sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

JUSTIÇA? QUE JUSTIÇA?

 

Conta-se que, em vista à Bolívia, certo general-presidente da ditadura militar tupiniquim não conseguiu conter o riso ao ser apresentado ao Ministro da Marinha, e que um adido sussurrou ao pé do ouvido do mandatário brasileiro: "excelência, o presidente boliviano não riu quando foi apresentado ao nosso Ministro da Justiça".

Muita coisa mudou desde os anos 1970, mas certas coisas parecem nunca mudar no país do futuro que nunca chega. E, quando mudam, mudam para pior. O STF, por exemplo, que por definição é uma corte constitucional, virou “curva de rio” devido ao nefando foro privilegiado, por ter se tornado a última instância do judiciário e por se politizar — os 11 ministros formam um "partidão" de ideologias distintas, cada qual age como se tivesse uma Constituição para chama de sua e uma decisão pode demorar duas horas ou vinte anos para sair, conforme o réu e o togado a quem cabe julgar o processo.

A defesa de Lula ingressou com cerca de 400 recursos no processo do tríplex, e todos foram rejeitados — alguns, inclusive, pelo próprio STF. Na ação envolvendo o sítio de Atibaia, o TRF-4 ratificou a decisão da juíza substituta Gabriela Hardt. Lamentavelmente, ninguém controla ÉoloDepois que os ventos frios que sopravam de Curitiba mudaram de direnção, tanto Lula quanto Flávio Bolsonaro terminaram 2021 com saldo positivo na Justiça.

Preso numa espécie de “Dilema do Bonde”, Fachin optou por anular as condenações do petralha para evitar um “mal maior” à Lava-Jato — que seria a declaração de parcialidade de Moro. A estratégia retirou de Curitiba os processos do triplex, do sítio e dois outros que envolvem o Instituto Lula. Quase nove meses depois, todas as ações enfrentaram reveses na Justiça e Moro foi declarado suspeito, apesar da manobra de Fachin.

Fachin anulou os atos decisórios praticados nas quatro ações penais, mas manteve válidas as quebras de sigilo, interceptações e material resultante de buscas e apreensões (nos dois processos envolvendo o Instituto Lula ainda não havia sentenças, apenas o recebimento das denúncias, e eles avançam a passos de tartaruga no DF). Na sequência, Moro foi declarado suspeito, o MPF pediu o arquivamento do processo do tríplex (por prescrição) e a nova denúncia no caso do sítio foi rejeitada pela JF do DF.

Flávio Bolsonaro foi denunciado em novembro de 2020 pelo célebre esquema de rachadinhas operado pelo folclórico Fabrício Queiroz. Um ano depois, as provas da investigação foram praticamente enterradas por decisões da 5ª Turma do STJ, que anulou não só as quebras de sigilo autorizadas na investigação como todas as decisões do juiz Flávio Itabaiana

Tido como “linha dura”, o magistrado autorizara diversas medidas que sustentaram as denúncias contra o filho do pai, mas a defesa conseguiu transferir a investigação para o Órgão Especial do TJ-RJ e a Turma do STF validou o foro privilegiado de Zero Um e fez picadinho de quatro relatórios do Coaf que haviam sido produzidos a pedido do Ministério Público

Resumo da ópera: a ação penal contra o senador rachadista foi travada pelo ministro João Otávio de Noronha, do STJ, com quem Jair Bolsonaro disse ter um caso de “amor à primeira vista”), e assim permanecerá até que o MP apresente nova denúncia (a eventual impunidade do filho poupará o pai de explicar os depósitos de R$ 89 mil que Queiroz e sua mulher borrifaram na conta da primeira-dama).

Além de conceder a Queiroz o mimo da prisão domiciliar — respaldando-se na pandemia e na “saúde debilitada” do amigo de seu amigo, Noronha estendeu o benefício à Márcia Aguiar, que ficou foragida até o marido ser preso num imóvel do dublê de advogado e mafioso de comédia Fred Wassef — então advogado de Flávio Rachadinha e consultor jurídico informal da Famiglia Bolsonaro.

Bruno Dantas e Lucas Furtado atropelaram noras internas e pareceres técnicos do TCU para explorar indevidamente o contrato firmado por Sergio Moro com a Alvarez & Marsal. A auditoria do tribunal demoliu a tese vazajatista de que o ex-juiz e a Lava-Jato causaram prejuízos à Odebrecht e que Moro incorreu nas práticas de revolving door e lawfare.

A partir de suas próprias investigações, a CGU/AGU, o TCU, o CADE, a PF, a CVM, a Petrobras e a Receita Federal concluíram que houve um desvio de bilhões de reais por meio de fraudes em licitações públicas envolvendo as empresas cartelizadas. O montante dos danos, segundo cálculos do TCU, é muito superior ao valor apurado pelo MPF

Não se trata, portanto, de perseguição ou abuso dos instrumentos jurídicos contra o Grupo Odebrecht, mas da assunção das consequências dos ilícitos cometidos. Sem a atuação da Lava-Jato não se conheceria o esquema cartelizado, não teriam sido realizadas as investigações nem teriam sido obtidos os elos para identificação dos responsáveis e para quantificação dos montantes desviados. E mais: o cartel continuaria atuando para fraudar os procedimentos licitatórios e manipular preços, projetos inviáveis continuariam a ser construídos com dinheiro público, nenhum responsável teria sido identificado, nenhum valor teria sido ressarcido e o prejuízo continuaria sendo do Erário, das empresas estatais e dos acionistas.

Segundo a auditoria, não se está fazendo defesa cega dos atos praticados pelos integrantes da extinta força-tarefa, mas é preciso esclarecer que as informações, documentos e os valores obtidos por meio dos acordos de leniência e colaboração são "fruto do trabalho que autoridades do Poder Público exerceram desde o início daquela Operação, e que foram compartilhadas e utilizadas por outras instituições que compõem a Administração Pública".

Em 2017, quando a Lava-Jato estuava de vida, a ministra Cármen Lúcia homologou 77 acordos de colaboração dos executivos do Grupo Odebrecht que confirmaram as fraudes, a operação de caixa 2, o pagamento das propinas, os prejuízos ao Erário e o modelo de negócio adotado pelo Grupo por 30 anos. Já as acusações contra Moro e os procuradores são parte de uma estratégia de assédio judicial direcionado, pois não se tem conhecimento de nenhuma reclamação contra servidores e autoridades das demais instituições citadas. Investigar e punir os responsáveis por fraudes é obrigação e não uma opção.

Em outro trecho do relatório — inexplicavelmente ignorado por Bruno Dantas — a auditoria ainda repisa as críticas ao uso dos supostos diálogos hackeados, que nunca poderiam ser considerados meios lícitos de prova. O documento relembra que, com base em laudo da PF, a 10ª Vara Federal Criminal do DF se pronunciou no sentido da impossibilidade de verificação da integridade das mensagens "hackeadas", bem como pela impossibilidade de utilização de tais diálogos para instrução de outros procedimentos sob pena de perpetuação da ilicitude da prova.

Os diálogos não evidenciam qualquer ilícito por parte dos ex-integrantes da Lava-Jato ou de Sergio Moro contra a Odebrecht. Frases foram retiradas do contexto e montadas de forma a sustentar a tese absurda levantada pela inicialmente pela defesa de Lula

Os relatórios encaminhados pelo STF trazem transcrições de supostos diálogos de forma incompleta e fora de ordem cronológica entre procuradores da força-tarefa em Curitiba e o ex-juiz, e não há como atestar a própria imparcialidade de tais relatórios tendo em vista a ausência de informações sobre a contratação do perito que os elaborou. Assim, os relatórios podem ter sido elaborados e ordenados de forma a conter os supostos diálogos que seriam importantes ao representante legal para o qual foram dirigidos, como eventual estratégia de defesa nos processos em trâmite no STF.

A auditoria ressalta que Moro não foi contratado pelo ramo de administração judicial da Alvarez & Marsal no Brasil, mas pela sede americana na área de investigações e disputas — sem qualquer relação com o caso Odebrecht. Aliás, a contratante enfatiza que o ex-juiz não é sócio de qualquer outra empresa que atue sob a marca desse grupo econômico, tendo sido contratado tão somente na qualidade de consultor. A empresa encaminhou ao Tribunal o termo de distrato contendo a "cláusula de conflito de interesses envolvendo o Grupo Odebrecht" — a análise da área técnica apontou total falta de consistência da representação e de mínima conexão lógica entre os fatos, inclusive do ponto de vista cronológico.

Admitir que Moro tenha passado por situações de tamanho desgaste pessoal e emocional com o objetivo de auferir ganhos financeiros muito tempo após a homologação do acordo de leniência, sem que a Odebrecht tivesse pedido recuperação judicial (o que ocorreu 3 anos depois), sem que se soubesse qual escritório seria o escolhido como administrador judicial (3 anos depois) e se haveria interesse na prestação de seus serviços de consultoria (4 anos depois) torna a versão absolutamente improvável, para não dizer impossível. 

