Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta mainardi. Ordenar por data Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta mainardi. Ordenar por data Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

TRISTE BRASIL

 

De novo, não teve golpe, escreveu o jornalista Jerônimo Teixeira na revista Crusoéreferindo-se ao 7 de Setembro. Mas, àquela altura, a expectativa era que apenas o cardápio básico do bolsonarismo fosse servido: ataques à democracia, ao Supremo, às urnas. Às vésperas dos comícios patriótico-eleitoreiros, Bolsonaro chamara Alexandre de Moraes de "vagabundo" — o que denota uma relativa melhora; no ano passado, o termo usado foi "canalha".

Observação: Diogo Mainardi e Mario Sabino fundaram o site O Antagonista em 2015 e a revista eletrônica Crusoé em 2018. Mainardi anunciou seu bota-fora no final do mês passado e Sabino, no último dia 15Claudio Dantas assumiu a Direção-Geral de Jornalismo do site e Carlos Graieb, o comando da revista. Mainardi anunciou que deixava de escrever para ambas as publicações para se dedicar a "atividades mais gratificantes do ponto de vista intelectual e espiritual". Sabino assinou com o Metrópoles no dia 14, e atuará como diretor da sucursal do portal em São Paulo. O empresário Pedro Cerize, sócio da empresa de análise financeira Invanunciou no Twitter que é o novo dono de O Antagonista e Crusoé.


No comício em Brasília, após dar a deixa para a multidão vaiar o STF, o presidente emendou: "A voz do povo é a voz de Deus" (momentos antes, "a voz de Deus" o havia saudado aos brados de "imbrochável, imbrochável"). Ato contínuo, mandou ainda um recado velado à corte, que foi repetido em termos similares no comício em Copacabana: "Com uma reeleição, nós traremos para dentro das quatro linhas [da Constituição] todos que ousam ficar fora delas" (velado para padrões bolsonaristas, bem entendido, pois, na real, foi tão acintoso quanto a indumentária verde-exorcista do dublê de Louro José e Véio da Havan).

 

O clima de tensão permanente faz parte da canastrice do "mito", que xinga ministros do STF, ofende jornalistas, lança dúvidas espúrias sobre as urnas e fala em "liberdade" apenas para entusiasmar seguidores e aterrorizar opositores — como se sabe, sua defesa da livre expressão deve durar somente até o próximo especial de Natal do Porta dos Fundos.

 

Sob a ameaça do golpe que não virá, o cenário político vive o paradoxo da instabilidade estável. Como os cidadãos do império descrito em À Espera dos Bárbaros pelo poeta grego Konstantinos Kaváfis, estamos todos antevendo a chegada de bárbaros que nunca chegam — a metáfora é imperfeita; no caso brasileiro, os bárbaros já chegaram, só não se sabe se vão mesmo levar a barbárie até as últimas consequências.

 

Enquanto a choldra ansiosa pelo golpe (que não veio e, muito provavelmente, não virá) levanta faixas e cartazes pedindo intervenção militar, outro grupo (igualmente ignaro e desprezível) ressuscita ambiguidades esquisitas, como Dilma Rousseff ter sido vítima de um golpe — embora alguns petistas ousem discordar: em 2016, Haddad disse que golpe era uma palavra “muito dura”

 

No governo Temer, começou a ganhar corpo uma conversa estranha sobre a necessidade de resistir ao golpe (isso quando não se falava em resistir ao fascismo!). A palavra "resistência" conjurava a miragem histórica do enfrentamento armado à ditadura militar. O documentário Democracia em Vertigem deu forma a essa ilusão fundindo a trajetória dos pais da diretora Petra Costa — que participaram de um movimento clandestino contra o regime militar — à derrocada da nefelibata da mandioca.

 

Depois da eleição de um capitão reformado que exalta a ditadura e seus torturadores, o termo "resistência" se tornou um clichê nos meios progressistas. Hoje, quando um resistente grita "golpe", já não se sabe se ele está fazendo uma denúncia ou expressando um desejo recalcado. O  jovem militante de rede social anseia pela fase final do golpe — com tanques sucateados tomando as ruas, em meio a muita fumaça, e os porões do DOPS  reabertos. Só assim seus pesadelos mais temidos e suas ilusões mais queridas se tornariam realidade.

 

Por outro lado, as inegáveis aspirações antidemocráticas do bolsonarismo são, no mínimo, preocupantes. E a fixação pelo fantasma do golpe vem acompanhada de um vício de análise: toda vez que uma insinuação de ruptura não se cumpre, conclui-se que as instituições são vigorosas e estão funcionando a pleno vapor, quando na verdade a submissão da máquina pública aos ditames da chamada guerra cultural — iniciada nos anos petistas, sim, mas radicalizada com Bolsonaro — já corroeu as tais instituições. E o desgaste não se limita ao Estado aparelhado por milicos e olavetes. Igrejas, escolas, empresas e até grupos familiares estão divididos por ideologias beligerantes.

 

Em entrevista concedida à finada Época (que encerrou suas atividades como revista impressa para se tornar uma seção do jornal O Globo em maio de 2021), o filósofo inglês John Gray, autor de O Silêncio dos Animais, fez uma avaliação desalentadora sobre os Estados Unidos depois do governo Trump: o país ainda é uma democracia, com eleições limpas e regulares, mas não pode mais ser considerado uma sociedade liberal. O liberalismo de que Gray fala (e cujas ilusões critica em obras como Cachorros de Palha) não se limita ao livre mercado, mas se estende às liberdades individuais e às instituições que as sustentam. 

 

"Para se ter de fato uma sociedade liberal é preciso que exista uma grande variedade de instituições que não são marcadamente politizadas" disse Gray na entrevista. Segundo ele, essa condição já não se encontraria mais nos Estados Unidos. "Não acredito que uma sociedade liberal ainda esteja viva quando todas as instituições vivem em guerra interna e estão em guerra umas com as outras". 

 

Sem nunca ter desenvolvido uma sociedade liberal digna desse nome, o Brasil vive a mesma situação.

