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sexta-feira, 9 de junho de 2017

O WINDOWS 10 AINDA MELHOR (Parte 3)

O QUE SE LEVA DESTA VIDA É A VIDA QUE A GENTE LEVA.


Nunca é demais lembrar: embora o Windows disponha de ferramentas nativas para limpeza do disco, correção de erros e desfragmentação dos dados, melhores resultados são obtidos quando usamos suítes de manutenção dedicadas. As minhas preferidas são o Advanced System Care, o Glary Utilities, o Steganos Tuning Pro e o CCleaner, mas para limpar e compactar o Registro ― tarefa para a qual o Windows não oferece de uma ferramenta nativa ― eu não abro mão do Wise Registry Cleaner.

Observação: As suítes citadas no parágrafo anterior foram avaliadas e comentadas no Blog; para mais informações, digite os respectivos nomes (um de cada vez, naturalmente) no campo de buscas e tecle Enter. Eu costumo facilitar o trabalho do leitor colocando os respectivos links, mas, como pouca gente clica neles; resolvi deixar a pesquisa para quem interessar possa.   

Vale relembrar também que a função de um Sistema Operacional é controlar o computador e dar suporte aos aplicativos. O Windows vai além, com um vasto leque de penduricalhos (cliente de email, agenda, editores de texto e imagens, antivírus, firewall, e por aí vai), mas seus recursos nem sempre estão à altura das nossas necessidades, tornando inevitável o uso de programas de terceiros. O problema é que todo aplicativo, qualquer que seja ele, ocupa espaço no disco e consome memória, ciclos de processamento e outros recursos valiosos, sem mencionar que podem conflitar entre si ou com o próprio sistema operacional, causando lentidão, instabilidade e travamentos recorrentes.

Observação: Freewares são uma tentação, mas o bom senso recomenda instalar somente aquilo que for realmente necessário. Até porque muitos desses programinhas vêm recheados de PUPs ― que se instalam sub-repticiamente, sem consentimento ou conhecimento do usuário, podem ser difíceis de remover.

Antes de instalar um software qualquer, veja se não existe um serviço baseado na Web que atenda às suas necessidades (desde que você disponha de uma banda larga decente, naturalmente). Como eles rodam a partir do seu navegador de internet, consomem menos recursos do computador do que seus equivalentes residentes, além de não exigirem qualquer tipo de instalação.

Por último, mas não menos importante: de tempos em tempos, reveja sua lista de programas instalados e remova tudo aquilo que você não usa. Remover programas é um procedimento simples, mas que costuma deixar resíduos e minar a performance do sistema como um todo. Portanto, em vez do desinstalador do próprio programa (ou do Windows, que geralmente funciona como um atalho para o desinstalador do aplicativo), use o Revo Uninstaller ou o IOBit Uninstaller, dentre outros, que fazem um trabalho mais aprimorado (mais detalhes nesta postagem).    

E como hoje é sexta-feira:

No aeroporto, prestes a embarcar para uma viagem de negócios, o marido pergunta à esposa:
- Querida, você prefere que eu lhe mande notícias por telefone, torpedo ou email?
A mulher responde:
- De preferência por transferência bancária.

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A conclusão a que se chega após o terceiro dia do julgamento de Temer (vamos combinar que essa história de “chapa” já deu o que tinha a dar; o que está em jogo é o mandato do peemedebista e ponto final) é de que há mais advogados de defesa do que juízes naquela Corte.

A despeito de todo o esforço do relator, somente os ministros Luiz Fux e Rosa Weber parecem predispostos a acompanhar seu voto (do qual este que vos escreve, do alto de sua ignorância, discorda somente da parte que se refere à realização de eleições diretas). Os demais magistrados, capitaneados pelo grandiloquente Gilmar Mendes, têm opinião formada, e, para não se submeterem ao vexame de julgar ao arrepio das provas, resolveram simplesmente não as admitir. É como dizer “olha, o sujeito invadiu a casa e roubou um roubou um ovo porque tinha fome, coitado; então, o que se discute é invasão de domicílio e roubo ― é certo que, durante a fuga, o cara matou o dono da casa, a mulher, os três filhos, o cachorro e o papagaio, mas isso não vem ao caso”.

