Lula disputou a presidência três vezes até finalmente se eleger. Em 1989, perdeu para Collor no segundo turno, e em 1994 e 1998, para FHC, que foi o único mandatário eleito e reeleito no primeiro turno desde a redemocratização.
Em 2006, a despeito do escândalo do mensalão, o petista renovou seu mandato. Em 2010, jactando-se de ser capaz de "eleger até um poste", escalou Dilma Rousseff para manter aquecida a poltrona que pretendia voltar a disputar em 2014.
Até então, mesmo tendo sido ministra de Minas e Energia e ministra-chefe da Casa Civil nos (des)governos de seu criador, o "poste" de Lula não passava de uma ilustre desconhecida. Como bem sintetizou Augusto Nunes, crítico ferrenho das (indi)gestões petistas:
"Sem saber atirar, Dilma virou modelo de guerrilheira; sem ter sido vereadora, virou secretária municipal; sem passar pela Assembleia Legislativa, virou secretária de Estado, sem estagiar no Congresso, virou ministra; sem ter inaugurado nada de relevante, fez posse de gerente de país; sem saber juntar sujeito e predicado, virou estrela de palanque; sem jamais ter tido um único voto na vida até 2010, virou presidente do Brasil e renovou o mandato quatro anos depois, mediante o maior estelionato eleitoral da história" (lembrando que Bolsonaro veio depois).
Com a "mulher sapiens" na presidência de seu Conselho de Administração, a Petrobras pagou US$ 360 milhões por metade de uma refinaria que companhia belga ASTRA OIL havia comprado um ano antes por US$ 40,5 milhões. Mais adiante, uma decisão judicial obrigou a estatal a adquirir a outra metade da sucata, aumentando o prejuízo para US$ 1,18 bilhão.
Dilma disse que o negócio só foi aprovado porque "cláusulas fundamentais" lhe eram desconhecidas, e culpou Nestor Cerveró, que não só não foi punido como foi promovido a diretor financeiro da BR Distribuidora. Em delação premiada, ele revelou que a campanha de Lula à reeleição havia sido financiada com propina paga pelo contrato dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000, que custaram cerca US$ 1,2 bilhão (valor equivalente ao da compra da igualmente inútil refinaria de Pasadena).
Dilma fez o diabo para se reeleger — e conseguiu, mas foi impichada em 2016. A promoção de Temer (um caso curioso de vampiro que tem medo de assombração) pareceu uma lufada de vento numa catacumba, mas sua "ponte para o futuro" se revelou uma patética pinguela, e seu ministério de notáveis, uma notável confraria de corruptos.
Em maio de 2017, o vazamento de uma conversa de alcova com o dono da Friboi quase derrubou o governo, mas Temer foi demovido da ideia de renunciar por sua tropa de choque, que o escudou das "flechadas de Janot". Refém das marafonas da Câmara, o nosferatu concluiu seu mandato-tampão como "pato manco" e transferiu a faixa a Bolsonaro, o mau militar e parlamentar medíocre que sempre teve aversão à democracia e tendência ao golpismo. E deu no que deu.
Resumo da ópera:
Collor foi impichado em 1992 e Dilma, em 2016. O "caçador de marajás" de fancaria renunciou horas antes do julgamento, mas ficou inelegível por 8 anos. Dilma foi condenada e deposta, mas uma vergonhosa tramoia urdida por Renan Calheiros e Ricardo Lewandowski (então presidentes do Senado e do Supremo) evitou que ela fosse inabilitada politicamente. Em 2018, a "mulher sapiens" disputou uma vaga no Senado por Minas gerais, mas terminou em quarto lugar.
Lula foi preso em abril de 2018, solto em novembro de 2019, descondenado e reabilitado politicamente por togas camaradas, visando evitar mais quatro anos sob o pior mandatário desde Tomé de Souza. A despeito de vir amargando os piores índices de popularidade de sua trajetória politica, o macróbio petista se recusa a largar o osso. Dilma, que mal consegue juntar sujeito e predicado numa frase que faça sentido, foi agraciada com presidência do Brics (salário de R$ 2,13 milhões por ano).
Durante a campanha de 2018, Bolsonaro prometeu pegar em lanças contra a corrupção petista. Eleito, facilitou a vida de corruptos — começando pelo filho, que lavava dinheiro em loja de chocolate. Em 2022, tentou vender aos comandantes das FFAA um golpe de Estado travestido de medida constitucional. Deu com os burros n'água e devolveu o Brasil ao PT. Inelegível até 2030 e na bica de ser condenado por tentativa de golpe, insiste que disputará novamente a Presidência em 2026.
Como desgraça pouca é bobagem, a polarização política segue firme e forte. Mesmo que o Sun Tzu de Atibaia e o refugo da escória da humanidade despertem de seus devaneios, é provável que o esclarecidíssimo eleitorado tupiniquim despache para o segundo turno um par de sacripantas indicados por seus bandidos de estimação.
Como um país assim pode dar certo?