 

Com Crusoé

quinta-feira, 21 de abril de 2022

E ASSIM A COISA VAI... DE MAL A PIOR (CONTINUAÇÃO)

Sem perder de vista o ensinamento de Magalhães Pinto, a melhora de Bolsonaro nas pesquisas de intenções de voto não significa muita coisa. Diz Marcus Melo:  

O ciclo da popularidade presidencial é conhecido: lua de mel no início do mandato; seguida de declínio nas taxas de aprovação; e finalmente elevação seis meses antes das novas eleições (…). Popularidade não implica voto, que é uma escolha estratégica. O eleitor votará em quem não aprova para evitar quem rejeita mais.”

 

Digo Mainardi complementa: 

 

No segundo turno, o sociopata tem menos de 40% dos votos contra todos os candidatos, em todas as pesquisas. Esse é seu teto. Vamos ver se, nas próximas semanas, ele será capaz de furá-lo. Duvido muito, mas não entendo nada do assunto, nem quero entender. 

 

Eu assino embaixo.

 

Em abril de 2021, quando a terceira via — aquela que foi sem nunca ter sido — ainda se chamava assim — polo democrático, Mario Sabino publicou um artigo intitulado O perigo é Lula virar o polo democrático. Na ocasião, um manifesto em prol de uma candidatura alternativa às de Jair Bolsonaro e Lula, assinado por Ciro Gomes, Luiz Henrique Mandetta, João Doria, Eduardo LeiteJoão Amoêdo, Luciano Huck e Sergio Moro havia sido divulgado. Um ano depois, que no Brasil é sempre um século, todos os signatários diminuíram de tamanho (alguns até moralmente). 

 

Ciro, o perdedor nato que se apresenta como alternativa ao PT, vai aderir outra vez a Lula no segundo turno. Se ele ainda ataca o chefão petista, é porque a hipocrisia é uma necessidade imposta pelo vício ao fracasso bem precificado. Mas agora o cearense de Pindamonhangaba virou sua boca rota contra Sergio Moro, a quem qualifica de inimigo da República. 

 

Como Moro não está mais na disputa, o esterno candidato pedetista se divide entre uma piscadela ao seu eleitorado — le gauchisme oblige — e uma requebrada para Lula e o sistema ao qual pertencem.

Mandetta se tornou uma vaga lembrança de uma pandemia que ainda está aí, mas é como se não se estivesse mais — graças à vacina (que devemos a João Doria) e à admirável capacidade humana de entrar em estado de negação da realidade, imunizante de rebanho potentíssimo. 

 

Depois de cogitar lançar-se candidato à Presidência, o primeiro ex-ministro da Saúde de Bolsonaro se afastou delicadamente do primeiro ex-ministro da Justiça de Bolsonaro. Cogita disputar uma cadeira no Senado pelo Grêmio Recreativo Escola de Samba União Brasil, do qual Moro foi rebaixado da comissão de frente para puxador de carro alegórico da agremiação que, tudo indica, terá o reto e vertical Luciano Bivar como candidato a presidente.


ObservaçãoBivar negou ter rifado Moro. Em mensagem enviada a um grupo de lavajatistas, ele disse: “Ao tomar sua decisão, Moro estava ciente de que em nenhum momento a legenda para a disputa presidencial lhe fora prometida. O que foi conversado e prometido foi a abertura para sua contribuição na construção de uma alternativa à polarização e, claro, a opção de candidatar-se em São Paulo para o cargo que quiser, onde certamente terá sucesso”. E concluiu, segundo a Folha de S. Paulo: “Vocês gostariam de ver o Moro fora da política definitivamente? Era o que o Podemos estava fazendo de forma sorrateira, tirando dele toda a capacidade de prosseguir com sua candidatura, sem nenhuma estrutura. Tudo o que lhe fora prometido foi, logo depois das pesquisas decrescentes, negado e boicotado, e ele ficou à própria sorte”. De acordo com Bivar, portanto, a candidatura presidencial de Moro morreu por causa de suas “pesquisas decrescentes”, e não por causa do poder crescente dos quadrilheiros.

 

Doria é um capítulo à parte. Mas muito curto. Ele se mantém firme em direção a uma derrota humilhante. Leite, que poderia ser candidato viável se tivesse sido bem trabalhado, permanece na disputa interna tucana, mesmo tendo sido cortejado pelo PSD de Gilberto Kassab e pelo GRESUB. Se não abrir o olho, vai virar mais um eterno candidato presidencial — assim como Ciro Gomes, só que à direita. Amoêdo abdicou do nadauma candidatura pelo Novo — em nome do lugar nenhum, o que resume de forma lapidar (sem trocadilho) seu envelhecimento político precoce. É outro caso de alguém com ideias certas no lugar errado — no caso, a política. 

 

Quanto a Luciano Huck, recém-convertido a apoiador do ex-governador do Rio Grande do Sul, só quer aparecer nessa outra “dança dos famosos”. Já o apresentador José Luiz Datena não sabe o que quer. Diz que “o melhor candidato é aquele que não quer ser e não precisa se eleger”. Só não explica por que não desiste de ameaçar disputar ora a Presidência, ora uma cadeira no Senado. Talvez se dê melhor como vereador. Afinal, 2024 está logo aí.

 

Voltando ao vaticínio de Sabino, passado um século, o jornalista reconhece que, mesmo mais pobre, sua profecia se confirmou. Como ele escreveu lá atrás: Se o Polo Democrático modelo 2021/2022 não lançar um candidato viável a tempo de ser trabalhado eleitoralmente, o perigo é Lula virar o candidato de centro contra Bolsonaro, transmutando-se em Polo Democrático”. O andar da carruagem não deixa dúvidas de que isso está acontecendo. 

 

Ironicamente, se tudo der certo para Lula, assistiremos à maioria dos signatários do manifesto — exceto Moro e talvez Amoedo — apoiando o molusco no segundo turno ou bancando o isentão, porque, sabe como é, no Brasil ainda se acredita que um extremo é mais centro do que outro. A terceira margem do rio se revelaria, então, finalmente uma miragem. “Eu não votaria nem por um nem pelo outro. No Bolsonaro, eu não voto”, disse FHC nos tempos do Polo Democrático de 2018.

 

Parafraseando Diogo Mainardi, “entre Lula e Bolsonaro, melhor se atirar do Campanário de San Marco”. Mas vale lembrar que Mainardi mora em Veneza. Para os brasileiros, as alternativas são votar em branco, anular o voto, abster-se de votar ou se enforcar num pé de cebola.

