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quarta-feira, 21 de agosto de 2024

SEGURO MORREU DE VELHO...

O AMOR CEGA; O CASAMENTO DEVOLVE A VISÃO.

Muita gente que se preocupa com a possibilidade de seus celulares serem monitorados e suas assistentes virtuais — Gemini, Siri, Alexa etc. — "escutarem" suas conversas entope suas redes socais com fotos da casa, do carro novo, do restaurante que frequentam ou dos filhos vestidos com o uniforme da escola.
 
A despeito de a amaça de "espionagem" ser real e de não faltarem programinhas-espiões, jabuti não sobe em árvore. So haverá um spyware no aparelho caso alguém o tenha instalado. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA 

Não faltam ensaios e livros de autores diversos sobre as causas do fracasso social e econômico tupiniquim. Entre os motivos mais recorrente da nossa doença fiscal crônica figuram a incompetência, o desperdício e, corrupção e a cultura do privilégio, enraizada em nossa sociedade e nas relações desta com o Estado desde a chegada dos portugueses.
Em O Flagelo da Economia de Privilégios: Brasil, 1947 – 2020, Fernando de Holanda Barbosa destrincha de forma acachapante a armadilha fiscal que construímos — e da qual não saímos — a partir dos privilégios. O autor organiza em décadas, ciclos e governos os últimos 70 anos do país, e demonstra como, exceto em dois ou três diminutos soluços de austeridade e equilíbrio fiscais, déficits correntes e recorrentes nas contas públicas impediram o crescimento sustentável do país a partir de ganhos de produtividade e poupança interna.
A maior das lições é a prova da forma mesquinha como as "elites" se organizam em torno de privilégios para si e para quem lhes é próximo ou interessante. E aí não há distinção entre público e privado, pois as relações se misturam. Os subsídios e as desonerações fiscais de setores escolhidos a dedo — sempre a pretexto do bem comum — são os exemplos mais claros e frequentes que nos saltam aos olhos.
No Brasil, governantes (municipais, estaduais e federal) e membros do Legislativo e do Judiciário decidiram que a eles vale e pode tudo, ainda que custe o eterno subdesenvolvimento ou, no melhor das hipóteses, o status "em desenvolvimento".
A Taxação Olímpica – termo cunhado pelo portal O Antagonista — é o mais recente caso dessa cultura inútil e ineficaz. Como tubarões que farejam uma gota de sangue A 300 metros de distância, os congressistas populistas e oportunistas farejaram uma oportunidade de "lacração" (e votos) sobre a premiação dos atletas brasileiros que participaram das Olimpíadas de 2024 em Paris, e, de forma simplória e açodada, propuseram a isenção de impostos sobre os ganhos dos "heróis nacionais".
Em um tempo de redes sociais como fontes de informação e de políticos tiktokers como pensadores e formuladores das políticas do país, a ideia ganhou corpo e o apoio da população, que foi levada a acreditar que toda isenção de impostos é boa e que todos que fazem algo de bom para o país — coisa que os nossos políticos não fazem — merecem benefícios — que nossos políticos têm —, independentemente de quem venha a pagar a conta.
Em nota, a Receita Federal explicou a impossibilidade do benefício/privilégio e chamou a atenção para o óbvio ululante: as medalhas não são tributadas, apenas as premiações em dinheiro (rendimentos), a exemplo do que ocorre com qualquer trabalhador que receba mais do que R$ 2.640,00 mensais. A despeito do orgulho que nos dão, nossos medalhistas são atletas profissionais e, em sua maioria, muito bem remunerados. Dito isso, não faz o menor sentido isentar de imposto um atleta que recebe um prêmio de dezenas ou centenas de milhares de reais, quando mais não seja porque a isenção que alguém recebe sempre é paga por um enfermeiro, um policial, um professor, um bombeiro, enfim...
No país dos privilégios, políticos não se importam com critérios quando e se as regalias lhes rendem popularidade e votos. Assim, farejando o cheiro da carniça (no caso, ganho eleitoral para os adversário), o rei da rapinagem, águia entre os urubus, pai dos pobres e mão dos ricos se apressou a editar uma MP para transferir mais renda dos pobres para os ricos. A regra prevê que valores recebidos por atletas em Jogos Olímpicos e Paralímpicos como premiação pela conquista das medalhas, pagos por Comitê Olímpico do Brasil (COB) e Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), ficam isentos de tributação pelo Imposto de Renda, segundo informou o Palácio do Planalto no último dia 8, o dia.
Rebeca Andrade, Gabriel Medina, as meninas do futebol e do vôlei, enfim, todo esse pessoal, em maior ou menor escala e valor, recebe por ano o dinheiro que um simples trabalhador não ganha em séculos. À luz dos rendimentos acumulados, essa turma integra a seleta confraria dos 5% mais ricos do país, e não será isentando-os do imposto de renda que lhes renderemos as mais do que justas homenagens.
Texto de Ricardo Kertzman. 
 
Spywares são programados para executar o serviço sujo sem chamar a atenção, mas baixo desempenho, aquecimento anormal e redução da autonomia da bateria sem motivo aparente sinalizam sua presença. Em sendo o caso, a
 primeira coisa a fazer é abrir o menu Configurações e tentar identificar na lista de aplicativos algum elemento que não aparece na tela de início (lembrando que, em vez de exibir seu nome e logotipo verdadeiros, os programinhas espiões tentam se passar por joguinhos ou blocos de notas, por exemplo). 

Se você não encontrar nenhum item suspeito, confira o consumo de recursos do telefone. No Android, toque em Bateria > Uso da bateria > Ver detalhes; no iOS, toque em Ajustes > Bateria e role a tela até a seção de uso da bateria por aplicativo. Em ambos os casos será exibida uma lista com os apps e o consumo de bateria de cada um deles. Se algo lhe parecer suspeito, faça uma busca no Google para saber do que se trata.
 
