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terça-feira, 21 de julho de 2020

AINDA SOBRE GILMAR MENDES, O APARELHAMENTO NA SAÚDE E OUTRAS BOBAGENS

Não é exagero dizer que o ministério da Saúde está sob intervenção militar desde a demissão do oncologista Nelson Teich, em 15 de maio (detalhes na postagem anterior). Segundo O ANTAGONISTA, ao longo dos 18 meses da atual gestão o aumento do número de militares na área da saúde foi de 74%. De acordo com um levantamento feito pelo TCU, 1,2 mil membros das Forças Armadas ocupam postos reservados a profissionais da saúde; em 2018 eram 718, e em 2016, 642.

Depois de “acusar” os militares de se associarem ao “genocídio” (referindo-se ao fato de o ministério da Saúde estar sob o comando de um general interino, que entente de medicina tanto quanto eu entendo de missa), a grandiloquente maritaca de Diamantino (como o jornalista José Nêumanne alcunhou o todo-poderoso Gilmar Mendes) tuitou uma mensagem reiterando seu “absoluto respeito e admiração pelas Forças Armadas Brasileiras e a sua fidelidade aos princípios democráticos da Carta de 88”. Mas manteve sua posição no sentido de que a política pública de saúde deve ser pensada e planejada por especialistas, dentro dos marcos constitucionais, e concluiu recomendando (litteris): “que isso seja revisto, para o bem das Forças Armadas e da saúde do Brasil”.

O general Eduardo José Barbosa, presidente do Clube Militar, disse que a fala do ministro sobre os militares é criminosa, e acrescentou: Ele é conhecido como o ministro que mais soltou corruptos no Brasil. Sobre o fato de um general ocupar o Ministério da Saúde, o também estrelado preferiu acusar o STF: “Dos 11 que tem lá, nove nunca foram nem juízes. Gilmar Mendes é um deles. Um, inclusive, era advogado de um partido político” (referindo-se a Dias Toffoli, cujo currículo, já brilhante de per si, tornam ainda mais resplandecente duas reprovações consecutivas em concursos para juiz de primeira instância em São Paulo).

Entendo eu que o fardado está a confundir alhos com bugalhos, o pá! Aliás, reforço o que disse no post anterior: gostar ou não de Gilmar Mendes não muda o fato de ele estar coberto de razão ao criticar a atuação de Pazuello no comando da Saúde e, por extensão, a do capitão-presidente no combate à pandemia, e que a palavra genocídio foi uma má escolha, mas uma escolha feita de caso pensado, visando causar grande repercussão. De novo: pode-se gostar ou não do ministro — e eu não gosto —, mas não se pode menosprezar suas habilidades de estrategista. Basta lembrar como ele manipulou seu pares no TSE, em 2016, para absolver a chapa Dilma/Temer da acusação de abuso de poder econômico na campanha de 2014, a despeito da abundância de provas recomendar a condenação.

Observação: Confundir alhos com bugalhos é o mesmo que trocar as bolas, ou, por extensão, meter os pés pelas mãos. O que muita gente não sabe é que bugalhos são bulbos comestíveis de textura semelhante à do alho, cujo formato de pênis inspirou um fado que os marujos lusitanos cantavam nos tempos de Cabral: “não confundas alhos com bugalhos / nem tampouco bugalhos com caralhos”.

Assinado pelos juristas Modesto Carvalhosa, Laércio Laurelli e Luís Carlos Crema, o aditamento de um pedido de impeachment contra o ministro Gilmar (já apresentado ao Senado, mas que ainda aguarda a análise de Davi Alcolumbre) argumenta que a declaração associando o Exército brasileiro a um “genocídio”  foi não só inadequada e irresponsável como “beirou a leviandade”. No Senado, uma corrente parlamentar vê a coisa pelo mesmo ângulo: 

Não se pode admitir que um membro da mais alta Corte do país continue se valendo de sua função para prejudicar o equilíbrio entre as instituições e os Poderes, desonrando a Magistratura nacional e extrapolando os limites atribuídos pela própria Constituição Federal. De um magistrado de uma Corte Suprema espera-se que se manifeste nos autos e quando provocado a fazê-lo. Ao exercer o seu direito de se expressar sobre o atual cenário, excede manifestamente o esperado de um membro da cúpula de um dos Poderes”, sustenta uma carta de apoio assinada pelos senadores Oriovisto Guimarães (Podemos), Alessandro Vieira (Cidadania), Styvenson Valentim (Podemos), Marcos do Val (Podemos), Jorge Kajuru (Cidadania), Eduardo Girão (Podemos), Plínio Valério (PSDB), Álvaro Dias (Podemos), Major Olímpio (PSL), Lasier Martins (Podemos),  (Podemos), Vanderlan Cardoso (PSD), Luiz do Carmo (MDB), Arolde de Oliveira (PSD), Soraya Thronicke (PSL), Luis Carlos Heinze (PP), que pede a Alcolumbre pautar imediatamente a denúncia: “O Senado Federal não pode se furtar do dever de receber, pautar e julgar as denúncias formuladas contra Ministros do Supremo Tribunal Federal, missão que lhe é conferida pelo art. 52, II da Carta Maior e pelos artigos 41 e seguintes da Lei nº 1079/50.”

Assiste aos eminentes juristas e aos excelentíssimos parlamentares o direito de pedir o impeachment de quem bem entenderem, evidentemente. Aliás, qualquer cidadão pode protocolar no Senado um pedido de impeachment contra os ministros da Corte ou, na Câmara, o impedimento do presidente da República, em ambos os casos por crimes de responsabilidade.

Todavia, a julgar pelo destino dos pedidos apresentados anteriormente — tanto os que dormitam nos escaninhos do Senado, sob o olhar complacente de Davi Alcolumbre, quanto outros trinta e tantos que foram protocolados na Câmara contra Jair Bolsonaro, que o deputado Rodrigo “Botafogo/Bolinha” Maia mantém sob sua avantajada buzanfã —, Gilmar Ferreira Mendes, legítimo representante de Amon-Rá no mundo dos vivos, vai continuar cagando regras no STF até 2030 (a não ser que resolva antecipar sua aposentadoria ou que alguém se inspire na midiática narrativa do ex-PGR Rodrigo Janot e tenha colhões para apertar o gatilho). Gostemos ou não.

Continua...

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

RETROSPECTIVA — TERCEIRA PARTE

Conhecimentos não-empíricos, como os obtidos através de inexatos livros de História, não autorizam ninguém a pleitear volta dos fardados ao poder. 

A ditadura instituída pela assim chamada Revolução de 1964 foi um golpe militar desfechado na madrugada de 1º de abril, quando líderes civis e militares conservadores depuseram o então presidente João Goulart e empossaram o marechal Humberto de Alencar Castello Branco, a pretexto de afastar do poder um grupo político que supostamente flertava com o comunismo. 

