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quarta-feira, 12 de junho de 2024

DICAS PARA MANTER O DESEMPENHO DO CELULAR NOS TRINQUES (FINAL)

O SILÊNCIO É UM AMIGO QUE NUNCA TRAI.

Todo aplicativo consome recursos e todo arquivo ocupa espaço. Instalar programas desnecessários e armazenar milhares de fotos e centenas de vídeos no celular resulta em lentidão, mesmo que o dispositivo disponha de 6GB de RAM e 256GB de armazenamento. 

Portanto, elimine o crapware, instale somente apps necessários e transfira para um pendrive ou HDD externo ou para a nuvem sua fototeca e sua filmoteca. Configure o sistema para suspender ou encerrar apps que não são usados com frequência e recorra a ferramentas de diagnóstico, como o Phone Doctor, para identificar e reparar os problemas mais comuns. 
 
Se seu orçamento o obrigar a comprar um smartphone com 4GB de RAM e 64GB de armazenamento, você pode possa emular memória com o RAM Plus, que é disponibilizado por alguns modelos Samsung e Xiaomi e permite usar parte da memória interna como "RAM virtual", e ampliar o armazenamento com um SD-Card
Existem dezenas de tipos desses cartões no mercado, mas nem todos são aceitos por todos os smartphones. Consulte o manual do seu aparelho (ou do aparelho que você pretende comprar) para saber se ele compatível com SDHC ou SDXC e quais das três principais classes de velocidade ele suporta (mais detalhes nesta postagem).  

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Vivo, Cazuza cantaria: "Brasil, mostra tua cara / Quero ver quem paga / Pra gente ficar assim / Brasil, qual é o teu negócio / O nome do teu sócio / Confia em mim." Explico: a PEC das Praias passou na Câmara sem alarde e subiu para o Senado, onde tem como relator o famoso senador das rachadinhas e mansões milionárias. Mas o presidente da Casa pisou no freio ao declarar que a votação não será pautada "da noite para o dia", e o feitiço da invencibilidade digital da direita bolsonarista acabou enfeitiçado na praia das redes. Desde então, o filho do pai desperdiça saliva em entrevistas e postagens. "Não tenho interesse pessoal nisso, não sou proprietário de área beneficiada, não estou levando dinheiro do Neymar nem do empreendimento que ele fará", disse FB ao Globo. 
Esforçando-se para dar um aroma social à empreitada, Zero Um alardeou que a PEC presentearia habitantes pobres da orla com títulos de propriedade e mencionou os moradores do Complexo da Maré e dos quilombolas da Restinga de Marambaia, no Rio. Mas o bolsonarismo deixou-o apanhando sozinho nas redes. Ainda que a milícia digital organize uma mobilização tardia, já não há força no universo capaz de deter a maledicência segundo a qual o que move o primogênito do aspirante a tiranete não é a Maré nem a Restinga, mas a ideia fixa do pai de criar "uma Cancún em Angra dos Reis. 
Zonzo, FB tem dificuldades para manter a língua na coleira. Na mesma entrevista, ele disse que a PEC não tem nada de agressivo às praias, que todo mundo gosta de ir a um resort em Cancún, em Miami, na Espanha, na Grécia, e que a ideia é fazer um troço pequeno no Brasil para tentar estimular empreendimentos. E fechou com chave de ouro dizendo que, para fazer empreendimento em Angra, Salvador, qualquer lugar de Alagoas, seguirá existindo toda uma burocracia ambiental. 
Deu para entender?
 
O Bluetooth é útil em diversas situações, mas pode causar interferências ou erros de emparelhamento. Se desligar e religar o recurso não resolver, reinicie o smartphone; se o problema persistir e o "modo detectável" estiver ligado, limpe o cache do Bluetooth; se mesmo assim não funcionar, reverter o aparelho às configurações de fábrica costuma solucionar esse e uma porção de outros problemas. 
 
Por ser ultraportátil, o celular está sujeito a impactos e quedas. Segundo a Lei de Murphy, se cair, vai quebrar. Capinhas e películas protegem o aparelho, mas não fazem milagres — clique aqui e aqui para saber quais modelos são mais indicados. Se a tela trincar ou rachar, você terá de substituí-la — o conserto custa caro e nada garante que as coisas voltam a ser como dantes no quartel de Abrantes.
 
A autonomia da bateria pesa tanto quanto a RAM e o armazenamento na escolha de um smartphone. Modelos
 "premium" trazem baterias de 6.000 mAh, mas quem usa intensamente o aparelho não está livre de fazer um "pit stop" entre as recargas. A boa notícia é que baterias de íons ou polímero de lítio não estão sujeitas ao famigerado efeito memória, podendo ser recarregadas a qualquer momento, e sempre se pode recorrer ao "carregamento rápido" e a softwares que otimizam o consumo energético (mais detalhes na sequência de postagem iniciada aqui). 
 
A potência dos carregadores rápidos chega a ser 8 vezes superior à dos convencionais, mas nem todo aparelho suporta essa tecnologia (consulte o manual o site do fabricante). E muitos dos que suportam vêm acompanhados de carregadores comuns. 

Observação: Para descobrir a potência do carregador, basta multiplicar a voltagem pela amperagem. Meu Galaxy M23 suporta um carregador de 25 W (9V x 1,67A), mas veio com um modelo de 15 W, que demora cerca de 90 minutos para levar a bateria de 20% a 100%.  
 
