Mostrando postagens classificadas por data para a consulta povinho de merda. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por data para a consulta povinho de merda. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 2 de julho de 2025

PALAVRAS E EXPRESSÕES QUE DEMANDAM ATENÇÃO — CONTINUAÇÃO

PODEMOS ESCOLHER O QUE PLANTAR, MAS SOMOS OBRIGADOS A COLHER O QUE PLANTAMOS.

Fiquei devendo uma explicação sobre o motivo de abordar este tema, que claramente foge ao "trivial variado" do blog. Vamos a ela — como diz o ditando, antes tarde do que nunca.


Os brasileiros falam mal e escrevem ainda pior. Isso se deve não só à péssima qualidade do ensino público (que já viu dias melhores) como também ao fato de os estudantes não cultivarem o saudável hábito da leitura, além de rabiscarem garranchos nas redes sociais numa linguagem espúria e repleta de abreviações. 


Não bastassem os indefectíveis erros de digitação, derrapadas na concordância verbal, nominal e de gênero são tão recorrentes quanto trocas de "s" por "z" (deslise), "ç" por "ss" (passoca), "ch" por "x" (xuxu), "g" por "j" (viajem), acréscimos e supressões indevidas — abisurdo, prostação —, vícios de linguagem — pra mim fazer — e pleonasmos viciosos — subir pra cima, entrar pra dentro —, entre outros.

 

Não seria de esperar que um aluno do ensino médio a tivesse a familiaridade de um Drummond ou um Vinicius com a inculta e bela Flor do Lácio, mas 30% de analfabetos funcionais entre a população de 15 a 64 anos e 12% entre os que completaram o ensino superior é o fim da picada. Por outro lado, se apedeutas e desletrados são mais fáceis de manipular, por que os governantes populistas investiriam na alfabetização básica da população? 


Manter o rebanho ignorante é sopa no mel para quem se alimenta da ignorância, se reelege distribuindo esmolas e governa com promessas vazias, slogans publicitários e programas que amarram em vez de emancipar. Afinal, povo instruído lê, desconfia, questiona, não se contenta com pão velho e circo medíocre, nem tampouco troca o voto por um saco de cimento, um vale-gás ou uma selfie com seu bandido de estimação. 


Infelizmente, o povinho de merda que o Criador escalou para povoar este arremedo de republiqueta de bananas repete a cada dois anos o erro que Pandora cometeu uma única vez, daí tantos políticos incompetentes, corruptos, que lucram com a miséria alheia travestindo assistencialismo de justiça social. Mas isso é outra história.

 

O que me levou a publicar esta trilogia sobre "dicas de português" aqui no Blog foi o uso recorrente de uma construção sintática que consiste em deslocar o sujeito para o início da frase, de maneira destacada, seguido de um pronome que o retoma — por exemplo: Mamãe, ela ficou de passar aqui mais tarde; meu avô, ele está velho demais para sair de casaDiferentemente do abjeto gerundismo, essa "deslocação topicalizante" não constitui erro gramatical. E não é exatamente uma novidade, já que aparece na literatura brasileira do século XIX e é comum no francês (mon père, il est malade) e no inglês (my dog, he is always barking), embora seja evitada no português europeu. 


Dito isso, voltemos às as dicas do ponto onde paramos no post de segunda-feira, mas não sem, antes, dedicar algumas linhas à abjeta política tupiniquim:


"Ninguém embarca em um navio se sabe que vai naufragar", lecionou Arthur Lira, hoje ex-imperador da Câmara, ensinando a Lula que não se deve confundir apoio congressual com apoio eleitoral. Sucessor e pupilo de Lira, o deputado Hugo Motta perorou: "Capitão que vê barco ir em direção ao iceberg e não avisa não é leal, é cúmplice. E nós avisamos ao governo que essa matéria de IOF teria muita dificuldade de ser aprovada no Parlamento". De quebra, criticou o discurso palaciano de que o objetivo é promover a justiça tributária.

Motta realmente avisou que o IOF não passaria, mas acenou com um prazo para o governo colocar uma alternativa sobre a mesa — que iria até a volta do recesso parlamentar. Dias depois, pôs Lula em rota de colisão com o iceberg ao pautar o decreto do IOF, que foi derrubado na Câmara e, duas horas depois, no Senado, em votação simbólica.

O Centrão está tratando o governo como um Titanic e se comportando como um navio que abandona os ratos, como se não houvesse representantes dos seus próprios partidos na Esplanada dos Ministérios. Lula, por seu turno, cutuca a onça com vara curta ao recorrer ao STF  e adotar o discurso dos "ricos contra os pobres", apresentando-se mentirosamente como defensor dos depauperados e reforçando a imagem (verdadeira) de que o Congresso cede ao lobby dos poderosos. 