Em 1968, o “linha-dura” Costa e Silva decretou o AI-5, produzindo um elenco de ações arbitrárias que prevaleceram durante o período mais repressivo do regime. Em 1974, Geisel deu início ao lento processo de abertura que poria fim, dali a 11 longos anos, à malfadada ditadura — que se estendeu por intermináveis 21 anos, durante os quais, além de Castello, outros quatro generais presidiram o país, a saber: Costa e SilvaMédiciGeisel Figueiredo

O desgaste do governo militar propiciou a eleição (indireta) de Tancredo Neves, que derrotou Paulo Maluf no Colégio Eleitoral (por 480 votos a 180), em 15 de janeiro de 1985. graças à união do PMDB à chamada Frente Liberal (formada por dissidentes do partido que dava sustentação ao militares). 

O fim da ditadura não foi uma “consequência natural do espírito democrático” de Geisel e Figueiredo nem tampouco transcorreu sem turbulências e acidentes de percurso. O processo só foi concluído graças a manifestações populares pró-diretas que reuniram cerca de 1,5 milhão de pessoas na Candelária e 1 milhão no Vale do Anhangabaú. A mais emblemática delas lotou a Praça da Sé, em janeiro de 1984, com 300 mil pessoas carregando faixas e vestindo camisetas onde se lia a inscrição “EU QUERO VOTAR PARA PRESIDENTE”.

ObservaçãoOs movimentos pró “Diretas Já” pugnavam pela aprovação da emenda constitucional Dante de Oliveira, que visava restaurar o direito às eleições diretas. Os manifestantes apareceram espontaneamente para ouvir e aplaudir líderes políticos do quilate de Ulysses GuimarãesTancredo NevesLeonel BrizolaFernando Henrique Cardoso e Lula, além de artistas e intelectuais que se revezavam ao microfone. Em meados dos anos 1980, a Internet ainda era uma ilustre desconhecida, e as redes sociais só surgiriam e se popularizariam quase duas décadas depois.

O deputado Ulysses Guimarães, então presidente da Câmara, entregou a Tancredo o programa denominado Nova República, que previa eleições diretas em todos os níveis, educação gratuita, congelamento de preços da cesta básica e dos transportes, entre outras benesses.

Com esperança e ânimos redobrados, os brasileiros ansiavam pela chegada do dia 15 de março — data prevista para a posse do primeiro civil na Presidência em 21 anos. Mas o que deveria ser a festa da democracia se transformou em luto nacional: Tancredo foi internado 12 horas antes da cerimônia e morreu 38 dias e 7 cirurgias depois, levando para o túmulo a esperança de milhões de brasileiros.

O sepultamento do político em São João Del Rey (MG) produziu um dos maiores cortejos fúnebres já vistos no país: o féretro foi seguido por mais de 2 milhões de pessoas por São Paulo, Brasília e Belo Horizonte, a caminho da cidade natal daquele que foi, sem jamais ter sido, o maior presidente do Brasil.

Após algumas discussões jurídicas sobre a possibilidade de o então presidente da Câmara ser guindado ao Palácio do Planalto, prevaleceu o entendimento de que o rebotalho do coronelismo nordestino José Sarney, vice na chapa vencedora, deveria assumir a Presidência. E foi o que aconteceu, para o bem e para o mal.

É no mínimo curioso o fato de que muita gente que nem era nascida quando a eleição de Tancredo marcou o fim da ditadura se diz saudosa dos "anos de chumbo". Essa caterva compareceu em peso nas manifestações de 7 de Setembro último, para beber as palavras golpistas de seu despirocado “mito”.

Enquanto os brasileiros não se conscientizarem de que voto é coisa séria — e não perceberam a força que têm —, continuaremos amargando agentes públicos fisiologistas, vendilhões e ladrões. E, guardadas as devidas proporções, o mesmo raciocínio vale para o Poder Judiciário.

Como instituição, tanto a Presidência da República quanto o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal merecem nosso mais profundo respeito. Mas daí a dizer que o atual chefe do Executivo (bem como os que o precederam desde a "redemocratização"), os 513 deputados federais, os 81 senadores e os 11 togados supremos merecem o mesmo tratamento é confundir alhos com bugalhos.

ObservaçãoConfundir alhos com bugalhos é o mesmo que trocar as bolas, ou, por extensão, meter os pés pelas mãos. O que muita gente não sabe é que bugalhos são bulbos comestíveis de textura semelhante à do alho, cujo formato de pênis inspirou um fado que os marujos lusitanos cantavam nos tempos de Cabral: “Não confundas alhos com bugalhos / Nem tampouco bugalhos com caralhos”.

Continua...

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O FUTURO DO PC

É DA NATUREZA HUMANA PROGNOSTICAR AQUILO QUE SE DESEJA VER REALIZAR.

Você provavelmente já ouviu a expressão “confundir alhos com bugalhos”, mas certamente não faz ideia de que os tais bugalhos são bulbos comestíveis de textura semelhante à do alho, mas cujo formato de pênis inspirou um fado cantado pelos marujos lusitanos, à época do descobrimento: "não confundas alhos com bugalhos / nem tampouco bugalhos com c***lhos".
Feito esse indispensável esclarecimento, peço vênia àqueles que vêm apregoando o final da ERA PC para discordar, pois, a meu ver, o que se pretende enterrar (ainda vivo) é velho e confiável “computador de mesa”, cujas vendas, segundo o IDC, recuaram 6,4% no quarto trimestre do ano passado, enquanto os smartphones e tablets avançaram 36,4% e 75,3%, respectivamente. Mas não seriam esses gadgets – e os ainda incipientes, mas já promissores relógios, pulseiras e até óculos conectados com a Internet – também computadores pessoais?
Quer algo mais pessoal do que um smartphone, que se pode usar em casa, no trabalho e levar no bolso a qualquer parte? E não seria o tablet uma nítida “evolução” dos net/notebooks? E os modelos híbridos, então, que oferecem o melhor dos dois mundos com o simples acréscimo de uma dock com teclado, touchpad, portas USB, etc.? Por essas e outras, eu acho que os PCs não estão morrendo, mas apenas ficando menores e mais compactos.
Talvez eu não seja a pessoa mais indicada para avaliar tendências, até porque não me importo com elas. Em 2002, os notebooks de configuração mediana custavam os olhos da cara, mas eu dividia meu tempo entre Sampa e Rio e por isso tive uma sequência deles, inclusive um Desknote (a média de utilização foi de 18 meses cada, a uma desvalorização de mais de 50%). Então, justamente quando os portáteis caíram significativamente de preço, eu resolvi voltar para a plataforma desktop com uma máquina configurada a meu gosto, que hoje está ultrapassada, mas não obsoleta, embora isso não faça diferença, pois desde o final de 2011 que ela dormita no fundo de um armário.
Para concluir esta conversa, confesso que ainda não fui seduzido pelos tablets. Meu filho quis me dar um no Dia dos Pais, mas eu pedi o dele emprestado por uma semana, devolvi três dias depois e recomendei que ele gastasse o dinheiro com coisas mais úteis – e acabei ganhando um conjunto de molhos de pimenta Tabasco.
A meu ver, não há sentido em comparar smartphones, tablets e notebooks, pois cada qual é um aparelho diferente. Quando eu criar coragem para aposentar este note (que uso há quase dois anos como se fosse um desktop, com conexão cabeada, teclado e mouse wireless e caixas de som amplificadas), devo substituí-lo por um modelo ALL-IN-ONE, já que tenho ojeriza àquela macarronada de fios e cabos que se embaralha por trás dos desktops convencionais.

