UM BATE-PAPO INFORMAL SOBRE INFORMÁTICA, POLÍTICA E OUTROS ASSUNTOS.
sexta-feira, 27 de outubro de 2017
QUEM NÃO APRENDE COM OS ERROS DO PASSADO VOLTA A COMETÊ-LOS NO FUTURO
terça-feira, 24 de abril de 2018
A LAVA-JATO CHEGA AO TUCANATO ― 2ª PARTE
Com a derrota de Aécio em 2014, o partido entrou em parafuso. Sua crise intramuros se aprofundou a tal ponto que ora atinge o estado de São Paulo, maior colégio eleitoral do país e tradicional reduto do tucanato. Em 2006, quando deixou o governo para disputar a presidência, Alckmin tinha com 66% de aprovação, mas foi derrotado por Lula. Agora, com apenas 36% de aprovação, a coisa tende a ficar pior devido ao tsunami da Lava-Jato.
segunda-feira, 12 de novembro de 2018
AUMENTO DE SALÁRIO DOS MINISTROS SUPREMOS — PRIMEIRA DERROTA DE BOLSONARO NO CONGRESSO?
Não que o PSDB fosse o obelisco da honestidade, longe disso: criado a partir de uma costela do PMDB, o partido dos tucanos caiu nas graças dos brasileiros devido ao sucesso do Plano Real e teve seu momento de glória nas eleições de 1994. Mas deixou a esquerda criar asas e se transformou num cemitério de egos que até hoje não aprendeu que brigar entre si não serve como treinamento para lutar contra os verdadeiros adversários. Assim, perdeeu as eleições de 2002 para o PT, não se empenhaou em reverter o quadro em 2006 e 2010 e entrou em parafuso com a derrota de Aécio em 2014.
Ao virar as costas para a opinião pública, o PSDB perdeu a chance de resgatar a imagem de alternativa lógica para quem não aguanta mais tanta corrupção. Depois de décadas disputando o cenário eleitoral com o PT seus satélites, não se deu conta de que Dória seria a melhor alternativa para disputar o Planalto nas últimas eleições — para que Alckmin tivesse chance, seria preciso que o eleitorado fosse mais esclarecido e politizado; com a população dividida entre petistas e antipetistas, a candidatura do insosso picolé de chuchu estava fadada ao fracasso. Assim, somada ao crescente repúdio a Lula e ao PT, a inépcia do tucanato favoreceu a ascensão de um deputado do baixo clero que em 7 mandatos consecutivos teve apenas dois projetos aprovados — mas que desde a reeleição de Dilma, em 2010, vinha se preparando para seu momento de glória.
Se Bolsonaro está pronto para assumir o timão da Nau dos Insensatos, só o tempo dirá. As dificuldades são enormes, como também a oposição a seu governo — que nem começou oficialmente e já sofreu uma derrota monumental: a aprovação do aumento salarial dos ministros do STF deve aumentar em R$ 4 bilhões o déficit público em 2019. Esse “reajuste” — como alguns preferem chamá-lo — foi defendido e comemorado por 7 dos onze ministros da nossa mais alta Corte. Apenas Celso de Mello, Cármen Lúcia, Edson Fachin e Rosa Weber entenderam que o contexto atual demanda cortes nos gastos públicos, e não sua majoração. Ricardo Lewandowski — o eterno rábula petista de São Bernardo do Campo — teve a cara de pau de dizer que juízes aposentados e pensionistas vivem “em situação de penúria” com o salário atual (R$ 33,7 mil mensais). O que dizer, então, dos trabalhadores comuns, cuja medida salarial é de R$ 2.222 por mês — isso para os ainda têm emprego —, e da esmagadora maioria de aposentados e pensionistas dos INSS, que subsistem com míseros R$ 940 mensais?
terça-feira, 2 de março de 2021
O PAÍS DO FUTURO INCERTO E PASSADO DUVIDOSO
Se os brasileiros se preocupassem com a educação como se preocupam com o carnaval, se pensassem em mestres-escolas como pensam em mestres-salas e se fossem capazes de organizar a volta às aulas com a destreza com que organizam festas clandestinas em meio à pandemia, não haveria um único analfabeto nesta banânia, que que tampouco teria como presidente um psicopata que é avesso à educação, à ciência, ao meio-ambiente, à democracia e à cultura, que parece agir motivado por uma espécie de vingança rancorosa, perversa e destrutiva.