Evite deixar o celular na carga a noite toda. Os riscos de superaquecimento e explosão são desprezíveis quando a bateria e o carregador são originais ou homologados pelo fabricante do aparelho, já que um sistema inteligente interrompe a passagem de corrente quando a bateria está cheia. No entanto, seguro morreu de velho, de modo que não custa nada desligar o telefone, tirá-lo da capinha, recarregá-lo num local fresco e ventilado e, ao final, desconectar o carregador do telefone e da tomada, nessa ordem.
 
A autonomia informada pelos fabricantes é medida em "condições controladas" — com temperaturas em torno de 20-25°C, umidade do ar otimizada, sinal de rede estável, Wi-Fi, Bluetooth, e GPS desligados, brilho da tela inferior a 50% e usando apenas "aplicativos-padrão" —, que não refletem o que acontece no dia a dia. Mesmo assim, não é normal
 um aparelho relativamente novo precisar ser recarregado duas ou três vezes por dia. Antes de levar o dito-cujo a uma assistência técnica de confiança, experimente fazer o seguinte:
 
1 — Abra as configurações, toque em Bateria > Atividade da bateria, identifique os aplicativos que consomem mais energia, suspenda os que você acessa com frequência e desinstale os que nunca usa;
2 — Diminua o brilho da tela e o tempo de "timeout", ative os modos escuro e de economia de energia e reduza a quantidade de ícones na tela inicial;
3 — Desative o disparo automático do flash, a sincronização automática de fotos e vídeos, as conexões sem fio, o serviço de GPS e os alertas sonoros/vibratórios;
4 — Use papel de parede preto em telas AMOLED ou OLED, instale um antivírus responsável e mantenha o sistema e os apps atualizados (atualizações de software geralmente incluem otimizações de bateria). 

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

O PÃO DO POBRE E O CELULAR

QUEM PLANEJA TEM FUTURO, QUEM NÃO PLANEJA TEM DESTINO. 

 

Segundo um velho ditado, o pão do pobre sempre cai com o lado da manteiga para baixo — e o mesmo se aplica ao celular, que cai com a tela virada para o chão. Lei de Murphy? Talvez. Mas a física ajuda a entender essa "fatalidade".

 

O "acidente" acontece porque, durante a queda, o pão só tem tempo de realizar meia volta no ar antes de tocar o chão. De acordo o site britânico Metro, o experimento foi encomendado para marcar a estreia da sexta temporada da série The Big Bang Theory. A fórmula que explica o fato é ( ω – Rav ) / t = R, onde a velocidade de rotação (ω) menos a taxa de rotação influenciada pela força de arraste (Rav) é dividida pelo tempo disponível (t), o que determina o número de rotações (R) enquanto a fatia de pão cai. Resumindo, é sujeira na certa!

 

Como parte de um exercício de relações públicas para encorajar as pessoas a comprarem o seu smartphone duro na queda, a Motorola pediu ao físico Robert Matthews — conhecido pelo artigo sobre as torradas com manteiga, a Lei de Murphy e a física — que explicasse melhor essa questão.

 

Observação: O Moto X Force se destaca pela estrutura reforçada, mais resistente a impactos, composta por um chassi de alumínio, display AMOLED ShatterShield de cinco camadas, dupla camada de toque, lente interna flexível e lente externa projetada para resistir a encontros acidentais com o chão e com garantia contra quebras e rachaduras por quatro anos após a compra. O dispositivo não é à prova d'água, mas conta com um revestimento nanométrico que protege os componentes internos contra chuva e respingos.

 

Em linguagem descomplica, o fato de o aparelho cair com a tela virada para baixo ou para cima depende de diversas variáveis, como a posição em que o usuário o está segurando no momento da queda e a distância até o chão. Como as pessoas tendem a segurar o telefone com os dedos abaixo do centro de gravidade na traseira, mais ou menos na altura do peito, ele cai mais frequentemente com a tela virada para baixo.

 

A boa notícia é que a equação depende de como você tenta evitar a queda quando derruba o celular: se simplesmente deixa-lo cair, é mais provável que ele caia com a tela para cima.

 

Bora experimentar?

segunda-feira, 23 de maio de 2022

SOBRE CELULARES, BATERIAS E NOMOFOBIA

CASAR SIGNIFICA TROCAR 50% DE DIREITOS POR 100% DE OBRIGAÇÕES.

 

O neologismo “nomofobia” (de no-mobile + fobos) foi cunhado para designar a ansiedade patológica que acomete algumas pessoas quando se veem privadas de usar seus smartphones. Aliás, nada resume melhor o relacionamento dos nomofóbicos com a bateria do celular do que o aplicativo Die With Me, que só pode ser usado quando a reserva de energia atinge 5%. 


Cerca de 10% dos brasileiros padecem de nomofobia, o que não é pouco se considerarmos que há um ano atrás a 32ª edição da Pesquisa Anual do FGVcia já contabilizava 440 milhões de dispositivos digitais portáteis (notebooks) e ultraportáteis (smartphones e tablets) em uso no país. 

 

À medida que os celulares foram ficando mais versáteis, as pessoas passaram a dar mais importância autonomia e a vida útil da bateria. Mas nem mesmo as poderosas baterias de 6.000 mAh desobrigam os heavy users de fazer um “pit stop” entre as recargas completas. 