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

UM PAÍS SUI GENERIS (PARTE III)

 

Em setembro do ano passado, Diogo Mainardi publicou em Crusoé:
  
"A parcela do eleitorado que opta pela fórmula “nem Lula, nem Bolsonaro” corresponde a 25% do total, segundo a pesquisa encomendada pela Genial InvestimentosLula tem quase duas vezes mais do que isso, 45%, e o sociopata já foi passado para trás, com seus 23%. Minha turma é nem Lula, nem Bolsonaro, nem Arthur Lira, nem Gilmar Mendes, nem Augusto Aras, nem Dias Toffoli, nem Braga Netto, nem VTC Log, nem Dilma Rousseff, nem Michel Temer, nem João Doria, nem Renan Calheiros, nem Carlos Bolsonaro, nem os funcionários fantasmas de Flávio Bolsonaro, nem o lobista da Covaxin, nem o motoboy, nem Ciro Nogueira, nem Gleisi Hoffmann, nem o PIB do segundo trimestre, nem Joe Biden, nem o FIB Bank, nem a Covid, nem Sete de Setembro, nem Osmar Terra, nem Luciano Hang, nem Onyx Lorenzoni, nem o jabuti da reforma administrativa, nem o golpe do Código Eleitoral, nem o PSDB, nem Paulo Guedes (como foi que ele só entrou agora?), nem a variante Delta, nem Silas Malafaia, nem o PCC, nem Aécio Neves, nem os caminhoneiros, nem os cantores sertanejos, nem Roberto Campos Neto, nem as 28 mil queimadas na selva, nem Ernesto Araújo, nem Rodrigo Pacheco, nem Kássio Nunes, nem cloroquina, nem FIESP, nem Febraban, nem Paulo Skaf, nem os procuradores de Mossoró. 
 
'Os nomes foram pescados apenas entre aqueles citados em O Antagonista nas primeiras seis horas da quarta-feira (1º de setembro de 2021). Se o site cobrisse outros assuntos além da imundice brasiliense, a lista de expurgo seria bem maior. Estupidamente, aliás, acabei ignorando os escroques da imprensa e das redes sociais. Eu deveria ter acrescentado o jornalismo lulista, que nos últimos dias recebeu do próprio Lula promessas públicas de suborno com verbas estatais, num ambiente de censura e de omertà mafiosa, e os blogueiros bolsonaristas, que reproduziram o esquema do PT com a mesma canalhice e com uma pitada a mais de analfabetismo. 
 
'Por enquanto, ninguém foi capaz de encarnar a candidatura “nem Lula, nem Bolsonaro”, causando uma certa ansiedade naqueles que acompanham as pesquisas de semana em semana. Mas se a fórmula valesse apenas para a escolha de um nome capaz de enfrentar os dois bandoleiros nas urnas, em 2022, ela seria reduzida a um mero lema de campanha presidencial. Para ter algum sentido, ela precisa valer de agora até 2023, 2024, 2025. Trata-se de um programa permanente, que jamais será plenamente realizado, porque é minoritário. O Brasil nunca teve um projeto. Na falta de algo melhor, “nem Lula, nem Bolsonaro” pode cumprir esse papel."
 
A despeito das inúmeras mudanças ocorridas nos últimos 13 meses — entre as quais a saída de Diogo Mainardi e Mario Sabino do Antagonista —, o texto continua atual. 
 
O Brasil não aguenta mais tanta turbulência política, insegurança jurídica, polarização, incompetência administrativa e falta de projeto de governo. Em dois anos de meio de pandemia, houve quase quatro vezes mais mortes por Covid em nosso país do que as registradas no Afeganistão em duas décadas de guerra. 

Bolsonaro foi o presidente que mais pedidos de impeachment colecionou — mas nenhum prosperou, pois nem Rodrigo Maia nem (muito menos) Arthur Lira fizeram o que a Constituição determina. E mais de uma centena de denúncias por crimes comuns foram parar no gavetão de Augusto Aras, o procurador-geral que não procura. 
 
Bolsonaro não sofrerá as consequências de seus atos espúrios enquanto for inquilino do Palácio do Planalto. Sem a blindagem de que ora dispõe, a coisa muda de figura. Mas é bom lembrar que o mesmo Supremo que "descondenou" Lula pode passar pano para o capetão. 

E viva o eleitor brasileiro.

domingo, 29 de maio de 2022

QUEIRA DEUS QUE ELE ESTEJA CERTO

 

No faroeste à brasileira em que o Brasil se transformou sob Bolsonaro a palavra de ordem é soltar os bandidos e prender o xerife. Mas causa espécie a Justiça aceitar a denúncia apresentada contra Sergio Moro pelos deputados Rui FalcãoErika Kokai, Natalia BonavidesJosé Guimarães e Paulo Pimenta, pedindo que o ex-juiz seja condenado ressarça os cofres públicos por alegados prejuízos causados à Petrobras durante sua atuação na Lava-Jato. 


Moro forneceu farto material a quem deseja questionar seu trabalho, mas o fato é que nos governos de Lula e Dilma, diretorias da estatal foram servidas no balcão da baixa política para o PT, o MDB e o PP. Dito de outra maneira, o assalto ocorreu durante os governos petistas — como foi confessado por empreiteiros corruptores e servidores corrompidos, alguns dos quais pagaram multas pesadas e/ou viram o sol nascer quadrado. E os prejuízos à estatal e ao país foram causados pela corrupção desenfreada, não pelos policiais federais, auditores fiscais, procuradores e magistrados que trouxeram o escândalo à tona.

 

Moro cavou o próprio infortúnio ao se deixar seduzir por uma falsa promessa de carta-branca no superministério da Justiça e Segurança Pública e uma futura indicação para o STF. Se tivesse permanecido na 13ª Vara Federal de Curitiba, talvez a prisão em segunda instância continuasse valendo, Lula estivesse cumprindo pena e a vaza-jato tivesse ido para a lata do lixo da História. Mas a vida é feita de escolhas e o problema com as consequências é que elas sempre vêm depois.

