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segunda-feira, 18 de setembro de 2017

É MUITO PRA CABEÇA

A dicotomia na política não foi criada por Lula ou pelo PT, mas é inegável que se tenha acentuado significativamente por obra e graça do demiurgo nordestino e de seu espúrio partido. Nesse contexto de nós contra eles, já não há adversários, só inimigos, e as redes sociais fervilham com factoides, comentários e interpretações que beiram o absurdo. Mas quanto mais “eles” festejam as desventuras de “nós”― e vice-versa ―, mais são desmentidos pelo avanço das investigações e contrariados pela situação que se inverte a cada instante.

Por mais constrangedora que seja a presença de Michel Temer no Planalto, defender a anulação do impeachment e a volta de Dilma é tão despropositado quanto apostar na vitória de Lula no pleito do ano que vem. Réu em 6 ações penais, condenado numa delas a 9 anos e 6 meses de prisão, alvo de 3 denúncias e investigado em outros tantos inquéritos, até mesmo o próprio petralha sabe que não tem chance, notadamente depois do depoimento avassalador de Palocci.

Há quem diga que Lula deveria disputar as próximas eleições, pois sua derrota acachapante exorcizaria o mito de pai do povo, salvador da pátria e outras bobagens que assombram os menos esclarecidos como uma renca de eguns mal despachados. A questão é que isso exigiria o sobrestamento de todas as acusações contra ele, e mesmo nesta Banânia a Lei determina que bandido deve ser julgado pela Justiça, não pelas urnas.

Não se deve menosprezar a capacidade de Lula de conquistar mentes menos informadas, mas é inegável que seu carisma minguou ― como se viu na recente caravana pelo Nordeste ― região em que a pobreza é mais acentuada e o eleitorado, mais facilmente manipulado. Para o cientista político Cláudio Couto, o ex-presidente voltou a ser o que era antes de 2002: “um candidato de piso alto e teto baixo” ― o piso alto lhe dá um lugar no segundo turno; o teto baixo lhe retira chances de vitória.

Tampouco se pode comparar o Brasil dos nossos dias com o de 2002. Naquela época, Lula contou com marqueteiros de primeiro time para criar a imagem do “Lulinha Paz e Amor”; hoje, ele faz mais o gênero jararaca ― e tanto Duda Mendonça quanto João Santana estão temporariamente impossibilitados de auxiliá-lo. Em 2002, José Alencar ajudou a dispersar o receio de um governo norteado pelas ideias radicais e inconsequentes da patuleia petista, e a Carta ao Povo Brasileiro ― idealizada, vejam só, por Antonio Palocci ― sugeria que o “candidato do povo” manteria compromissos internacionais, contratos e metas de superávit primário ― o que foi fundamental para conquistar o apoio de parte do empresariado e obter financiamento de campanha. Naquela época, uma parte considerável da classe média (inclusive das regiões Sudeste e Sul) decidiu dar um voto de confiança ao petista; hoje, sua rejeição é enorme.

Em 2005, quando o Mensalão veio a público, Lula abandonou os feridos no campo de batalha e tratou de salvar o próprio rabo. Por incrível que pareça, acabou convencendo a militância de que a bandalheira fora necessária, que o PT não era corrupto ― os outros é que eram ―, e que ele precisava de apoio para governar e implementar seus programas sociais, e blá, blá, blá. Uma falácia que dificilmente colaria nestes tempos de Lava-Jato, com o deus pai da petelândia colecionando processos e, na falta de opção melhor, batendo sempre na tecla da perseguição política das “zelites”, da Globo, do MPF, do Judiciário e do diabo que o carregue.

Mas não são apenas os militantes petistas, áulicos incorrigíveis, que se deixam enganar pelo besteirol pulula na mídia e nas redes sociais. Todavia, para não encompridar este texto além do concebível, vamos continuar a conversa na próxima postagem. Até lá.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

MODO DE SEGURANÇA NO WINDOWS 10

A INVENCIBILIDADE ESTÁ NA DEFESA; A POSSIBILIDADE DE VITÓRIA, NO ATAQUE. QUEM SE DEFENDE MOSTRA QUE SUA FORÇA É INADEQUADA; QUEM ATACA, MOSTRA QUE ELA É ABUNDANTE.

Como os leitores habituais aqui do Blog já sabem, o modo de segurança é uma modalidade de inicialização na qual apenas os arquivos e drivers básicos do sistema são carregados, de maneira a permitir a realização de tarefas (geralmente de manutenção) que demandam acesso a arquivos que o Windows bloqueia quando é inicializado nos moldes convencionais.

Desde a edição 95 que a maneira mais simples de acessar o modo seguro era reiniciar ou ligar o computador e pressionar repetidamente a tecla F8 durante o boot, mas isso deixou de funcionar a partir do Eight. Ademais, em máquinas com UEFI e SSD o boot é tão rápido (cerca de 200ms) que não dá tempo de digitar com êxito o atalho Shift+F8 ― que, em tese, convocaria a tela com as opções alternativas de inicialização.

Observação: A UEFI (de Unified Extensible Firmware Interface) é uma interface de firmware padrão para PCs que representa uma sensível evolução em relação ao limitado BIOS (para mais informações, clique aqui).