Embora seja tecnicamente possível aumentar a capacidade das baterias, o problema está em fazê-lo sem impactar o tamanho do componente e o custo de fabricação. A bateria que equipa um Tesla Model 3 é de 62.000 Wh, ao passo que a de um iPhone 11 Pro Max é de 15,04 Wh (ou 3.969 mAh). Mas as diferenças de tamanho e de peso são igualmente significativas. Assim, a alternativa encontrada pelos fabricantes de smartphones foi criar sistemas de “carregamento rápido” (mais detalhes nesta postagem) e recorrer a softwares destinados a otimizar o consumo de energia. 

 

A potência de um carregador convencional é de 5 a 10 watts, enquanto a de um carregador rápido chega a ser 8 vezes maior (os Galaxy Note 10 vêm acompanhado de um carregador de 25 watts). O impacto do carregamento rápido na vida útil das baterias causa divergências entre os especialistas; há quem diga que não há prejuízo algum para o componente se o carregador for original ou de marca e modelo homologados pelo fabricante do aparelho.

 

Fato é que o processo de recarga gera calor (daí ser recomendável tirar o celular da capa e realizar o procedimento em local ventilado), e que tanto o calor quanto o estresse aumentam quando o nível de carga atinge 80%. Para evitar danos, o carregamento rápido desacelera depois que o nível da bateria atinge de 50% a 70% (o que pode levar de 10 a 30 minutos, conforme o aparelho). Modelos da Samsung utilizam carregadores de 45 Watts, que restabelecem 70% da carga em cerca de meia hora — mesmo tempo que, segundo a Apple, a bateria do iPhone 11 Pro leva para atingir 50%.

 

A possibilidade de danos existe, mas é mínima. Primeiro, porque o gerenciamento da bateria monitora a recarga e reduz a potência na fase final (é por isso que os últimos 10% parecem demorar uma eternidade). Segundo, porque o sistema é projetado para interromper o fornecimento de energia quando a bateria está 100% carregada. Mas, de novo, isso se aplica a baterias e carregadores originais e modelos homologados pelo fabricante do aparelho. 


Da feita que a Lei de Murphy ainda não foi revogada, convém evitar que o nível de carga fique abaixo de 20% durante o uso e supere 80% durante a recarga, mesmo que isso signifique renunciar a uma horinha a mais de WhatsApp que você teria se não observasse esses limites (para mais ou para menos).

segunda-feira, 21 de março de 2022

WINDOWS 10 — ATUALIZAÇÃO PROBLEMÁTICA

DO PRATO À BOCA PERDE-SE A SOPA.

Ainda que fossem mais frequentes nas versões vetustas do Windows, os “paus” ainda ocorrem no Win10 e em seu sucessor. O lado bom da história, por assim dizer, é que eles são capazes de corrigir um sem-número de problemas, bastando para isso uma simples reinicialização. Só que não dá para desligar o computador da maneira habitual quando o mouse e o teclado não respondem. 

Em tese, manter o botão liga/desliga pressionado por 5 segundos corta o fornecimento de energia e desliga o aparelho “na marra”. Supondo que a reinicialização não se complete e o Win10 empaque na tela de boas-vindas (logon), clicar com o botão direito do mouse no terceiro ícone (a partir da esquerda) que é exibido canto inferior direito da janela dá acesso às opções de desligamento. E se o teclado e mouse estiverem operantes, manter a tecla “Shift” pressionada e clicar na opção “Reiniciar” leva ao modo de segurança — ou, na pior das hipóteses, ao Ambiente de Recuperação do Windows (WinRE), que, também em tese, é convocado quando a máquina não reinicia após três tentativas seguidas. Na prática, porém, a teoria pode ser outra.

Observação: O modo de segurança é uma modalidade de inicialização em que o Windows é carregado com um conjunto limitado de arquivos e drivers e resolução gráfica em VGA (não estranhe, portanto, a aparência dos ícones e demais elementos exibidos na tela). Se o sistema iniciar dessa maneira, você saberá ao menos que o problema não está nas configurações-padrão do sistema, e poderá desinstalar uma atualização do próprio sistema ou de driver, e até mesmo um programa qualquer que possa estar impedindo o Windows de carregar normalmente. Vale também executar a restauração do sistema, que, se funcionar, reverterá a máquina a um ponto criado anteriormente, quando tudo funcionava direitinho. Se der certo, você economizará tempo e trabalho.

Dito isso, vamos ao que interessa: depois que instalei o Patch Tuesday de fevereiro, o Windows reiniciou normalmente. No dia seguinte, porém, ele me brindou com uma tela azul da morte (KERNEL SECURITY CHECK FAILURE), que se repetiu nas três reinicializações subsequentes, até que finalmente o processo empacou na tela de logon. Pressionei Shift, cliquei em Reiniciar e, no WRE, selecionei a opção que repara erros de inicialização, mas não consegui me livrar da bendita tela azul.

Sem alternativa, resolvi reinstalar o Win10 do zero e, para não ter surpresas, baixei uma cópia novinha em folha a partir do site da Microsoft usando meu notebook. Todavia, por alguma razão a instalação não se completou, nem depois que mudei o SSD, nem quando tentei o HDD que uso para armazenar meus arquivos pessoais.

Como dispõe a famosa Lei de Murphy, nada é tão ruim que não possa piorar. O portátil, que estava inativo havia meses aproveitou o embalo para me oferecer o Win11. E a despeito de o momento não ser indicado para esse tipo de aventura (já que eu estava sem máquina de backup), achei de aceitar a gentil oferta da dona Microsoft. E aí...

Continua...

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

MELHOR PREVENIR DO QUE REMEDIAR... (QUARTA PARTE)

TODA PARTÍCULA QUE VOA SEMPRE ENCONTRA UM OLHO.

