ATUALIZAÇÃO:
A continuação da franquia Santa Inquisição, ora encenada na suposta Casa do Povo, foi pródiga em grosserias e por pouco não terminou em grossa pancadaria. Mais uma demonstração cabal de que somos representados politicamente por gente que não vale o que come — embora o correto fosse dizer “não vale a merda que caga”, não vou fazê-lo para não ser indelicado.
Na sessão, que durou cerca de 8 horas, repetiram-se ipsis litteris as perguntas feitas pelos senadores no capítulo anterior. E os deputados de oposição criticaram Moro por das as mesmas respostas. Queriam o quê?
Prosseguindo com o que eu dizia no post da última segunda-feira sobre os processos em que Lula é réu, a ação que trata do tríplex no Guarujá já foi julgada em primeira, segunda e terceira instâncias. O então juiz Sérgio Moro condenou o ex-presidente a 9 anos e meio de prisão, o TRF-4 aumentou a pena para 12 anos e 1 mês e o STJ a reduziu para 8 anos e 10 meses. Foi por conta desse processo que o petralha acabou no xadrez.
A continuação da franquia Santa Inquisição, ora encenada na suposta Casa do Povo, foi pródiga em grosserias e por pouco não terminou em grossa pancadaria. Mais uma demonstração cabal de que somos representados politicamente por gente que não vale o que come — embora o correto fosse dizer “não vale a merda que caga”, não vou fazê-lo para não ser indelicado.
Na sessão, que durou cerca de 8 horas, repetiram-se ipsis litteris as perguntas feitas pelos senadores no capítulo anterior. E os deputados de oposição criticaram Moro por das as mesmas respostas. Queriam o quê?
Por volta das 21h40, o psolista Gláuber Braga vaticinou que “a história
não absolverá” Sérgio Moro, que ele
será lembrado “como o juiz que se corrompeu, como um juiz ladrão” — como se
sabe, gente imprestável costuma medir os demais por sua própria régua. Parlamentares
saíram em defesa do ministro, e o tempo fechou. Moro deixou o recinto sob
gritos de “fujão” — o mesmo tratamento dispensado pela patuleia a Paulo Guedes, como o leitor certamente
se lembra.
Houve vários momentos de tensão. Num deles, bateram boca o petista
Rogério Corrêa, que chamou Dallagnol de “mau elemento” e “cretino”,
e o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir, que saiu em defesa do
procurador. O presidente da CCJ, Felipe Francischini, ameaçou encerrar a
reunião durante a discussão, mas os ânimos serenaram (mais ou menos) e o circo
seguiu adiante.
A estratégia da esquerda, que ficou clara desde o início da
audiência, era pôr em dúvida a imparcialidade de Moro na condução dos processos da Lava-Jato. Gleisi Hoffmann
(nome que dispensa apresentações), questionou a relação da esposa do ministro
com o advogado trabalhista Carlos
Zucolotto, a quem o doleiro Rodrigo
Tacla Duran, denunciado na Lava-Jato,
atribui suposto contato para intermediar sua delação, além de perguntar se Moro ou a mulher têm contas no
exterior. O ex-juiz repudiou a pergunta sobre Zucolotto e, em relação às contas, disse tratar-se de maluquice. “Não
sou eu que sou investigado por corrupção”, disse Moro a Gleisi — que não
é ré, mas responde a denúncias sobre recebimento de propinas da Odebrecht em
sua campanha de 2014.
Indagado sobre nulidades em processos envolvendo o picareta
dos picaretas, o ministro afirmou: “É de se perguntar, realmente, quem defende
então Sérgio Cabral, Eduardo Cunha, Renato Duque, todos esses inocentes que teriam sido condenados
segundo o Intercept”. “Sobre anulação de casos do ex-presidente, nós precisamos
de defensores então dessas pessoas para defender que elas sejam imediatamente
colocadas em liberdade, já que foram condenados pelos malvados procuradores da Lava-Jato, os desonestos policiais e o
juiz parcial”.
Moro disse ainda que, por trás das mensagens — que classificou de “balão cheio de nada” — existe uma “tentativa criminosa” de invalidar condenações da Lava-Jato, e que tem certeza de que se, durante a condução da Operação, tivesse se omitido, deixado a corrupção florescer, virado os olhos para o outro lado, agora estaria sofrendo esses ataques.
Moro disse ainda que, por trás das mensagens — que classificou de “balão cheio de nada” — existe uma “tentativa criminosa” de invalidar condenações da Lava-Jato, e que tem certeza de que se, durante a condução da Operação, tivesse se omitido, deixado a corrupção florescer, virado os olhos para o outro lado, agora estaria sofrendo esses ataques.
Cenas burlescas como essas me fazem pensar se Bolsonaro não tem razão quando afirma
que o maior erro da ditadura (ditadura que, por vezes, ele próprio nega ter existido)
foi torturar e não matar. A que ponto chegamos!
