sexta-feira, 30 de maio de 2025

O PAÍS DA CORRUPÇÃO — 9ª PARTE

PIOR QUE O BANDIDO TRAVESTIDO DE POLÍTICO É O IDIOTA TRAVESTIDO DE ELEITOR, QUE VOTA NESSE TIPO DE GENTE.

Em momentos distintos da ditadura, Pelé e o general Figueiredo alertaram para o risco de misturar brasileiros e urnas em eleições presidenciais — e foram duramente criticados. Mas como contestá-los, se lutamos tanto pelo direito de votar para presidente e elegemos Collor, Lula, Dilma e Bolsonaro?


Nunca saberemos como estaria o Brasil se o golpe de Estado de 1889 não tivesse ocorrido. Ou se a renúncia de Jânio não tivesse levado ao golpe de 64. Ou se nosso primeiro presidente civil — eleito indiretamente após 21 anos de ditadura — não tivesse levado para o túmulo a esperança de milhões e deixado um neto que envergonharia o país e um vice que pavimentaria a vitória de um pseudo caçador de marajás sobre um desempregado que deu certo na primeira eleição direta desde 1960.

 

Muita coisa podia dar errado no capítulo final da novela da ditadura. Em 1984, o último dos cinco generais presidentes da ditadura — que, entre outros dislates, disse preferir o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo e que "daria um tiro no coco" se fosse criança e seu pai ganhasse salário-mínimo — confidenciou a Henry Kissinger, então secretário de Estado dos EUA, que uma parte das Forças Armadas apoiava a volta do governo civil, e a outra estava disposta a tudo para evitar que "os esquerdistas tomassem o país". Figueiredo considerava Tancredo uma pessoa capaz e moderada, mas cercada por muitos radicais de esquerda que talvez não conseguisse controlar.

 

No imaginário nacional, Tancredo foi o melhor de todos os presidentes — mas só porque, a exemplo da Viúva Porcina (personagem da novela Roque Santeiro), "foi sem nunca ter sido". Por uma trapaça do destino, ele baixou ao hospital horas antes da cerimônia de posse e morreu 38 dias e sete cirurgias depois — ironicamente, no feriado que homenageia o Mártir da Independência. Também não dá para saber o que aconteceria se ele tivesse governado, mas sabe-se que a posse de José Sarney ecoou como a gargalhada do diabo nos estertores da ditadura. 

 

Sarney  não tinha ideia do tamanho do "abacaxi" que seria assumir a presidência sem ter indicado seus ministros e herdando uma inflação de 220% ao ano. Cinco anos depois, entregou a Collor a faixa presidencial e uma superinflação de 1.800%, mudou seu domicílio eleitoral do Maranhão para o recém-criado estado do Amapá e conseguiu se eleger senador. Conta-se que, depois que pendurou as chuteiras, ao ser informado pela filha Roseana — então governadora do Maranhão — de que um dilúvio deixara metade do estado debaixo d’água, ele perguntou: "A sua metade ou a minha?"

 

Ao lado de Ulysses Guimarães, Mário Covas, Franco Montoro e Fernando Henrique, Tancredo liderou a campanha pelas "Diretas Já". A despeito da maior adesão popular da história, a Câmara sepultou a emenda Dante de Oliveira, que estabelecia a volta das eleições diretas para presidente. Ainda assim, a comoção social foi tamanha forçou a convocação do colégio eleitoral formado por 686 deputados, senadores e delegados estaduais. Em 15 de janeiro de 1985, Tancredo venceu Maluf — que era apoiado pelos militares — 480 a 180 votos.

 

 Ulysses chegou a cogitar disputar mas foi preterido pela chapa mista formada com o PFL de José Sarney Sr. Diretas e entregou a Tancredo o programa denominado Nova República, que previa eleições diretas em todos os níveis, educação gratuita, congelamento dos preços da cesta básica e dos transportes, entre outras benesses. Se tivesse sido ele o escolhido pelo colégio eleitoral, talvez disputasse — e vencesse — a eleição solteira de 1989. Sem Collor no Planalto e Zélia no Ministério da Fazenda, não teria havido sequestro dos ativos financeiros, congelamento da poupança e a sequência de planos econômicos fracassados que precederam o Plano Real. Assim, talvez a redução da miséria brasileira tivesse começado muito antes e hoje houvesse mais gente com salário digno e casa para morar.