Quando baixamos a tampa do notebook sem desligá-lo, o hardware continua funcionando. Se o aparelho dispõe de disco rígido (eletromecânico), qualquer impacto — ou trepidação excessiva — pode resultar no surgimento de “bad blocks”. 

Ainda que os portáteis sejam projetados com vistas à mobilidade, não se deve movimentá-los demais durante o uso (modelos equipados com drives de memória sólida são menos sensível a esse problema, mas nem por isso devemos submetê-los a castigos severos).

Jamais segure o note pela tela, que é delicada e suscetível a danos causados pela pressão dos dedos. Pressionar o visor de cristal líquido pode fazer com que linhas de pixels ruins apareçam, e segurar o note com uma só das mãos, forçar as dobradiças da tampa (o certo é segurá-lo aberto e usar sempre as duas mãos).

Fontes de alimentação com conectores semelhantes podem operar com voltagens diferentes. Um carregador não homologado pelo fabricante do celular (ou do notebook) pode danificar o aparelho ou, em situações extremas, provocar a explosão da bateria. Se for preciso usar uma fonte “universal”, observe ao menos se, além do conector adequado, ela permite ajustar a voltagem para atender especificamente às exigências do seu dispositivo.

Como dito, smartphones (e tablets) foram projetados com vistas ao uso em trânsito, e o armazenamento interno, baseado em memória flash, tornam-nos menos sensíveis a vibrações ou impactos, mas nem por isso você deve tratar seu celular nas patas do coice. Aliás, o fato de levá-lo a toda parte aumenta o risco de quedas, ensopamento, exposição a temperaturas elevadas e que tais.

Mesmo que o aparelho seja “à prova d’água”, não é recomendável entrar com ele no mar (quando mais não seja devido à salinidade da água) ou na piscina (idem com relação ao cloro e outros produtos químicos usados no tratamento da água). Tampouco deve-se “esquecer” o telefoninho no porta-luvas quando se vai deixar o carro estacionado por horas a fio sob o sol causticante do verão. Quanto a tombos e impactos, a lei de Murphy não foi revogada. Se o celular achar de cair e o piso for 90% recoberto por carpete, a queda ocorrerá em algum ponto dos 10% de piso cru, e com a tela virada para baixo.

No tempo dos dumbphones, as capinhas dispunham de um clipe que se prendia ao cinto ou ao cós da calça, mas isso é coisa do passado. Não há problema em levar o smartphone no bolso, mas convém evitar o bolso traseiro da calça. Primeiro porque os aparelhos atuais são quase tão grandes quanto uma tábua de carne — e, com metade da carcaça exposta, o smartphone chama a atenção dos amigos do alheio. Segundo porque o risco de esquecer de tirar o dito-cujo do bolso antes de acomodar o buzanfã numa cadeira, poltrona etc. pode causar danos (não só, mas principalmente) ao display. E moçoilas que vestem calças 3 números abaixo de seu manequim para ressaltar o derrière voluptuoso nem precisam se sentar para expor o telefoninho a uma torção para a qual ele não foi projetado.

Outro detalhe que merece destaque é a autonomia da bateria — quanto maior a amperagem, melhor, pois maior será o intervalo entre as recargas. Considera-se adequada uma bateria que permita usar o celular durante um dia inteiro sem “pit stop”, e isso exige pelo menos 5.000 mAh. Menos que isso exige diminuir o brilho do display, desabilitar o alerta vibratório e as conexões Bluetooth, Wi-Fi, NFC, o GPS e outros recursos que não estiverem sendo utilizados, sob pena de ficar sem carga no meio do dia.  

Fechar aplicativos desnecessários e impedi-los de rodar em segundo plano também ajuda a poupar energia. No Android, basta tocar em Configurações > Bateria > Detalhes de uso e ativar a Economia de bateria (este roteiro foi baseado no Motorola G60, mas, de modo geral, vale para a maioria dos aparelhos, embora nomenclatura e caminhos possam variar um pouco).

Ao contrário da baterias de níquel-cádmio dos tempos de antanho, as atuais, à base de íon/polímero de lítio, não estão sujeitas ao “efeito memória”, de modo que podem ser recarregadas a qualquer momento. Aliás, não é preciso colocar o celular na carga após tirá-lo da caixa e esperar 8, 12 ou 24 horas para começar a utilizá-lo, como se recomendava antigamente.

Se você precisar sair e seu telefone estiver com pouca carga, os carregadores “TurboPower” (da Motorola) e assemelhados são sopa no mel, pois recarregam a bateria mais rapidamente do que os modelos convencionais — alguns minutos na tomada são suficientes para horas de uso, e a presença de chips e da ligação entre software e hardware permitem que o celular administre o carregamento de modo a não haver prejuízo para a vida útil da bateria.

Observação: De acordo Hélio Oyama, Diretor de Gerenciamento de Produtos da Qualcomm na América Latina, o carregamento rápido é um compromisso conjunto de hardware e software. O hardware, no próprio celular, recebe a energia e procede ao carregamento rápido da bateria inserida no smartphone, enquanto o software é responsável pela análise da necessidade (quantidade) de energia, pelo nível de carregamento da bateria, pelo nível de potência e por manter nos patamares adequados a corrente, a voltagem e a temperatura durante a recarga.

Continua...

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

AINDA SOBRE RELÓGIOS, PULSEIRAS E QUE TAIS — OITAVA PARTE

QUANDO UM POLÍTICO NÃO SE ELEGE, É PORQUE FALTARAM VOTOS.

