Mostrando postagens classificadas por data para a consulta VOLÁTIL. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por data para a consulta VOLÁTIL. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 1 de maio de 2024

CELULAR LENTO OU TRAVANDO — COMO RESOLVER

QUEM CONSEGUE FINGIR SINCERIDADE É CAPAZ DE FINGIR QUASE TUDO.

Lula avalia que a reformulação do sistema de cobrança de impostos pode render dividendos ainda na eleição municipal de outubro, e encanta-se especialmente com o "cashback" que garantirá a famílias de baixa renda a devolução de 50% dos impostos na conta de luz e água e de 100% na compra do botijão de gás. Nelson Rodrigues costumava dizer que a superioridade dos economistas sobre o resto dos mortais é que eles falam o que ninguém entende. Lula está menos interessado na teoria econômica do que nos seus reflexos eleitorais. Para ele, o eleitor tende a enxergar como besteira prejudicial tudo o que não lhe chega como um benefício óbvio.


Deus até pode ter criado o homem a sua imagem e semelhança, mas certamente não incluiu “perfeição” na receita. Além de mortais, somos falíveis, daí nossas criações também o serem — carros enguiçam, eletrodomésticos pifam, móveis se deterioram, e assim por diante.
 
Mesmo sendo considerado a "máquina" mais perfeita já inventada, o corpo humano depende
 de manutenções preventivo-corretivas para funcionar adequadamente. Guardadas as devidas proporções, o mesmo se dá com dispositivos mecânicos, eletrônicos, eletromecânicos, computacionais, e por aí afora.  
 
Ao contrário do que afirmam os "sabichões" de plantão, computadores precisam ser desligados de tempos em tempos (mais informações nesta postagem), e isso vale igualmente para o telefone móvel de longo alcance que Steve Jobs transformou, em 2007, com o lançamento do iPhone, em microcomputador pessoal ultraportátil. 
 
Reiniciar (ou desligar e tornar a ligar alguns segundos depois) um dispositivo que está lento ou travando é quase uma "regra universal" da tecnologia, pois faz com que a energia dos capacitores seja descarregada, a memória volátil, esvaziada, e os processos responsáveis pela lentidão, encerrados (veja mais detalhes no post do último dia 29).

Observação: Os smartphones podem permanecer ligados ininterruptamente por mais tempo que desktops e notebooks, mas isso não muda o fato de que ele também se beneficiam de um "saudável refresh". E se bateria recarrega em menos tempo com o telefone desligado, por que não "unir o útil ao agradável"?
 
Por ser um sistema de código aberto, o Android é mais "personalizável" que o iOS. É comum os usuários modificarem a tela inicial, a disposição do ícones e outros detalhes visuais, valendo-se inclusive de launchers (aplicativos que alteram a interface do aparelho). Mas pouca gente conhece os "códigos secretos" que dão acesso a funções ocultas e/ou informações úteis sobre o dispositivo.
 
Nos Samsung Galaxy, por exemplo, digitar *#9900# no teclado do aplicativo Telefone apaga os arquivos temporários do sistema e dos aplicativos. Isso ajuda a manter o aparelho funcionando de forma eficiente, especialmente nas versões com hardware mais limitado. 

Outro código interessante é o *#*#4636#*#*, que exibe informações detalhadas sobre o celular, incluindo dados sobre as bandas 5G/LTE suportadas e o status do Wi-Fi. Mas é importante usá-lo com cautela, pois ele permite modificar diversas configurações avançadas que interferem diretamente no funcionamento do aparelho. Então, não se meta a modificá-las se não tiver certeza do que está fazendo.
 
Aparelhos Google Pixel e a maioria dos modelos Samsung dão acesso a ferramentas de diagnóstico ocultas através dos código *#*#7287#*#* (nos dispositivos Google Pixel), e *#0#* (nos aparelhos da Samsung). Essas ferramentas permitem verificar o status de várias funções básicas, como tela, alto-falantes e microfone. 

Para saber se alguém acessou aplicativos sem sua permissão, digite o código ##4636##, que exibe as "estatísticas de uso". Para descobrir o IMEI do seu dispositivo Android, basta digitar *#06# (mais detalhes sobre o IMEI nesta postagem). 
 
O cache de memória (ou memória cache) armazena temporariamente os dados usados com maior frequência. A ideia é de que o acesso aos arquivos a partir desse "banco de dados" agiliza a execução dos programas, mas, conforme o espaço vai sendo ocupado, o desempenho global do aparelho tende a se degradar. O gerenciamento do cache foi otimizado nas versão mais recentes do Android, o que, em tese, dispensa limpezas frequentes. Mas na prática a teoria costuma ser outra.
 
Reiniciar o dispositivo pode liberar parte do espaço ocupado na memória cache do sistema e dos apps, mas não substitui uma faxina como manda o figurino. É mais fácil fazer isso com ferramentas de terceiros — ou com o antivírus, já que a maioria das suítes de segurança para Android funciona também como ferramenta de manutenção.

Caso você não disponha desses recurso, toque em Configurações > Armazenamento > Interno (ou Armazenamento interno compartilhado, se usar um SD Card para ampliar a memória interna), selecione Dados em cache, aguarde a informação sobre o espaço utilizado e, na telinha com a pergunta Limpar os dados em cache?, toque em OK para confirmar a operação (não é necessário reiniciar o aparelho). 

Esse procedimento apaga os dados em cache de todos os aplicativos. Para excluir somente os arquivos de um determinado aplicativos, toque em Configurações, selecione Aplicativos (ou Gerenciar aplicativos), filtre por Todos os aplicativos para localizar o item desejado, selecione-o e toque em Armazenamento. Repare que há duas opções: Limpar dados e Limpar cache. A primeira apaga todos os arquivos do aplicativo, como músicas, fotos, bancos de dados, configurações, etc. — ou seja, reverte o programinha às configurações originais. A segunda opção produz o mesmo efeito, mas atua somente sobre os arquivos em cache referentes ao aplicativo selecionado.

terça-feira, 30 de abril de 2024

POR QUE DESLIGAR O CELULAR?

HÁ CASOS EM QUE O TRAJETO É MAIS DIVERTIDO QUE A CHEGADA.