Para acessar o modo seguro no Windows 10, pressionamos simultaneamente as teclas Win+R, digitamos msconfig na caixa do menu Executar, clicamos em OK e, na aba Inicialização do Sistema, marcamos as caixas de seleção ao lado de Inicialização Segura e de Mínimo, confirmamos em OK e reiniciamos o computador (vale lembrar que é preciso reverter essa configuração posteriormente, para que o computador volte a reiniciar da maneira convencional).

Se, todavia, algum problema impedir o Windows de carregar, não será possível seguir os passos descritos acima. Nesse caso, o próprio Windows costuma exibir a tela a tela que dá acesso ao modo seguro (vide imagem que ilustra esta matéria). Supondo que isso não aconteça e a inicialização empaque na tela de Logon, damos clique direito sobre o ícone que dá acesso às opções de desligamento (no canto inferior direito da tela) e, mantendo a tecla Shift pressionada, selecionamos a opção Reiniciar, clicamos em Solução de Problemas > Configurações Avançadas > Configurações de Inicialização > Reiniciar. Na sequência, a janela das opções de inicialização que será exibida permitirá acessar onde você poderá acessar as Configurações de inicialização e usar as teclas de função (F4, F5 e F6) para definir a opção desejada.

Ao reiniciar, a janela das opções de inicialização que será exibida permitirá acessar onde você poderá acessar a opção Solução de problemas, Opções avançadas, Configurações de inicialização e Reiniciar, para reiniciar o Windows 10 e acessar as opções de modo de segurança. Note que cada opção conta com funcionalidades específicas. Na primeira, que geralmente utilizamos para solucionar problemas, nenhum software adicional ou driver é executado, mas há situações que podem exigir acesso à Internet (rede) ou uso da linha de comando (prompt).  

Observação: E se o sistema não chegar a exibir a tela de Logon nem as opções de recuperação? Bem, aí a porca torce o rabo. O jeito é insistir no boot ― três tentativas consecutivas forçam a reinicialização no WinRE (ambiente de recuperação do Windows). Na janela Selecione uma opção, escolha Solucionar problemas; em Solucionar problemas, selecione Restaurar este PC, em Restaurar este PC, defina Manter meus arquivos, selecione sua conta de usuário e digite a senha, caso isso lhe seja solicitado, e então clique em Reiniciar e reze para dar certo.

Se, após o computador reiniciar no modo de segurança, o problema desaparecer, a causa deve ser uma falha no software ou driver. Do contrário, o culpado deve ser algum componente de hardware, mas analisar as diversas possibilidades foge ao escopo desta matéria (sem mencionar que seu computer guy também precisa comer, não é mesmo?).

Vale lembrar que há diversas dicas no Blog sobre como usar o modo de segurança, seja para remover um malware que seu antivírus não esteja conseguindo neutralizar, seja para instalar atualizações da Microsoft ou mesmo aplicativos que falham quando você os tenta instalar com o Windows carregado normalmente. É só pesquisar e conferir; o campo Pesquisar este Blog está aí para isso.

Observação: Por alguma razão que eu desconheço, o Windows Installer não faz parte dos serviços iniciados no modo seguro, e no caso de a adição/remoção de um aplicativo depender desse serviço, você será brindado com a mensagem de erro 1084This service cannot be started in safe mode. E se tentar iniciar o serviço manualmente, surgirá outra mensagem de erro (The Windows Installer Service could not be acessed). Para saber como contornar esse problema, clique aqui.

A CONEXÃO URUGUAI DO CLÃ LULA DA SILVA

Em extensa matéria de capa, a edição da semana passada da revista ISTOÉ abordou a “Conexão Uruguai” de Lula ― que, nunca é demais lembrar, continua jurando de mãos postas e pés juntos (pena ainda não ter ido para a “terra dos pés juntos”, mas enfim...) ser a “alma viva mais honesta do Brasil”, como se não houvesse uma cachoeira de evidências apontando o contrário. Quando nada, sua insolência é réu em três processos e investigado em pelo menos mais três (e isso é só o começo, já que a delação de Marcelo Odebrecht promete aumentar significativamente o placar). O mais recente tramita na 10ª Vara Federal de Brasília, sob a batuta do juiz Vallisney de Souza Oliveira, que aceitou a denúncia contra Lula, seu sobrinho torto Taiguara dos Santos, o empresário Marcelo Odebrecht e mais oito pessoas.

Além dessa ação, que envolve contratos do BNDES, há outras sobre uma suposta tentativa de obstruir a Operação Lava-Jato e sobre recebimento de vantagens indevidas da OAS ― como reforma no triplex do Guarujá e armazenamento de acervo pessoal à custa da empreiteira ―, além de investigações sobre o Sítio Santa Bárbara, tráfico de influência, enriquecimento ilícito, ocultação de patrimônio, e por aí segue a funesta procissão. O que falta, então, para essa criatura ser presa? Segundo O Antagonista, nada! Já na avaliação de Reinaldo Azevedo, “é melhor um Lula condenado e inelegível solto do que preso num período em que é preciso fazer reformas que mexem com a cultura estatizante do pai-patrão”.