Uma vez que os softwares de rastreamento e/ou monitoramento aumentam o tráfego de rede, vale checar
 se seu plano de Internet móvel está apresentando um consumo anormal. E fique esperto se seu aparelho passar a aquecer mais que o normal quando está no seu bolso ou você está executando tarefas leves (lembrando que é comum o telefone esquentar durante a recarga da bateria ou quando você joga ou vê vídeos, por exemplo),
 
Se você passar a receber mensagens de texto estranhas, com muitas letras e números ou que parecem ser um código, ou então conversas aleatórias de números desconhecidos, abra o olho, pois isso é sinal de que o intruso que controla app espião está tentando obter sua localização. Jamais toque num link que porventura apareça nessas mensagens, já que ele pode levar ao download de outros spywares.

Nunca se sabe quando e se um cônjuge ciumento ou uma mãe "zelosa" vai aproveitar uma distração do parceiro ou do filho para instalar um programinha espião no celular. Na dúvida, consulte o histórico do seu navegador. 

Ponha as barbichas de molho se a tela passar a ligar "do nada", se ficar mais difícil de desligar o celular, ou se ele vibrar sem que haja qualquer notificação. Ainda que esses sintomas possam advir de bugs no sistema ou em algum app legítimo, seguro morreu de velho. E como é prevenir é melhor que remediar, instale uma suíte antimalware e só baixe aplicativos da Google Play Store ou da loja oficial do fabricante do aparelho ou da Google Play Store, no caso do Android, ou da Apple Store, caso você use um iPhone, 
 
Programinhas maliciosos difíceis de ser encontrados tendem a ser igualmente difíceis de eliminar, mas a boa notícia é que sempre se pode restaurar as configurações de fábrica para tudo voltar a ser como dantes no quartel de Abrantes (pelo menos no âmbito do software).

quarta-feira, 12 de junho de 2024

DICAS PARA MANTER O DESEMPENHO DO CELULAR NOS TRINQUES (FINAL)

O SILÊNCIO É UM AMIGO QUE NUNCA TRAI.

Todo aplicativo consome recursos e todo arquivo ocupa espaço. Instalar programas desnecessários e armazenar milhares de fotos e centenas de vídeos no celular resulta em lentidão, mesmo que o dispositivo disponha de 6GB de RAM e 256GB de armazenamento. 

Portanto, elimine o crapware, instale somente apps necessários e transfira para um pendrive ou HDD externo ou para a nuvem sua fototeca e sua filmoteca. Configure o sistema para suspender ou encerrar apps que não são usados com frequência e recorra a ferramentas de diagnóstico, como o Phone Doctor, para identificar e reparar os problemas mais comuns. 
 
Se seu orçamento o obrigar a comprar um smartphone com 4GB de RAM e 64GB de armazenamento, você pode possa emular memória com o RAM Plus, que é disponibilizado por alguns modelos Samsung e Xiaomi e permite usar parte da memória interna como "RAM virtual", e ampliar o armazenamento com um SD-Card
Existem dezenas de tipos desses cartões no mercado, mas nem todos são aceitos por todos os smartphones. Consulte o manual do seu aparelho (ou do aparelho que você pretende comprar) para saber se ele compatível com SDHC ou SDXC e quais das três principais classes de velocidade ele suporta (mais detalhes nesta postagem).  

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Vivo, Cazuza cantaria: "Brasil, mostra tua cara / Quero ver quem paga / Pra gente ficar assim / Brasil, qual é o teu negócio / O nome do teu sócio / Confia em mim." Explico: a PEC das Praias passou na Câmara sem alarde e subiu para o Senado, onde tem como relator o famoso senador das rachadinhas e mansões milionárias. Mas o presidente da Casa pisou no freio ao declarar que a votação não será pautada "da noite para o dia", e o feitiço da invencibilidade digital da direita bolsonarista acabou enfeitiçado na praia das redes. Desde então, o filho do pai desperdiça saliva em entrevistas e postagens. "Não tenho interesse pessoal nisso, não sou proprietário de área beneficiada, não estou levando dinheiro do Neymar nem do empreendimento que ele fará", disse FB ao Globo. 
Esforçando-se para dar um aroma social à empreitada, Zero Um alardeou que a PEC presentearia habitantes pobres da orla com títulos de propriedade e mencionou os moradores do Complexo da Maré e dos quilombolas da Restinga de Marambaia, no Rio. Mas o bolsonarismo deixou-o apanhando sozinho nas redes. Ainda que a milícia digital organize uma mobilização tardia, já não há força no universo capaz de deter a maledicência segundo a qual o que move o primogênito do aspirante a tiranete não é a Maré nem a Restinga, mas a ideia fixa do pai de criar "uma Cancún em Angra dos Reis. 
Zonzo, FB tem dificuldades para manter a língua na coleira. Na mesma entrevista, ele disse que a PEC não tem nada de agressivo às praias, que todo mundo gosta de ir a um resort em Cancún, em Miami, na Espanha, na Grécia, e que a ideia é fazer um troço pequeno no Brasil para tentar estimular empreendimentos. E fechou com chave de ouro dizendo que, para fazer empreendimento em Angra, Salvador, qualquer lugar de Alagoas, seguirá existindo toda uma burocracia ambiental. 
Deu para entender?
 
O Bluetooth é útil em diversas situações, mas pode causar interferências ou erros de emparelhamento. Se desligar e religar o recurso não resolver, reinicie o smartphone; se o problema persistir e o "modo detectável" estiver ligado, limpe o cache do Bluetooth; se mesmo assim não funcionar, reverter o aparelho às configurações de fábrica costuma solucionar esse e uma porção de outros problemas. 
 
