ENTRE UM
GOVERNO SEM IMPRENSA E UMA IMPRENSA SEM GOVERNO, FICO COM A SEGUNDA OPÇÃO.
O capítulo inaugural dessa minissérie foi ao ar no início do ano
passado, quando as TELES, capitaneadas pela Telefonica/VIVO,
resolveram estender para a banda-larga fixa as cotas (ou franquias) que já
utilizavam no serviço móvel via celular (redes 3G/4G), conforme eu escrevi no
post de 11 de março de 2016. Mas a coisa virou novela, e os episódios
subsequentes também foram alvo postagens (para seguir a novela em ordem
cronológica, clique aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).
Agora, todavia, parece que estamos próximos do final: no último
dia 13, a comissão de Defesa do Consumidor da Câmara Federal aprovou, por
unanimidade, o Projeto de Lei que veta as abjetas franquias na banda larga
fixa. O próximo passo é o trâmite na comissão de Ciência e Tecnologia e
Comunicações, e na comissão de Constituição e Justiça da Câmara, e, antes de
ser aprovado em caráter definitivo, ainda pode ser apreciado pelo Plenário da
Câmara, caso não sofra qualquer modificação.
Vamos continuar de olho.
Observação: A PGR pediu ainda a devolução do dinheiro desviado e mais R$ 154 milhões, a título de multa por reparação de danos materiais e morais.
Como este que vos escreve, muita gente votou em Fernando Collor, em 1989, simplesmente
porque não queria Lula na
presidência. Infelizmente, o resultado não foi dos melhores: depois de
sequestrar o dinheiro dos brasileiros (inclusive o que estava nas contas correntes
e cadernetas de poupança) e nem assim conseguir debelar a inflação galopante ―
herdada da infausta ditadura militar e agravada durante o governo Sarney ―, o pseudocaçador de marajás sofreu
um processo de impeachment e acabou renunciando às vésperas do julgamento ― para
tentar preservar seus direitos políticos, que o Congresso cassou mesmo assim,
diferentemente do que fez com Dilma
em 2016, quando ela foi deposta, mas não inabilitada ao exercício de cargos
públicos (mais uma vergonha avalizada pelo poder Judiciário, mas fazer o quê?).
Para corroborar o que eu venho dizendo há tempos ― e Pelé já dizia bem antes de mim ―, nosso
povo não sabe votar: Em 2006, seis anos após o fim da inelegibilidade e apenas
três semanas depois de ter lançado oficialmente sua candidatura, o
autodeclarado “homem macho de colhão roxo” foi eleito senador por Alagoas com 44,03% dos votos válidos, e
teve o mandato renovado em 2014 com 55,59% dos votos.
Também em 2014, num processo que o Supremo levou 20 anos para julgar, Collor foi
“absolvido” dos crimes de peculato, falsidade ideológica e corrupção passiva ―
por falta de provas; aliás, alguns ministros da nossa mais alta Corte parecem
ser incapazes de encontrar o próprio rabo, mesmo usando as duas mãos e um
lampião.
Mas não há nada como o tempo para passar: em agosto de 2015,
policiais federais estiveram na Casa da Dinda ― residência que Collor usava quando era presidente da
República ― e
apreenderam uma Ferrari,
um Lamborghini e um Porsche. É bom salientar que, de
acordo com sua declaração de rendimentos, o cara também era dono de uma Ferrari
Scaglietti, um BMW 760iA, um Cadillac SRX, um Land
Rover, um Toyota Land Cruiser, um Mercedes E230, um
Hyundai Vera Cruz, um Honda Accord, duas Hilux,
dois Kia Carnival, um Citröen C6 e um Gol
1.6 Rallye.
No mês seguinte, incapaz de refrear sua tradicional
beligerância (que ele confunde com indignação), Collor subiu à tribuna do Senado para se defender das acusações de
que um grupo ligado a ele teria recebido R$ 26 milhões em propina do esquema de
corrupção da Petrobras, classificou
a apreensão de seus automóveis como “espetáculo midiático” e ainda chamou
Rodrigo Janot de filho da puta (como se pode ver neste
vídeo).
Dias atrás, o ministro Edson
Fachin decidiu enviar à 2ª Turma do STF a denúncia apresentada pela PGR contra o senador
― bem como contra sua esposa e mais sete pessoas ― por corrupção passiva,
lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa. De acordo com a PGR, como formas de lavar de dinheiro,
o acusado teria adquirido a frota de carros de luxo, forjado empréstimos
fictícios perante a TV Gazeta de Alagoas
(no valor de cerca de R$ 35,6 milhões) e à Água
Branca Participações (mais R$ 16,5 milhões). Por meio de nota, sua
assessoria de imprensa afirmou que ele “aguarda com serenidade a decisão,
confiante de que o STF repudiará as
acusações irresponsáveis feitas pela PGR
exclusivamente com base nas palavras de delatores” (pois é, agora isso está na
moda).
No julgamento ― cuja data ainda não foi marcada ―, os
ministros vão decidir se transformam ou não o senador em réu. Compõem a Segunda
Turma, além de Fachin, os ministros Celso de Mello, Gilmar Mendes, Ricardo
Lewandowski e Dias Toffoli.
Observação: A PGR pediu ainda a devolução do dinheiro desviado e mais R$ 154 milhões, a título de multa por reparação de danos materiais e morais.
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