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quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS... — PARTE III

A CIÊNCIA TRAZ AO HOMEM A INCERTEZA DE UMA CERTEZA.

A evolução do Windows ao longo do tempo vinha sendo tratada numa sequência cuja publicação eu interrompi dias atrás para focar outros assuntos (e que pretendo retomar em breve). Diante disso, podemos deixar de lado os entretantos e partir para os finalmentes, começando por lembrar que a encarnação atual do festejado sistema da Microsoft é o Win 10 20H2, que está para as jurássicas versões 3x como um Ford Bigode de 1920 para um Mustang Shelby GT500 de última geração. Todavia, por mais que tenha sido aprimorado nas últimas 3 décadas, o Windows ainda é um programa de computador e como tal está sujeito a bugs e que tais.

Mensagens de erro, telas azuis, travamentos e outras falhas exasperantes faziam parte do dia a dia dos usuários do Win 9x/ME. Com o lançamento do Win XP, baseado no kernel (núcleo) do Win NT, as aporrinhações se tornaram menos recorrentes, mas isso não significa que não ocorram também no Win 10. Vale lembrar que todos os upgrades semestrais (de conteúdo) que a Microsoft implementou no Ten desde 2016, quando o novo “sistema como serviço” soprou sua primeira velinha, atazanaram, em maior ou menor grau, a vida de um sem-número de usuários (detalhes nesta sequência).   

Observação: Se a Microsoft fabricasse carros, disse Bill Gates em algum momento dos anos 1990, eles custariam 25 dólares e rodariam 1.000 milhas com um galão de gasolina. A General Motors saiu em defesa das montadoras e, numa resposta bem humorada — e verdadeira —, afirmou que o motor dos "MS-Car" morreria frequentemente, obrigando o motorista a descer do carro, trancar as portas, destrancá-las e tornar a dar a partida para poder seguir viagem, numa evidente analogia com os constantes travamentos do Windows (vale a pena clicar aqui e ler a íntegra da resposta).

Voltando ao cerne desta abordagem, que é a solução de problemas no ambiente Windows, relembro que tudo é reversível no âmbito do software, e que não há nada como uma reinstalação do zero para o Windows voltar à velha forma. Por outro lado, essa solução “in extremis” é demorada e trabalhosa, não tanto pela reinstalação em si, mas pelas subsequentes atualizações, personalizações e reconfigurações que fazem tudo voltar a ser como antes no Quartel de Abrantes — noves fora, naturalmente, os problemas que levaram à reinstalação do sistema.

Por essas e outras, recomenda-se chutar o pau da barraca somente após de tentar (e não conseguir) resolver o imbróglio com medidas menos invasivas. Mas isso já é assunto para o próximo capítulo.     

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

BLISS E VAZAMENTO DO CÓDIGO DO XP

 

NUNCA ENCONTREI UMA PESSOA TÃO IGNORANTE QUE NÃO PUDESSE TER APRENDIDO ALGO COM A PRÓPRIA IGNORÂNCIA.

Desenvolvido a partir do kernel do WinNT 5.1, o Windows EXPerience foi lançado em 25 de outubro de 2001 com pompa e circunstância dignas do nascimento de um príncipe. 

Livre das amarras impostas pelas encarnações 9X/ME, a nova versão implementou uma política de contas e senhas de acesso mais aprimorada — na tela de logon do WinME, por exemplo, bastava pressionar Esc para burlar a exigência de nome de usuário e senha. 

Ainda assim o XP foi alvo de críticas, devido a problemas de segurança que só foram corrigidos após a liberação de dois Service Packs (“pacotes” que englobavam todas as atualizações/correções disponibilizadas desde o lançamento de uma determinada edição do Windows ou do Service Pack anterior, conforme o ponto do ciclo de vida em que o software se encontrava naquela ocasião) dos três que a Microsoft lançou ao longo dos quase 13 anos de vida útil do programa, mais exatamente em 2002, 2004 e 2008.   

O XP conseguiu “aposentar” o festejado Win98 SE — missão que o WinME, lançado no final de 2000 a toque de caixa, para aproveitar o apelo mercadológico do novo milênio que se iniciava, não conseguiu cumprir. E se tornou a versão mais longeva da história do Windows, sendo até hoje utilizada em 0,82% dos PC em todo o mundo — contra 0,41% do Vista, que chegou ao mercado bem depois, em janeiro de 2007. Quanto às demais versões, a atual (Win10) abocanha 73,76% das máquinas, e o Win7 ainda opera 19.44% delas (bem mais que os 4,47% do Win8.1 e do 1,07% do Win8, que continuam sendo suportados pela Microsoft).

Seu inesquecível papel de parede (vide figura que ilustra esta postagem) sempre me pareceu ter sido inspirado no cenário do programa infantil Teletubbies, que foi produzido pela BBC e apresentado entre 1997 e 2002. Mas na verdade ela se chama Bliss (felicidade), e foi baseada numa foto tirada por Charles O’Rear em janeiro de 1996, na região de Napa Valley (ao norte de San Francisco, no estado americano da Califórnia).

O’Rear passava por aquele local todas as sextas-feiras, a caminho da casa da namorada, mas naquele dia em particular o contraste do verde do gramado com o azul do céu claro e quase sem nuvens lhe chamou a atenção. Ele conta que a Microsoft viu em sua foto a imagem de paz e tranquilidade que buscava para o plano de fundo padrão da nova versão do Windows, e que, depois de acertarem o preço, ele foi pessoalmente até Redmond, a expensas da empresa, levar a foto e formalizar a cessão dos direitos autorais.

O valor envolvido na transação jamais veio a público, mas estima-se que só perdeu para o da foto de Bill Clinton com Monica Lewinsky — a estagiária dos lábios de veludo que não soube manter a boca fechada e contou sobre o boquete, com riqueza de detalhes sórdidos, a uma amiga... e a amiga gravou a conversa...  e... bem, digamos que a história correu o mundo e quase custou a Bill Clinton o cargo e o casamento.

De acordo com o Olhar Digital, o vazamento do código-fonte do XP, no último dia 25, revelou um tema secreto que parece “pegar emprestada” parte da identidade visual dos Macintosh da época. Segundo o site The Verge, o tema, chamado de Candy (doce), teria sido utilizado somente nas etapas iniciais do desenvolvimento do XP, e está incompleto. No entanto,  tudo indica que alguns elementos foram, sim, inspirados no Mac OS — com destaque para os botões do sistema, que adotam o formato de pílula translúcida tridimensional da interface "Aqua", revelada pela Apple em 2000.

O fato de o código vazado dizer que o tema “era apenas para uso interno” sugere que a Microsoft utilizou os elementos inspirados no Mac OS apenas temporariamente, enquanto desenvolvia seu tema próprio para o XP, que mais adiante se tornou icônico, com uso acentuado de tons verdes e azuis, e ficou conhecido como "Luna".