Por ser ultraportátil, o celular está sujeito a impactos e quedas. Segundo a Lei de Murphy, se cair, vai quebrar. Capinhas e películas protegem o aparelho, mas não fazem milagres — clique aqui e aqui para saber quais modelos são mais indicados. Se a tela trincar ou rachar, você terá de substituí-la — o conserto custa caro e nada garante que as coisas voltam a ser como dantes no quartel de Abrantes.
 
A autonomia da bateria pesa tanto quanto a RAM e o armazenamento na escolha de um smartphone. Modelos
 "premium" trazem baterias de 6.000 mAh, mas quem usa intensamente o aparelho não está livre de fazer um "pit stop" entre as recargas. A boa notícia é que baterias de íons ou polímero de lítio não estão sujeitas ao famigerado efeito memória, podendo ser recarregadas a qualquer momento, e sempre se pode recorrer ao "carregamento rápido" e a softwares que otimizam o consumo energético (mais detalhes na sequência de postagem iniciada aqui). 
 
A potência dos carregadores rápidos chega a ser 8 vezes superior à dos convencionais, mas nem todo aparelho suporta essa tecnologia (consulte o manual o site do fabricante). E muitos dos que suportam vêm acompanhados de carregadores comuns. 

Observação: Para descobrir a potência do carregador, basta multiplicar a voltagem pela amperagem. Meu Galaxy M23 suporta um carregador de 25 W (9V x 1,67A), mas veio com um modelo de 15 W, que demora cerca de 90 minutos para levar a bateria de 20% a 100%.  
 
Evite deixar o celular na carga a noite toda. Os riscos de superaquecimento e explosão são desprezíveis quando a bateria e o carregador são originais ou homologados pelo fabricante do aparelho, já que um sistema inteligente interrompe a passagem de corrente quando a bateria está cheia. No entanto, seguro morreu de velho, de modo que não custa nada desligar o telefone, tirá-lo da capinha, recarregá-lo num local fresco e ventilado e, ao final, desconectar o carregador do telefone e da tomada, nessa ordem.
 
A autonomia informada pelos fabricantes é medida em "condições controladas" — com temperaturas em torno de 20-25°C, umidade do ar otimizada, sinal de rede estável, Wi-Fi, Bluetooth, e GPS desligados, brilho da tela inferior a 50% e usando apenas "aplicativos-padrão" —, que não refletem o que acontece no dia a dia. Mesmo assim, não é normal
 um aparelho relativamente novo precisar ser recarregado duas ou três vezes por dia. Antes de levar o dito-cujo a uma assistência técnica de confiança, experimente fazer o seguinte:
 
1 — Abra as configurações, toque em Bateria > Atividade da bateria, identifique os aplicativos que consomem mais energia, suspenda os que você acessa com frequência e desinstale os que nunca usa;
2 — Diminua o brilho da tela e o tempo de "timeout", ative os modos escuro e de economia de energia e reduza a quantidade de ícones na tela inicial;
3 — Desative o disparo automático do flash, a sincronização automática de fotos e vídeos, as conexões sem fio, o serviço de GPS e os alertas sonoros/vibratórios;
4 — Use papel de parede preto em telas AMOLED ou OLED, instale um antivírus responsável e mantenha o sistema e os apps atualizados (atualizações de software geralmente incluem otimizações de bateria). 

terça-feira, 26 de março de 2024

INTERNET NA VELOCIDADE DA LUZ

A CRIANÇA SÓ DESCOBRE O QUE É UM MARTELO QUANDO CONFUNDE O DEDO COM UM PREGO.

Quem acompanha a política nacional não descarta a possibilidade de a delação de Cid terminar como as condenações da Lava-Jato. Não com um STF que transformou Lula em "ex-corrupto", deu ganho de causa a delatores que voltam atrás em suas delações, anulou multas e suspendem a devolução do dinheiro roubado. 
No país do futuro que tem um imenso passado pela frente, investigações que envolvem políticos e/ou empresários importantes emanam o inconfundível cheiro de pizza. Dependendo de quem está no poder, provas são anuladas, multas são perdoadas e tudo fica como dantes no quartel de Abrantes. 
Vivemos num pais com muitas leis, pouca vergonha na cara e nenhuma segurança jurídica. Está claro como o dia que Mauro Cid fez o que fez e que Bolsonaro et caterva tentaram dar um golpe de Estado. E a recente "elucidação" do caso Marielle deixa igualmente claro que não há organizações criminosas no Brasil. O Brasil é uma organização criminosa. 

A saudável concorrência entre as operadoras de telefonia celular propiciou o barateamento das redes de internet móvel (4G/5G) e ensejou o acesso ilimitado (sem consumo de dados do plano) a aplicativos como WhatsApp e redes sociais como Twitter, Facebook etc. 

No aconchego do lar é preferível usar um roteador Wi-Fi, que proporciona conexão mais veloz, estável e ilimitada (a gente pode fazer downloads e uploads pesados e assistir a filmes em streaming sem se preocupar com a franquia de dados), mas o Wi-Fi pode estar com os dias contados. 

O Li-Fi (de Light Fidelity) é um sistema wireless bidirecional que transmite dados por luz de LED ou infravermelha. Quando ele for disponibilizado comercialmente, bastará uma lâmpada com um chip para propagar o sinal, que deve superar consideravelmente a velocidade e a largura de banda das 
redes Wi-Fi, cuja capacidade limitada as torna mais lentas conforme  o número de usuários conectados aumenta. 
 
Com uma frequência de banda de 200.000 GHz — frente aos 5 GHz máximos do Wi-Fi —, o Li-Fi será 100 vezes mais rápido e poderá transmitir muito mais informações por segundo. Um estudo feito em 2017 pela Universidade de Eindhoven com luz infravermelha relata que a velocidade de download alcançada num raio de 2,5 m foi de 42,8 GB/s — contra os "míseros" 300 MB/s do Wi-Fi.
 
