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segunda-feira, 18 de setembro de 2017
É MUITO PRA CABEÇA
segunda-feira, 7 de novembro de 2016
MODO DE SEGURANÇA NO WINDOWS 10
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domingo, 24 de julho de 2022
O DESEMPREGADO QUE DEU CERTO (QUARTA PARTE)
Apadrinhado pelo general Golbery do Couto e Silva, Lula teria tomado "aulas de sindicalismo" na Jonhs Hopkins University. Quem esposa essa tese afirma que a ideia do "Bruxo" era fazer com que o pelego parecesse de esquerda e servisse ao sistema dominante, e que a função precípua do PT — que teria sido fundado por inspiração do próprio Golbery — fosse impedir a vitória de Leonel Brizola, o único líder reconhecido pelo regime militar como oposição.
Não há provas disso, mas sabe-se que Lula foi ao Japão em 1975, a convite da Toyota, e que voltou às pressas quando soube que o irmão Frei Chico — esse, sim, comunista de quatro costados — estava preso na sede do Doi-Codi (mesmo local em que o jornalista Vladimir Herzog foi torturado e "suicidado"). Mas isso é outra conversa
Lula ganhou o apelido pelo qual é conhecido até hoje quando ainda era metalúrgico, mas foi somente em 1982, quando disputou (e perdeu) o governo de São Paulo, que ele o incorporou oficialmente ao nome — até então, "Luiz Inácio" era um ilustre desconhecido.
Por falar em apelidos, Brizola, que chamava o petista de "cachaceiro", disse em 1989 que "a política é a arte de engolir sapos", daí o apodo "sapo barbudo". Em 2002, quando Lula disputou a Presidência pela quarta vez (e finalmente se elegeu), surgiu o "Lulinha paz e amor". Em 2006, durante sua campanha pela reeleição, a adversária Heloísa Helena se referiu a ele como "sua majestade barbuda".
Nas planilhas de propina da Odebrecht, o molusco figurava como "amigo" e "Brahma". Nos bastidores do poder, era chamado de "chefe", "grande chefe" e "nine". Em março de 2016, após ter ser conduzido coercitivamente à PF para depor, o capiroto esbravejou: “Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça. Bateram no rabo, e a jararaca está viva como sempre esteve”.
Nenhuma cognominação supera aquela que o próprio Lula se concedeu em janeiro de 2016, quando disse não existir no Brasil uma viva alma mais honesta que ele. Pausa para as gargalhadas.
Influenciado ou não pelo "Bruxo", Lula fundou em 1980 o partido dos trabalhadores que não trabalham, dos estudantes que não estudam e dos intelectuais que não raciocinam. O partido que não apoiou Tancredo Neves na eleição indireta de 1985 (e ainda expulsou três deputados que votaram na raposa mineira) também se posicionou contra a Constituição de 1988, o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Observação: Fato é que Brizola não conseguiu se eleger Presidente, e que esse fragmento de nossa história foi contado pelo próprio Golbery e por importantes personalidades políticas da época. Segundo Emílio Odebrecht, o artífice do golpe teria dito que Lula não tinha nada de comunista, que não passava de um bon vivant.
Como dito, Lula deixou de ser operário em 1980, mas já não dava expediente em chão de fábrica desde 1972. Mais da metade de seus "gloriosos dias" foi dedicada à "arte da política", não ao batente diário. É certo que ele teve uma infância difícil e começou a trabalhar aos 7 anos, mas também é certo que se tronou avesso ao batente, preferindo viver de privilégios e mordomias conquistados através de contatos proveitosos e desfrutar do poder de maneira indecorosa — mas sem jamais deixar de cultuar a imagem de político habilidoso, honesto e provido de um senso de justiça social sem paradigma na história deste país.