 

Nada garante que teria sido assim, mas, mesmo que fosse, o Brasil — esse eterno laboratório de desilusões políticas — ainda teria muito chão para tropeçar. A eleição direta de 1989, com 22 candidatos e uma população faminta por mudanças, virou palco de um espetáculo grotesco que consolidou a crença de que o próximo salvador da pátria viria embalado em promessas vazias, frases de efeito e, claro, uma bela embalagem televisiva. E assim seguimos, entre urnas e urros, tropeçando em nossas escolhas.

 

Continua...

quinta-feira, 29 de maio de 2025

"ALEXA" MADE IN CHINA

OS VERDADEIROS ARTISTAS SIMPLIFICAM.

A Xiaomi lançou recentemente a Xiaomi Smart Speaker, um novo modelo de caixa de som inteligente com funções similares às da Alexa, mas com a assistente digital com a Super XiaoAI e a um preço consideravelmente menor do que as ofertas similares da Amazon.

 

Segundo a fabricante, seu produto é mais inteligente e intuitivo que a Alexa, sendo capaz de atender e responder a vários comandos em uma só frase — para controlar dispositivos de casa inteligente, por exemplo, basta falar "apaga a luz do quarto, acende a luz da sala e tranca a porta". 


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Os petistas já verbalizam em alto e bom som o que sussurravam pelos contos: o ciclo político de Lula está com um pé na cova. 

Com a idade batendo à porta, o macróbio precisa escolher um sucessor, mas nem Haddad, Rui Costa, Camilo Santana ou Boulos têm seu carisma — e disputa segue silenciosa, pois nenhum deles que parecer herege diante do maximus pontifex da seita do inferno. 

Mais que escolher um nome, o lulopetismo enfrenta o desafio de criar uma versão de si mesmo sem Lula, ou seja, uma esquerda que se quer progressista, mas sem ser estatista, radical ou personalista, isto é: tudo que a atual nunca foi. Mas superar velhos vícios — como o monopólio autoproclamado da voz popular, a paranoia com elites conspiratórias e identitarismo excludente — é uma tarefa tão complexa que exigiria um grande (e talvez derradeiro) milagre do eterno demiurgo de Garanhuns.

 

A novidade também consegue conversar de forma mais natural, como o ChatGPT, desobrigando o usuário de dar comandos “robóticos” para que ela o compreenda e responda aos comandos. Seu modelo de IA próprio conta com um conhecimento mais extenso, que permite não só dar respostas simples, como previsão do tempo, ou controlar itens de smart home, mas também lidar com perguntas mais elaboradas e específicas. 

 

A Xiaomi Smart Speaker suporta uma vasta gama de dispositivos conectados e permite controlar luzes, fechaduras, purificadores de ar e outros aparelhos do ecossistema da marca, além de itens compatíveis com o Mi Home. O preço sugerido no mercado chinês é de ¥ 199 (cerca de R$ 154 em conversão direta), mas ainda não há informações sobre o lançamento global do dispositivo.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

DE VOLTA À ORIGEM DO UNIVERSO

SÃO AQUELES QUE SABEM POUCO, E NÃO OS QUE SABEM MUITO, QUE AFIRMAM CATEGORICAMENTE QUE ESTE OU AQUELE PROBLEMA JAMAIS SERÁ RESOLVIDO PELA CIÊNCIA.

Aos 87 anos, Kip Thorne, Nobel de Física em 2017, acredita o Universo teve origem nas célebres ondas gravitacionais — que ele e sua equipe do LIGO foram pioneiros em detectar, confirmando as previsões de Einstein

Segundo o cientista, essas ondas são o caminho que leva à criação do universo, não por Deus, como uma pessoa religiosa sugeriria, mas por meio das leis da física, a despeito de elas ainda não conseguirem lidar com a verdadeira "criação" de tudo.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Anúncios da equipe econômica se sucedem, mas dois fatos permanecem: as contas públicas continuam desequilibradas e o governo segue aumentando impostos. No país com uma das maiores cargas tributárias do mundo, a solução oficial é sempre a mesma: cobrar mais do contribuinte, sem cortar gastos ou apresentar um plano sério de controle de despesas.