Salta aos olhos que os ministros contrários à inclusão das provas das delações dos executivos da Odebrecht estão querendo beneficiar o presidente, e que fingem descaradamente que nada houve de errado do ponto de vista eleitoral na campanha de 2014, que caixa 1 com propina não é ilegal, e por aí afora. Ora, se fecham os olhos para os depoimentos da Odebrecht ― autorizados pelo próprio Tribunal ―, é porque não querem ver as ilegalidades, porque estão ali com um objetivo predefinido, e que farão o que for preciso para alcançá-lo. Para colocar em português claro: estão cagando e andando para as provas, para a Lei e para a opinião pública.

Sobrando tempo e jeito, assista ao vídeo a seguir (é curtinho, mas esclarecedor).



Para encerrar em grande estilo, minha homenagem a Michel Temer:


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quinta-feira, 8 de junho de 2017

O WINDOWS 10 AINDA MELHOR (Parte 2)

O CASAMENTO É UMA TRAGÉDIA EM DOIS ATOS: UM CIVIL E UM RELIGIOSO.

Computadores são compostos por dois sistemas distintos, mas complementares: o hardware e o software. O sistema operacional é o software mãe, mas sua performance depende de diversos fatores, dentre os quais a configuração de hardware ― ou seja, dos componentes físicos que integram o conjunto.

A Microsoft costuma ser “modesta” ao informar os requisitos mínimos para rodar o Windows. No caso do 10, ela fala em CPU de 1 GHz, 1 GB de RAM e 16GB de espaço no disco (para a versão 32-bit; para a 64-bit, os valores mínimos são 2GB e 20GB, respectivamente). Ainda que qualquer PC mediano de fabricação recente supere com folga essas exigências, não custa conhecer alguns “truques” que podem deixar o sistema mais “rápido”, especialmente se a configuração de hardware não é lá “uma Brastemp”.

Primeiramente, siga as dicas de manutenção preventiva que eu sugeri numa sequência de 7 postagens iniciada por esta aqui. Adicionalmente, caso não disponha de (pelo menos) 4GB de memória RAM, habilite o ReadyBoost (para mais informações, clique aqui).

Feito isso, remova da lista dos aplicativos iniciados automaticamente todos os programas que não precisam estar ali ― via de regra, com exceção das ferramentas de segurança, a maioria dos apps não precisa pegar carona na inicialização do sistema.

Observação: Inibir a inicialização automática de um programa não o impede de convocá-lo sempre que precisar dele, mas apenas evita que ele permaneça em stand-by, ocupando espaço na memória e consumindo ciclos de processamento da CPU. Talvez você perceba um pequeno delay quando acionar o aplicativo, mas nada além disso.

Nas edições anteriores do Windows, o gerenciamento dos aplicativos era feito através do Utilitário de Configuração do Sistema (o conhecido “msconfig”). No Ten, porém, isso é feito a partir da aba Inicializar do Gerenciador de Tarefas (que abrimos dando um clique direito num ponto vazio da Barra de Tarefas e clicando na entrada correspondente, ou então pressionando simultaneamente as teclas Ctrl+Shift+Esc). Para inibir a inicialização automática de um programa, você só precisa clicar com o botão direito sobre ele e, no menu suspenso, selecionar a opção Desabilitar. Feito isso, reinicie o computador e perceba a diferença.


ATUALIZAÇÃO SOBRE O JULGAMENTO DA CHAPA DILMA-TEMER

Depois de trocar farpas com o presidente do TSE, o relator Herman Benjamin suspendeu a leitura de seu voto ― que consumiu quase 4 horas ― e o julgamento da chapa Dilma-Temer foi suspenso até as 9h desta manhã.
O relatório didático, objetivo (a despeito de a versão original ter mais de 1.000 páginas) e difícil contestar pugna por manter no processo as delações da Odebrecht e dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura, mas para que isso seja feito é preciso que pelo menos três outros ministros votem nesse sentido, e Gilmar Mendes certamente não será um deles.

