NO ANO 453 A.C., EM ALGUM DIA DO MÊS DE FEVEREIRO,
VERIFICOU-SE TERRÍVEL ENCONTRO ENTRE OS AGUERRIDOS EXÉRCITOS DA BEÓCIA E DE
CRETA. SEGUNDO RELATAM AS CRÔNICAS, VENCERAM OS CRETINOS, QUE ATÉ AGORA SE
ENCONTRAM NO GOVERNO.
A insegurança digital não se resume aos folclóricos “vírus
de computador”, que, aliás, não surgiram com a Internet, embora a
popularização da Rede Mundial de Computadores entre usuários domésticos tenha
contribuído sobremaneira para sua proliferação.
Os primeiros registros (teóricos) de códigos de
computador capazes de autorreplicar remontam
a meados do século passado, mas o nome vírus só foi
adotado nos anos 1980, depois que um pesquisador chamado Fred Cohen embasou
sua tese de doutorado nas semelhanças entre os vírus biológicos e os
digitais, tais como precisar de um hospedeiro, fazer cópias de si mesmos,
infectar outros sistemas/organismos etc. (mais detalhes na sequência Antivírus
- A História).
Observação: Vale salientar que um vírus, em si, não é necessariamente destrutivo, e que um programa destrutivo, em si, não é necessariamente um vírus, e que worms,
trojans, spywares, keyloggers, hijackers, ransomwares
e outros programinhas maliciosos que não se encaixam na definição de “vírus” continuam a ser chamados como tal, mesmo depois que se convencionou usar o
termo malware — acrônimo
de “malicious software”
— para referenciar as pragas em geral, inclusive os próprios vírus.
O que começou como uma brincadeira inocente tornou-se
um sério problema para usuários de PC, já que os criadores de vírus passaram a embutir
em seus códigos instruções para apagar dados, corromper arquivos importantes do
sistema, comprometer o funcionamento de aplicativos legítimos, sobrescrever as
informações gravadas nos discos rígidos e por aí afora.
O lado bom da história,
se é que se pode dizer assim, é que as pragas se limitavam a atuar no âmbito do
software — se o antivírus não impedisse a infeção (ação preventiva) nem
fosse capaz de dar cabo dela a posteriori (ação corretiva), bastava reformatar
o HDD e reinstalar o Windows para tudo voltar a ser como dantes
no Quartel de Abrantes.
Observação: A origem da frase portuguesa “tudo
como dantes no quartel d’Abrantes” remonta ao século XIX, quando Portugal
foi invadido pelo exército de Napoleão, liderado pelo general Jean
Junot. Em 1807, uma das primeiras cidades invadidas foi Abrantes, a
152 quilômetros de Lisboa. Lá, Junot instalou seu quartel-general e,
meses depois, se fez nomear duque d’Abrantes. Os franceses encontraram
Portugal acéfalo, já que D. João VI, a família real e seus puxa-sacos
haviam fugido para o Brasil. Durante a invasão, ninguém ousou se opor ao duque,
e a tranquilidade com que ele se mantinha no poder provocou o dito irônico. A
quem perguntasse como iam as coisas, a resposta era sempre a mesma: “Está
tudo como dantes no quartel d’Abrantes”.
Convém ter em mente que malwares não são pragas
divinas nem obras do demônio ou criações de entes sobrenaturais. Tecnicamente,
eles são programas outros quaisquer, mas instruídos a executar tarefas
maliciosas (no léxico da informática, o termo programa designa
um conjunto de instruções em linguagem de máquina — como C, C#,
C++, JavaScript, TypeScript, VB.Net etc. — que descrevem
uma tarefa a ser realizada pelo computador).
Continua.