Na semana passada, Haddad tentou elevar a alíquota sobre remessas ao exterior para 3,5%, mas recuou para 1,1% após a reação negativa, numa clara demonstração de improviso e desorientação. O ministro prometeu déficit zero, mas a dívida pública avança de 71,7% do PIB em 2022 para os previstos 84% em 2026. O governo anunciou um congelamento de R$ 31,3 bilhões, mas quase dois terços do ajuste virão do aumento de impostos, e não de cortes relevantes nos gastos. A meta fiscal será descumprida de novo, já que o essencial não muda: mais déficits, mais dívida. 

Privatizações? Nem pensar. O caminho é conhecido: tributar mais, gastar igual — e deixar a conta para o contribuinte.

Thorne também é fascinado por buracos de minhoca. A ciência não sabe se esses túneis cósmicos existem e, caso afirmativo, se podem permanecer abertos, mas a esperança está viva, o que mantém a imaginação de todos ativa. Quanto à viagem no tempo, Thorne não descarta a possibilidade, mas reconhece que a tecnologia necessária ainda está "muito, muito além da capacidade humana".

No final, o pesquisador que dedicou a vida a entender os mistérios do universo não quer apenas ver buracos negros e ondas gravitacionais, mas também entender a complexidade da humanidade. Seja no céu estrelado ou na vida aqui na Terra, ele continua fascinado por tudo o que não sabemos — e pela promessa de que um dia possamos vir a descobrir.

terça-feira, 27 de maio de 2025

O PAÍS DA CORRUPÇÃO — 8ª PARTE

LASCIATE OGNI SPERANZA VOI CH'ENTRATE!

Para assegurar a independência do Ministério Público Federal em relação ao Executivo, a Constituição de 1988 condicionou a destituição do PGR à aprovação do Senado. Assim, prestar vassalagem a presidente que o indicou não fazia parte das atribuições de Augusto Aras. No entanto, seduzido pela promessa (jamais cumprida) de uma vaga no STF, o antiprocurador lambeu as botas de Bolsonaro até dezembro de 2022 — e estaria lambendo as de Lula se não tivesse sido preterido por Paulo Gonet.

 

Ao longo de 79 fases, a Lava-Jato contabilizou 1.450 mandados de busca e apreensão, 211 conduções coercitivas, 132 mandados de prisão preventiva e 163 de temporária. Foram colhidos materiais e provas que embasaram 130 denúncias contra 533 acusados e geraram 278 condenações (sendo 174 nomes únicos), num total de 2.611 anos de pena. Foram propostas 38 ações civis públicas e 735 pedidos de cooperação internacional, e mais de R$ 4,3 bilhões foram recuperados por meio de 209 acordos de colaboração e 17 de leniência.

 

Tudo ia bem até que os procuradores cometeram o "pecado mortal" de mirar dois ministros do STF e um parlamentar rachadista que, coincidentemente, era filho do presidente da República. A partir de então, o ministro Gilmar Mendes passou de defensor a crítico ferrenho da força-tarefa e articulador do fim da prisão em 2ª instância. Paralelamente, o procurador que nada encontrava porque não procurava disparou o tiro de misericórdia na operação que expôs as entranhas pútridas dos governos petistas e trancafiou no xilindró bandidos travestidos de executivos das maiores empreiteiras do país e políticos ímprobos do mais alto escalão do governo federal.

 

A pá de cal foi gentilmente fornecida pelo site esquerdista Intercept Brasil, com o vazamento seletivo de mensagens roubadas dos celulares de Sergio Moro, Deltan Dallagnol e outros procuradores por uma quadrilha de hackers capiaus. No entanto, ainda que sugerisse uma colaboração explícita entre quem acusava e quem deveria julgar com imparcialidade, o material espúrio não foi periciado pela PF, já que "provas" obtidas criminosamente carecem de valor legal. Mesmo assim, Moro passou de herói nacional a "juiz parcial", e Lula, de presidiário a inquilino do Planalto (pela terceira vez), onde agora busca concluir a demolição da economia — iniciada no 1º mandato de sua pupila e interrompida pelo processo de impeachment.