Ambos parecem ignorar o enorme buraco nas contas públicas, que, se não for tapado — e tudo indica que não será —, produzirá um formidável apagão orçamentário em nome da disputa eleitoral e política. 


Coadunar-se — Verbo pronominal (essa decisão não se coaduna com a Constituição).

 

Cólera — Use como substantivo feminino em todas as acepções.

 

Comparecer — No sentido de apresentar-se em determinado lugar pessoalmente, pode ser transitivo indireto ou intransitivo (compareceu ao encontro na hora marcada; mesmo estando atarefado, não deixa de comparecer).

 

Comunicar — A regência culta é comunicar algo a alguém (o professor comunicou sua decisão aos alunos).

 

Congratular — Com o sentido de felicitar, é transitivo direto, não se conjuga de forma reflexiva nem exige qualquer preposição (congratulo Vossa Excelência pela sábia decisão). 

 

Componente — Como substantivo, pode ser usado nos dois gêneros (assim como agravante, atenuante, acompanhante, personagem, etc.)

 

Cônjuge — É substantivo masculino, ou seja, não existe a cônjuge.

 

Consistir — A regência tradicional é com a preposição em (a cirurgia consistirá numa incisão feita no tórax; o desafio consiste em identificar o problema a tempo de resolvê-lo).

 

Constar de / constar em — A regência tradicional é constar em, embora constar de também seja admissível.

 

Cumpre ressaltar / cumpre assinalar — Expressões que, a exemplo de vale assinalar, convém notar devem ser evitadas, pois nada acrescentam ao sentido do texto.

 

Dado / visto / haja vista — Os particípios dado e visto têm valor passivo e concordam em gênero e número com o substantivo a que se referem (dados o interesse e o esforço demonstrados; dadas as circunstâncias; vistas as provas apresentadas). Já a expressão haja vista, com o sentido de uma vez que, é invariável: O carro vale o preço pedido, haja vista sua excelente conservação.

 

Décimo primeiro, décimo segundo, décimo terceiro, etc. — Sem hífen.

 

Declinar — Transitivo direto ou indireto no sentido de recusar, refutar, rejeitar (declinou o convite ou declinou do convite).

 

Demais / de mais — Em uma só palavra, significa excessivamente; acompanhado de artigo — os demais — equivale a os outros, os restantes; escrito separado, contrapõem-se a de menos; e a expressão nada de mais é usada como sinônimo de inabitual.

 

Dentre — Usa-se apenas quando a frase exige a preposição de, ou seja, quando tem o sentido de do meio de (retirei um livro dentre muitos na estante). Nos demais casos, use-se simplesmente entre (apenas um entre nós sobreviverá).

 

Deparar — No sentido mais usual — de encontrar de maneira inesperada —, pode ser pronominal ou não (deparou com a mulher no saguão do hotel ou deparou-se com a mulher no saguão do hotel).


Dequeísmo — É o uso inadequado da expressão de que quando a proposição não é exigida pela regência do verbo, substantivo ou adjetivo. Trata-se de um vício de linguagem bastante comum, mas que deve ser evitado principalmente na escrita formal. Exemplos: acredito de que ele está certo (o correto é que ele está certo); desconfio de que ele está mentindo (prefira que ele está mentindo). Convém também evitar o que em expressões como no sentido de, a fim de, com o fito de, com a finalidade de, etc.

 

Desagradar — É transitivo direto ou transitivo indireto no sentido de causar reação desfavorável,  regendo a preposição a (o prato desagradou os comensais; a chuva desagradou aos banhistas).

 

Desobedecer — A regência tradicional exige a preposição a, ou seja, desobedecer a alguém ou a alguma coisa.

 

Despercebido — Passar sem ser notado é passar despercebido (e não desapercebido, que significa despreparado, desprovido).

 

Devido a — Sempre com a preposição a.

 

Dia a dia — Sem hífen.

 

Doutor — O Manual de Redação da Presidência da República restringe essa forma de tratamento a pessoas que tenham concluído curso de doutorado. Nos demais casos, senhor confere a desejada formalidade às comunicações.

 

Dupla negativa — Ao contrário do que ocorre em inglês, a dupla negação é aceitável em português: não encontrou ninguém, não deixou nada fora do lugar, etc.

 

Em detrimento — Exige a preposição de (em detrimento das negociações, e não em detrimento às negociações).

 

Em face de — Quando equivale a diante de, use a preposição de (evite dizer face a ou frente a).

 

Eminente – Significa importante; não confundir com iminente, que significa algo que deve acontecer em breve.