Prosseguindo com o que eu dizia no post da última segunda-feira sobre os processos em que Lula é réu, a ação que trata do tríplex no Guarujá já foi julgada em primeira, segunda e terceira instâncias. O então juiz Sérgio Moro condenou o ex-presidente a 9 anos e meio de prisão, o TRF-4 aumentou a pena para 12 anos e 1 mês e o STJ a reduziu para 8 anos e 10 meses. Foi por conta desse processo que o petralha acabou no xadrez.
Com base na alegada parcialidade de Moro, a defesa busca anular o julgamento e todos os atos processuais
subsequentes. Para tanto, já impetrou mais de 100 recursos perante todas as
instâncias do Judiciário. O julgamento do pedido de suspeição — ora
“robustecido” pela juntada aos autos do material obtido por hackeamento digital
e vazado seletivamente pelo site esquerdista The Interceptor — foi retomado na última terça-feira, 25, mas
a 2ª Turma do STF decidiu adiá-lo para depois do recesso e rejeitar por 3 votos a 2 (nem é
preciso dizer de quem foram esses dois votos) a sugestão do ministro Gilmar Mendes, que, assumindo o papel
de advogado do réu, propôs a concessão de uma liminar que libertasse o “paciente”
e o mantivesse fora da cadeia até que o mérito do HC fosse finalmente julgado. Depois essa gente ainda reclama quando é achincalhada
nas manifestações de rua em favor da Lava-Jato
e de Sérgio Moro.
Observação: A despeito do carnaval que se vem fazendo a
propósito das conversas atribuídas a Moro,
Dallagnol e outros procuradores da Lava-Jato, o material vazado por Gleen
Greenwald carece de comprovação — tanto é que o processo administrativo
disciplinar aberto contra o coordenador da força-tarefa no Paraná foi arquivado
pelo corregedor nacional do MPF, Orlando Rochadel. Nas palavras do
próprio Rochadel: "Ainda que as mensagens em tela fossem
verdadeiras e houvessem sido captadas de forma lícita, não se verificaria
nenhum ilícito funcional".
Outra ação julgada em primeira instância trata do
folclórico sítio Santa Bárbara, em
Atibaia. Segundo o MPF, o ex-presidente foi um dos mentores e articuladores do
pagamento de propina pela Odebrecht
e OAS mediante um esquema envolvendo
a nomeação de diretores da Petrobras orientados à prática de crimes em
favorecimento das empreiteira. Entre os executivos indicados por ele — e também
denunciados pelo MPF — figuram Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Nestor Cerveró. Na sentença, a juíza federal substituta Gabriela Hardt, que ficou à frente da 13ª
Vara Federal do Paraná desde até o juiz Luiz
Antonio Bonat fosse efetivado, condenou Lula a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção
ativa, passiva e lavagem de dinheiro. Tanto os réus (são 9 ao todo) e o Ministério Público recorreram; a defesa de Lula busca
anular a condenação e os procuradores, aumentar
a pena aplicada pela magistrada.
Espera-se que a 8ª
Turma do TRF-4 liquide esta fatura logo após o recesso do Judiciário. Se a
condenação for confirmada, Lula verá pelo binóculo a
possibilidade de deixar a prisão ainda este ano, ao menos sem depender da
concessão de um habeas corpus pelo STF. E ainda que os togados supremos rediscutam
a novela da prisão em segunda instância — Toffoli
disse recentemente que isso pode ocorrer
ainda neste ano, dependendo das “janelas” da pauta da Corte — e decidam
que o cumprimento da pena só deverá ter início após a condenação em terceira instância,
é bom lembrar que a 5ª Turma do STJ reconheceu
por unanimidade a culpa do petista, embora
tenha reduzido sua pena para 8 anos e 10 meses e 20 dias.
Observação: Apesar de o sítio estar em nome de “laranjas”,
ficou sobejamente demonstrado que Lula
era o proprietário de fato. Quanto a provas documentais, há que ter mente que “ninguém assina recibo de corrupção” —
em outras palavras, a despeito de ser difícil haver provas diretas em casos de
corrupção e lavagem de dinheiro, um conjunto robusto de indícios é, sim,
suficiente para incriminar alguém, e no caso do sítio, a exemplo do tríplex, um
conjunto gigantesco de provas indiciárias foram carreadas aos autos. Os
petistas argumentam que, a exemplo do tríplex, o sítio “jamais pertenceu a Lula”, como comprava o registro da
escritura em nome de Jonas Leite
Suassuna Filho e Fernando Bittar.
Ambos são (ou eram) sócios do “Ronaldinho
dos Negócios” — como o ex-presidente se referia a seu primogênito — e
teriam comprado a propriedade, segundo a defesa, para oferecer ao ex-presidente como uma “área de descanso”. Quanta
gentileza!
Para não alongar demais este texto, o resto fica para uma próxima postagem.