Abraços a todos.

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

CULTURA INÚTIL

QUEM SABE FAZ, QUEM NÃO SABE ENSINA.

Embora o assunto fuja um pouco do nosso trivial, resolvi pegar um gancho no post de anteontem para esmiuçar algumas expressões que muita gente ouve e até usa no dia-a-dia, mas cujo significado ou origem nem sempre conhece — em outras palavras, “ouve-se o galo cantar, mas não se sabe onde”.


Jogar a toalha é o mesmo que pedir o boné; ou seja, desistir, dar-se por vencido. A expressão tem origem no boxe, onde o corner (espécie de treinador) joga uma toalha dentro do ringue para sinalizar ao árbitro que seu lutador desiste do combate e reconhece a vitória do adversário (a propósito, pedir o boné é mais usado como sinônimo de deixar o emprego, pedir demissão).

Ideia de jerico é algo estúpido, estapafúrdio — até porque jerico é o mesmo que jumento.

Boca de siri é o que se pede ao interlocutor quando se deseja que o assunto da conversa fique em segredo. A expressão advém do fato de a boca do siri — crustáceo semelhante ao caranguejo — ser minúscula e difícil de abrir.

Confundir alhos com bugalhos é o mesmo que trocar as bolas, ou, por extensão, meter os pés pelas mãos. O que muita gente não sabe é que bugalhos são bulbos comestíveis de textura semelhante à do alho, cujo formato de pênis inspirou um fado que os marujos lusitanos cantavam nos tempos de Cabral: “não confundas alhos com bugalhos / nem tampouco bugalhos com c***lhos”.

Bode expiatório, como o próprio nome sugere, é o inocente útil escolhido para levar a culpa pelo que outros fizeram. O bode era o animal mais comumente oferecido em sacrifício, nos rituais pagãos, como forma de expiar os pecados daqueles que efetivamente os cometeram.

Entre a cruz e a caldeirinha (ou entre a cruz e a espada) significa estar num dilema, numa situação difícil em que não se sabe para que lado correr. Para alguns, a tal da caldeirinha remete ao utensílio em que os padres colocavam a água benta para purificar o ambiente e os fiéis, mas há quem afirme que estar entre a cruz e a caldeirinha é escolher entre Deus e o Diabo. Seja como for, a imagem do dilema permanece.

Sem eira nem beira designa um pobretão, alguém que não tem onde cair morto. Eira é um tipo de quintal, enquanto beira tanto pode ser uma faixa de terra quanto uma aba de telhado.

Perder as estribeiras equivale a rodar a baiana, descer do salto, subir nas tamancas, armar um barraco. Significa perder a compostura ou a paciência e, por extensão, dar um esporro monumental. Estribeira é a correia que prende o estribo onde o cavaleiro coloca o pé quando sobe na montaria; assim, quem perde a estribeira perde o controle do animal e acaba em maus lençóis (no século XVIII, visando dizimar uma tribo de índios hostis aos ingleses, o comandante das tropas britânicas nos EUA mandou distribuir aos nativos lençóis e cobertores provenientes de um hospital onde ocorrera uma epidemia de varíola.

Cair a ficha é de uma obviedade ululante, mas não para quem nasceu a partir da década de 90 só conheceu telefones públicos de cartão. Nos orelhões, a gente colocava uma ficha na ranhura e ouvia-a cair num compartimento interno do aparelho quando a chamada era atendida — quando a ligação não era completada, a ficha era devolvida ao usuário, embora isso nem sempre acontecesse. Nos EUA e em outros países mundo afora, os telefones públicos funcionam com moedas, mas o brasileiro sempre foi avesso avesso a carregar moedas, sem mencionar que a inflação corroía rapidamente seu valor. Tudo isso para dizer que, quando alguém meio “tapado” finalmente compreende alguma coisa, a gente diz que “caiu a ficha”.

Paciência de Jó tem a ver com o personagem bíblico homônimo, que foi submetido a inúmeras provações pelo diabo, mas suportou tudo estoicamente, sem jamais perder a fé em Deus. 
Separar o joio do trigo é diferenciar coisas boas de ruins, verdades de mentiras, e por aí afora. Joio é o nome dado a uma praga que prolifera no meio das plantações, daí o significado da expressão ser óbvio.

Já a imagem que ilustra este post traduz a expressão tirar água do joelho — uma maneira “educada”, ainda que um tanto "pueril", de alguém dizer que vai urinar.

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segunda-feira, 30 de agosto de 2021

COISAS QUE SÓ ACONTECEM NO BRASIL


Dizem que a jabuticaba (fruta) e a saudade (palavra) são exclusividades tupiniquins, mas não é verdade. Apesar de ser nativa da Mata Atlântica, a jabuticabeira está presente em outros países da américa latina, como México e Argentina. E o vocábulo "saudade" tem similares em espanhol (soledad), no catalão (soledat) e em várias outras línguas neolatinas.

A originalidade portuguesa foi a extensão do termo a situações que não a "solidão devida à falta do lar". Para nós, "saudade" é algo como "a dor de uma ausência que temos prazer em sentir" — ou, na definição dos dicionaristas, um "sentimento melancólico devido ao afastamento de uma pessoa, uma coisa ou um lugar, ou à ausência de experiências prazerosas já vividas". Aliás, quem tem prazer em sentir dor é masoquista.

Não restam dúvidas de que o Brasil está longe de ser um país sério. A propósito, quem proferiu a célebre frase "le Brésil n’est pas un pays serieux", frequentemente atribuída ao general francês Charles de Gaulle, foi na verdade o diplomata brasileiro Carlos Alves de Souza Filho, genro do presidente Artur Bernardes. E quem disse que "O Brasil não é para principiantes" (ou para "amadores", conforme a versão dessa história) foi mesmo o saudoso maestro Tom Jobim (brasileiro até no nome).

Saudosistas não raro idolatram um passado que nunca existiu. No Brasil, alguns vão mais além: gente que nem sequer era nascida quando a eleição de Tancredo Neves pôs termo à ditadura militar diz "sentir saudades dos anos de chumbo" e (pasmem!) apoia o desgoverno do inquilino de turno do Planalto — uma aberração que apoiamos para evitar a volta do lulopetismo corrupto, sem imaginar, àquela altura, que estávamos removendo o pino de uma granada de efeito retardado, desarrolhando a garrafa que prendia um efrite (ou ifrit) megalômano, abrindo a caixa de Pandora, enfim, deixo por conta do freguês a escolha da melhor analogia.

Desde a posse, esse mau militar e parlamentar medíocre nada fez senão articular sua reeleição. Quanto aos inúmeros problemas que o país enfrenta (em parte pela incompetência chapada de seu mandatário de fancaria), sua excelência vem fazendo o que continuará a fazer se não for impedido — ou seja, o que ele disse ter feito para a CPI do Genocídio. E assim, de cagada em cagada, o cagão vai esmerdeando o lema chauvinista e enjoadinho que associou à sua campanha: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".

Conhecimentos não-empíricos, de segunda-mão, obtidos através de inexatos livros de História não autorizam quem quer que seja a pleitear volta dos fardados ao poder. A ditadura militar, instituída em março de 1964 com a deposição do então presidente João Goulart e a posse do marechal Humberto de Alencar Castello Branco se estendeu por intermináveis 21 anos, ao longo dos quais ocuparam o Palácio do Planalto os generais Costa e SilvaMédici, Geisel e Figueiredo, nessa ordem. 