No jargão da relojoaria, o mecanismo interno do relógio se chama calibre, o anel que circunda o mostrador recebe o nome de bisel (ou de catraca, se for rotativo), cristal denomina a proteção que recobre o dial (ou mostrador) e as funções acessórias (como calendário, fases da lua etc.) são conhecidas como complicação. O botão lateral que serve para dar corda e acertar a hora e o calendário atende por coroa, e o tempo durante o qual o mecanismo permanece funcionando sem precisar de corda é denominado reserva de marcha.

Modelos próprios para a prática de esportes aquáticos (inclusive mergulho com ou sem tanque de ar) são à prova d'água (detalhes mais adiante), ao passo que os identificados como "WR" (de water resist ou residente a água) suportam apenas respingos (como quando lavamos as mãos ou tomamos uma chuva leve). Já o termo magnetização remete à influência nefasta de campos magnéticos — como os gerados por televisores, celulares, placas de indução, caixas de som etc. — exercem sobre a mola de barrilete dos relógios de movimento mecânico (modelos a quartzo raramente são afetados).

Na maioria das vezes o relógio volta a funcionar normalmente quando a influência do campo magnético cessa, mas pode acontecer de ele continuar adiantando se o tempo de exposição superar 15 minutos (para saber se seu relógio está magnetizado, coloque-o ao lado de uma bússola; se o ponteiro se mover de modo desordenado, procure um relojoeiro de confiança ou resigne-se a acertar a hora frequentemente).

Como foi dito, a precisão dos modelos a quartzo (de boa estirpe) supera em muito a dos modelos mecânicos. Claro que a coisa muda de figura quando falamos do estado da arte da alta relojoaria suíça, embora a Rolex considere tolerável uma variação entre -4 e +6 segundos/dia (eu testei o meu e o resultado foi +3,6, o que é bom, mas meu Omega Seamaster Diver (GoldenEye 007) anda pari passu com o relógio do Windows — que eu mantenho sincronizado com o relógio atômico de césio 133 do Observatório Nacional).

Para acertar a hora, tanto num relógio mecânico quanto movido a quartzo, puxar a coroa e a girá-la no sentido horário ou anti-horário adianta ou atrasa os ponteiros. Devemos acertar o relógio movendo os ponteiros no sentido horário, de modo que as engrenagens e outros mecanismos internos funcionem da maneira para a qual foram projetados.

Se precisão for importante para você, pare a máquina quando o ponteiro dos segundos estiver sobre a marca das 12 horas, adiante o relógio um minuto em relação ao horário exibido pelo relógio atômico e pressione a coroa (para que a máquina volte a funcionar) somente quando o marcador dos segundos (do relógio atômico) zerar.

Em alguns modelos próprios para esportes aquáticos, a coroa costuma ser "de rosca". Isso evita que ela seja puxada acidentalmente — o que poderia parar a máquina, "desacertar" a hora ou, pior, propiciar a entrada água na caixa durante um banho de mar, p. ex. Daí ser preciso primeiro girar a coroa no sentido anti-horário até que ela "salte para fora" por efeito de uma mola estrategicamente posicionada, e só então puxá-la para engatar os mecanismos que permitem dar corda, acertar a hora e ajustar o calendário. 

As pulseiras (ou braceletes) tendem a acumular sujeira (suor, células mortas de pele, etc.), devendo ser limpas de tempos em tempos. As de borracha, mais comuns nos modelos à prova d'água, podem ser lavadas com água e detergente neutro e devem ser inspecionadas meticulosamente, pois as inevitáveis rachaduras tendem a evoluir para rasgo no pior momento. E isso pode nos custar o relógio.

Pulseiras de couro não devem ser molhadas nem entrar em contato com colônias, perfumes, filtro solar e que tais. Para evitar o ressecamento do couro, besunte a pulseira, de tempos em tempos, com óleo para bebê (tipo Johnson). As de metal (aço, plaquê de ouro, ouro ou platina) podem ser polidas com uma flanela ou pano macio — caso estejam muito arranhadas, use um polidor de metais (como Brasso) ou recorra a um relojoeiro de confiança (se você encontrar um). 

Observação: Nos modelos de aço, o suor e a salinidade da água do mar fazem com que os pinos que prendem os elos e o fecho enferrujem, e como ninguém revogou a Lei de Murphy, a gente só se dá conta quando a pulseira se abre e o relógio cai do braço. Foi assim que eu perdi um Seiko próprio para mergulho — que dorme com os peixes há mais de 40 anos.

Falando em mar, peixes e afins, a maioria dos relógios atuais é resistente à água (water resist). Isso significa que ele pode ser submetido a respingos d'água — como quando lavamos as mãos ou somos apanhados por uma chuva moderada, por exemplo. Mas lavar o carro, tomar banho de chuveiro ou entrar no mar ou na piscina com o relógio no pulso, só se ele for à prova d'água (water proof).

Essa informação vem gravada no fundo da caixa (tampa) e/ou no mostrador. Vale lembrar que a pressão exercida pela água aumenta à razão de uma atmosfera a cada 10 metros de profundidade; quanto fundo mergulharmos, maior será a pressão e, consequentemente, o risco de entrar água pela junção do vidro com a caixa, pelo retentor da tige (“eixo” da coroa) ou pela tampa traseira.

