A defesa do criminoso de Garanhuns ingressou com mais um
pedido de habeas corpus, desta vez alegando que o juiz federal Sérgio Moro, ao
aceitar o convite para integrar o ministério do presidente eleito, comprova a
tese de que não só foi parcial como teve motivações políticas para condenar o
ex-presidente e tirá-lo da corrida presidencial. Um dos argumentos que embasa
mais essa falácia petista é a declaração do vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, de que o convite foi
feito ainda durante a campanha eleitoral, e que Moro liberou
a delação do ex-ministro Antonio Palocci apenas seis dias antes do
primeiro turno das eleições para evitar a vitória de Haddad.
Do alto de sua incomparável sabedoria, certa ex-presidente penabundada
explorou esse fato numa série de mensagens publicadas em uma rede social.
Segundo ela, a liberação da delação prejudicou tanto sua candidatura ao Senado
por Minas Gerais quando a de Haddad
à Presidência. Outra sumidade que se manifestou foi o ex-ministro da Justiça no governo do molusco abjeto, Tarso Genro, para quem a aceitação do convite confirma as suspeitas sobre a isenção
de Moro, como juiz, nos processos lawfare encetados contra Lula.
O ministro Edson
Fachin determinou que o STJ, o TRF-4 e a 13ª Vara Federal do Paraná prestem informações “in continenti” e via malote digital,
após o que a PGR também deverá se pronunciar
“em idêntico prazo”. Na sequência, o processo deve ser submetido à 2ª Turma, em data a ser designada por seu presidente, ministro Ricardo Lewandowski. Esta será a primeira vez que a nova composição analisará um pedido de liberdade apresentado pela defesa do presidiário de Curitiba (para quem não se lembra, Dias
Toffoli assumiu a presidência do Supremo em setembro, e a ministra Cármen Lúcia ficou no seu lugar, na 2ª Turma).
Moro afirmou na
última segunda-feira (5) que não descumpriu sua promessa [de não ingressar na
política] ao aceitar o cargo de ministro da Justiça, e que considera esse posto
predominantemente técnico. “Não pretendo jamais disputar um cargo eletivo”,
afirmou o magistrado em sua primeira participação num evento público depois de
ter aceitado o convite. Disse ainda que fará parte do governo porque
percebeu que há uma série de receios infundados em relação à gestão do próximo
presidente e que poderia colaborar para desanuviar essas dúvidas. “Eu sou um
homem da lei. Também achei que minha participação poderia contribuir para
afastar esses receios infundados”, afirmou o ex-juiz da Lava-Jato, ressaltando não acreditar que Bolsonaro fará um governo autoritário.
Para fechar com chave de ouro, transcrevo um texto da juíza Erika Diniz, do Tribunal de Justiça de
São Paulo, publicado originalmente no Jornal da Cidade:
Há quatro anos, numa
tarde chuvosa, Moro sentia-se
entediado com seu trabalho. Ao invés de pedir uma remoção, resolveu engendrar
uma grande operação, a pretexto de combater a corrupção no país, mas que na
verdade teria o único objetivo de condenar e prender o ex Presidente Lula, alijando-o da disputa eleitoral. Assim
agindo, esperava obter um cargo no novo governo eleito.
Nem Aécio, nem Dilma, pensou ele, o próximo Presidente será o deputado Jair Bolsonaro, mas para isso Lula não deve disputar a eleição! Procurou,
então, a sede da Polícia Federal. Orientou centenas de agentes a forjarem
provas, depoimentos, testemunhas e laudos para que o ex Presidente fosse
condenado criminalmente. “Mas por que faríamos isso?”, perguntaram os agentes
em coro. “Porque quero um cargo no
novo governo a ser eleito”, respondeu o magistrado.
Achando justa a
pretensão, as centenas de agentes passaram a forjar as provas. A seguir, Moro procurou o Ministério Público e
orientou os procuradores a oferecerem denúncia sem provas, já que pretendia
obter o tal cargo. Os procuradores acharam razoável a ideia do juiz e
ofereceram a denúncia, sem qualquer prova. Não era suficiente. Moro sabia que a sentença condenatória
deveria ser mantida em Segunda Instância.
Há 27 desembargadores
no TRF4, mas Moro sabia em qual Câmara o recurso contra sua sentença seria
julgado. Procurou os desembargadores e os avisou: “Sei que minha sentença condenou o réu sem provas, mas os senhores
devem mantê-la tal como está, porque quero um cargo político no próximo governo”.
Entusiasmados com a ideia, os desembargadores não apenas mantiveram a sentença
condenatória sem provas, mas também exasperaram a penalidade imposta. Mas...
não era suficiente.
Moro sabia que seria
interposto recurso no STF. Incansável,
comprou passagens e rumou para Brasília. Reuniu todos os ministros e foi direto
ao ponto: “Os senhores deverão
manter minha sentença e também alterar a jurisprudência da Corte, para que seja
admitida a prisão após condenação em Segunda Instância, porque quero um cargo
no próximo governo, quiçá o de Ministro da Justiça!” Os ministros
pensaram consigo mesmos: “Lascou-se! Se esse juiz de Primeira Instância quer
tanto o Ministério da Justiça, vai acabar conseguindo. Melhor fazermos logo o
que ele quer, para não haver indisposição com o futuro Ministro da Justiça!”.
Se você achou essa
história plausível, a questão não é mais política, e sim psiquiátrica. Procure
um médico. Teorias da conspiração em excesso podem acarretar sérios danos à
saúde mental.