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quarta-feira, 18 de setembro de 2024

DANDO NOME AOS BOIS



Patriotismo e chauvinismo parecem conceitos semelhantes à primeira vista, mas carregam diferenças profundas. Confundir um com o outro é como misturar alhos com bugalhos, capitão-de-fragata com cafetão de gravata ou a obra do mestre Picasso com a pica de aço do mestre-de-obras. Chamamos patriotismo a um sentimento baseado em valores nobres, voltado para o bem-estar do país. Já a palavra chauvinismo deriva do nome de um soldado francês, Nicolas Chauvin, famoso pela lealdade cega a Napoleão Bonaparte, donde o termo ser usado com o sentido de nativismo irracional, fanático, com pitadas de psicopatia. 


Como exemplo de patriotismo, cito as manifestações pelas Diretas-Já nos anos 1980; como exemplo de chauvinismo, a depredação das sedes dos Três Poderes protagonizada em 8 de janeiro de 2023 por uma récua de bolsonaristas lunáticos (com o perdão da redundância), que cantam o hino nacional para pneus, pedem ajuda a ETs e trotam para a Avenida Paulista sempre que seu "mito" sopra o berrante.

 

Em tempos de polarização, o que os peseudopatriotas chamam de patriotismo é na verdade um chauvinismo viceral, guiado pelo ódio a quem pensa diferente (veja-se o Brexit no Reino Unido e à invasão do Capitólio no EUA). No Brasil, esse fenômeno ganhou força durante a disputa presidencial de 2018 (não que campanhas eleitorais movidas pelo ódio sejam novidade nesta banânia), mas sua origem remonta ao final dos anos, quando Lula plantou a semente da cizânia com seu discurso de "noff contra eleff" (lembrando que os embates entre PT e PSDB eram mais ou menos civilizados). 


O detalhe — e o diabo mora nos detalhes — é que a raiva, quando industrializada, costuma ter um desfecho ruim. Jânio renunciou. Collor foi impichado. Bolsonaro perdeu a reeleição, ficou inelegível e vive sob a ameaça de uma sentença criminal (que, lamentavelmente, demora a acontecer). E a última pesquisa Quaest trouxe dados preocupantes para o Planalto e para o comitê eleitoral do PSOL em São Paulo: às vésperas do primeiro turno, a aliança de Boulos com Lula ainda não decolou — o apadrinhado atraiu apenas 43% dos eleitores paulistanos que votaram em seu padrinho na sucessão presidencial de 2022. 


Observação: Devido a essa "lulodependência", o vexame será compartilhado pelo padrinho se o afilhado não passar para segundo turno. Nessa hipótese, Lula perderia tanto para a direita representada por Tarcísio de Freitas, padrinho de Nunes, quanto para a ultradireita personificada em Marçal, que cresceu à revelia de Bolsonaro.

 

O cenário segue de empate triplo, mas Nunes e Marçal cresceram além da margem de erro, e Boulos ficou abaixo do patamar tradicional da esquerda (em Sampa), que gira em torno de 30%. Para agravar a situação, o ex-chefe do MTST vem perdendo terreno em áreas onde esperava crescer.


Em última análise, o mago memes e dos recortes foi enfeitiçado pelo próprio feitiço no debate da TV Cultura. Privado pelas artimanhas do sorteio de trocar farpas com os dois candidatos mais bem-postos nas pesquisas, Marçal esmerou-se nas provocações ao quinto colocado, levou uma cadeirada, tentou a administrar a agressão com método. Percebendo que seu plano de migrar da posição de encrenqueiro profissional para a de vítima havia micado, recalibrou rapidamente o discurso, queixou-se da falta de solidariedade dos adversários e declarou-se pronto para a guerra. Aprendeu da pior maneira um velho ensinamento de Tancredo Neves: a esperteza, quando é muita, engole o dono.

 

Costuma-se dizer que macaco esconde o rabo para falar mal do rabo alheio. Ao cobrar serenidade de Datena depois de fustigá-lo na noite de domingo, Marçal sentou-se no próprio cinismo. Vivo, Charles Darwin diria que a campanha municipal de São Paulo é a prova de que o ser humano não só parou de evoluir como fez o caminho inverso, rumo às cavernas.


Desde que Marçal revelou que se faz de idiota nos debates porque "o público gosta disso" aguardava-se um fato que justificasse o uso do ponto de exclamação que se escuta quando as pessoas dizem "não é possível!" Pois bem, o sinal foi dado: no debate Rede TV-UOL, constatada a impossibilidade de controlar quem age ou reage como se tivesse parafusos a menos, optou-se por banir o risco de que a patifaria resultasse num replay parafusando-se as cadeiras no chão. 