Por essas e outras, Bruno Dantas deveria ter arquivado o caso sumariamente. Mas preferiu ignorar os fatos. Agora, precisa explicar a todos o porquê — ou não, já que os motivos saltam aos olhos.

Com informações de O Antagonista e Poder 360 

SOBRE O WHATSAPP E AS APKs

CORAGEM É O CONTROLE DO MEDO, NÃO A AUSÊNCIA DELE.

WhatsApp pode ser instalado na versão comum ou na Business (voltada ao uso corporativo), mas, extraoficialmente, também é disponibilizado em "sabores alternativos", entre os quais o WhatsApp GB, que oferece recursos não contemplados pela versão oficial do mensageiro.

Como não existe bônus sem ônus, usar essa versão extra-oficial pode resultar no bloqueio permanente da conta (claro que é possível voltar à plataforma com um número de celular diferente, mas isso é outra conversa), além de uma série de outros riscos que envolvem mods para WhatsApp.

Observação: Mods são modificações do programa oficial que oferecem funcionalidades extras, como a possibilidade de mudar a cor de fundo e de acessar o app simultaneamente a partir de mais de uma conta cadastrada no celular). 

GB WhatsApp dá acesso simultâneo, num mesmo dispositivo, a dois perfis do WhatsApp. Com ele é possível "ocultar" o recebimento de mensagens, a sinalização de visualização e os status "online", "digitando" e "gravando áudio", bem como deixar a interface transparente, trocar a cor do cabeçalho, enviar arquivos de áudio maiores e imagens sem compressão e por aí afora.

Alguns mods agregam novas funcionalidades a APKs já modificados. O NS WhatsApp, por exemplo, adiciona recursos extras aos já explorados pelo GB WhatsApp, como a possibilidade de incrementar a customização e personalização com efeitos 3DJá o JT WhatsApp — que recebeu esse nome por ser desenvolvida pela Jimtechs — oferece uma plataforma que, segundo o desenvolvedor, evita o banimento pelo WhatsApp.

Os riscos de baixar versões não-oficiais do WhatsApp são grandes, pois é necessário desativar a configuração de segurança e permitir a instalação de "apps desconhecidos". Isso sem flar que os APKs não ficam hospedados no Google Play Store — não sendo portanto submetidos à verificação de segurança do Google (ao instalá-los, você estará contribuindo para deixar seu aparelho mais vulnerável a malwares e outros tipos de ataques, notadamente spywares e adwares). 

Também não há como garantir que os APKs ofereçam a criptografia de conversas ou que as mensagens enviadas não passem por servidores de terceiros antes de chegar ao destinatário — o que compromete a segurança ao facilitar o vazamento de informações pessoais e privadas. Sem falar que, ao conceder permissões de uso aos APKs — como o acesso a câmera e ao microfone —, você se arrisca a ser "vigiado" pelo aplicativo, que pode acessar os recursos de hardware do aparelho sem que você perceba.

Se ainda assim você não resistir ao canto da sereia, saiba que para voltar à plataforma original basta baixar e instalar o app oficial e proceder à configuração padrão. Mas tenha em mente que as conversas poderão não ser mantidas (já que o WhatsApp não é compatível com suas versões modificadas). Portanto, antes de reinstalar o mensageiro original, não deixe de acessar as opções do APK, selecionar as conversas e salvá-las — em "Configurações", selecione "Armazenamento" > "Arquivo" e mude o nome da pasta do APK para WhatsApp.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

QUEM PRECISA DE VÍRUS? (FINAL)


No Brasil, é costume dizer que o ano novo começa depois do Carnaval. Resta saber quando isso se dará: desde 2020, quando o Carnaval foi o estopim da pandemia de Covid aqui nestas bandas, o Rei Momo não dá o ar de sua graça. E tudo indica que este ano não será diferente.

Falando em começo de ano (embora janeiro já caminhe para o final), Bolsonaro não demorou a despir o figurino de respeitador das instituições que tanto desconforto parece lhe causar. O brasileiro mal havia pulado as sete ondinhas e inquilino do Planalto já havia rasgado a fantasia criada em setembro pelo estilista-vampiro do Jaburu e retomado sua arenga conspiracionista.

Bolsonaro ora ruge, ora mia, mas sempre destrói. O Brasil está farto de um presidente que dedica seus dias a estorvar o andamento dos ministérios, dos outros Poderes, das demais instituições, da relação entre os entes federativos, do combate à vacinação, enfim... Conviver com um chefe de Estado dessa catadura desafia a lógica, a paciência e, no caso de muitos auxiliares e bajuladores, o amor-próprio, a coerência e o bom senso.

Travestido em sua persona que ruge, Bolsonaro vitupera a Anvisa, os governadores, o Supremo, os culpados de sempre no discurso, ora manjado, que direciona aos baba-ovos terraplanistas. E conseguiu a adesão bovina de mais um ministro da Saúde — que, a exemplo do pesadelo anterior, manda às favas a ética e o amor-próprio. “Melhor perder a vida que a liberdade”, foi a pérola que o cardiologista paraibano Marcelo Queiroga proferiu, todo cheio de si, ecoando o chefe (liberdade, nesse caso, significa simplesmente não se vacinar, pouco importando se com isso a vida dos outros é posta em risco).

Observação: Tantas são as camadas de absurdo administrativo, ético, moral ou lógico do conjunto de ações e declarações do presidente e do ministro desde a acertada (mas tardia) decisão da Anvisa que choca ainda mais o fato de o PGR não cobrar deles suas obrigações. Em vez disso, Augusto Aras pegou o mesmo pacote de férias antecipadas do chefe e não se manifestou sobre sucessivas ameaças aos direitos elementares da população, como receber uma vacina já aprovada pelo órgão técnico competente. A incúria é tamanha que, no dia seguinte à publicação do edital mambembe em que se inventa no improviso uma consulta pública inédita, sequer havia um formulário para que os interessados em palpitar sobre a vacinação o fizessem!

Quando mia, Bolsonaro sempre encontra uma maneira de distrair os fãs para que não percebam seu recuo. Nesse caso em tela, foi dirigindo um palavrão a João Doria, que disse que em São Paulo seria exigido o certificado de imunização — no que o governador paulista foi seguido por outros governadores e prefeitos, deixando o presidente isolado. Depois que afina, como fez também em relação ao STF no episódio da patética cartinha redigida nos joelhos pelo nosferatu que lhe entregou a faixa, espera o tempo passar para ficar valente de novo.

Como miou no passaporte da vacina, nosso indômito capitão voltou a arreganhar os dentes para Alexandre de Moraes. O rosnado vai durar até que o togado torne a botar no fogo a frigideira dos aliados que o psicopata insiste em proteger usando a estrutura de Estado. Quando isso acontecerá, só Deus sabe. Parece que o Supremo finalmente compreendeu que está lidando não com um presidente, mas com uma criança mimada e birrenta.

O problema é que esse morde-assopra é uma das principais causas da debacle nacional. Seria bem mais simples (e inteligente) governar, mas para isso o presidente precisaria saber como.

Em 2018, surfando nas ondas do antipetismo e do lavajatismo, o então deputado de dois projetos alimentou a estrutura que começara a montar em 2014, cevando uma direita radicalizada diante da qual até então a política, a imprensa e a academia estavam distraídas. Como presidente, ele usará a caneta, o dinheiro conseguido à custa de calotes e pedaladas e o apoio de um Centrão cooptado pelo orçamento secreto para compensar (ou pelo menos tentar) a perda de uma parcela do eleitorado composta pelos insatisfeitos com a política como um todo — ou com o PT em particular —, que pularam do barco diante de sua conduta criminosa na pandemia, de suas investidas contra a democracia e de seu legado destrutivo.

Os alvos da fase de populismo fiscal são os beneficiários de programas sociais, servidores agora adulados e quem mais puder ser atingido pelas políticas federais voltadas ao desmonte das estruturas de contenção a determinadas atividades — garimpeiros, madeireiros, caçadores, atiradores e outros que tais. Para atrair esse nicho e manter o núcleo duro dos despirocados que ainda lhe são fiéis, Bolsonaro espalha fake news, demoniza o STF e conspira contra o voto eletrônico e as vacinas.

Contribuem para isso a entrada do dublê de pastor presbiteriano e amigo de fé, irmão e camarada André Mendonça no Supremocomemorada pela primeira-dama com pulinhos, gritinhos e frases ininteligíveis —, a votação do Orçamento, a conclusão da PEC dos Precatórios, o abafa das investigações que miram seus filhos, e por aí segue o descalabro nacional.

Tão logo Bolsonaro colha os frutos que lhe foram facultados pela leniência dos próprios ministros dos tribunais superiores, por deputados e senadores da oposição, pelo TCU e por uma sociedade que parece já ter esquecido até as mais de 621 mil vítimas fatais da pandemia, cenas como as covardes agressões a jornalistas sob seu olhar cúmplice serão constantes e incentivadas. E, com dinheiro ilimitado, a coisa será ainda mais fácil.