Dizem que cada um planta o que colhe, e que quem semeia ventos colhe tempestades. A mim isso parece um tanto contraditório, mas deixa pra lá. E deixa pra lá também minha opinião sobre como "Xandão" vem procedendo em relação a Bolsonaro
Questionar suas decisões seria fazer como sapateiro de Apeles, mas é inegável que, ao mandar para o arquivo a investigação sobre os pernoites na embaixada da Hungria sem impor novas sanções cautelares a Bolsonaro, o magistrado levou água ao moinho da extrema-direita radical. 
Como ensinou o Conselheiro Acácio, o problema das consequências é que elas sempre vêm depois, e depois que o ministro avalizou o parecer da PGR no caso da baleia e determinou o arquivamento do inquérito retrocitado, a defesa de Bolsonaro protocolou novas petições mais ou menos como quem joga merda na parede: se colar, colou.
Até a última quarta-feira, quem acompanhava a teimosia do "mito" de longe via um investigado batendo com a cabeça na parede esperando transformá-la numa porta. De repente, abriu-se uma fresta na muralha erguida por Moraes. Imaginando-se diante de um "ex-Xandão", Bolsonaro decidiu testar a benevolência de seu algoz com uma terceira tentativa de reaver seu passaporte. 
É certo que a decisão sobre o refúgio na embaixada húngara estimula um redimensionamento de Moraes, mas é igualmente certo que, se liberar o passaporte para que o ex-presidente faça turismo criminal em Israel, o ministro talvez tenha que passar a dormir numa caixa de fósforos.

O smartphone é um microcomputador ultraportátil e, como seus irmãos maiores, utiliza memórias de diversas tecnologias. A RAM (ou memória física) armazena temporariamente arquivos do sistema e dos aplicativos em execução. Se ela não for "esvaziada" de tempos em tempos, o celular tende a ficar lento, podendo até mesmo travar, e encerrar programinhas gulosos e/ou malcomportados nem sempre resolve. 

Guardadas as devidas diferenças, o mesmo se aplica a modems, roteadores, decodificadores de TV por assinatura e demais eletroeletrônicos controlados por um sistema operacional, que dependem de um "refresh" para descarregar a energia dos transistores, esvaziar os chips de memória volátil e encerrar os processos responsáveis pelo "congestionamento" resultante de horas e horas de uso ininterrupto.
 
Observação: A reinicialização de modems e roteadores não "aumenta a velocidade", já que isso depende do plano contratado com a operadora, mas 
faz com que o aparelho volte a funcionar sem sobrecargas, melhorando qualidade do sinal. Para reiniciar esses dispositivos, melhor que pressionar o botão de power é desconectar o cabo de energia da tomada (ou do filtro de linha/estabilizador/nobreak, se houver), esperar 30 segundos e conectá-lo novamente
 
Manter o aparelho desligado enquanto a bateria recarrega é unir o útil ao agradável. Aproveite essa horinha de trégua para relaxar, tomar um café, fazer um lanche, levar o cachorro para passear, enfim... Num mundo permanentemente conectado, uma breve pausa pode ser um respiro não só para os aparelhos, mas também para nossa mente. Pense nisso.

segunda-feira, 4 de julho de 2022

A IRRITANTE DEMORA NA INICIALIZAÇÃO DO PC

O PODER ATRAI O PIOR E CORROMPE O MELHOR.

Os PCs evoluíram muito desde os anos 1970, mas ainda não “ligam” tão rapidamente quanto uma lâmpada. A energia elétrica é fundamental em ambos os casos, mas, no caso do computador, o boot e a inicialização do sistema vão muito além de simplesmente incandescer um filamento. 

 

Os PCs são formados por dois subsistemas distintos, mas complementares. No pré-história da computação pessoal, definia-se o hardware como aquilo que o usuário podia chutar, e o software, como o que ele só podia xingar.

 

O tempo que a máquina leva para inicializar depende de diversos fatores. Depois de migrar para o Win11, meu Dell Inspiron passou demorar mais de 1 minuto para exibir a tela de boas-vindas e outros 4 ou 5 minutos para me deixar começar a trabalhar. No meu Mac Pro, a tela inicial surge em poucos segundos e basta eu digitar a senha para ter total controle sobre o sistema e os aplicativos. 


Observação: O “problema” do portátil é o jurássico HDD (de 2 TB e 5400 RPM), muito mais lento que o SSD PCI Express com NVMe do Mac.

 

A demora na inicialização do Windows sempre me incomodou. A Microsoft prometia maior agilidade toda santa vez que lançava uma nova versão, mas o software foi se agigantando e uma configuração de hardware responsável custa os olhos da cara (rodar o Win11 sem SSD e pelo menos 6 GB de RAM é uma teste de paciência).

 

Muita coisa acontece do momento em que ligamos o computador até o instante o software se torna “operável”. Nesses preciosos segundos (ou longos minutos, conforme o caso), o BIOS (ou o UEFI, também conforme o caso) realiza um autoteste de inicialização (POST, de Power On Self Test), busca os arquivos de inicialização (respeitando a sequência declarada no CMOS Setup), e “carrega” na RAM os drivers, as DLLs e outros arquivos essenciais ao funcionamento do computador, bem como o sistema na RAM (não integralmente, ou não haveria memória que bastasse). 


O BIOS (de Basic Input/Output System) é primeira camada de software do computador. Trata-se de um programinha de “baixo nível” gravado pelo fabricante num chip de memória não volátil, que depois é integrado à placa-mãe. O UEFI (de Unified Extensible Firmware Interface) faz basicamente a mesma coisa, mas muito mais rapidamente. Já o CMOS (de Complementary Metal Oxide Semiconductor) é componente de hardware composto por um relógio permanente, uma pequena porção de memória volátil e uma bateria — que mantém essa memória energizada para que as informações não se percam quando desligamos o computador.

 

O “boot” é o processo mediante o qual o BIOS checa as informações armazenadas no CMOS, realiza o POST e, se tudo estiver nos conformes, carrega o Windows e sai de cena, permitindo que o sistema assuma o comando da máquina e o usuário, o comando do sistema. Numa tradução direta do inglês, boot significa bota ou botina, mas seu uso no âmbito da informática remete à expressão “pulling oneself up by his own bootstraps”, que podemos traduzir por “içar a si mesmo pelas alças das botinas” e, por extensão, por “fazer sozinho algo impossível de ser feito sem ajuda externa”. 