 

Em mão / em mãos — Os dicionários registram ambas as formas como sinônimas; portanto, pode-se entregar algo em mão ou em mãos.


Etc. — Embora a expressão já inclua a conjunção e (et coetera), o uso ou não da vírgula antes dela é uma questão de preferência ou estilo de escrita, não havendo uma regra rígida que determine sua obrigatoriedade.


Continua... 

segunda-feira, 5 de maio de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 24ª PARTE

A GRANDE DIFERENÇA ENTRE A GENIALIDADE E A ESTUPIDEZ É QUE A GENIALIDADE TEM LIMITES.

Para aceitar novas hipóteses sobre a natureza da realidade, precisamos abandonar a visão de que tudo gira em torno de nós. 

Multiverso de Nível 4 propõe que os multiversos de níveis anteriores integrem uma única estrutura matemática infinita, com pelo menos quatro dimensões (três espaciais e uma temporal), geometrias distintas e leis físicas completamente diferentes das que conhecemos. Já a Teoria dos Multiversos nos desloca de qualquer posição central ou privilegiada, deixando claro que nosso universo — e nós mesmos — não somos especiais.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

O Gênesis não conta, mas, ao ser acusado de favorecer a porção de terra que se tornaria o Brasil, Deus respondeu: “Esperem para ver o povinho de merda que eu vou colocar ali.” Essa passagem pouco conhecida fornece pistas valiosas para quem se pergunta se este país tem jeito. Afinal, esperar o quê de um eleitorado que repete a cada dois anos, por ignorância, o que Pandora fez uma única vez por curiosidade? Um povo despreparado até para votar em assembleia de condomínio tende a ser ludibriado por qualquer demagogo — e o demagogo que mente melhor vence as eleições.
Em momentos distintos da ditadura militar, Pelé e o general Figueiredo alertaram para o risco de misturar brasileiros e urnas em pleitos presidenciais. Ambos foram muito criticados, mas como contestá-los, se lutamos tanto por eleições diretas e elegemos Collor, Lula, Dilma e Bolsonaro?
Todo mundo mente, mas o problema é quando o mentiroso acredita nas próprias mentiras. Confrontado com o mensalão e, mais adiante, com o petrolão, Lula disse que “não sabia de nada”. E um presidente que não sabe o que está acontecendo bem debaixo de suas barbas ou é conivente, ou é incompetente.
Em 2022, a cinco dias do segundo turno, Lula prometeu que, se eleito, seria presidente de um mandato só. Mal se aboletou no trono e já deixou claro que pretende disputar a reeleição.
No final do ano passado, com a popularidade em queda e uma hemorragia cerebral, ventilou que dependeria do cenário político e de sua saúde. Passado o susto, prometeu cumprir as promessas que não honrou — e passou a fazer novas, mirando um horizonte que vai muito além do fim do seu mandato. Em fevereiro, produziu a seguinte pérola: “Quando terminar o meu mandato, vocês vão dizer: ‘Lulinha, Lulinha, fica, porque nós precisamos de um presidente que goste de nós’”, disse.
Em abril, o petista capitaneou o evento “O Brasil dando a volta por cima”, orquestrado pelo marqueteiro Sidônio Palmeira para vender a ideia de que, nos primeiros dois anos, foi preciso reconstruir o que Bolsonaro destruiu. Prometeu que, até 2030 (não por acaso o último ano de um eventual quarto mandato), todas as crianças brasileiras estarão alfabetizadas até o segundo ano. Discursando na inauguração de um campus da Universidade Federal Fluminense, disse que “precisou um torneiro mecânico sem diploma universitário governar este país para ser o presidente que mais fez universidades na história”.
Visando conquistar a simpatia da classe média, o mandatário de meio-expediente mascateia medidas populistas como a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil mensais e a ampliação da faixa de renda do “Minha Casa, Minha Dívida”, além de assumir a paternidade de programas eleitoreiros como o Bolsa Família, Mais Médicos e Samu. Age como candidato, não como presidente. Usa dinheiro público para tentar se reeleger. Nos últimos meses, esteve quatro vezes em Minas Gerais e viajou para São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Pará — todos estados entre os dez maiores colégios eleitorais do país.
Internamente, os líderes de esquerda não trabalham com outra opção que não seja Lula. Mesmo no PT, onde várias correntes se digladiam pelo comando do partido em julho, o candidato é Lula. Mas querer nem sempre é poder — sobretudo quando o que se quer é o poder. 
Nas pesquisas para o segundo turno, ele aparece atrás de Bolsonaro, da ex-primeira-dama e do governador bolsonarista de São Paulo, além de ostentar a maior rejeição: 51,9% dos entrevistados disseram que não votariam nele de jeito nenhum, e 57,4% desaprovam seu governo.
Lula deve anunciar oficialmente o que todo mundo já sabe em julho, logo após a eleição interna do PT. Até lá, terá de pegar em lanças para mudar o humor do eleitorado. E de nada adianta citar o PIB e outros dados macroeconômicos quando a alta no preço dos alimentos leva o povo à inevitável conclusão de que o país piorou.