Com Vera Magalhães

HORA DA FAXINA

AS PALAVRAS MAIS BELAS SÃO DITAS NO SILÊNCIO DE UM OLHAR.

Todo mundo sabe (ou deveria saber) da importância de manter os aparelhos eletroeletrônicos limpos, quando mais não seja porque, no caso específico do computador, a dissipação do calor gerado no interior do gabinete, que é feita por coolers e microventiladores estrategicamente posicionados, fica prejudicada pela sujeita que se acumula sobre placas, módulos, chips, drives e, principalmente, nas hélices e nos eixos das ventoinhas.

Manter esses componentes livres de poeira, fios de barba e cabelo, pelos de animais, fiapos de pano e outros “elementos estranhos” é fundamental para a circulação do ar, que só será eficiente se as ranhuras de ventilação estiverem devidamente desobstruídas. Felizmente, basta uma chave de parafusos, um pincel antiestático, uma lata de ar em spray (ou um miniaspirador reversível) e um pano limpo para fazer uma faxina em regra no interior do case (mais detalhes nesta postagem).  

Os notebooks também precisam ser limpos internamente, mas eu recomendo recorrer a computer guy de confiança, não só porque esses profissionais também precisam comer, mas principalmente porque desmontar esse tipo de aparelho requer expertise e ferramental especializado. Mas isso não significa que você não possa limpar a tela e a carcaça do portátil (use um pano levemente umedecido numa solução fraca de água e vinagre ou detergente neutro) e desobstruir as ranhuras de ventilação e portas HDMI, USB, de rede, etc.

Alto-falantes podem ser limpos com rolo adesivo; fones de ouvido, com uma escova de dente (jamais use palitos, agulhas ou alfinetes para remover a sujeira dos orifícios do fone); os cabos, com uma borracha escolar; e o plug do fone e respectivo conector, com uma escova interdental.

Pode parecer gozação, mas não é: um estudo realizado pela Universidade do Arizona revelou que o teclado do computador pode ter até 400 vezes mais bactérias que uma tampa de privada. Esses micro-organismos não causam grandes problemas, até porque a maioria deles vive em nosso corpo (notadamente na boca e na pele).

Evite comer enquanto usa o computador, não só devido às migalhas e ao risco de derramamento de líquidos, mas também para não potencializar a troca de bactérias da boca para o teclado e vice-versa. Teclados comuns, com ou sem fio, são fáceis de limpar. Basta desconectá-los, virá-los de cabeça para baixo, sacudir, soprar e aspirar com um miniaspirador reversível (na falta dele, use um secador de cabelo na posição “frio”). 

Para remover a sujeira mais “difícil” (como a que se acumula entre as teclas), use um cotonete umedecido em álcool isopropílico, mas, atenção: jamais desmonte o teclado nem remova as teclas, pois o ressecamento do plástico pode resultar em quebras. Ainda que um teclado novo custe a partir de R$ 30, modelos wireless de marcas como Microsoft, Logitech e similares não saem por menos de R$ 100.

Limpe as telas dos dispositivos com panos de microfibra. Papel é bom para limpar vidro, mas não é a melhor opção para displays de cristal líquido, pois pode causar arranhões. Em telas de vidro, no entanto, fazer movimentos circulares usando papel comum pode remover arranhões.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

QUEM PRECISA DE VÍRUS?

Em qualquer lugar do mundo, o ministro da Saúde comemoraria o início da vacinação infantil. Mas aqui é diferente. Ao ver o governador de São Paulo vacinar a primeira criança, o ministro ficou furioso: “(Doria) está fazendo palanque. Acha que isso vai tirá-lo dos 3%. Desista!”.

No Brasil sob Bolsonaro, temos um ministro que, em tese, não é político — mas todo dia deixa de cumprir sua obrigação para fazer palanque — criticando o governador paulista, que é político, por transformar a obrigação cumprida em palanque.

Além de criticar quem defende a saúde das crianças brasileiras, Queiroga entregou, sem licitação, a armazenagem e o transporte das vacinas a uma empresa sem qualquer experiência no ramo — em pelo menos cinco estados houve problemas de imunizantes chegaram em condições inadequadas de armazenamento e transporte. Qualquer semelhança entre ele e seu antecessor (um manda e o outro obedece) não é mera coincidência.

O general que se dizia expert em logística não era capaz de tirar água de uma bota nem se as instruções viessem impressas no calcanhar. No afã de transformar a Saúde num pesadelo, “esqueceu” 6 milhões de testes RT-PCR num armazém federal em Guarulhos (SP); enviou para o Amapá as vacinas que deveriam ir para o Amazonas; só conseguiu comprar menos de 3% dos 330 milhões de seringas e agulhas destinadas ao PNI; e disse que a Pfizer ofereceu apenas 9 milhões de doses da vacina, quando na verdade foram 70 milhões de doses.

Em meados de dezembro de 2020, o grande estrategista (que não por acaso foi o ministro da Saúde mais longevo desde o início da pandemia), perguntado sobre o cronograma da vacinação, respondeu com outra pergunta: Para que essa ansiedade e essa angústia? 

No início do ano passado, enquanto pessoas morriam feito moscas por falta de oxigênio medicinal nos hospitais manauaras, Pazuello inundou o Amazonas com kits-Covid à base de cloroquina. E quando soube pela cunhada que o irmão dela não tinha oxigênio nem para passar o dia, disse o general: “Você e todo mundo vão esperar chegar o oxigênio e ser distribuído. Não tem o que fazer. Então, vamos com calma.

O descaso do governo federal com vacinação levou um grupo de 352 juristas, intelectuais, artistas e ambientalistas a solicitar a abertura de uma ação criminal contra Bolsonaro no STF por “sabotar e frustrar” o processo de imunização e colocar em risco a saúde pública.

Em live nas redes sociais, em meio ao colapso no sistema de saúde de diversos estados brasileiros, Bolsonaro disse que lamentava as mortes causadas pela pandemia, mas que "agora parece que só (se) morre de Covid no Brasil". Segundo o “grande estadista”, essa história de negacionismo é "conversa para boi dormir".

Ao contrário do que seria de esperar de uma pessoa normal em posição de liderança, o anormal que preside o Brasil moveu montanhas para desacreditar as vacinas, o distanciamento social e o uso de máscaras. Sua postura inefável lhe garantiu o título de pior líder mundial no combate ao coronavírus e o primeiro lugar no ranking dos mandatários tupiniquins com maior número de pedidos de impeachment (são mais de 140).

Entre abril e outubro do ano passado, a CPI do Genocídio jogou luz sobre a podridão que cerca o governo federal. O relatório final, aprovado por 7 dos 11 titulares (a despeito do prodigioso esforço da tropa de choque do Planalto) recomendou o indiciamento de 77 pessoas — entre ministros e ex-ministros, políticos, servidores públicos, empresários e membros do chamado “gabinete paralelo” — e atribuiu ao mandatário de fancaria uma dezena de crimes comuns e de responsabilidade

PGR já abriu mais de uma centena de investigações preliminares envolvendo o chefe do Executivo, mas ainda não chegou a nenhuma conclusão. Numa de suas manifestações mais polêmicas, a subprocuradora-geral Lindôra Araújo alegou não ter visto crime na decisão de Bolsonaro de não usar máscara e levantou dúvidas sobre a eficácia do material de proteção, cuja importância é amplamente propagada por especialistas.

Augusto Aras tem sido criticado publicamente pela lentidão nas ações contra Bolsonaro e seus aliados. A demora provocou reações dos ministros Alexandre de Moraes e Carmen Lúcia, que mandaram a PGR explicar as ameaças golpistas do presidente no dia 7 de setembro e compartilhar com o STF uma apuração preliminar sobre as mentiras do mandatário sobre as vacinas.

Em entrevista à Jovem Pan, o "mito" dos bolsomínions disse que "a CPI foi uma palhaçada" e que o relator, senador Renan Calheiros, "agiu por vingança". Ao ser questionado sobre 'rachadinha', o entrevistado simplesmente encerrou a entrevista.

Para surpresa de ninguém, o TSE rejeitou a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão. Os ministros criticaram o presidente e afirmaram que foi comprovada a existência de um esquema ilícito de propagação de notícias falsas via WhatsApp no último pleito para beneficiar a chapa, mas consideraram que não havia gravidade suficiente para cassá-la.

BarrosoMoraes e Fachin mandaram duros recados a Bolsonaro e afirmaram que, embora o tribunal não tenha imposto pena nesse caso, o julgamento serviu para preparar a corte para 2022, quando o esclarecidíssimo eleitorado canarinho voltará às urnas para escolher presidente e vice, governadores, deputados federais e estaduais e 1/3 dos senadores da República (outros 2/3 foram eleitos em 2018). 

Pelo andar da carruagem, essa "festa da democracia" deve ocorrer ainda em meio a pandemia sanitária, sem as reformas estruturantes prometidas, com desemprego, desalento e estagflação, dólar acima de R$ 5, denúncias de corrupção em todos os escalões do governo (governo esse que diz ter acabado com a Lava-Jato porque "não existe mais corrupção"), “fundão eleitoral” de R$ 5,7 bi e uma corja de políticos que só pensam em si mesmos.