Em 1968, o “linha-dura” Costa e Silva decretou o AI-5, produzindo um elenco de ações arbitrárias de efeitos duradouros que prevaleceram durante o período mais repressivo do governo militar. Em 1974, Geisel deu início ao lento processo de abertura que poria fim, 11 anos depois, ao regime de exceção com a eleição (indireta) de Tancredo Neves — o primeiro presidente civil em mais de duas décadas (que baixou ao hospital 12 horas antes da cerimônia de posse e morreu 38 dias e 7 cirurgias depois).

O fim da ditadura não foi uma “consequência natural do espírito democrático” de Geisel e Figueiredo nem tampouco transcorreu sem turbulências e acidentes de percurso. Aliás, o processo de abertura só foi concluído devido a manifestações populares pró-diretas que reuniram, em 1983, cerca de 1,5 milhão de pessoas na Candelária (na Cidade Maravilhosa) e 1 milhão no vale do Anhangabaú (em Sampa). A mais emblemática delas lotou a Praça da Sé (também na capital paulista), em janeiro de 1984, com 300 mil pessoas carregando faixas e vestindo camisetas onde se lia a inscrição “EU QUERO VOTAR PARA PRESIDENTE”.

Observação: Os manifestantes apareceram espontaneamente para ouvir e aplaudir líderes como Ulysses Guimarães, Tancredo NevesLeonel Brizola, Fernando Henrique Cardoso, Lula e outros políticos, além de artistas e intelectuais que se revezavam ao microfone. Em meados dos anos 1980, a Internet ainda era uma ilustre desconhecida e as redes sociais só surgiriam e se popularizariam quase duas décadas depois.

A “Revolução de 1964” — cuja data comemorativa é 31 de março — foi um golpe de Estado desfechado na madrugada de 1º de abril, quando líderes civis e militares conservadores derrubaram Jango — a pretexto de afastar do poder um grupo político que supostamente flertava com o comunismo. Nos movimentos pró “Diretas Já”, pugnava-se pela aprovação da emenda constitucional Dante de Oliveira, que visava restaurar o direito às eleições diretas, que havia sido suspenso pelos militares. No dia da votação, exatos 20 anos depois do golpe, uma manobra de bastidores tirou da Câmara 112 deputados. A despeito do clamor das ruas, a emenda foi rejeitada — em outras palavras, o povo foi traído (mais uma vez) pela classe política, o câncer social que, infelizmente, é um mal necessário.

O desgaste do governo propiciou a eleição (indireta) de Tancredo Neves, que venceu Paulo Maluf no Colégio Eleitoral (por 480 votos a 180), depois de unir o PMDB à chamada Frente Liberal, formada por dissidentes do PDS, que dava sustentação ao governo militar. Em janeiro de 1985, o então deputado federal Ulysses Guimarães — que chegou a ser cogitado para disputar a presidência da República pelo PMDB contra o pedessista Maluf, mas acabou sendo preterido pela chapa “mista” formada com o PFL de Sarney — entregou a Tancredo o programa denominado Nova República, que previa eleições diretas em todos os níveis, educação gratuita, congelamento de preços da cesta básica e dos transportes, entre outras benesses.

Com esperança e ânimos redobrados, os brasileiros ansiavam pela chegada do dia 15 de março, data prevista para a posse do primeiro presidente civil depois de 21 anos e, consequentemente, a volta dos militares às casernas. Mas o que deveria ser a festa da democracia se transformou em luto nacional: Tancredo foi internado 12 horas antes da cerimônia de posse morreu 38 dias e 7 cirurgias depois. O sepultamento do político — em São João Del Rey (MG) — produziu um dos maiores cortejos fúnebres já vistos no país: o féretro foi seguido por mais de 2 milhões de pessoas por São Paulo, Brasília e Belo Horizonte, a caminho da cidade natal daquele que foi, sem jamais ter sido, o maior presidente do Brasil.

Após algumas discussões jurídicas sobre a possibilidade de o então presidente da Câmara dos Deputados (Ulysses Guimarães) ser guindado ao Palácio do Planalto, prevaleceu o entendimento de que o rebotalho do coronelismo nordestino José Sarney, vice na chapa de Tancredo, deveria assumir a Presidência. E foi o que aconteceu, para o bem e para o mal.

Sem embargo, há por estas bandas gente que — repito — sequer era nascida quando a eleição de Tancredo marcou o fim da ditadura, mas se diz saudosa dos "anos de chumbo". E tudo indica que essa escumalha comparecerá em peso às manifestações pró-governo marcadas para o próximo dia 7. Quem viver verá que haverá, então, mais jovens rinchando bestagens do que sessentões — que cresceram e adolesceram em meio à ditadura — defendendo o fechamento do Congresso e a prisão dos ministros do STF, entre outras sandices.

Longe de mim passar a impressão de que, em minha desvaliosa opinião, nossos parlamentares façam jus a rasgados elogios. E o mesmo se aplica a atual composição da mais alta corte de Justiça tupiniquim. Como instituições, tanto a Presidência da República quanto o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal merecem nosso mais profundo respeito. Mas daí a dizer que o atual chefe do Executivo (assim como os que o precederam desde a "redemocratização"), os 513 deputados federais, os 81 senadores e os 10 togados supremos (seriam 11 se alguém já tivesse ocupado a vaga aberta com a aposentadoria do primo de Collor) merecem o mesmo tratamento é confundir alhos com bugalhos.

Observação: Confundir alhos com bugalhos é o mesmo que trocar as bolas, ou, por extensão, meter os pés pelas mãos. O que muita gente não sabe é que bugalhos são bulbos comestíveis de textura semelhante à do alho, cujo formato de pênis inspirou um fado que os marujos lusitanos cantavam nos tempos de Cabral: “Não confundas alhos com bugalhos / Nem tampouco bugalhos com caralhos”.

Retomando o fio da meada, ou melhor, remetendo ao título desta postagem — que tomei emprestado do artigo publicado por Ricardo Rangel em Veja — e que transcrevo mais adiante —, há coisa que parecem acontecer somente no Brasil (e ainda dizem que Deus é brasileiro!).

Ao contrário do que escreveu Karl Marx, a história nem sempre se repete como tragédia ou farsa. Às vezes — para o bem ou para o mal — ela reproduz fielmente o passado.

A julgar pelo exercício de futurologia que institutos como Datafolha, Ibope, Vox Populi, Paraná Pesquisas e assemelhados chamam de pesquisas de intenções de voto, o ex-presidiário travestido de "ex-corrupto" e o maníaco que (ainda) ocupa o Palácio do Planalto abrilhantarão o segundo turno do pleito presidencial de 2022. E a menos que o imprevisto tenha voto decisivo na assembleia dos acontecimentos, o picareta dos picaretas fará picadinho do capitão despirocado. Ao que parece, tudo depende do que acontecer no próximo dia 7 (vide postagem anterior). Enfim, quem viver verá. Enquanto isso, passo a palavra a Rangel.  