 

Ao embarcar numa canoa que deveria saber furada, Moro iniciou um périplo pelos nove círculos do inferno. A exemplo de Aras, deixou-se seduzir pela promessa (jamais cumprida) de uma vaga no STF, e assim trocou 22 anos de magistratura por um efêmero ministério no governo daquele que viria a ser o pior mandatário desde Tomé de Souza. Pode-se acusá-lo de ter sido ingênuo (para dizer o mínimo), mas não de condenar Lula motivado por "ambições políticas". Primeiro, porque a sentença foi proferida em julho de 2017, quando ninguém levava a sério a possibilidade de Bolsonaro ser eleito presidente; segundo, porque o petista foi preso por determinação do TRF-4, que não só ratificou a condenação como aumentou a pena em um terço.

 

Observação: Durante os 580 dias de férias compulsórias na carceragem da PF em Curitiba, sempre que alguém lhe perguntava se estava bem, o pontifex maximus da seita do inferno respondia: "Só vou ficar bem quando foder o Moro".

 

As coisas poderiam ter tomado outro rumo se Moro continuasse engolindo sapos depois da folclórica reunião interministerial em que Bolsonaro ameaçou trocar o superintendente da PF antes que "alguma sacanagem fodesse sua família ou um amigo". Na coletiva de imprensa que convocou para anunciar seu desembarque do governo, ele acusou o presidente de interferir politicamente na PF — a revelação desse segredo de Polichinelo resultou na abertura de um inquérito para apurar os fatos, mas tudo acabou em pizza quando o ministro Celso de Mello se aposentou.

 

Como juiz federal, Moro enquadrou poderosos em processos de grande repercussão, como o escândalo do Banestado, a Operação Farol da Colina e a Operação Fênix, e condenou figuras do alto escalão da política e do empresariado, como Lula, José Dirceu, Sergio Cabral e Emílio e Marcelo Odebrecht. Em 2018, sua imagem de herói nacional ajudou o mau militar e parlamentar medíocre a se passar por inimigo da corrupção e conquistar o apoio da classe média. Como ministro, foi traído por Bolsonaro; ao deixar o governo atirando, passou de ídolo a traidor na visão dos bolsonaristas — para os lulopetistas, ele sempre foi tido como algoz de seu amado líder.

 

Como aspirante à inquilino do Planalto, Moro se filiou ao Podemos, migrou para o União Brasil e foi sabotado por Luciano Bivar — que fingiu interesse em disputar a Presidência para tirá-lo do jogo, como já o havia tirado do Podemos. Candidato a deputado federal por São Paulo, elegeu-se senador pelo Paraná. A despeito de ter escapado da cassação, sua apagada atuação parlamentar ombreia com a de Bolsonaro (que aprovou míseros dois projetos em quase 3 décadas como deputado do baixo-clero). Refém do personagem que criou na Lava-Jato e do político pouco habilidoso que demonstrou ser, vem colhendo os frutos do que plantou ao trocar o certo pelo duvidoso. 


Na Divina Comédia, Dante percorre o inferno e o purgatório guiado pelo poeta Virgílio, e o paraíso, pela mão de sua amada Beatriz. Na política, cada um precisa fazer seu caminho, e o ex-juiz entrou nessa sem guia. Mas a questão que se coloca é: como estaria o Brasil se o establishment não tivesse conspirado para o aborto de seu voo de galinha?  The answer, my friend, is blowing in the wind — ou num universo paralelo: segundo a Interpretação de Muitos Mundostoda decisão ou evento quântico que ocorre no nosso se desdobra em múltiplas realidades, cada uma com um desfecho diferente.

Moro ingressou na política embrulhado na bandeira do combate à corrupção. Mesmo com voz de pato e trocando “cônjuge” por “conje”, “comigo” por “com mim” e “depredaram” por “depredraram”, talvez ele se saísse melhor como presidente do que como ministro — até porque a prometida carta branca era “para inglês ver”; o que Bolsonaro queria era um vassalo que dançasse conforme a música que ele tocasse, e via o ex-juiz como um potencial adversário, alguém que no futuro poderia ameaçar seu projeto de poder.  