Com políticos e agentes públicos como esses, quem precisa de vírus?

MELHOR PREVENIR DO QUE REMEDIAR (FINAL)

COMECE DE ONDE ESTÁ, USE O QUE TEM E FAÇA O QUE PODE.

O aquecimento do smartphone é comum durante a recarga. Embora haja um controle de temperatura, os modelos mais antigos são propensos ao superaquecimento, que você pode evitar removendo o aparelho da capa protetora e desligando-o (ou pelo menos evitando utilizá-lo) durante a recarga, que deve ser feita em local ventilado (jamais com o telefone debaixo do travesseiro).

A saída de uma carga é medida em voltagem e amperagem

A voltagem é a tensão da corrente elétrica, enquanto a amperagem é a “quantidade de eletricidade” que flui da bateria. 

Multiplicando esses valores um pelo outro, obtém-se a potência total do dispositivo.

Para criar celulares com carregadores turbo, a maioria dos fabricantes eleva a voltagem, o que resulta no aumento da energia fornecida à bateria. Mas só se beneficiam dessa tecnologia aparelhos que integram circuitos compatíveis com o carregamento rápido (mesmo que o carregador seja de 5 V/3 A, p. ex., o celular carregará apenas na faixa para a qual ele foi projetado).

O padrão de carregamento rápido mais comum é o Qualcomm Quick Charge, já que os chipsets dessa empresa são largamente utilizados por fabricantes de smartphones. A encarnação atual é a 5.0, que promete levar a bateria de 0 a 50% de carga em apenas 5 minutos. Note que cada geração costuma ser compatível com as anteriores, de modo a manter a intercambialidade de cabos e adaptadores.

Observação: geração 2.0 eleva a tensão em intervalos de 5V, 9 V e 12 V, enquanto a 3.0 vai de 3,2 V a 20 V, mas ambas têm a potência máxima limitada a 18 W. Para evitar danos ao aparelho e à bateria, existem chips no processador e no carregador que gerenciam a transferência de carga.

Além da Qualcomm, a Apple e a Motorola têm carregadores rápidos específicos para seus aparelhos, mas, de novo, nem todos os modelos são compatíveis com essa tecnologia. Via de regra, pode-se carregar qualquer celular usando um carregador rápido, mas o tempo de carga não será alterado se o aparelho não for compatível a tecnologia (para saber se o seu dispositivo é compatível, consulte o manual do usuário ou o site do fabricante).

Por último, mas não menos importante: carregadores sem fio são práticos, mas não tão rápidos quanto os cabeados. E o mesmo se aplica à portinha USB do PC, que também serve como fonte de energia. Na verdade, o carregador é o próprio smartphone; o cabinho só conecta fisicamente os dois aparelhos, e aquilo que chamamos de “carregador” é, na verdade, apenas um adaptador de corrente. 

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

AINDA SOBRE A TERCEIRA VIA (FINAL)

Tudo leva a crer que a campanha eleitoral de 2022 será ainda mais polarizada que a de 2018, e que terá como prováveis adversários o capitão cloroquina e o ex-presidiário promovido a ex-corrupto pelo STF

Desta vez, porém, a aversão ao bolsonarismo é maior que o repúdio ao PT et caterva, e não haverá facada para livrar o candidato à reeleição dos debates televisivos.

Em 2018, a maioria de nós sabia que, como presidente, o mau militar e parlamentar medíocre que aprovou dois projetos em 27 anos no baixo clero da Câmara Federal não seria capaz sequer de tirar água de uma bota, mesmo que as instruções viessem impressas no calcanhar. Hoje, sabemos muito bem do que ele é capaz e, principalmente, do que não é.

Mas a questão é que volta de um criminoso condenado — que deixou a cadeia muito antes do que deveria e teve sua ficha imunda lavada com o nítido propósito de ser recolocado no jogo político-sucessório — ao Planalto, que por si só já seria apavorante, torna-se aterradora quando as pesquisas dão conta de que ele é o pré-candidato preferido do “esclarecidíssimo” eleitorado tupiniquim. 

Torçamos, pois, para que a tal Terceira Via se consolide o quanto antes, seja com Moro, seja com outro postulante que tiver condições reais de pôr termo a essa nefasta dicotomia.

Na avaliação de Carlos Fernando Santos Lima, ex-Procurador Regional da República em São Paulo e ex-membro da Lava-Jato em Curitiba entre 2014 e 2018, Bolsonaro não será reeleito. 

Lima reconhece que qualquer previsão é um exercício de futurologia, mas pondera que algumas são muito mais seguras que outras.

Considerando que “de onde menos se espera, daí que não sai nada”, como dizia o Barão de Itararé, é possível afirmar que o Brasil terá mais um ano de péssimas notícias na economia e na política — dois campos em que estamos presos às péssimas escolhas feitas no passado e a nossa incapacidade, como sociedade, de tomarmos decisões difíceis, mas necessárias, e de as implementarmos efetivamente, doa a quem doer.

Lima diz que, mesmo correndo o risco de parecer Cassandra — profetiza que previa o futuro, mas foi amaldiçoada porque ninguém acreditava em seus vaticínios —, a tendência de Bolsonaro não se reeleger parece inexorável, a despeito de todos os estelionatos fiscais promovidos por ele, por seus correligionários e pelas siglas mercenárias comandadas pelo réu que preside a Câmara.

Bolsonaro perceberá uma verdade histórica: todos os governos que subsistiram mediante a compra de apoio e proteção e tropas mercenárias no passado e de políticos venais no presente acabaram sendo abandonados quando a derrota ficou evidente. Assim será com o dele, já que o Centrão se encaminhará naturalmente para a candidatura de Lula, seu antigo mecenas, que, pelo andar da carruagem, terá presença garantida no segundo turno.

Bolsonaro pode não chegar ao segundo turno, mas fazer essa afirmação é uma aposta mais arriscada. Certo é que a polarização com Lula beneficia a ambos, e a dificuldade da Terceira Via em falar a mesma língua dos dois populistas tende a ser mais um obstáculo ao crescimento de um movimento ético, livre dessa polarização que nos mantém presos a ciclos de crescimento raquítico seguidos de longos períodos recessivos. 

Bolsonaro representa — infelizmente — uma parte de nossa população autoritária, pouco educada, envenenada pelo ódio a quem pensa diferente. Mas, assim como esse grupo de obscurantistas de direita, há também a patuleia que se apega a Lula, último populista desse reduto ideológico.

Lula surfará nos erros de Bolsonaro — o que não será difícil, pois o capetão corresponde perfeitamente ao que popularmente é conhecido como “espírito de porco”, sempre disposto a criar cizânia e a impor sua visão preconceituosa e desagradável aos demais.

Em suma, estamos presos a essa roda de corrupção, preconceito e atraso com esses dois candidatos, mas a visão maniqueísta da política poderá nos impor ambos no segundo turno, o que leva o ex-procurador a reiterar a previsão de que Bolsonaro não será reeleito, seja pela humilhação da vitória do picareta já no primeiro turno — o que é improvável, mas não impossível —, seja pela elisão do próprio Bolsonaro da disputa já no primeiro turno, com a perda do segundo lugar para o tal candidato da Terceira Via.

Mesmo na hipótese assustadora de se enfrentarem no embate final, nem o sociopata do planalto nem o bocório de Garanhuns conquistará os votos de parte significativa dos eleitores da Terceira Via, já que a escolha do "menos pior", característica do sistema eleitoral de dois turnos, tende a não prevalecer. 

Em outras palavras, os eleitores conscientes tendem a optar pelo voto nulo — uma forma digna e honesta de negar apoio a esse atual estágio de nossa cleptoplutocracia, para usar um neologismo do falecido professor Luiz Flávio Gomes.

É evidente que a vitória de Bolsonaro em 2018 foi um soluço de uma direita autoritária, que se encontrava adormecida na Nova República e acordou com o advento das redes sociais e da corrupção entranhada no modelo de presidencialismo de coalizão, exacerbada pelo apetite de poder do Partido dos Trabalhadores que não trabalham e dos intelectuais que não pensam.

A diferença de pouco mais de 10% dos votos válidos, na eleição que o capitão disputou contra um candidato fraco e desconhecido em pleno auge da operação Lava-Jato demonstra que a previsão de derrota do capitão é uma aposta confiável e factível — só votarão nele os fanáticos, para quem pouco importa o futuro do país. Resta saber como impedir que a outra face do populismo e da corrupção volte ao poder. 

O desafio da Terceira Via é encontrar o tom certo do discurso que unirá o centro democrático e o empresariado, prontos a aceitar essa candidatura, com a população desejosa — e viciada — em líderes messiânicos.

Ninguém se elege no Brasil sem propostas que sejam compreendidas pela população. Será preciso falar aos milhões de desempregados que perderam as esperanças, aos empreendedores amedrontados pelo espectro da inadimplência, às mulheres que veem a fome adentrar em suas casas, enfim, será preciso deixar claro que nenhum receituário liberal poderá colocar de lado as aflições e problemas reais e inadiáveis que a população brasileira enfrenta neste exato momento.