Mas tem mais: especula-se agora que Lula seja dono de uma segunda cobertura ― além daquela onde reside, no Edifício Green Hill, em SBC ― que ele usava para guardar pertences quando ainda ocupava a presidência da Banânia. Em dezembro de 2010 ― ou seja, no apagar das luzes do segundo mandato do petista ―, a DAG Construtora (da Odebrecht) pagou 800 mil reais a um primo do primeiro-amigo José Carlos Bumlai, que comprou a cobertura em questão e a “alugou” para o sapo barbudo. A Lava-Jato está investigando o caso, e deveremos ter novidades em breve.

Passando agora ao mote desta postagem, uma mansão cinematográfica localizada em Punta Del Leste também vem sendo alvo de investigações pela força-tarefa de Curitiba. Para os procuradores, não faltam indícios de que se trata de mais um imóvel registrado no nome de laranjas ― o mesmo modus operandi utilizado no tríplex do Guarujá, que “pertence” à OAS, e no sítio de Atibaia, registrado em nome de Jonas Suassuna e Fernando Bittar (clique aqui e aqui para mais detalhes).
Segundo colaboradores do MPF que estiveram no local, a mansão pertenceria a uma offshore ligada ao empresário Alexandre Grendene Bertelle, que possui um sem-número de casarões no Uruguai ― dentre os quais uma suntuosa casa na rua paralela à do imóvel suspeito de ter ligações com Lula ―, além de ser sócio de empreendimentos bem-sucedidos, como a indústria de calçados Grendene e o Hotel e Cassino Conrad.

O imóvel no estilo “chalé suíço”, que ocupa um terreno de 7,5 mil metros quadrados na Calle Timbó, conhecida por Villa Regina, adota o estilo de chalé suíço e é cercado por uma extensa área verde. De acordo com informações prestadas ao MPF por um conhecido colaborador, responsável pelas denúncias que levaram à deflagração da investigação, vários monitores de excursões que conduzem comitivas de brasileiros na paradisíaca cidadezinha informam que a propriedade pertence a Lula. Na última semana, o procurador destacado para investigar o caso disse à ISTOÉ que não descarta a possibilidade de pedir a colaboração do governo uruguaio, até porque, se no Brasil já é difícil caracterizar a ocultação de patrimônio quando ele figura em nome de terceiros, em Punta del Este, onde os imóveis ficam escondidos em offshores, a coisa é ainda mais complicada (procurada pela reportagem, a assessoria de Lula repetiu que o ex-presidente não tem nenhuma casa ou conta no exterior e que todas as propriedades dele estão em São Bernardo do Campo e são devidamente declaradas).

Se o triplex do Guarujá está em nome da OAS de Léo Pinheiro, o sítio de Atibaia, no de Fernando Bittar e Jonas Suassuna, e a segunda cobertura em São Bernardo, no de um primo do pecuarista José Carlos Bumlai, o mecenas de Lula na mansão de Punta Del Este seria o bilionário Alexandre Grendene, que obteve empréstimos subsidiados do BNDES no valor de R$ 3 bilhões durante o governo do petista e doou parte dos R$ 10,8 milhões que custearam o filme “Lula, o filho do Brasil” ― dirigido por Fábio Barreto ―, além de ter colaborado com o “Fome Zero” ― espécie de embrião do Bolsa Família e carro-chefe da política social lulopetista no início do primeiro mandato do molusco.

Nos últimos dias, a Lava-Jato fez novas descobertas acerca do patrimônio oculto de Lula. No caso do sítio, Alexandrino Alencar, um dos porta-vozes do petralha dentro da Odebrecht e seu acompanhante contumaz nas viagens à América Latina e África a bordo de jatinhos da empreiteira, confirmou que a Odebrecht participou de um consórcio junto com a OAS e o pecuarista José Carlos Bumlai para reformar o sítio, e que a reforma teve início em outubro de 2010, quando Lula ainda era presidente.

Observação: Bumlai, considerado “consiglieri” da Famiglia Lula da Silva e mencionado em quase todos os escândalos que envolvem Lula, agora é citado também na investigação da segunda cobertura no edifício Green Hill, em São Bernardo do Campo, contígua ao apartamento onde mora o petista.

Punta Del Este, no litoral sul do Uruguai, onde está localizada a mansão alvo de investigação da Lava-Jato por possíveis ligações com Lula, é uma cidadezinha de 10.000 habitantes, mas tida como a Saint-Tropez da América do Sul por suas praias paradisíacas, cassinos de luxo, hotéis suntuosos. No verão, quando é procurada por novos-ricos do mundo todo e muitos milionários brasileiros, é comum haver congestionamentos de Mercedes-Benz e Ferraris, que são conduzidos para lá por motoristas, enquanto os patrões percorrem de avião os cerca de 2.000 km a partir de São Paulo. Foi nesse cenário bucólico que Lula descansou após ser eleito presidente pela primeira vez, em 2002, quando ficou hospedado na casa de um amigo. Pelo jeito, ele gostou do que viu.