Observação: É preciso reconhecer o extraordinário carisma de Lula (daí a alcunha "encantador de burros"). O cara veio da merda, mal se alfabetizou, comeu o pão que seu compadre amaçou e se tornou o maior líder sindical do país. Que diferença faz se manipulava os "cumpanhêros" em benefício próprio, se insuflava greves que encarrava logo em seguida, após negociar a portas fechadas com "os patrões"? A "metamorfose ambulante" sempre foi um animal político. Quando encontrou quem pagasse a conta, trocou o pão de forma de cada dia por filé; os cigarros baratos por charutos cubanos; a cachaça vagabunda por scotch 12 anos... Não é isso que fazem nossos ímprobos políticos, que se elegem para roubar e roubam para se reeleger? Lula e o PT desempenharam um papel relevante na luta pelas Diretas... Infelizmente, bastou ascenderem ao poder para... enfim, acho que deu para entender.
Dois anos depois de fundar o PT, Lula concorreu ao governo de São Paulo, mas terminou em quarto lugar. Em agosto de 1983, participou da fundação da CUT. Em 1986, foi o deputado federal mais votado do país. Na sequência, disputou a Presidência quatro vezes. Em 1989, foi derrotado no segundo turno por Fernando Collor Mello. Em 1992, perdeu no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso, que tornou a derrotá-lo em 1998, também no primeiro turno. Em 2002, venceu o tucano José Serra, dando início à era lulopetista, que só foi interrompida 13 anos 4 meses e 12 dias depois, com o afastamento de Dilma.
No primeiro ano do governo Lula, a petralhada pôs em movimento um esquema de compra de apoio parlamentar, que ficou conhecido como Mensalão quando veio a público, em 2005, depois que Maurício Marinho foi filmado recebendo propina nos Correios e o então deputado petebista mensaleiro Roberto Jefferson — que hoje é bolsonarista desde criancinha — revelou os detalhes sórdidos da maracutaia.
Petistas de alto coturno — como Dirceu, Genoíno, Vaccari, Delúbio et caterva — foram condenados na célebre ação penal 470, mas Lula, que foi o maior beneficiário do esquema, disse que "nunca soube de nada" e, pasmem!, não só escapou ileso como foi reeleito em 2006 e empalou o país com sua vomitativa sucessora (sobre a qual falaremos mais adiante).
O Brasil chocou o "ovo da serpente" (ou da jararaca) durante décadas, e o filhote, que nasceu forte e esfomeado, devorou a economia popular. Os brasileiros demoraram a admitir o estrago que seu monstrinho de estimação estava causando. Quando essa percepção finalmente se tornou inevitável, o país encarou o ofídio peçonhento e o colocou de castigo, acreditando que assim ele passaria a se comportar direitinho. Mas a bibliografia antiofídica da Lava-Jato indica que, em 2005, quando o petralha pedia perdão aos brasileiros pelo Mensalão, o PT tratava da compra escandalosa da refinaria de Pasadena.
É compreensível. Gente boa só consegue se arrepender de um roubo de cada vez. Perdoar a quadrilha é uma ótima forma de continuar chocando o ovos de serpentes simpáticas e revolucionárias. Triste Brasil.
Continua...
terça-feira, 6 de fevereiro de 2024
UMA PIADA CHAMADA BRASIL
Da redemocratização até os dias atuais já tivemos um presidente eleito indiretamente que morreu sem receber a faixa, um literato meia-boca, um pseudo caçador de marajás, um baianeiro namorador, um tucano de plumas vistosas (por dois mandatos) um desempregado que deu certo (por dois mandatos) um poste fantasiado de "gerentona" (por um mandato e meio) um vampiro escalafobético (por meio mandato) um mix de militar ruim e parlamentar pior (por intermináveis 4 anos) e — ói nóis aqui traveiz — o ex-presidiário mais famoso de Pindorama desde o genro de Caminha, que foi conduzido por togas supremas da carceragem da PF para o gabinete presidencial no DF.
Incapaz de aprender com os próprios erros, o inigualável eleitorado tupiniquim tende a repeti-los eleição após eleição. Ao que tudo indica, teremos neste ano mais um pleito plebiscitário, com postulantes à prefeitura de quase 5.600 municípios apadrinhados por Bolsonaro ou por Lula — parece até coisa de Superman x Lex Luthor ou de Coringa x Batman. E ainda dizem que Deus é brasileiro!