O derretimento de Bolsonaro é inevitável e a transferência de votos para Lula é um problema a ser solucionado. O quadro de candidatos ainda está indefinido, mas vem se cristalizando de uma maneira muito rápida. Após a derrota de Eduardo Leite para João Doria, o panorama parece ter se definido entre o governador de São Paulo e Sergio Moro, com Ciro Gomes correndo desesperadamente para não ser atropelado pelo sumo pontífice da petelândia.

No espectro da centro-direita, a candidatura de Leite era mais bem vinda que a de Doria, que não possui a qualidade do “novo”, melhor representado por seu colega gaúcho. Resta agora esperar que o tempo e o desenvolvimento das campanhas mostrem competência para conquistar o eleitorado. Lula e Bolsonaro são conhecidos, mas representam a manutenção das tensões sociais e econômicas no país. E é exatamente nisso que eles apostam. 

Outra previsão fácil para este ano é a de que não será um período de paz e tranquilidade, seja por conta do recrudescimento da Covid — uma praga que parece renascer das cinzas como a mitológica Phoenix —, seja por culpa da péssima condução da economia e das tensões naturais de uma disputa política. Mas o fato é que jamais estivemos tão necessitados da superação desses problemas, e isso só será possível fora do eixo autoritário-populista que Lula e Bolsonaro representam.

Estamos caminhando sobre o fio da navalha para evitar que projetos autoritários e equivocados conquistem o país — e isso nada tem a ver com Bolsonaro, já que ele dificilmente ganhará as eleições. Aliás, O bolsonarismo está apavorado com a possibilidade de crescimento de Moro nas pesquisas. 

Segundo o UOL, auxiliares do presidente estão preocupados com o poder de alcance do discurso bolsonarista, visto que, a despeito de sua popularidade estar em baixa, o capitão continua a dialogar apenas com sua base militante, que não passa de 20% do eleitorado.

Para além disso, os cenários conturbados nas áreas social, econômica, política e sanitária do país têm potencial para aproximar a população a um nome da chamada Terceira Via (olha ela aí outra vez), e a maior preocupação dos apoiadores do capetão é a transferência de votos ao campo da direita mais moderada no primeiro turno, com destaque ao pré-candidato Sergio Moro (olha ele aí outra vez). 

Tudo indica que os asseclas do capitão sociopata estão certos: se o ex-juiz tirar mais 5% dos votos do "mito" dos apalermados, sua reeleição descerá pelo ralo.

MELHOR PREVENIR DO QUE REMEDIAR... (QUARTA PARTE)

TODA PARTÍCULA QUE VOA SEMPRE ENCONTRA UM OLHO.

Quando baixamos a tampa do notebook sem desligá-lo, o hardware continua funcionando. Se o aparelho dispõe de disco rígido (eletromecânico), qualquer impacto — ou trepidação excessiva — pode resultar no surgimento de “bad blocks”. 

Ainda que os portáteis sejam projetados com vistas à mobilidade, não se deve movimentá-los demais durante o uso (modelos equipados com drives de memória sólida são menos sensível a esse problema, mas nem por isso devemos submetê-los a castigos severos).

Jamais segure o note pela tela, que é delicada e suscetível a danos causados pela pressão dos dedos. Pressionar o visor de cristal líquido pode fazer com que linhas de pixels ruins apareçam, e segurar o note com uma só das mãos, forçar as dobradiças da tampa (o certo é segurá-lo aberto e usar sempre as duas mãos).

Fontes de alimentação com conectores semelhantes podem operar com voltagens diferentes. Um carregador não homologado pelo fabricante do celular (ou do notebook) pode danificar o aparelho ou, em situações extremas, provocar a explosão da bateria. Se for preciso usar uma fonte “universal”, observe ao menos se, além do conector adequado, ela permite ajustar a voltagem para atender especificamente às exigências do seu dispositivo.

Como dito, smartphones (e tablets) foram projetados com vistas ao uso em trânsito, e o armazenamento interno, baseado em memória flash, tornam-nos menos sensíveis a vibrações ou impactos, mas nem por isso você deve tratar seu celular nas patas do coice. Aliás, o fato de levá-lo a toda parte aumenta o risco de quedas, ensopamento, exposição a temperaturas elevadas e que tais.

Mesmo que o aparelho seja “à prova d’água”, não é recomendável entrar com ele no mar (quando mais não seja devido à salinidade da água) ou na piscina (idem com relação ao cloro e outros produtos químicos usados no tratamento da água). Tampouco deve-se “esquecer” o telefoninho no porta-luvas quando se vai deixar o carro estacionado por horas a fio sob o sol causticante do verão. Quanto a tombos e impactos, a lei de Murphy não foi revogada. Se o celular achar de cair e o piso for 90% recoberto por carpete, a queda ocorrerá em algum ponto dos 10% de piso cru, e com a tela virada para baixo.

No tempo dos dumbphones, as capinhas dispunham de um clipe que se prendia ao cinto ou ao cós da calça, mas isso é coisa do passado. Não há problema em levar o smartphone no bolso, mas convém evitar o bolso traseiro da calça. Primeiro porque os aparelhos atuais são quase tão grandes quanto uma tábua de carne — e, com metade da carcaça exposta, o smartphone chama a atenção dos amigos do alheio. Segundo porque o risco de esquecer de tirar o dito-cujo do bolso antes de acomodar o buzanfã numa cadeira, poltrona etc. pode causar danos (não só, mas principalmente) ao display. E moçoilas que vestem calças 3 números abaixo de seu manequim para ressaltar o derrière voluptuoso nem precisam se sentar para expor o telefoninho a uma torção para a qual ele não foi projetado.

Outro detalhe que merece destaque é a autonomia da bateria — quanto maior a amperagem, melhor, pois maior será o intervalo entre as recargas. Considera-se adequada uma bateria que permita usar o celular durante um dia inteiro sem “pit stop”, e isso exige pelo menos 5.000 mAh. Menos que isso exige diminuir o brilho do display, desabilitar o alerta vibratório e as conexões Bluetooth, Wi-Fi, NFC, o GPS e outros recursos que não estiverem sendo utilizados, sob pena de ficar sem carga no meio do dia.  

Fechar aplicativos desnecessários e impedi-los de rodar em segundo plano também ajuda a poupar energia. No Android, basta tocar em Configurações > Bateria > Detalhes de uso e ativar a Economia de bateria (este roteiro foi baseado no Motorola G60, mas, de modo geral, vale para a maioria dos aparelhos, embora nomenclatura e caminhos possam variar um pouco).

Ao contrário da baterias de níquel-cádmio dos tempos de antanho, as atuais, à base de íon/polímero de lítio, não estão sujeitas ao “efeito memória”, de modo que podem ser recarregadas a qualquer momento. Aliás, não é preciso colocar o celular na carga após tirá-lo da caixa e esperar 8, 12 ou 24 horas para começar a utilizá-lo, como se recomendava antigamente.

Se você precisar sair e seu telefone estiver com pouca carga, os carregadores “TurboPower” (da Motorola) e assemelhados são sopa no mel, pois recarregam a bateria mais rapidamente do que os modelos convencionais — alguns minutos na tomada são suficientes para horas de uso, e a presença de chips e da ligação entre software e hardware permitem que o celular administre o carregamento de modo a não haver prejuízo para a vida útil da bateria.

Observação: De acordo Hélio Oyama, Diretor de Gerenciamento de Produtos da Qualcomm na América Latina, o carregamento rápido é um compromisso conjunto de hardware e software. O hardware, no próprio celular, recebe a energia e procede ao carregamento rápido da bateria inserida no smartphone, enquanto o software é responsável pela análise da necessidade (quantidade) de energia, pelo nível de carregamento da bateria, pelo nível de potência e por manter nos patamares adequados a corrente, a voltagem e a temperatura durante a recarga.

Continua...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

AINDA SOBRE A TERCEIRA VIA

 

Três ideias rondam o ambiente político neste início do ano eleitoral de 2022: Lula voltará à Presidência, Bolsonaro lançará mão de ilegalidades para resistir à derrota e nenhuma alternativa a tal cenário é possível. 

Fala-se disso como se o inesperado não pudesse nos fazer uma surpresa, conforme descrito nos idos de 1967 por Johnny Alf em Eu e a Brisa. Pois no imprevisível junto às artes do acidental é que residem a graça e a essência de uma eleição sob as regras da democracia, onde o que vale é a vontade de milhões de pessoas envolvidas num processo que só acaba quando termina.

Aos arautos das convicções inamovíveis conviria flexibilizar as respectivas mentes de modo a não se tornarem reféns de profecias que se autorrealizam. De algum modo já vivemos isso desde quando forças políticas começaram a se mobilizar em torno de outra hipótese que não a repetição de velhos erros. De lá para cá, o que se vê são vaticínios sobre a inviabilidade da chamada Terceira Via. Isso sem que se dê a esse caminho ao menos o benefício da dúvida. Uma chance real, não meramente retórica, expressa em frases do tipo “…caso subam nas pesquisas” acompanhadas de toda sorte de desqualificações porque ninguém ainda foi capaz de ameaçar a dianteira de Lula e Bolsonaro.