Se no último domingo a cadeira foi a grande vencedora, no debate de ontem quem se destacou foi a mediadora, que conduziu com firmeza as duas horas do programa. Nunes passou o debate inteiro — fora os instantes em que ele esteve se digladiando com Marçal — tentando grudar em Boulos a pecha de defensor da legalização das drogas; este, por sua vez, disse que Nunes a Marçal são faces da mesma moeda (porque buscam o vínculo com o bolsonarismo), mas que o primeiro é ruína e o outro, o abismo.

Nos embates anteriores adotou-se de tudo em matéria de endurecimento das regras — do puxão de orelhas à proibição do celular, passando pela expulsão da sala. Especula-se agora sobre o que virá depois da cadeira parafusada. Coleira? Focinheira? Jaula?
 
A conferir.

sexta-feira, 15 de março de 2024

A VOZ DAS PESQUISAS  



Sempre desconfiei de pesquisas eleitorais, sobretudo quando elas são feitas com muita antecedência. Acerta o placar quem espera o apito final (e isso se o VAR não atrapalhar). Magalhães Pinto dizia que "política é como nuvem" e Ciro Gomes, que "eleição é filme e pesquisa é frame". Na melhor das hipóteses, elas são um "instantâneo" do humor do eleitorado num determinado momento, e isso se admitirmos que a opinião de 2 mil gatos pingados espelhe o pensamento de 150 milhões de eleitores.

Em 2018, todos os institutos davam de barato que Dilma seria a senadora mais votada, mas ela ficou em 4º lugar; que Bolsonaro perderia de qualquer adversário no segundo turno, mas ele venceu por uma diferença de quase 12 milhões de votos. Eduardo Suplicy, outro "eleito" por antecipação, foi penabundado após 27 anos de Senado; Geraldo Alckmin obteve menos de 5% dos votos, e Marina Silva, 1%. No Nordeste  tido e havido como o solo sagrado onde Lula realizaria o milagre da ressurreição —, o PT teve 10 milhões de votos a menos do que em 2014 e perdeu em cinco das sete capitais da região.
 
Lula começou a semana com a ressaca de opinião pública produzida pelas pesquisas Quest, Ipec (ex-Ibope) e Atlas. Embora simule tranquilidade, a petralhada exsuda bagos de preocupação. No segundo turno da campanha, chegou-se a falar na "sorte" de um país que dispunha de um líder popular com força para se contrapor ao obscurantismo antidemocrático de Bolsonaro. Depois de 15 meses de gestão, só um idiota não vê que a tal "frente ampla" que mandou o mito do arcaísmo para casa não foi capaz (e nem será) de desintoxicar a conjuntura nacional.
 
Confie-se ou no resultado das pesquisas, a impressão que fica é a de que Lula não consegue convencer o eleitorado de que "o Brasil voltou" para uma posição mais vantajosa do que sob Bolsonaro. O fato de o bolsonarismo se manter sólido evidencia que o petista não só é incapaz e conquistar eleitores do rival como vem se distanciando do eleitor mediano que ajudou a elegê-lo em 2022. Enquanto o alarme da impopularidade toca, seus operadores políticos tentam convencê-lo de que é preciso circular não no exterior, mas no Brasil. Mas a pergunta é: circular para quê? 
 
No primeiro ano de sua terceira gestão, Lula tentou passar uma borracha na era da destruição. Fechou a fábrica de demolição que seu antecessor instalou no Planalto, recriou programas de antigos governos petistas e colocou em pé o Desenrola. Mas o efeito positivo começou a se dissipar no oitavo mês, quando as linhas de aprovação e desaprovação iniciaram um processo de aproximação nas pesquisas.

O petista repete ad nauseam que foi perseguido e injustiçado, mas quem tem olhos enxerga o abismo que separa a anulação de sentenças do conceito de inocência. Saltam aos olhos dois fatos: 1) A Lava-Jato exorbitou, mas a corrupção confessada e ressarcida não é uma obra de ficção; 2) Lula não foi absolvido nos vinte e tantos processos abertos contra ele; foi "descondenado" porque maioria das ações foi anulada ou arquivada pela prescrição resultante do deslocamento de Curitiba para Brasília.
 
O PT e seu pontífice demoram a perceber que o câncer da corrupção não será extirpado com discursos. Numa fase em que a tentativa de rescrever a história inclui as canetadas com que o ministro Dias Toffoli anulou multas bilionárias que empresas concordaram em pagar após confessarem seus crimes, a parcela minimamente pensante do eleitorado pede argumentos compreensíveis, não lero-lero político. 

Lula disse que as pesquisas servem como "instrumento de ação e de mudança da sua estratégia de governo", mas suas ações sinalizam uma opção preferencial pela inação e pela perseverança no erro: "A gente tem de entendê-la como uma fotografia em função do momento em que você está vivendo...". Eleito por pequena margem com um discurso de "pacificador", sua excelência chega a um ano e três meses de governo perdendo apreço até entre seus eleitores mais tradicionais, mas continua insistindo que "a polarização é boa se a gente souber trabalhar os neutros para que a gente possa criar maioria e governar o Brasil." 
 