Resumo da ópera: 1)
 o Li-Fi promete ser 10 vezes mais rápida que o Wi-Fi — e mais barato, já que dispensa roteador e consome pouca energia; 2) o espectro luminoso, que é 10 mil vezes superior ao radioelétrico, deverá proporcionar um sinal livre de interrupções, tornando a conexão muito mais estável; 3) qualquer luminária acoplada a um emissor pode se tornar um ponto de conexão, e o fato de a luz não atravessar paredes evita que intrusos interceptem as comunicações (como fazem atualmente com as redes Wi-Fi); 4) a luz eletrônica não interfere nas comunicações por rádio nem compromete as transmissões de aviões, barcos etc.; 5) a adoção da nova tecnologia pode impedir o colapso do espectro radioelétrico que, de acordo com Harald Haas, inventor do Li-Fi, deve acontecer já no ano que vem.

Se o Li-Fi vai mesmo aposentar o Wi-Fi e as redes móveis, só o tempo dirá. É provável que ainda demore alguns anos para vermos postes de iluminação que, além de clarear as ruas, oferecem conexão com a Internet "na velocidade da luz".

domingo, 9 de julho de 2023

NOVIDADES NO ANDROID

A VITÓRIA ESTÁ RESERVADA PARA QUEM ESTIVER DISPOSTO A PAGAR O PREÇO

 

Depois que o Google atualizou o aplicativo Play Services para a versão 23.20 no Android, a maneira como o sistema sincroniza os contatos da agenda do smartphone mudou. Assim, quem tiver desligado a sincronia com a nuvem (backup automático) terá seus contatos removidos.

A boa notícia é que os dados apagados poderão ser acessados pelo computador a partir de contacts.google.com, e que basta reativar a sincronia com a nuvem no smartphone para tudo voltar a ser como dantes no Quartel de Abrantes.
 
Aproveitando o embalo, confira a lista de celulares cujo Android será atualizado para a versão 14.
 
ASUS: ZenFone 9, ROG Phone 6, ROG Phone 6 Pro e ROG Phone 6D Ultimate
 
Google: Pixel 5, 5a, 6, 6 Pro, 6a, 7, 7a, 7 Pro. 
 
Motorola: Edge 40 Pro, Edge 40, Edge 30 Pro, Edge 30, Edge 30 Ultra, Edge 30 Fusion, Edge 30 Neo, Razr 2022, Lenovo ThinkPhone, G13, G23, G53, G73, E13
 
Realme: 11 Pro Plus, 11 Pro, 11, 10 Pro, 10 Pro Plus, 10 5G e 10
 
Samsung: Galaxy S23 Ultra, Galaxy S23+, Galaxy S23, Galaxy S22, Galaxy S22 +, Galaxy S22 Ultra, Galaxy S21 FE, Galaxy Z Fold 4, Galaxy Z Flip 4, Galaxy M54, Galaxy M53, Galaxy M33, Galaxy M23, Galaxy M14, Galaxy M13, Galaxy A23, Galaxy A23 5G, Galaxy A14 G, Galaxy A14, Galaxy A13, Galaxy F23, Galaxy F13, Galaxy A73, Galaxy A53, Galaxy A54, Galaxy A34, Galaxy A33, Galaxy A24, Galaxy A04, Galaxy A04s, Galaxy A04e
Galaxy F04 e Galaxy A14 5G
 
Xiaomi: 13 Ultra, 13, 13 Pro, 12C, 12, 12 Pro, 12 Lite, 12, 12S Pro, 12S (Dimensity), 12S Ultra, 12T, 12T Pro, Poco X5 Pro 5G, Poco X5, Poco C50, Poco F5 Pro, Poco F5, Poco F4, Poco F4 GT, Redmi Note 12 Turbo, Redmi Note 12 5G, Redmi Note 12 Explorer Edition, Redmi Note 12 Pro, Redmi Note 12 Pro Plus.

quarta-feira, 29 de março de 2023

DE VOLTA À MUAMBA DAS ARÁBIAS


Bolsonaro disse que retornará ao Brasil amanhã (mais um pouco e seria no dia 1º de abril), embora Michelle, Costa Neto e Eduardo Bolsonaro achassem melhor ele adiar o retorno por mais algum tempo. Pelo sim ou pelo não, sua defesa entregou as joias e as armas presenteadas por "autoridades sauditas", estimadas em cerca de R$ 500 mil, a uma agência da Caixa Econômica Federal.

ObservaçãoReportagem de André Borges e Adriana Fernandes publicada no Estadão revela que o ex-presidente teria recebido como presente dos sauditas e levado para seu acervo pessoal um terceiro conjunto de joias que inclui um relógio da marca Rolex de ouro branco cravejados com diamantes. O valor das joias é estimado em R$ 500 mil.

A novela das joias parece estar longe de acabar. E os fatos parecem ter pretensões literárias. Ao tentar recriar a realidade em seu depoimento à PF, o ex-ministro Bento Albuquerque fabricou um enredo em que não só se desmente Bolsonaro como destoa do script criado pelo ex-chefe. O caso passou agora a ter três versões: a de Albuquerque, a de Bolsonaro e a verdadeira. 

O almirante disse inicialmente que o pacote retido na alfândega iria para Michelle e o que escapou à fiscalização seria de Bolsonaro. Agora ele diz que os dois estojos continham presentes para a União. Se fosse assim, bastaria ter seguido a orientação dos fiscais, pois bens do Estado não são tributados. Mas o Planalto jamais requisitou a incorporação das joias ao acervo público. Bolsonaro se apropriou do relógio, das abotoaduras, da caneta, do anel e até de um rosário islâmico. "Bens personalíssimos", alegou. 
 