Numa democracia que se desse ao respeito, um mandatário dessa
estampa seria expelido do cargo e internado num manicômio; no país do futuro
que nunca chega, populistas delirantes contam desde sempre com o “dedo podre” de
um eleitorado majoritariamente apedeuta, que merece tanto o governante que tem
quanto ser internado junto com ele (ou sepultado, melhor ainda).
Nossa republiqueta de almanaque atravessou o século passado e
adentrou o atual combinando diferentes momentos históricos na mesma conjuntura,
como se houvesse múltiplos brasis dividindo o mesmo espaço territorial, mas
movendo-se através da história por rotas e linhas de tempo distintas, sem
qualquer senso de unidade. Daí Bolsonaro
não ser um acidente da política, mas sim um produto desses múltiplos brasis que
não conversam entre si. O que nos leva a duas perguntas: 1) Como resolver
constitucionalmente esse obstáculo? 2) Quem se habilita a derrotar o mandatário
de fancaria e seus extremistas?
O projeto do capitão das trevas é de uma clareza meridiana,
mas os planos dos luminares da oposição seguem obscuros. Só o que se ouve dos
ditos doutores na ciência da política é a necessidade do aguardo. Aguardar para
onde vai a economia, aguardar para onde caminhará a popularidade do presidente,
aguardar os efeitos da pandemia, aguardar o momento correto de fazer alianças,
aguardar a melhor conveniência de filiação partidária, e por aí vão os
oponentes, numa espera cujo resultado pode ser o de não alcançarem o propósito
pretendido.
Na campanha de 2018, o candidato Jair Messias Bolsonaro dizia que não concorreria a um segundo
mandato. Uma vez eleito e empossado, o presidente Jair Messias Bolsonaro assumiu jurou que não seria candidato à
reeleição. Mas a falsa promessa não durou um mês. Já em fevereiro, quando
demitiu Gustavo Bebianno, deu início
ao projeto da reeleição, escudado na opinião dos filhos, que estruturam o
plano. Fala-se inclusive que Dudu
Bananinha quer que o pai fique no cargo até 2026, quando ele, Dudu, poderá disputar o trono. Na cabeça
desse bando de malucos vivemos numa monarquia absolutista, onde o pai é rei e
os filhos, os príncipes herdeiros.
Com essa ideia na prancheta e nada na cabeça, o clã passou a
articular o novo mandato. Despiu-se do legalismo de Moro — que, com sua política de combate à corrupção, afastava o
bando do Centrão do núcleo duro do
poder —, defenestrou Mandetta da
Saúde, aparelhou a pasta e implantou a cultura da cloroquina no combate à Covid. De passagem, mandou às favas o
liberalismo de Paulo Guedes, criando, assim, condições objetivas para o
fortalecimento do toma-lá-dá-cá.
Sem os éticos a atrapalhar suas pretensões pouco
republicanas e cercado por militares de pijama pouco afeitos ao bem público, o
capitão da caverna sem luz arquiteta o segundo mandato — um escárnio, para quem
produziu mais de 250 mil mortes como a maior marca de seu governo — e se escora
nos que desejam romper o lacre do teto de gastos para promover uma gastança
eleitoreira sem precedentes.
Bolsonaro
aprendeu com Lula, o impoluto, que
engordava a barriga dos nordestinos com o Bolsa Família, e agora quer fazer com
que os pobres abandonem o berço petista e se deitem na cama bolsonarista — um
governo do regime militar disfarçado de civil — usando o dinheiro dos
contribuintes para bancar seu projeto de se eternizar no poder.
Indecisos por definição, os tucanos — que mijam no corredor em casa que tem mais de
um banheiro — entraram em parafuso depois de perder a presidência para Lula em 2002 e não conseguir recuperá-la
em 2010 ― e teriam conseguido se não tivessem transformado o PSDB num cemitério de egos que brigam
entre si como treinamento para lutar contra os verdadeiros adversários. Agora, fiéis
à dubiedade que sempre os caracterizou, os tucanos expõe na vitrine de
presidenciáveis João Doria e Eduardo Leite). Divide ut regnes,
ensinou Maquiavel, mas é bom não
perder de vista que a união faz a força e que, em determinados casos, menos é
mais.