A oito meses da eleição, FHC hesitava em deixar o Ministério da Fazenda, Collor era nanico nas pesquisas e Bolsonaro, tratado como cavalo paraguaio atolado em chuva de verão. Lula esteve no pódio três vezes antes de sagrar-se campeão, a reeleição de Dilma foi dada como perdida, Marina Silva vista como a grande possibilidade da estação, sem nos esquecermos de uma arrancada de Ciro Gomes e da repentina derrocada de Roseana Sarney. Tudo isso a meses de cada uma daquelas eleições.

Cabe lançar dúvida também sobre o forrobodó institucional que Bolsonaro estaria preparando para evitar deixar o Palácio do Planalto. Primeiro, porque não está fora de questão uma desistência. Do Palácio, não do Planalto, candidatando-se a outro cargo a fim de não perder o foro privilegiado. Para isso, contudo, precisaria se desincompatibilizar da Presidência até abril, deixando Hamilton Mourão por seis meses no cargo. Impossível não é, mas improvável.

Em segundo lugar, o fracasso das investidas antidemocráticas torna lícito duvidar do êxito de ações ao modo de Donald Trump no fatídico janeiro de 2021. Se Bolsonaro precisou enfiar a viola no saco da moderação pós-7 de setembro, quando ainda dispunha de um ano de mandato pela frente, depois que for derrotado ele dificilmente terá apoio para tentar melar o resultado.

Por último, mas não menos importante, o fato de Lula encabeçar as pesquisas tornou-se estuário não apenas dos votos de seus admiradores, mas de toda sorte de expectativas embaladas no critério único de que vale qualquer coisa para impedir a reeleição do atual presidente. Até mesmo deixar de lado a busca de uma melhor solução para optar pela parte do problema. Ou Bolsonaro não é fruto dos desmandos do PT? Ou não foi eleito na batida da tecla da escolha do “menos pior” — que, na visão de um grande contingente de eleitores, seria a volta dos salvados dos funis do mensalão, do petrolão, do populismo na economia e da vocação para açambarcar o poder de modo hegemônico?

Não parece racional o país eleger Lula para fugir de Bolsonaro, que foi eleito para evitar o PT. Volta-se ao ponto inicial e não se avança no jogo. É preciso alguma clareza. A respeito do fato de Lula et caterva não acharem que fizeram nada de errado. As pessoas lembram dos feitos, relevam os malfeitos e não se perguntam, por exemplo, como o molusco de novo presidente conduziria suas relações com o Congresso. Comprando outra vez na base da mesada? Os contratos com fornecedores e prestadores de serviço seguiriam na mesma linha, dado que na concepção do PT os escândalos foram fruto de ficção persecutória e, portanto, a tendência é a repetição. Senão vejamos:

A presidente nacional do PTGleisi Hoffmann, afirmou que a campanha petista não ouvirá o “mimimi” do mercado. “Um país que não tem dívida externa, que tem este mercado consumidor não pode ter o povo com fome e sem renda”, disse a ex-senadora rebaixada a deputada, em entrevista à coluna de Malu Gaspar, no jornal O Globo de segunda-feira 10.

Ainda segundo a petista — que também classificou de “aberração” a reforma trabalhista aprovada durante a gestão do Vampiro do Jaburu, que Lula pretende reverter, caso consiga se eleger, o teto de gastos estourado por Bolsonaro com a PEC dos Precatórios para inflar o orçamento durante a eleição, que está desmoralizado e será descartado em um próximo governo petista. E mais: que “não tem necessidade de carta ao povo brasileiro, as pessoas já conhecem o Lula; não precisamos mais de um Palocci”.

Observação: A primeira carta ao povo brasileiro, de fato, foi ditada a Antonio Palocci por Emilio Odebrecht, como descobriu a Lava-Jato. Uma segunda carta já foi publicada, ao contrário do que disse Gleisi Hoffmanné aquele artigo de Guido Mantega, que promete quebrar a economia do Brasil mais uma vez. As pessoas conhecem Lula, e Emilio Odebrecht conhece-o ainda melhor.

Concorrer na seara de Lula e Bolsonaro é tarefa difícil. Mas não impossível se houver boa vontade para aceitar que uma pessoa normal no Planalto já é bem melhor que locatários do Palácio adeptos da teatralidade, da flexibilidade moral, da intimidade com a mentira, do sectarismo intenso e da aversão ao contraditório. Para dizer o mínimo.

Com Dora Kramer e O Antagonista

MELHOR PREVENIR DO QUE REMEDIAR... (TERCEIRA PARTE)

EM CASO DE EXCESSO DE LUCIDEZ, LOUCURE-SE!

Apesar da evolução tecnológica que as baterias experimentaram nos últimos anos, alguns cuidados ajudam a manter o notebook mais saudável, e um deles consiste em desconectar o carregador da tomada, de tempos em tempos, e usar o computador até que o nível mínimo de energia seja alcançado. 

Baterias à base de íon-lítio (ou íon-polímero, em alguns casos) não estão sujeitas ao efeito memória, mas esse procedimento "calibra" o sensor de carga, inibindo o estado em que as baterias não sustentam mais sua autonomia padrão.

ObservaçãoA expressão “bateria de lítio” não designa uma única tecnologia, mas toda uma gama de produtos desenvolvidos a partir de diversas tecnologias de produção de materiais compostos, tais como LCO (Lítio-Óxido de Cobalto), LFP (Lítio-Ferro-Fosfato), NMC (Níquel-Magnésio-Cobalto), NCA (Níquel-Cobalto-Alumínio) e LTO (Lítio-Titânio). Todas proporcionam maior vida útil (em ciclos de carga e descarga) e mais rapidez na recarga, mas chegam a custar 5 a 6 vezes mais que as baterias chumbo-ácidas e o dobro das alcalinas de níquel-cádmio.

Independentemente da tecnologia, toda bateria tem uma vida útil limitada a um determinado número de ciclos (entre 300 e 600). Cada ciclo corresponde a uma descarga completa seguida de uma recarga completa. Recarregar a bateria pela metade duas vezes ou 1/4 quatro vezes “mata” um ciclo, donde alguns palpiteiros de plantão recomendam abreviar o intervalo entre as recargas em vez de esperar o aparelho ser desligado automaticamente. 

Observação: Não sei até que ponto essa teoria faz sentido, mas o fato é que mais cedo ou mais tarde a bateria precisará ser trocada. Por outro lado, considerando que os fabricantes lançam novos smartphones em intervalos de tempo cada vez mais curtos, é comum a gente trocar o aparelho antes que a bateria dê sinais de fadiga.

As baterias integram um pequeno chip controlador, destinado a gerenciar sua capacidade de carga. Normalmente, o dispositivo desliga sozinho quando a reserva de energia fica abaixo de 5% — até porque proceder às recargas enquanto ainda resta alguma energia evita danos ao componente. Mas pode acontecer de esse percentual deixar de ser “enxergado” pelo controlador, dando a impressão de que a autonomia diminuiu. Para tirar a cisma, não custa nada recalibrar o controlador ao menos uma vez por mês

Vale destacar que erros cometidos pelo próprio usuário comprometem a capacidade da bateria e reduzem sua vida útil. Entre os mais comuns estão:

 1) “Esgotar” a bateria antes de pôr o telefone na carga (o ideal é recarregar quando o indicar marcar entre 70% e 30% de carga);

2) Deixar o aparelho na carga a noite toda (o ideal é remover o carregador da tomada quando indicador marcar 100% ou o aparelho emitir um alerta de recarga concluída, embora haja quem recomende manter o aparelho com 50% ou 60% de carga, evitando que ela chegue ao nível máximo);

3) Não remover a capinha durante a recarga (quanto mais o celular aquecer, maiores as chances de problemas, tanto com o aparelho quanto com a bateria; o ideal é proceder à recarga num ambiente com temperatura amena e sobre uma superfície lisa, como a de uma mesa ou criado-mudo, pois sofás, almofadas e travesseiros favorecem o superaquecimento);

4) Usar carregadores de marcas não confiáveis (se for preciso substituir o carregador, dê preferência ao modelo original, igual ao que veio com o aparelho, ou, na impossibilidade, um dispositivo de marca conhecida e devidamente homologado pelo fabricante do telefone).

Continua...

domingo, 16 de janeiro de 2022

SOBRE A TERCEIRA VIA

O bolsonarismo e o Centrão são formas distintas do proverbial atraso brasileiro. O primeiro é mais virulento e nocivo à democracia; o segundo, paradoxalmente, reduz os riscos no curto prazo, mas sua simbiose com o primeiro tem tudo para condenar o Brasil a seguir, com velocidade cada vez maior, no plano inclinado de um gradual e inseguro declínio econômico e social, com muita instabilidade política. 