Quando foi abatido no voo de galinha rumo ao Planalto, Moro mirou a Câmara Federal e acertou o Senado. Sua migração entre partidos escancara a falta de apoio político — um problema grave no presidencialismo de coalizão. A judicialização da política durante a Lava-Jato deixou sequelas: parte da população ainda o vê como herói; outra, como justiceiro seletivo. Seu apoio à reeleição do presidente que o obrigou a engolir sapos e beber a água da lagoa foi um escárnio, e sua atuação como parlamentar revelou-se irrelevante.

É provável que Moro fosse menos desastroso que Bolsonaro ou Lula. Seu governo provavelmente teria uma abordagem mais pragmática, com foco em reformas estruturais em vez de populismo. Mesmo sem o carisma do xamã petista ou a conexão emocional do refugo da escória da humanidade com seu "gado", o ex-juiz poderia conquistar o apoio dos antipetistas não-bolsonaristas — mas correria o risco de se tornar refém do Centrão e repetir os vícios que sempre criticou.

Enquanto Lula acumulou feitos sociais (ainda que nitidamente populistas e eleitoreiros) e Bolsonaro reavivou uma extrema-direita que estava no armário desde o fim da ditadura, a força de Moro estaria na promessa de normalidade institucional — algo frágil em um país com demandas urgentes por emprego e serviços básicos como educação, saúde e segurança. 

Moro teria vantagens técnicas sobre Bolsonaro e simbólicas sobre Lula, mas sua inabilidade política e o peso de suas contradições limitariam seu alcance. Seria um presidente imperfeito, mas menos nocivo à democracia que o capetão e menos vulnerável a escândalos que o macróbio petista. Sua gestão dificilmente resolveria os problemas estruturais do país, mas talvez evitasse os extremos dos últimos anos. Numa era de opções ruins, “menos pior” pode ser o máximo que a política oferece — e, nesse critério rasteiro, Moro se beneficiaria do fracasso alheio.

Observação: diante das opções impostas por cegos mentais em 2018 e 2022, até Ciro Gomes teria sido uma escolha mais lúcida para quebrar a polarização. Mas o cearense de Pindamonhangaba concorreu à Presidência quatro vezes (1998, 2002, 2018 e 2024) e não chegou ao segundo turno em nenhuma delas.

Continua...

segunda-feira, 26 de maio de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 29ª PARTE

NÃO ESTÁ MORTO O QUE PODE EM ETERNO JAZER; EM ESTRANHOS ÉONS, ATÉ A MORTE PODE MORRER.

A construção de uma base lunar facilitaria a exploração de Marte e outros planetas do Sistema Solar: como a gravidade é aproximadamente um sexto da terrestre, o lançamento de espaçonaves exigiria menos energia (ou seja, menos combustível), mas haveria problemas significativos, como os altos níveis de radiação e outros efeitos ambientais adversos a que os astronautas estariam sujeitos durante sua permanência na Lua.

 

Em Marte, a atmosfera é rarefeita, empoeirada e composta basicamente por dióxido de carbono. As tempestades de poeira duram meses e a temperatura média na superfície do planeta é de -63°C. A baixa gravidade (38% da terrestre) permite saltos mais altos e movimentos ágeis, mas o traje de 130kg dificulta a locomoção. A perda de densidade óssea é semelhante à que ocorre em ambientes de microgravidade, e os astronautas precisarão contar com suprimentos e medicamentos suficientes para a estada no planeta, sem falar que a viagem de volta terá de ser planejada meticulosamente.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Algumas páginas da história não devem ser viradas, mas arrancadas. Lula foi preso em 2018, mas voltou ao Planalto graças à desastrosa passagem de Bolsonaro. 

Inelegível até 2030 e provavelmente condenado antes do final do ano pelos crimes de tentativa de golpe e organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado contra o patrimônio público e deterioração de patrimônio tombado, Bolsonaro insiste em sua falaciosa candidatura em 2026,  e direita demorar a escolheu quem o substituirá .