Segundo Veja publicou em seu site, Benjamin, citando o ministro Marco Aurélio (do STF), ponderou que o juiz não pode ter “uma atitude passiva, inerte, porquanto imparcialidade não se confunde com indiferença”, e defendeu que existe, sim, a possibilidade de o juízo convocar ex officio (por iniciativa própria) testemunhas que possam acrescentar ao tema investigado na ação. Gilmar Mendes ironizou: “Vossa Excelência teria mais um desafio: deveria deixar o processo em aberto e trazer a delação da JBS e talvez, na semana que vem, do ministro Palocci. Para mostrar com o argumento de vossa excelência é falacioso”. O relator não fugiu do embate. Disse que aceitava a provocação, mas que seu voto “estava inscrito nas petições iniciais” (referindo-se ao fato de os temas ligados à construtora Odebrecht guardarem relação com os crimes na Petrobras, e as irregularidades da empresa estarem no escopo de investigação da petição inicial do PSDB). “Nenhuma prova se fundou em vazamento de delação”, ressaltou o Benjamin, e devolveu a provocação: “Só os índios não contatados da Amazônia não sabiam que a Odebrecht fez colaboração premiada”.

Buscando conquistar aliados ― ou, no mínimo, evitar votos em que os ministros divergissem de seus próprios entendimento em casos análogos ―, Benjamin relembrou decisões de Napoleão, com quem costuma ter embates frequentes no STJ, de Luiz Fux, o único que o defendeu na sessão, e do próprio Mendes. Ao presidente da Corte, o relator teceu uma série de elogios e reforçou que, graças a ele [Mendes], um conhecido crítico do PT, que o processo ― arquivado pela então relatora Maria Thereza Moura ― foi reaberto, mas, àquela altura, o ministro nem sonhava que a principal punição caberia ao seu amigo de advocacia Michel Temer.

O julgamento foi suspenso depois de ser agendadas mais nove sessões ― entre esta quinta-feira e o próximo sábado, três a cada dia ― e já deve ter sido retomado (são 9h30 de quinta-feira, 8). A impressão que se tem é de que tudo conspira para favorecer Michel Temer: quatro dos sete ministros já sinalizaram a intenção de divergir do voto do relator, recriando o clima que se tinha antes da delação da JBS, quando tudo apontava para a absolvição de Temer. Considerando que Gilmar Mendes e Napoleão Nunes Maia são próximos do presidente, e Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira foram efetivados recentemente na Corte por indicação do Planalto, prevê-se um placar de 4 a 3, não pela falta de provas, mas pela pura e simples vontade de absolver o presidente Michel Temer

Ao final dos embates, saberemos se o TSE ouve o que diz a lei ou se atém também aos sussurros de quem acha que a Justiça deve subordinar-se ao quadro político e econômico que aflige o Brasil. A cassação da chapa seria líquida e certa se os magistrados se ativessem apenas a critérios jurídicos. Salta aos olhos que Dilma e Temer foram financiados por dinheiro sujo, que sempre souberam de onde vinham as doações multimilionárias e que desfrutaram sem remorso das relações promíscuas entre larápios com foro privilegiado, figurões do Executivo e bandidos de estimação premiados com o segredo do cofre do BNDES.

Como Dilma já foi deposta ― na pior das hipóteses, a anta vermelha terá seus direitos políticos cassados, coisa que não aconteceu durante o julgamento do impeachment devido a uma jabuticaba jurídica urdida por seus apoiadores e avalizada pelos então presidentes do Congresso e do Supremo ―, o protagonista desse dramalhão é Michel Temer, que só não será deposto se a maioria dos ministros usar como papel higiênico a legislação eleitoral e der ouvidos à falácia de que o Brasil não sobreviveria a mais uma troca de guarda no Planalto.

Nas palavras do jornalista Augusto Nunes, a absolvição da chapa faria do TSE mais um puxadinho dos podres poderes, habitado por juízes sem juízo, prontos para submeter-se aos interesses de empresários com medo de falência, ou pais da pátria com medo de cadeia. Nem por isso a esperança estará revogada. Os que sonham com a rendição do Brasil decente primeiro precisam conseguir a capitulação da República de Curitiba. É tarde demais para paralisar a Lava-Jato personificada não por Rodrigo Janot, mas pelo juiz Sérgio Moro.

ATUALIZAÇÃO 13h

Pelo que se viu dos debates desta manhã ― que continuaram a discutir as preliminares ―, Temer se deu bem na escolha dos dois ministros que indicou recentemente para o TSE. Claro que o julgamento do mérito ainda nem começou, mas a indicação de como a maioria dos membros da Corte vai se posicionar é de uma clareza meridiana. Acho que só nos resta contar com o Supremo para colocar ordem no galinheiro, já que as evidências de prática bem pouco republicanas, por parte do presidente da República, são claríssimas. Todavia, isto aqui é Brasil...