 

Observação: Fazer o Setup” consiste em oferecer respostas a uma sequência de perguntas (do tipo múltipla escolha) que permitem ao BIOS reconhecer e gerenciar o hardware, “dar o boot” e realizar outras tarefas básicas inerentes ao funcionamento do computador.


Continua...

segunda-feira, 6 de junho de 2022

DO ÁBACO AO SMARTPHONE (CONTINUAÇÃO)

VIVEMOS COM NOSSOS DEFEITOS COMO COM O CHEIRO QUE TEMOS; NÓS NÃO O SENTIMOS, ELE SÓ INCOMODA OS OUTROS.


O iPhone transformou em computador ultraportátil um aparelho que nasceu telefone sem fio de longo alcance. Com sistema operacional e uma profusão de aplicativos, a demanda energética do dispositivo cresceu para além da capacidade da bateria, e a autonomia passou a disputar com o tamanho da tela o topo do ranking das características mais valorizadas pelos usuários. 


No que tange ao display, há aparelhos do tamanho de tábuas de carne. Quanto à energia, ou se paga mais por um modelo com bateria de 5.000 mAh ou superior, que dure pelo menos um dia inteiro, ou se é obrigado a fazer um pit stop entre as recargas.


É possível aumentar a capacidade das baterias; difícil é fazê-lo sem que tamanho, peso e custo de fabricação cresçam na mesma medida. Traçando um paralelo meramente ilustrativo com os veículos elétricos, enquanto o iPhone 11 Pro Max integra uma bateria de 3.969 mAh (equivalente a 0,01504 kWh), BMW i3 de 2015 já usava um modelo com capacidade de 22 kWh, que lhe garantia uma autonomia de até 135 km. Quatro anos depois, uma "usina" de 98,7 kWh permitiu ao Ford Mustang Mach Extended Range rodar até 610 km sem recarrega. 

 

Observação: Os veículos elétricos surgiram no final do século XIX, mas deixaram de ser fabricados em 1915, quando Henry Ford lançou o modelo T. Quando a ideia voltou à baila, muitos anos depois, a Gurgel Motores S/A lançou o primeiro carro elétrico da América Latina. Com um motor de 3,2 kWh (potência equivalente a 4,2 cv) e pesando 460 kg (320 kg só das baterias), o Itaipu E150 atingia 30 km/h de velocidade máxima nas primeiras versões; as últimas já alcançavam 70 km/h na descida e com vento a favor, mas sua autonomia média era de 70 kmAntes de baixar as portas (em 1996), o engenheiro João Augusto Conrado do Amaral Gurgel apostou as últimas fichas no furgão elétrico Itaipu E400, com motor de 11 cv e autonomia de apenas 80 km (a bateria levava até 10 horas para recarregar). O tempo provaria que Gurgel mirou o alvo certo, apenas não dispunha da arma adequada para atingi-lo. Atualmente, os carros da Tesla são os que oferecem maior autonomia — o Tesla Model S Long Range Plus lidera o ranking, com autonomia de 647 km, contrapondo-se ao MINI Cooper SE, que roda apenas 177 km. 

 

Enquanto buscam uma solução factível e comercialmente viável, os fabricantes de baterias se valem de paliativos, como sistemas de “carregamento rápido” e softwares que otimizam o consumo (mais detalhes na sequência de postagem iniciada aqui). Mas as limitações dos ultraportáteis (e dos computadores em geral) vão bem além da autonomia.


O desempenho de qualquer dispositivo computacional é limitado pelo hardware que o integra. Claro que o sistema (Windows, macOS, Linux, Android, iOS etc.) também impacta, positiva ou negativamente, a performance global: rodar o Win11 numa máquina com disco rígido eletromecânico é um verdadeiro teste de paciência.

Para além da capacidade de armazenamento de energia (que dita a autonomia dos ultraportáteis), há ainda limitações impostas pelo processador, pelas memórias e pelas interfaces de vídeo, áudio e rede, entre outras. Segundo Mestre Morimoto, “todo computador é tão rápido quanto seu componente mais lento”.

Um PC com processador ultraveloz e pouca memória RAM tende a ser mais lento do que seria se dispusesse de uma CPU mediana e fartura de RAM. Claro que a importância de cada componente é relativa. As limitações de uma placa de rede 10/100, por exemplo, só são sentidas quando a tarefa depende diretamente da largura de banda nos downloads e uploads. Da mesma forma, vídeo e áudio chinfrins não incomodam um usuário que se limita a assistir a clipes no YouTube, também por exemplo.

No que concerne ao processador e às memórias, o buraco é mais embaixo. Todo computador usa memórias de diversas tecnologias (RAMROMHDD/SSDcache, etc.), mas é na RAM (memória física ou primária) que o sistema operacional, os aplicativos e os demais arquivos são carregados e processados — geralmente a partir da memória de massa, que nos PCs corresponde ao drive de disco rígido (ou de memória sólida, conforme o caso) e nos ultraportáteis, ao armazenamento interno. 

A RAM é uma memória volátil e de acesso aleatório. Volátil, porque só retém os dados quando está energizada; de acesso aleatório, porque grava e lê dados a partir de quaisquer endereços, de forma não sequencial. O acesso aleatório a torna milhares de vezes mais rápida do que os drives de disco rígido (HDD) e suas taxas de transferência e velocidade de escrita e gravação são superiores às dos drives de memória sólida (SSD). Por outro lado, devido à volatilidade, é preciso haver uma memória “persistente” (não confundir com permanente) que preserve o conteúdo mesmo com o computador desligado.

 

Quando ligamos o computador, arquivos do sistema e dos aplicativos que pegam carona na inicialização são carregados para a RAM a partir da memória de massa (ou secundária), que é representada pelo HDD e/ou SSD em desktops e notebooks, e pelo armazenamento interno em smartphones e tablets. A quantidade de RAM influencia diretamente o desempenho do aparelho: quando ela é insuficiente, o uso da memória virtual  evita a exibição das antigas mensagens de "memória insuficiente", mas deixa o sistema muuuuuuuito lento.  