Presumir que a democracia poderá escapar sã e salva de um processo como esse é, no mínimo, imprudente. O Brasil tem lideranças lúcidas e antenadas em diversos meios, mas o desafio é dar expressão política a essas forças. 

Primeiro, é preciso compor uma ampla frente política e social para evitar a reeleição de Bolsonaro e qualquer tentativa de desestabilização institucional. Depois, é preciso adotar uma prudente ousadia nas reformas do sistema político brasileiro. Nessa linha, é imperativo reduzir a propensão à fragmentação partidária e mitigar a tendência a crises institucionais de custosa resolução, para o que a eventual adoção do semipresidencialismo, em momento adequado, possa vir a ser um remédio.

Sem abrir mão da prudência, é preciso devolver algum encanto à política. Para isso não é preciso derrubar muros na nossa arquitetura institucional, mas é indispensável reformá-la para abrir mais o sistema político a novas formas de organização, expressão e participação da sociedade, seja pela desobstrução dos canais existentes, democratizando os partidos, seja pela criação de novos canais. Para fortalecer a democracia representativa, é preciso renová-la. E esse objetivo não será alcançado com a reeleição de Bolsonaro nem com a volta do lulopetismo corrupto ao poder.

Seria preferível ver Bolsonaro afastado da Presidência e julgado pelos crimes que cometeu durante seu mandato. Na verdade, a única saída realmente democrática para o Brasil seria o impeachment do sociopata. O problema é que isso vai de encontro aos interesses cleptocratas do Centrão. Se o presidente realmente presidisse alguma coisa, poder-se-ia dizer que, nos moldes do acerto vigente, "Bolsonaro preside e o Centrão governa e dita as regras da reeleição", como escreveu Jose Casado em sua coluna em Veja.

Bolsonaro preside, o Centrão governa. É regra não escrita, mas confirmada por dois fatos da maior relevância. Em setembro, sob forte pressão do agrupamento que é seu esteio parlamentar, o capetão recuou do confronto aberto com o Supremo e foi chorar as pitangas na barra da saia do ex-presidente Michel Temer, numa carta de rendição que, provavelmente, nem o próprio nosferatu assinaria.

Bolsonaro se esforça para desmentir os críticos que o acusam de agir como um demente. Ao ignorar recomendações da Anvisa para proteger o Brasil contra o ômicron, compra que não sofre de insanidade, mas, sim, aproveita cada segundo dela. "Vacina não impede a transmissão da doença", declarou a sumidade. "Tem que aprender a conviver com o vírus", completou.

Aos poucos, o brasileiro vai descobrindo a serventia da passagem de Bolsonaro pelo Planalto, que se consolida como um extraordinário protagonista de tríades: o nascer do Sol, a morte e a próxima estupidez do presidente. Descobre-se agora que há também no universo três coisas irrecuperáveis: a pedra atirada, a denúncia adiada pelo Augusto Aras e o prejuízo imposto ao Brasil por um presidente insano. A pergunta que não quer calar é: o que acontecerá nos próximos dez meses? 

The answer, my friend, is blowing in the wind, mas sempre se pode especular, como fez o Estadão ao dizer que "a dificuldade da terceira via nas pesquisas e os retrocessos da dupla Lula e Bolsonaro criaram no empresariado um ambiente propício para alguns "devaneios eleitorais", e o maior deles é o abandono de Bolsonaro, que desistiria da reeleição em busca de imunidade parlamentar"Ou Diogo Mainardi ao dizer que o devaneio, na verdade, não é um devaneio, pois essa saída está no horizonte de muita gente graúdaBolsonaro ainda acredita que irá recuperar os votos perdidos, mas pode jogar a toalha se isso não ocorrer. Por mais aloprado que seja, ele passou os últimos dois anos tentando evitar a cadeia, mostrando qual é a sua verdadeira prioridade.

A primeira pergunta a ser respondida sobre 2022, na opinião de Mainardi, é a seguinte: Bolsonaro vai levar sua candidatura até o fim? Diogo aposta que ele vai pular fora até junho ou julho. Se tiver a certeza de que será derrotado por Lula no segundo turno ou, de maneira ainda mais humilhante, no primeiro, ele certamente desistirá. Para além disso, outro fator que pode persuadi-lo a fugir das urnas é Sergio Moro — se o ex-juiz crescer mais 6 ou 7 pontos nas pesquisas, Bolsonaro buscará um caminho mais seguro para tentar evitar a cadeia.

Na avaliação de William Waack, o pesadelo encarnado por Bolsonaro e Lula só será derrotado se o candidato da Terceira Via souber oferecer um sonho para o eleitorado. E ele está certo. Antes, porém, é preciso acordar para o fato de que só surgiu um nome capaz de enfrentar o duplo pesadelo — o de Sergio Moro. Ele talvez não seja o candidato dos sonhos para uma parte da Terceira Via, mas é o único.

Assim que Moro for escolhido como candidato único da Terceira Via, a campanha vai mudar. A lógica de uma disputa polarizada só funciona quando há equilíbrio entre os dois polos, e esse equilíbrio — que já é praticamente inexistente, considerando a vantagem insuperável de Lula sobre Bolsonaro — deve desaparecer de uma vez por todas, porque uma candidatura mais competitiva de Moro acabará atraindo uma fatia do eleitorado bolsonarista. E, sem o pesadelo bolsonarista, o pesadelo lulista também se distancia.

Observação: Não se sabe se alguém já teve essa conversa com Bolsonaro. Parece que não. Mas o abandono de sua candidatura tem tudo para representar o “fato imponderável” citado por Waack — “uma mãozinha do destino”, como ele disse.

sábado, 15 de janeiro de 2022

ATÉ QUANDO, CATILINA, ABUSARÁS DA NOSSA PACIÊNCIA? (FINAL)

 

Jair Messias Bolsonaro nasceu no município paulista de Campinas, cursou a Academia Militar das Agulhas Negras e se formou em Educação Física e mestre em saltos pela Brigada Paraquedista do Rio de Janeiro. Em 1986, quando servia no 8º Grupo de Artilharia de Campanha, ganhou projeção nacional ao escrever, na seção Ponto de Vista da revista Veja, o artigo intitulado O salário está baixo”. A insubordinação lhe rendeu 15 dias de prisão e 150 telegramas de solidariedade das mais variadas regiões do país, além do apoio de oficiais e de mulheres de oficiais, que realizaram manifestação defronte ao complexo militar da Praia Vermelha, no Rio.

No ano seguinte, Veja noticiou a invasão da prefeitura de Apucarana (PR) pelo capitão Luís Fernando Valter de Almeida — que, à frente de 50 homens, leu manifesto contra os baixos salários das forças armadas — e divulgou um plano em que Bolsonaro e o também capitão Fábio Passos da Silva pretendiam “explodir bombas em várias unidades da Vila Militar, da Academia Militar das Agulhas Negras (...) e em vários quartéis” (a operação só seria executada se o reajuste concedido aos militares ficasse abaixo de 60%, e serviria para “assustar” o ministro do Exército).

Os capitães “negaram peremptoriamente, da maneira mais veemente, por escrito, do próprio punho, qualquer veracidade daquela informação”, mas, após o surgimento de provas documentais (na ocasião da reportagem realizada na Vila Militar, Bolsonaro havia desenhado um croqui, no qual, de forma didática, explicara à repórter o funcionamento de uma carga de dinamite) e depoimentos testemunhais, o ministro do Exército, general Leônidas Pires Gonçalves, deu sinal verde para uma sindicância que concluiu que os insurretos deveriam ser expulsos das forças armadas. Ainda assim, o Superior Tribunal Militar acolheu a tese da defesa, segundo a qual os acusados "foram vítimas de um processo viciado", e a expulsão dos capitães não aconteceu. Mas a carreira militar de ambos terminou ali. 

Bolsonaro passou para a reserva e chegou a cogitar de trabalhar como limpador de casco de navio, aproveitando o curso de mergulho que fizera anos antes, mas sua notória aversão ao batente levou-o a aproveitar a repercussão de sua reforma nos meios militares para se eleger vereador, Na sequência, foi eleito e reeleito deputado federal, ambas as vezes pelo PDC. Em 1993, ajudou a fundar o PPR — fruto da fusão do PDC com o PDS — e voltou a provocar polêmica ao defender o retorno do regime de exceção e o fechamento temporário do Congresso.

Observação: A despeito da evidente contradição, o deputado que defendia o fechamento do Congresso — dizendo que preferia “sobreviver no regime militar a morrer nesta democracia” — tornou a se candidatar em 1994 e foi reeleito com 135 mil votos. O TRE-RJ anulou a eleição por suspeita de fraude e realizou um novo pleito, mas Bolsonaro confirmou sua reeleição e foi empossado em fevereiro do ano seguinte.