Num instante pouco beato, Bento admitiu à PF que escondeu na própria bagagem as peças surrupiadas pelo ex-chefe (os diamantes camuflados na mochila do assessor foram salvos do roteiro inexato e permanecem retidos). O escândalo descerá à crônica do governo Bolsonaro como uma espantosa sequência de fatos extraordinários que aconteceram com pessoas ordinárias — em todos os sentidos. 

O inquérito da PF mal começou, mas já está demonstrado que a verdade não só é muito mais incrível do que a ficção como é bem mais difícil de inventar.
 
Mudando de um ponto a outro, o vocábulo governabilidade consolidou-se como uma espécie de abracadabra para a caverna de Ali-Babá. Juntam-se hienas, raposas, aves de rapina, abutres e roedores de toda espécie. E anotam na tabuleta da porta: "Base Aliada". 

Sob Lula 3, montou-se um esquema muito parecido com o que havia na gestão Bolsonaro. A diferença é que o "toma lá" ficou mais caro. E o "dá cá" depende do ritmo do desembolso dos inéditos R$ 46 bilhões reservados para o financiamento do balcão de emendas.
 
O "orçamento secreto" foi extinto pelo STF, mas o Centrão redistribuiu os bilhões, e tudo continua como dantes no quartel de Abrantes. Inclusive a falta de transparência. E tudo negociado durante a transição de governo com o então presidente eleito, que agora azeita seu relacionamento com o Congresso por meio da distribuição de cargos — inclusive para prontuários notórios. Em suma: mais do mesmo.
 
Na ficção do papel, Paulo Guedes comandava uma estrutura com três pastas. Na vida real, mal controlava uma deles. Sabe-se agora que, no Posto Ipiranga, a Receita Federal era a lojinha de conveniências de Bolsonaro, onde se aproveitava de Guedes apenas o vocabulário. 

No térreo da lojinha, coletavam-se os impostos que financiavam as emendas das "criaturas do pântano político" e as isenções dos "piratas privados". No subsolo, utilizava-se a mão de obra daqueles que Guedes denominava de "burocratas corruptos" para a execução de serviços variados — da garimpagem de diamantes à quebra de sigilos fiscais. 

Numa mesma repartição, materializaram-se a virtude e a infâmia: funcionários honestos guardavam as joias da coroa na alfândega de Guarulhos e resistiam às pressões de Brasília, enquanto dados fiscais sigilosos de desafetos do rei eram arrancados das máquinas no setor de inteligência da Receita

Sempre tão loquaz, Guedes assiste calado ao noticiário sobre a perversão que tisna sua antiga gestão. Há enorme curiosidade para saber quanto melado ainda terá que escorrer até que o ex-superministro quebre o silêncio.
 
Costuma-se dizer que o toma-lá-dá-cá é parte indissociável da política e, portanto, um mal necessário. Mas convém acender a luz: às claras, os parlamentares esclareceriam o que desejam tomar, e o Planalto informaria o que se dispõe a dar. Para além disso, um mal necessário jamais será confundido com um bem. Muito menos necessário.

Com Josias de Souza

terça-feira, 26 de abril de 2022

TERCEIRA VIA — O ULTIMATO


No último domingo, o ministro Luís Roberto Barroso afirmou que as Forças Armadas estão sendo orientadas a atacar o processo eleitoral, e que existe uma tentativa de levar a corporação ao que ele chamou de “varejo da política”. O magistrado disse ter a “firme expectativa” de que os militares não se deixarão seduzir por esse “esforço de jogá-las nesse universo indesejável” e que “até agora o profissionalismo e o respeito à Constituição têm prevalecido”. Barroso alertou ainda para o fato de que militares profissionais e respeitadores da Constituição foram afastados, e citou nominalmente Santos Cruz, Maynard Santa Rosa e Fernando Azevedo. Lembrou que os três comandantes das Forças Armadas foram afastados (algo inédito na história recente desta republiqueta de bananas).

Demorou, mas o magistrado que Bolsonaro chamou certa vez de filho da puta finalmente descobriu que merda fede. Quando "descobriram" (com seis anos de atraso) que Sergio Moro não era competente para jugar Lula (e que foi parcial ao fazê-lo), seus pares lavaram a toque de caixa a ficha imunda do petralha e o reinseriram no tabuleiro da disputa presidencial. Talvez a mesma presteza devesse ter sido demonstrada diante dos discursos golpistas de Bolsonaro no feriado de Sete de Setembro, mas houve apenas um "puxão de orelha" por parte do presidente da Corte Suprema e uma cartinha patética, redigida pelo igualmente patético vampiro do Jaburu, mediante a qual tudo voltou a ser como dantes no Quartel de Abrantes.

A suprema pusilanimidade cobrou seu preço. Resta agora saber se ainda dá tempo de evitar o pior, ou por outra, se o Judiciário vai aceitar bovinamente que o Legislativo lave as mãos e deixe a campanha à Presidência virar batalha campal (ou coisa ainda pior). Aliás, por ordem de Bolsonaro o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que deixou o comando do Exército há cerca de um mês para assumir o Ministério da Defesa, divulgou nota em que chama o togado de "irresponsável" (leia íntegra).

 

Depois da saída de Sergio Moro do Podemos, o general reformado Carlos Alberto dos Santos Cruz — que atuou como comandante das forças de paz da ONU no Haiti de 2007 a 2009, foi escolhido pela Força de Paz da ONU para o comando da Missão de Estabilização das Nações Unidas na República Democrática do Congo em 2013 e foi ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência do Brasil — pôs seu nome à disposição do partido para a disputa presidencial, mas disse que, caso haja uma convergência dos partidos de centro, apoiará o nome escolhido pela Terceira Via. 