Para "valorizar" seus produtos, os fabricantes marcam como WR 30m (ou 100ft, ou 3atm) modelos que mal suportam uma garoa. Isso leva consumidores desinformados a achar que podem entrar com eles na piscina, no mar, ou mesmo mergulhar até a profundidades de até 30 metros (embora a maioria de nós não mergulhe nem numa banheira).

Para praticar esportes aquáticos como natação ou mergulho sem tanque de ar, invista num modelo WR 100m (ou 300ft, ou 10atm) com coroa rosqueada (vide tabela que ilustra esta postagem). Ainda assim, tire-o do pulso ao tomar banho quente, hidromassagem, sauna e afins. E, de novo: o oxigênio presente nas moléculas de água causa a oxidação do metal, e o sal acelera ainda mais esse processo. Mesmo que a caixa do seu relógio "de mergulho" seja de aço, titânio, ouro ou platina, o fecho e os pinos da pulseira sofrem os efeitos da corrosão.

Continua...

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

CAPTURA DE TELA (PRINT SCREEN)

O PESSIMISTA SE QUEIXA DO VENTO, O OTIMISTA ESPERA QUE ELE MUDE, O REALISTA AJUSTA AS VELAS E QUEM CONHECE A LEI DE MURPHY NÃO FAZ NADA.

Executar determinadas tarefas é mais "confortável" quando usamos um desktop (ou notebook) com tela de grandes dimensões, teclado físico e fartura de poder de processamento, memória e outros que tais. Mas o fato é que, depois de Steve Jobs lançar o iPhone e "forçar" a concorrência a transformar o que até então era um telefone sem fio de longo alcance no que passou a ser a partir de então um computador pessoal ultraportátil, o smartphone se tornou o dispositivo mais usado para acessar a Internet e fazer quase tudo que antes dependia do PC tradicional.

Atualmente, usuários desses pequenos notáveis se dividem entre applemaníacos e os outros — talvez fosse mais apropriado dizer "os outros e applemaníacos", já que os modelos baseados no Android têm três vezes mais usuários do que o iPhone/iOS. A Microsoft chegou a ciscar nesse terreiro, mas a edição mobile do Windows jamais emplacou, de modo que a empresa desistiu de produzi-la.

A onipresença do smartphone e as facilidades que ele proporciona levaram a maioria de nós a usar o desktop ou o notebook apenas em situações específicas, e por conta dessa popularização da plataforma ultraportátil, as pessoas passaram a ter mais interesse em dicas e truques focados no Android, ainda que o Windows 10 tenha 1,4 bilhão de usuários e que a maioria deles tenha planos de migrar para Windows 11 (lançado oficialmente no último dia 5) assim que possível.

Nos PCs Windowspressionar a tecla PrtScr (Print Screen) cria um "instantâneo" do conteúdo exibido na tela. Pressionada em conjunto com Alt, a tecla em questão limita o escopo da captura ao elemento exibido em primeiro plano (a janela de um aplicativo, por exemplo). 

O detalhe — e o diabo mora nos detalhes — é que esse "instantâneo" não é salvo automaticamente como um arquivo .jpg, p. ex., e sim copiado para a área de transferência, a partir da qual é possível tranferi-lo para um email ou para um documento do Word, por exemplo, bem como editá-lo usando o Paint ou outro editor de imagens qualquer. 

Observação: Win10 possui um atalho rápido com opções mais flexíveis para "printar" a tela, provido pelo componente nativo Captura e Esboço. Vale a pena explorar as opções que ele oferece.

Nos smartphones Android, pode-se printar a tela pressionando o botão power (liga/desliga) e a tecla diminuir volume. Isso funciona na maioria dos aparelhos, independentemente da versões do sistema. Mas é bom saber que alguns fabricantes acrescentam métodos alternativos de captura de tela. Em alguns modelos Galaxy, da Samsung, deslizar um lado da palma da mão pela tela (da direita para a esquerda e, em alguns casos, também da esquerda para a direita) produz esse mesmo resultado, mas desde que a versão do Android suporte o recurso. Caso não funcione no seu aparelho, experimente deslizar o dedo de cima para baixo no topo da tela (para abrir a barra de notificações) e selecionar a opção “Capturar”.

Em aparelhos da linha Moto G, da Motorola, pressione três dedos na tela durante três segundos. Se não funcionar, aperte e segurar o botão power e toque em "captura de tela". Nos modelos da LG, mantenha pressionado o botão power e toque em “Captura de tela”; nos aparelhos da Xiaomi, deslize três dedos para baixo em qualquer parte da tela.

Claro que quem trabalha com edição de vídeo ou precisa criar conteúdo para seu canal do YouTube, p. ex., deve contar com um bom software de captura de tela, e não faltam opções gratuitas que permitem não só gravar a área de trabalho em vídeo como capturar áudio e imagens adicionais a partir da webcam. Mas esse assunto fica para uma próxima postagem.

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

MARCAR PARA NÃO ESQUECER

HÁ PESSOAS QUE, SE FOREM USAR UM APITO, PRECISAM AMARRAR UM BARBANTE PARA SABER DE QUE LADO DEVEM SOPRAR.

A Internet distrai e abstrai. Daí abrimos o navegador com um propósito, sermos desviados da rota e irmos parar do outro lado do mundo. Para evitar que isso ocorra, bastaria nos atermos ao trajeto previamente estabelecido. Se algum conteúdo que surgisse pelo caminho nos despertasse a atenção, sempre poderíamos voltar a ele mais tarde.

