Em 2005, quando Roberto Jefferson denunciou o Mensalão, Toffoli trabalhava na Casa Civil e respondia diretamente a José Dirceu, apontado como chefe do esquema ― o que inacreditavelmente não o impediu de, anos mais tarde, participar do julgamento da ação penal 470, nem de votar pela absolvição de Dirceu. Em 2015, pouco depois da divulgação da primeira “lista de Janot”, o ministro petista pediu transferência para a segunda turma, que ficaria responsável pelos processos da Lava-Jato. Foi ele quem sugeriu que casos não relacionados diretamente à Petrobras fossem tirados do juiz federal Sergio Moro, livrando por tabela o rabo da senadora Gleisi Hoffmann. Também foi ele o autor do pedido de vista que interrompeu a votação da limitação do foro privilegiado de políticos quando já se havia formado maioria a favor.
UM BATE-PAPO INFORMAL SOBRE INFORMÁTICA, POLÍTICA E OUTROS ASSUNTOS.
quarta-feira, 11 de julho de 2018
A MARACUTAIA SALVA-LULA NÃO ACABOU
Em 2005, quando Roberto Jefferson denunciou o Mensalão, Toffoli trabalhava na Casa Civil e respondia diretamente a José Dirceu, apontado como chefe do esquema ― o que inacreditavelmente não o impediu de, anos mais tarde, participar do julgamento da ação penal 470, nem de votar pela absolvição de Dirceu. Em 2015, pouco depois da divulgação da primeira “lista de Janot”, o ministro petista pediu transferência para a segunda turma, que ficaria responsável pelos processos da Lava-Jato. Foi ele quem sugeriu que casos não relacionados diretamente à Petrobras fossem tirados do juiz federal Sergio Moro, livrando por tabela o rabo da senadora Gleisi Hoffmann. Também foi ele o autor do pedido de vista que interrompeu a votação da limitação do foro privilegiado de políticos quando já se havia formado maioria a favor.
segunda-feira, 18 de setembro de 2023
TEM DIAS EM QUE DE NOITE FAZ ASSIM...
Uma das coisas mais esquisitas, hoje em dia, é a facilidade com que as pessoas aceitam todo o tipo de absurdo. Pense numa aberração qualquer e ela estará bem na sua frente. Isso seria até admissível em algum fundão da África, mas o Brasil é um país metido a ser sério, onde há instituições independentes, comunicadores bem informados e políticos probos e letrados — nem todos, mas tivemos até um sociólogo como presidente da República.
Quanto mais pose o país faz, maiores e mais agressivos são os disparates que os brasileiros se dispõem a aceitar. Só para ficar num dos exemplos mais recentes de alucinação colocados à disposição do público, Antonio Dias Toffoli — guindado por Lula ao STF em 2009, a despeito de ter sido reprovado duas vezes consecutivas em concursos para juiz de direito em São Paulo —, não só anulou todas provas colhidas no acordo de leniência da antiga Odebrecht como determinou que a AGU, a PGR e o Ministério da Justiça coloquem o aparato estatal no encalço de procuradores e do hoje senador Sérgio Moro em busca de ilegalidades. Pode uma coisa dessas?
Observação: Como bem lembrou o jornalista J.R. Guzzo às vésperas de o ministro retrocitado assumir a presidência do STF, não existe limite para o pior. Além de ser "uma nulidade em matéria de direito, segundo o parecer dos examinadores que julgaram duas vezes a sua aptidão profissional", o dito-cujo é "um fenômeno de suspeição e parcialidade provavelmente sem similar no mundo civilizado". Guzzo anota ainda que o ex-advogado do PT ganhou a suprema toga por ter sido um alto funcionário do PT e do primeiro governo Lula, o que lhe impediria de julgar tudo que tivesse a menor relação com qualquer dos dois. Mas o que vem acontecendo desde então é justamente o contrário.
Não se sabe se a liminar teratológica será chancelada pela 2º Turma (ou pelo Plenário do Supremo), nem se produzirá os "efeitos secundários" ambicionados pelo magistrado, já que Lula é rancoroso — em 2019, Toffoli negou ao então presidiário mais famoso do Brasil o pedido de acompanhar o enterro do irmão Vavá —, mas seu despacho despachou para o lixo provas que reuniam a lista de políticos beneficiados por propina da Odebrecht e atribuiu à Lava-Jato o papel de "pau de arara do século XXI na caça a 'inocentes'". Como anotou Guzzo, o ministro e quem o leva a sério — a começar pelos colegas que o chamam de excelência — insistem todos os dias em tratar o Brasil como um país de idiotas. Esse é o fato da vida real, o resto é conversa fiada.
Na última sexta-feira, Lula viajou para Cuba e de lá seguirá rumo aos EUA, onde participará da Assembleia da ONU. Considerando que agora é moda apreender passaportes, talvez fosse o caso de confinar o petista aos limites do território nacional até o final do ano — não só para segurar um pouco o que ele, a mulher e o seu séquito estão torrando num cruzeiro de volta ao mundo "non stop" que já dura oito meses e é pago com o dinheiro de nossos impostos, mas também para interromper a sangria desatada de declarações cretinas que sua excelência começa a regurgitar tão logo põe os pés fora do país.