 

Na campanha de 2018, o general apoiou o capetão e fez críticas ao bonifrate do presidiário. Foi convidado para integrar o Ministério e chefiou a Secretaria de Governo no início da gestão, mas acabou se tornando alvo de Olavo de Carvalho e de Carlos Bolsonaro e foi demitido ainda em 2019. Ao fazer seu anúncio, Santos Cruz escreveu o seguinte: " 

 

“As forças políticas de centro precisam mostrar capacidade de apresentar à sociedade brasileira pelo menos mais uma opção viável, equilibrada, para a próxima disputa presidencial. O Brasil não pode ficar com apenas duas candidaturas, extremamente polarizadas, que se alimentam mutuamente e que funcionam como cabos eleitorais recíprocos. O País precisa de mais opções. Não as apresentar é desconsideração com a nossa população.
 

A disputa polarizada tende a ser uma briga de xingamentos e acusações, sem os debates que a sociedade precisa sobre os programas de governo e propostas de solução para os problemas nacionais. Uma disputa entre dois candidatos que não apresentam o que o Brasil precisa: objetivos claros, transparentes, certeza de execução com os compromissos assumidos e esperança no futuro.
 

Os riscos de mais quatro anos com o ex-presidente ou com o atual presidente, ambos com seus grupos já conhecidos, são bastante evidentes: campanha de baixo nível, rasteira; investimento no fanatismo e na manipulação da opinião pública por meio de uma avalanche de fake news cada vez mais profissionalizada e ousada; promoção do "salvador da pátria"; falta de combate à corrupção; e fanatismo que pode desaguar em violência, pelo menos localizada.
 

O Brasil precisa ser líder de práticas democráticas, de seriedade e de responsabilidade política e não de liderança de populismo latino-americano e até mesmo mundial. A democracia precisa ser reforçada e aperfeiçoada com a união nacional e com o respeito às pessoas, às funções e às instituições. O País precisa ser unido e as divergências respeitadas para que possa enfrentar seus graves problemas. Para a solução dos problemas econômicos, da fome, da inflação, da redução da desigualdade social, do auxílio aos necessitados, é fundamental a total transparência e publicidade no orçamento e na aplicação dos recursos públicos, a integração dos órgãos de controle e a responsabilização. O populismo econômico, irresponsável, torna o futuro mais sombrio ainda.
 

Os conflitos entre poderes e os embates políticos precisam ter como resultado a apresentação de propostas de aperfeiçoamento institucional. Os conflitos sem resultados práticos positivos levam apenas à intoxicação social e à esquizofrenia política. O Brasil precisa resolver seus problemas, e isso não se faz em ambiente de conflito, de espetacularização, de show permanente. Isso rouba as energias da sociedade e capacidade produtiva de todos os brasileiros. Precisamos de harmonia, saúde, educação, segurança pública, Justiça, solidariedade etc.

 

Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário precisam responder aos anseios da população brasileira, tais como a responsabilização, a total transparência da administração pública e o combate à impunidade. No presidencialismo, o comportamento equilibrado do Executivo, sem populismo, é de influência marcante e fundamental para os aperfeiçoamentos necessários à prática política e à melhoria no funcionamento demais poderes e instituições.
 

A política não tem necessidade de ser obscura, regada a dinheiro público, e atender a privilégios e interesses pessoais. A classe política deve e pode se autovalorizar, para que seja vista de maneira mais positiva pela sociedade.
 

É por meio da política que os problemas são resolvidos. Para isso, a política precisa ser desvinculada ao máximo das benesses e dos vícios ligados aos recursos públicos, alguns deles escandalosos.
 

A eleição que se aproxima precisa significar uma oportunidade de possíveis mudanças, de maior seriedade nos compromissos assumidos pelos políticos e de exigências pela população. A eleição precisa significar esperança! Para isso, dois compromissos são fundamentais: o fim da reeleição para cargos executivos, que tantas falsas promessas, deformações de comportamento e prejuízos vêm causando ao Brasil; e o fim do foro privilegiado, para que todos sejam realmente iguais perante a lei e para romper laços que impedem a independência dos poderes, que é um dos princípios da democracia. Essas medidas são necessidades imediatas, independentemente das outras reformas e ações urgentes necessárias para reduzir a desigualdade social, melhorar a Educação, a Economia, a Saúde, a Justiça, a Segurança Pública etc.

 

O Brasil precisa sair da intoxicação ideológica e exigir compromisso e responsabilização legal às promessas não cumpridas em campanhas políticas. Precisa resolver seus problemas reais dentro dos princípios da democracia. As eleições estão aí para isso. Precisamos de novas caras na política e também de novas formas de exigir o cumprimento de promessas!
 

É hora de a classe política mostrar alternativas para a sociedade brasileira. Pelo menos uma! Todas as forças políticas de centro precisam se unir e apresentar mais opções para os eleitores. Opções essas que tragam esperança de novo comportamento político, de futuro, de desenvolvimento com união e paz social. O Brasil não pode seguir no caminho indicado pela polarização. Há necessidade URGENTE de sair da armadilha do radicalismo.” 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

CORREÇÃO DE ERROS NO WINDOWS 10 — PARTE III

A CIÊNCIA TRAZ AO HOMEM A INCERTEZA DE UMA CERTEZA.

Vimos que instabilidades, travamentos, telas azuis da morte e inicializações aleatórias que torravam a paciência dos usuários do Windows 3.X/ME se tornaram menos frequentes depois que a Microsoft lançou o WinXP baseado no kernel do Windows NT, e que o Win10 21H2 está para seus antecessores assim como um Ford Mustang Shelby GT500 está para um modelo T do início do século XX. Mas o fato de as aporrinhações não serem tão recorrentes não significa que tenham deixado de existir.