 

Após engolir sapos e beber a água tóxica da fossa negra em que o pior governo da história recente desta banânia se transformou, Moro finalmente desembarcou da canoa que deveria saber furada — e foi prontamente tachado de traidor pela escumalha bolsonarista. Em outubro do ano passado, filiou-se ao Podemos, mas seu ingresso na política desagradou a gregos e troianos. 


Sem o apoio prometido pelo partido, Moro migrou para o União Brasil, mas teve as asas podadas por Luciano Bivar et caterva. Pelo andar da carruagem, terá sorte se conseguir disputar uma cadeira na Câmara Federal.

 

Sem o nome do ex-juiz nas pesquisas, Bolsonaro cresceu alguns pontos. Mesmo assim, o criminoso que quer voltar à cena do crime continua à frente do que nela quer permanecer. Entre votar em um dos dois, melhor saltar do campanário de San Marco, como disse Diogo Mainardi


Como nada é tão ruim que não possa piorar, a terceira via se tornou mais ou menos parecida com a “inocência” de Lula. A diferença é que o picareta acredita nas próprias mentiras, ao passo que nem a terceira via acredita na terceira via.

 

Lula tem 40% das intenções de voto. Bolsonaro têm 32%. Segundo o petralha, sua vitória será no primeiro turno — e com 171% dos votos válidos. Já os puxa-sacos do “mito” asseguram que a reeleição já está no papo. 


Se analisarmos esses números friamente, veremos que nhô ruim e nhô pior bateram no teto, e que os 28% que os rejeitam não aparecem nas pesquisas porque seus votos estão pulverizados entre candidatos nanicos, brancos, nulos e abstenções. Diogo Mainardi diz que não há uma terceira via no “Datapovo”, mas há um terceiro Brasil. 


Queira Deus que ele esteja certo!

quarta-feira, 5 de março de 2014

NÃO FOSSE TRÁGICO, SERIA CÔMICO!

SE NÃO TÊM PÃO, QUE COMAM BRIOCHES!

De bom tamanho para engrenar esta quarta-feira estão as colocações lapidares de Enio Mainardi, expendidas num artigo que remete à frase acima e aconselha nossa ínclita "presidenta" a colocar seu pescocinho de molho, para não se tornar a versão tupiniquim de Maria Antonieta numa possível "Queda de Brasília".
Com a cara de pau que Deus lhe deu, "Dona Maria Dilma Antonieta" lotou o "AERODILMA" com sua corte real e voou para a Suíça - onde fez um discurso pífio, beirando o vexatório – e de lá para Cuba, para prestar vassalagem aos irmãos Castro e reinaugurar o porto cubano de Mariel – cuja reforma foi patrocinada com dinheiro do BNDES. Mas não se antes fazer escala em Lisboa e ocupar 40 quartos do hotel mais caro da cidade, onde o jantar do séquito custou o correspondente a 300 mil reais. Isso sem mencionar o vexame que os aproveitadores de plantão protagonizaram ao aproveitar a boca-livre para encher sacolas e sacolas com Vinho do Porto e outras iguarias e acepipes típicos de além-mar (para ler a matéria completa, clique aqui),
Lembre-se de que você é um dos "mais de mil palhaços no salão" que trabalham 5 meses por ano só para pagar impostos, e que seu suado dinheirinho está sendo canalizados para putarias franciscanas como as que acabei de mencionar.
Clique aquiaqui aqui para apreciar outras amostras do "humor" ácido e sarcástico do pai do grande Diego Mainardi e, se calhar, enriqueça seus conhecimentos com a leitura deste livro.
Para concluir, confesso a vocês que cada vez mais me enoja a postura dos políticos brasileiros.
Até mais ler.

domingo, 16 de janeiro de 2022

SOBRE A TERCEIRA VIA

O bolsonarismo e o Centrão são formas distintas do proverbial atraso brasileiro. O primeiro é mais virulento e nocivo à democracia; o segundo, paradoxalmente, reduz os riscos no curto prazo, mas sua simbiose com o primeiro tem tudo para condenar o Brasil a seguir, com velocidade cada vez maior, no plano inclinado de um gradual e inseguro declínio econômico e social, com muita instabilidade política. 

Presumir que a democracia poderá escapar sã e salva de um processo como esse é, no mínimo, imprudente. O Brasil tem lideranças lúcidas e antenadas em diversos meios, mas o desafio é dar expressão política a essas forças. 

Primeiro, é preciso compor uma ampla frente política e social para evitar a reeleição de Bolsonaro e qualquer tentativa de desestabilização institucional. Depois, é preciso adotar uma prudente ousadia nas reformas do sistema político brasileiro. Nessa linha, é imperativo reduzir a propensão à fragmentação partidária e mitigar a tendência a crises institucionais de custosa resolução, para o que a eventual adoção do semipresidencialismo, em momento adequado, possa vir a ser um remédio.

Sem abrir mão da prudência, é preciso devolver algum encanto à política. Para isso não é preciso derrubar muros na nossa arquitetura institucional, mas é indispensável reformá-la para abrir mais o sistema político a novas formas de organização, expressão e participação da sociedade, seja pela desobstrução dos canais existentes, democratizando os partidos, seja pela criação de novos canais. Para fortalecer a democracia representativa, é preciso renová-la. E esse objetivo não será alcançado com a reeleição de Bolsonaro nem com a volta do lulopetismo corrupto ao poder.

Seria preferível ver Bolsonaro afastado da Presidência e julgado pelos crimes que cometeu durante seu mandato. Na verdade, a única saída realmente democrática para o Brasil seria o impeachment do sociopata. O problema é que isso vai de encontro aos interesses cleptocratas do Centrão. Se o presidente realmente presidisse alguma coisa, poder-se-ia dizer que, nos moldes do acerto vigente, "Bolsonaro preside e o Centrão governa e dita as regras da reeleição", como escreveu Jose Casado em sua coluna em Veja.

Bolsonaro preside, o Centrão governa. É regra não escrita, mas confirmada por dois fatos da maior relevância. Em setembro, sob forte pressão do agrupamento que é seu esteio parlamentar, o capetão recuou do confronto aberto com o Supremo e foi chorar as pitangas na barra da saia do ex-presidente Michel Temer, numa carta de rendição que, provavelmente, nem o próprio nosferatu assinaria.