Em sua recente passagem pela Índia, Lula disse num único surto que "aqui vale “a lei brasileira”, e que prender Putin, como manda a lei internacional, seria desrespeitar nossa soberania. Lembrado de que existe uma ordem nesse sentido de um tribunal do qual o Brasil é Estado-membro, alegou desconhecer a existência do Tribunal Penal Internacional — que ele próprio citou expressamente em seu discurso de posse em 2003 e para o qual indicou uma juíza. Como a mirabolância fantasiosa pegou mal, ajuntou que o TPI é integrado exclusivamente por "bagrinhos" — qualificando como "menos desenvolvidos" 123 países, entre os quais a França, a Alemanha, a Itália e o Japão —, lembrou que EUA e China não são membros e (pasmem!) ameaçou retirar o Brasil do Estatuto de Roma. Depois de toda a merda que Bolsonaro vomitou durante seu abjeto desgoverno, a gente não precisava de mais esse vexame.
Volto rapidamente à teratologia de Toffoli, atribui-se a Sidarta Gautama — também conhecido como Buda — a máxima segundo a qual "três coisas não podem ser escondidas por muito tempo: o sol, a lua e a verdade". Com efeito, o poder detergente da luz mostrou que a narrativa do magistrado lulista, longe de ser uma comprovação técnica de supostas irregularidades da Lava-Jato, foi um ato político visando à reconciliação com Lula.
O principal argumento usado do ministro — a Lava-Jato não teria feito um pedido de cooperação jurídica internacional para obter as provas de corrupção da Odebrecht, depositadas nos sistemas do departamento de propinas da empreiteira, chamados de Drousys e MyWebDay — foi baseado num ofício do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça de Flavio Dino, segundo o qual não fora encontrado no órgão registros de cooperação internacional para trazer ao Brasil cópias dos sistemas da Odebrecht. A informação era falsa como uma nota de R$ 3, como o próprio Ministério Público anotou nos autos, mas Toffoli deu de ombros.
Corroborando a fala do ex-coordenador da Lava-Jato no Paraná, Deltan Dallagnol, a Associação Nacional dos Procuradores da República afirmou que a Lava-Jato fez o pedido de cooperação — e recorreu da decisão de Toffoli na segunda-feira 11. Também repudiaram o despacho do ministro a Associação dos Juízes Federais do Brasil, a Transparência Internacional e o Instituto Não Aceito Corrupção).
Observação: A Corregedoria Nacional de Justiça encaminhou aos conselheiros do Conselho Nacional de Justiça um resumo do pente-fino realizado pelo órgão na 13ª Vara Federal de Curitiba. As conclusões, segundo matéria publicada por Veja há duas semanas, deixam Moro e outros magistrados que por lá passaram em péssima luz. A questão mais evidente no documento é a falta de transparência na gestão de recursos financeiros obtidos a partir de delações e de ações da força-tarefa. Se isso não é caça às bruxas, então eu não sei o que é.
Depois da pressão das entidades, da imprensa e da sociedade, o ministro Flavio Dino — o mesmo que até hoje não enviou as imagens do 8 de Janeiro para a CPMI, alegando que elas foram apagadas, e que disse a Toffoli não ter encontrado a cooperação jurídica internacional —, informou que o documento "foi encontrado". Segundo Dallagnol, isso mostra quem falta com a verdade quando o assunto é a Lava-Jato, e que a decisão esdrúxula de Toffoli — e não a condenação de Lula — foi um dos piores erros da história da Justiça.
Durante toda a quarta-feira 13, os porta-vozes do lulismo tentaram emplacar a falácia de que o pedido de cooperação internacional só teria sido formalizado um ano depois do acordo da Odebrecht, e que os investigadores tentaram "esquentar" as provas. O próprio ministro da Justiça encampou a falsa narrativa — segundo Dino, a Lava-Jato utilizou em 2016 provas que só foram objeto de procedimento formal em 2017. No entanto, de acordo com Dallagnol, a cooperação internacional foi peticionada em 16 de maio de 2016, e o acordo com a Odebrecht só foi firmado 7 meses depois do pedido. Resta saber se Dino vai mandar a PF investigar sua fake news do mesmo modo como mandou investigar o jornalista Alexandre Garcia, ou se isso só acontece com adversários políticos.
Dallagnol disse ainda que a própria Odebrecht entregou voluntariamente as provas e os arquivos de seu departamento de propina, o que obviamente não depende nem se confunde com a cooperação internacional (que ocorreu em paralelo ao acordo). Essas informações constam do autos do processo em que Toffoli anulou as provas, mas foram intencionalmente ignoradas, a exemplo da sindicância instaurada pela Corregedoria do MPF para apurar se houve irregularidades na cooperação internacional e no acordo de leniência da Odebrecht.
Observação: Se a investigação durou mais de um ano e concluiu que tudo foi regular, por que Toffoli continua ignorando essas provas — que, vale repetir, estão no processo que ele mesmo decidiu? E por que o resultado da investigação foi colocado em sigilo, quando se deveria dar conhecimento dele para a sociedade?
Examinados em conjunto, esses fatos deixam claro que a Lava-Jato agiu de acordo com a lei. Todos os atos processuais de procuradores e juízes foram exaustivamente examinados e submetidos à revisão dos tribunais, desde o TRF-4, passando pelo STJ e até o STF. Os investigados e réus, inclusive os colaboradores, foram assessorados pelos melhores advogados e bancas criminalistas do país, que não conseguiram comprovar qualquer irregularidade, a despeito de acompanhar com lupa todos os procedimentos.
Dallagnol reitera que a Lava-Jato sempre deu respostas de forma coerente e convincente, amparadas em fatos, documentos e provas, enquanto "o outro lado", que quer reescrever a história a qualquer custo e punir os agentes da lei que combateram a corrupção, recorre a novas versões, procura "pelo em ovo" e, quando não encontra, inventa narrativas inconsistentes e especulações fantasiosas.