Antes do Win10, eu recomendava migrar para uma nova versão do sistema somente depois que ela recebesse o primeiro Service Pack. No entanto, a política de atualizações implementada em 2015 pôs fim aos Service Packs, já que novas versões do Win10 passaram a ser lançadas a cada seis meses. A questão é que todas as atualizações semestrais e diversos Patch Tuesday implementados desde o primeiro aniversário do Ten deram um bocado dor de cabeça a um sem-número de usuários.

ObservaçãoSe a Microsoft fabricasse carros — disse Bill Gates em algum momento dos anos 1990 —, eles custariam 25 dólares e rodariam 1.000 milhas com um galão de gasolina. A General Motors saiu em defesa das montadoras e, numa resposta bem-humorada (mas nem por isso menos verdadeira), afirmou que o motor dos "MS-Cars" morreria frequentemente, obrigando o motorista a descer do carro, trancar as portas, destrancá-las e tornar a dar a partida para poder seguir viagem, numa evidente analogia com os constantes travamentos do Windows.

Para piorar, a versão Home do Win10 tolheu dos usuários o controle sobre as atualizações. Considerando que os pioneiros são reconhecidos pela flecha espetada no peito, eu sugeria alterar o horário ativo do computador para contornar esse problema, mas uma caudalosa enxurrada de reclamações levou a Microsoft a repensar o assunto. 

Atualmente, as atualizações podem ser pausadas por até 35 dias — tempo mais que suficiente para que eventuais bugs seja identificados e corrigidos. Ainda assim, uma atualização de driver malsucedida ou a instalação de um aplicativo malcomportado pode comprometer a estabilidade do computador ou, em situações extremas, impedir o sistema de reiniciar. 

Se o Windows carrega, pode-se reiniciá-lo no modo de segurança para tentar recolocar o bonde nos trilhos. Essa modalidade de inicialização carrega apenas um conjunto limitado de arquivos e drivers indispensáveis ao funcionamento do computador. Assim, fica mais fácil descobrir se o problema tem a ver com o hardware e, caso negativo, reverter uma atualização do sistema ou de driver, ou mesmo desinstalar um programa que esteja comprometendo a estabilidade computador (volto a lembrar que vale também executar a restauração do sistema; se funcionar, ela evitará uma trabalhosa e demorada reinstalação do zero).

Já se o Windows não inicia, há, basicamente, duas possibilidades: 1) o sistema chega a exibir a tela de logon; 2), O boot empaca antes disso, dificultando, inclusive, o desligamento do computador. A partir da tela de logon é possível acessar as opções de desligamento (clicando no terceiro ícone, da esquerda para a direita, no canto inferior direito da tela) e escolher “desligar”.

Observação: Sugiro evitar a opção “reiniciar”, na qual o boot é refeito tão rapidamente que as memórias voláteis não são “esvaziadas”. O melhor a fazer, nesse caso, é deligar totalmente o computador, aguardar alguns minutos e então liga-lo novamente. Com alguma sorte, o Windows se recuperará automaticamente ou reabrirá no modo de segurança ou no ambiente de recuperação (WinRE).

Se o sistema empaca antes de exibir a tela de logon, não há como desligar ou reiniciar o computador via software. Nesse caso, a solução é manter o botão liga/desliga pressionado e até a máquina desligar, aguardar um ou dois minutos, cruzar os dedos e torne a ligar — com sorte, tudo voltará a ser como antes no Quartel de Abrantes.

ObservaçãoEvite desligar o computador interrompendo o fornecimento de energia elétrica, seja removendo o cabo de força da tomada, seja desligando o estabilizador de tensão. Ademais, isso não funciona nos notebooks, pois a bateria continuará fornecendo energia (a menos que você a remova do respectivo compartimento, mas isso já é outra conversa).

Se não for capaz iniciar normalmente, o Windows tenta fazê-lo no modo de segurança. Se não conseguir, ele exibe as opções avançadas de inicialização. Se nem isso acontecer, ou seja, se a máquina se fingir de morta, deve-se desligá-la e torne a ligar três vezes seguidas — na terceira tentativa, a tela das opções avançadas de inicialização é exibida, permitindo ao usuário decidir o que fazer a partir dali.

Continua...

domingo, 30 de janeiro de 2022

A ÚNICA VACINA

 

Eu considerava a reeleição de Dilma o maior estelionato eleitoral da nossa história recente (e não foi por falta de concorrentes de peso), mas Bolsonaro deixou a mulher anta no chinelo e, entre outras bandeiras de campanha que enfiou em local incerto e não sabido, merece especial destaque a de "acabar com a 'velha política' do toma-lá-dá-cá", que jamais passou de mera demagogia. Ninguém fica na Câmara durante 27 anos sem se dar conta de como a banda toca, ou por outra, de que ex-presidentes que tentaram peitar o Congresso — como Jânio, Collor e Dilma, por razões diferentes e não necessariamente republicanas — perderam seus mandatos.

Ao nomear Ciro Nogueira ministro-chefe da Casa Civil, Bolsonaro entregou ao Centrão as chaves do reino e do cofre. Segundo apurou o EstadãoR$ 25,1 bilhões em emendas parlamentares foram destinadas a deputados e senadores da chamada “base aliada”. O STF considerou irregular o uso político dos recursos Mas e daí? Desde sempre que o capitão cria factoides para manter acirrada sua base ideológica e desviar a atenção da mídia de um tema polêmico para outro. 

Em abril de 2020, durante uma manifestação subversiva defronte ao QG do Exército, Bolsonaro discursou: “Nós não vamos negociar nadaTemos de acabar com essa patifaria. Esses políticos têm de entender que estão submissos à vontade do povo brasileiroÉ o povo no poder”. Para não dizer que nada aconteceu, alguns oficiais tiraram selfies e sorriram para a multidão. O inquérito que está sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes avança a passos de bicho-preguiça, juntamente com outras cinco investigações — inclusive a que apura a “suposta” interferência do capitão na PF.