Bolsonaro se esforça para desmentir os críticos que o acusam de agir como um demente. Ao ignorar recomendações da Anvisa para proteger o Brasil contra o ômicron, compra que não sofre de insanidade, mas, sim, aproveita cada segundo dela. "Vacina não impede a transmissão da doença", declarou a sumidade. "Tem que aprender a conviver com o vírus", completou.

Aos poucos, o brasileiro vai descobrindo a serventia da passagem de Bolsonaro pelo Planalto, que se consolida como um extraordinário protagonista de tríades: o nascer do Sol, a morte e a próxima estupidez do presidente. Descobre-se agora que há também no universo três coisas irrecuperáveis: a pedra atirada, a denúncia adiada pelo Augusto Aras e o prejuízo imposto ao Brasil por um presidente insano. A pergunta que não quer calar é: o que acontecerá nos próximos dez meses? 

The answer, my friend, is blowing in the wind, mas sempre se pode especular, como fez o Estadão ao dizer que "a dificuldade da terceira via nas pesquisas e os retrocessos da dupla Lula e Bolsonaro criaram no empresariado um ambiente propício para alguns "devaneios eleitorais", e o maior deles é o abandono de Bolsonaro, que desistiria da reeleição em busca de imunidade parlamentar"Ou Diogo Mainardi ao dizer que o devaneio, na verdade, não é um devaneio, pois essa saída está no horizonte de muita gente graúdaBolsonaro ainda acredita que irá recuperar os votos perdidos, mas pode jogar a toalha se isso não ocorrer. Por mais aloprado que seja, ele passou os últimos dois anos tentando evitar a cadeia, mostrando qual é a sua verdadeira prioridade.

A primeira pergunta a ser respondida sobre 2022, na opinião de Mainardi, é a seguinte: Bolsonaro vai levar sua candidatura até o fim? Diogo aposta que ele vai pular fora até junho ou julho. Se tiver a certeza de que será derrotado por Lula no segundo turno ou, de maneira ainda mais humilhante, no primeiro, ele certamente desistirá. Para além disso, outro fator que pode persuadi-lo a fugir das urnas é Sergio Moro — se o ex-juiz crescer mais 6 ou 7 pontos nas pesquisas, Bolsonaro buscará um caminho mais seguro para tentar evitar a cadeia.

Na avaliação de William Waack, o pesadelo encarnado por Bolsonaro e Lula só será derrotado se o candidato da Terceira Via souber oferecer um sonho para o eleitorado. E ele está certo. Antes, porém, é preciso acordar para o fato de que só surgiu um nome capaz de enfrentar o duplo pesadelo — o de Sergio Moro. Ele talvez não seja o candidato dos sonhos para uma parte da Terceira Via, mas é o único.

Assim que Moro for escolhido como candidato único da Terceira Via, a campanha vai mudar. A lógica de uma disputa polarizada só funciona quando há equilíbrio entre os dois polos, e esse equilíbrio — que já é praticamente inexistente, considerando a vantagem insuperável de Lula sobre Bolsonaro — deve desaparecer de uma vez por todas, porque uma candidatura mais competitiva de Moro acabará atraindo uma fatia do eleitorado bolsonarista. E, sem o pesadelo bolsonarista, o pesadelo lulista também se distancia.

Observação: Não se sabe se alguém já teve essa conversa com Bolsonaro. Parece que não. Mas o abandono de sua candidatura tem tudo para representar o “fato imponderável” citado por Waack — “uma mãozinha do destino”, como ele disse.

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

LULA ESTÁ ELEITO?

 

Devemos ao Criador a súcia de apedeutas fanáticos que nos obriga escolher — mais uma vez — entre um criminoso que quer voltar à cena do crime e outro que se recusa a deixá-la, e ao advogado e procurador federal Gustavo Adolfo de Carvalho Baeta Neves o belíssimo samba-enredo O Amanhã, composto em 1978 e imortalizado na voz de Simone

Lembrei-me dessa música porque os poderes preditivos que seu compositor atribuiu a ciganas, cartomantes e seus apetrechos esotéricos são conferidos atualmente às famigeradas pesquisas de intenção de voto, que dão como certa a vitória do ex-presidiário — algumas, inclusive, apontam que essa agonia pode se encerra no dia 2 de outubro.  
 
A pré-campanha deste ano vem sendo marcada por uma escalada de violência, sendo o assassinato de Marcelo Arruda o episódio mais drástico. Segundo o Datafolha, metade do eleitorado brasileiro diz ter deixado de conversar sobre política com amigos e familiares nos últimos meses. O índice é maior entre os eleitores de Lula do que entre os apoiadores de Bolsonaro

Comportamento semelhante é percebido nas redes sociais: 53% dos eleitores mudaram a postura para evitar atritos com amigos e familiares. No WhatsApp, 43% pararam de falar sobre política e 19% saíram de algum grupo. Considerando outras redes sociais, 41% das pessoas deixaram de comentar e publicar conteúdo eleitoral.
 
Bolsonaro deveria ter sido defenestrado há muito tempo e Lula, há muito mais tempo. Isso teria evitado que o candidato que elegemos em 2018 para impedir a volta do lulopetismo se perpetuasse como uma emenda que ficou pior do que o soneto, levando "forças misteriosas" a converter o ex-presidiário em ex-corrupto e o recolocar no tabuleiro da sucessão presidencial. 
 
Dizem que a esperança é a última que morre, mas furar essa polarização é uma missão dificílima para Ciro Gomes e quase impossível para Simone Tebet. A alternativa, segundo São Diogo Mainardi, é pular do campanário de São Marcos, mas isso é fácil para ele, que mora em Veneza. Assim, caminhamos em direção à eleição mais tensa da nossa história republicana sem ter sequer um gato que faça as vezes do cachorro de que não dispomos.
 
A certeza de que Lula vai vencer — e vai vencer com folga — vem promovendo alterações significativas no tabuleiro da política. Partidos que até recentemente se dividiam entre bolsonaristas e lulistas agora se dividem apenas sobre qual é o melhor momento para aderir à candidatura do PT. O MDB de Simone Tebet, por exemplo, pretendia barganhar seu apoio no segundo turno, mas corre o risco de ser atropelado por um triunfo imediato do petralha. O PSDB, farejando o perigo, resolveu dar uma rasteira em Simone, sob o pretexto de que é preciso impedir a quartelada bolsonarista.
 