Lula confunde alhos com bugalhos quando lembra que o país foi polarizado durante décadas pelas disputas entre PSDB e PT
Quando perdeu a eleição, José Serra parabenizou o adversário. FHC presenteou-o com uma transição de mostruário, passou-lhe a faixa e foi para casa. Bolsonaro sonegou ao país o reconhecimento da derrota, tramou uma virada de mesa, estimulou o acampamento que pedia intervenção militar na frente do QG do Exército e foi assistir desde a Flórida à intentona de 8 de janeiro e agora percorre a conjuntura à procura de encrenca. Na era da polarização PSDB X PT, o bico mais afiado da oposição no Congresso era o de Tasso Jereissati, um oposicionista de punhos de renda. Hoje, Lula rala uma oposição protagonizada por gente como Nikolas Ferreira, um guerrilheiro de redes sociais. 

Sobre a má avaliação da economia, Lula disse: "Até agora, preparamos a terra, aramos, adubamos e colocamos a semente. Cobrimos a semente. Este é o ano em que vamos começar a colher o que plantamos". Foi como se ecoasse o Delfim Netto da ditadura, época do "milagre econômico": "Antes de repartir o bolo, é preciso esperar que ele cresça." Se observasse o "filme" exibido pelas pesquisas, o presidente perceberia que as curvas da aprovação e da desaprovação aproximam-se desde agosto do ano passado. 
 
No corredor da existência, a paciência fica sempre na primeira porta. Convém a um governante bater de leve, sob pena de enfurecê-la. Lula exagera nas batidas. Se esperasse um pouquinho mais, talvez começasse a pensar antes de falar.

Com Josias de Souza

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

MAIS SOBRE BURACOS NEGROS, BRANCOS E DE MINHOCA...

NÃO CONFUNDA A OBRA DO MESTRE PICASSO COM A PICA DE AÇO DO MESTRE DE OBRAS

O primeiro aniversário do atentado terrorista de 8 de janeiro transcorreu sem incidentes, noves fora a ausência (esperada) de governadores e parlamentares alinhados ao bolsonarismo, que, de olho nas eleições de outubro, preferiram não ser vistos num ato político-eleitoreiro articulado pelo ex-retirante, ex-metalúrgico, ex-sindicalista, ex-presidiário e ex-etc., que, com voz roufenha, cenho carregado e dedo em riste, trovejou: "todos aqueles que financiaram, planejaram e executaram a tentativa de golpe devem ser exemplarmente punidos". Mas um ano se passou e, a exemplo do mentor intelectual e de quem financiou os atos golpistas, nenhum general ou integrante da alta cúpula das FFAA foi investigado ou responsabilizado.
O ministro da Defesa (que por alguma razão o morubixaba de turno ainda não penabundou) ponderou que os chefes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica “não queriam o golpe, em nenhum momento se falou nisso”, além de chamar os golpistas de "inocentes úteis" e afirmar que o clima no dia do golpe era de "um grande piquenique". Bolsonaro, por sua vez, disse que a depredação das sedes dos Poderes não foi uma tentativa de golpe, que para haver golpe "tinha que ter uma pessoa à frente", que tudo foi apurado e não se levantou nome algum, que as decisões do STF contra os acusados de envolvimento são "absurdas" e que Lula defende a Venezuela e a Nicarágua e não reconhece o Hamas como terrorista. 
É cobra comendo cobra e galera batendo palmas para seu ofídio preferido dançar. Triste Brasil.

Em 1784, o pastor britânico John Michell suscitou pela primeira vez a existência de regiões do espaço com força gravitacional suficiente para "engolir" a própria luz. Em 1904, a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein forneceu a base para o entendimento atual dos buracos negros — que só foram batizados como tal em 1967 — mas foi somente em 2019 que o Event Horizon Telescope capturou a imagem de um exemplar localizado no centro da galáxia M87, a cerca de 55 milhões de anos-luz da Terra, tornando real o que até então era uma possibilidade teórica. 
 
Os buracos de minhoca, por sua vez, ainda não foram vistos ao vivo e em cores 
 até porque ficam no interior dos buracos negros —, mas acredita-se que eles funcionem como uma espécie de "túnel" entre dois pontos do espaço-tempo. Assim, uma espaçonave que demoraria milhões anos para ir de um ponto ao outro, mesmo na velocidade de luz (1,08 bilhão km/h) atravessaria esse "túnel" em minutos, mesmo que local de destino fique em outro universo e/ou outro ponto da linha do tempo. 
 
