o hormônio que controla o sono. Então, clique em Configurações de luz noturna para ajustar a temperatura da cor e o períodos em que o recurso deve ser ativado. Sugiro deixar que o Windows ative e desative o a luz noturno nos horários que você predefinir, mas é bom saber que você pode ativar e desativar o recurso a qualquer momento clicando no botão Luz noturna que é exibido na Central de Ações (que você acessa clicando na extremidade direita da Barra de Tarefas).

Observação: Se o botão em questão não for exibido na Central de Ações, reveja configurações desse recurso clicando em Iniciar > Configurações > Sistema > Notificações e Ações. É possível escolher as ações rápidas que você poderá acessar pela Central de Ações; ativar ou desativar notificações, barras de notificação e sons de alguns ou todos os remetentes de notificações; escolher se deseja ver notificações na tela de bloqueio; ativar ou desativar dicas, truques e sugestões sobre o Windows, e por aí afora.

Também é possível calibrar as cores exibidas no monitor, caso elas não lhe pareçam fiéis à imagem original. O próprio sistema possui uma configuração padrão, mas você pode ajustá-la de modo a deixar a visualização de imagens mais agradável. Basta digitar “calibrar cores do vídeo” na caixa de pesquisa da Barra de tarefas e executar o miniaplicativo que fica no Painel de Controle.

Concluída a calibração de cores, o “Otimizador de texto Clear Type” será exibido (se preferir, acesse esse recurso diretamente digitando “cleartype” na caixa de pesquisas da Barra de Tarefas). A configuração consiste simplesmente em selecionar os textos que lhe pareçam mais nítidos.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS... — PARTE IV

A GRANDE TRAGÉDIA DA CIÊNCIA: O MASSACRE DE UMA BELA HIPÓTESE POR PARTE DE UM HORRÍVEL FATO.

Sobre mensagens de erro, telas azuis, travamentos e reinicializações aleatórias do Windows, lembro ter escrito há muitos anos o haikai que você vê na ilustração ao lado. Muita coisa mudou desde então; problemas dessa natureza já não ocorrem com a mesma frequência que ocorriam nas edições 3.x/9x/ME do Windows. Mas isso não quer dizer que não possam ocorrer, mesmo no Win 10.

Imagine que um belo dia você liga o computador e nada acontece. Ou seu amigo eletrônico dá o boot mas empaca na tela de boas-vindas. Claro que isso não é bom. Mas é preciso ter em mente que sua prioridade deve ser recolocar o bonde nos trilhos. 

Então, a não ser que o incidente decorra de mau funcionamento do hardware, descobrir o culpado pelo descarrilamento pode ficar para depois. Primeiro, porque há grandes chances de você reiniciar o computador e tudo voltar a ser como antes no Quartel de Abrantes. Segundo, porque há um sem-número de possibilidades no âmbito do software, e explorá-las uma a uma é como treinar para louco.

Anedotas são versões jocosas de situações pitorescas pinçadas do quotidiano. Como este diálogo entre o usuário e o atendente do suporte técnico:

— Help desk assistência, posso ajudar?

— Sim, bem.... estou tendo um problema com o Word.

— Que tipo de problema?

— Bem, eu estava digitando e, de repente, todas as palavras sumiram.

— Defina “sumiram”.

— Desapareceram. Do nada. A tela está preta. Não aceita nada que eu digite.

 Você ainda está no Word ou já saiu?

— Como posso saber?

 Você vê o Prompt C: na tela?

— O que é esse 'promete-se'?

— Esquece. Você consegue mover o cursor pela tela?

— Não há cursor algum. Eu te disse, ele não aceita nada que eu digite.

Seu monitor tem um indicador de força?

— O que é monitor?

— É essa tela que parece com uma TV. Ele tem uma luzinha que diz quando está ligado?

— Não sei.

— Então olhe atrás do monitor e veja se cabo de força está conectado. Você consegue fazer isso?

— Acho que sim.

— Ótimo. Siga o cabo e me diga se ele está ligado na tomada.

— Tá, sim.

— Atrás do monitor, você reparou que existem dois cabos?

— Não.

— Mas eles estão lá. Preciso que você olhe e ache o outro cabo.

— Ok, achei...

— Siga-o e veja se ele está bem conectado na parte traseira do computador.

— Não posso!

— Você não consegue ver se está?

— Não.

— Nem mesmo se ajoelhar ou se debruçar sobre ele?

— Ah, não, tá muito escuro aqui!

— Escuro?

— Sim, a única luz que eu tenho vem da janela, lá do outro lado.

— Bom, acenda a luz então!

— Não posso.

— Por que não?

— Porque estamos sem energia.

Continua...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS... — PARTE III

A CIÊNCIA TRAZ AO HOMEM A INCERTEZA DE UMA CERTEZA.

A evolução do Windows ao longo do tempo vinha sendo tratada numa sequência cuja publicação eu interrompi dias atrás para focar outros assuntos (e que pretendo retomar em breve). Diante disso, podemos deixar de lado os entretantos e partir para os finalmentes, começando por lembrar que a encarnação atual do festejado sistema da Microsoft é o Win 10 20H2, que está para as jurássicas versões 3x como um Ford Bigode de 1920 para um Mustang Shelby GT500 de última geração. Todavia, por mais que tenha sido aprimorado nas últimas 3 décadas, o Windows ainda é um programa de computador e como tal está sujeito a bugs e que tais.

Mensagens de erro, telas azuis, travamentos e outras falhas exasperantes faziam parte do dia a dia dos usuários do Win 9x/ME. Com o lançamento do Win XP, baseado no kernel (núcleo) do Win NT, as aporrinhações se tornaram menos recorrentes, mas isso não significa que não ocorram também no Win 10. Vale lembrar que todos os upgrades semestrais (de conteúdo) que a Microsoft implementou no Ten desde 2016, quando o novo “sistema como serviço” soprou sua primeira velinha, atazanaram, em maior ou menor grau, a vida de um sem-número de usuários (detalhes nesta sequência).   

Observação: Se a Microsoft fabricasse carros, disse Bill Gates em algum momento dos anos 1990, eles custariam 25 dólares e rodariam 1.000 milhas com um galão de gasolina. A General Motors saiu em defesa das montadoras e, numa resposta bem humorada — e verdadeira —, afirmou que o motor dos "MS-Car" morreria frequentemente, obrigando o motorista a descer do carro, trancar as portas, destrancá-las e tornar a dar a partida para poder seguir viagem, numa evidente analogia com os constantes travamentos do Windows (vale a pena clicar aqui e ler a íntegra da resposta).

Voltando ao cerne desta abordagem, que é a solução de problemas no ambiente Windows, relembro que tudo é reversível no âmbito do software, e que não há nada como uma reinstalação do zero para o Windows voltar à velha forma. Por outro lado, essa solução “in extremis” é demorada e trabalhosa, não tanto pela reinstalação em si, mas pelas subsequentes atualizações, personalizações e reconfigurações que fazem tudo voltar a ser como antes no Quartel de Abrantes — noves fora, naturalmente, os problemas que levaram à reinstalação do sistema.

Por essas e outras, recomenda-se chutar o pau da barraca somente após de tentar (e não conseguir) resolver o imbróglio com medidas menos invasivas. Mas isso já é assunto para o próximo capítulo.