O caso chama a atenção devido à rivalidade entre a Apple e a Microsoft na virada do século, que levou à campanha publicitária "Mac vs PC", na qual a marca da maçã buscava passar a imagem de alternativa jovem, moderna e segura, enquanto a do produto da rival encarnava o "atraso" (notadamente do Windows Vista, então a bola da vez, que foi um estrondoso fiasco de crítica e de público).

terça-feira, 15 de setembro de 2020

A MICROSOFT E O WINDOWS DEFENDER COMPULSÓRIO

A VERDADE NÃO RESULTA DO NÚMERO DOS QUE NELA CREEM.

Muita gente confunde a trajetória da Microsoft com a do Windows, talvez pelo fato de a empresa ter criado o programa que se tornou o sistema operacional mais bem sucedido da história da informática e se transformado na “Gigante do Software”, guindando seus fundadores a posições de destaque na lista dos bilionários da Forbes

Por outro lado:

1) Bill Gates e Paul Allen fundaram a Microsoft para desenvolver e comercializar interpretadores BASIC para o Altair 8800;

2) O MS-DOS foi o primeiro sistema operacional da Microsoft, mas não foi escrito por ela. 

Observação: No início dos anos 1980, motivada pelo sucesso da Apple, a IBM decidiu disputar um lugar ao sol no mercado de computadores pessoais, e encomendou à Bill Gates o desenvolvimento de um sistema compatível com seu IBM-PC. Como até então a Microsoft jamais havia desenvolvido um programa de tal envergadura, Mr. Gates comprou de Tim Peterson os direitos do QDOS, adaptou o software ao hardware da IBM, rebatizou-o de MS-DOS e o licenciou para a Gigante dos Computadores (detalhes nesta sequência).

3) o Windows foi lançado em 1985 como uma interface gráfica baseada no MS-DOS, e só ganhou popularidade a partir da versão 3.0, de 1990. A versão 3.1 (1992) trouxe diversos aprimoramentos, e uma atualização levou ao Win 3.11 for Workgroups (1993), que já oferecia suporte nativo a redes ponto a ponto (sem um servidor central). Mas foi somente com a chegada do Windows 95 — já então um sistema operacional autônomo — que a Microsoft consolidou sua liderança no mercado.

Observação: Vale lembrar que o DOS continuou atuando nos bastidores até o cordão umbilical ser cortado, em 2001, com a chegada do Windows XP, que foi desenvolvido a partir do kernel do Win NT. 

4) Não é verdade que Mr. Gates “aliciou” Tim Paterson; foi o programador que procurou Paul Allen em busca de um emprego. Após trabalhar na Microsoft por quase 30 anos, Paterson fundou sua própria companhia — a Paterson Technology — e se tornou piloto de competição e protagonista de um seriado de TV.

5) Foi a Xerox, e não foi a Microsoft, que criou a primeira interface gráfica — baseada em janelas, caixas de seleção, ícones clicáveis, fontes e suporte ao uso do mouse. 

6) Foi a Apple — startup fundada por Steve Jobs e Steve Wozniak em 1976 — a pioneira no uso comercial da "nova tecnologia". Ao desenvolver o Lisa, em 1978, a empresa da Maçã utilizou uma interface baseada em ícones, na qual cada um deles indicava um documento ou uma aplicação, além de um menu “desdobrável” (pull-down), que reunia todos os demais menus nas primeiras linhas da tela.

7) Embora continue sendo o sistema operacional mais popular do planeta, o Windows deixou de ser a principal fonte de renda da empresa de Redmond. De acordo com o balanço referente ao segundo trimestre do ano fiscal de 2020, a receita de US$ 36,9 bilhões e o lucro de US$ 11,6 bilhões obtidos pela Microsoft deveram-se principalmente ao Microsoft Azure e ao Office 365 (ou Microsoft 365, como a suíte de escritório foi rebatizada há alguns anos).

Continua...

terça-feira, 8 de setembro de 2020

MODO DE SEGURANÇA NO WINDOWS 10 VIA TECLA F8

SE ELES ARTICULARAM, FOI GOLPE, SE NÓS, FOI MEDIDA SANEADORA.

O Win 98 foi considerado o “melhor Windows de todos os tempos” (no seu tempo, naturalmente). O XP foi o mais longevo, e o Seven, o que mais deixou saudades. As edições ME, Vista e 8/8.1, retumbantes fiascos de crítica e de público, dispensam comentários.

O Win10 — a primeira encarnação do sistema a ser comercializada como serviço — é “o que temos para hoje”, como se costuma dizer. E “hoje” é que é o dia do presente, a ser vivido plenamente e vivenciado intensamente. O ontem não volta mais, e o amanhã, quando e se chegar, já será “hoje”.

A versão lançada 1995, considerada o “pulo do gato” da Microsoft, foi um divisor de águas na história do Windows, que a partir de então deixou de ser uma simples interface gráfica que rodava no MS-DOS e passou à condição de sistema operacional autônomo. Ou quase, porque o DOS continuou atuando nos bastidores nas versões seguintes, até que o XP — desenvolvido a partir do kernel (núcleo) do WinNT e lançado em outubro de 2001 — cortou o cordão umbilical, embora a Microsoft continue incluindo um interpretador de linha de comando no leque de componentes nativos do sistema (dois, melhor dizendo, porque o PowerShell foi introduzido no Win8 e mantido no Win10, a despeito de o Prompt de comando continuar presente).

Observação: A exemplo da Eva, que nasceu de uma costela do Adão (Gênesis 2:21,22 ), o MS-DOS nasceu o QDOS, que a Microsoft comprou de Tim Paterson, da Seattle Computer Products, adaptou ao hardware do IBM-PC e licenciou para a Gigante do Computadores. O termo DOS é o acrônimo de Disk Operating Disk e integra o nome de diversos sistemas (Free DOSPTS-DOSDR-DOS etc.), dos quais o mais emblemático é o MS-DOS (o “MS” vem de Microsoft). O principal problema do DOS — para além da dificuldade inerente à memorização de seus intrincados comandos — era o limitado sistema de arquivos de 16-bit e o fato de ser monotarefa; ainda que o Windows de valesse de alguns artifícios para burlar essa limitação, era impossível, por exemplo, usar a calculadora enquanto um documento de texto estivesse sendo impresso. Mesmo assim, ele teve seis versões e outras tantas atualizações até deixar de ser oferecido na modalidade stand-alone.