Pela esquerda, o criminoso condenado já orientou seu
patético bonifrate a cair na estrada (talvez caia mesmo, e jamais torne a se
levantar). Ciro Gomes, que concorreu
em 1989, 1994, 1998, 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018 e só ganhou experiência, prepara-se
para mais uma tentativa inglória de ser presidente do Brasil. O PCdoB deve levar à disputa o atual
governador do Maranhão, Flavio Dino,
e o Psol, o agora réu Guilherme Boulos.
Especula-se que Mandetta,
Moro e Amoedo corram pela raia central, mas parece que nenhum deles se deu
conta do curto espaço de tempo que separa a intenção da necessidade de falar ao
público na condição de candidatos ou desocupar a moita. O que se vê é uma
indecisão pretensamente estudada, travestida de sábia precaução, talvez porque
tudo o que fizerem ou disserem a partir de agora terá como referência a
perspectiva presidencial — qualquer conversa com qualquer um deles incluirá indagações
sobre o que pensam em fazer diferente de Bolsonaro
caso consigam desalojá-lo do Planalto. Uma postura incongruente com a ideia
defendida por alguns deles sobre a urgência da interrupção do mandato do atual
mandatário, pois eles deveriam ser os primeiros a ter em mãos um cardápio
pronto com as coisas que precisariam ser removidas e aquilo a ser posto no
lugar. Isso com organização, senso de urgência, noção de prioridade,
conhecimento de causa, linguagem inteligível para a maioria e coragem para dar
o primeiro passo na caminhada em que Bolsonaro
está léguas adiante, tocando sua campanha sem oponentes no campo objetivo do
embate de projeto de país.
Bolsonaro abriu
expressiva dianteira e enormes flancos que seus adversários poderiam explorar
dizendo-se — à moda de Joe Biden,
que logo de início revogou decisões do antecessor consideradas prejudiciais aos
Estados Unidos — dispostos a rever posições da atual gestão nos campos interno
e externo que levaram o Brasil a retroceder no trato do meio ambiente, na
diplomacia, no manejo da saúde pública, na produção de cultura e até na
confiança na firmeza da democracia. Seria um bom início de conversa apresentar
uma lista dessas — e bem objetiva, para que o eleitorado veja com clareza o que
cada um faria para, além de melhor governar, consertar as obras de
desconstrução em diversos setores do país levadas a cabo pelo mandatário a que
entrará para história como um dos piores presidentes de todos os tempos.
quarta-feira, 17 de novembro de 2021
MORO LÁ — SERÁ? (PARTE 3)
Nunca, desde a redemocratização, uma eleição presidencial foi igual a outra no Brasil. As peculiaridades estiveram presentes até mesmo naquelas em que o(a) chefe da nação foi reeleito(a). Em 2022, tudo será bem diferente do que foi em 2018. A começar pela duração da campanha, que, oficialmente, será de apenas 45 dias, mas durará bem mais que as anteriores, pois começou ainda no primeiro ano da atual gestão. A prevista radicalização não chega a ser novidade, mas não faltam ineditismos, como o fato de o embate reunir o mandatário atual e um ex-presidente e envolver o bate-cabeça da oposição aos dois.
O maior problema desse campo nem é o mar de pretendentes, mas o deserto de ideias. Bem ou mal, nas eleições anteriores havia um conceito por trás das candidaturas. Em 1998, Fernando Henrique já não contava com o impacto positivo do Plano Real que o elegeu em 1994 e, em meio a uma crise econômica, precisou se valer do receio da sociedade de perder os ganhos obtidos com o fim da inflação.