Embora não seja uma unanimidade entre os astrofísicos, a teoria segundo a qual o Universo está dentro de um buraco de minhoca que faz parte de um buraco negro existente num universo muito maior explicaria questões polêmicas envolvendo a gravidade, as forças nucleares fraca e forte, o eletromagnetismo e a expansão acelerada do Universo
Como as equações de Einstein não dão uma direção para a seta do tempo, a possibilidade de um buraco negro surgir de um colapso gravitacional de matéria através de um horizonte de eventos no futuro não só admite o processo inverso como também descreve a matéria emergindo de um horizonte de eventos no passado — como se acredita que ocorreu no Big Bang. Caso essa teoria seja comprovada, todos os buracos negros astrofísicos podem ter buracos de minhoca com um novo universo formado simultaneamente em seu interior. 
 
Observação: A despeito das semelhanças entre buracos negros e buracos de minhoca, é importante não confundir alhos com bugalhos — bulbos comestíveis de textura semelhante à do alho, cujo formato de pênis inspirou um fado que os marinheiros lusitanos cantavam nos tempos de Cabral: "Não confundas alhos com bugalhos / Nem tampouco bugalhos com caralhos".
 
O termo "singularidade gravitacional" designa pontos onde as leis da física tradicional não se aplicam. Uma das singularidades mais conhecidas é a que ocorre no centro de um buraco negro, onde a densidade infinitamente alta distorce o espaço-tempo e atrai os objetos que se aproximam de seu horizonte de eventos. Para escapar, seria preciso superar a velocidade da luz, que, de acordo com Einstein, é a maior velocidade possível no Universo. E não haveria saída do outro lado, já que a singularidade estaria sempre no futuro. 
 
A possibilidade de ultrapassar a velocidade da luz sem violar as leis da física contraria o postulado de Einstein, mas foi apresentada por Gerald Feinberg em 1967. Segundo ele, as partículas taquiônicas surgiriam de um campo quântico com "antimassa" — lembrando que massa e energia são conceitos intrínsecos, e que, para superar a velocidade da luz, seria preciso funcionar "ao contrário". 

Observação: Em termos mais simples, a velocidade da luz é o limite inferior de um táquion, que jamais poderia viajar a menos de 299.792,458 km/s. Assim, um táquion com energia zero teria velocidade infinita e poderia cruzar o universo instantaneamente.
 
Os táquions ainda não foram detectados — até porque é impossível detectar algo tão rápido com os sensores atuais, que operam dentro dos limites da velocidade da luz. Caso sua existência seja comprovada, o Universo pode se deparar com paradoxos tão complexos quanto o do Avô, pois as partículas se moveriam para trás na linha do tempo. 

Explicando melhor: um hipotético táquion emitido por um hipotético piloto de espaçonave para um hipotético receptor na Terra se moveria mais rápido que a luz no referencial deste, mas retrocederia no tempo no referencial daquele. Isso significa que a resposta chegaria antes da pergunta, e se ela fosse "não envie o sinal", o piloto não enviaria a pergunta e o receptor não teria nada para responder, daí a semelhança com o paradoxo retrocitado.
 
Há diversas teorias sobre como esse paradoxo poderia ser evitado 
 como a que nega a existência dos táquion, a que sustenta que os observadores nos diferentes referenciais simplesmente não conseguem dizer a diferença entre a emissão e a absorção dos táquions, e a de que os táquions não são como as demais partículas que conhecemos e tampouco interagem com seja lá o que for, daí eles não poderem ser detectados ou observados. Mas isso é conversa para uma outra vez.

terça-feira, 14 de novembro de 2023

QUEM NÃO APRENDE COM OS ERROS DO PASSADO...


Rejeitado nas urnas e inelegível, Bolsonaro continua vazando inverdades como um cano furando esbanja água em esguichos perdulários. Seu penúltimo jorro despejou a versão segundo a qual foi graças à sua interferência que Israel finalmente autorizou os brasileiros a deixarem a Faixa de Gaza. Nem bem a notícia foi divulgada, a milícia digital bolsonarista inundou as redes com mensagens parabenizando o "mito" pelo feito alheio. A autorização tardia também soltou a língua de Lula, que, depois de perder o nexo e o bonde ao igualar o agressor ao agredido, procura frequentar o debate com um discurso mais calibrado e cogita injetar a guerra na agenda de sua próxima incursão internacional. Parlamentares petistas, aliados do governo, ministros e até a primeira-dama (como não poderia deixar de fazer) correram às redes para enaltecer os esforços do estadista de fancaria e do chanceler Mauro Vieira. Instado a comentar a hipotética interferência do capetão junto ao embaixador, Vieira foi seco: "Não falo com o embaixador, falo com o chefe dele, que é o ministro das Relações Exteriores de Israel". A conversão do drama humanitário em matéria-prima para a polarização é o cúmulo da indignidade. A exploração política da lista de Gaza é a falência da decência.