O Win95 veio recheado de inovações, como o Menu Iniciar, a Barra de Tarefas e o suporte a tecnologias como UDMA, Plug'n'Play, USB, ao sistema de arquivos FAT-32 e ao multitarefa, além do navegador Internet Explorer e do Modo de Segurança (alguns aprimoramentos foram introduzidos na versão OSR 2 e mediante o pacote de complementos Windows 95 Plus!).

Feita essa breve contextualização, passo a tratar do Modo de Segurança no ambiente Windows, que é o mote desta postagem — faço a ressalva porque esse recurso está presente na maioria dos sistemas operacionais (caso do Android e do iOS, por exemplo) e até em alguns aplicativos (como o navegador de Internet Firefox, também por exemplo).

No Modo de Segurança, somente arquivos, drivers e serviços essenciais ao funcionamento do computador são carregados, e a resolução gráfica em VGA possibilita a exibição das imagens em qualquer monitor (portanto, não estranhe a aparência dos ícones e demais elementos exibidos na tela). Isso é particularmente útil quando precisamos pesquisar a origem de um problema de software (como um aplicativo ou driver mal comportado) ou desfazer uma atualização/atualização que esteja impedindo o computador de reiniciar, embora sirva também para realizar configurações avançadas e outras tarefas que precisam ter acesso a arquivos que o sistema bloqueia quando é carregado normalmente.

Se o dispositivo funcionar no modo seguro, o problema não está nas configurações-padrão do sistema. Todavia, identificar o culpado pelo método da tentativa e erro pode ser demorado e trabalhoso, além de exigir alguma expertise. Para encontrar o vilão da história, será necessário desinstalar um aplicativo — ou reverter uma atualização —, reiniciar o computador normalmente e observar como ele se comporta. Caso o problema se repita, será preciso repetir o procedimento com o próximo suspeito, e assim por diante.

É bem mais fácil e rápido executar a restauração do sistema, que pode ser acessada no modo seguro. Com alguma sorte, o Windows “voltará no tempo” até um ponto criado quando tudo funcionava direitinho, e o problema estará resolvido.

Continua...

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

SOBRE O MENU INICIAR E O PAINEL DE CONTROLE NO WINDOWS 10

NUNCA ATRIBUA A MÁS INTENÇÕES O QUE É DEVIDAMENTE EXPLICADO PELA BURRICE.

O Menu Iniciar e do Painel de Controle estão para o ambiente Windows como móveis e utensílios para o ativo fixo de uma empresa.

O sistema operacional mais bem sucedido da história “nasceu” em 1985, dez anos depois que Bill Gates e Paul Allen fundaram a Microsoft, e recebeu o nome (provisório) de Interface ManagerWindows significa “janelas” e, por ser um termo de uso corrente no idioma do Tio Sam, a Microsoft teve algum trabalho para registrá-lo como marca.

Mais 10 anos se passaram até a interface gráfica baseada no  MS-DOS ser promovida a sistema operacional autônomo — ou “quase”, já que o DOS continuou presente, ainda que atuando nos bastidores, até 2001, quando o lançamento do Windows XP, desenvolvido a partir do kernel do Win NT, cortou o cordão umbilical. Outras duas décadas se passaram até o Windows ser convertido a serviço, e nesse entretempo a Microsoft alcançou sucessos retumbantes (com as versões 98SE, XP e Seven) e amargou fiascos acachapantes (com as versões ME, Vista e Eight). Mas o Menu Iniciar e o Painel de Controle resistiram bravamente às intempéries. Ou quase.

Ao lançar o malsinado Windows 8, em outubro de 2012, a Microsoft apostou suas fichas na famigerada interface Metro, que privilegiava aparelhos com telas sensíveis ao toque, em detrimento dos modelos operados via mouse e teclado. Além disso, o sumiço do Menu Iniciar na versão definitiva e a supressão da chave de Registro que permitia ressuscitá-lo na versão de testes, o desaparecimento do botão Desligar e a confusa tela inicial do Eight — que ficava ainda mais poluída porque não havia como agrupar os blocos dinâmicos em pastas —, produziram uma enxurrada de reclamações. 

A Microsoft demorou a se dar por achada e só resolveu parte dos problemas um ano depois, com a atualização do sistema para a versão 8.1. A essa altura, porém, muitos usuários já haviam feito o downgrade para o Windows 7 ou recorrido a ferramentas de terceiros para emular o menu clássico no 8. E assim (não só por isso, mas também por isso), o que poderia ter sido um sucesso tornou-se mais um fiasco de público e de crítica — como foram o Vista e Millennium Edition.  

Continua...

segunda-feira, 27 de julho de 2020

ATUALIZAÇÕES DO WINDOWS 10, UMA PITADA DE HISTÓRIA E OUTRA DE CULTURA INÚTIL — CAPÍTULO QUATRO

NA POLÍTICA, O QUE ERA HORROROSO VEM FICANDO APAVORANTE.

Antes de prosseguir do ponto onde interrompemos nossa conversa no capítulo anterior, faço uma rápida contextualização: depois que romperam a parceria (detalhes no post do dia 23), a IBM e a Microsoft continuaram buscando maneiras de contornar as limitações do DOS. A Gigante dos Computadores apostou na arquitetura fechada e no sistema proprietário PS/2, mas os demais fabricantes de PC seguiram o exemplo da Compaq e optaram pela arquitetura aberta, o que foi sopa no mel para a Microsoft, dona dos direitos de licenciamento do MS-DOS.  

O sucesso do Win 3.1 abriu caminho para a “empresa de garagem” de Gates e Allen se tornar a Gigante do Software, o que se confirmou com o lançamento do Win 95, que foi considerado “o pulo do gato” da Microsoft. Isso porque foi nessa versão que o que até então era uma interface gráfica passou a ser um sistema operacional quase autônomo. Quase, pois, como vimos, o cordão umbilical com o DOS só seria cortado no Win XP, baseado no kernel do Windows NT (que seria lançado no final de 2001, depois do estrondoso fiasco do Windows Millennium Edition). Na sequência, o Win 98 desancou de vez o OS/2 WARP da IBM, e assim a Microsoft foi construindo, milhão a milhão, o patrimônio multibilionário de seus fundadores.

O MS-DOS teve seis versões recebeu outras tantas atualizações até finalmente deixar de ser comercializado na modalidade “stand alone”, mas o Windows continuou a integrar um interpretador de linha de comando nativo. O command.com, presente nas versões 3.x e 9x/ME, foi substituído pelo cmd.exe (padrão do Windows NT) na versão XP e posteriores, e a partir do Win 8.1 PowerShell se tornou o interpretador padrão do sistema, embora a Microsoft não tenha suprimido o velho prompt — numa analogia primária, mas adequada aos propósitos desta abordagem, pode-se dizer que o PowerShell está para o Prompt de Comando assim como o MS-Word para o Bloco de Notas.