 

O Gerenciador de Memória Virtual libera espaço na RAM enviando para um "arquivo de troca" (swap file) as sessões "não prioritárias" naquele momento, e trazendo-as de volta mais adiante, se e quando necessário. O problema é que esse arquivo é baseado na memória de massa, que é muito mais lenta do que a já relativamente lenta RAM


Se você observar as especificações do seu aparelho, verá que o HDD, SSD ou armazenamento interno são "latifúndios" de centenas (ou milhares) de gigabytes, ao passo que RAM só ultrapassa 4 GB nos modelos mais caros, embora o recomendável seja atualmente 8 GB. 


Continua...

quinta-feira, 26 de maio de 2022

AINDA SOBRE APLICATIVOS, MEMÓRIA RAM E TASK KILLERS

PARA O TRIUNFO DO MAL, BASTA QUE OS BONS FIQUEM DE BRAÇOS CRUZADOS.

Computadores integram memórias de diversas tecnologias em quantidades variáveis, mas sempre expressas em múltiplos do byte. Assim, é comum as pessoas confundirem a RAM (memória física ou primária) com o HDD/SSD (memória de massa, ou secundária, ou ainda "armazenamento") do sistema. 

 

A título de contextualização, relembro que o bit (de “BInary digiT”) é a menor unidade de informação manipulada pelo computador. Oito bits formam um byte; 1 kB (quilobyte) equivale a 1024 bytes (ou meia página de texto); 1024 kB, a um megabyte (espaço suficiente para armazenar um quinto da obra de Shakespeare). Um gigabyte corresponde a 1024 MB (espaço suficiente para gravar um filme de uma hora de duração); 1.000 GB formam 1 terabyte (15 terabytes são suficientes para digitalizar toda a biblioteca do congresso dos EUA); 1024 TB perfazem 1 Petabyte (1/5 do conteúdo de todas as cartas distribuídas pelo correio norte-americano), e assim por diante. 

 

A RAM (de Random Access Memory) é a memória física (ou primária) do computador. Isso vale para desktops, notebooks, smartphones e tablets. É nela que que o software é carregado e os dados, processados. Do sistema operacional a um simples documento de texto, tudo é executado na RAM. Nenhum dispositivo computacional atual, seja uma simples calculadora de bolso ou um gigantesco mainframe corporativo, funciona sem uma quantidade (mínima que seja) dessa memória volátil e de acesso aleatório.  

 

Nos PCs, a memória de massa (ou secundária) é provida tradicionalmente por um disco rígido (os modelos mais recentes contam com drives de memória sólida). É nessa memória (e a partir dela) que os dados são carregados na RAM — claro que não integralmente, ou não haveria espaço que bastasse, mas divididos em páginas (pedaços do mesmo tamanho) ou segmentos (pedaços de tamanhos diferentes). Para saber mais, leia esta sequência de postagens.

 

Costuma-se dizer que um computador é tão rápido quanto seu componente mais lento. No âmbito das memórias, a secundária é milhares de vezes mais lenta que primária, que por sua vez é muito mais lenta que o processador. Assim, uma máquina que dispuser de 8 GB de RAM e de um processador mediano será “mais rápida” do que outra que conte com um chip de topo de linha e míseros 2 GB de RAM. A questão é que a RAM é volátil, daí a necessidade de haver um dispositivo capaz de armazenar o software de forma “persistente”, ou seja, que retenha os dados mesmo depois que o computador for desligado.

 

Em tese, quanto mais memória física o computador tiver, mais "rápido" ele será. Para agilizar ainda mais o trabalho do processador, o cache de memória (ou memória cache, ou simplesmente cache), representado por uma pequena quantidade de memória RAM estática e ultraveloz (e bem mais cara do que a RAM convencional), armazena as informações e instruções que são acessadas mais frequentemente e outros dados que o sistema “prevê” que o processador terá de acessar em seguida.

 

O conceito de memória cache remonta aos tempo dos jurássicos 386, quando se constatou que a lentidão da RAM obrigava a CPU (isto é, o processador; a caixa que abriga os componentes internos do computador se chama "case" ou "gabinete") a desperdiçar preciosos ciclos de clock aguardando a liberação dos dados necessários à execução das tarefas. 


Fica mais fácil de entender se compararmos o computador a uma orquestra e o processador ao maestro. Para uma boa apresentação, não basta um regente competente. Na verdade, músicos qualificados, afinados e entrosados podem até mascarar as limitações de um maestro chinfrim, mas não o contrário. Guardadas as devidas proporções, isso se aplica à performance do computador, que depende de uma configuração equilibrada, com componentes adequados e bem dimensionados.

 

Embora pareça um contrassenso, cabe ao gerenciamento de memória do sistema operacional manter o uso da memória o mais alto possível. Primeiro, porque memória é hardware — a gente paga por ela quando compra o aparelho, e não utilizar aquilo pelo que se pagou é desperdício de dinheiro. Segundo, porque, como dito linhas acima, a RAM é muito mais rápida que a memória secundária, e mantê-la ocupada é aproveitar melhor o dinheiro que investimos na compra do aparelho. 

 

Uma CPU de ponta será subutilizada se contar com pouca memória RAM. Para evitar mensagens de “memória insuficiente” (comuns na pré-história da computação pessoal, quando éramos obrigados a encerrar um ou mais aplicativos para que outros pudessem ser carregados e executados), a Intel criou a memória virtual (ou “swap file”, como alguns preferem dizer), que consiste num espaço alocado na memória de massa para o qual o Gerenciador de Memória Virtual (VMM) transfere as seções que não são prioritárias naquele momento e de onde as traz de volta quando necessário.

 

Convém ter em mente que a memória virtual é apenas um paliativo, não um substituto eficiente da RAM, uma vez que (como também já foi mencionado) a memória de massa, mesmo quando representada por um SSD, é muitas vezes mais lenta do que a memória física, e a constante troca de arquivos degrada consideravelmente o desempenho global do sistema.