Dentro da comunidade científica, alguns defendem que um extraordinário equilíbrio cósmico levou o Big Bang a produzir um universo ajustado às condições necessárias para nossa existência, enquanto outros sustentam que existem inúmeros universos físicos e que nós habitamos aquele cujas leis permitiram o surgimento da vida. Muitos argumentam que não há como comprovar a existência de um número infinito de universos universos-bolha, já que, por definição, eles seriam independentes do nosso. No entanto, a detecção de universos paralelos talvez seja apenas uma questão de tempo; afinal, a ciência já derrubou inúmeras barreiras antes, e não há por que acreditar que essa seja intransponível.

Algumas teorias encontram maior aceitação, mas, como bem disse Carl Sagan sobre a busca por vida extraterrestre, "ausência de evidência não é evidência de ausência". Muito do que era ficção há um ou dois séculos se tornou realidade, e o mesmo pode acontecer com ideias que hoje nos parecem especulativas. A história da ciência está repleta de exemplos de pioneiros ridicularizados em sua época, como Nicolau Copérnico, que desafiou o geocentrismo, Joseph Lister, que revolucionou a medicina com a desinfecção, e Alfred Wegener, que propôs a teoria da deriva continental. Todos foram desacreditados até que o tempo provasse que estavam certos. 
Isso não significa que qualquer ideia contestada hoje será confirmada no futuro, mas nos lembra de que manter a mente aberta é essencial para o progresso do conhecimento. 

Estudos de física, da mecânica quântica sugerem que multiversos paralelos ao nosso podem existir no mesmo espaço-tempo, e que, à medida que se realiza um experimento quântico com diferentes resultados possíveis, cada resultado ocorre em um universo paralelo. Outra teoria sobre multiversos sustenta que nosso universo é uma bolha, e que existem inúmeros universos-bolha semelhantes, imersos em um mar energizado e em eterna expansão. Entretanto, nenhuma dessas teorias conseguiu prever com precisão em que tipo de universo estamos inseridos.

Por enquanto.

Continua...

segunda-feira, 3 de março de 2025

COMO ORGANIZAR ÍCONES DE APPS

FAZER O MELHOR NEM SEMPRE É SUFICIENTE; ÀS VEZES É PRECISO FAZER O QUE É PRECISO.

Toda bagunça tem uma ordem que lhe convém, mas organizar os aplicativos de acordo com a categoria facilita o uso do celular. Até porque cada usuário possui, em média, 80 aplicativos instalados, mas usa menos de dez no dia a dia. 

Criar essas pastas é simples, e agrupar Instagram, Facebook e Xwitter numa pasta e reunir calculadora, gravador de voz, bloco de notas e cronometro em outra, por exemplo, não só libera espaço na tela como facilita a localização dos aplicativos.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

O caminho para o inferno brasileiro começou a ser pavimentado depois que Deus transformou o Caos em ordem, criou o dia e a noite, separou as terras das águas, criou as plantas, as aves, os peixes e então cometeu a maior de todas as burradas. Mais adiante, acusado de protecionismo por conta do tratamento dispensado à porção global que se tornaria o Brasil, o Criador sentenciou: "Vocês vão ver o povinho de merda que eu vou colocar lá". Dito e feito. 
Desde a redemocratização — com exceção de 1994 e 1998 —, o tal povinho de merda tem elegido governos demagogos e populistas em troca de promessas vazias que minaram a igualdade de oportunidades e arruinaram a meritocracia. Os resultados dessas escolhas são a existência de um Estado ineficiente, caro e disfuncional, a predominância do capitalismo de Estado e a participação insignificante desta banânia no comércio mundial. 
Enquanto Lula 3 se equipa para deixar um rombo fiscal monstruoso, taxa de juros nas alturas, inflação alta e o Imposto sobre Valor Agregado mais alto do mundo, esse esclarecidíssimo eleitorado assiste bovinamente ao jogo entre Lula x Bolsonaro, torcendo, quando muito, para que um salvador da Pátria entre em campo em 2026.
A missão da geração passada foi restaurar a democracia, e a da atual é garantir que o Brasil volte a crescer de maneira sustentável. Mas isso só acontecerá se a récua de muares não deixar a política nas mãos de governos populistas, que esgrimem as "virtudes" do nacional-estatismo, tratam a economia de mercado como um mal necessário e sabotam a competitividade econômica. 
Crescimento econômico sustentável não traz votos no curto prazo, mas ajuda a recuperar a esperança no Brasil e deixar um país melhor para as próximas gerações.