Em tempo: Luis Cláudio Lula da Silva, filho mais novo de Lula e igualmente enrolado em investigações sobre recebimento de propinas, já se escafedeu para o Uruguai, onde é o novo reforço do modesto Juventud de Las Piedras, que atualmente ocupa a sétima colocação do Campeonato Uruguaio. Sugestivo, não? O pimpolho já foi auxiliar de preparador físico e olheiro do Corinthians, mas ficou mais conhecido por ser investigado pela Operação Zelotes, quando se veio a saber que sua empresa, a LFT Marketing Esportivo, que não tinha funcionários, recebeu o pagamento de R$ 2,4 milhões do escritório de advocacia Marconi & Mautani, acusada de comprar medidas provisórias no governo petista, por uma “consultoria” que consistiu em simples cópia de material publicado na Internet. Mais adiante, descobriu-se que a maracutaia envolveu quase R$ 10 milhões, dos quais R$ 4 milhões ― e não “apenas” R$ 2,5 milhões, como se suspeitava ― vieram da Marcondes & Mautoni, e o restante, “de outras fontes suspeitas” que ainda estão sendo investigadas.

Um ótimo dia a todos e até mais ler.

Confira minhas atualizações diárias sobre política em www.cenario-politico-tupiniquim.link.blog.br/

domingo, 24 de julho de 2022

O DESEMPREGADO QUE DEU CERTO (QUARTA PARTE)

 

Apadrinhado pelo general Golbery do Couto e Silva, Lula teria tomado "aulas de sindicalismo" na Jonhs Hopkins University. Quem esposa essa tese afirma que a ideia do "Bruxo" era fazer com que o pelego parecesse de esquerda e servisse ao sistema dominante, e que a função precípua do PT — que teria sido fundado por inspiração do próprio Golbery — fosse impedir a vitória de Leonel Brizola, o único líder reconhecido pelo regime militar como oposição. 


Não há provas disso, mas sabe-se que Lula foi ao Japão em 1975, a convite da Toyota, e que voltou às pressas quando soube que o irmão Frei Chico — esse, sim, comunista de quatro costados — estava preso na sede do Doi-Codi (mesmo local em que o jornalista Vladimir Herzog foi torturado e "suicidado"). Mas isso é outra conversa

 

Lula ganhou o apelido pelo qual é conhecido até hoje quando ainda era metalúrgico, mas foi somente em 1982, quando disputou (e perdeu) o governo de São Paulo, que ele o incorporou oficialmente ao nome  até então, "Luiz Inácio" era um ilustre desconhecido. 


Por falar em apelidos, Brizola, que chamava o petista de "cachaceiro", disse em 1989 que "a política é a arte de engolir sapos", daí o apodo "sapo barbudo". Em 2002, quando Lula disputou a Presidência pela quarta vez (e finalmente se elegeu), surgiu o "Lulinha paz e amor". Em 2006, durante sua campanha pela reeleição, a adversária Heloísa Helena se referiu a ele como "sua majestade barbuda". 


Nas planilhas de propina da Odebrecht, o molusco figurava como "amigo" e "Brahma". Nos bastidores do poder, era chamado de "chefe", "grande chefe" e "nine". Em março de 2016, após ter ser conduzido coercitivamente à PF para depor, o capiroto esbravejou: “Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça. Bateram no rabo, e a jararaca está viva como sempre esteve”


Nenhuma cognominação supera aquela que o próprio Lula se concedeu em janeiro de 2016, quando disse não existir no Brasil uma viva alma mais honesta que ele. Pausa para as gargalhadas.

 

Influenciado ou não pelo "Bruxo", Lula fundou em 1980 o partido dos trabalhadores que não trabalham, dos estudantes que não estudam e dos intelectuais que não raciocinam. O partido que não apoiou Tancredo Neves na eleição indireta de 1985 (e ainda expulsou três deputados que votaram na raposa mineira) também se posicionou contra a Constituição de 1988, o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal


Observação: Fato é que Brizola não conseguiu se eleger Presidente, e que esse fragmento de nossa história foi contado pelo próprio Golbery e por importantes personalidades políticas da época. Segundo Emílio Odebrecht, o artífice do golpe teria dito que Lula não tinha nada de comunista, que não passava de um bon vivant. 

 

Como dito, Lula deixou de ser operário em 1980, mas já não dava expediente em chão de fábrica desde 1972. Mais da metade de seus "gloriosos dias" foi dedicada à "arte da política", não ao batente diário. É certo que ele teve uma infância difícil e começou a trabalhar aos 7 anos, mas também é certo que se tronou avesso ao batente, preferindo viver de privilégios e mordomias conquistados através de contatos proveitosos e desfrutar do poder de maneira indecorosa — mas sem jamais deixar de cultuar a imagem de político habilidoso, honesto e provido de um senso de justiça social sem paradigma na história deste país.


Observação: É preciso reconhecer o extraordinário carisma de Lula (daí a alcunha "encantador de burros"). O cara veio da merda, mal se alfabetizou, comeu o pão que seu compadre amaçou e se tornou o maior líder sindical do país. Que diferença faz se manipulava os "cumpanhêros" em benefício próprio, se insuflava greves que encarrava logo em seguida, após negociar a portas fechadas com "os patrões"? A "metamorfose ambulante" sempre foi um animal político. Quando encontrou quem pagasse a conta, trocou o pão de forma de cada dia por filé; os cigarros baratos por charutos cubanos; a cachaça vagabunda por scotch 12 anos... Não é isso que fazem nossos ímprobos políticos, que se elegem para roubar e roubam para se reeleger? Lula e o PT desempenharam um papel relevante na luta pelas Diretas... Infelizmente, bastou ascenderem ao poder para... enfim, acho que deu para entender.