 

Continua na próxima postagem.

quinta-feira, 31 de março de 2022

WINDOWS 11 — VALE A PENA MIGRAR? (CONTINUAÇÃO)

MUDEI DE IDEIA; PALAVRA NÃO VOLTA ATRÁS.

Meu desktop baixou ao hospital após ter sido exposto ao Patch Tuesday de fevereiro e não responder ao tratamento caseiro. Ele continua na UTI, sem previsão de alta. Já meu notebook de backup se recuperou do mal súbito causado pela atualização para o Windows 11 (graças a uma injeção intravenosa de IOBit Advanced System Care; mais detalhes aqui e aqui) e voltou à velha forma com a implementação das atualizações / correções que a Microsoft lançou posteriormente.  


O problema é que a diferença de desempenho entre as duas máquinas é brutal. Ambas dispõem de processadores Intel Core i7, mas de gerações e características distintas. O desktop conta ainda com 32GB de RAM (são na verdade 64GB, mas a placa-mãe só reconhece a metade), um SSD de 1TB e um HDD de 3TB/7200 RPM, ao passo que o portátil dispõe de 8GB de RAM e de um HDD de 2TB/5400 RPM. E é aí que a porca torce o rabo.


As versões mais recentes do Windows rodam em máquinas com discos rígidos eletromecânicos, mas seu desempenho é muito superior com drives de memória sólida (Solid State Drive), sobretudo os modelos com NVMe, que não tardam a se tornar o novo padrão de mercado. Um SSD M2 NVMe chega a ser quase sete vezes mais rápido que um SSD Sata III, que já é cerca de 10 vezes mais ágil do que um HDD convencional.


Observação: Embora o SATA (Serial Advanced Technology Attachment) continue sendo largamente utilizado em drives SSD, ele não foi criado especificamente para armazenamento Flash.


Sigla para Non-Volatile Memory Express (Memória Expressa Não Volátil), o NVMe não é um padrão físico do drive, mas o software instalado no SSD, que otimiza o caminho que o computador percorre entre o comando e a leitura/escrita do arquivo. Grosso modo, seria como dirigir um carro numa estrada esburacada, nos cafundós do nordeste brasileiro, e rodar com esse mesmo carro numa Autoban alemã.


Um SSD NVMe pode ser também Sata, embora o recurso seja mais utilizado em SSDs M2 NVMe. Como qualquer software, ele recebe atualizações e melhorias, que são implementadas nos SSDs mais recentes. Daí ser mais correto dizer que um SSD M2 é superior a um SSD Sata porque conta com um padrão mais avançado e compatível com as edições mais recentes do NVMe (a tecnologia também é compatível com SSD de conector PCI Express).


A velocidade de leitura de um SSD SATA III é de cerca de 550 Mb/s, dependendo do modelo, ao passo que a de um SSD NVMe é de 3500 Mb/s. Seria covardia confrontar um troço desses com um jurássico HDD (eletromecânico), que é dezenas de vezes mais lento. Num hipotético comparativo, o PC com a tecnologia mais moderna inicializaria, carregaria o Windows e entregaria o comando ao usuário antes que o modelo mais antigo exibisse a tele de boas-vindas. 


Continua...

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

AINDA SOBRE BATERIAS, REDE ELÉTRICA E QUE TAIS — CARREGADORES

POR MAIS DESAGRADÁVEIS QUE SEJAM, AS COISAS QUE NOSSOS INIMIGOS NOS DIZEM NA CARA NEM SE COMPARAM COM AS QUE NOSSOS AMIGOS DIZEM DE NÓS PELAS COSTAS.

Todo dispositivo computacional utiliza diversos tipos de memória, mas é na RAM que são carregados o sistema operacional, os aplicativos e demais arquivos — não integralmente, ou não haveria RAM que bastasse, mas, sim, divididos em páginas (pedaços do mesmo tamanho) ou segmentos (pedaços de tamanhos diferentes). 

Quando rodamos um programa qualquer, seu executável é copiado da memória de massa (HDD ou SSD) — que, por ser “persistente”, preserva os dados depois que o aparelho é deligado — para a RAM, juntamente com algumas DLLs e arquivos de dados com os quais vamos trabalhar.

Por ser uma memória eletrônica de acesso aleatório, a RAM é muitas vezes mais “veloz” do que os discos eletromecânicos (nos quais a gravação e o acesso aos dados são feitos por cabeças eletromagnéticas). O problema é que ela é volátil, ou seja, só consegue preservar o conteúdo enquanto permanece energizada.

Por uma série de fatores que não vem ao caso detalhar nesta postagem, reinicializar o computador “esvazia” a RAM, pondo fim a instabilidades, travamentos e outros aborrecimentos que tendem a se manifestar quando o aparelho fica muito tempo ligado. E o mesmo raciocínio se aplica ao smartphone — que, em última análise, é um PC ultraportátil —, como também a modems, roteadores, impressoras, decodificadores de TV etc.

Muita gente  não desliga o celular — e depois reclama de conexão lenta, demora na execução de apps e instabilidades generalizadas. Considerando que não é recomendável usar o aparelho enquanto a bateria está sendo recarregada (quando mais não seja porque o consumo energético aumenta o tempo de recarga), sugiro desligá-lo sempre que ele for posto para carregar. Ninguém morre se ficar um hora sem ler mensagens no WhatsApp, sem mencionar que já existem carregadores ultrarrápidos (detalhes nesta postagem) que recarregam a bateria em alguns minutos.

Se seu aparelho não exibe uma mensagem ou emite um alerta sonoro de “carga completa”, monitore a recarga e desligue o carregador assim que o ícone da bateria indicar 100%. Carregadores originais (e modelos não originais, mas homologados pelos fabricantes de smartphones) reduzem a corrente ao mínimo quando a bateria está quase cheia e ativam um modo chamado “trickle charge”, que mantém o nível em 100% até que o carregador seja removido. 

Mal comparando, isso funciona como a boia de uma caixa d’água, que fecha a passagem quando o reservatório está cheio, evitando o transbordamento.

Continua.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

PROBLEMAS COM O TECLADO DO PC

ACEITE O DESCONHECIDO. MUITAS VEZES AQUILO QUE VOCÊ DESCONHECE ACABA SE TORNANDO O SEU MAIOR TRUNFO.