Triste Brasil.
sábado, 20 de fevereiro de 2021
AINDA SOBRE A APATIFANTE PATIFARIA
Ainda sobre a prisão do deputado bolsonarista Daniel Silveira, a denúncia do MPF, assinada pelo vice-procurador-geral da República Humberto Jacques de Medeiros, se deu no âmbito do inquérito que investiga o financiamento e a organização de atos antidemocráticos, e a prisão ocorreu com base no inquérito das fake news, que apura informações falsas e ofensas a ministros da Suprema Corte (o deputado é alvo dos dois inquéritos). Segundo Moraes, a prisão foi em flagrante porque o vídeo foi disponibilizado a quem quisesse assisti-lo, o que caracteriza crime continuado. A gravação, que inclui xingamentos e acusações a magistrados (alguns citados nominalmente), estava disponível neste link, mas foi retirado do ar (por “violar a política do YouTube sobre assédio e bullying”) e colocada em modo privado no canal “Política Play”.
Ontem à noite, por 364 votos a favor e 130 contra, o plenário da Câmara chancelou o relatório favorável à mantença da prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes. Houve três abstenções.
Observação: Ao pôr a Alemanha Nazista de joelhos, o chanceler britânico Sir Winston Churchill assim se pronunciou: “Se Hitler invadisse o Inferno, eu faria uma referência favorável ao diabo na Câmara dos Comuns”, No Brasil não há Câmara dos Comuns, mas sobram presidentes incomuns. Incomumente corruptos, incomumente incompetentes, incomumente boçais. Se eu sobreviver aos últimos três (noves fora o vampiro, porque vice promovido a titular não conta), comprometo-me a enviar um telegrama de condolências ao Diabo. Afinal, nem ele merece tanta desgraça junta.
Curiosamente, dos 4 dos 11 togados que compõem o colegiado não foram citados (Cármen Lúcia, Nunes Marques, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber). Marco Aurélio tem seu nome mencionado, mas não foi alvo de qualquer ofensa específica, e Luiz Fux foi citado nominalmente, mas não desrespeitosamente: “O único que respeito em conhecimento é o Fux. Único que respeito em conhecimento jurídico de fato”.
O portal Poder360publicou a transcrição do vitupério, que eu reproduzo a seguir:
- Edson Fachin – “Seu
moleque, seu menino mimado, mau-caráter, marginal da lei, militante da
esquerda, lecionava em uma faculdade, sempre militando pelo PT, pelos
partidos narcotraficantes, nações narcoditadoras (…) Fachin,
você integra, tipo assim, a nata da bosta do STF, certo? (…) Militante
idiotizado, lobotomizado, que atacava militares junto com a Dilma [Rousseff],
aquela ladra, vagabunda. Com o multicriminoso Luiz Inácio Lula da Silva,
de 9 dedos, vagabundo, cretino, canalha. O que acontece, Fachin, é que
todo mundo já está cansado dessa sua cara de filho da puta que tu tem.
Essa cara de vagabundo, né(…) Por várias e várias vezes já te
imaginei tomando uma surra. Ô… quantas vezes eu imaginei você e todos os
integrantes dessa Corte. Quantas vezes eu imaginei você, na rua, levando
uma surra. O que você vai falar? Que eu tô fomentando a violência? Não. Eu
só imaginei. Ainda que eu premeditasse, ainda assim não seria crime. Você
sabe que não seria crime. Você é um jurista pífio. Vai lá e prende o
Villas Bôas, rapidão, só pra gente ver um negocinho. Se tu não tem
coragem, porque tu não tem, tu não tem colhão roxo pra isso”. “Você
tem que tomar vergonha na sua cara, olhar, quando você for tomar banho,
olhar o bilauzinho que você tem e falar: ‘Pô, eu acho que sou um
homenzinho. Eu vou parar com as minhas bobeirinhas’. Ah, o quê? Eu estou
sendo duro demais? Tô sendo o quê, ogro? Ah, tô sendo tosco? O que você
espera? Que eu seja o quê? Que eu tenha um tipo de comportamento adequado
para tratar a Vossa Excelência? É claro que eu não vou ter. Eu sei que
você está vendo esse vídeo aí”. “[Está] previsto lá no
artigo 101 da Constituição os requisitos pra que vocês se tornem
ministros, totalmente esvaziados, totalmente inócuos. Totalmente
oligofrênicos, ignóbeis. É o que vocês são”. “Principalmente você,
Fachin. Você integra, tipo assim, a nata da bosta do STF, certo?”;
- Roberto Barroso – “[sobre ter
“colhão roxo” prender o general Villas Bôas] O Barroso, aí
que não tem mesmo. Na verdade ele gosta do colhão roxo”;
- Alexandre de Moraes – “O
Oswaldo Eustáquio, jornalista que vocês chamam de blogueiro, foi preso
pelo ‘Xandão do PCC’. Está aí, preso ilegalmente. Eu tive acesso ao diário
dele. Sabia, Alexandre de Moraes, que eu tive acesso ao diário dele
manuscrito na prisão? Dos agentes que o torturaram? Sabia que eu sei? Sabia
que eu sei que um [agente] chegou no ouvido dele e falou
assim: ‘A nossa missão é eliminar você’. Sabia que eu sei? Eu sei. E eu
sei de onde partiram essas ordens. Acha que eu tô blefando? Por que, Alexandre,
você ficou putinho porque mandou a Polícia Federal na minha casa uma vez e
não achou nada, na minha quebra de sigilo bancário e telemático? É claro
que tu não vai achar, idiota, eu não sou da tua laia, eu não sou da tua
trupe. Dessa bosta de gangue que tu integra. Não. Aqui você não vai
encontrar nada. No máximo, uns trocadinhos. Dinheiro pouco a gente tem
muito. É assim que a gente fala. Agora, ilegal a gente não vai ter nada.