***

Em matéria de democracia, o Brasil ficou só na foto. As eleições são subordinadas a todo tipo de patifaria, começando pelo voto obrigatório, seguindo pelo horário eleitoral "gratuito" e por inúmeras deformações propositais que entopem a Câmara Federal com políticos das regiões com menor número de eleitores. Os resultados são um monumento à demagogia, à corrupção e à estupidez. Até o desmantelamento da Lava-Jato, quase metade dos deputados federais e um terço dos senadores respondiam a algum tipo de procedimento penal. Fora das penitenciárias, era a maior concentração de criminosos em potencial por metro quadrado.
 
Maus políticos não brotam nos gabinetes por geração expontânea, mas pelo voto de eleitores ignorantes, desinformados e desinteressados. Graças a essa récua de muares, o PT desgovernou esta banânia por 13 anos, 4 meses e 12 dias. Em 2018, visando evitar a volta do presidiário mais famoso do Brasil, então encarnado num patético bonifrate, a maioria dos eleitores apoiou um ex-capitão bronco, despreparado e de pendor golpista, que protagonizou o governo civil mais militar desde o fim da ditadura. Em 2022, era fundamental defenestrar o imbrochável incomível e insuportável, mas conceder um terceiro mandato ao ex-presidiário descondenado era opcional. E deu no que está dando.

A Justiça Eleitoral existe (e custa uma fábula) para garantir eleições exemplares, mas permite a produção dos políticos mais ladrões do mundo. Temos três dúzias de partidos políticos, alguns dos quais não têm um único deputado ou senador no Congresso — servem apenas para meter a mão nas verbas dos vergonhosos fundos partidário e eleitoral bancados pelos contribuintes e para rifar sua cota de tempo no horário político obrigatório durante as campanhas eleitorais. Os direitos dos cidadãos representam a área mais notável das semelhanças entre nossa democracia e os reis africanos que aparecem nas fotos-símbolo do colonialismo. Nunca houve tantos direitos escritos nas leis nem o poder público foi tão incompetente para mantê-los. Como se não bastasse, há uma recusa sistemática em combater o crime por parte de nove entre dez políticos com algum peso. 

Como instituições, a Presidência da República, o Congresso e o STF merecem nosso mais profundo respeito. Mas daí a achar que os políticos eleitos desde a redemocratização para chefiar o Executivo, os 513 deputados federais, os 81 senadores e as 11 supremas togas merecem o mesmo tratamento é confundir alhos com bugalhos

Para encerrar, segue um texto do jornalista Paulo Polzonoff Jr.:

Será que consigo "defender" Reinaldo Azevedo em apenas quatro parágrafos? Outra dúvida: por que me dou ao trabalho, se não o conheço? Para a primeira pergunta a resposta está na própria existência deste texto. Se você estiver lendo é porque consegui. Para a segunda, a resposta é um pouco mais complicada, e tem a ver até com o “escândalo das joias".

 

Sou melhor defendendo do que atacando. Passando pano do que acusando. Zombando do que reverenciando. Porque em tudo e todos que vejo me espantam a fragilidade e o desespero. Daí o instinto de compreender (essa é a palavra!) Reinaldo Azevedo


Reveja a entrevista dele com Lula. Não há ali admiração; o que há é a angústia de um homem que caiu na areia movediça e não tem ninguém para salvá-lo. Está sozinho, ainda que pareça cercado pelos aliados de ocasião. Dele gostaria de ouvir uma explicação clara sobre a mudança de postura. Como e por que virou discípulo do babalorixá de banânia? Que caminhos o levaram à conclusão de que estava errado em seus outrora divertidos ataques ao PT


Histórias de conversão me interessam. E a lealdade de Reinaldo a Lula equivale a uma queda do cavalo, ainda que para vislumbrar e adorar as trevas do petismo. Não? A mim me custa acreditar que a motivação tenha sido pecuniária. Vai ver é porque sou um privilegiado. Não vivo ao redor de pessoas venais. Pessoas só mudam assim porque emocionalmente lhes convém. 


De qualquer modo, e para além da decepção dos que celebrávamos o furor antipetista de Reinaldo, não vejo problema no fato de ele petistar despudoradamente. Que se embriague na admiração pouco sincera dos novos amigos. E seja "feliz".

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

A RELIGIÃO É O ÓPIO DO POVO

Talvez seja impossível dizer como seria mundo sem as religiões, mas o termo "impossível" foi cunhado por alguém que desistiu de tentar. Só o impossível acontece; o possível apenas se repete — ou, parafraseando Einstein, "só existe até que alguém duvide e prove o contrário".

Os primeiros textos védicos remontam a 1.500 a.C., mas os conceitos que eles encerram já vinham sendo transmitidos oralmente havia séculos. A frase "este é o meu corpo" — que Jesus teria dito durante a Última Ceia — é repetida até hoje durante a Eucaristia. 
 