Em 2002, Lula lançou mão da esperança (“venceu o medo”, lembram-se?) de que uma mudança radical liderada por “um brasileiro igualzinho a você” proporcionasse o almejado bem-estar social absoluto. Em 2006, o grande ativo do mandatário mergulhado no escândalo do mensalão foi o céu de brigadeiro da economia e o auxílio precioso da campanha errática da oposição. Em 2010, no auge da popularidade, o corrupto se fez suceder por uma "gerentona de araque" que vendia a expectativa de dias ainda melhores pela frente. Em 2014 instituiu-se o reino das fake news numa campanha de sórdida ousadia, que, aliada ao ilusório “já ganhou” em Minas Gerais, levou Aécio Neves à derrota por muito pouco e permitiu à presidanta a renovação do mandato — que perderia dois anos depois, por incompetência e trapaças outras.
No intervalo entre a ressaca do impeachment e a próxima eleição, assumiu o vice-presidente — que deixaria o cargo com inacreditáveis 4% de avaliação positiva. Lula estava preso, fazendo campanha fictícia com uma candidatura àquela altura impossível, e a oposição meio engatada no barco do Vampiro do Jaburu, meio confiante na atração de votos por gravidade. O clima era de desesperança.
Nesse ambiente surgiu o babalorixá dos bolsomínions, vendendo seus devaneios extremistas. Colou. A despeito de todos os pesares daí decorrentes, emocionou. De um lado quem estava disponível para aquele tipo de emoção e, de outro, quem acreditou não haver outra forma de impedir a volta do PT. Boa ou ruim, houve motivação. Justamente o que falta para a próxima eleição.
Estamos em campanha há três anos. Tempo suficiente para que
os partidos dispostos a correr na pista do centro da avenida eleitoral entre os
dois ditos extremos já tivessem encontrado algo de consistente e, sobretudo,
inspirador, para dizer àqueles de quem pretendem atrair os votos.
Os líderes nas pesquisas tratam de assegurar suas reservas
de mercado. Falam para as respectivas “bolhas”, inflando a rejeição mútua da
qual ambos são dependentes. Mesmo que donos de portentosos telhados de vidro,
ainda detêm o monopólio dos discursos ditos de direita e de esquerda. Repetem-se
e fazem isso porque os supostos concorrentes não os obrigaram a se mexer para
além da área de conforto.
Cada qual à sua maneira, Lula e Bolsonaro tocam corações. Apresentam-se em cores fortes, enquanto seus opositores se vestem em tom pastel na pregação genérica da pacificação política, da desigualdade social e do crescimento econômico. Bons temas, mas por ora carentes de abordagem vigorosa, original e, sobretudo, factível. Quanto a terceira via...
A entrada de Moro em campo chacoalhou a já tumultuada campanha de prévias do tucanato, que vê a candidatura do ex-juiz com apreensão. pré-candidatura é vista com atenção. Moro já aparece em terceiro na pesquisa eleitoral divulgada pela Genial Investimentos e Quaest Consultoria no último dia 10, com 8% das intenções de voto, atrás apenas do ex-presidiário ex-corrupto, com 57%, e do capetão-negação, com 27%, e tecnicamente empatado com o cearense de Pindamonhangaba — que disputou a Presidência em 1998, 2002 e 2018 (e foi derrotado todas as vezes).
Ciro afirma que "o Brasil não pode eleger um juiz ladrão". Eu, particularmente, não discuto com especialistas e respeito a competência do ex-ministro de Lula como candidato — ele compete, compete, compete, mas nunca vence.
Observação: Em entrevista à rádio O POVO CBN, o senador Eduardo Girão (que apresentou voto em separado pela "extinção melancólica da CPI do Genocídio") elogiou a pré-candidatura de Moro à Presidência. Segundo o parlamentar cearense, o ex-ministro "personifica" a Operação Lava-Jato e entra no xadrez político em uma ação "espetacular", além de "partir de outro patamar na terceira via", com potencial de quebrar a polarização entre nhô-ruim e nhô-pior (vade retro!). É a prova provada de que até um burro cego consegue eventualmente encontrar a cenoura.