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terça-feira, 6 de junho de 2017

COMO DEIXAR O CHROME MAIS RÁPIDO (CONCLUSÃO)

O BANCO É UMA INSTITUIÇÃO QUE EMPRESTA DINHEIRO À GENTE SE A GENTE APRESENTAR PROVAS SUFICIENTES DE QUE NÃO PRECISA DE DINHEIRO.

Feitos os ajustes sugeridos no post anterior, reveja as extensões do seu navegador, que servem para ampliar a funcionalidade, mas consomem memória RAM. Note que algumas extensões são instaladas à sua revelia, de carona com freewares que você baixa da Web por exemplo, e podem não ter qualquer utilidade para você. Então:

― Repita os passos indicados no post anterior para acessar a tela de configurações do Chrome.
― Clique no menu Mais ferramentas e, em seguida, em Extensões.
― Na janela das extensões, desmarque o quadrinho ao lado de Ativada nos itens que você deseja desabilitar, mas manter. Para remover uma extensão (caso você decida que ela realmente não tem utilidade), clique no ícone da lixeira correspondente ao item em questão.
― Reinicie o navegador.

Abrir várias instâncias do browser (ou várias abas ao mesmo tempo) também provoca aumento no consumo de memória. Habitue-se a fechar as abas ociosas ou, se preferir, instale o plugin Great Suspender ― que monitora em tempo real as abas abertas e coloca em animação suspensa as que estão inativas.

Para adicionar esse complemento, torne a acessar a janela das configurações do Chrome, abra a tela das extensões, clique em Obter mais extensões, digite Great Suspender na caixa de pesquisas e tecle Enter. Quando localizar o programinha, clique sobre ele e em Usar no Chrome.

Concluída a instalação (que leva uns poucos segundos), reinicie o navegador e clique no ícone que agora será exibido à direita da barra de endereços (oriente-se pela ilustração desta postagem). No menu suspenso, selecione Configurações, ajuste o tempo de inatividade da página (o intervalo padrão é de uma hora, mas você pode alterar para qualquer outro entre 20 segundos e 3 dias ― sugiro 5 minutos) e torne a reiniciar o navegador.

ALGUÉM TEM DE FAZER O TRABALHO SUJO

Pela primeira vez na nossa história, um presidente da República é formalmente investigado no STF. Se vivêssemos num país sério, ele seria afastado até a conclusão do inquérito e reconduzido ao cargo ― por que não? ― se e quando sua lisura restasse comprovada. No entanto, como sua imprestável predecessora ― e Collor antes dela ―, Michel Temer não tem a grandeza de pôr os interesses nacionais acima dos pessoais.

― NÃO RENUNCIAREI. REPITO: NÃO RENUNCIAREI. SE QUISEREM, ME DERRUBEM! ― rosnou sua insolência, o dedo em riste demonstrando que o que lhe importa é se agarrar ao trono a qualquer preço. “Renunciar seria uma confissão de culpa”, completou. Mas, convenhamos: a esta altura do campeonato, será que alguém ainda acredita em suas justificativas estapafúrdias?

O problema é que todo mundo (ou quase) quer ver Temer pelas costas, mas ninguém quer fazer o trabalho sujo. O governo ruiu, mas o cara continua lá, aprovando coisas um tanto sem sentido, apenas para sinalizar que tudo está na mais perfeita ordem, na mais santa paz. Resta saber quando e como deixará o Planalto ― até porque, se já é uma temeridade (com o perdão do trocadilho) manter no comando da nação um dirigente impopular, avalizar a permanência de um corrupto seria inconcebível.

Descartada a renúncia e afastado o impeachment ― primeiro, porque Rodrigo Maia vai empurrar a coisa com a barriga enquanto puder; segundo, porque o processo demoraria demais, e o país dificilmente sairia ileso de outra deposição de presidencial, via Congresso, em menos de 18 meses ―, resta o inquérito no STF, mas a bomba deve explodir mesmo é no colo do TSE. Senão, vejamos.

