Os americanos acalentam desde sempre o sonho de ver seus filhos na Casa Branca, mas apenas 46 felizardos conseguiram realizá-lo desde a proclamação da independência daquele país, há 245 anos. No Brasil a coisa perdeu parte do elã depois que o Palácio do Planalto se tornou um zoológico exótico, com direito a tucano, jegue, anta, morcego-vampiro e cavalo.
Em 132 anos de república, nosso país teve mais golpes de Estado do que estatistas. Depois que Jânio renunciou (imaginando que seria reconduzido ao cargo por aclamação popular) e de um breve affair com o parlamentarismo, amargamos 21 anos de ditadura militar. O primeiro presidente civil da "nova república" foi eleito indiretamente, mas morreu antes de tomar posse, lanvando para o túmulo a esperança de milhões de brasileiros e deixando um “coroné” da política de cabresto nordestina que, cinco anos depois, entregou um país (ainda mais) castigado pela hiperinflação ao primeiro mandatário eleito pelo voto popular.
Suspeito de envolvimento em corrupção, o autoproclamado "Caçador de Marajás" foi impichado. Seu vice — que o professor e historiador Marco Antonio Villa considera o melhor presidente que o país já teve desde a redemocratização — nomeou Fernando Henrique ministro da Fazenda. O tucano gestou o Plano Real — que ia muito bem, obrigado, até o atual governo estragar tudo — e foi eleito presidente em 1994. Em 1997, o tucano de plumas vistosas comprou a PEC da reeleição, foi reeleito (novamente em primeiro turno).
Quatro anos depois, o demiurgo de Garanhuns instituiu o lulopetismo movido a Mensalão. A despeito da corrupção chapada havia em seu governo, ele não só foi reeleito como escalou um "poste" para manter aquecida a cadeira que ele pretendia voltar a ocupar em 2014. Mas faltou combinar com a o poste, que gostou da brincadeira e protagonizou o maior estelionato eleitoral da história (antes da eleição do capitão-cloroquina) para se reeeleger — e foi devidamente expelida do cargo em maio de 2016.
O governo Temer foi o terceiro tempo do lulopetismo. O vampiro que tem medo de fantasmas só chegou ao final do mandato porque comprou votos das marafonas do Centrão para se blindar das “flechadas de Janot” — o procurador-geral que mais adiante reconheceria ter entrado armado no STF para matar Gilmar Mendes e se suicidar em seguida (e nem para isso prestou). Em janeiro de 2019, Temer passou o cetro e a coroa para o atual mandatário, que ainda não foi penabundado porque é protegido pelo réu que preside a câmara e pelo procurador-geral que ainda acalanta o sonho da suprema toga.
Em 2016, logo após o julgamento do impeachment da mulher sapiens, eu escrevi que a vida dos ex-presidentes tupiniquins é mais que confortável. Além de não sofrerem a pressão do cargo, aqueles que lá chegaram e de lá saíram com vida têm direito a um polpudo salário vitalício, plano médico ilimitado, 8 servidores de sua livre escolha — 4 para segurança e apoio pessoal, 2 para assessoria e 2 motoristas — e 2 carros oficiais, com manutenção, combustível e renovação periódica, tudo a expensas dos contribuintes. À época, os cinco ex-presidentes vivos (noves fora Temer, que ainda ocupava o cargo) custarvam aos cofres públicos mais de R$ 5 milhões por ano, embora não oferecessem qualquer contrapartida de ordem prática à nação.
Observação: Menos
de 24 horas após ser notificada de sua deposição, Dilma conseguiu
se aposentar — o que é
espantoso considerando que o tempo médio de espera para uma pessoa ser atendida numa agência do INSS era,
então, de 74 dias, e de 115 no Distrito Federal, onde foi feito o pedido.
Em novembro 2021, já na condição de “ex-corrupto”, Lula fez uma turnê pela Alemanha, Bélgica, Espanha e França — onde foi recebido com honras de chefe de Estado pelo presidente Emmanuel Macron. Somente com diárias e passagens aéreas foram gastos R$ 223 mil (pagos com o suado dinheiro dos nossos impostos).