Devido a suas dimensões reduzidas e configuração de hardware mais limitada que a de seus "irmãos maiores", o smartphone não é a melhor alternativa quando é preciso digitar textos longos, editar vídeos e executar outras tarefas que tais.

Laptops (ou notebooks, como se convencionou chamar os microcomputadores portáteis) integram monitor e teclado nativos, que são muito úteis no uso em trânsito. Porém, quando esses aparelhos são utilizados como substitutos do PC de mesa, o resultado é melhor se os conectarmos a um monitor de tela grande e um combo de teclado e mouse wireless.

Teclados físicos podem ser encontrados a preço de banana, mas bons teclados sem fio (como os da Logitech e da Microsoft, p. ex.) são outros quinhentos. A boa notícia é que eles duram anos se você não os tratar aos coices nem tiver o péssimo costume de comer enquanto operam o computador (dada a possibilidade de derramar líquidos no teclado ou enchê-lo de migalhas de pão, bolacha, batatas chips etc.).

Quanto o teclado simplesmente deixa de responder ao pressionamento das teclas, verifique primeiramente se o botão liga/desliga (se existir) está na posição "ligado", se as pilhas estão em boas condições e se o dongle (ou o cabo USB, nos modelos com fio) está conectado à portinha do PC. Se tudo estiver em ordem, convém testar o dispositivo em outro computador. 

São diversas as causas que levam um teclado a adquirir vocação para a psicografia, do driver (programinha que funciona como "ponte" entre o dispositivo e o sistema) ao próprio Windows, além dos inevitáveis malwares. A primeira coisa a fazer nessa situação é reiniciar o computador, ou melhor, desligar a máquina, esperar um ou dois minutos e então tonar a ligar.

Observação: Não é recomendável usar o comando reiniciar, pois o intervalo entre o "desligamento" e o boot subsequente pode impedir que a energia acumulada nos capacitores se esgote totalmente, a exemplo dos dados armazenados nos chips de memória volátil. 

Se o teclado não votar ao normal, rode o antivírus. Se nenhuma praga for encontrada, repita a varredura com um antivírus online, como o Security Scanner (da própria Microsoft), o ESET Online Scanner (da ESET), House Call Free Online Virus Scan (da TrendMicro) ou o Norton Security Scan (da Symantec).

Descartada a possibilidade da infecção viral, experimente conectar outro teclado ao computador (se você não tiver um dispositivo de reserva, peça emprestado). Se o problema não se repetir, compre um teclado novo; se o egun mal despachado continuar a atormentá-lo, faça o teste "ao contrário", ou seja, use o teclado problemático em outro computador. Caso o "fantasma digitador" continue ativo e operante, compre um teclado novo (ou peça ajuda a um exorcista).

Continua...

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

A FÉ, O DESPIROCADO E O FUTURO DO BRASIL

 

Dizem que a fé move montanhas, mas, pelo visto, não remove maus mandatários da Presidência. Não nesta banânia. 

Na última terça-feira, 12, dia da Padroeira do Brasil e nonagésimo aniversário do Cristo Redentor (braços abertos sobre a Guanabara), o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, fez duras críticas a Bolsonaro. Sem mencionar nominalmente o verdugo do Planalto, o batina beliscou seus calcanhares de vidro ao mencionar os 600 mil mortos por Covid e enaltecer as vacinas e a ciência. Foi como se quisesse realçar que a retórica e a prática do capitão não ornam com as sagradas escrituras. 

Horas depois da homilia, operou-se um pequeno milagre. Bolsonaro chegou à Basílica usando máscara, e foi recebido com vaias e aplausos. O ex-militar que não nasceu para ser presidente — mas tem feito o diabo para se reeleger — aproveitou o feriadão para descansar no Guarujá (SP). Trabalhar que é bom, néris de pitibiriba, mas fazer campanha antecipada também cansa. E ele começou sua em 1º de janeiro de 2019, dia em que assumiu a Presidência. 

Hospedado no Forte dos Andradas, Bolsonaro passeou de moto por outras cidades litorâneas, lamentou não ter podido assistir à partida entre Santos e Grêmio pelo Campeonato Brasileiro porque não quis se vacinar contra a Covid. Cobrado pela pilha de cadáveres produzida pela pandemia, o presidente reclamou: “Não vim aqui para me aborrecer”.

A aversão do mandatário de festim ao trabalho vem ganhando espaço justamente no terreno em que o bolsonarismo pratica a narrativa política: as redes sociais e os aplicativos de mensagens. Sua alteza irreal até pode fechar os olhos e os ouvidos para os aborrecimentos durante o feriadão, mas eles têm data para bater à porta: a CPI do Genocídio concluirá na próxima semana um relatório recheado de imputações de crimes a ele e a boa parte de sua equipe — tanto da atual quanto a da já defenestrada. "O memorial às vítimas que Bolsonaro insiste em ignorar como um estorvo a sua diversão será uma lembrança perene dos descalabros cometidos em nome do negacionismo em sua administração, sob seu comando falastrão", escreveu a jornalista e âncora do Roda Viva, Vera Magalhães, em sua coluna no Globo.

A CPI desistiu (novamente) de ouvir (novamente) o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que já depôs duas vezes à CPI. Os senadores avaliaram que o novo depoimento pouco acrescentaria aos trabalhos da comissão e poderia ‘dar palanque’ ao ministro, mas asseguraram que ele será incluído no relatório final. Na próxima segunda-feira, será ouvido o médico Carlos Carvalho, coordenador do estudo que elaborou um parecer contrário ao uso de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid. Pelo visto, escutar as mentiras da versão com diploma e avental do general Pesadelo também cansa.

Mudando de mosca, a revista Istoé publicou que a offshore de Paulo Guedes tem precedente: Henrique Meirelles foi blindado e deu em nada. A convocação para dar explicações sobre ao Congresso pode até desgastar o superministro de mentirinha (como se já não bastasse a condução inepta e claudicante da economia), diz a reportagem, mas Guedes deve passar incólume e continuar sendo o "Posto Ipiranga" do capitão-negação até o mais amargo fim.