No Android, tocar nos três pontinhos à direita de Pesquisar apps e em Criar pasta permite escolher o nome da pasta antes de selecionar os apps que ficarão dentro dela, mas também é possível fazer como no iOS, ou seja, arrastar o ícone de um app em direção a outro para que uma pastinha contendo os dois ícones seja criada (se quiser, pouse o dedo sobre a pasta, toque em Editar e dê a ela um nome que faça sentido para você).

Por ser um sistema de código aberto, o Android é mais "personalizável" que o iOS. Se você pousar o dedo num ponto vazio da tela, poderá escolher temas, mudar a aparência de ícones, criar widgets para os apps na tela inicial, personalizar a tela de bloqueio e por aí afora. Outra diferença entre os dois sistemas é a possiblidade de acessar as configurações e habilitar a opção Instalar apps desconhecidos para instalar apps fora da Google Play Store — mas tome muito cuidado com APKs modificados, pois eles potencializam o risco de infecção por malware

O Android facilita o gerenciamento de arquivos — basta conectar o celular a qualquer PC para enviar ou trocar mídias, fotos, vídeos e até pastas inteiras, ao passo que quem usa o iPhone que não tem um Mac precisa instalar o iTunes no Windows — e o uso simultâneo de dois aplicativos — abra um app qualquer, toque nos três traços, selecione o app que ocupará a parte superior da tela e toque no ícone do outro programa, que será aberto na parte inferior. 

Já o Modo Convidado permite compartilhar o celular com outras pessoas mantendo mensagens, arquivos de mídia, contatos, apps financeiros e dados sensíveis fora do alcance delas. Para habilitá-lo, toque em Configurações > Sistema > Vários usuários > Convidado > Mudar para convidado e crie o novo perfil, que dará acesso apenas aos apps pré-instalados de fábrica.

Observação: Os fabricantes de celulares recebem do Google o sistema puro (AOSP) e criam interfaces de usuário personalizadas, com recursos e funções que variam conforme a marca e o modelo do aparelho. Se alguns recursos são estiverem disponíveis, é porque o fabricante do aparelho não o disponibilizou — caso do Modo Convidado, que a Samsung, que só oferece esse recurso nos tablets Galaxy. 

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

A CAIXA DE PANDORA — O MITO E A REALIDADE

NÃO ESPEREIS O JUÍZO FINAL; ELE SE REALIZA TODOS OS DIAS.

 

"Abrir a Caixa de Pandora" é uma metáfora para ações que desencadeiam consequências maléficas e irreversíveis. 

Segundo a mitologia grega, Pandora ("aquela que tem todos os dons") foi criada por Hefesto e Palas Atena a mando de Zeus, que queria castigar Prometeu ("aquele que pensa antes") por roubar o fogo dos deuses e dá-lo aos homens. 

Depois de ganhar um dom de cada divindade de Olimpo, Pandora recebeu de Zeus uma caixa que jamais deveria ser aberta e a missão de seduzir Epimeteu ("aquele que pensa depois"). Encantado com a beleza da moça e ignorando as advertências do irmão, Prometeu, sobre aceitar presentes do deus dos deuses, Epimeteu tomou a moça como esposa (e eu que achava que "presente de grego" tinha a ver com a lenda do Cavalo de Troia). 
 
Quando criou a mulher, Deus também criou a curiosidade. A curiosidade levou Pandora a abrir a caixa e libertar todos os males que recaíram sobre a humanidade. Mas a esperança, que é "a última que morre", ficou presa no fundo da caixa, talvez para nos dar forças para lutar contra as adversidades, mesmo que o mal muitas vezes vença o bem.
 
Revisito essa fábula por três motivos: 1) sempre gostei de mitologia; 2) muita gente usa essa metáfora sem saber sua origem; 3) insistir no erro esperando produzir um acerto é a melhor definição de imbecilidade que eu conheço. 
 
Em momentos distintos da ditadura, Pelé e o general Figueiredo alertaram para o perigo de misturar brasileiros com urnas em eleições presidenciais. Ambos foram muito criticados, mas o tempo provou que eles estavam certos: a cada dois anos, os eleitores fazem nas urnas, por ignorância, o que Pandora fez uma única vez, por curiosidade. E como ensinou o Conselheiro Acácio (personagem do romance O Primo Basílio), as consequências vêm sempre depois. 
 