O presidente da República declarou que o Supremo não tem direito de abrir inquérito de ofício. O governo federal entrou com ação no Supremo pedindo ao Supremo que revogue o artigo do regimento interno do Supremo que permite ao Supremo que abra inquérito de ofício.

O advogado do presidente da República cantou uma mulher casada e fugiu correndo quando o marido da mulher o perseguiu com uma faca.

O presidente da República convocou para o golpe (que ele chama de “contragolpe”). Quando a convocação vazou, irritou-se.

Um cantor convocou para o golpe. Quando a convocação vazou, declarou-se magoado, triste, depressivo e chorou em entrevista. Ao sofrer busca e apreensão, declarou que não tem medo de ir para a cadeia, que não é frouxo, não é mulher. E novamente pediu desculpas em nova entrevista, desta vez na cama.

Um deputado aventou a hipótese de que o cantor tenha usado dinheiro público para comprar uma prótese peniana. O líder da associação dos produtores de soja desmentiu o cantor, que havia citado seu nome como participante do golpe, e deu como explicação a hipótese de ele ter “tomado umas pingas”. Após sofrer busca e apreensão, o líder desfilou com tratores na porta da Polícia Federal.

O presidente da República entrou com ação de impeachment contra ministro do Supremo.

Um comediante fez ameaças aos ministros do Supremo e pediu o fechamento do tribunal e do Congresso.

Vários coronéis da PM, inclusive um da ativa, comandante de cinco mil homens, convocaram para o golpe — que tem data, hora e local marcados com um mês de antecedência e conhecidas pelo público.

Os militares avisaram que não vão poder comparecer.

EM TEMPO: Na manhã do último sábado, durante o 1° Encontro Fraternal de Líderes Evangélicos de Goiás, nosso indômito capitão compartilhou com a récua de muares que vão ao Nirvana com suas bolsonarices a seguinte profecia: "Eu tenho três alternativas para o meu futuro: estar preso, estar morto ou a vitória. Pode ter certeza de que a primeira alternativa não existe. Estou fazendo a coisa certa e não devo nada a ninguém. Sempre onde o povo esteve, eu estive". Esqueceu-se sua excelência de uma quarta possibilidade, que, pelo andar da carruagem, tende a ser a mais provável: a derrota.

No âmbito judicial, Bolsonaro é investigado em cinco inquéritos. O assim chamado inquérito das fake news, que tramita no STF, investiga um esquema de disseminação sistemática e organizada de informações falsas com o objetivo de fragilizar as instituições e a democracia. Outro inquérito, no TSE, investiga o mandatário por ataques sem provas às urnas eletrônicas e tentativa de deslegitimar o sistema eleitoral brasileiro. Além disso, nos últimos dias, aliados do presidente foram alvo de operações contra atos ofensivos à democracia e às instituições do Estado.

Bolsonaro também enfrenta desgaste nos campos político e econômico, com inflação, desemprego e pobreza em alta, e o risco de apagão no fornecimento de energia elétrica, diante do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas. Em Goiânia, ao lado de líderes evangélicos, o presidente discursou por cerca de 20 minutos. No fim, disse: "Deus me colocou aqui, e somente Deus me tira daqui", repetindo uma frase já comum em declarações do presidente. Já do lado de fora da igreja, tirou fotos com apoiadores e tomou caldo de cana. Depois de falar com o público, ele se encontrou com políticos e empresários de Goiás em um local onde foram colocadas tendas e montado um palco. 

Alea jacta est.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

MAIS SOBRE BURACOS NEGROS, BRANCOS E DE MINHOCA...

NÃO CONFUNDA A OBRA DO MESTRE PICASSO COM A PICA DE AÇO DO MESTRE DE OBRAS

O primeiro aniversário do atentado terrorista de 8 de janeiro transcorreu sem incidentes, noves fora a ausência (esperada) de governadores e parlamentares alinhados ao bolsonarismo, que, de olho nas eleições de outubro, preferiram não ser vistos num ato político-eleitoreiro articulado pelo ex-retirante, ex-metalúrgico, ex-sindicalista, ex-presidiário e ex-etc., que, com voz roufenha, cenho carregado e dedo em riste, trovejou: "todos aqueles que financiaram, planejaram e executaram a tentativa de golpe devem ser exemplarmente punidos". Mas um ano se passou e, a exemplo do mentor intelectual e de quem financiou os atos golpistas, nenhum general ou integrante da alta cúpula das FFAA foi investigado ou responsabilizado.
O ministro da Defesa (que por alguma razão o morubixaba de turno ainda não penabundou) ponderou que os chefes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica “não queriam o golpe, em nenhum momento se falou nisso”, além de chamar os golpistas de "inocentes úteis" e afirmar que o clima no dia do golpe era de "um grande piquenique". Bolsonaro, por sua vez, disse que a depredação das sedes dos Poderes não foi uma tentativa de golpe, que para haver golpe "tinha que ter uma pessoa à frente", que tudo foi apurado e não se levantou nome algum, que as decisões do STF contra os acusados de envolvimento são "absurdas" e que Lula defende a Venezuela e a Nicarágua e não reconhece o Hamas como terrorista. 
É cobra comendo cobra e galera batendo palmas para seu ofídio preferido dançar. Triste Brasil.

Em 1784, o pastor britânico John Michell suscitou pela primeira vez a existência de regiões do espaço com força gravitacional suficiente para "engolir" a própria luz. Em 1904, a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein forneceu a base para o entendimento atual dos buracos negros — que só foram batizados como tal em 1967 — mas foi somente em 2019 que o Event Horizon Telescope capturou a imagem de um exemplar localizado no centro da galáxia M87, a cerca de 55 milhões de anos-luz da Terra, tornando real o que até então era uma possibilidade teórica. 
 
Os buracos de minhoca, por sua vez, ainda não foram vistos ao vivo e em cores 
 até porque ficam no interior dos buracos negros —, mas acredita-se que eles funcionem como uma espécie de "túnel" entre dois pontos do espaço-tempo. Assim, uma espaçonave que demoraria milhões anos para ir de um ponto ao outro, mesmo na velocidade de luz (1,08 bilhão km/h) atravessaria esse "túnel" em minutos, mesmo que local de destino fique em outro universo e/ou outro ponto da linha do tempo. 
 
Embora não seja uma unanimidade entre os astrofísicos, a teoria segundo a qual o Universo está dentro de um buraco de minhoca que faz parte de um buraco negro existente num universo muito maior explicaria questões polêmicas envolvendo a gravidade, as forças nucleares fraca e forte, o eletromagnetismo e a expansão acelerada do Universo
Como as equações de Einstein não dão uma direção para a seta do tempo, a possibilidade de um buraco negro surgir de um colapso gravitacional de matéria através de um horizonte de eventos no futuro não só admite o processo inverso como também descreve a matéria emergindo de um horizonte de eventos no passado — como se acredita que ocorreu no Big Bang. Caso essa teoria seja comprovada, todos os buracos negros astrofísicos podem ter buracos de minhoca com um novo universo formado simultaneamente em seu interior. 
 
Observação: A despeito das semelhanças entre buracos negros e buracos de minhoca, é importante não confundir alhos com bugalhos — bulbos comestíveis de textura semelhante à do alho, cujo formato de pênis inspirou um fado que os marinheiros lusitanos cantavam nos tempos de Cabral: "Não confundas alhos com bugalhos / Nem tampouco bugalhos com caralhos".
 