Em entrevista ao Valor, Ciro afirmou que "Lula não tem escrúpulo de nenhuma natureza." Disse ainda que um eventual terceiro mandato do petista será uma grande tragédia. "O cenário atual é totalmente diferente de 2003. O povão quer cerveja e picanha, mas Lula terá uma conta impagável com Renan Calheiros, Eunício Oliveira, MDB, Guilherme Boulos. Depois de nomear um banqueiro para a Economia, entregar as políticas de papo-furado (mulher, índio e negro) para o PT se divertir e dar o Orçamento para o Centrão se locupletar, Lula vai passear no estrangeiro.
 
Observação: As medidas eleitoreiras adotadas por Bolsonaro e pelo Congresso neste ano vão tirar R$ 178,2 bilhões do caixa do Planalto em 2023, informa o Estadão. O valor sobe para R$ 281,4 bilhões com a redução do caixa dos governadores e dos prefeitos. A lista inclui um custo adicional de pelo menos R$ 60 bilhões para financiar o Auxílio Brasil — medida que já foi antecipada por Lula e Bolsonaro — e um gasto de R$ 25 bilhões para custar o reajuste salarial de 10% aos servidores públicos (que não repõe nem metade da inflação acumulada de 25% prevista para o período de 2020 a 2022).
 
Ao ser perguntado pelo Valor se não poderia ter ajudado Fernando Haddad a conquistar mais votos em 2018, o candidato do PDT respondeu: Em nome de quê? Lula mentiu para o povo. Dizendo, de dentro da cadeia, que era candidato sabendo que não poderia. Ele me convidou para fazer essa farsa junto com ele. Na época, mandei um palavrão de volta. E aí ele lança quem? Alguém cujo histórico era perder a eleição para nulo e branco um ano antes.
 
O manifesto em defesa da democracia reflete esse novo clima. Depois do fiasco da Terceira Via, alguns dos maiores empresários do Brasil resolveram apoiar Lula — um dos promotores do manifesto, Josué Gomes, é cotado até para ministro da Fazenda. Os militares também entenderam que a disputa está decidida e passaram a cochichar para a imprensa que o resultado das urnas será respeitado, ao passo que os donos do Centrão já negociam com os petistas um salvo-conduto para tirá-los da cadeia.
 
Se a campanha eleitoral acabou antes mesmo de começar oficialmente, é preciso que a oposição comece a se organizar. A unanimidade lulista é fruto exclusivo da calamidade bolsonarista. Assim que chutarem o sociopata do Palácio do Planalto e o prenderem na Papuda, os brasileiros devem voltar a espernear livremente, como tem de ser.

Com Diogo Mainardi

sábado, 12 de março de 2022

NÃO CONFUNDA PALHAÇO PRESIDENTE COM PRESIDENTE PALHAÇO


Não é justo atribuir aos políticos a culpa pelas mazelas dos brasileiros. Políticos não brotam em seus gabinetes por geração espontânea; se os três Poderes da República foram tomados por criminosos de colarinho-branco (pode-se argumentar que os juízes de cortes superiores não são eleitos pelo voto popular, mas quem os indica e quem chancela a indicação o são), a culpa é de um eleitorado incapaz de tirar água de uma bota, mesmo com as impressas no calcanhar.

O brasileiro já votou em rinoceronte para vereador, em macaco para prefeito, em palhaço de circo para deputado e — a cereja do bolo — num analfabeto, num poste e num dublê de mau militar e parlamentar medíocre para presidir este país. É graças a essa caterva (falo da récua de muares munidos de título eleitoral) que a eleição de outubro próximo tem tudo para ser uma reedição piorada do pleito plebiscitário de 2018.

Situações surreais como essas não são exclusividade nacional. Nos EUA, Donald Trump venceu Hillary Clinton em 2016 (apesar de a candidata democrata ter obtido mais votos) e uma corja de vândalos invadiu o Capitólio, quatro anos depois, para protestar contra a derrota de seu ídolo. Questionado sobre a situação no leste europeu, Trump afirmou que Putin não teria invadido a Ucrânia se ele ainda estivesse na Casa Branca. Como se costuma dizer, presunção e água benta, cada um toma a que quer.

Sobre Vladimir Putin, o buraco é ainda mais embaixo. Três dias após a invasão da Ucrânia, Diogo Mainardi escreveu em sua coluna que o carniceiro russo já havia sido derrotado. Que havia perdido o rublo, a Copa do Mundo, o ouro do Banco Central, as estantes Ikea, o primeiro bailarino do Bolshoi, os cintos da Gucci, a sucursal do New York Times, as villas no lago de Como, o Facebook, os parlamentares de direita e esquerda na Europa e nos Estados Unidos, o centroavante Lukaku. Até as empresas que tentaram resistir ao boicote, como Pepsi e McDonald’s, tiveram de fechar suas lojas na Rússia, constrangidas por seus consumidores e acionistas. E isso tudo em apenas duas semanas. Até o Brasil, que faz parte de outro sistema solar, condenou déspota. 

Uma pesquisa divulgada dias atrás mostrou que, enquanto Bolsonaro e Lula abanavam o rabo para o tirano eslavo, o povo brasileiro queria mais era mijar no seu túmulo. O problema é que esse сукин сын continuará matando pessoas (inclusive civis) até alguém lhe dar uma dose de seu próprio próprio veneno — um chazinho como aquele que "acalmou ad aeternum" o papa João Paulo I estaria de bom tamanho, e talvez fosse até bom essa moda pegar.

Por aqui, um aumento brutal no preço dos combustíveis foi prontamente repassado por donos de postos (não todos), pouco se importando com o fato de o combustível servido nas bombas ter sido comprado antes do reajuste (isso se chama “crime contra a economia popular”). Esse "reajuste" terá efeitos nefastos na inflação e afetará a população em geral, já que praticamente tudo que é produzido no Brasil é transportado através de nossa esburacada, enlameada e detonada malha rodoviária (salvo raras e honrosas exceções).