"A maior distância do universo para um gestor público começa nos erros cometidos durante a gestão que já passou e termina nas promessas de acertos futuros insuscetíveis de checagem", anotou Josias de Souza sobre o superministro de festim, que voou para os Estados Unidos e aterrissou no mundo da Lua. Nas entrevistas concedias à CNN Internacional e à Bloomberg, o grande economista liberal falou sobre um Brasil desconhecido dos brasileiros e, alheio aos 600 mil mortos por Covid, afirmou que o governo não errou na pandemia.

No Brasil de Guedes, 90% dos cidadãos já receberam uma dose de vacina e 60% estão totalmente imunizados. No país real, apenas 70% encontram-se parcialmente vacinados e 46,7% receberam duas doses de vacina. Na realidade alternativa, a tragédia sanitária é "ruído político". Vem aí, segundo o Posto Ipiranga sem combustível, um plano bilionário para o meio ambiente e um programa de renda mínima capaz de livrar os brasileiros pobres dos efeitos corrosivos da inflação dos alimentos e da conta de luz.

Guedes prometeu zerar o déficit orçamentário no primeiro ano de governo, e agora pedala dívidas judiciais. Acenou com desenvolvimento, mas só entregou carestia. Por mais que ele doure a pílula ao discursar para a imprensa americana, a inflação corrói não só o poder de compra dos brasileiros, cuja paciência com o incompetente de plantão e sua equipe econômica mal ajambrada está por um fio. Sempre que Guedes fala sobre o futuro radioso de 2022, as pessoas se perguntam que fim levou 2019, futuro da campanha de 2018; ou 2021, futuro de 2019 e 2020. É difícil ouvi-lo perorar sobre a pujança canarinha sem reprimir uma espécie de sorriso interior, como se uma voz no fundo da consciência dos brasileiros avisasse: "Cuidado, trata-se de um farsante com milhões protegidos num paraíso fiscal."

O guichê da política não está menos tumultuado. Enquanto o motoqueiro-fantasma canarinho empinava soa moto, o Centrão e os evangélicos — duas seitas diabólicas que ainda lhe dão alguma sustentação — batiam boca por causa da malparada discussão a respeito da indicação de André Mendonça para o STF. O próprio Bolsonaro acusou o ex-presidente do Senado e atual presidente da CCJ, Davi Alcolumbre, de cozinhar em óleo frio a indicação do pastor que ele escolheu para ocupar a suprema poltrona que vagou com a aposentadoria de Marco Aurélio Mello, o ex-ministro das causas perdidas. 

"Isso não se faz”, disse o sultão do Bolsonaristão. "Ele [Alcolumbre] pediu apoio para eleger o [Rodrigo] Pacheco, eu dei. Teve tudo que foi possível durante 2 anos comigo e de repente ele não quer o André Mendonça. Quem pode não querer é o plenário do Senado, não é ele. Ele pode votar contra, mas o que ele está fazendo não se faz, a indicação é minha", emendou o despresidente, evidenciando o vergonhoso compadrio que havia entre ele o senador amapaense.

Os sinais dados por Bolsonaro e sua trupe em relação a Mendonça são contraditórios, e muita gente os vê como um ensaio de mudança de planos nos arredores do Planalto. Ver tisnado seu apoio na cúpula do neopentecostalismo, com Silas Malafaia vociferando contra ministros no Twitter, é tudo que um candidato com rejeição recorde deveria não querer, mas Bolsonaro preferiu pegar uma praia a se aborrecer fazendo articulação política — prática que ele condenou durante a campanha e no início de sua malsinada gestão, para depois não só abraçar como também confundir com compra de apoio — algo sempre volátil e sujeito a inflação maior que a do gás de cozinha.

A indicação do pastor presbiteriano ao STF deflagrou uma guerra de anões. De um lado, Alcolumbre, sem estatura política para presidir a CCJ do Senado; do outro, Bolsonaro, idem na mesma data para presidir a República. No meio, um candidato a togado que se encolhe para escapar do tiroteio.

Bolsonaro acusou Alcolumbre de torturar um chefe de família ao postergar a sabatina. A pretexto de defender o apadrinhado, o padrinho transformou um sujeito "terrivelmente evangélico" num personagem incrivelmente vassalo. Outros mandatários já cobriram com a suprema toga ombros de auxiliares diretos, mas nenhum foi tão explícito quanto o alienado de turno. A exemplo de Mendonça, Gilmar Mendes e Dias Toffoli também ocupavam o posto de advogado-geral da União quando foram indicados para o STF por FHC e Lula. Alexandre de Moraes, indicado por Michel Temer, era ministro da Justiça.

Os patronos sempre esperam algum tipo de fidelidade a posteriori, mas Bolsonaro exige o compromisso prévio de lealdade e expõe os acertos sob refletores. São muitos os processos judiciais e as investigações que encostam em Bolsonaro, filhos e aliados. Se prevalecer sobre a tortura de Alcolumbre, o pastor integrará a 2ª Turma da corte, onde tramita um recurso do primogênito Flávio "Rachadinha" Bolsonaro para lhe assegurar foro privilegiado. Presidente da turma, Nunes Marques — toga de estimação de Bolsonaro — adiou o julgamento. É como se o primeiro indicado do capitão para o Supremo esperasse pela chegada do futuro colega terrivelmente vassalo. Em suma, a degradação atingiu um grau inédito, e o pior é que, segundo o "mito" dos descerebrados, "nada está tão ruim que não possa piorar".

De acordo com Diogo MainardiSergio Moro — que ficou de anunciar em novembro se disputará ou não a eleição presidencial de 2022 — já escalou Paulo Hartung para elaborar seu plano de governo. Trata-se de um bom nome, tanto pelas qualidades que o economista demonstrou ter ao administrar o Espírito Santo quanto por seu potencial de atrair gente qualificada na área econômica para o entorno do ex-juiz. Hartung é defensor da responsabilidade fiscal e de reformas tributária e administrativa de verdade, não esses remendos que o governo Bolsonaro anda fazendo com o Centrão, na base do me engana que eu gosto. E também enxerga na transição ecológica uma enorme oportunidade para o Brasil.