Recorrer a comandos de prompt, atualmente, só mesmo em situações excepcionais, como em tarefas de manutenção que não podem ser executadas com o Windows carregado, já que, graças à interface gráfica (sobre a qual já dedicamos alguns parágrafos ao longo desta sequência), quase ninguém hoje em dia sabe que existe ou para que serve um interpretador de linha de comando.

A GUI (sigla de Interface Gráfica do Usuário) foi idealizada muito antes da tecnologia que lhe agregaria utilidade prática. Inspirado pelo trabalho de um visionário chamado Vannevar Bush, o engenheiro Douglas Engelbart vislumbrou a possibilidade de usar computadores com informações dispostas em uma tela — na qual o usuário poderia se organizar de maneira gráfica e “pular” de uma informação para outra — para “ampliar” o intelecto humano.

Observação: Note que isso se deu no início dos anos 1960, quando até mesmo interfaces em modo texto, com comandos sendo executados em tempo real, eram consideradas “coisas de outro mundo”, pois os mainframes da época eram operados com cartões perfurados — como os da loteria esportiva dos anos 1970 (dos quais a maioria dos leitores não deve estar lembrada, e isso se os conheceu —, que demoravam horas para entregar o resultado do processamento.

Continua no próximo capítulo.

sexta-feira, 24 de julho de 2020

ATUALIZAÇÕES DO WINDOWS 10, UMA PITADA DE HISTÓRIA E OUTRA DE CULTURA INÚTIL — 3ª PARTE

A MILITÂNCIA BOLSONARISTA É COMO A TORCIDA CUJO TIME GANHA COM UM PÊNALTI INEXISTENTE, MAS CONTINUA DEFENDENDO SUAS CORES.

No alvorecer da computação pessoal as máquinas não tinham disco rígido nem sistema operacional. Tampouco havia interface gráfica ou mouse. Operar os PCs de então exigia conhecimentos de programação, expertise e boa memória para decorar centenas de comandos de prompt e digitá-los corretamente, pois qualquer letra, cifra, espaço ou caractere a mais ou faltando resultava em mensagens de erro.

A GUI — sigla de Graphical User Interface, ou interface gráfica do usuário —, desenvolvida pela Xerox nos longínquos anos 1970 e popularizada pela Apple na década seguinte, pôs ordem no caos ao permitir a interação com a máquina através de um dispositivo apontador (mouse), combinado com elementos gráficos e outros indicadores visuais (janelas, menus, ícones, caixas de seleção etc.). 

Windows, que nasceu em 1985 como uma interface gráfica que rodava no MS-DOS, só se popularizou a partir da edição 3.0, lançada em 1990, que podia ser usada por qualquer pessoa, mesmo que não tivesse conhecimentos de programação.

ObservaçãoA interface gráfica se baseia numa combinação de tecnologias e dispositivos para fornecer a plataforma a partir da qual o usuário interage com o sistema. Nos PCs, a combinação mais conhecida é o WIMP, baseada em janelas, ícones, menus e ponteiros, onde o mouse é utilizado para movimentar o cursor pela tela e efetuar os comandos através de seleções e “cliques”.

Como nos ensinou o oncologista Nelson Teich na coletiva que concedeu à imprensa por ocasião de sua demissão do ministério da Saúde, “a vida é feita de escolhas”. E a Xerox, pioneira no desenvolvimento de interfaces gráficas, não explorou devidamente a inovação que desenvolveu porque não escolheu não fabricar computadores de pequeno porte. Assim, a companhia cujo nome se tornou sinônimo de cópia reprográfica no Brasil vale, hoje, uma fração do que valia nas décadas de 80/90, embora tenha desenvolvido e fabricado computadores e impressoras a laser, criado a Ethernet, o peer-to-peer, o desktop, o mouse e por aí afora.

Steve Jobs
, pioneiro no uso da interface gráfica em seus microcomputadores, só desenvolveu sua versão depois de "fazer uma visita" à Xerox, no Vale do Silício. E ele não foi o único a “copiar” uma tecnologia da empresa com o intuito de lucrar, mas isso é outra história e fica para uma outra vez. Aliás, quando Microsoft lançou o Windows, a Apple já estava anos-luz à sua frente.

Observação: Jobs não conheceu Teich e, portanto, não aprendeu a lição que o ministro ministrou em seu discurso de adeus. Por apostar na arquitetura fechada e no software proprietário, a Apple, a despeito da excelência de seus produtos (e dos preços estratosféricos, sobretudo no Brasil), sempre vendeu menos computadores do que a concorrência. Seu sistema macOS alcança 17,7% dos computadores pessoais (no âmbito mundial), enquanto a quota-parte que toca ao Windows é de 77,6%. Aliás, o mesmo quadro se delineia com os ultraportáteis: enquanto sistema móvel Android (do Google) alcança 74,14% dos usuários de smartphones, o iOS mal passa dos 25%.

Como vimos anteriormente, até a versão 95 do WindowsMS-DOS era o sistema operacional propriamente dito, e uma de seus maiores inconvenientes era ser monotarefa. Ainda que a interface se valesse de alguns artifícios para burlar essa limitação do sistema, era impossível, por exemplo, mandar um documento de texto para a impressora e usar a calculadora enquanto a impressão não terminasse. 

Mas não há bem que sempre dure nem mal que nunca termine, e o DOS foi perdendo o protagonismo com o passar do tempo. Depois de seis versões e outras tantas atualizações, o sistema deixou de ser oferecido na modalidade stand alone, embora continuasse atuando nos bastidores do Windows 9.x/ME, até que, com o lançamento do Windows XP, baseado na plataforma e no kernel do Win NT, esse cordão umbilical fosse finalmente cortado.

Embora seja bem mais fácil, rápido e cômodo operar o computador através da interface gráfica, usando o mouse para selecionar e clicar ícones, botões, menus e caixas de diálogo, as versões mais recentes do Windows, a atual inclusive, ainda contam com um interpretador de linha de comando, até porque determinadas tarefas requerem acesso diferenciado aos recursos do computador (como é o caso de diagnósticos de rede, manutenções avançadas do sistema e por aí vai) e não podem ser executadas através da interface gráfica. Aliás, a partir do Windows 8/8.1 a Microsoft passou a oferecer dois interpretadores de linha de comando: o prompt de comando tradicional e o Windows Power Shell.

Para acessar o DOS nas edições 9.x do Windows, bastava pressionar o botão Desligar e selecionar a opção Reiniciar o computador em modo MS-DOS (ou equivalente). A partir da edição XP, o que passou a ser exibido em vez do DOS propriamente dito foi um prompt de comando capaz de emular as funcionalidades do velho sistema. Um dos caminhos para acessá-lo é clicar em Iniciar > Todos os Programas > Acessórios > Prompt de Comando ou simplesmente teclar WIN+R e digitar cmd na caixa de diálogo do menu Executar

Note que nem todos os comandos usados com o jurássico command.com (interpretador padrão do Windows 3.x/9x ME) funcionam com o cmd.exe (seu equivalente no XP/Vista/7) ou com o "novo" PowerShell (substituto do prompt tradicional no Windows 8.1 e 10). E recíproca é verdadeira.