A ditadura militar implantada pelo golpe de 1964 durou 21 longos anos. A reabertura, lenta e turbulenta, não se deveu ao "espírito democrático" dos presidentes-generais Geisel e Figueiredo, mas ao ronco das ruas e à pressão da imprensa, que se intensificaram em 1984, depois que uma manobra de bastidor sepultou a emenda Dante de Oliveira

Em janeiro de 1985 Tancredo Neves derrotou Paulo Maluf por 480x180 votos de um colégio eleitoral formado por 686 deputados, senadores e delegados estaduais. A exemplo da Viúva Porcina (aquela que foi sem nunca ter sido), a raposa mineira entrou para a história como nosso primeiro presidente civil desde João "Jango" Goulart, mas quis o destino que baixasse ao hospital horas antes da cerimônia de posse e morreu 38 dias e 7 cirurgias depois.

Tancredo levou para a sepultura a esperança de milhões de brasileiros e deixou de herança um neto que envergonharia o país e um combo de puxa-saco dos militares, oligarca da politica de cabresto nordestina, escritor, poeta e acadêmico que se chamava José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, mas era conhecido como José Sarney

Sem o carisma e o traquejo administrativo do finado, Sarney tentou descascar o formidável abacaxi econômico (inflação, dívida externa e desemprego nas alturas) através de uma série de pacotes de medidas econômicas baseadas no congelamento de preços e salários. Ao final de sua aziaga gestão, a inflação estava em 4.853% ao ano, mas os prefeitos haviam voltado a ser eleitos diretamente, a Constituição Cidadã fora promulgada (aumentando de 4 para 5 a duração de seu mandato) e a primeira eleição presidencial direta desde 1960, realizada.   
 
Em 15 de novembro de 1989, o cardápio de postulantes ao Planalto oferecia 22 opões, incluindo Ulysses Guimarães, Mário Covas e Leonel Brizola. E o que fez esclarecido eleitorado ao quebrar o jejum de urna de 29 de urna? Escalou Lula e Fernando Collor para disputar o 2º turno. O caçador de marajás de mentirinha venceu o desempregado que deu certo, mas o envolvimento no esquema PC lhe rendeu um impeachment.
 
Observação: Em maio do ano passado, o STF condenou Collor a 8 anos e 10 meses de reclusão, mas ele continua livre, leve e solto graças a um pedido de vista apresentado pelo ministro Dias Toffoli na véspera do último carnaval. Em contrapartida, qualquer "reles mortal" que acessar o Xwitter durante a suspensão ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes corre o risco de ser multado em R$ 50 mil. Dá para acreditar numa coisa dessas?
 
Com a deposição do Rei-Sol, o baianeiro e namorador Itamar Franco foi promovido a titular, nomeou Fernando Henrique ministro da Fazenda e editou o Plano Real, cujo sucesso pavimentou o caminho que levou o grão-duque tucano a vencer o pleito presidencial de 1994 no 1º turno. Em 1997, picado pela mosca azul, sua alteza comprou a PEC da reeleição

Como quem parte, reparte e não fica com a melhor parte é burro ou não tem arte, o tucano de plumas vistosas disputou a reeleição em 1998 e foi eleito no 1º turno, mas em 2002, sem novos truques para tirar da velha cartola, não conseguiu eleger seu sucessor.
 
Após três derrotas consecutivas, Lula venceu José Serra e deu início aos 13 anos, 4 meses de 12 dias de lulopetismo corrupto que só foi interrompidos em 2016, com o impeachment de Dilma Rousseff, a inolvidável gerentona de araque

Num primeiro momento, a troca de comando pareceu uma lufada de ar fresco numa catacumba: depois de mais de uma década ouvindo garranchos verbais de um ex-retirante semianalfabeto e frases desconexas de uma mandatária incapaz de juntar lé com cré numa frase que fizesse sentido, ter um presidente que sabia falar – e que até usava mesóclises – era um refrigério.
 
Temer conseguiu reduzir a inflação (que havia retornado firme e forte sob Dilma) e aprovar o Teto de Gastos e a Reforma Trabalhista, mas seu prometido "ministério de notáveis" se revelou uma notável agremiação de corruptos e sua "ponte para o futuro", uma patética pinguela. 

A conversa de alcova gravada à sorrelfa por Joesley Batista só não derrubou o vampiro do Jaburu porque sua tropa de choque – capitaneada pelo deputado Carlos Marun – comprou votos das marafonas da Câmara para escudá-lo das "flechadas de Janot". Apesar do desgaste, o nosferatu claudicou como "pato manco" até o final do mandato-tampão e transferiu a faixa para Jair Bolsonaro. 
 