Considerando as viagens do ex-presidiário pelo país e mundo afora, as despesas chegam a R$ 362 mil. Seguranças, motoristas e assessores receberam R$ 595 mil (sem contar o mês de dezembro). E o petralha ainda torrou R$ 14,5 mil com combustíveis e R$ 1,3 mil com a manutenção dos veículos (como dito, cada ex-presidente tem direito a dois carros oficiais; os que estão em uso atualmente foram comprados em 2019 e custaram R$ 1,3 milhão).
Observação: Em sua turnê pela Europa, Lula falou sobre sua “absolvição” e seus planos para um possível goveno. Também criticou a maneira como Bolsonaro tratou a pandemia. Goste-se ou não do petralha (e eu não gosto), é impossível negar que lhe assiste razão no tocante ao capitão-cloroquina. Mas sua falácia de palanque não acrescentou nada de novo ao que já era público e notório — tanto cá quanto lá.
Dilma, a inolvidável, ocupa o segundo lugar no
ranking de gastos, com R$ 963 mil, sendo R$ 99 mil com diárias e
passagens. Suas viagens para o exterior custaram R$ 60 mil e as despesas
com servidores, R$ 828 mil. Mas ela já torrou bem mais
que isso: em 2019, antes da pandemia, foram R$
544 mil em visitas a 13 países; na viagem de férias de 42 dias a Nova
York e Sevilha, só a despesa com 96 diárias para assessores chegou a
R$ 136 mil.
O terceiro colocado no ranking é o senador Fernando Collor. Sua equipe de apoio custou R$ 706 mil entre janeiro e novembro do ano passado (sem contar seus 52 assessores no Senado, que, no mesmo exercício, custaram mais R$ 6 milhões aos cofres públicos). Em viagens pelo país, a despesa de Collor com passagens e diárias foi de R$ 208 mil.
Observação: Em 26 de agosto de 2021, Collor
esbanjou (e nós pagamos) R$ 22,8 mil num jantar para 97 pessoas na
churrascaria Fogo de Chão, em Brasília. A “boca-livre” custou tão caro
que exigiu três notas fiscais, no valor médio de R$ 7,6 mil . Os 26 petit
gateau custaram R$ 780 — montante correspondente a três auxílios-emergenciais.
Michel Temer gastou R$ 835 mil entre janeiro e novembro do ano passado, sendo R$ 736 mil com servidores. As despesas com viagens
somaram R$ 73 mil, com R$ 57 mil em deslocamentos para o
exterior. Como viaja muito de carro oficial pelo interior paulista, o vampiro queimou
R$ 24 mil com combustíveis.
FHC não viajou em 2021. Suas
despesas como ex-presidente — R$ 707 mil — foram com a equipe de apoio. Sarney
gastou R$ 747 mil, sendo R$ 683 com servidores. Suas viagens
custaram R$ 45 mil.
A despeito do relatório da CPI do Genocídio, o governo Bolsonaro continua a defender o uso de fármacos inócuos contra a Covid e a contradizer o que a Ciência diz sobre as vacinas. Dias atrás, através de nota alegando "assimetria no rigor científico dedicado a diferentes tecnologias", o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde Hélio Angotti Netto rejeitou um protocolo aprovado pela Conitec que contraindica o uso do "kit Covid" em pacientes em regime ambulatorial. Segundo ele, as vacinas não têm efetividade nem segurança comprovadas, ao contrário (pasmem!) da hidroxicloroquina.
De acordo com o pneumologista e professor da Universidade de São Paulo Carlos Carvalho, que coordenou os trabalhos do grupo que elaborou o parecer criticado pelo secretário, Angotti tenta mais confundir do que esclarecer. E qualquer semelhança com o psicopata que brinca de reizinho desde janeiro de 2019 não é mera coincidência.
Volto a dizer que, se esta
banânia fosse um país onde vergonha na cara não estivesse em falta nas prateleiras, um agente
público que regurgitasse tamanha bobagem seria prontamente exonerado e processado. Mas não aqui, sobretudo quando o dito-cujo cumpre ordens do ministro insalubre, que, a exemplo de seu predecessor, reza pela cartilha do “um manda e o outro obedece”.
Em 1973, Pelé, então no auge da fama, disse: "os
brasileiros não estão preparados para votar". Em 1978, o general João
Figueiredo fez eco ao eterno rei do futebol: "um
povo que não sabe nem escovar os dentes não está preparado para votar".
E viva o povo brasileiro!