Os números chamaram atenção de muitos tucanos — em especial em Minas Gerais e no Sul —, que veem uma chance de o partido conseguir compor uma chapa forte, sem ser o nome principal, e reforçando a chamada terceira via. Segundo o UOL, Moro, Doria e Mandetta se reuniram em São Paulo, no fim de setembro, para debater um plano visando viabilizar a terceira via. Na proposta defendida pelos dois ex-ministros de Bolsonaro, os quase presidenciáveis de centro-direita se uniriam em torno de quem estiver melhor posicionado nas pesquisas em abril de 2022 — os demais desistiriam de sua candidatura, declarando apoio.
Infelizmente, o plano foi rejeitado por Doria, que já foi próximo de Moro e chegou a sondá-lo para ir ao PSDB, mas tem se afastado (na avaliação de pessoas próximas a Doria, o tucano não deve se vincular à imagem de Moro, e participar de sua cerimônia de filiação ao Podemos, que nada tem a ver com o PSDB, poderia colocar azeitona na empada do ex-juiz. Pelo visto, no RS e em SP venceu a batalha de egos. O discurso de desistência da candidatura está descartado. As campanhas de Leite e Doria dizem não ter conhecimento deste movimento e garantem que, caso ganhem as prévias, concorrerão ao pleito principal. Nenhuma surpresa. Burros velhos dificilmente aprendem truques novos.
Bolsonaro sempre se borrou de medo da candidatura de Moro,
que pode tomar uma parte de seu eleitorado. Segundo O Globo, até na alta
cúpula do governo há apoiadores do ex-juiz. Entre alguns ministros, há
entusiasmo com pesquisas que o mostram largando com dois dígitos de
intenção de votos e com a dedicação que ele teria para resgatar políticas de
combate à corrupção abandonadas por Bolsonaro. Outro ponto visto como
positivo é que Moro seria mais resistente ao controle que partidos do Centrão
exercem hoje sobre o governo. Há, no entanto, a avaliação de que, para sua
candidatura andar, ele terá que aprender a ser mais maleável e político
em suas conversas.
Moro não deixou passar sem resposta a tentativa de atribuir à Lava-Jato a alta recente dos combustíveis, feita pelo PT. Segundo O ANTAGONISTA, o ex-juiz precisa ficar de prontidão, porque a investida petista não vai parar por aí. O documentira lançado pela ORCRIM no começo do mês atribui todos os males econômicos do país à operação. Logo no começo, o filme pergunta: “Sabe aquele Brasil que você acreditava que estava indo rumo ao futuro?” A resposta vem num bordão: “Foi a Lava-Jato que tirou de você.” O bordão é repetido ao longo de dez minutos: os empregos, a Petrobras que crescia, o pré-sal, os recursos da saúde e da educação, as grandes obras – foi tudo “a Lava-Jato que tirou de você”.
A patuleia abjeta tentará confundir a cabeça dos simplórios, dizendo que pouco mais de seis anos de combate bem-sucedido à corrupção fizeram mal ao país, mais que o conluio de décadas entre empreiteiras e política — no qual o PT se aconchegou — que desviou bilhões de reais não só da Petrobras, além de bloquear a livre concorrência e causar outras distorções na economia nacional. O PT vai tentar deslocar a conversa para o campo das mentiras e teorias da conspiração porque sabe que no campo da realidade não tem como vencer.
O partido foi corrupto e corrompeu, não importa o que digam seus próceres ou os processos contra Lula que o STF anulou – sem declarar sua inocência. A história do departamento de propinas da Odebrecht continua existindo, não importa o que digam Gleisi Hoffman ou o ministro Ricardo Lewandowski, que também é petista de quatro costados e acha que a Lava-Jato foi malvada, malvada, malvada por expor empreiteiras corruptas.
Essa vai ser a tônica da campanha do PT. Um teatro em que farão de conta que o governo petista de Dilma não causou uma recessão brutal nem deixou desempregados 13 milhões de brasileiros. Reciclarão os mais decrépitos chavões da esquerda, dizendo que a Lava-Jato se locupletou com misteriosos “interesses estrangeiros” para saquear o Brasil. Triste Brasil.