Sem a proteção do manto presidencial, o vampiro que tinha medo de fantasma chegou a ser preso, mas foi socorrido pelo desembargador Ivan Athié, então presidente da 1ª Turma do TRF-2, que havia sido afastado do cargo durante 7 anos por suspeitas de corrupção e venda de sentenças, mas fora reintegrado em 2011, quando o STF trancou o processo contra ele. E viva a Justiça brasileira!
 
Ao acompanhar o golpe de Estado que levou Napoleão III ao poder, Karl Marx concluiu que a história acontece como tragédia e se repete como farsa. O Barão de Itararé dizia que político brazuca é um sujeito que vive às claras, aproveita as gemas não despreza as cascas, e o saudoso maestro Tom Jobim (que era brasileiro até no nome), ensinou que o Brasil não é para principiantes. E com efeito. 
 
Em 2018, nenhum dos 13 postulantes ao Planalto empolgava, mas por que se arriscar a acertar com Geraldo Alckmin, Álvaro Dias, Henrique Meirelles ou João Amoedo quando se podia pode errar com certeza escalando para o embate final um mau militar e parlamentar medíocre travestido de "outsider antissistema" e um patético bonifrate do então ex-presidiário mais famoso do Brasil?

Em 2022, as opções era ainda menos atraentes — sobretudo depois que o "establishment" fulminou a quimérica "terceira via". Mas, de novo: por que correr o risco de acertar votando em Simone Tebet, em Felipe D'ávilaou mesmo em Ciro Gomes (situações desesperadoras justificam medidas desesperadas) quando se podia errar com certeza despachando Lula e Bolsonaro para o 2º turno?
 
Tanto num caso como no outro a maldita polarização fez com que tanto a merda quanto as moscas permanecessem as mesmas. A diferença é que, em 2018, a parcela minimamente pensante do eleitorado se viu obrigada a apoiar o ex-capitão para evitar que o país fosse presidido pelo fantoche do presidiário, e em 2022, precisou embarcar na falaciosa "Frente Democrática", capitaneada pelo então ex-presidiário "descondenado", para evitar mais 4 anos (ou sabe-se lá quantos) sob a batuta do refugo da escoria da humanidade.
 
Há males que tempo cura, males que vêm para pior e males que pioram com o passar do tempo. Lula 3.0 é uma reedição piorada das versões 1 e 2, e como como nada é tão ruim que não possa piorar, o macróbio petista cogita disputar a reeleição em 2026 (que os deuses nos livrem tanto dessa desgraça quanto da volta do capetão-golpista).
 
As consequências da inconsequência do eleitorado tupiniquim são lamentados todos os dias, inclusive por quem abriu a Caixa de Pandora achando que estava escolhendo o menor de dois males - o que se justifica quando e se não há outra opção. E tanto em 2018 quanto em 2022 havia alternativas; só não viu quem não quis ou não conseguiu porque sofre do pior tipo de cegueira que existe. 
 
Observação: Um levantamento feito pelo portal g1 apurou que 61 pessoas com mandados de prisão em aberto (leia-se fugitivos da polícia) se candidataram a prefeito ou a vereador nas eleições deste ano. A maioria dos casos envolve dívida de pensão alimentícia, mas há suspeitos de estelionato, roubo, homicídio e estupro. 
 
Reza uma velha (e filosófica anedota) que Deus estava distribuindo benesses e catástrofes naturais pelo mundo que acabara de criar, quando um anjo apontou para o que seria futuramente o Brasil e perguntou: "Senhor, por que destinastes a essa porção de terra clima ameno, praias e florestas deslumbrantes, grandes rios e belos lagos, mas não desertos, geleiras, vulcões, furações ou terremotos?" E Deus respondeu: "Espera para ver o povinho filho da puta que vou colocar aí."
 
Políticos incompetente e/ou corruptos que ocupam cargos eletivos não brotam nos gabinetes por geração espontânea; se eles estão lá, é porque foram eleitos por ignorantes polarizados, que brigam entre si enquanto a alcateia de chacais se banqueteia e ri da cara deles. 
 
Einstein achava que o Universo e a estupidez humana eram infinitos, mas salientou que, quanto ao Universo, ele ainda não tinha 100% de certeza. Alguns aspectos de suas famosas teorias não sobreviveram à passagem do tempo, mas sua percepção da infinitude da estupidez humana merece ser bordada com fios de ouro nas asas de uma borboleta. 
 
Não há provas de que boas ações produzam bons resultados – a "lei do retorno" é mera cantilena para dormitar bovinos – mas sabe-se que más escolhas costumam gerar péssimas consequências, como prova e comprova a história desta republiqueta de bananas: nossa independência  foi comprada, a Proclamação da República foi um golpe militar (o primeiro de muitos), o voto é um "direito obrigatório", nossa democracia é uma piada e o sistema político está falido. 
 