Continua...

quarta-feira, 22 de julho de 2020

PRÓXIMAS ATUALIZAÇÕES DO WINDOWS 10, UMA PITADA DE HISTÓRIA E OUTRA DE CULTURA INÚTIL

O BRASIL PRECISA MENOS DE INSULTOS E MAIS DE SOLUÇÕES.

Vimos que o Windows 10 Iron (ou versão 21H1, que parece nome de vírus de gripe) deve ser lançado no primeiro semestre de 2021 e promete vir recheado de novidades. 

O cronograma de atualizações da Microsoft prevê o lançamento de um update de recursos ainda este ano (lá pelo final de setembro ou começo de outubro), mas, até onde se sabe, ele se limitará a corrigir bugs e fazer outros ajustes internos, ou seja, não deve introduzir mudanças daquelas que saltam aos olhos dos usuários. 

Essa alternância já foi observada nas duas últimas atualizações semestrais: a versão 1909, liberada há pouco mais de um mês, trouxe uma porção de inovações, ao passo que a anterior, 1903 estava mais para um service pack de antigamente do que para um update de recursos como manda o figurino.

Observação: Ao disponibilizar o Win 10 como serviço, em junho de 2015, a Microsoft modificou significativamente sua política de atualizações: foram-se os tradicionais service packs e vieram os updates semestrais de conteúdo — o primeiro foi lançado em julho de 2016, quando o Win 10 completou um ano, e não à toa foi chamado de Anniversary Update). De se ressaltar que as atualizações de qualidade — correções de segurança e confiabilidade — foram mantidas e sua periodicidade mensal, preservada (toda segunda terça-feira de cada mês, daí elas serem conhecidas como Patch Tuesday).

Mudando de um ponto a outro, no dia 4 abril de 1975 dois jovens amigos, ambos fanáticos por tecnologia, fundaram uma empresa “de garagem” para desenvolver e comercializar interpretadores BASIC voltados ao Altair 8800 (que é tido e havido como o precursor dos computadores pessoais). 

Por interpretadores, entendem-se programas de computador que leem um código fonte a partir de uma linguagem de programação interpretada e o converte num código executável; por programa, um conjunto de instruções em linguagem de máquina que descrevem uma tarefa a ser realizada pelo computador; por instrução, uma operação única executada por um processador, que pode ser qualquer representação de um elemento num programa executável, tal como um bytecode (formato de código intermediário entre o código fonte, o texto que o programador consegue manipular e o código de máquina que o computador consegue executar); por conjunto de instruções, a representação em mnemônicos do código de máquina que facilita o acesso ao componente. 

Observação: A grande vantagem do bytecode está na combinação da portabilidade — o bytecode irá produzir o mesmo resultado em qualquer arquitetura — com a prescindibilidade do pré-processamento típico dos compiladores. Em outras palavras, ele pode ser definido como um produto final, que dispensa a validação da sintaxe (conjunto de regras que definem as sequências corretas dos elementos de uma linguagem de programação)e dos tipos de dados (entre outras funções dos compiladores).

Se a ficha ainda não caiu, os jovens que mencionei no primeiro parágrafo não são mais tão jovens assim. Willian Henry Gates III está com 64 anos e Paul Gardner Allen estaria com 67 se não tivesse morrido em 2018. A empresa que eles fundaram é a Microsoft — cujo nome advém da combinação de microcomputador e software — e o Altair 8800, uma geringonça baseada na CPU Intel 8080, vendida na forma de kit (a montagem ficava por conta de quem o comparasse) por intermédio da revista norte-americana Popular Electronics

A primeira versão dessa engenhoca não passava de uma caixa de metal repleta de luzes vermelhas, operada por chaves, e que não tinha qualquer utilidade prática, mas era fácil de montar... e as pessoas compravam porque achavam legal montar um computador (tanto assim que as vendas superaram em 10 vezes as expectativa mais otimistas de seu idealizador).

Dez anos depois de fundarem a Microsoft, Gates e Allen criaram uma interface gráfica que rodava no MS-DOS. A essa altura, os computadores pessoais já haviam evoluído um bocado, mas, salvo raríssimas exceções, não dispunham de uma interface gráfica, e operá-los exigia conhecimentos avançados de programação, além da memorização de centenas de intrincados “comandos de prompt”, baseados em texto e parâmetros. 

prompt — ponto de entrada para a digitação de comandos do DOS e outros comandos internos do computador — é geralmente representado pela letra correspondente à partição do sistema, seguida de dois pontos, uma barra invertida e o sinal de “maior que” (C:>), embora outros elementos sejam adicionados conforme se navega pelos diretórios, pastas e arquivos. Os comandos precisam ser inseridos cuidadosamente, pois um espaço a mais ou a menos, um caractere faltando ou sobrando ou qualquer erro de digitação resulta na exibição de uma mensagem de erro.

Antes de deixarmos no passado o que ao passado pertence, é bom lembrar que o DOS — ou MS-DOS, como a Microsoft batizou sua versão desse vetusto "sistema operacional baseado em disco" — foi o SO propriamente dito até  o Windows 95, que se pretendia um sistema operacional autônomo. Na verdade, ele quase chegou lá, porque o DOS continuou atuando nos bastidores e sobreviveu à virada do século. O cordão umbilical só foi cortado em outubro de 2001, com o lançamento do XP, cujo estrondoso sucesso fez dele a versão mais longeva de toda a história do Windows (seu suporte estendido foi encerrado somente em 2014).

Observação: O nome "XP" deriva de eXPerience. Foi o primeiro sistema operacional produzido pela Microsoft com vistas ao usuário final construído a partir da arquitetura e do kernel (núcleo) do Windows NT 5.1, e por isso foi considerado sucessor tanto do Windows 2000, voltado ao mercado empresarial, quando do malfadado Windows ME, focado no usuário doméstico.