Toda sociedade tem uma religião, toda religião tem um propósito social, e toda refeição religiosa emula um ritual. O Sêder de Pessach e a comunhão são meras adaptações litúrgicas de uma pratica observada em chimpanzés (o último ancestral que os humanos têm em comum com os macacos).
 
Observação: A seleção natural tornou os hominídeos mais sociais — a linha do hominídeo se dividiu em duas há cerca de 10 milhões de anos; uma vertente levou aos bonobos e a outra, ao homo sapiens, que compartilha 99% dos genes com os chimpanzés. 
 
Hoje, as religiões parecem distantes da empatia que surgiu nos tempos imemoriais, mas a evolução ensina que fenômenos complexos se desenvolvem a partir de começos simples. Segundo o sociólogo Robert Bellah, estamos imersos em uma profunda história biológica e cosmológica que influencia tudo o que fazemos; até a mais aparentemente autônoma decisão humana é tomada dentro de uma história. 
 
A finalidade precípua da religião é "religar" o ser humano a Deus, mas cada vertente — cristã, budista, hinduísta, xamânica, espiritualista, gnóstica, entre outras — possui sua própria definição do que ou de quem seja Deus. Conforme a ciência avançou, o divino perdeu parte de seu elã, mas, contrariando as previsões de muitos, o mundo menos religioso — para o bem e para o mal, haja vista o que alguns governos fazem em nome da fé.  
 
Rituais, liturgias, orações e atos de caridade deveriam levar as pessoas a se sentirem parte de uma realidade mais significativa — ainda que as religiões não estejam necessariamente ligadas a uma crença monoteísta, interligadas a preceitos morais e tampouco fundamentadas sobre um mito de criação do mundo. 

Ao longo da História, Cristo, Buda, Maomé, Krishna e outros ícones religiosos deixaram uma mensagem para determinado povo em determinada época. Essas mensagens deveriam levar à unidade, ao amor e ao bem de todos, mas foram distorcidas para atender a interesses egoístas daqueles que detém poder e influência, que as utilizam para manipular seus semelhantes.
 
A História ensina que não é recomendável misturar religião com política. Quando "lavou as mãos" e deixou que Jesus fosse crucificado, Pilatos deixou claro que ligação entre religião e política já existia. E o mesmo se pode dizer do episódio em que Jesus entrou no templo e pediu que dessem "a Cézar o que era de Cézar e a Deus o que era de Deus". 

Durante um longo período da história, Estado e Igreja eram a mesma coisa. Isso começou a mudar com a Revolução Francesa. Com a Proclamação da República, o Brasil se tornou oficialmente um Estado laico, onde a liberdade de crença religiosa é prevista em lei e a lei protege aqueles que não são da religião predominante. 
Mas essa laicidade está em risco devido a um movimento religioso-político mediante o qual alguns segmentos da sociedade e seus representantes no Congresso querem impor sua crença em prol de um projeto visando aumentar sua influência e seu poderio econômico. 
 
O escândalo envolvendo o ex-ministro Milton Ribeiro et caterva, repercutido por toda a imprensa em meado deste ano (mas sobre o qual ninguém fala mais) é mais uma prova provada de que misturar política com religião é uma prática que nunca dá certo. O apadrinhamento de verbas — embora seja uma prática antiga no Brasil — é um hábito que precisa ser combatido por todos, especialmente pelos religiosos, que deveriam ter um código moral... enfim, como está escrito no Salmo 118, versículo 8, “é melhor confiar no SENHOR do que confiar no homem”.
 
Essa é mais uma importante lição que o povo brasileiro tarda a aprender. Para surpresa de ninguém, pois uma gente que desconhece o próprio passado está fadada a repetir seus erros ad aeternum. Para essa brava gente, quanto mais merda houver, melhor. 
 
Li certa vez que "Deus, em sua infinita bondade, criou a fé e o amor, e o Diabo, invejoso, as religiões e o casamento". Isso mostra como é importante não confundir alhos com bugalhos: diferentemente das religiões, as igrejas são instituições que se organizam com base em estruturas de poder e têm como objetivo normatizar a sociedade.

sexta-feira, 27 de maio de 2022

AINDA SOBRE AS MEMÓRIAS DOS PCs E SMARTPHONES

O INFERNO ESTÁ VAZIO. OS DEMÔNIOS QUE NÃO ESTÃO NO CONGRESSO ESTÃO NO EXECUTIVO — EXCETO OS QUE SE ABOLETARAM NA MAIS ALTA CÚPULA DO JUDICIÁRIO.