O termo "singularidade gravitacional" designa pontos onde as leis da física tradicional não se aplicam. Uma das singularidades mais conhecidas é a que ocorre no centro de um buraco negro, onde a densidade infinitamente alta distorce o espaço-tempo e atrai os objetos que se aproximam de seu horizonte de eventos. Para escapar, seria preciso superar a velocidade da luz, que, de acordo com Einstein, é a maior velocidade possível no Universo. E não haveria saída do outro lado, já que a singularidade estaria sempre no futuro. 
 
A possibilidade de ultrapassar a velocidade da luz sem violar as leis da física contraria o postulado de Einstein, mas foi apresentada por Gerald Feinberg em 1967. Segundo ele, as partículas taquiônicas surgiriam de um campo quântico com "antimassa" — lembrando que massa e energia são conceitos intrínsecos, e que, para superar a velocidade da luz, seria preciso funcionar "ao contrário". 

Observação: Em termos mais simples, a velocidade da luz é o limite inferior de um táquion, que jamais poderia viajar a menos de 299.792,458 km/s. Assim, um táquion com energia zero teria velocidade infinita e poderia cruzar o universo instantaneamente.
 
Os táquions ainda não foram detectados — até porque é impossível detectar algo tão rápido com os sensores atuais, que operam dentro dos limites da velocidade da luz. Caso sua existência seja comprovada, o Universo pode se deparar com paradoxos tão complexos quanto o do Avô, pois as partículas se moveriam para trás na linha do tempo. 

Explicando melhor: um hipotético táquion emitido por um hipotético piloto de espaçonave para um hipotético receptor na Terra se moveria mais rápido que a luz no referencial deste, mas retrocederia no tempo no referencial daquele. Isso significa que a resposta chegaria antes da pergunta, e se ela fosse "não envie o sinal", o piloto não enviaria a pergunta e o receptor não teria nada para responder, daí a semelhança com o paradoxo retrocitado.
 
Há diversas teorias sobre como esse paradoxo poderia ser evitado 
 como a que nega a existência dos táquion, a que sustenta que os observadores nos diferentes referenciais simplesmente não conseguem dizer a diferença entre a emissão e a absorção dos táquions, e a de que os táquions não são como as demais partículas que conhecemos e tampouco interagem com seja lá o que for, daí eles não poderem ser detectados ou observados. Mas isso é conversa para uma outra vez.

domingo, 11 de setembro de 2016

IMEPEACHMENT IRREVERSÍVEL - A VERDADEIRA INTENÇÃO DO FORA-TEMER - CASSAÇÃO DE EDUARDO CUNHA

Para Fábio Medina Osório, ex-advogado-geral da União, o fatiamento da votação do impeachment de Dilma é irreversível e não deve ser revisto pelo STF. Segundo ele, a solução do Senado de cassar o mandato da petista e manter seu direito de exercer funções públicas é uma “questão de mérito” e, portanto, uma página virada, que não pode ser apreciada pela Corte.

Se olharmos a jurisprudência do STF quanto à revisão do mérito dos julgamentos, eu diria que o Supremo não deve rever. Entendo que o fatiamento remete ao mérito do julgamento, já que foi debatido com senadores e pactuado dentro do Senado. Se violou ou não a Constituição, é uma matéria interna corporis, e a tendência é não modificar. Não se pode aceitar qualquer resquício de discurso de que tenha havido golpe, porque o impeachment transcorreu dentro do Estado Democrático de Direito. A oposição amadurecerá e criará outro tipo de discurso para o enfrentamento político”, disse o AGU em entrevista à FOLHA.

ObservaçãoOsório teve sua demissão confirmada na manhã da última sexta-feria, 9. Em seu lugar, Temer nomeou Grace Mendonça, secretária-geral de contencioso, um dos órgãos da AGU (Advocacia-Geral da União). O advogado, que já tinha sua saída cogitada nos bastidores, afirma que foi comunicado por telefone. O atrito entre Padilha e Osório ocorreu depois de reclamações do titular da Casa Civil, principalmente depois que o jurista pediu acesso a inquéritos de investigados na Operação Lava-jato. Grace é a primeira mulher a ocupar cargo de ministra no governo Temer, que já havia recebido diversas críticas por empregar apenas homens em suas pastas. 

Mudando de pato para ganso: 

O fato de Temer ter sido vaiado nas comemorações de 7 de Setembro já era esperado, como são esperadas ações mais incisivas da “esquerda”, que agora volta ao papel de oposição ― aliás, fazer oposição (a qualquer coisa, a qualquer pretexto e em qualquer tempo) é especialidade do PT, que também é mestre em enganar trouxas, sangrar Estatais e assaltar o erário, dentre outras virtudes, mas isso já é outra história.

O importante não confundir alhos com bugalhos (*). Adeptos do “FORA TEMER”, em sua esmagadora maioria, não querem a volta de Dilma, a despeito do que parece pensar uma parcela mais exacerbada (ou cretina?) dos apoiadores da deposta. O que deseja a “turma do nem-nem” é a antecipação das eleições de 2018, até porque esse pessoal não simpatiza com Temer ― e com razão, considerando que até poucos meses atrás ele era vice de Dilma e presidente do segundo partido mais corrupto do Brasil. No entanto, constitucionalmente falando, Temer é nossa única opção para pôr um ponto final no jugo lulopetista e reverter o quadro de destruição herdado da anta petralha (que na verdade era cria do PDT de Brizola, partido do qual Carlos Araújo, companheiro da deposta por mais de 30 anos, foi membro fundador, mas isso também é outra história).

No contexto atual, à falta de outra opção, Temer é nossa melhor chance de reverter o quadro calamitoso que resultou dos últimos anos de administração petista. Até porque uma eventual antecipação das eleições presidenciais seria serôdia, considerando o tempo necessário para que uma emenda constitucional fosse proposta, discutida e aprovada na Câmara e no Senado. Isso sem mencionar que dificilmente teríamos alguém em quem valesse a pena votar, a julgar pelo que se vê dos candidatos à prefeito nas principais capitais do país. Então, pessoal, um pouco de bom-senso não faz mal a ninguém. Vamos dar uma chance ao homem, que já tem um monumental abacaxi para descascar e, portanto, de nada ajuda pressioná-lo ainda mais, notadamente por razões eminentemente revanchistas. 

E, petralhada, vamos combinar: culpar Temer pelos 12 milhões de desempregados é muita leviandade, até mesmo para vocês! Afinal, nem a própria Dilma seria capaz de tal proeza em apenas 3 meses de governo ― e olha que ela era esforçada!