Por hoje está de bom tamanho. O resto fica para os próximos capítulos.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

WINDOWS 10 — NOVIDADES NO MENU INICIAR COM O FLUENT DESIGN


NADA DO QUE BOLSONARO DIZ PODE SER ANALISADO PELO VIÉS DA LÓGICA.
Para não cansar o leitor rememorando a história do Windows desde sua criação em 1985, quando ele era uma simples interface gráfica que rodava no MS-DOS, relembro somente que o menu Iniciar surgiu pela primeira vez no Win 95, que já era um sistema operacional (quase) autônomo. Até então, o que havia era um prosaico Gerenciador de Programas que organizava os aplicativos em grupos (clique aqui para ver como ele era), mas aí alguém teve a feliz ideia de criar um pequeno botão no canto inferior esquerdo da tela (que hoje corresponde a extremidade esquerda da Barra de Tarefas) e batizá-lo de “Iniciar” (ou “Start”, na versão em inglês). 
Mediante um clique do mouse no botão Iniciar, abria-se uma janela a partir da qual era possível localizar aplicativos, documentos e outros elementos sem ter de vasculhar pastas e mais pastas pelo explorador de arquivos. Diferentemente do vetusto Gerenciador de Programa, o esse podia armazenar pastas dentro de pastas (ou seja, criar subgrupos, ou subpastas), além de dar acesso a algumas configurações do sistema (um mecanismo de buscas rudimentar, atalhos para a execução de comandos, e por aí afora). 
O sucesso foi ainda maior com a versão repaginada e aprimorada que a Microsoft implementou no Win 98 — dentre outras novidades, o novo menu já permitia realocar os programas acessados mais frequentemente na porção superior da janela, acima da seção “Programas”. No Windows Millennium Edition — lançado a toque de caixa para aproveitar o apelo mercadológico da virada do século (e do milênio), mas que foi um fiasco de crítica e de público — o menu em questão não apresentou modificações significativas, mas no XP, baseado no kernel (núcleo) do Windows NT e lançado em outubro de 2001, tanto ele quanto a interface do sistema foram totalmente redesenhados (relembre nesta imagem). Essa nova versão tornou possível afixar aplicações em regiões de acesso rápido do menu Iniciar, bem como ajustar o tamanho da lista, dividi-la em duas colunas e fazer outras personalizações.
O Windows Vista foi outro fiasco de crítica e de público (o que contribuiu para o XP se tornar a edição mais longeva do sistema da Microsoft, que lhe ofereceu suporte até 2014), mas o Win 7 tornou a virar o jogo. Nessa edição, Iniciar ganhou transparências e cores que combinavam com as da interface do sistema, além de uma barra de buscas que substituiu (com vantagens) o recurso “Pesquisar”.
Como não há mal que sempre dure nem bem que nunca termine, o Win 8, lançado em outubro de 2012, foi outro fiasco — em parte devido ao sumiço do tradicional menu, com a implementação da famigerada “interface Metro”, que foi pensada para aparelhos touch screen (com tela sensível ao toque). Isso causou uma chiadeira monumental, sobretudo porque na versão definitiva a Microsoft deu sumiço a uma chave do registro que tinha o condão de ressuscitar o Menu Iniciar Clássico nas versões de teste. 
Mas não foi só: como não podiam ser agrupados em pastas, as Live Tiles poluíam a já confusa Tela Inicial do Windows 8 — irritando ainda mais os usuários, que eram obrigados a rolar a tela em busca do programa desejado. Recursos básicos, como o botão para desligar o computador, também foram limados, aumentando ainda mais o coro de insatisfação. 
A Microsoft ensaiou uma meia-volta na versão 8.1, mas foi uma solução meia-boca e nada satisfatória. Muitos usuários fizeram o downgrade para o Seven ou recorreram a ferramentas de terceiros (que surgiram aos montes) para emular o menu clássico no Win 8.1. Mas o que era para ser um sucesso de vendas (como o XP e o Seven) virou um mico (como o Vista e o ME antes dele).
O Eight fez tanto sucesso quanto cigarro em terra de sapo, porém o fiasco serviu para forçar a Microsoft a rever seus conceitos ao desenvolver o Windows 10, que trouxe uma versão inovadora do Menu Iniciar — uma espécie de “mistura” do modelo usado no Win 7 com o simulacro implementado no 8.1 do sistema. E não é que funcionou?
Mas há novidades no horizonte. Em novembro, a Microsoft apresentou novos logos para o pacote Office, aos quais juntou recentemente mais de 100 ícones totalmente repaginados, com um visual mais moderno, arrojado e pronto para ser inserido em ambientes tridimensionais. O projeto, batizado de Fluent Design, agrega volume aos objetos, com sombreamento e cores menos vivas que as da atual versão. Além disso, os ícones podem ser aproveitados em animações.
Há poucos dias a empresa divulgou mais um teaser do novo visual do Menu Iniciar, que deve ser incluído numa das próximas atualizações do Windows 10 (algumas mudanças, como o “plano de fundo” dos ícones de aplicações e a apresentação mais “limpa”, podem ser vistas nesta imagem). Por via das dúvidas, o esquema “Fluent” será a configuração padrão, enquanto os Live Tiles serão opcionais — ou seja, o recurso poderá ser ativado e desativado manualmente pelo usuário, a seu critério. 

quarta-feira, 6 de maio de 2020

NAVEGADORES DE INTERNET — FAVORITOS, BOOKMARKS E OUTRAS CONSIDERAÇÕES

OS FILMES SÃO ILUSÕES EM MOVIMENTO, FORMADAS POR MILHARES DE FOTOGRAFIAS IMÓVEIS.

Depois que navegar na Web passou de novidade a necessidade, usar um navegador de internet tornou-se tão natural intuitivo quanto escovar os dentes. Mas nem sempre foi assim.

Os gigantescos e jurássicos mainframes (que custavam verdadeiras fortunas, ocupavam salas inteiras e tinham menos poder de processamento que uma calculadora de bolso xing-ling atual) surgiram nos anos 1940. Curiosamente, o presidente da gigante IBM, que se tornaria a maior fabricante de computador do mundo, disse, certa vez: “Eu acredito que haja mercado para talvez cinco computadores”.

Trinta anos depois, referindo-se aos ainda incipientes PCs (Personal Computers), o fundador da Digital Equipment Corp. vaticinou: “Não há nenhuma razão para alguém querer um computador em casa”.

O tempo provaria que ambos estava errados (saiba mais sobre a evolução do computador seguindo este link, clicando em Postagem mais recente ao final da leitura e assim sucessivamente, até chegar ao último capítulo).

Na pré-história da computação pessoal, os PCs não tinham drive de HD drive de HD (disco rígido). Os operadores tinham de carregar os programas a partir de fitas magnéticas, semelhantes às miniK7 que o mercado fonográfico popularizou nos anos 1970.

Até o final dos 1980, operar um micro (como os PCs eram chamados então) era bem mais complicado do que hoje em dia. O DOS  (“acrônimo de Disk Operating System ou sistema operacional em disco, numa tradução livre, como foram chamados diversos sistemas operacionais, bastante semelhantes entre si, que dominaram o mercado de PCs IBM e compatíveis entre 1980 e 1995) facilitou bastante essa tarefa, mas exigia alguma intimidade com linguagens de programação e a memorização de dúzias de comandos baseados em textos e parâmetros.