O governador Tarcísio de Freitas já deu nome aos bois: PL, PP, União Brasil, PSD, Republicanos e Podemos formarão uma frente anti-Lula. Sua fala agradou o centrão, mas irritou Bolsonaro — como se a criatura cantasse Raul Seixas ao criador: "Sou a mosca que pousou na sua sopa". 

Ciro Nogueira amenizou: "O Brasil pode chamar Tarcísio de presidente em breve, agora ou em 2030", e o ex-presidiário do mensalão e dono do PL, Valdemar Costa Neto, cravou: "Bolsonaro é quem vai decidir o candidato. Ele é o dono dos votos." 

No fim, a mosca e a sopa são a mesma coisa: Tarcísio parece boiar no caldo bolsonarista, mas está afogado nele. Se quiser avançar, terá que afinar com Bolsonaro — e prometer o indulto. 

Triste Brasil.

 

É importante não confundir baixa gravidade com microgravidade. A Estação Espacial Internacional (ISS), que orbita a Terra a cerca de 400 km de altitude e 28 mil km/h, está num estado de "queda livre contínua", pois sua velocidade tangencial lhe permite manter essa trajetória sem jamais atingir o solo. Como os astronautas e todos os objetos dentro da estação "caem juntos", a microgravidade causa a impressão de que eles estão flutuando.

 

O limite entre a atmosfera terrestre e o espaço sideral é chamado de Linha de Kármán e "fica" a 100 km acima do nível do mar. A partir dessa altitude, a atmosfera se torna tão rarefeita que qualquer aeronave comum perderia a sustentação — daí as naves espaciais não terem nenhum tipo de asa —, mas não se trata de limite físico absoluto, até porque a atmosfera terrestre não "termina" abruptamente aos 100 km: a ISS orbita a Terra a 400 km de altitude, mas ainda dentro da termosfera, onde há traços de atmosfera suficientes para causar algum arrasto.

 

O fogo também se comporta de maneira diferente num ambiente de microgravidade: as chamas assumem um formato esférico e a combustão ocorre de maneira mais lenta e uniforme, podendo inclusive persistir de forma "silenciosa", sem labaredas visíveis. Como o calor e fumaça se distribuem todas as direções, fica difícil detectar e debelar um eventual incêndio — em 1997, os tripulantes do módulo Mir levaram cerca de 15 minutos para um incêndio causado por um vazamento numa válvula de oxigênio.

 

Num passado distante, Marte apresentou condições ambientais semelhantes às terrestres, com rios de água líquida e clima "habitável", com uma atmosfera densa o bastante para proteger a superfície do planeta da radiação solar, mas seu campo magnético enfraqueceu e atmosfera esvaneceu — daí os cientistas estudarem o passado marciano para entender o que pode ocorrer com a Terra no futuro.

 

Voltando ao ponto central desta postagem, problemas causados pela exposição à microgravidade e à radiação cósmica galáctica (GCR) forma detectados pela primeira vez no final dos anos 1960, durante o projeto Apollo. Atualmente, os cientistas buscam entender melhor os efeitos que viagens longas e missões com anos de duração podem causar nos rins e em outros órgãos viscerais — além da perda de massa óssea, enfraquecimento do coração e da visão, alguns astronautas apresentaram aumento generalizado de cálculos renais decorrentes da exposição aos ventos solares e à GCR proveniente do espaço profundo.

 

Para que as missões espaciais sejam relativamente seguras, os cientistas precisam compreender como o sistema imunológico dos astronautas é afetado. Uma equipe de pesquisadores de mais de 40 instituições em cinco continentes analisou dados fisiológicos, anatômicos e bimoleculares de missões na órbita baixa da Terra realizadas por humanos e roedores na ISS, e os camundongos submetidos a doses de GCR equivalentes a expedições a Marte durante 1,5 e 2,5 anos revelaram mudanças nos dados genéticos relacionados aos linfócitos T — responsáveis por funções imunológicas —, que podem resultar em doenças autoimunes e infecções que persistiram mesmo depois que cobaias voltam à gravidade normal.