Continuando de onde paramos no capítulo anterior, falta de memória física se resolve com um upgrade de RAM — que é considerado o upgrade setorizado mais fácil de ser implementado e que produz melhores resultados no desempenho do computador, desde que o gargalo de dados decorra realmente de insuficiência de memória (Windows 11 com 4 GB de RAM, nem pensar). Para além disso, essa evolução precisa ser tecnicamente possível (falo das limitações da placa-mãe e do próprio sistema operacional) e economicamente viável. 

 

No que tange à placa-mãe, cito o exemplo do meu desktop “Frankenstein”, que passa bem, obrigado, embora continue na UTI e sem previsão de alta. Ele dispõe de 64 GB de RAM, mas a placa-mãe limita o acesso a 32 GB — o que é uma pena, pois o Win10 Pro x64 manipula até 512 GB. Por falar nisso, a Microsoft deixou de oferecer edições de 32 bits quando lançou a versão mais recente do Windows (no Win10 Home x32, o limite era de míseros 4 GB).

 

Antes de comprar mais memória para seu PC, verifique se o sistema é 32-bit ou 64-bit. As principais diferenças são o “comprimento da palavra” (sequência de bits de tamanho fixo que o chip é capaz de processar) e o tamanho dos “registradores” (memória temporária usada no processamento das instruções), que definem quanta memória o processador é capaz de endereçar e o sistema operacional, de “enxergar”. O Win10 Home x86 endereça 4 GB e o x64128 GB; assim, instalar mais de 4 GB de RAM num PC cujo sistema seja de 32 bits é gastar boa vela com mau defunto.

 

A redução no preço do SSD (drives baseados em memória flash) deve aposentar em breve os jurássicos discos rígidos eletromecânicos. Mesmo que a RAM seja muito mais rápida, um drive de memória sólida faz toda a diferença (sobretudo com as versão mais recentes do Windows). Guardadas as devidas proporções, isso também se aplica ao armazenamento interno dos ultraportáteis (tanto eMMC quanto UFS, que é o padrão de memória flash mais utilizado em smartphones).

 

Ao escolher um computador, seja de mesa, portátil ou ultraportátil, esquadrinhe as especificações técnicas. Como dito alhures, todo computador é tão rápido quanto seu componente mais lento. Muita gente supervaloriza o HDD/SSD, que chama de "memória" — o que não é errado; errado é confundir alhos com bugalhos (ou a memória primária e a secundária, no caso em tela) e não priorizar uma configuração equilibrada.     

  

O culpado pelo desempenho sofrível do seu computador pode não ser a insuficiência de RAM, mas pouca RAM resulta invariavelmente em baixo desempenho. Para rodar as versões mais recentes do Windows é recomendável dispor de 8 GB de RAM. Os requisitos mínimos estabelecidos pela Microsoft são mais modestos, mas a questão é que a gente não usa apenas o sistema operacional, e os aplicativos — sobretudo os browsers — são vorazes consumidores de memória. 


Mutatis mutandis, o mesmo se aplica aos smartphones, já que, sem aplicativos, os telefoninhos inteligentes não passam de um caríssimos pesos de papel. Mas isso é assunto para o próximo capítulo.

quarta-feira, 16 de março de 2022

WINDOWS 10 — DICAS (QUINTA PARTE)

COM PÓ E MISTÉRIO, A MULHER AO ESPELHO RETOCA O ADULTÉRIO.

Windows usa a memória virtual para emular memória quando a quantidade de RAM não é suficiente para a execução de tarefas “pesadas” (como jogar games radicais) ou para manter vários programas abertos ao mesmo tempo.

O computador utiliza memórias de diversas tecnologias e com diferentes finalidades, daí ser comum os usuários confundirem alhos com bugalhos, ou seja, a capacidade do HDD (memória de massa) com a quantidade de RAM (memória física), já que a unidade de medida usada em ambos os casos é um múltiplo do byte (Megabyte, Gigabyte, Terabyte).

No jargão da informática, o termo “memória” designa qualquer meio destinado ao armazenamento de dados — drives de disco rígido e de memória sólida (SSD), pendrives, SD Cards), mídias ópticas e, claro, as memórias cacheRAMROM. Quando falamos “genericamente” em memória, subentende-se que estamos nos referindo à RAM, que é a memória física do computador e a principal ferramenta de trabalho do processador. 

Quando “abrimos” um programa, seus executáveis são copiados do HDD para a RAM, juntamente com algumas DLLs e os arquivos de dados com os quais vamos trabalhar. A RAM é uma memória de acesso aleatório, o que a torna milhares de vezes mais rápida que o disco rígido (e muito mais cara). O "problema" é que ela só retém os dados enquanto está energizada, daí a necessidade da memória de massa (HDD ou SSD).