MS-DOS foi o nome que a Microsoft escolheu para batizar sua versão (baseada no QDOS), o sistema operacional propriamente dito nas edições 3.X, nas quais o que aparecia na tela quando o aparelho era ligado não era a área de trabalho, mas o prompt de comando.

Por prompt entenda-se o ponto de entrada para a digitação de comandos internos do computador e do próprio DOS, que era representado pela letra que designa a partição do sistema (geralmente C no caso do HD e A ou B no dos jurássicos disquetes) seguida de dois pontos (:), de uma barra invertida (\) e do sinal de “maior que” (>): C:/>. Outros elementos eram acrescentados conforme se navegava por diretórios, pastas e arquivos. Para convocar o Windows a partir do prompt do DOS (como dito linhas atrás, até o lançamento da versão 95 o Windows era uma simples interface gráfica), digitava-se win à direita do cursor piscante e pressionava-se a tecla Enter.

O MS-DOS foi o primeiro sistema operacional largamente adotado usado em PCs, a despeito de ser pobre em recursos — um de seus maiores defeitos era ser monotarefa — e pouco intuitivo. Os comandos eram sequências de letras, algarismos e caracteres especiais (<, %, $,>, \, $, etc.) que a gente tinha de digitar cuidadosamente, já que bastava um espaço, letra, algarismo ou caractere a mais ou a menos para o sistema nos exibir uma mensagem de erro — daí os “old school hackers” (programadores experientes) dizerem aos “newbies” (iniciantes) que “a máquina faz o que o operador manda, não o que operador quer”.

A janela do prompt daquela época era semelhante à da figura acima, que eu capturei a partir do interpretador de linha de comando do Windows 10 (que oferece duas opções: o prompt de comando e o Windows Power Shell). Repare na figura que, além da unidade seguida dos dois pontos, da barra invertida e do sinal de “maior que”, também é exibido o diretório (local) e a pasta em que os comandos serão executados (no caso, Users/FERNANDO). Mas basta digitar “C..” e pressionar Enter para subir um nível (para a pasta Users) e repetir o procedimento para retornar ao tradicional C:\>.

A partir da edição 95, o Windows deixou de ser uma simples interface gráfica e passou a ser o sistema o sistema operacional propriamente dito, ou quase isso, porque o MS-DOS continuou atuando nos bastidores até 2001, quando a Microsoft lançou o Windows XP, que, por ser baseado no kernel (núcleo) do Windows NT, finalmente cortou o cordão umbilical com o velho sistema. Mesmo assim, as edições subsequentes do Windows continuam integrando um interpretador de linha de comando.

Continua...

terça-feira, 28 de abril de 2020

AINDA SOBRE A CIBER(IN)SEGURANÇA (PARTE FINAL)


FALAR OBSCURAMENTE, QUALQUER UM SABE; COM CLAREZA, QUASE NINGUÉM.

Esta postagem encerra (finalmente) a sequência sobre cibersegurança que comecei a publicar em 27 de março com o título “A ERA DA (IN)SEGURANÇA”, que foi interrompia no do dia 9 deste mês e retomada dias depois com um novo título (HOME OFFICE E AFASTAMENTO SOCIAL — MAIS TEMPO ONLINE POTENCIALIZA RISCOS DE VÍRUS E CIBERATAQUES). A mudança do foco se deveu ao isolamento a que fomos submetidos pelo coronavírus, em decorrência do qual muitos de nós passamos a trabalhar de casa, enquanto outros, para amenizar os efeitos deletérios da falta de contato físico com outras pessoas, vêm passando cada vez mais tempo online, em lives e bate-papos virtuais.

Devido à abrangência das ponderações e considerações elencadas nos capítulos anteriores, os sistemas operacionais para dispositivos móveis (Android, do Google, e o iOS, da Apple) serão a tônica deste post, que pode parecer pouco palatável num primeiro momento, mas basta clicar nos hiperlinks para obter informações adicionais que ajudam a compreendê-lo melhor. 

Como os dados a seguir demonstrarão, a ideia de que os produtos da Apple sejam imunes a malwares, ciberataques e maracutaias digitais não passa de mera cantilena para dormitar bovinos, embora o Windows e o Android sejam mais visados devido a sua maior penetração no mercado. Afinal, quem busca popularidade abre mão da intimidade.

Para o Android, 514 falhas de segurança foram publicadas em 2019, um número que representa uma diminuição de 16% em comparação com 2018, ano em que a quantidade de CVE atingiu 613 falhas publicadas. Além disso, o percentual de vulnerabilidades graves com criticidade igual ou superior a sete também diminuiu, passando a 14% do total (uma redução de 70% desde o ano passado). De todas as falhas, 22% permitiriam a execução de código por um atacante.

Em particular, algumas vulnerabilidades ofuscaram as notícias. Uma delas foi a StrandHogg, que permite que um malware instalado anteriormente em um computador intercepte o processo de inicialização de aplicativos legítimos e, assim, mostre janelas maliciosas quando o usuário toca no ícone do aplicativo para abri-lo. Outra falha, chamada Bad Binder, foi descoberta nos últimos meses. Essa vulnerabilidade de memória no Binder do kernel do Android permite a escalada local de privilégios, o que pode significar a perda completa do controle do terminal contra um atacante. Acredita-se que a exploração dessa falha já esteja sendo divulgada entre os cibercriminosos.

A boa notícia é que o número de detecções de malware diminuiu 9% em relação a 2018, talvez como resultado dos esforços que o Google e os pesquisadores de segurança fazem para detectar ameaças e impedir sua propagação. Infelizmente, isso não significa que as ameaças no Google Play sejam menos frequentes; pelo contrário, há cada vez mais casos de trojans disfarçados de aplicativos benignos que conseguem escapar dos controles de segurança do Google.

De fato, os pesquisadores da ESET descobriram recentemente uma campanha de adware ativa no Google Play, cujos aplicativos foram instalados oito milhões de vezes antes de ser excluídos. Além disso, em agosto de 2019, a ESET analisou um malware escondido dentro de um aplicativo de rádio que tinha a particularidade de ser o primeiro a ser construído a partir da ferramenta de espionagem de código aberto AhMyth.

Essas e outras descobertas de trojans maliciosos foram reconhecidas pelo Google, que finalmente finalizou uma aliança com os laboratórios da ESET para unir forças na luta contra o cibercrime nas lojas oficiais de aplicativos. Trata-se da App Defense Alliance, que entrou em vigor em novembro do ano passado.