Todas essas premissas são essenciais para a elaboração de um plano convincente, que permita a Moro vender o seu peixe a banqueiros, grandes empresários, investidores e aos assalariados, profissionais liberais e pequenos empresários que amargam o desemprego, a inflação de dois dígitos, a quebradeira e, no caso das classes menos favorecidas, a fome. O desafio de Moro e de quem se juntar a ele será encontrar uma fórmula que combine a imprescindível responsabilidade fiscal com estímulos urgentes à atividade econômica, mas sem cair na tentação do populismo que envelopará as campanhas de Lula e Bolsonaro.

Igualmente importante é somar ao grande ativo do ex-magistrado — o combate à corrupção — um forte caráter econômico que mostre ao eleitorado como os corruptos minam as bases de uma sociedade produtiva e inviabilizam um estado eficiente. Apesar de a Lava-Jato ter procurado fazê-lo, boa parte dos brasileiros não ligou os pontos: segundo as pesquisas que vêm sendo publicadas, a corrupção está entre as principais preocupações de uma minoria bastante reduzida. E de nada adianta vender só futuro a pessoas aprisionadas num eterno e dramático presente, suscetíveis a subornos populistas e assistencialistas sem porta de saída. Moro precisa ter isso em mente se resolver realmente disputar a Presidência.

Diante desse cenário nada alvissareiro, retomo amanhã a regressão que interrompi para publicar a presente "atualização". Até porque fica mais difícil a cada dia digerir o angu de caroço que virou o cenário político tupiniquim, e judiar demais do estômago, na minha idade, não traz benefício algum.

segunda-feira, 8 de março de 2021

WINDOWS — INICIALIZAÇÃO LENTA — COMO RESOLVER

SER DE ESQUERDA OU DE DIREITA SÃO MANEIRAS DE ESCOLHER SER UM IMBECIL, POIS AMBAS SÃO FORMAS DE HEMIPLEGIA MORAL.

O ideal seria ligarmos o computador e ele responder prontamente, como uma lâmpada responde ao comando do interruptor. Mas o mundo em que vivemos está longe de ser o ideal. Demais disso, é preciso ter em mente que um sistema computacional é composto por dois subsistemas sistemas distintos — mas complementares e interdependentes —, que são o hardware (aquilo que o usuário chuta) e o software (aquilo que ele xinga). E que, a despeito da evolução tecnológica havida nas últimas décadas, as limitações do pré-histórico BIOS e do jurássico disco rígido eletromecânico retardam a inicialização do Windows e impactam negativamente o desempenho global do PC (*).

hardware é a parte física do computador (gabinete, teclado, monitor, placa-mãe, placas de expansão, memórias etc.) e o software, a porção “lógica”, representada pelos programas (sistema operacional, aplicativos, utilitários etc.). No léxico da informática, “programa” remete a um conjunto de instruções (em linguagem de máquina) que descrevem uma tarefa a ser realizada, e pode referenciar tanto o código fonte (escrito em linguagem de programação) quanto o executável que o contém.

Qualquer dispositivo computacional (de mesa, portátil ou ultraportátil) é comandado por um sistema operacional, que embora seja essencialmente um programa, destaca-se dos demais por ser o responsável, dentre outras atribuições, pelo gerenciamento do hardware e do software, por prover a interface usuário/máquina e por servir como base para a execução dos aplicativos.

Toda vez que ligamos o computador, o BIOS realiza um autoteste de inicialização (POST, de power on self test), busca os arquivos de boot (respeitando a sequência declarada no CMOS Setup), “carrega” o sistema na memória RAM (não integralmente, ou não haveria memória que bastasse, mas  exibe a tradicional tela de boas-vindas. 

BIOS é a primeira camada de software do sistema computacional, ou seja, um programinha de “baixo nível”, como se costuma dizer, mas sem a conotação pejorativa com que essa expressão costuma ser utilizada. Ele é gravado pelo fabricante num chip de memória não volátil, que depois é integrado à placa-mãe.

CMOS é um componente de hardware composto por um relógio permanente, uma pequena porção de memória volátil e uma bateria, que é responsável por manter essa memória energizada (para que não perca as informações toda vez que o computador é desligado).

Convencionou-se chamar boot ao processo mediante o qual o BIOS checa as informações armazenadas no CMOS, realiza o POST e, se tudo estiver nos conformes, carrega o Windows e sai de cena, permitindo que o sistema operacional assuma o comando da máquina. Numa tradução direta do inglês, boot significa bota ou botina, mas, no jargão da TI, é sinônimo de inicialização. Essa acepção advém da expressão “pulling oneself up by his own bootstraps” (“içar a si mesmo pelas alças das botinas”), e, por extensão, significa “fazer sozinho algo impossível de ser feito sem ajuda externa”. 

Observação: Segundo alguns autores, a adoção desse termo remota ao tempo em que os computadores usavam uma pequena quantidade de código para carregar instruções progressivamente mais complexas, num processo conhecido como bootstrapping.

"Fazer o Setup" consiste, por sua vez, em oferecer respostas a uma sequência de perguntas (do tipo múltipla escolha) que permitem ao BIOS reconhecer e gerenciar o hardware, “dar o boot” e realizar outras tarefas básicas inerentes ao funcionamento do computador.

(*) A exemplo de "focar", "impactar" é um verbo transitivo direto, mas uma confusão — bastante comum, aliás — costuma ocorrer nas construções em que se emprega o substantivo, que requer o complemento preposicionado (assim: focar o afeto, mas [ter] foco no afeto).  Além de repelir a preposição (na condição de verbo intransitivo, como em A greve impactou bastante), impactar pode ainda ser  transitivo direto (a greve impactou o serviço bancário), mas jamais "transitivo indireto", dependente da preposição "em", sendo errôneas, portanto, as frases: "O estudo impactou no resultado"; "As provas impactaram no julgamento da lide". Por outro lado, aquilo que causa impacto, causa impacto em, donde se admite, com acerto, em locução verbal, as frases: "O estudo causou impacto no resultado"; "As provas causaram impacto no julgamento da lide". Portanto, o erro de regência causa um grande e negativo "impacto".

Continua no próximo capítulo.