Na pré-história da computação pessoal, o Windows era uma interface gráfica que rodava no MS-DOS, que era um sistema operacional monotarefa. Isso significa que a gente mandava um arquivo para a impressora, p. ex., e ia tomar um café, já que o sistema ficava “ocupado” até a impressão ser concluída. O Win95 já oferecia suporte à multitarefa, mas, como dito linhas acima, o megabyte de RAM custava os olhos da cara. A Microsoft, modesta quando lhe convém, dizia que 8MB (isso mesmo, megabytes) de RAM eram suficientes para o sistema rodar, mas bastava abrir dois ou mais apps “gulosos” ao mesmo tempo para uma mensagem de “memória insuficiente” se exibida ou, pior, para o Windows travar.

A “memória virtual” foi uma mão na roda — e continua sendo, embora não passe de um paliativo (de novo: falta de memória, física ou de massa, se resolve mediante um upgrade de RAM ou de HDD; o resto é conversa mole para boi dormir).

Continua...

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

AINDA SOBRE VÍRUS, RANSOMWARE, PRIVACIDADE, COOKIES ETC. (CONCLUSÃO)

CASAR É TROCAR A ADMIRAÇÃO DE VÁRIAS PELA CRÍTICA DE UMA SÓ.

Quando os vírus "apenas" danificavam arquivos do sistema, as vítimas logo percebiam que havia algo de errado com suas máquinas. Mais adiante, porém, o objetivo mudou, e o modus operandi também foi alterado, de modo a evitar que as vítimas se dessem conta da infecção e adotassem as medidas corretivas necessárias. 

É importante não confundir alhos com bugalhos: pesquisar um produto qualquer na Web e passar a ser bombardeado com anúncios não é indício de infecção, mas sim de que os "cookies" estão fazendo seu trabalho (detalhes nesta postagem). Essas propagandas — que estão presentes até em redes sociais — são invasivas, podendo mesmo assustar internautas desinformados. 

Muita gente acha que o smartphone consegue escutar o que se fala durante o uso do aparelho. Se você pensa que isso é pura paranoia, talvez reveja seus conceitos se entender melhor como funcionam o Google Ads, os algoritmos em geral e as assistentes virtuais em particular, como a do Google, presente no Android, e a Siri, que integra o iOS. que respondem a comandos de voz.

LGPD em vigor exige que todas as empresas forneçam informações claras e acessíveis sobre o uso de dados pessoais dos usuários em seus  “termos de uso”, mas quase ninguém se preocupa com isso quando acessa um site, por exemplo, e é induzido a “aceitar” os cookies. Anúncios específicos que não param de aparecer podem ter a ver com algoritmoscookies e o próprio Google Ads. Por meio de uma técnica conhecida como “retargeting”, as empresas de propaganda conseguem identificar as preferências dos usuários e gerar anúncios personalizados, conforme o perfil de cada um. E é aí que entram os cookies — pequenas porções de código armazenados pelos sites nos navegadores dos internautas que concedem essa permissão quando visitam as webpages.

Fazer uma busca por um determinado produto fará com que o Google Ads entenda que você tem interesse em adquirir o tal produto, e passará a exibir um sem-número de “anúncios personalizados”. Para evitar essa aporrinhação, prefira fazer as pesquisas a partir de uma guia anônima do navegador ou, melhor ainda, utilizando uma VPN (o Opera, por exemplo, oferece o serviço gratuitamente e não limita o tráfego de dados).

Vale também configurar seu browser para excluir os cookies e o histórico de navegação ao final de cada sessão ou fazê-lo manualmente de tempos em tempos. No Chrome, clique em Configurações (os três pontinhos no final na barra de endereços) > Mais Ferramentas > Limpar dados de navegação > Eliminar os seguintes itens desde, escolha uma das opções disponíveis (sugiro desde o começo) e marque as caixas de verificação ao lado dos itens que você deseja eliminar (sugiro limitar-se às primeiras quatro opções). Ao final, clique em Limpar dados de navegação, reinicie o navegador e confira o resultado (para não meter os pés pelas mãos, siga este link e leia atentamente as informações da ajuda do Google antes de dar início à faxina).

No Mozilla Firefox, clique no botão Abrir menu (também localizado no canto direito da barra de endereços, mas identificado por três traços horizontais), clique em Opções > Privacidade e Segurança > Cookies e dados de sites, clique no botão Limpar dados e reinicie o navegador. 

No Edge Chromium, clique no ícone das reticências (no canto superior direito da janela), depois em Configurações > Privacidade, pesquisa e serviços e, em Limpar dados de navegação, selecione Escolher o que limpar, defina um intervalo de tempo no menu suspenso e os tipos de dados que você quer limpar, clique em Limpar e reinicie o navegador.

No Opera, clique no botão Menu (no canto superior esquerdo da janela), em Configurações > Privacidade e segurança > Limpar dados de navegação; feitos os ajustes desejados, pressione o botão Limpar dados de navegação e reinicie o navegador.