Será que você permitiria a sua quebra de sigilo telemático? A sua quebra de
sigilo bancário? Será que você permitiria a Polícia Federal investigar
você e outros 10 aí da ‘supreminha’? Você não ia permitir. Vocês não têm
caráter, nem escrúpulo, nem moral para poder estar na Suprema Corte.”;
- Dias Toffoli – “Levaram
o [meu] celular, a Polícia Federal. Ninguém falou nada.
Ninguém mandou um ofício dizendo [que era] relacionado ao
mandato [de deputado federal]. Mas quando foram apreender o do [senador] José
Serra, rapidamente, quase que num estalar de dedos, [Dias] Toffoli
foi lá e, de ofício, [disse] ‘não pode apreender o
celular do José Serra, não pode apreender o notebook do José Serra. São
relacionados ao mandato’. Dois pesos e duas medidas. Não dá, né, chefe?”;
- Gilmar Mendes – “Solta
os bandidos o tempo todo. Toda hora dá um habeas corpus. Toda hora, vende
um habeas corpus, vende sentenças, compra o cliente. ‘Opa, foi preso [por] narcotráfico,
opa manda pra mim, eu vou ser o relator, tendo ou não a suspeição,
desrespeitando o Regimento Interno dessa supreminha aí que de suprema nada
tem. [Está] previsto lá no artigo 101 da Constituição os
requisitos pra que vocês se tornem ministros, totalmente esvaziados,
totalmente inócuos. Totalmente oligofrênicos, ignóbeis. É o que vocês
são”. “Gilmar Mendes… isso aqui é só [gesticula com os dedos,
indicando dinheiro]… É isso que tu gosta, né, Gilmarzão? A gente
sabe”.
Parte inferior do
formulário
Segue a transcrição das falas do congressista, na íntegra:
“Fala, pessoal, boa tarde. O ministro [Edson] Fachin
começou a chorar, decidiu chorar. Fachin, seu moleque, seu menino mimado, mau
caráter, marginal da lei, esse menininho aí, militante da esquerda, lecionava
em uma faculdade, sempre militando pelo PT, pelos partidos narcotraficantes,
nações narcoditadoras. Mas foi aí levado ao cargo de ministro porque um
presidente socialista resolveu colocá-lo na Suprema Corte pra que ele proteja o
arcabouço do crime do Brasil, que é a nossa Suprema, que de suprema nada tem.
Fachin, sabe… às vezes fico olhando as tuas babaquices.
As tuas bobeiras que você vai à mídia para chorar, ‘olha o artigo 142 está
muito claro lá que as Forças Armadas são reguladas na hierarquia e disciplina e
blá-blá-blá, vide o que aconteceu no Capitólio [sede do Congresso dos
EUA] porque no Capitólio quando tentaram dar um golpe…’ aquilo não é
golpe, não, filhinho. Aquilo ali foi parte da população revoltada que, na minha
opinião, foram infiltrados do Black Lives Matter, dos antifas, blackblocks,
coisa que você e a sua trupe que aí integra defendem. Vocês defendem a todo
custo esse bando de terrorista, esse bando de vagabundo. Vagabundo protege
vagabundo. Mas não é essa besteira que a gente vai discutir.
Agora, você fala que o general Villas Bôas, quando fez um
tuíte afirmando que deveria ser consultada a população e também as
instituições, se deveria ou não utilizar o modus operandi do processo de Lula,
hoje você se sente ofendidinho dizendo que ‘ah, isso é pressão sobre o Judiciário,
é inaceitável, intolerável’. Vai lá! Prende o Villas Bôas, pô, seja homem uma
vez na sua vida. Vai lá e prende o Villas Bôas. Fala pro Alexandre de Moraes,
homenzão, né, o fodão, vai lá e manda prender o Villas Bôas, manda, vai lá e
prende o general do Exército. Quero ver. Eu quero ver, Fachin, você, [os
ministros] Alexandre de Moraes, Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes, o
que solta os bandidos o tempo todo. Toda hora dá um habeas corpus. Toda hora
vende um habeas corpus, vende sentenças, compra o cliente. ‘Opa, foi preso [por] narcotráfico,
opa manda pra mim, eu vou ser o relator, tendo ou não a suspeição,
desrespeitando o Regimento Interno dessa supreminha aí que de suprema nada
tem. [Está] previsto lá no artigo 101 da Constituição os
requisitos pra que vocês se tornem ministros, totalmente esvaziados, totalmente
inócuos. Totalmente oligofrênicos, ignóbeis. É o que vocês são. Principalmente
você, Fachin. Você integra, tipo assim, a nata da bosta do STF, certo?
E o que acontece é que vocês pretendem permanecer sempre
intocáveis. O Villas Bôas disse isso mesmo tudo Fachin. Deixa eu te ensinar
isso aqui, e debato com você ao vivo a hora que você quiser. Sobre arcabouço
jurídico, filosofia do Direito. Podemos debater tranquilamente sem os seus 200
assessores que, inclusive, tem juizes aí na sua assessoria, sem eles, sem
papelzinho na mesa, assim, tête-à-tête. Eu poderia debater com você, Alexandre
de Moraes. Tranquilamente. Daí, o único que respeito em conhecimento é o [ministro
Luiz] Fux. Único que respeito em conhecimento jurídico de fato e
debateria com qualquer um de vocês, sem problema. Não iria dar uma surra de
jurídico ou intelectual. Agora, que você tem que tomar vergonha na sua cara,
olhar, quando você for tomar banho, olhar o bilauzinho que você tem e falar:
‘Pô, eu acho que sou um homenzinho. Eu vou parar com as minhas bobeirinhas’.