O julgamento da ação proposta pelo PSDB após as eleições de 2014 ― a pretexto de “encher o saco do PT”, segundo revelou o senador ora afastado Aécio Neves em conversa gravada por Joesley Batista ―, vem se arrastando há anos, e já foi adiado no início de abril, a pretexto de dar mais prazo para os advogados de Dilma e Temer apresentarem suas alegações finais. Adiá-lo novamente, ainda que mediante um pedido de vista ― vale lembrar que dois novos ministros foram nomeados recentemente pelo próprio Temer ― será desmoralizante para o Tribunal.    

Por ironia do destino, o partido que se tornou o maior aliado do governo com o impeachment da anta vermelha se transformou no seu algoz. E agora, como bons tucanos que são, os peemedebistas mantêm um pé no poleiro e os olhos no TSE, prontos para bater asas e voar no instante em que a cassação lhes parecer inevitável. Outra curiosidade digna de nota: o retardamento do julgamento complicou ainda mais a situação do presidente, pois propiciou a inclusão de mais elementos contra ele. Se não há evidências de que o peemedebista recebeu dinheiro de caixa 2 para sua campanha de vice, não faltam provas de que a chapa recebeu e, portanto, ele se beneficiou dos mesmos recursos que garantiram a reeleição da petista.  

Depois de dizer que “os juízes não são de Marte”, dando a entender que lhes é impossível ignorar o cenário político e as consequências da cassação de (mais) um presidente, o ministro Gilmar Mendes garantiu que o julgamento será “jurídico e judicial”, que “o Tribunal não é joguete de ninguém” e que “não cabe à Corte resolver crise política”.

Antes do vazamento da delação dos donos da JBS, não havia dúvidas de que o TSE livraria a pele de Temer. Afinal, a última coisa de que o país precisa é outra troca de comando em tão curto espaço de tempo, especialmente quando o atual governo vinha tocando as reformas, e a Economia, dando sinais de recuperação. Agora, votos que eram contabilizados como favoráveis a sua permanência no cargo podem deixar de sê-lo, tanto pela “pressão da crise” quanto pelo instinto de preservação dos ministros, que dificilmente conseguiriam explicar por que mantiveram um presidente altamente impopular e, ainda por cima, investigado por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça.    

Para agravar ainda mais o quadro, o ministro-relator Hermann Benjamin ― cujo relatório resultou num calhamaço de mais 1.000 páginas ― defende eleições diretas para a escolha do próximo presidente. Na sua avaliação, se a eleição de 2014 sagrou vencedora uma chapa que comprovadamente fraudou o pleito, desrespeitou a vontade popular e, portanto, deve ser anulada, o que dispensaria o cumprimento do artigo 81 da Constituição ― que estabelece eleições indiretas (pelo Congresso) no caso de vacância a partir de dois anos do mandato.

A tese é polêmica. Se a eleição for anulada, não seria o caso de empossar a chapa derrotada? A meu ver, isso faria mais sentido, mas o problema é que o tucano também foi ferido de morte pela delação de Joesley Batista, e só não foi preso porque a Lei determina que um parlamentar (deputado estadual, federal ou senador) só pode ser preso em flagrante e por crime inafiançável.

Ir contra a Constituição ― ou alterá-la ao sabor de interesses específicos de grupos que veem nesse imbróglio a oportunidade de tirar proveito pessoal da situação ― seria um atentado ao Estado de Direito. Em outras palavras, um verdadeiro “golpe” ― bem diferente do rito legal que apeou a presidência a gerentona de araque, mas que ela e seus incorrigíveis apoiadores insistem em classificar de golpe de Estado.

Como bem ponderou o jornalista Carlos José Marques no editorial da revista IstoÉ desta semana, a “jabuticaba” da eleição direta tampão, notadamente se criada por um Congresso desmoralizado e envenenado pela corrupção, seria a oficialização da anarquia demagógica, a consagração da república do jeitinho. A esta altura, mesmo uma eleição indireta poderia empurrar o país para a judicialização, levando ao insurgimento dos demais Poderes e incitando os agitadores de plantão.

Fato é que Temer só não foi expelido do Planalto porque falta consenso em torno do seu eventual sucessor. Os parlamentares não estão dispostos a abrir mão das eleições indiretas nem de escolher um de seus pares para o mandato-tampão. O quadro é periclitante, mas não existe no Brasil nada tão ruim que não possa piorar.