Dois anos depois de fundar o PTLula concorreu ao governo de São Paulo, mas terminou em quarto lugar. Em agosto de 1983, participou da fundação da CUT. Em 1986, foi o deputado federal mais votado do país. Na sequência, disputou a Presidência quatro vezes. Em 1989, foi derrotado no segundo turno por Fernando Collor Mello. Em 1992, perdeu no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso, que tornou a derrotá-lo em 1998, também no primeiro turno. Em 2002, venceu o tucano José Serra, dando início à era lulopetista, que só foi interrompida 13 anos 4 meses e 12 dias depois, com o afastamento de Dilma. 

 

No primeiro ano do governo Lula, a petralhada pôs em movimento um esquema de compra de apoio parlamentar, que ficou conhecido como Mensalão quando veio a público, em 2005, depois que Maurício Marinho foi filmado recebendo propina nos Correios e o então deputado petebista mensaleiro Roberto Jefferson — que hoje é bolsonarista desde criancinha — revelou os detalhes sórdidos da maracutaia


Petistas de alto coturno — como Dirceu, Genoíno, Vaccari, Delúbio et caterva — foram condenados na célebre ação penal 470, mas Lula, que foi o maior beneficiário do esquema, disse que "nunca soube de nada" e, pasmem!, não só escapou ileso como foi reeleito em 2006 e empalou o país com sua vomitativa sucessora (sobre a qual falaremos mais adiante). 

 

O Brasil chocou o "ovo da serpente" (ou da jararaca) durante décadas, e o filhote, que nasceu forte e esfomeado, devorou a economia popular. Os brasileiros demoraram a admitir o estrago que seu monstrinho de estimação estava causando. Quando essa percepção finalmente se tornou inevitável, o país encarou o ofídio peçonhento e o colocou de castigo, acreditando que assim ele passaria a se comportar direitinho. Mas a bibliografia antiofídica da Lava-Jato indica que, em 2005, quando o petralha pedia perdão aos brasileiros pelo Mensalão, o PT tratava da compra escandalosa da refinaria de Pasadena


É compreensível. Gente boa só consegue se arrepender de um roubo de cada vez. Perdoar a quadrilha é uma ótima forma de continuar chocando o ovos de serpentes simpáticas e revolucionárias. Triste Brasil.


Continua...

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

UMA PIADA CHAMADA BRASIL

 

O Brasil, também conhecido como "o país do futuro que tem um longo passado pela frente', é uma piada desde os tempos de Cabral. Despida do glamour fantasioso atribuído pelos historiadores, a Proclamação da República foi o primeiro de dezenas de golpes de Estado político-militares — como a revolução de 1930, a implantação do Estado Novo, a deposição de Getúlio e o golpe de 1964, entre outros. 

Dos trinta e tantos brasileiros que ascenderam à Presidência via voto popular, eleição indireta, linha sucessória ou golpe de Estado nos últimos 134 anos, oito foram apeados do cargo, começando pelo protagonista do golpe que substituiu a monarquia constitucional parlamentarista do Império pelo presidencialismo republicano e se tornou o primeiro presidente do Brasil. Temeroso de ser deposto pelos adversários, Deodoro da Fonseca vetou a Lei do Impeachment. Quando o veto foi derrubado, simplesmente dissolveu o Congresso, como se o país ainda estivesse no Império e ele, Deodoro, fosse o imperador.
 
Da redemocratização até os dias atuais já tivemos um presidente eleito indiretamente que morreu sem receber a faixa
, um literato meia-boca, um pseudo caçador de marajás, um baianeiro namorador, um tucano de plumas vistosas (por dois mandatos) um desempregado que deu certo (por dois mandatos) um poste fantasiado de "gerentona" (por um mandato e meio) um vampiro escalafobético (por meio mandato) um mix de militar ruim e parlamentar pior (por intermináveis 4 anos) e — ói nóis aqui traveiz —  o ex-presidiário mais famoso de Pindorama desde o genro de Caminha, que foi conduzido por togas supremas da carceragem da PF para o gabinete presidencial no DF. 
 
Incapaz de aprender com os próprios erros, o inigualável eleitorado tupiniquim tende a repeti-los eleição após eleição. Ao que tudo indica, teremos neste ano mais um pleito plebiscitário, com postulantes à prefeitura de quase 5.600 municípios apadrinhados por Bolsonaro ou por Lula — parece até coisa de Superman x Lex Luthor ou de Coringa x Batman. E ainda dizem que Deus é brasileiro!
 
Nossos políticos se elegem para roubar e roubam para se reeleger. A fé no Executivo se perdeu antes mesmo de renúncia de Jânio pavimentar o caminho para o golpe de 1964 e os subsequentes anos de chumbo. A chama da esperança foi avivada pelos movimentos pró-diretas, bruxuleou com a rejeição da emenda Dante de Oliveira, voltou a brilhar com eleição indireta de 1985 e foi sepultada com o corpo do primeiro presidente civil da "Nova República" 
 que, a exemplo da Viúva Porcina no folhetim global Roque Santeiro, foi sem nunca ter sidoEm 1989, a vitória de Collor sobre Lula pareceu ser uma luz no fim do túnel. Mas logo se percebeu que o Rei-Sol era tão demagogo e populista quanto adversário derrotado. E o resto é história recente. 