Os combustíveis e o gás de cozinha vinham subindo de preço descontroladamente, e não só devido à alta do dólar. O problema, como sempre, é a falta de previsão de um mandatário que só tem olhos para a reeleição, e que prefere participar de motociatas e andar de jet-ski a dar expediente no Palácio do Planalto. E como Lula, que institucionalizou a compra de apoio parlamentar com o Mensalão e sangrou a Petrobrás com o PetrolãoBolsonaro se vale do nefando Orçamento Secreto (cerca de R$ 17 bilhões por ano) para comprar votos das marafonas do Parlamento, e isso enquanto a população mais carente sequer têm o que comer.

Voltando aos combustíveis, “em casa onde falta pão todos gritam e ninguém tem razão”. O que se vê é um jogo de empurra. O capetão culpa o ICMS, os governadores culpam o governo federal, todos culpam a Petrobrás — que distribui bilhões aos acionistas e paga ao general Silva e Lula um salário nababesco (mais de R$ 200 mil) — e ninguém faz nada. Ou, quando faz, faz o que Dilma fez durante sua campanha à reeleição.

Lula insiste na falácia da autossuficiência brasileira em petróleo e atribui a alta dos preços à privatização da BR-Distribuidora, mas, para surpresa de ninguém, ele não menciona que faltam refinarias e que ele e seu espúrio partido foram os responsáveis pela cleptocracia que quase quebrou a Petrobras. Esperar o que de um egun mal despachado, um ex-sindicalista malandro, amante da vida fácil e expert na arte de enganar trouxas

Em 2018, o ainda candidato Bolsonaro disse que o preço dos combustíveis já havia ultrapassado todos os limites — mas, uma vez eleito e empossado, não se preocupou em criar o tal fundo de estabilização no início de sua execrável gestão. Mesmo assim, o ministro Paulo Guedes alardeava que o botijão de gás deveria custar cerca de R$ 30 — e já tem gente pagando R$ 150. O que nem um nem o outro disseram é que somente um governo competente e responsável seria capaz de resolver esse e um sem-número de outros problemas. 

Observação: O PL 1.472/2021, em trâmite no Senado, prevê a criação de um fundo de equilíbrio para controlar a volatilidade do preço dos derivados de petróleo. A ideia é utilizar recursos da União (dividendos que a Petrobras paga ao governo federal) como uma espécie de “colchão", visando manter o preços estáveis — ou, no mínimo, reduzir o percentual de aumento  em situações adversas como a atual.

Ao trágico governo em curso restam nove meses, e a nós, decidir entre suportar mais 4 anos de incompetência chapada ou amargar a volta da ladroagem institucionalizada. Não que não exista corrupção nem corruptos no mar de lama que se tornou a Praça dos Três Poderes. Essa falastrice não passa de mera cantilena para dormitar bovinos e já não convence sequer nem mesmo os poucos fãs do “mito” com Q.I. superior ao de um repolho. Na última quarta-feira a Transparência Internacional Brasil apresentou um relatório à OCDE denunciando retrocessos no combate à corrupção, e mencionou, dentre outros descalabros, os R$17 bi (do tal Orçamento Secreto) que o governo federal usou para comprar deputados.

A alta dos combustíveis propiciou mais uma troca de farpas entre os presidenciáveis. Enquanto os bolsonaristas comemoraram a mudança do cálculo do ICMS, o ex-presidiário de Curitiba tuitou: “Agora você tem empresas importando gasolina dos Estados Unidos em dólar enquanto temos auto suficiência (sic) e produzimos petróleo em reais". 

Observação: O ICMS (que é um imposto estadual) terá a alíquota unificada em todo o Brasil e incidirá nos combustíveis apenas uma vez. O pacote aprovado no Senado também incluiu a isenção do PIS e da Cofins (que são tributos federais) sobre o diesel e o gás de cozinha até o final do ano. Na prática, as duas medidas juntas representarão uma redução de R$ 0,60 por litro de diesel. Governadores já anunciaram que vão questionar judicialmente o projeto, alegando queda na arrecadação. Com a mudança, o governo pode evitar, pelo menos por enquanto, a criação de um programa de subsídio direto da a gasolina, algo que o Posto Ipiranga de fancaria quer deixar de lado e disse que só será considerado se a se a guerra no leste europeu continuar por mais "30, 60 dias". Enquanto isso, Bolsonaro voltou a atacar a política de preços da Petrobras (sim, de novo) e chamou o reajuste de ontem de “absurdo”.

Sobre o tuíte do ex-presidiário, o pré-candidato pelo Partido Novo, Felipe D'Ávila, escreveu: "um tweet, quatro mentiras". Sergio Moro também tuitou: "Sabe por que a Petrobras ainda existe, Lula? Porque a Lava-Jato impediu que o governo do PT continuasse saqueando e desviando recursos da maior estatal do Brasil". E Ciro Gomes: "Enquanto isso todos brasileiros sofrem, mesmo vivendo num país que tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo, e vendo concessionárias da Petrobras vendidas a preço de banana. Até quando vamos suportar este absurdo?".

Do alto de sua inesgotável sabedora, o vereador Carlos Bolsonaro comemorou a decisão do desgoverno do pai, alegando que a mudança (no cálculo do ICMS) fará com que “o povo pague mais barato" e criticou governadores que não querem abrir mão da arrecadação em ano eleitoral.

Para não encompridar ainda mais este texto, falo sobre o palhaço que se tornou presidente no post de amanhã.

sábado, 9 de abril de 2022

TUDO QUE É DEMAIS ENCHE!

Eu me jactava de ser apolítico e apartidário, mas o nefasto governo lulopetista levou-me a observar mais atentamente o abjeto cenário político tupiniquim. Foi então que passei a ter vergonha de ser brasileiro. Sob Dilma, a inesquecível, a vergonha virou nojo. Sob Bolsonaro, faltam-me palavras para expressar como me sinto em relação aos políticos em geral e a este governo em particular. Ando com o saco na Lua de ouvir falar em gente que nos rouba bilhões para financiar campanhas e continuar a nos roubar. De tempos para cá, acompanhar o noticiário virou penitência. Para além dessa maldita pandemia e do descalabro no Leste Europeu  que não têm data para terminar —, há a novela da reeleição presidencial  que termina em outubro, para o bem ou para o mal.