Segundo as estatísticas do StatCounter, o iOS representa 22% dos dispositivos móveis usados ​​no mundo, tornando-se o segundo sistema operacional móvel com mais usuários. Para ele, 368 vulnerabilidades foram publicadas em 2019, 194% a mais do que o número de vulnerabilidades encontradas para este sistema operacional em 2018 e 11% a menos do que as encontradas no Android durante o corrente ano.

Em 2019, entre as vulnerabilidades que colocaram em risco os usuários do iOS, podemos lembrar a implantação de versões que reabriram acidentalmente falhas corrigidas anteriormente e que permitiram a geração de um jailbreak para a versão 12.4. Outro exemplo foi a falha no aplicativo iMessage, que permitia a um atacante ler arquivos do telefone comprometido. As detecções de malware para iOS cresceram 98% em relação a 2018 e estavam quase triplicando o número de detecções que observamos em 2017, com um aumento de 158%.

É importante lembrar que nenhuma plataforma é invulnerável. Infelizmente, a proteção de nossos dados é um trabalho árduo sem descanso e que os cibercriminosos só precisam acertar apenas uma vez para obter o controle de nossas informações. Portanto, qualquer que seja o sistema operacional usado, avalie sempre a probabilidade de comprometimento em diferentes cenários e adquira antecipadamente as ferramentas e hábitos de segurança que permitirão evitar qualquer incidente digital.

Obrigado a todos pela atenção e pela paciência que tiveram em acompanhar essa longa (e um tanto monótona) sequência de postagens, sobretudo porque o tema, a despeito sua importância, tende a se tornar desgostante em tempos dessa pandemia viral biológica, que constitui séria ameaça nossa saúde e põe em risco nossa sanidade mental.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

O VETUSTO XP, WLADIMIR PUTIN E A NOVA LOGOMARCA DO WINDOWS



POLÍTICA É A ARTE DE DIAGNOSTICAR INCORRETAMENTE OS PROBLEMAS E LHES APLICAR O REMÉDIO ERRADO. 

Depois do fiasco do Windows ME (Millennium Edition), lançado a toque de caixa para aproveitar o apelo mercadológico da virada do milênio, a Microsoft deu à luz o Windows XP (de eXPerience), cortando de vez o cordão umbilical com o vetusto Windows 9x/ME.

Baseado no kernel (núcleo) do Windows NT (New Technology), a nova edição do sistema operacional para PC mais bem-sucedido da história foi lançada comercialmente em 25 de outubro de 2001, com pompa e circunstância dignas do nascimento de um príncipe. Tamanho foi o sucesso que a mãe da criança estendeu o suporte ao filhote até abril de 2014, tornando-o a edição mais longeva da história do Windows. Ainda que alguns atribuam essa longa vida ao fracasso do Vista, é bom lembrar que poucos meses depois de lançado, em 22 de outubro de 2009, o Windows 7 tornou-se um sucesso de crítica e de público.

Como sabe quem acompanha nosso humilde Blog, os produtos da Microsoft têm um ciclo de vida pré-definido, que se inicia quando o software é lançado e termina quando ele deixa de receber suporte — inclusive atualizações críticas e de segurança. Depois disso, o programa continua funcionando, mas a segurança dos usuários fica prejudicada, pois os cibercriminosos continuam buscando brechas de segurança que, para piorar, deixam de ser corrigidas pela empresa de Redmond.

O Windows 10 ainda não cumpriu a ambiciosa missão de conquistar 1 bilhão de usuários, mas vem avançando a passos largos. Em janeiro do ano passado, um a cada dois computadores rodava o “novo sistema”. Somadas todas as edições lançadas a partir do XP (inclusive), o Windows abocanha quase 80% do seu segmento de mercado — para efeito de comparação, o OS X, da Apple, fica com modestos 16,46%. Segundo dados do site StatCounter Global Stats, o Win 10 terminou 2019 com 65,4% da preferência dos usuários da plataforma, seguido pelo Seven (26,79%), pelo 8.1 (4,87%) e pelo XP (1,29%). O Vista carrega a lanterninha, com 0,31%.  

Apesar dos riscos de se manter o XP em uso depois que seu suporte estendido foi encerrado (em 2014), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, continua fiel ao velho sistema. A curiosidade foi relatada pelo site Open Media e confirmada pela Sociedade Russa de Proteção da Internet.  

Putin usa o XP não só no escritório presidencial, mas também em sua residência oficial. O motivo é que essa edição foi a última certificada como “segura” pelas autoridades russas. Os funcionários do governo daquele país até podem optar por versões mais modernas, como o Windows 10, a não ser que o computador seja usado para hospedar segredos de estado em potencial, caso em que as opções ficam limitadas ao XP ou algum sistema alternativo, como o AstraLinux, que é 100% russo.

A Rússia pretende eliminar todos os sistemas operacionais populares de seus escritórios e adotar seu próprio sistema baseado em Linux. De acordo com o projeto divulgado há alguns meses, o AstraLinux deve substituir em breve o Windows em todos os computadores da administração do país. Até lá, estima-se que 20% dos funcionários continuem usando o jurássico XP. Essa conduta remete a uma estratégia russa de remover influências estrangeiras. Recentemente, o país decidiu criar sua própria Wikipedia e introduziu uma nova lei que forçará smartphones, PCs e outros eletrônicos a ser fornecidos com um software russo pré-instalado. Putin também aprovou uma lei que isola a Internet da Rússia do resto do mundo.

Por último, mas não menos importante, a Microsoft redesenhou o logo de diversos aplicativos do seu sistema operacional e está reformulando mais de 100 ícones com novas cores, materiais e acabamentos. As mudanças fazem parte de uma iniciativa para modernizar o software e seus serviços, sob o conjunto de princípios do Fluent Design. Mas a maioria das alterações foi sutil; o foco da empresa parece ter sido a limpeza no ícone do sistema, já que o Win 10 possui símbolos inconsistentes que aparecem em algumas configurações e aplicativos. Uma das soluções para esse problema foi a criação do Windows 10X, projetado para dispositivos de tela dupla e com um novo menu inicial e sem as animações Live Tiles.

O logotipo que faz parte do Windows 8 e 10 possui uma cor plana, enquanto o novo se assemelha com um gradiente azul, com cada trimestre do ano possuindo uma tonalidade diferente. Outras áreas que devem ser alteradas são os painéis de configuração e o centro de notificações, de forma com que os usuários consigam acessá-los mais rapidamente. O trabalho com os ícones da empresa em parceria com a Fluent Design tem sido até o momento um processo gradual, que deve continuar ao longo deste ano. O navegador Edge agora possui um ícone totalmente novo, assim como o próprio MS Office, que ostenta um logotipo mais moderno. Os designers da empresa trabalham no momento de forma colaborativa, que é descrita internamente como uma maneira de "código aberto".

Fonte: FossbytesGenbeta