Ah, o quê? Eu estou sendo duro demais? Tô sendo o quê, ogro? Ah, tô sendo
tosco? O que que você espera? Que eu seja o quê? Que eu tenha um tipo de
comportamento adequado para tratar a Vossa Excelência? É claro que eu não vou
ter. Eu sei que você está vendo esse vídeo aí, daqui a pouco seus assessores, e
o Alexandre de Moraes, e [Dias] Toffoli. Mas eu estou ó [bate
com as mãos] cagando e andando para vocês.
O que quero saber é quando que vocês vão lá prender o
general Villas Bôas. Eu queria saber o que que você [Fachin] vai
fazer com os generais? Os homenzinhos de botão dourado, lembra? Você lembra do
AI-5 [Ato Institucional nº 5]. Você lembra. Para. Eu sei que você
lembra. Ato Institucional número 5, de um total de 17 atos institucionais. Você
lembra. Você era militante lá do PT, partido comunista. Você era da aliança
comunista do Brasil. Militante idiotizado, lobotomizado, que atacava militares
junto com a Dilma [Rousseff], aquela ladra, vagabunda. Com o
multicriminoso Luiz Inácio Lula da Silva, de 9 dedos, vagabundo, cretino,
canalha. O que acontece, Fachin, é que todo mundo já está cansado dessa sua
cara de filho da puta que tu tem. Essa cara de vagabundo, né. Decidindo aqui no
Rio de Janeiro que polícia não pode operar enquanto o crime vai se expandindo
cada vez mais. Me desculpe, ministro, se estou um pouquinho alterado. Realmente
eu tô. Por várias e várias vezes já te imaginei tomando uma surra. Ô… quantas
vezes eu imaginei você e todos os integrantes dessa Corte. Quantas vezes eu
imaginei você, na rua, levando uma surra. O que você vai falar? Que eu tô
fomentando a violência? Não. Eu só imaginei. Ainda que eu premeditasse, ainda
assim não seria crime. Você sabe que não seria crime. Você é um jurista pífio,
mas sabe que esse mínimo é previsível.
Então, qualquer cidadão que conjecturar uma surra bem
dada nessa sua cara com um gato morto até ele miar, de preferência, após cada
refeição, não é crime. Você vê, o Oswaldo Eustáquio, jornalista que vocês
chamam de blogueiro, foi preso pelo ‘Xandão do PCC’. Está aí preso ilegalmente.
Eu tive acesso ao diário dele. Sabia, Alexandre de Moraes, que eu tive acesso
ao diário dele manuscrito na prisão, dos agentes que o torturaram? Sabia que eu
sei? Sabia que eu sei que um [agente] chegou no ouvido dele e
falou assim: ‘A nossa missão é eliminar você’. Sabia que eu sei? Eu sei. E eu
sei de onde partiram essas ordens. Acha que eu tô blefando? Por que, Alexandre,
você ficou putinho porque mandou a Polícia Federal na minha casa uma vez e não
achou nada, na minha quebra de sigilo bancário e telemático? É claro que tu não
vai achar, idiota, eu não sou da tua laia, eu não sou da tua trupe. Dessa bosta
de gangue que tu integra. Não. Aqui você não vai encontrar nada. No máximo, uns
trocadinhos. Dinheiro pouco a gente tem muito. É assim que a gente fala. Agora,
ilegal a gente não vai ter nada. Será que você permitiria a sua quebra de
sigilo telemático? A sua quebra de sigilo bancário? Será que você permitiria a
Polícia Federal investigar você e outros 10 aí da supreminha? Você não ia
permitir. Vocês não têm caráter, nem escrúpulo, nem moral para poder estar na
Suprema Corte. Eu concordo, né, completamente com [o ex-ministro da
Educação] Abraham Weintraub quando ele falou: ‘Eu, por mim, colocava
esses vagabundos todos na cadeia’, aponta para trás, ‘começando pelo STF’. Ele
estava certo. Ele está certo. E, com ele, pelo menos uns 80 milhões de brasileiros
corroboram com esse pensamento.
Só que não, você agora ficou putinho, né. O Fachin
putinho porque o Villas Bôas disse que a população deveria ser consultada.
Olha, tudo que é de relevância nacional, Fachin, você sabe que… de relevância
nacional e que é de importância para todo o povo existe um dispositivo chamado
plebiscito. Eu sei que você sabe. É basicamente isso o que o general quis
dizer. Se é de relevância e interesse nacional, convoque-se então um
plebiscito. Chama a população. Chama as instituições para participarem de uma
decisão que não cabe ao STF. Ao STF, pelo menos constitucionalmente, cabe a ele
guardar a Constituição. Mas vocês não fazem mais isso. Você e os seus 10
abiguinhos [sic] aí, abiguinhos, não guardam a Constituição. Vocês defecam
sobre a mesma Constituição, que é uma porcaria. Ela foi feita para colocar canalhas
sempre na hegemonia do poder. E, claro, pessoas da sua estirpe evidentemente
devem ser perpetuadas pra que protejam o arcabouço dos crimes do Brasil. E se
encontram aí, na Suprema Corte.