Quando mais não fosse, a presença de Sergio Moro nas
eleições já valeria só por isso: rebater as mentiras da ORCRIM e lembrar
de tudo que o PT tirou de você.
terça-feira, 16 de março de 2021
O PREÇO DA LIBERDADE
Escrever sobre política, atualmente, é como trocar um pneu furado com o carro em movimento. O cenário muda tão rapidamente que a metáfora das nuvens no céu, atribuída a Magalhães Pinto, só vale em meio a um furacão. Assim, antes de prosseguir com o texto que eu havia pautado para hoje, vale fazer algumas considerações acerca da substiuição do general-pesadelo na pasta da Saúde.
Desde sábado que
se fala sobre a eminente exoneração daquele que comanda a Saúde obedecendo cegamente e sem questionar as ordens de quem realmente comanda essa seara. Ora se diz que o general vai colocar o
cargo à disposição, ora que sua exoneração se dará por ação do desgovernante de
turno. Mas nada disso muda o fato de que, às vésperas de contabilizar 300 mil
mortos pela Covid, o Brasil se espanta cada vez menos. Ou por
outra: num país prestes a conhecer seu quarto ministro da Saúde em dois anos de governo, faltam mais
pontos de exclamação do que doses de vacina.
Quando puder
falar sobre a crise sanitária do século sem desprezar os detalhes, diz Josias de Souza, a história anotará que Bolsonaro instalou no ministério da pandemia uma porta
giratória e a manteve rodando em torno das suas idiossincrasias. Mesmo assim,
muita gente demora a entender que o problema não está na Esplanada dos Ministérios
e, sim, no Palácio do Planalto.
Bolsonaro já fez de tudo. De receitar cloroquina a
condenar o distanciamento social; de amaldiçoar a "vachina do Doria" a enxergar jacaré na fórmula do imunizante da Pfizer. Em passant, especializou-se em fritar ministros. Depois de se
livrar de Mandetta e Teich, transformou um
general da ativa autodeclarado expert em logística numa anomalia administrativa,
que agora se tornou um caso raro de ex-ministro da Saúde que continua no cargo.
Isso porque é praticamente impossível achar alguém disposto a assumir seu lugar,
na medida em que o ministro da Saúde é o próprio chefe do Executivo. No melhor
estilo "um manda, o outro obedece", o ministro estrelado se deu mal
no estrelato e acabou sendo frito em sua própria gordura.
Neste domingo,
após participar de reunião em que o seu pescoço foi o tema central, o general-pesadelo
esclareceu: "Não estou
doente, o presidente não pediu meu cargo, mas o entregarei assim que pedir." O ministro não sabe, mas está, sim,
gravemente enfermo. Foi infectado pelo vírus que reduz general à condição de
capacho. E se autoconverteu num desastre de mostruário ao assumir o patético papel
de bonifrate do capitão, militarizando a Saúde, ignorando ofertas de vacinas,
deixando testes de detecção de Covid perderem a validade, distribuindo
cloroquina para pacientes que morriam por falta de oxigênio em Manaus, despachando
para Roraima vacinas do Amazonas e atrasando o pagamento de leitos de UTI nos estados.
O centrão levou
Pazuello à alça de mira. Líderes do conglomerado
partidário patrocinam o nome da cardiologista Ludhmila Hajjar, mas ela
despreza a cloroquina, critica a escassez de vacinas, aposta no distanciamento
social, prega a união dos líderes políticos e abomina bate-boca entre
presidente e governadores. Ou seja: Ludhmila tem um discurso tão cientificamente
apropriado que não é uma simples alternativa ministerial. Dito de outra forma,
a doutora seria uma nova crise esperando para acontecer — a propósito, o
bolsonarismo já tritura a personagem nas redes sociais.
Fala-se agora
que Bolsonaro vai sobrestar a troca do ministro depois da
“cabeçada” (nas palavras de um interlocutor próximo a Pazuello) na sondagem da cardiologista indicada pelo Centrão, que foi bombardeada nas rede sociais — seguidores
do presidente postaram uma miríade de áudios e vídeos em que a esculápia
critica a ação federal frente à pandemia. Assim, dá-se de barato que o pesadelo
prossiga, digo, que Pazuello siga no posto até que o capitão encontre um
substituto que atenda à demanda do Centrão e, ao mesmo tempo, não o desautorize,
o que, convenhamos, não é tarefa fácil.