 

Continua...

domingo, 25 de maio de 2025

SOBRE O CHURRASCO NOSSO DE CADA DOMINGO

CADA UM TECE COMO LHE APETECE

Quando ainda era candidato a um inusitado terceiro (e queira Deus derradeiro) mandato, certo ex-presidiário descondenado prometeu "devolver a picanha e a cervejinha à mesa dos brasileiros". Acabou que a carne, o café, os ovos, os azeites, os laticínios e outros gêneros alimentícios ficaram ainda mais caros. 


Mesmo assim, o pseudo-parteiro do Brasil maravilha segue candidatíssimo à reeleição — como se seus índices de aprovação  não fossem os piores de toda sua trajetória política —, e quem nao abre mão do churrasquinho de domingo é obrigado a comprar mais linguiça e substituir os cortes nobres por outros "menos caros", como e o caso da fraldinha.

 

Churrasco como manda o figurino deve ser regado a caipirinha e muita cerveja gelada. Mas a mistura de cerveja com churrasco não só resulta numa "bomba calórica" como também estufa o estômago e eleva os índices de colesterol no sangue. Remover a capa de gordura antes de grelhar deixa a carne seca, e retirá-la no prato não resolve o problema do colesterol, devido ao alto índice de gordura entremeada nas carnes vermelhas. Esse "marmoreio" não é facilmente visível, mas é rico em LDL (o "mau colesterol" presente nas gorduras saturadas). Mal comparando, é como a ressaca, que só se evita abrindo mão da caipirinha, da cerveja, do vinho, do uísque e de qualquer outra bebida alcoólica. 

 

Por falar em vinho, os tintos combinam bem com carne vermelha, mas o álcool resultante da fermentação da uva pode inibir temporariamente o funcionamento da enzima AMPK, que é importante para o metabolismo celular. Já a cerveja, os refrigerantes e a água gaseificada tendem a causar desconforto abdominal (quando não azia e refluxo) devido à presença do gás carbônico. 

 

Segundo um estudo publicado na Elsevier, o processo de metabolização e digestão do álcool, quando consumido com alimentos de origem animal, pode produzir ésteres etílicos de ácidos graxos, comprometendo a barreira intestinal e permitindo a passagem de toxinas para a corrente sanguínea. Por outro lado, o consumo ocasional de churrasco e cerveja (ou qualquer outra bebida alcoólica) não causa problemas sérios à saúde, embora o álcool reduza temporariamente a produção de enzimas digestivas, tornando a digestão mais lenta e aumentando momentaneamente os níveis de colesterol no sangue. 


Em suma, quem tem problemas com colesterol alto deve evitar essa combinação com frequência. Quanto às calorias, 100 ml de álcool puro contém aproximadamente 700 kcal — quase o dobro contido em 100 g de açúcar. Da feita que caipirinha é basicamente uma mistura de álcool e açúcar com uma pequena parte de suco de limão, faça as contas.

 

De acordo com os especialistas, suco de uva integral e chá gelado são ricos em antioxidantes e ajudam a neutralizar os componentes tóxicos formados durante o preparo do churrasco, Sucos de limão, abacaxi, laranja e maracujá também ajudam na digestão, e a água de coco, que tem alto poder de hidratação, ajuda a balancear o excesso de sódio no churrasco.

 

Fica a sugestão. No mais, cada um tece como lhe apetece. 

sábado, 24 de maio de 2025

BLOQUEANDO ANÚNCIOS INVASIVOS NO GOOGLE CHROME

NÃO VÁ AONDE NÃO TE QUEREM NEM VÁ AMIÚDE AONDE ÉS BEM-VINDO.


A Internet teve origem na ARPANET, que foi desenvolvida pelo Departamento de Defesa dos EUA durante a Guerra Fria. Inicialmente concebida para uso militar, a rede foi gradativamente estendida a instituições acadêmicas, órgãos governamentais e grandes corporações. 


Com o avanço da tecnologia e a crescente demanda por comunicação global, ela se tornou acessível ao público em geral, primeiro através de serviços como AOL, CompuServe ou Prodigy, que ofereciam conteúdo num espaço delimitado e mais algumas portas de saída que permitiam aos internautas mais arrojados um acesso mais amplo. Mas a popularização veio com o surgimento dos browsers (navegadores).   