Desde 1889, 35 brasileiros alcançaram a Presidência pelo voto popular, eleição indireta, linha sucessória ou golpe de Estado (o número depende de como alguns casos específicos, como presidências muito breves ou interinas, mas isso não vem ao caso neste momento). Oito integrantes dessa seleta confraria – começando pelo primeiro, Deodoro do Fonseca – deixaram o cargo prematuramente, e dos cinco que foram eleitos pelo voto direto desde a redemocratização, dois acabaram impichados. 

Dos mais de 30 partidos políticos que mamam nas tetas dos fundos eleitoral e partidário (ou seja, são bancados pelo suado dinheiro dos "contribuintes"), nenhum representa os interesses da população, e alguns são verdadeiras organizações criminosas. 

O Brasil de hoje lembra aquelas fotos antigas de reis africanos, que imitavam os trajes e trejeitos dos governantes de nações mais evoluídas e recebiam aulas de civilização dos oficiais do Império Britânico, mas achavam que para se transformar em soberanos civilizados bastava copiar as vestes e adereços daqueles que lhes falavam das maravilhas da Rainha Vitória ou de Napoleão III. 

O resultado se vê nas fotografias. As mais clássicas mostram negros magros, ou gordíssimos, com uma cartola de segunda-mão na cabeça, calças rasgadas ou remendadas, pés descalços ou calçados com uma bota só, velha e sem graxa. Imaginavam-se nobres, esses coitados, iguais a seus pares europeus, mas, junto com as novas roupas e os acessórios, continuavam usando colares feitos de ossos, pulseiras de metal e argolas na orelha ou no nariz, enquanto eram roubados até o último papagaio pelos que supostamente vieram ensiná-los a ter valores cristãos, avançados e democráticos.
 
O Brasil aparece na foto como uma democracia de Primeiro Mundo, mas a realidade do dia a dia mostra pouco mais que uma cópia barata e malsucedida do artigo legítimo. Nossas eleições são subordinadas a todo tipo de patifaria, do voto obrigatório ao anacrônico horário eleitoral "gratuito", passando por deformações propositais que entopem a Câmara Federal com políticos das regiões que têm meia dúzia de eleitores. 

O resultado é um monumento à demagogia, à corrupção e à estupidez. Acordos políticos são urdidos na surdina por parlamentares que votam com base em seus interesses pessoais. Milícias e fações criminosas têm representantes no Congresso, nas Assembleias Legislativas estaduais e nas Câmaras Municipais. Candidatos só entram em algumas regiões se tiverem proteção dos criminosos, e os moradores são "convidados" a votar na "turma da casa".
 
Os direitos dos cidadãos representam a área mais notável das semelhanças com reis africanos. Nunca houve tantos direitos escritos nas leis nem o poder público foi tão incompetente para mantê-los. O Congresso não representa o povo que o elegeu para tal, e há uma recusa sistemática em combater o crime por parte de nove entre dez políticos com algum peso. Com quase 50 mil assassinatos por ano, o Brasil é um dos países onde a vida humana tem menos valor. 
 
Se nossas instituições funcionassem – e suas excelências não se cansam de dizer que elas funcionam –, a Câmara teria aberto pelo menos um dos quase 150 pedidos de impeachment contra Bolsonaro, e o Centrão não teria transformado a ocupação do Orçamento num processo de bolsonarização das instituições. Pode passar pela cabeça de alguém que exista democracia num país como esse? 
 
Quando nossos nobres parlamentares perderam a credibilidade e o mais alto cargo do funcionalismo público federal passou a ser ocupado por uma sequência de mandatários que, noves fora Fernando Henrique — já foram presos ou respondem a processos criminais, o Judiciário se tornou nosso último bastião. Mas faz tempo que as opiniões e os vieses político-partidários dos eminentes togados (que deveriam ser isentos, imparciais e apartidários) se tornaram públicos e notórios.
 
O Supremo poderia nos ter livrado do aspirante a golpista em diversas oportunidades (motivos para tal não faltaram), mas as excelências que tudo decidem – do destino dos presidentes ao furto de codornas — acharam melhor dar tempo ao tempo, apostando na sapiência inigualável dos eleitores. 

É fato que Alexandre de Moraes impediu a consumação do golpe, mas também é fato que ele já deveria ter tirado de circulação o "mito" dos extremistas de direita, que mesmo inelegível até 2030 faz pose de cabo eleitoral de luxo e articula com seus comparsas no Congresso uma improvável (mas não impossível) anistia a si e aos golpistas do 8 de janeiro. 
 
Como o chanceler Charles De Gaulle não disse, mas a frase lhe é atribuída, "le Brésil n’est pas un pays serieux". 
 
Continua...