Nossos políticos se elegem para roubar e roubam para se reeleger. A fé no Executivo se perdeu antes mesmo de renúncia de Jânio pavimentar o caminho para o golpe de 1964 e os subsequentes anos de chumbo. A chama da esperança foi avivada pelos movimentos pró-diretas, bruxuleou com a rejeição da emenda Dante de Oliveira, voltou a brilhar com eleição indireta de 1985 e foi sepultada com o corpo do primeiro presidente civil da "Nova República" — que, a exemplo da Viúva Porcina no folhetim global Roque Santeiro, foi sem nunca ter sido. Em 1989, a vitória de Collor sobre Lula pareceu ser uma luz no fim do túnel. Mas logo se percebeu que o Rei-Sol era tão demagogo e populista quanto adversário derrotado. E o resto é história recente.
A morte é anterior a si mesma. Ela começa antes da abertura da cova e percorre um lento processo. A Lava-Jato morreu sem colher os devidos louros. Foi graças a ela que, pela primeira vez desde a chegada das caravelas, poderosos da oligarquia política e econômica do Brasil foram investigados, processados e condenados. Seu velório reuniu gente importante. Seguravam a alça do caixão Jair Bolsonaro, o Centrão e o PT. O STF enviou uma sequência de coroas de flores enquanto preparava a última pá de cal. Que não demorou a chegar. Ironicamente, o sepultamento se deu sob a égide do presidente que, quando candidato, prometeu pegar em lanças contra a corrupção e os corruptos. Mas vamos por partes.
Em 2018, era imperativo impedir a volta do lulopetismo corrupto — que se estendeu por 13 anos 4 meses e 12 dias e "terminou" com o afastamento da gerentona de araque. Dada a possibilidade de o país vir a ser governado pelo bonifrate do então presidiário mais famoso do Brasil, a minoria pensante do eleitorado teria votado no próprio Capiroto. Com essa opção não estava disponível nas urnas, o jeito foi apoiar o "mito" da direita radical. Como se costuma dizer, situações desesperadoras requerem medidas desesperadas.
Observação: O lulopetismo corrupto foi o agente catalizador que levou ao poder o patriarca do clã das rachadinhas e das mansões milionárias, mas foi sua abominável gestão que libertou da catacumba o xamã da petralhada. Se o verdugo do Planalto não conspirasse diuturnamente contra a democracia, não se associasse ao coronavírus, não investisse contra a imprensa, o Congresso e o STF e não andasse de mãos dadas com Queiroz, Zambelli, milicianos, Collor et caterva, talvez o pontifex maximus da seita do inferno ainda estivesse gozando férias compulsórias na carceragem da PF em Curitiba.
Com ensinou o Conselheiro Acácio (personagem do romance O Primo Basílio, do escritor português Eça de Queiroz), as consequências vêm sempre depois. E não há nada como o tempo para passar. Em 2022, o fiasco da folclórica "terceira via" levou a mesma minoria pensante que ajudou a eleger o "imbrochável imorrível incomível" em 2018 a apoiar o demiurgo de Garanhuns (alguns até levaram fé na falaciosa frente ampla pró-democracia, mas isso é outra conversa). E deu no que está dando.
Reconduzido ao trono com a menor diferença de votos entre candidatos à Presidência no segundo turno desde a redemocratização, o morubixaba petista age como se tivesse sido eleito para o cargo de Deus. Sem se dar conta de que já não esbanja carisma como em 2010, quando se ufanava de ser capaz de eleger até poste, parece confundir o Planalto com o Olimpo da mitologia grega. Livrarmo-nos de Bolsonaro era imperativo, mas a volta de Lula et caterva foi um preço alto a pagar.
Não era de esperar que o ex-presidiário multirréu descondenado por togas camaradas cumprisse suas promessas de campanha. Noves fora a de "não descansar enquanto não foder Sergio Moro", naturalmente. E agora a oportunidade lhe bate à porta: o TRE-PR adiou o julgamento do pedido de cassação do ainda senador sob o pretexto de que, para o caso ser analisado, é preciso que o quórum esteja completo. Detalhe: cabe a Lula escolher um dos três nomes homologados pelo Tribunal para a vaga aberta no último dia 27 com a saída de Thiago Paiva dos Santos, representante da classe dos juristas. Mas isso também é outra conversa.