Cortemos para a cassação de Eduardo Cunha:

 O plenário do STF negou na última quinta-feira o recurso do deputado afastado Eduardo Cunha (o único ministro a votar pela paralisação do processo foi Marco Aurélio Mello), de modo que ficou mantida para a próxima segunda o julgamento que deverá pôr fim ao mais longo processo de cassação da história da Câmara. Há quem diga que a condenação é certa, mas eu prefiro esperar o apito final para comemorar ― afinal, política, como futebol, é uma caixinha de surpresas, haja vista o que aconteceu na reta final do julgamento do impeachment da ex-presidanta petralha. Para que Cunha perca o mandato, é preciso que ao menos 257 dos 513 deputados votem pela cassação. O problema é formar quórum numa segunda-feira ― para a maioria dos parlamentares, a semana começa na terça e termina na quinta. Isso sem mencionar que estamos às vésperas das eleições municipais, que certamente servirão desculpa para alguns deputados não comparecerem à sessão. Rodrigo Maia, sucessor de Cunha na presidência da Câmara, diz que vai adiar o julgamento para terça-feira, 13, caso não haja quórum mínimo na segunda, bem como descontar a ausência no salário de quem faltar à votação por motivo de campanha eleitoral (aliás, nem viagens oficiais estão sendo liberadas para essa data).

PT, PSDB e PSB devem votar unidos pela cassação, mas no PMDB, que tem a maior bancada na Casa (67), muitos deputados se dizem constrangidos em votar contra um correligionário, e outros, mais cautelosos, afirmam que não poderão comparecer à sessão por esta ou aquela razão, quando na verdade “devem esse favor” a Cunha, por conta de doações de campanha ou apoio político. PP e PSD também estão divididos (pouco mais de 1/3 dos deputados dessas legendas se manifestou disposto a votar pela cassação), mas a bancada vermelha deve comparecer em peso, até porque os “comunas” culpam Cunha pela deposição de Dilma (a meu ver, uma das poucas coisas que ele fez no interesse da nação, ainda que movido por questões pessoais, foi dar andamento ao processo de impeachment da anta petralha, mas isso já é outra história).

O mais curioso é que, a despeito da gravidade das maracutaias em que o ex-presidente da Câmara se meteu, o que voga para seus pares é ele ter mentido à CPI da Petrobras e ao Conselho de Ética da Câmara sobre as tais contas no exterior ― o que, a meu ver, dá uma boa ideia de como funciona a lógica dos nossos políticos e de quão “estranhas” são sua escala de valores e seus conceitos de probidade e honradez.

Para mal dos pecados (de Cunha), o Ministério Público Federal em Curitiba abriu mais uma investigação sobre pagamentos feitos no Brasil para Cláudia Cruz, mulher do deputado. Os procuradores da Lava-Jato suspeitam que contas administradas por ela no país, e não apenas no exterior, podem ter recebido recursos originários de propina referente a contratos da Petrobras. Relatório produzido pela Receita Federal sobre as movimentações financeiras apontam “expressivos valores de gastos com cartões de crédito de emissão no Brasil” pela investigada, sem que houvesse lastro suficiente para pagar as faturas, especialmente em 2014 e 2015. 

De acordo com o Estadão, pelo menos 280 votos pela condenação são dados como certos ― ou seja, 23 além do mínimo necessário ―, mas há espaço para um "acordão" em prol de uma pena mais branda, já que os aliados de Cunha tencionam usar o regimento interno para fazer com que o plenário vote um projeto de resolução, e não o parecer do Conselho de Ética. A manobra, em grande medida semelhante à trama urdida pelo PT no julgamento do impeachment da sacripanta recém-deposta (com o beneplácito dos presidentes do Senado e do STF), visa substituir a cassação pela suspensão do mandato por até seis meses. A conferir.

(*) Os tais bugalhos citados no dito popular são bulbos comestíveis de textura semelhante à do alho, mas cujo formato de pênis inspirou um fado cantado pelos marujos lusitanos à época do descobrimento: "não confundas alhos com bugalhos / nem tampouco bugalhos com c***lhos".

sexta-feira, 27 de maio de 2022

AINDA SOBRE AS MEMÓRIAS DOS PCs E SMARTPHONES

O INFERNO ESTÁ VAZIO. OS DEMÔNIOS QUE NÃO ESTÃO NO CONGRESSO ESTÃO NO EXECUTIVO — EXCETO OS QUE SE ABOLETARAM NA MAIS ALTA CÚPULA DO JUDICIÁRIO.

Continuando de onde paramos no capítulo anterior, falta de memória física se resolve com um upgrade de RAM — que é considerado o upgrade setorizado mais fácil de ser implementado e que produz melhores resultados no desempenho do computador, desde que o gargalo de dados decorra realmente de insuficiência de memória (Windows 11 com 4 GB de RAM, nem pensar). Para além disso, essa evolução precisa ser tecnicamente possível (falo das limitações da placa-mãe e do próprio sistema operacional) e economicamente viável. 

 

No que tange à placa-mãe, cito o exemplo do meu desktop “Frankenstein”, que passa bem, obrigado, embora continue na UTI e sem previsão de alta. Ele dispõe de 64 GB de RAM, mas a placa-mãe limita o acesso a 32 GB — o que é uma pena, pois o Win10 Pro x64 manipula até 512 GB. Por falar nisso, a Microsoft deixou de oferecer edições de 32 bits quando lançou a versão mais recente do Windows (no Win10 Home x32, o limite era de míseros 4 GB).

 

Antes de comprar mais memória para seu PC, verifique se o sistema é 32-bit ou 64-bit. As principais diferenças são o “comprimento da palavra” (sequência de bits de tamanho fixo que o chip é capaz de processar) e o tamanho dos “registradores” (memória temporária usada no processamento das instruções), que definem quanta memória o processador é capaz de endereçar e o sistema operacional, de “enxergar”. O Win10 Home x86 endereça 4 GB e o x64128 GB; assim, instalar mais de 4 GB de RAM num PC cujo sistema seja de 32 bits é gastar boa vela com mau defunto.

 

A redução no preço do SSD (drives baseados em memória flash) deve aposentar em breve os jurássicos discos rígidos eletromecânicos. Mesmo que a RAM seja muito mais rápida, um drive de memória sólida faz toda a diferença (sobretudo com as versão mais recentes do Windows). Guardadas as devidas proporções, isso também se aplica ao armazenamento interno dos ultraportáteis (tanto eMMC quanto UFS, que é o padrão de memória flash mais utilizado em smartphones).

 

Ao escolher um computador, seja de mesa, portátil ou ultraportátil, esquadrinhe as especificações técnicas. Como dito alhures, todo computador é tão rápido quanto seu componente mais lento. Muita gente supervaloriza o HDD/SSD, que chama de "memória" — o que não é errado; errado é confundir alhos com bugalhos (ou a memória primária e a secundária, no caso em tela) e não priorizar uma configuração equilibrada.     

  

O culpado pelo desempenho sofrível do seu computador pode não ser a insuficiência de RAM, mas pouca RAM resulta invariavelmente em baixo desempenho. Para rodar as versões mais recentes do Windows é recomendável dispor de 8 GB de RAM. Os requisitos mínimos estabelecidos pela Microsoft são mais modestos, mas a questão é que a gente não usa apenas o sistema operacional, e os aplicativos — sobretudo os browsers — são vorazes consumidores de memória. 


Mutatis mutandis, o mesmo se aplica aos smartphones, já que, sem aplicativos, os telefoninhos inteligentes não passam de um caríssimos pesos de papel. Mas isso é assunto para o próximo capítulo.

sábado, 3 de dezembro de 2016

DILMA PARA O BEM DO BRASIL

Coisa que não falta no Brasil é palpiteiro. De futebol, então, todo mundo entende. Mas daí a aparecer alguém competente para treinar a seleção vai uma longa distância.