E vocês acharam que iriam me calar. É claro que vocês
pensaram. E eu tô literalmente cagando e andando para o que vocês pensam, né. É
claro que vocês vão me perseguir o resto da minha vida política. Mas eu também
vou perseguir vocês. Eu não tenho medo de vagabundo, não tenho medo de traficante,
não tenho medo de assassino… vou ter medo de 11? Que não servem pra porra
nenhuma nesse país? Não. Não vou ter. Só que eu sei muito bem com quem vocês
andam, o que vocês fazem. Lembro, por exemplo, quando eu tive aqui meu celular,
meu outro celular apreendido, né. E eu deixei levar porque eu queria que os
meus apoiadores vissem que eu não tenho nada a dever, nada a temer, por isso,
entreguei meu celular mesmo ignorando o artigo 53 da Constituição, o que dá a
minha prerrogativa como parlamentar e representante do povo, de uma parte do
povo. Esquerdista pra mim é tudo filho da puta. Eu não represento esses
vagabundos, não. Mas a parcela que eu represento, Fachin… eu ignorei o artigo
53, a Emenda Constitucional 35 de 2001 que deixa o texto ainda mais abrangente,
mais fortalecido para que eu possa representar a sociedade… eu entreguei o
celular.
Levaram o celular, a Polícia Federal levou um celular e
um papelzinho que tava anotado algumas falas de uma live como essa aqui.
Talvez, alguém me pergunta eu vou ali e anoto um ponto pra poder lembrar e
naquele dia eu tinha falado. Aí, Fachin, quando foram levar o meu celular,
poderia. Podia, na verdade. Ninguém falou nada. Ninguém mandou um ofício
dizendo ‘não, é relacionado ao mandato [de deputado federal]‘. Mas
quando foram apreender o do [senador] José Serra, rapidamente,
quase que num estalar de dedos, Toffoli foi lá e de ofício [disse] ‘não
pode apreender o celular do José Serra, não pode apreender o notebook do José
Serra. São relacionados ao mandato’. Dois pesos e duas medidas não dá, né,
chefe?
Você vai lá e coloca que um pode e outro não pode.
Acontece que no meu celular não teria o conluio do crime com vocês. No do José
Serra, ia ser muita coisa, né? A Polícia Federal ia ficar em um impasse
gigantesco. Ia ter a prova, a materialidade dos crimes que vocês cometem e
vocês teriam que aprovar ou não essa investigação. A Polícia Federal ia ter que
agir, não ia? É claro que vocês não querem ficar nas mãos de delegados
federais. É claro que vocês não vão querer ter que dividir a parcelinha de
vocês com mais alguém. Vocês não vão querer fazer a rachadinha de vocês. Porque
vocês querem tudo. São goelões. Vocês não querem colocar o copinho na bica e
pegar um pouquinho não. Vocês querem tudo para vocês.
E me desculpe, Fachin, se eu estou zangado ou se eu estou
alterado ou se eu falei alguma coisa que te ofendeu. Mas foda-se, né? Foda-se,
né, porque vocês merecem ouvir. Vocês não esperavam que pessoas como eu fossem
eleitas. Que iríamos ter pelo sufrágio universal a representatividade popular.
E vocês esperavam que qualquer um que entrasse iria se seduzir pelo poder
também e ficar na mãozinha de vocês porque vocês iriam julgar alguém que está
cometendo algum crime. Não. Comigo vocês sentaram e sentaram do meio pra trás.
E tem mais alguns lá assim também. Pode ter certeza.
Agora, quando você entra politizando tudo, quando o
Bolsonaro decide uma coisa você vai lá [e diz] ‘não, isso não
pode’, você desrespeita a tripartição dos Poderes. A tripartição do Estado.
Você vai lá e interfere, né. Comete uma ingerência na decisão do presidente,
por exemplo, e pensa que pode ficar por isso mesmo. Aí quando um general das
Forças Armadas, do Exército para ser preciso, faz um tuíte, fala sobre alguma
coisa, né, a conversa com o general, o livro que você tá falando, conversa com
comandante, salvo engano [livro do general Villas Bôas], e
você [Fachin] fica nervosinho, é porque ele tem as razões
dele.
Lá em 64 –na verdade em 35, quando eles perceberam a
manobra comunista de vagabundos da sua estirpe– em 64, então foi dado o
contragolpe militar, é que teve lá, até os 17 atos institucionais, o AI-5 que é
o mais duro de todos como vocês insistem em dizer, aquele que cassou 3
ministros da Suprema Corte, você lembra? Cassou senadores, deputados federais,
estaduais, foi uma depuração. Com recadinho muito claro: se fizer besteirinha,
a gente volta. Mas o povo, àquela época ignorante, acreditando na Rede Globo,
disse: ‘Queremos democracia, presidencialismo, Estados Unidos, somos iguais,
não sei o quê…’. E os ditadores que vocês chamam entregaram, então, o poder ao
povo. Que ditadura é essa, né? Que ao invés de combater a resistência com ferro
e fogo, não, ‘eu entrego o poder de volta’. Aí vocês rapidamente, né,
Assembleia Nacional Constituinte, nova Constituição, 85, depois 88, fecha,
sacramenta, se blinda e aí crescem um bando de vagabundos no poder que se
eternizam. Dança das cadeiras. ‘Eu vou pro TSE [Tribunal Superior
Eleitoral]. Agora não, eu sou do STF. Agora, eu vou presidir. Quem preside
esse ano? A cada 2 anos’… sempre será no TSE o presidente um ministro do STF.
Ou seja, perpetuação do poder. E a fraude nas urnas? Não vai estar sempre na
nossa cúpula, sempre iremos dominar. Está sempre, tá tudo tranquilo, tá tudo
favorável. É sempre o toma lá, toma lá. Não é nem toma lá, dá cá.
Realmente, vocês são impressionantes. Fachin, um conselho
para você: vai lá e prende o Villas Bôas, rapidão, só pra gente ver um
negocinho. Se tu não tem coragem, porque tu não tem, tu não tem culhão roxo pra
isso. Principalmente o Barroso, aí que não tem mesmo. Na verdade ele gosta do
culhão roxo. Gilmar Mendes… isso aqui é só [gesticula com os dedos]…
Barroso o que que ele gosta? Culhão roxo. Mas não tem culhão roxo. Fachin,
covarde. E Gilmar Mendes… é isso que tu gosta, né, Gilmarzão? A gente sabe.