Como ninguém revogou a Lei de Murphy, quando conseguimos lembrar o que nos chamou a atenção, já não lembramos em qual esquina do mundo virtual isso aconteceu. 

Vasculhar o histórico do navegador poderia ajudar, mas a prudência recomenda navegar anonimamente ou configurar o browser para apagar os rastros de navegação ao final de cada sessão. Recorrer aos Favoritos (ou Bookmarks) não só desvirtuaria a finalidade desse recurso, como também produziria um inchaço indesejável na pasta que armazena os URLs das webpages que acessarmos com maior frequência (volto a esse assunto mais adiante).

Para quem acha que manter à mão um "risque-rabisque" e uma caneta é "cringe", tanto o Google Chrome quanto o Microsoft Edge Chromium oferecem cada qual uma solução para esse problema, mas que a maioria das pessoas não usa por simples desconhecimento. Vamos aos detalhes.

No Chrome, basta navegar até o site ou webpage que se deseja revisitar posteriormente, clicar no ícone da estrela (na extremidade direita da barra de endereços) e, na janelinha que será exibida, selecionar a opção "Adicionar à lista de leitura" (note que também é possível adicionar a página em questão aos Favoritos, bastando para isso clicar na opção correspondente). 

Feito isso, quando houver tempo e jeito de analisar o conteúdo em questão com a devida atenção, basta clicar no botão "Lista de leitura" (figura 1) e no item armazenado (figura 2).

No Edge, é possível criar um atalho para a página tanto no menu Iniciar quanto na Barra de Tarefas do Windows, a gosto do freguês. 

Para isso, basta navegar até a página desejada, clicar nos três pontinhos (no canto superior direito da janela do navegador), pousar o cursor do mouse sobre a opção "Mais ferramentas" e selecionar "Fixar na barra de tarefas" ou "Fixar no Menu Iniciar", conforme o caso (oriente-se pela figura 3).

Falaremos dos Favoritos (ou Bookmarks) na próxima postagem.

terça-feira, 31 de agosto de 2021

A HISTÓRIA NÃO SE REPETE; É O PASSADO QUE SE HARMONIZA

 

Karl Marx escreveu que a história sempre se repete como tragédia ou farsa. No Brasil de hoje, está difícil saber o que é tragédia e o que é farsa, mas há casos em que história reproduz fielmente o passado. Para o bem ou para o mal.

No final de 2017, a despeito de a economia ter melhorado significativamente após a substituição da gerentona de araque pelo vampiro do Jaburu, apenas 3% dos brasileiros — noves fora a esposa Marcela e o filho Michelzinho — pareciam ter alguma simpatia Michel Temer. Segundo o instituto Paraná Pesquisas, 87,4% dos entrevistados disseram que ele não representava o país; só 9,2% responderam positivamente e 3,5% não souberam ou não quiseram opinar.

Ao estrondoso repúdio a Temer contrapunham-se as intenções de voto amealhadas por Lula, que aparecia como líder absoluto em qualquer cenário. Mesmo sendo heptarréu e tendo sido condenado a 9 anos e meio de prisão, o egun mal despachado prometia chegar a outubro de 2018 com 120% da preferência do eleitorado — composto majoritariamente por muares descerebrados, que associavam o nome do petralha à bonança reinante nos primeiros anos de sua gestão, pouco lhes importando o escândalo do mensalão, do qual o petralha foi, indubitavelmente, o maior beneficiário.

Mesmo depois que a autodeclarada "alma viva mais honesta do Brasil" acabou na cadeia (vale a pena ler o que eu escrevi a propósito nesta postagem) e sua candidatura foi impugnada pelo TSE, os sectários do lulopetismo corrupto, travestidos de únicos intérpretes da vontade popular, argumentavam que o sumo pontífice da seita do inferno tinha o direito de disputar a Presidência porque “era isso o que o povo queria”. Por esse viés distorcido, nem seria preciso realizar eleições, porque Lula já estava eleito, restando apenas entregar-lhe a faixa. Nessa narrativa, sua prisão por corrupção e lavagem de dinheiro era apenas uma tentativa desesperada das “zelites” de impedir o Brasil de ser “feliz de novo”.

A despeito de sua cassação, o chefão continuava a ser apresentado pela propaganda petista como postulante à Presidência, em desafio aberto à decisão do tribunal. Bastaria um funcionário de balcão da repartição pública onde se registram candidaturas para pôr termo a essa palhaçada, mas o Brasil da elite pensante, dos partidos e tribunais de Justiça, da mídia, das redes sociais, etc. etc., aceitou ceder à sabotagem do complexo Lula-PT e o que lhe vinha a reboque — liberais esquerdistas, intelectuais orgânicos, empreiteiros de obras públicas gananciosos e mais o resto que se sabe —, de modo que o imbróglio chegou ao STF.

Observação: A divisão do espectro político-ideológico em "esquerda e direita" nasceu após a Revolução Francesa, a depender de que lado do Parlamento sentavam os deputados. Mais adiante, a esquerda passou a ser vista como a defensora de um Estado maior "para corrigir desigualdades" e a direita, de um Estado menor, já que a livre-iniciativa era capaz de, sozinha, corrigir todas as distorções. Melhor seria se partidos de esquerda e de direita praticassem o patriotismo de fato (não aquele que é arrotado por extremistas demagogos) e criassem uma pauta comum. O Taliban e o Estado Islâmico também poderiam transformar o Afeganistão numa democracia, mas as chances de isso acontecer são as mesmas que o povo brasileiro tem de aprender a votar.