 

Costuma-se dizer que colhemos o que plantamos, mas também se diz que quem semeia ventos colhe tempestades. Desnecessário relembrar (mais uma vez) por que apoiamos em 2018 o candidato que se tornou o pior presidente do Brasil desde Tomé de Souza — não por falta de concorrentes à altura. Mas o fato é que ouvir falar e eleições, pesquisas e o diabo a quatro vem ficando mais insuportável a cada dia. E a mídia, sádica, joga sal na ferida. Somos lembrados a toda hora que teremos novamente um pleito plebiscitário, e que agora o lulopetismo corrupto pode derrotar o bolsonarismo boçal. Diogo Mainardi disse que prefere se atirar do Campanário de San Marco a escolher entre Lula e Bolsonaro, mas Diego mora em Veneza.

 

Faz sentido um ex-presidiário condenado a mais de 25 anos de prisão por uma dúzia de juízes de três instâncias ter a ficha imunda lavada a toque de caixa e ser reinserido no tabuleiro eleitoral? Faz sentido um ex-parlamentar medíocre e de passado duvidoso ser reeleito para um segundo mandato depois de tudo que fez nos últimos 40 meses? E continuar desfiando a lei da gravidade porque aparelhou a PGR e a PF, e se “se valeu do orçamento secreto” para eleger presidente da Câmara um deputado réu disposto a manter sob seu respeitável buzanfã os mais de 140 pedidos de impeachment protocolados em desfavor do benfeito?

 

De acordo com a CNN, dos 90 pedidos de investigação apresentados ao STF contra Bolsonaro, seu fiel escudeiro na PGR foi contrário a 74. A única vez que o procurador se posicionou a favor da investigação foi no caso da vacina indiana Covaxin — mas, uma vez aberto o inquérito, manifestou-se pelo arquivamento.  A ministra Rosa Weber determinou que os autos fossem reencaminhados para o Ministério Público para nova análise, mas Augusto Aras recorreu  (se a magistrada não revir sua posição, ele pede que o caso seja submetido ao plenário, onde certamente Nunes Marques ou André Mendonça apresentará um pedido de vista e o julgamento será suspenso). 

 

Aras — que foi alçado e reconduzido ao comando do Ministério Público por Bolsonaro ao arrepio da lista tríplice  alega candidamente que sua atuação é técnica (pausa para as gargalhadas) e reputa indevidas “ilações de alinhamento com quaisquer partes envolvidas nos casos”. Dos 9 crimes (comuns e de responsabilidade) apontados pela CPI do Genocídio, no final do ano passado, a gente quase não ouve mais falar. 


CNN fez um levantamento de todas as petições públicas no STF que envolvem o nome do presidente e apurou que existem 155 processos (desde pedidos de investigação até habeas corpus, inquéritos e outros tipos de ação). Deste total, apenas dois foram apresentados durante a gestão de ex-procuradora-geral Raquel Dodge. E o vassalo que a sucedeu, quando não manda as investigações para o arquivo, limita-se a abrir “notícias de fato” — investigações preliminares que ficam restritas ao circuito interno da PGR, não sendo, portanto, acompanhadas pelo STF nem pela sociedade —, levando nada a lugar nenhum. 

 

Quando foi questionado sobre o depósito na conta da primeira-dama feito por Fabrício Queiroz, Bolsonaro disse que queria “encher de porrada” a cara do repórter. Segundo Aras, para que se consume o crime de constrangimento ilegal “o agente preciso impor à vítima um comportamento certo e determinado e o constrangimento há de ser ilegal (deve estar em desconformidade com a legislação em vigor)”. 


No caso da Covaxin, o procurador tentou negar andamento à investigação, mas a ministra Rosa Weber cobrou uma nova manifestação. Aras enviou nova manifestação ao STF pedindo a abertura de inquérito para apurar as suspeitas de irregularidades, mas pediu o arquivamento do caso alegando (pasme o leitor!) que não há a possibilidade de o presidente ter cometido o crime de prevaricação porque não estaria no rol de atribuições do presidente da República comunicar às autoridades de investigação sobre essas irregularidades. 

 

O último caso que chegou às mãos do PGR — e sobre o qual sua graça ainda não se manifestou — envolve a suspeita de possível favorecimento de aliados políticos na distribuição de recursos do MEC. O imbróglio levou à exoneração do chefe da pasta. A ministra Cármen Lúcia determinou a Aras que se manifeste sobre quais providências pretende adotar em relação à investigação contra o Bolsonaro. O que acontecerá a seguir, quem viver verá.

 

CPI do Genocídio atribuiu a Bolsonaro 9 crimes (comuns e de responsabilidade). Nos casos envolvendo o “kit Covid”, que remontam ao primeiro semestre de 2021, a PGR se limitou a informar o Supremo de que abriu uma investigação preliminar para avaliar se houve cometimento de crime por parte do presidente  e decidiu por seu arquivamento (o resultado das apurações não foi informado). 

 

No episódio envolvendo uma criança de cujo rosto Bolsonaro tirou a máscara, a subprocuradora Lindôra Araújo argumentou que “inexistem elementos mínimos que indiquem ter a autoridade noticiada [Bolsonaro] atuado com vontade livre e consciente de criar uma situação capaz de expor a vida ou a saúde de outrem [a criança] a perigo direto e iminente”. 

 

Uma licitação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação previa a compra de ônibus escolares por até R$ 480 mil por veículo  o preço de mercado é R$ 270,6 mil. Segundo O Estadão, o valor estabelecido no processo de licitação seria de R$ 2,045 bilhões — um superfaturamento de R$ 732 milhões em relação ao custo real dos veículos.

 

Vivemos num país com muitas leis e nenhuma vergonha na cara. Não fosse assim, o atual governo seria mais uma página virada na lamentável história republicana desta banânia e nós não teríamos de escolher entre reeleger as 10 pragas do Egito ou os 4 cavaleiros do apocalipse. Mas o mais surreal é a defesa enfática que dois segmentos ideologicamente opostos da população fazem, como prosélitos de seitas infernais, de Bolsonaro e de Lula. Ouçam este trecho do Jovem Pan Morning Show da última segunda-feira e prestem especial atenção à defesa insana feita pelo comentarista com voz de gralha.

 

Por último, mas não menos importante, é preciso ter em mente políticos não devem ser endeusados, mas sim cobrados. Como fraldas (e pelos mesmos motivos) essa caterva deve ser substituída regularmente.