Em agosto de 2021, Bolsonaro convocou uma blindadociata para pressionar o Congresso a aprovar a PEC do voto impresso — que acabou sepultada. Em seu enésimo comício em Santa Catarina, o "mito" referiu-se ao presidente do TSE como "aquele filho da puta do Barroso" — o vídeo foi prontamente apagado do Facebook, mas a ação não foi rápida o bastante para impedir que a cena viralizasse nas redes sociais. Discursando a apoiadores no feriado de 7 de setembro, chamou Alexandre de Moraes de “canalha”. Mas seu destempero foi alvo de críticas, nada além disso. 

O réu que preside a Câmara e serve de cão-de-guarda a cento e tantos pedidos de impeachment latiu, mas não mordeu; o presidente do Congresso reagiu com a mineirice que lhe é peculiar; o presidente do STF foi mais incisivo, mas tudo voltou a ser como antes no quartel de Abrantes depois que o tiranete despirocado leu a patética missiva redigida a rogo pelo folclórico vampiro que tem medo de assombração.

Os números mostram como o Congresso ampliou seu controle sobre o Orçamento da União ao longo dos anos. O processo começou antes do atual governo, mas cresceu a olhos vistos sob Bolsonaro. Os R$ 25,1 bilhões efetivamente pagos em 2021 representam três quartos dos R$ 33,4 bilhões que foram empenhados (quando o dinheiro é reservado no Orçamento), índice acima de anos anteriores, segundo os dados do Portal do Orçamento do Senado. Para este ano — em que boa parte dos parlamentares disputará eleições — o valor previsto é ainda maior, de R$ 37 bilhões

Para não correr o risco de esse dinheiro ser represado, Bolsonaro assinou um decreto no último dia 13 tirando do Ministério da Economia e dando à Casa Civil a palavra final sobre a gestão orçamentária. Na prática, a liberação dos recursos ficará a cargo do ministro Ciro Nogueira, mandachuva do Progressistas e comandante do Centrão, que passará a decidir sobre Orçamento.

As emendas são indicações feitas por parlamentares de como o Executivo deve gastar parte do dinheiro do Orçamento. Elas incluem desde obras de infraestrutura, como a construção de uma ponte, até valores destinados a programas de saúde e educação. Como mostrou o Estadão, o dinheiro foi utilizado nos últimos anos também para comprar tratores com sobrepreço — o chamado “tratoraço” —, e integrantes do próprio governo admitem que há corrupção envolvendo a liberação desses recursos. 

A despeito de suas promessas de campanha, Bolsonaro usou e abusou da liberação de dinheiro quando precisou de apoio dos adeptos da baixa política. O caso mais emblemático se deu em novembro, quando da votação da PEC dos Precatórios, que abriu caminho para criar o Auxílio Brasil — programa populista que o presidente vai usar como bandeira eleitoral para tentar a reeleição. Na véspera, o governo destinou R$ 1,2 bilhão dos cofres públicos para atender aos interesses dos parlamentares alinhados com o governo. 

Pelo voto de cada parlamentar foram pagos até R$ 15 milhões, como admitiram pelo menos dois deputados ao jornal O Estado de S.Paulo. Além disso, o governo priorizou aliados até na hora de liberar as chamadas emendas individuais — aquelas previstas na Constituição e que garantem a mesma quantia para todos os congressistas. Parlamentares de partidos do Centrão como o PL, o Republicanos e o Progressistas receberam cerca de 70% dos valores destinados a eles; legendas de oposição mais críticas ficaram para trás — PCdoB, Novo e PSOL foram os que receberam menos recursos. 

Políticos da base aliada argumentam que usam as emendas para irrigar programas capitaneados pelos próprios ministérios, o que agiliza o pagamento. Foram eles que mais indicaram recursos pelas transferências conhecidas como “emenda cheque em branco” e “PIX orçamentário”, mediante as quais o dinheiro cai diretamente na conta das prefeituras, ou seja, sem passar pelos ministérios.

A Secretaria de Governo contestou as informações da reportagem do Estadão. Alegou que seus dados são obtidos a partir do Tesouro Gerencial — sistema mantido pelo governo. Mas as informações do Siga Brasil, utilizadas pelo jornal, provieram da mesma base de dados. Questionada, a pasta não forneceu as informações que o Executivo afirma dispor.

Há uma frase lapidar de Abraham Lincoln: “Dê poder a um homem e descobrirá o seu caráter”. Demos o poder a Bolsonaro para evitar que o país fosse governado por uma marionete de presidiário e descobrimos, para além de seu caráter, o péssimo temperamento que o move. O Brasil contabiliza mais de 620 mil óbitos por Covid, boa parte dos quais se deve à desídia e ao viés negacionista do presidente e da caterva que o assessora. Também é conhecida sua falta de empatia e de sensibilidade em relação às vítimas do vírus assassino (falo do biológico) e às pessoas que ficaram sem pais, irmãos, filhos, cônjuges e amigos. 

Em face do exposto, parece-me evidente que nenhum brasileiro que perdeu parentes ou amigos para a pandemia entregará seu voto à reeleição de Bolsonaro — conforme, aliás, dão conta as enquetes eleitoreiras. Com exceção dos apoiadores incorrigíveis do mandatário de fancaria, é preciso ser muito masoquista para desejar a continuidade desse funesto governo.

A pandemia vai acabar um dia. O Sars-CoV-2, a exemplo dos demais vírus, vai se adaptar ao ser humano, e este a ele. Mas a eleição de 2022 engendra 2023, e a Bolsonaro não queremos adaptação. Diante da inércia do Congresso e do STF, o sufrágio é a única vacina contra ele.