Na política, a coisa é ainda pior. Talvez porque o quadro político seja mais dramático que o futebolístico. Mas o que tem de gente que confunde alhos com bugalhos, defende quem não presta, presta vassalagem a quem não merece e polui as redes sociais com o que um amigo meu classifica como “bostagens” não está no gibi. 

No âmbito da economia, então, a coisa é gritante. Gente que está com a corda no pescoço, com o cheque especial estourado e o cartão de crédito bloqueado ousa ensinar o padre-nosso ao vigário. E como economia e política se fundiram (leia direito antes de pensar bobagem) numa crise sem precedentes, gerada e parida pela mulher sapiens -- também conhecida por “Janete”, como nossa cara ex-presidanta se identifica ao atender ligações de telemarketing ―, o que não falta é ex-ministro da Fazenda, do Planejamento, da Economia ― ou seja lá que nome tivesse a pasta quando o palpiteiro a comandou ― dando pitacos. Resolver os problemas do país, que é bom, nenhum deles resolveu (ou até resolveu, se pensarmos no Plano Real de FHC, mas isso é outra história).

Seja como for, alguns pitacos merecem cuidadosa reflexão, como o de Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda no governo Sarney. (Lembra do Plano Cruzado? Pois é! Só que o “pai” desse desatino foi Dilson Funaro; Maílson sucedeu a Bresser e sob seu comando amargamos o igualmente desditoso Plano Verão, que cortou três zeros da nossa moeda e a rebatizou de Cruzado Novo, mas isso também é outra história).

Em seu artigo na edição de Veja desta semana, Maílson pondera que, mesmo sem ter intenção, a ex-grande-chefa-toura-sentada-ora-impichada acabou prestando ― com enormes custos, ressalva o economista paraibano ― dois favores ao Brasil. Primeiro, ela provou que ideias fracassadas de política econômica não se tornaram virtuosas sob gestão petista. Segundo, ela acelerou o encontro com uma dura realidade fiscal, o que antecipou uma agenda da qual o país não escaparia, talvez quando as contas estivessem mais fragilizadas. Confira um excerto do texto:

Em seu tempo, Dilma ressuscitou ações cuja época havia passado ou que foram malsucedidas em outros momentos. Na verdade, a adoção de medidas ‘desenvolvimentistas’ equivocadas teve início com Lula. Foi ele quem degradou a autonomia e a qualidade profissional das agências reguladoras. A desastrosa lei sobre a exploração do petróleo do pré-sal foi obra essencialmente lulista. Isso nos fez perder tempo e oportunidades, e, ao obrigar a Petrobras a assumir as respectivas obrigações, impôs à estatal um insano endividamento. A corrupção institucionalizada na empresa começou no governo dele”.

Outro trecho lapidar: 

Dilma continuou a marcha da insensatez. Restabeleceu a regra de conteúdo nacional mínimo, em especial na exploração do pré-sal. Desprezou lições da história, as quais haviam provado que o protecionismo inconsequente inibe a adoção de tecnologias avançadas, o que prejudica a produtividade e o potencial do crescimento. Ela reintroduziu o controle de preços de combustíveis, causando enorme prejuízo à Petrobras e aos produtores de etanol (...) e desarticulou o setor elétrico, com efeitos negativos ainda não de todo absorvidos” (...) Em seu período, a economia teve o pior desempenho em mais de 100 anos. Doze milhões de brasileiros estão sem emprego (...) a renda per capita voltará ao nível de 2013 somente em 2024”.

E mais outro: 

A síntese dos equívocos de Dilma foi a Nova Matriz Econômica, fonte básica de enormes disfunções. Essa matriz abandonou uma política econômica sensata que nos havia assegurado estabilidade econômica e previsibilidade. (...) A gestão de Dilma acarretou uma combinação fatídica de queda do PIB, desemprego, redução de receitas tributárias, inflação e elevação da dívida pública. (...) Dilma levou o Brasil à beira do precipício, mas, como no velho ditado, há males que vêm para o bem (...) Ao levar ao extremo a insensatez de políticas fiscais suicidas, a ex-presidente retroagiu à irresponsabilidade inaugurada com a Constituição de 1988. Isso nos pôs diante da hora da verdade. Desse modo, ainda que por vias tortas, ela terminou por prestar favores ao país.

Como se vê, no fundo, beeeeeeeem no fundo, tudo sempre tem um lado bom. Mas daí a ter saudades dessa sacripanta vai uma boa distância. Vade retro, Satanás! 

Confira minhas atualizações diárias sobre política em www.cenario-politico-tupiniquim.link.blog.br/

quarta-feira, 16 de março de 2022

WINDOWS 10 — DICAS (QUINTA PARTE)

COM PÓ E MISTÉRIO, A MULHER AO ESPELHO RETOCA O ADULTÉRIO.

Windows usa a memória virtual para emular memória quando a quantidade de RAM não é suficiente para a execução de tarefas “pesadas” (como jogar games radicais) ou para manter vários programas abertos ao mesmo tempo.

O computador utiliza memórias de diversas tecnologias e com diferentes finalidades, daí ser comum os usuários confundirem alhos com bugalhos, ou seja, a capacidade do HDD (memória de massa) com a quantidade de RAM (memória física), já que a unidade de medida usada em ambos os casos é um múltiplo do byte (Megabyte, Gigabyte, Terabyte).

No jargão da informática, o termo “memória” designa qualquer meio destinado ao armazenamento de dados — drives de disco rígido e de memória sólida (SSD), pendrives, SD Cards), mídias ópticas e, claro, as memórias cacheRAMROM. Quando falamos “genericamente” em memória, subentende-se que estamos nos referindo à RAM, que é a memória física do computador e a principal ferramenta de trabalho do processador. 

Quando “abrimos” um programa, seus executáveis são copiados do HDD para a RAM, juntamente com algumas DLLs e os arquivos de dados com os quais vamos trabalhar. A RAM é uma memória de acesso aleatório, o que a torna milhares de vezes mais rápida que o disco rígido (e muito mais cara). O "problema" é que ela só retém os dados enquanto está energizada, daí a necessidade da memória de massa (HDD ou SSD).

Na pré-história da computação pessoal, o Windows era uma interface gráfica que rodava no MS-DOS, que era um sistema operacional monotarefa. Isso significa que a gente mandava um arquivo para a impressora, p. ex., e ia tomar um café, já que o sistema ficava “ocupado” até a impressão ser concluída. O Win95 já oferecia suporte à multitarefa, mas, como dito linhas acima, o megabyte de RAM custava os olhos da cara. A Microsoft, modesta quando lhe convém, dizia que 8MB (isso mesmo, megabytes) de RAM eram suficientes para o sistema rodar, mas bastava abrir dois ou mais apps “gulosos” ao mesmo tempo para uma mensagem de “memória insuficiente” se exibida ou, pior, para o Windows travar.

A “memória virtual” foi uma mão na roda — e continua sendo, embora não passe de um paliativo (de novo: falta de memória, física ou de massa, se resolve mediante um upgrade de RAM ou de HDD; o resto é conversa mole para boi dormir).

Continua...