Promovido de vice a titular graças ao impeachment do primeiro presidente eleito pelo voto direto desde 1960, Itamar Franco — que conquistou seus 15 minutos de fama ao ser fotografado com a modelo sem calcinha Lilian Ramos — nomeou Fernando Henrique ministro da Fazenda. Nas pegadas do sucesso do Plano Real, o autoproclamado primeiro-ministro informal derrotou Lula em 1994. Picado pela mosca azul, FHC comprou a PEC da Reeleição e tornou a derrotar Lula em 1998 (também no primeiro turno). Mas já não lhe restavam coelhos na cartola.

Em 2002, Lula foi eleito presidenteA reboque de sua vitória, vieram o Mensalão, o Petrolão e a indicação de oito ministros para o STF. As decisões teratológicas dos togados fulminaram a confiança que os brasileiros haviam depositado no Judiciário quando perceberam que nada de bom viria do Executivo e do Legislativo. Em 2012, o país assistiu estarrecido — mas esperançoso — à condenação da alta cúpula do Mensalão; em 2016, comemorou o impeachment da "gerentona de festim". Na sequência, os avanços da Lava-Jato refrearam em alguma medida e por algum tempo o apetite pantagruélico da politicalha corrupta pelo dinheiro dos contribuintes. Mas não há nada como o tempo para passar.
 
A morte é anterior a si mesma. Ela começa antes da abertura da cova e percorre um lento processo. A Lava-Jato morreu sem colher os devidos louros. Foi graças a ela que, pela primeira vez desde a chegada das caravelas, poderosos da oligarquia política e econômica do Brasil foram investigados, processados e condenados. Seu
 velório reuniu gente importante. Seguravam a alça do caixão Jair Bolsonaro, o Centrão e o PT. O STF enviou uma sequência de coroas de flores enquanto preparava a última pá de cal. Que não demorou a chegar. Ironicamente, o sepultamento se deu sob a égide do presidente que, quando candidato, prometeu pegar em lanças contra a corrupção e os corruptos. Mas vamos por partes.
 
Em 2018, era imperativo impedir
 a volta do lulopetismo corrupto — que se estendeu por 13 anos 4 meses e 12 dias e "terminou" com o afastamento da gerentona de araque. Dada a possibilidade de o país vir a ser governado pelo bonifrate do então presidiário mais famoso do Brasil, a minoria pensante do eleitorado teria votado no próprio Capiroto. Com essa opção não estava disponível nas urnas, o jeito foi apoiar o "mito" da direita radical. Como se costuma dizer, situações desesperadoras requerem medidas desesperadas. 

Somada a uma inusitada conjunção de fatores, o antipetismo ensejou a vitória uma combinação mal ajambrada de ex-militar tosco, truculento e de viés terrorista e parlamentar medíocre (em quase três décadas no baixo-clero da Camara, o dito cujo aprovou míseros dois projetos e obteve míseros 4 votos quando disputou a presidência da Casa, em 2017. E deu no que deu: Bolsonaro se revelou o pior mandatário desde Tomé de Souza, e só não foi expelido do cargo porque contava com a subserviência de um antiprocurador-geral — comprada com a promessa jamais cumprida de uma cadeira no STF) e de um presidente da Câmara conivente  graças ao abjeto orçamento secreto.
 
Observação: O lulopetismo corrupto foi o agente catalizador que levou ao poder o patriarca do clã das rachadinhas e das mansões milionárias, mas foi sua abominável gestão que libertou da catacumba o xamã da petralhada. Se o verdugo do Planalto não conspirasse diuturnamente contra a democracia, não se associasse ao coronavírus, não investisse contra a imprensa, o Congresso e o STF e não andasse de mãos dadas com QueirozZambelli, milicianos, Collor et caterva, talvez o 
pontifex maximus da seita do inferno ainda estivesse gozando férias compulsórias na carceragem da PF em Curitiba.  
 
Com ensinou o Conselheiro Acácio (personagem do romance O Primo Basílio, do escritor português Eça de Queiroz), as consequências vêm sempre depois. E não há nada como o tempo para passar. Em 2022, o fiasco da folclórica "terceira via" levou a mesma minoria pensante que ajudou a eleger o "imbrochável imorrível incomível" em 2018 a apoiar o demiurgo de Garanhuns (alguns até levaram fé na falaciosa frente ampla pró-democracia, mas isso é outra conversa). E deu no que está dando.
 
Reconduzido ao trono com a menor diferença de votos entre candidatos à Presidência no segundo turno desde a redemocratização, o morubixaba petista age como se tivesse sido eleito para o cargo de Deus. Sem se dar conta de que já não esbanja carisma como em 2010, quando se ufanava de ser capaz de eleger até poste, parece confundir o Planalto com o Olimpo da mitologia grega. Livrarmo-nos de Bolsonaro era imperativo, mas a volta de Lula et caterva foi um preço alto a pagar.
 
Não era de esperar que o ex-presidiário multirréu descondenado por togas camaradas cumprisse suas promessas de campanha. Noves fora a de "não descansar enquanto não foder Sergio Moro", naturalmente. E agora a oportunidade lhe bate à porta: o TRE-PR adiou o julgamento do pedido de cassação do ainda senador sob o pretexto de que, para o caso ser analisado, é preciso que o quórum esteja completo. Detalhe: cabe a Lula escolher um dos três nomes homologados pelo Tribunal para a vaga aberta no último dia 27 com a saída de Thiago Paiva dos Santos, representante da classe dos juristas. Mas isso também é outra conversa.
 