Em agosto de 1995, com a criação do PPB — resultado da fusão do PPR com o PP —, Bolsonaro migrou para a nova agremiação e foi reeleito, em 1988, com 102.893 votos. Em junho de 1999, a Mesa Diretora da Câmara decidiu propor ao plenário sua suspensão por um mês, por ter defendido o fechamento do Congresso e afirmado que “a situação do país seria melhor se a ditadura tivesse matado mais gente”, incluindo o presidente Fernando Henrique Cardoso. Acabou que a Mesa recebeu uma retratação e decidiu aplicar apenas uma censura, mas voltou atrás quando Bolsonaro alegou que sua assinatura havia sido falsificada. Mesmo assim, a proposta nunca chegou a ser votada pelo plenário da Câmara.

Questionado por empregar em seu gabinete a companheira Ana Cristina Vale, o pai e a irmã dela, Bolsonaro alegou que estava se divorciando e argumentou que, por não ser casado com Ana Cristina, a contratação não caracterizava nepotismo. Em dezembro, durante um almoço de desagravo ao ex-comandante da Aeronáutica, Walter Braüer, o ex-capitão defendeu o fuzilamento do presidente Fernando Henrique Cardoso — chegando mesmo a dizer que o fuzilamento era até “algo honroso para certas pessoas”. O líder do governo na Câmara pediu a cassação de seu mandato, mas, mais uma vez, a proposta nunca chegou ao plenário da casa.

No início de 2000, Bolsonaro defendeu a pena de morte para qualquer crime premeditado e a tortura em casos de tráfico de drogas. Atacou os homossexuais, dizendo não “admitir abrir a porta do meu apartamento e topar com um casal gay se despedindo com beijo na boca, e meu filho assistindo a isso”, e seguiu defendendo os interesses das FFAA. Inconformado com o aumento da ingerência civil sobre os militares a partir da criação do Ministério da Defesa pelo governo FHC, chamou o ministro de “canalha”, “patife” e “imoral”, acusou-o de postergar o reajuste dos militares e de estar “servindo aos interesses dos EUA no país”.

Reeleito em 2002 com 88.945 votos, nosso herói declarou-se contrário à reforma da previdência. Trocou o PPB pelo PTB, que deixou em 2005 para se filiar ao PFL, que deixou meses depois para ingressar no PP (nova denominação do PPB, sua antiga legenda). Quando Roberto Jefferson denunciou o esquema do mensalão, Bolsonaro endureceu seus ataques ao PT e aos políticos do partido envolvidos nos escândalos. Chamou José Dirceu de “terrorista” e José Genoíno de “delator”. Chegou mesmo a levar à CPI do Mensalão o coronel reformado Lício Augusto Ribeiro Maciel, responsável pela prisão e interrogatório do petista em 1972, para desmentir a versão de que ele teria sido torturado para entregar os companheiros.

Em outubro de 2005, por ocasião do referendo sobre a comercialização de armas de fogo, Bolsonaro, crítico contumaz das campanhas de desarmamento anteriores, mandou confeccionar cartazes com frases como “O exército do PT é o MST” e “Entregue suas armas: os vagabundos agradecem”, e posicionou-se entre os defensores e organizadores da campanha do “não”, dizendo ser favorável “ao desarmamento, sim, mas dos bandidos” (ao final, venceram os partidários do “não”, com 63% dos votos).

Reeleito para o quinto mandato consecutivo com 99.700 votos, Bolsonaro se envolveu em mais uma polêmica, dessa vez por conta da situação da reserva indígena Raposa/Serra do Sol, no estado de Roraima. Na ocasião, o representante indígena no debate atirou água no ex-capitão. Em 2009, o PCdoB entrou com representação contra ele, por quebra de decoro.

Reeleito em 2010 com 120.646 votos, Bolsonaro foi candidato à presidência da Câmara e obteve 9 votos — contra 375 do parlamentar eleito, Marco Maia, 106 de Sandro Mabel e 16 de Chico Alencar. Em abril de 2011, criticou o que batizou de “kit gay” e atacou o deputado homossexual Jean Willys (“Eu não teria orgulho de ter um filho como você”). No mês seguinte, meteu-se em nova polêmica envolvendo o projeto de lei que criminalizava a homofobia. 

Em 2014, já de olho no Palácio do Planalto e diante da recusa de Ciro Nogueira, dono PP, em lançar sua candidatura à Presidência, filiou-se ao PSC. Como a sigla também não lhe fez a vontade, reelegeu-se mais uma vez deputado federal (com 464 mil votos). Durante o impeachment de Dilma, dedicou seu voto ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, apontado como torturador durante a ditadura militar, o que lhe rendeu mais uma denúncia ao Conselho de Ética da Câmara (dessa vez por apologia à tortura). 

Em 2017, concorreu novamente à presidência da Câmara, mas obteve míseros quatro votos (o vencedor foi Rodrigo Maia). Ainda em 2017, sem garantias sobre o lançamento de sua candidatura ao Planalto, cogitou de migrar para o PSDC e chegou a assinar um compromisso de filiação ao PEN.

Em 2018, Gustavo Bebianno articulou a filiação de Bolsonaro e filhos e ao PSL de Luciano Bivar. Na condição de pré-candidato à Presidência, o ainda deputado se dedicou a fazer campanha Brasil afora. Sua candidatura foi oficializada em julho de 2018 e recebeu o apoio formal do PRTB, que indicou como postulante a vice o general Hamilton Mourão. À época, Bolsonaro ressaltou que, embora não tivesse amplas estruturas partidárias e dispusesse de pouco tempo de propaganda na televisão, confiava na espontaneidade dos seus apoiadores, que se mobilizariam em plataformas digitais e viabilizariam uma campanha massiva, mas de baixo custo.

No evento de lançamento da candidatura ao Planalto, defendeu a fusão de ministérios, a privatização de braços da Petrobras e o fim da "indústria de multas", fazendo referência às estradas e também a órgãos associados à defesa do meio ambiente e à fiscalização de condições de trabalho. Foram lançadas ainda as candidaturas dos filhos 01 ao Senado e 03 à Câmara Federal (o primeiro pelo Rio de Janeiro e o segundo por São Paulo). 

Nas pesquisas divulgadas ao longo de 2018, o candidato do PSL chegou a ser apontado como o segundo na preferência dos eleitores, atrás apenas do presidiário Lula, que ainda recorria da condição de inelegível, embora já apontasse o duble de poste e bonifrate Fernando Haddad como seu preposto. Iniciada oficialmente a campanha, Bolsonaro seguiu com sua agenda de viagens pelo Brasil até ser esfaqueado, internado e submetido a uma série de intervenções cirúrgicas. O caso teve ampla repercussão e não só colocou o candidato em evidência como lhe serviu de pretexto para escapar dos debates televisivos.

Tendo o antipetismo como principal cabo eleitoral, Bolsonaro confirmou sua liderança no primeiro turno (e ajudou a eleger diversos parlamentares e que o apoiaram em campanha — entre os quais os filhos Flávio Rachadinha, que conquistou uma cadeira no Senado, e Eduardo Bananinha, que passou a integrar a segunda maior bancada na Câmara Federal) e derrotou Haddad no segundo, (com 55% dos votos válidos) eleger. 

Na condição de presidente eleito, iniciou as tratativas para composição de seu quadro ministerial, que prometeu balizar por critérios técnicos (e não ideológicos). Empossado em 1 de Janeiro de 2019, defendeu ampla agenda de reformas, assumiu compromissos com o combate à criminalidade e à ideologia de gênero, alardeou um modelo conservador e tradicional para a "família", implementou um mote com os dizeres "Mais Brasil e menos Brasília" e defendeu o porte de armas, o excludente de ilicitude e o livre mercado como diretriz econômica. E deu no que deu.

Bolsonaro foi casado com Rogéria Nantes Nunes Braga Bolsonaro, vereadora no Rio de Janeiro entre 1993 e 2001 — com quem teve os filhos Flávio, Carlos e Eduardo, que também seguiram pelo política —, contraiu segundas núpcias com Ana Cristina Vale, com quem teve outro filho (Jair Renan), e, em 2007, com Michele Bolsonaro, com quem teve a menina Laura, hoje com 11 anos de idade. 

No âmbito judicial, o "mito" é investigado em seis inquéritos. O assim chamado inquérito das fake news, que tramita no STF, investiga um esquema de disseminação sistemática e organizada de informações falsas com o objetivo de fragilizar as instituições e a democracia. Outro inquérito (esse no TSE) investiga ataques sem provas às urnas eletrônicas e tentativa de deslegitimar o sistema eleitoral brasileiro. Além disso, aliados do presidente foram alvo de operações contra atos ofensivos à democracia e às instituições do Estado. Por último, mas não menos importante: dos cinco filhos que o capitão teve em três casamentos, quatro são investigados pela PF (a exceção fica por conta da caçula).

FONTESPortal da Câmara dos Deputados; Portal do Estado de São Paulo; Portal da Folha de São Paulo; Portal O Globo; Portal Jornal do Brasil; Portal IstoÉ; Portal Veja; Portal do Tribunal Superior Eleitoral; Portal de notícias do Jornal Extra; Portal do El País; Portal do jornal Estado de Minas.