Mas, enfim. Eu sei que vocês querem armar uma pra mim
para poder falar ‘o que que esse cara falou aí no vídeo sobre mim. Desrespeitou
a Suprema Corte’. Suprema Corte é o cacete. Na minha opinião, vocês já deveriam
ter sido destituídos do posto de vocês e uma nova nomeação convocada e feita de
11 novos ministros. Vocês nunca mereceram estar aí. E vários que já passaram
também não mereciam. Vocês são intragáveis, tá certo? Inaceitável. Intolerável,
Fachin? Não é nenhum tipo de pressão sobre o Judiciário não. Porque o
Judiciário tem feito uma sucessão de merda no Brasil. Uma sucessão de merda. E
quando chega em cima, na Suprema Corte, vocês terminam de cagar a porra toda. É
isso que vocês fazem. Vocês endossam a merda.
Então, como já dizia lá Ruy Barbosa, a pior ditadura é a
do Judiciário, pois contra ela não há a quem recorrer. E, infelizmente,
infelizmente, é verdade. Vide MP [Ministério Público]. Uma sucessão
de merda. Um bando de militante totalmente lobotomizado fazendo um monte de
merda. Esquecendo da prerrogativa parlamentar indo atrás da [deputada] Cris
Tonietto porque ela falou a respeito de militantes LGBTs, sensualizando
crianças, defendendo a ideologia de gênero nas escolas, na verdade, o sexo nas
escolas com ideologia. E quando ela fala ela está respaldada, e eu falo por
aqui o que eu aqui, e eu estou falando com base na liberdade de expressão que o
cretino do Alexandre de Moraes, lá atrás, quando ele foi passar pela sabatina
do Senado, falou mais de 17 vezes em menos de 1 minuto de vídeo, ‘liberdade de
expressão, liberdade de expressão’ o tempo todo, tá, que está no artigo 5º, que
é cláusula pétrea. A chamada cláusula de pedra. Salvo engano, inciso 9º ou
inciso 16. Um é pra liberdade de expressão e um pra liberdade de manifestação.
Aí, e também falo com base no artigo 53, garantia constitucional. Eu acho que
vocês não mereciam estar aí. E, por mim, claro, claro, que se vocês forem
retirados daí, seja por nova nomeação, seja pela aposentadoria, seja por
pressão popular, ou seja lá o que for. Claro que vocês serão presos, porque
vocês serão investigados, então vocês não terão mais essa prerrogativa. Seria
um pouco diferente.
Mas eu sei que tem muita gente aí na mão de vocês e vocês
na mão de muita gente. Lá no Senado tem muito senador na mãozinha de vocês. E
vocês estão nas mãos de muitos senadores. Por isso vocês ficam brigando quando
vai ser um presidente ou outro, vocês querem fazer ingerência da Câmara e do
Senado. ‘Quem vai ser? Será que vão pautar nosso impeachment?’. Eu só quero 1
ministro cassado. Tudo que eu quero. Um ministro cassado. Para os outros 10
idiotas pensarem ‘pô, não sou mais intocável. É melhor eu fazer o que eu tenho
que fazer’. Julgar aquilo que é constitucional, de competência da Corte.
Fachin, intolerável, inaceitável, é termos você no STF.
No mais, Brasil acima de tudo, Deus acima de todos. Força e honra”.
Não satisfeito com a montanha de merda que já havia erguido,
o desinfeliz, ao ser preso, achou de mandar “um recado” ao supremo togado dona
da calva mais luzidia do planeta: Leia a transcrição do que disse o
congressista:
“Ministro, eu quero que você saiba que você está entrando
numa queda de braço que você não pode vencer. Não adianta você tentar me calar.
Eu já fui preso mais de 90 vezes na Polícia Militar do Estado do Rio de
Janeiro. Fiquei em lugares que você nem imaginava. Você nem imagina o que eu já
enfrentei, ministro.
Tu acha que vai mandar me prender, passando por cima da
minha prerrogativa constitucional? Você acha que vai me assustar e me calar?
Claro que não. Na verdade isso só vai me motivar. Isso é um combustível. Um
aditivo para eu continuar a provar para o povo brasileiro quem são vocês que
ocupam o cargo de ministro do STF.
Tenha a certeza que, a partir daqui, o jogo evoluiu um
pouquinho. Eu vou dedicar cada minuto do meu mandato a mostrar quem é Alexandre
de Moraes. A mostra quem é Fachin, quem é Marco Aurelio Mello, quem é Toffoli,
quem é Lewandowski. Eu vou colocar um por um de vocês em seus devidos lugares.
As pessoas que estão aqui me assistindo agora ou vão me assistir, eu não me
importo nenhum pouco. Pelo meu país eu estou disposto a matar, morrer, ser
preso. Tanto faz. Você não é capaz de me assustar.
A Câmara vai decidir sobre minha prisão ou não. Eu tenho
a prerrogativa. Você acabou de rasgar a Constituição mais uma vez. Estou
passando aqui para todo mundo, para que as pessoas saibam o que está
acontecendo, para que eu mostre quem é o inimigo do Brasil. No mais, vou lá
dormir na Polícia Federal. E vamos ver o que é que dá daqui para frente,
“Xandão”. Vamos ver quem é quem. Se é você ou se sou eu junto com o povo.”
Depois, em outra mensagem no Twitter, o deputado fez uma
provocação a supostos “esquerdistas” que estariam comemorando sua prisão. Disse
que vai só “dormir fora de casa”.