Em meados dos anos 1990, os poucos internautas domésticos que havia usavam o Netscape Navigator. Mais adiante, a Microsoft licenciou o código do Spyglass Mosaic, criou o Internet Explorer, incluiu-o no Windows 95 Plus! e o promoveu a componente nativo do festejado Windows 98. Em 1997, o IE destronou o Navigator e liderou o mercado até meados de 2012, quando foi superado pelo Google Chrome


Atualmente, os principais navegadores se equivalem em desempenho e recursos, mas o programa do Google é o preferido de 66% dos internautas.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


No dia em que o ex-comandante da Aeronáutica confirmou ao STF a tramoia golpista de Bolsonaro, o secretário de Estado dos EUA afirmou à Comissão de Relações Exteriores da Câmara que Alexandre de Moraes pode ser enquadrado na chamada "Lei Magnitsky", que o proibiria, entre outras coisas, de entrar naquele país. Eduardo Bolsonaro — que está no Texas, sustentado pelo pai, com o propósito de cavar punições a "Xandão" —, puxou a comemoração do bolsonarismo nas redes, como se coubesse ao Tio Sam o papel de xerife global. 

Tanto Bolsonaro pai quanto os extremistas que o apoiam sabem que, mesmo que Moraes fosse proibido de entrar nos EUA, não haveria chance de o Supremo ceder à pressão, até porque não se trataria de uma agressão a um juiz em particular, mas ao Judiciário como um todo. Demais disso, se uma punição acontecesse, seria um óbvio ataque à soberania brasileira. O jogo do ex-presidente só pode prosperar na crise, na bagunça, na arruaça. Prova disso é a proposta de anistia aos golpistas que ele defende, mesmo sabendo ser inconstitucional. 

Com o depoimento devastador de Batista Júnior, o plano homicida de golpe de Estado padece de excesso de provas. Não havendo no ordenamento jurídico tupiniquim resposta possível para salvar os criminosos, os devotos do capetão, que já cantaram o Hino Nacional para pneu e enviaram sinais de celular para alienígenas, agora apelam ao "Império do Norte". 

O complexo de vira-lata rosna sabujice, ressentimento e vigarice.

 

Como publiquei uma longa sequência sobre navegadores entre 6 de maio e 16 de junho de 2020, seria redundante descer a detalhes, mesmo porque o mote desta postagem é a ferramenta nativa do Chrome que permite bloquear anúncios invasivos no PC e em smartphones. O recurso é ativado nas configurações do navegador e barra anúncios indesejados, como pop-ups e vídeos com reprodução automática. Embora não remova todas as formas de publicidade exibidas nos sites, ele proporciona uma navegação mais agradável.

 

Para configurá-lo no PC, abra o menu de opções do Chrome (clique no ícone de três pontos, no canto superior direito da tela), selecione Configurações > Privacidade e segurança (na guia no canto esquerdo da tela) > Mais configurações de conteúdo > Anúncios invasivos e, na seção Comportamento padrão, marque a opção A publicidade é bloqueada em sites que mostram anúncios invasivos ou enganosos.

 

No celular, abra o Chrome, toque no botão de três pontos, role a tela até o final, toque em Configurações > Configurações do site > Anúncios invasivos e ative a chave ao lado dessa opção para bloquear todas as publicidades que sejam invasivas ou denunciadas como enganosas.

 

Para desativar anúncios personalizados do Google, acesse as configurações de sua Conta Google e, na Central de Anúncios, desmarque a opção de anúncios personalizados. Também é possível encontrar na Google Play Store extensões para o Chrome (como uBlock Origin, Privacy Badger e AdGuard AdBlocker) e navegadores alternativos (como Opera, Brave Browser, etc.).

 

Observação: o Chrome para Android não suporta, oficialmente, o uso de extensões. O AdGuard for Android oferece bloqueio de anúncios em todo o sistema, inclusive dentro de apps e jogos, mas isso na versão paga (a gratuita bloqueia anúncios apenas no navegador).