Como diz um velho ditado, “em casa onde falta pão, todos gritam e ninguém tem razão”. Pelo visto, situação e oposição querem tirar a castanha com a mão do gato ― ou seja, desejam que o serviço sujo seja feito, desde que não tenham de sujar as mãos. Daí estarem todos de olho no julgamento no TSE.

Volto amanhã com uma breve análise do perfil dos sete ministros que selarão o destino do presidente e redefinirão os rumos desta pobre nação. Até lá.

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sábado, 22 de abril de 2017

AS DELAÇÕES BOMBÁSTICAS E O CASO DA CHAPA

Há poucos dias, a bola da vez no estapafúrdio cenário político tupiniquim era o tão aguardado julgamento da chapa Dilma-Temer pelo TSE. Agora, depois que a suspensão do sigilo da Delação do Fim do Mundo abalou Bangu, digo, abalou Brasília, os holofotes vêm focando nos depoimentos dos delatores, que, ouvidos da boca dos ditos-cujos, com direito e episódios de inequívoco escárnio, tornam-se ainda mais revoltantes. Mas tudo isso já foi coberto em outras postagens, além de estar na mídia 25 horas por dia, 8 dias por semana, de modo que vamos deixar esse assunto de lado por alguns minutos e voltar ao processo de cassação da infausta chapa ― mais um caso típico de “parto da montanha”, ou, em bom português, de muito peido e pouca bosta.  

A tão aguardada audiência terminou minutos depois que começou, porque os ministros acharam que seria preciso dar ainda mais uns dias para os advogados de Dilma apresentarem sua defesa, e, para garantir que nada aconteça, resolveram que as partes podem também convocar novas testemunhas ― que sabe Adão e Eva e a Serpente. Enfim, adiaram tudo novamente e o caso, que ninguém já levava a sério, descambou de vez para a palhaçada.

A assinatura oficial dessa obra de autoria coletiva que soma esforços de juristas, políticos e partidos ― e que o jornalista J.R. GUZZO definiu como uma das peças mais notáveis do acervo em exibição no Museu de Horrores do Estado brasileiro, com seu Tribunal Superior Eleitoral, os 27 tribunais regionais e mais de 20.000 funcionários e funções desconhecidas em qualquer democracia bem sucedida do mundo, onde jamais se julgou necessário criar uma “justiça eleitoral” para fazer eleições ― é da Justiça Eleitoral, que está examinando o caso desde o final de 2014.

O “delito” sub judice é um fenômeno, na medida em que poderia tornar “inelegível” uma chapa que foi eleita há mais de dois anos, deporia de novo do cargo uma presidanta que já foi deposta e mandaria para a rua o presidente atual, cujo mandato termina já no ano que vem. E como se isso não bastasse, o relator da patranha julgou necessário escrever um relatório de 1032 páginas (!) ― mais que isso, só a Bíblia.

Mais uma vez, como vem acontecendo nos últimos 500 anos, “prevaleceu o bom-senso”, como observou um dos marechais de campo da tropa política de Brasília. E quando a gente ouve uma figura pública dizer que prevaleceu o bom-senso, podemos ter certeza de que nos estão batendo a carteira.
O que prevaleceu, mesmo, foi o interesse de cada um. Ninguém gosta do presidente, ou diz que não gosta, mas todos querem que ele fique. O PT finge que está em guerra contra o governo; nas ruas, a militância grita “Fora, Temer”, mas nas conversas para valer, os chefes do partido dizem “Fica, Temer”. O PSDB, que começou a ação para anular a chapa Dilma-Temer, reduziu sua cobrança pela metade: como Dilma já foi, quer que Temer fique. O senador Renan Calheiros, o cangaceiro das Alagoas, se transformou de vinho em água e todo dia requisita os jornalistas para dizer-lhes que agora é um homem de oposição, aliado de coração do ex-presidente Lula e inimigo figadal de Michel Temer.

Ninguém, enfim, quer o que diz ― nem o TSE quer julgar coisa alguma. Estão todos pensando, apenas, em como tirar proveito do que pode acontecer em 2018, e em permanecer fora da cadeia até lá. É o Circo Marambaia. E se você não percebeu quem os políticos, ministros de tribunais, gênios dos partidos etc. escolheram para fazer o papel de palhaço nesse picadeiro, olhe-se no espelho.

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