No debate promovido pela Band em outubro de 2022, por exemplo, Lula trombeteou que "nomear amigo e companheiro para o Supremo é retrocesso" (referindo-se a Nunes Marques e André Mendonça, indicados por Bolsonaro para as vagas de Celso de Mello e Marco Aurélio). Eleito, indicou o amigo e advogado particular Cristiano Zanin para o lugar de Rosa Weber e Flávio Dino para o de Ricardo Lewandowski, convocou o ex-togado para substituir Dino no comando do ministério da Justiça, e ainda teve o desplante de negar sua relação de amizade com Zanin — que esteve em seu casamento com Janja e a quem chamou de "amigo" em entrevista à BandNews FM.
 
O indicador de corrupção da Transparência Internacional apontou que o Brasil perdeu pontos na luta contra a corrupção sob Bolsonaro e continua descendo a ladeira sob Lula. Com 36 pontos numa escala de 0 a 100, o país despencou da 94ª para a 104ª posição entre os 180 avaliados, ficando atrás da Argentina, da Guiana e da Colômbia, abaixo da média global (43 pontos) e muito abaixo da média entre os membros da OCDE (66 pontos). 
 
A ONG registra que marcos legais e institucionais anticorrupção que demoraram décadas para ser construídos ruíram em poucos anos. Que a indicação de Zanin para o STF foi "contrária à autonomia do Judiciário", e que a de Dino teve "perfil político" para um tribunal já excessivamente politizado. Que a não observância da lista tríplice do MPF na indicação de Paulo Gonet para a PGR evidencia que Lula optou por adotar o mesmo método de escolha política usado por Bolsonaro, cujos efeitos desastrosos ainda são sentidos no país. Que o afrouxamento da Lei das Estatais contou com a cumplicidade do Judiciário — foi uma liminar de Lewandowski que suspendeu os efeitos da lei —, e que houve pressões do governo federal e do Congresso para viabilizar indicações políticas (vale lembrar que o foco das investigações da Lava-Jato foi justamente a corrupção na Petrobras). 

O relatório aponta ainda que Lula herdou de Bolsonaro um Centrão mais poderoso e famélico por recursos do Erário (via "fundão eleitoral", emendas parlamentares etc.), e que, quando o STF ter decretou a inconstitucionalidade do "orçamento secreto", Executivo e Legislativo se uniram para preservar o mecanismo espúrio de barganha e os velhos vícios do esquema da gestão anterior. Que o CNJ rejeitou uma resolução para regulamentar a participação de juízes em eventos privados, palestras e atividades acadêmicas, e o Supremo considerou inconstitucional a regra que ampliava as restrições à atuação de juízes em processos de clientes de escritórios de advocacia onde seus familiares trabalham. 
 
Como desgraça pouca é bobagem, o ministro Edson Fachin driblou o regimento da Corte para entregar o "caso Vaza-Jato" diretamente ao colega Dias Toffoli, que não só anulou todas as provas obtidas com o acordo de leniência da Odebrecht (em todas as esferas e para todas as ações) e suspendeu o pagamento de R$ 3,8 bilhões (valor que chegaria a R$ 8,5 bilhões ao final dos 23 anos previstos para o parcelamento). Em sua decisão, o magistrado anotou que, diante das informações obtidas até o momento no âmbito da Operação Spoofing, teria havido conluio entre o então juiz Sergio Moro e procuradores da Lava-Jato em Curitiba para a "elaboração de cenário jurídico-processual-investigativo que conduzisse os investigados à adoção de medidas que melhor conviesse a tais órgãos, e não à defesa em si". 
 
Observação: A alegação de que o processo foi maculado pela falta de acordos de colaboração internacional não se sustenta, quando mais não seja porque as planilhas de propina, extratos bancários, e-mails e registros de retirada de dinheiro foram fornecidos voluntariamente pela Odebrecht. A empresa alegou que fechou o acordo sob coerção, mas não pediu sua anulação — para não perder benefícios como a permissão para voltar a disputar obras públicas e receber empréstimos de bancos estatais, além da garantia de que não seriam mais processadas pelos crimes já confessados. 
 
A liminar do Maquiavel de Marília colocou a Odebrecht no melhor dos mundos, pois ela não terá de pagar mais nada e não perderá os benefícios recebidos. Quem deixa de ser compensado por anos de corrupção bilionária — que nem a empreiteira nem o nobre ministro negaram ter existido — são o Estado e o contribuinte brasileiro. Para piorar, a fila de empresas que querem se livrar de multas bilionárias vem crescendo, já que podem contar com Toffoli e sua noção sui generis de proteção do Estado de Direito.
 
Triste Brasil. 