O escritor norte-americano Stephen King escreveu em "NOVEMBRO DE 1963" — romance que este humilde escriba considera a melhor obra do Mestre do Terror — que "as respostas mais simples da vida costumam ser as mais difíceis de enxergar", e que "a história não se repete, mas se harmoniza, e o que costuma fazer é a música do diabo".

Tudo que vai, volta, dizem. Embora eu nunca soube quem seriam esses misteriosos sábios que tudo diziam, sei que, na maioria das vezes, o que eles disseram faz sentido. Repare o leitor que, da mesma forma como em 2018, o populista extremista de esquerda e seu alter ego de extrema direita estão em plena campanha eleitoral, malgrado a legislação permitir a propaganda somente a partir de 15 de agosto do ano da eleição e prever multa de R$ 5 mil a R$ 25 mil para quem violar a restrição. O que nos leva a outra máxima — esta atribuída a Getúlio Vargas: "aos amigos, tudo; aos cidadãos de bem, todo o rigor da lei"

O Picareta dos Picaretas foi ajudado pela gentileza extrema da Polícia Federal e demais autoridades encarregadas de cumprir a ordem judicial, que lhe deram todo o tempo do mundo para preparar uma apresentação às autoridades que tivesse um pouco mais de compostura. Foi tratado com uma paciência que jamais esteve à disposição de nenhum outro brasileiro. Teve o privilégio de uma “negociação” sem pé nem cabeça para se entregar, como se o cumprimento da ordem dependesse da sua concordância. Mas acabou, apenas, estragando tudo. Conseguiu tornar a sua biografia, que já estava para lá de ruim, ainda pior.

Como não existe nada tão ruim que não possa piorar — já dizia o engenheiro aeroespacial Edward Aloysius Murphy —, o pseudo Redentor dos Miseráveis passou míseros 580 numa cela VIP em Curitiba, que transformou em escritório político e sede do comitê de campanha de seu preposto, Fernando Haddad (então o único petista de alto coturno que se sujeitou ao papel de patético bonifrate, e acabou derrotado pelo capitão-calamidade).

Observação: Sabia-se àquela altura que a vida pregressa do dublê de mau militar e parlamentar medíocre não o qualificava sequer para presidir uma prosaica reunião de condomínio de periferia. Mas o dedo podre e à cabeça oca do esclarecidíssimo eleitorado tupiniquim nos obrigou a apoiar o bolsonarismo boçal para evitar a volta do lulopetismo corrupto. E viva o povo brasileiro!

O populismo desbragado do Parteiro do Brasil Maravilha produziu o endividamento de milhões de miseráveis falsamente promovidos à “classe média”, que foram posteriormente devolvidos ao status quo ante pela intragável gerentona de festim — que não poupou esforços para manter o Titanic verde-amarelo em rota de colisão com o iceberg que o poria a pique, e só não conseguiu porque foi providencialmente expelida do cargo

Do atual governo (ou desgoverno, conforme o ponto de vista de cada um), melhor nem falar. Até porque a situação do país e a podridão que a CPI do Genocídio tem trazido à tona a cada sessão falam por si, dispensando maiores considerações. Mas causa espécie (para dizer o mínimo) o fato de alguém que ficou preso por 580 dias, após duas dezenas de juízes terem visto evidências de culpabilidade suficientes para condená-lo ou manter sua condenação e ordem de prisão, conforme o caso, ter a ficha lavada da noite para o dia e, na estapafúrdia condição de "ex-corrupto", disputar a presidência (mais uma vez). Vade retro, Satanás!

A história está repleta de políticos que cresceram com a própria prisão, ou, alçados à presidência de seus países, entraram para a seleta confraria dos "estadistas". Nem Lula nem o Brasil se enquadram nessas molduras. Aqui, o passado se harmoniza e a história se repete em toda sua mediocridade. No país do futuro que tem um longo passado pela frente, a menos que o imprevisto tenha voto decisivo na assembleia dos acontecimentos, teremos de pagar (mais uma vez) por uma das farsas mais velhacas já aplicadas na política desta banânia.

O tempo é uma esteira rolante sobre a qual todos temos de viajar, e quem não aprende com os erros do passado está fadado a repeti-los ad aeternum. Em havendo eleições daqui a 14 meses (isso vai depender do que acontecerá no próximo dia 7), tudo indica que teremos uma reedição revista e piorada da disputa entre o "nhô-ruim" e o "nhô-pior" — a dupla que mais contribuiu, nos últimos anos, para transformar notícias de política em casos de polícia

A julgar pelas pesquisas de intenções de voto, o eterno Pai dos Pobres e Mãe dos Miseráveis fará picadinho do ex-capitão que "não nasceu para ser presidente, e sim para ser militar", mas que, após ter a carreira abortada por indisciplina e insubordinação, ingressou na vida pública como vereador, elegeu-se deputado e, em 28 anos no baixo clero da Câmara Federal, aprovou dois míseros projetos e colecionou mais de trinta ações criminais

Bolsonaro foi alçado à Presidência por uma esdrúxula conjunção de fatores — entres os quais a facada que levou durante um ato de campanha em setembro de 2018 — e entrou (antecipadamente) para a história desta republiqueta de bananas como o pior chefe do Executivo desde a redemocratização. Supondo que consiga sobrevier aos 19 meses remanescentes, nosso indômito capitão será o único presidente da "Nova República" que concluiu seu mandato, mas não conseguiu se reeleger.

Vade retro, Satanás!