No debate promovido pela Band em outubro de 2022, por exemplo, Lula trombeteou que "nomear amigo e companheiro para o Supremo é retrocesso" (referindo-se a Nunes Marques e André Mendonça, indicados por Bolsonaro para as vagas de Celso de Mello e Marco Aurélio). Eleito, indicou o amigo e advogado particular Cristiano Zanin para o lugar de Rosa Weber e Flávio Dino para o de Ricardo Lewandowski, convocou o ex-togado para substituir Dino no comando do ministério da Justiça, e ainda teve o desplante de negar sua relação de amizade com Zanin — que esteve em seu casamento com Janja e a quem chamou de "amigo" em entrevista à BandNews FM.
O indicador de corrupção da Transparência Internacional apontou que o Brasil perdeu pontos na luta contra a corrupção sob Bolsonaro e continua descendo a ladeira sob Lula. Com 36 pontos numa escala de 0 a 100, o país despencou da 94ª para a 104ª posição entre os 180 avaliados, ficando atrás da Argentina, da Guiana e da Colômbia, abaixo da média global (43 pontos) e muito abaixo da média entre os membros da OCDE (66 pontos).
A ONG registra que marcos legais e institucionais anticorrupção que demoraram décadas para ser construídos ruíram em poucos anos. Que a indicação de Zanin para o STF foi "contrária à autonomia do Judiciário", e que a de Dino teve "perfil político" para um tribunal já excessivamente politizado. Que a não observância da lista tríplice do MPF na indicação de Paulo Gonet para a PGR evidencia que Lula optou por adotar o mesmo método de escolha política usado por Bolsonaro, cujos efeitos desastrosos ainda são sentidos no país. Que o afrouxamento da Lei das Estatais contou com a cumplicidade do Judiciário — foi uma liminar de Lewandowski que suspendeu os efeitos da lei —, e que houve pressões do governo federal e do Congresso para viabilizar indicações políticas (vale lembrar que o foco das investigações da Lava-Jato foi justamente a corrupção na Petrobras).
Como desgraça pouca é bobagem, o ministro Edson Fachin driblou o regimento da Corte para entregar o "caso Vaza-Jato" diretamente ao colega Dias Toffoli, que não só anulou todas as provas obtidas com o acordo de leniência da Odebrecht (em todas as esferas e para todas as ações) e suspendeu o pagamento de R$ 3,8 bilhões (valor que chegaria a R$ 8,5 bilhões ao final dos 23 anos previstos para o parcelamento). Em sua decisão, o magistrado anotou que, diante das informações obtidas até o momento no âmbito da Operação Spoofing, teria havido conluio entre o então juiz Sergio Moro e procuradores da Lava-Jato em Curitiba para a "elaboração de cenário jurídico-processual-investigativo que conduzisse os investigados à adoção de medidas que melhor conviesse a tais órgãos, e não à defesa em si".
Observação: A alegação de que o processo foi maculado pela falta de acordos de colaboração internacional não se sustenta, quando mais não seja porque as planilhas de propina, extratos bancários, e-mails e registros de retirada de dinheiro foram fornecidos voluntariamente pela Odebrecht. A empresa alegou que fechou o acordo sob coerção, mas não pediu sua anulação — para não perder benefícios como a permissão para voltar a disputar obras públicas e receber empréstimos de bancos estatais, além da garantia de que não seriam mais processadas pelos crimes já confessados.
A liminar do Maquiavel de Marília colocou a Odebrecht no melhor dos mundos, pois ela não terá de pagar mais nada e não perderá os benefícios recebidos. Quem deixa de ser compensado por anos de corrupção bilionária — que nem a empreiteira nem o nobre ministro negaram ter existido — são o Estado e o contribuinte brasileiro. Para piorar, a fila de empresas que querem se livrar de multas bilionárias vem crescendo, já que podem contar com Toffoli e sua noção sui generis de proteção do Estado de Direito.
Triste Brasil.
sábado, 5 de agosto de 2023
TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO — PARTE 7
Lula também acusou os procuradores do MPF de "inventar que ele era o dono do triplex no Guarujá", e chamou Delcídio do Amaral de "mentiroso descarado", embora tenha apoiado sua campanha ao governo de Mato Grosso. Todos mentem; só ele fala a verdade.