Enquanto
prevalecer o receituário de Bolsonaro no trato da pandemia, qualquer troca de
comando na Saúde terá o mesmo efeito de uma receita de cloroquina no tratamento
da Covid. E viva o eleitorado brasileiro.
ATUALIZAÇÃO: Depois que a cardiologista declinou do convite (alegando “falta de convergência técnica” com o capitão-negação), tudo indicava que o general permaneceria no cargo por mais algumas semanas, mas ontem mesmo Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, foi confirmado novo ministro da Saúde. Em entrevista à GloboNews, o esculápio disse que Bolsonaro determinou "amplo debate" com a comunidade médica para haver "resultado melhor diante da pandemia". Clique aqui para saber mais sobre o novo ministro e aqui para saber como o mundo político reagiu à troca Que Deus nos ajude.
O “nós contra eles” semeado por Lula e seus sectários desmiolados, regado pelos tucanos de plumas vistosas e egos guliverianos e estrumado pelo bolsonarismo boçal do capitão da caverna sem luz, deu azo à cizânia, fulminou o bom senso e fez do consenso artigo tão em falta quanto vaga em UTI durante pandemia de Covid. Mesmo assim, 72% dos brasileiros consideram a democracia a melhor forma de governo e 84% acham realmente que seu voto faz diferença, segundo enquete feita pelo Movimento Renova BR. O fato de 28% dos pesquisados não verem a democracia como a melhor forma de governo me faz lembrar duas máximas atribuídas a Sir Winston Churchill: 1) “A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas.”; 2) “O melhor argumento contra a democracia é uma conversa de cinco minutos com um eleitor mediano.”
Segundo Aristóteles, “o homem é um ser social porque é um animal que precisa dos outros
membros da espécie”. Viver em bando pressupõe a sobreposição dos
interesses coletivos aos individuais e a limitação da liberdade de cada um em
prol da liberdade de outrem e do grupo como um todo. Dito de outra forma, o
convívio social exige a observância de regras limitadoras do nosso ser ou
não-ser — como disse Drummond, “é preciso instinto de
formiga, dentes de leão e habilidade camaleônica”.
Não existe governo
perfeito, posto que a perfeição na política ou na teoria social só grassa — se
é que grassa — no campo da utopia ou das abstrações conceituais. Na realidade
concreta, a teoria é bem outra. Os próprios gregos — que implementaram o governo do povo pelo povo e para o povo
— impunham toda sorte de limitações às discussões acerca da polis (apenas para citar um
exemplo, estrangeiros, escravos e mulheres não votavam), mas, mesmo assim, sua
filosofia e suas instituições democráticas perduram até nossos dias.
Cerca de 10% dos
brasileiros são analfabetos e outros 40
milhões são analfabetos funcionais (assim
consideradas pessoas que até sabem ler, mas são incapazes de interpretar um
texto). Dar título eleitoral a essa gente é tão arriscado quanto dar uma caixa
de fósforos a um macaco e trancá-lo num paiol de pólvora.
Ao criticarmos nossa
representação política, estamos repudiando nossas próprias escolhas, pois
nenhum agente público conquista cargo eletivo sem o aval do eleitorado. Ainda
que seja louvável o fato de 84% dos
brasileiros acreditarem que podem mudar a situação do país através do voto, é
lamentável que eles não se deem conta de que votar exige refletir, ponderar, e escolher, em todos os níveis, políticos
comprometidos com a democracia, com o diálogo, com a construção de consensos,
com a civilidade e com o espírito republicano. Até porque nossos políticos (salvo
raras exceções) se elegem para roubar e
roubam para se reeleger.
Dito isso, passemos ao texto que eu havia programado para esta terça-feira:
O preço da liberdade é a eterna vigilância, disse Thomas
Jefferson. A democracia reclama atenção constante e uma participação
consciente. Aqui nesta banânia, dos seis Presidentes eleitos pelo voto popular desde
a redemocratização e que continuam vivos, somente o grão tucano FHC não sofreu impeachment nem foi
preso. Collor, o primeiro Presidente
eleito diretamente desde Jânio Quadros
em 1960, foi penabundado em 1992; Dilma
teve o mesmo destino em 2016; Lula
passou 580 dias na cadeia (e corre o risco de voltar para lá, a menos que a
banda podre do STF anule suas
condenações de decrete a prisão do ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (afinal, isto aqui é Brasil) e Temer (que, a rigor, não entraria na lista por ter assumido o
posto devido ao impeachment da bruxa má), engrossou a lista dos presos, mas foi
solto dias depois por um desembargador especialista em libertar ladrões do
erário, que ficou
afastado da magistratura durante 7 anos, acusado de estelionato e formação de
quadrilha.
