Em O Flagelo da Economia de Privilégios: Brasil, 1947 – 2020, Fernando de Holanda Barbosa destrincha de forma acachapante a armadilha fiscal que construímos — e da qual não saímos — a partir dos privilégios. O autor organiza em décadas, ciclos e governos os últimos 70 anos do país, e demonstra como, exceto em dois ou três diminutos soluços de austeridade e equilíbrio fiscais, déficits correntes e recorrentes nas contas públicas impediram o crescimento sustentável do país a partir de ganhos de produtividade e poupança interna.
A maior das lições é a prova da forma mesquinha como as "elites" se organizam em torno de privilégios para si e para quem lhes é próximo ou interessante. E aí não há distinção entre público e privado, pois as relações se misturam. Os subsídios e as desonerações fiscais de setores escolhidos a dedo — sempre a pretexto do bem comum — são os exemplos mais claros e frequentes que nos saltam aos olhos.
No Brasil, governantes (municipais, estaduais e federal) e membros do Legislativo e do Judiciário decidiram que a eles vale e pode tudo, ainda que custe o eterno subdesenvolvimento ou, no melhor das hipóteses, o status "em desenvolvimento".
A Taxação Olímpica – termo cunhado pelo portal O Antagonista — é o mais recente caso dessa cultura inútil e ineficaz. Como tubarões que farejam uma gota de sangue A 300 metros de distância, os congressistas populistas e oportunistas farejaram uma oportunidade de "lacração" (e votos) sobre a premiação dos atletas brasileiros que participaram das Olimpíadas de 2024 em Paris, e, de forma simplória e açodada, propuseram a isenção de impostos sobre os ganhos dos "heróis nacionais".
Em um tempo de redes sociais como fontes de informação e de políticos tiktokers como pensadores e formuladores das políticas do país, a ideia ganhou corpo e o apoio da população, que foi levada a acreditar que toda isenção de impostos é boa e que todos que fazem algo de bom para o país — coisa que os nossos políticos não fazem — merecem benefícios — que nossos políticos têm —, independentemente de quem venha a pagar a conta.
Em nota, a Receita Federal explicou a impossibilidade do benefício/privilégio e chamou a atenção para o óbvio ululante: as medalhas não são tributadas, apenas as premiações em dinheiro (rendimentos), a exemplo do que ocorre com qualquer trabalhador que receba mais do que R$ 2.640,00 mensais. A despeito do orgulho que nos dão, nossos medalhistas são atletas profissionais e, em sua maioria, muito bem remunerados. Dito isso, não faz o menor sentido isentar de imposto um atleta que recebe um prêmio de dezenas ou centenas de milhares de reais, quando mais não seja porque a isenção que alguém recebe sempre é paga por um enfermeiro, um policial, um professor, um bombeiro, enfim...
No país dos privilégios, políticos não se importam com critérios quando e se as regalias lhes rendem popularidade e votos. Assim, farejando o cheiro da carniça (no caso, ganho eleitoral para os adversário), o rei da rapinagem, águia entre os urubus, pai dos pobres e mão dos ricos se apressou a editar uma MP para transferir mais renda dos pobres para os ricos. A regra prevê que valores recebidos por atletas em Jogos Olímpicos e Paralímpicos como premiação pela conquista das medalhas, pagos por Comitê Olímpico do Brasil (COB) e Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), ficam isentos de tributação pelo Imposto de Renda, segundo informou o Palácio do Planalto no último dia 8, o dia.
Rebeca Andrade, Gabriel Medina, as meninas do futebol e do vôlei, enfim, todo esse pessoal, em maior ou menor escala e valor, recebe por ano o dinheiro que um simples trabalhador não ganha em séculos. À luz dos rendimentos acumulados, essa turma integra a seleta confraria dos 5% mais ricos do país, e não será isentando-os do imposto de renda que lhes renderemos as mais do que justas homenagens.
Texto de Ricardo Kertzman.
Spywares são programados para executar o serviço sujo sem chamar a atenção, mas baixo desempenho, aquecimento anormal e redução da autonomia da bateria sem motivo aparente sinalizam sua presença. Em sendo o caso, a primeira coisa a fazer é abrir o menu Configurações e tentar identificar na lista de aplicativos algum elemento que não aparece na tela de início (lembrando que, em vez de exibir seu nome e logotipo verdadeiros, os programinhas espiões tentam se passar por joguinhos ou blocos de notas, por exemplo).
Uma vez que os softwares de rastreamento e/ou monitoramento aumentam o tráfego de rede, vale checar se seu plano de Internet móvel está apresentando um consumo anormal. E fique esperto se seu aparelho passar a aquecer mais que o normal quando está no seu bolso ou você está executando tarefas leves (lembrando que é comum o telefone esquentar durante a recarga da bateria ou quando você joga ou vê vídeos, por exemplo),
Se você passar a receber mensagens de texto estranhas, com muitas letras e números ou que parecem ser um código, ou então conversas aleatórias de números desconhecidos, abra o olho, pois isso é sinal de que o intruso que controla app espião está tentando obter sua localização. Jamais toque num link que porventura apareça nessas mensagens, já que ele pode levar ao download de outros spywares.
Programinhas maliciosos difíceis de ser encontrados tendem a ser igualmente difíceis de eliminar, mas a boa notícia é que sempre se pode restaurar as configurações de fábrica para tudo voltar a ser como dantes no quartel de Abrantes (pelo menos no âmbito do software).