EM TEMPO: Toffoli determinou que a Transparência Internacional seja investigada por supostamente se apropriar indevidamente de recursos públicos na época da Lava-Jato. A decisão se deu no âmbito de uma notícia-crime apresentada pelo deputado federal petista Rui Falcão, que questiona a cooperação firmada entre o MPF e a organização nos anos da força-tarefa. O ministro diz tratar-se de uma instituição privada, "alienígena" e "com sede em Berlim" que teria recebido valores que, na verdade, deveriam ter sido destinados ao Tesouro Nacional, como previsto pelas normas legais do país. Para surpresa de ninguém, procuradores envolvidos nas tratativas também devem ser alvo dos procedimentos. Em nota pública, a ONG classificou como falsas as informações e afirmou que o memorando que estabeleceu a cooperação expirou em 2019, e que "tais alegações já foram desmentidas diversas vezes pela própria Transparência Internacional e por autoridades brasileiras, inclusive pelo MPF, mas, apesar disso, tais fake news vêm sendo utilizadas há quase cinco anos em graves e crescentes campanhas de difamação e assédio à organização". Fica nítida em mais essa decisão a intenção do Maquiavel de Marília de se reaproximar de Lula. Quousque tandem, Cunha, abutere patientia nostra?

sábado, 5 de agosto de 2023

TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO — PARTE 7


Quando Simone Tebet envernizou com seu apoio a (pseudo) frente ampla pela democracia, Lula sinalizou que ela poderia ser o que quisesse no futuro governo. Ela quis a pasta do Bolsa Família, mas foi empurrada para o Ministério do Planejamento e aceitou sem dar um pio a demolição geral das atribuições que deveria ter. Hoje, não tem autonomia sequer para compor a própria equipe. Está batendo no fundo do poço. 
Sem nem mesmo uma consulta protocolar, a ministra terá de entregar o IBGE a um personagem que, entre o segundo mandato de Lula e o primeiro de Dilma, expurgou pensadores divergentes e encostou o IPEA no desenvolvimentismo criativo do PT. "Nada mais justo do que atender o presidente", disse ela, após ouvir o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social dizer à imprensa que o companheiro Pochmann será o novo presidente do IBGE". Foi como se Lula, às voltas com uma meia-sola ministerial que enfiará mais Centrão na Esplanada, mostrasse a Tebet a porta da saída. 
A impressão que se tem é a de que a ex-candidata que pulou para o barco do petista no segundo turno — após passar a campanha toda defendendo um programa oposto ao dele — parece disposta a tudo para continuar a bordo. O novo comandante do IBGE já estava despachando direto com Lula e outros peixes graúdos antes mesmo de ter a primeira reunião com sua suposta chefe. E ele pode ser tudo, menos "técnico". É tão "qualificado" para o cargo quando o rei Herodes seria para dirigir o serviço federal de creches.
No último dia 29, Pochmann defendeu a revisão da autonomia do Banco Central e criticou a privatização da Eletrobras. É contra o PIX, a favor da exploração do “espaço sideral” e se acha capaz de "zerar" a dívida pública expropriando a riqueza dos milionários. Sua nomeação tem como único propósito fazer o IBGE produzir os números que Lula quer. 
O risco associado à continuidade de Bolsonaro foi decisivo para que Lula prevalecesse com a magra diferença de 1,8% dos votos. Juntaram-se aos eleitores petistas os brasileiros que votaram no ex-presidiário para evitar mais quatro anos do capetão. A crueldade dispensada a Tebet destina-se a demonstrar que o fator democrático envelheceu precocemente. 
A cinco meses do Natal, a tese de que Lula governaria escorado numa frente ampla ficou muito parecida com Papai Noel. A imagem é bonita. Mas não passa de uma fantasia.

Marcos Valério informou em delação premiada que Ronan Maria Pinto chantageava Lula para não revelar informações sobre um esquema ilegal de propinas para abastecer o caixa do PT, e que Celso Daniel produziu um dossiê sobre quem estava sendo financiado de forma ilegal, mas o ministro Celso de Mello validou somente parte da delação

De acordo com o MPF, o pecuarista José Carlos Bumlai, amigão de Lula, tomou junto ao Banco Schahin um empréstimo de R$ 12 milhões para quitar dívidas do PT e comprar o silêncio de Ronan). Em contrapartida, o Grupo Schahin foi favorecido na compra do navio-sonda Vitória 10.000 pela Petrobras (ao custo de US$ 1,6 bilhão). Com a morte de Daniel, Antonio Palocci assumiu a coordenação da campanha de Lula. Foi dele a ideia da "carta ao povo brasileiro" em 2002 e foi ministro da Fazenda na primeira gestão petista. 

Palocci chegou a ser cotado para suceder a Lula em 2010, mas saiu pela porta dos fundos quatro anos antes, acusado de participação na quebra ilegal do sigilo bancário de Francenildo CostaQuatro anos depois, foi convocado para ajudar a eleger Dilma operou para angariar fundos junto às empresas que se beneficiaram do governo petista. Em 2017, foi condenado a 12 anos e 2 meses de prisão (por corrupção passiva e lavagem de dinheiro). Em 2019, seu acordo de colaboração premiada foi homologado. Ao tomar conhecimento do conteúdo, Lula disse: "Eu conheço o Palocci bem. Se ele não fosse um ser humano, ele seria um simulador. Ele é tão esperto que é capaz de simular uma mentira mais verdadeira que a verdade. Palocci é médico, é calculista, é frio". 
 
Lula também acusou os procuradores do MPF de "inventar que ele era o dono do triplex no Guarujá", e chamou Delcídio do Amaral de "mentiroso descarado", embora tenha apoiado sua campanha ao governo de Mato Grosso. 
Todos mentem; só ele fala a verdade.