O futuro do mandachuva
da vez é tão incerto quanto duvidoso é o passado deste arremedo de república de
almanaque. Seu projeto é a reeleição (que Deus nos livre e guarde de tamanha
desgraça), mas sua deposição não está de todo descartada (como dito, nada é
impossível neste c* de mundo). Até porque a diferença entre presidentes impichados
e os que escaparam da degola não está exatamente no que cada qual fez ou deixou
de fazer, mas na quantidade de votos a seu favor que conseguem granjear entre
as marafonas do Congresso.
Quem quiser derrubar
um presidente pelas vias constitucionais precisa amealhar três quintos dos
votos dos 513 deputados e dos 81 senadores. Bolsonaro já foi alvo de mais de 60 pedidos de impeachment, mas Rodrigo Maia sentou-se em cima de todos
eles e Arthur Lira parece disposto a
fazer a mesma coisa (pelo menos por enquanto), até porque falta mobilização popular.
Fala-se que o povo
não sai às ruas devido à pandemia, mas o que tem de gente organizando e
participando de festinhas de todo tipo não está no gibi. Ou a plebe ignara está
C&A para o futuro do país, ou está satisfeita com a gestão negacionista do
populista do Planalto, cuja obsessão patológica para fazer o que não deve é
responsável em grande medida pelos 260 mil cadáveres produzidos pela Covid.
Sem povo nas ruas
não há pressão sobre os deputados, ou, dito com outras palavras, sem
combustível, não há como acender o fogo. Mas nunca é demais relembrar que um
terço de nossos deputados federais e senadores, pelos cálculos mais modestos,
responde a processos na Justiça — quase 200 indivíduos, acredite-se ou não,
numa coisa dessas. Considerando-se que o Senado e a Câmara têm 594 membros,
resulta a seguinte constatação aritmética: o Congresso Nacional é possivelmente
uma das organizações com o maior número per capita de gente enrolada com a
Justiça em todo o país; deve perder só para as penitenciárias.
A presente situação
de impunidade não é suficiente para o gosto dos congressistas — eles querem
ficar mais impunes do que já são. Para isso, começou a ser parida na Câmara a PEC
DA IMPUNIDADE, que
pretende tornar ainda mais difícil a punição de deputados que se vejam acusados
de violar o Código Penal. É um novo fundo de poço.
Depois de se colocar
de quatro diante do STF, engolindo
por vasta maioria e sem nenhum respeito por si próprios a controversa prisão de
um de seus pares, a Câmara quer um novo sistema de proteção. Os nobres
deputados entregaram um boi para salvar a boiada: em vez de anular a prisão do
colega, preso por decisão do STF, rasgaram
a Constituição para comprar, daqui por diante, a proteção e a cumplicidade das
11 supremas togas em relação a delitos que já cometeram ou pretendem cometer.
Se quisessem cumprir
o que está na lei, os deputados teriam de anular a prisão e processar, eles
próprios, o colega troglodita. Caso achassem que ele quebrou o decoro
parlamentar, poderiam perfeitamente suspender ou cassar seu mandato. Quando um
em cada três congressistas está, de um jeito ou de outro, fugindo da polícia, a
tentação de agradar ao STF com a
cabeça de um colega fala mais alto. Suas excelências esperam, agora, que os 11 ministros
olhem para o outro lado, enquanto eles, aproveitando o embalo, trabalham para
reforçar a própria impunidade. E viva o povo brasileiro.
segunda-feira, 19 de junho de 2017
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Com o computador, no entanto, dá-se o contrário ― ou seja, a performance tende a se degradar com o passar do tempo e o uso normal do aparelho.