“Aos esquerdistas que estão comemorando, relaxem, tenho
imunidade material. Só vou dormir fora de casa e provar para o Brasil quem são
os ministros dessa Suprema Corte. Ser ‘preso’ sob estas circunstâncias é motivo
de orgulho”, publicou.
sexta-feira, 22 de novembro de 2019
DILMA DISCURSAVA EM DILMÊS; TOFFOLI VOTA EM TOFFOLÊS
O voto tamanho XGG de Dias Toffoli — cuja leitura, na sessão da última quarta-feira, levou quase cinco horas — me fez pensar se o presidente da nossa mais alta Corte não teria sido "tomado" pelo espírito de Abelardo Barbosa, mais conhecido como "Chacrinha", que se notabilizou pela frase: "Eu não vim para explicar, vim para confundir". Tanto é que a maioria do togados supremos deixaram a sessão sem entender o que, de fato, seu presidente quis dizer naquele interminável pregação (talvez a mais longa de toda a história centenária do STF).
No que diz respeito ao hoje senador Flavio Bolsonaro, sujeito não tão oculto nesse julgamento, a defesa do filho do presidente alega que o repasse dos dados ao MP sem autorização da Justiça caracterizaria quebra de sigilo, mas o fato é que a quebra do sigilo fora autorizada pela Justiça, e uma proibição do uso desses dados significaria impedir ad aeternum a investigação de zero um. Como bem observou um desembargador do TRF-2 a propósito de outro assunto, “se tem rabo de jacaré; couro de jacaré, boca de jacaré, então não pode ser um coelho branco”.
Atualização: A sessão suprema de ontem foi dedicada integralmente à complementação (ou tentativa de explicação) do voto de Toffoli e ao voto do ministro Alexandre de Moraes. Para os que não sabem, depois do relator, que é o primeiro a votar, os ministros se pronunciam por ordem de antiguidade, do mais recente para o mais antigo. Pelo que se pôde entender do voto de Toffoli — que fica mais difícil de interpretar a cada vez que seu autor tenta explicá-lo —, Moraes, que votou pela validade do compartilhamento de dados financeiros do UIF (antigo Coaf) e da Receita Federal com o Ministério Público sem autorização judicial, teria aberto a divergência, ainda que parcial, levado o placar a 1 a 1. Na sequência, o julgamento foi suspenso, devendo ter prosseguimento na sessão da próxima quarta-feira (27). Considerando que ainda faltam os votos de 9 ministros e que o Judiciário entre em recesso no dia 20 de dezembro, não está afastada a possibilidade de o resultado final ser conhecido somente em fevereiro do ano que vem.
quarta-feira, 28 de agosto de 2019
STF, BENDINE, LULA, RODRIGO MAIA E A DELAÇÃO DA ODEBRECHT
A tese dos advogados do réu, de que entregar seus memoriais ao mesmo tempo em que delatores da Odebrecht apresentaram suas acusações caracteriza cerceamento de defesa, foi agasalhada por Mendes, Lewandowski e Cármen Lúcia. Com isso, os autos deverão baixar à primeira instância para que a etapa final da instrução processual seja refeita e a 13ª Vara Federal do Paraná (agora sob a pena do juiz Luís Antonio Bonat) profira nova sentença — da qual as partes podem recorrer, e assim por diante.
Vale lembrar que o recurso de Bendine já havia sido julgado pelo TRF-4, a pena de 11 anos, reduzida para 7 anos e 9 meses, mas a condenação, mantida, e, portanto, poderia ser executada em breve com base na decisão do STF que autoriza a prisão após o fim dos recursos em segunda instância.
Relembrando: em 2016, o ministro Marco Aurélio apeou liminarmente o então presidente do Senado, o que, por absurdo, paralisou os trabalhos na Câmara Alta do Congresso Nacional. Era como se nada ali funcionasse sem a presença do senador alagoano ― réu no STF por crime de peculato e investigado em pelo menos mais 11 processos, oito dos quais no âmbito da Lava-Jato ―, que, para piorar, apoiado pela mesa diretora da Casa, resolveu simplesmente não acatar a decisão do Judiciário, como se sua deposição fosse uma opção, e não uma determinação da um ministro da nossa mais alta Corte de Justiça.
O Cangaceiro das Alagoas foi sucedido por Eunício de Oliveira, outro prócer da oligarquia política nordestina que é dono de uma capivara respeitável, e que foi chutado pelos eleitores quando tentou renovar seu mandato de senador no ano passado.
Voltando a Alcolumbre, o senador amapaense é investigado em dois inquéritos no STF por supostas irregularidades relacionadas à campanha de 2014 e já foi alvo de outras investigações, como as da Operação Pororoca (que trata de superfaturamento de obras no Amapá), e as da Operação Miquéias (sobre fraudes na Previdência de prefeituras). Que em 2009, como deputado, conseguiu aprovar um projeto de lei para homenagear seu tio Alberto Alcolumbre, acrescentando o nome do parente ao título do Aeroporto de Macapá.
Em 2013, ainda como deputado, Alcolumbre usou verba de gabinete para abastecer seus carros no posto de gasolina Salomão Alcolumbre e Cia. Ltda., que também pertence a um parente seu. Que, em recente entrevista à revista Veja, disse que não vai levar adiante a CPI da Lava-Toga nem dar andamento aos pedidos de impeachment de ministros do STF — emboloram nos escaninhos do Senado nada menos que 34 petições, sendo 11 contra o semideus togado Gilmar Mendes e 10 contra o atual presidente da Corte, Dias Toffoli; dos outros 9 togados supremos, a única que escapa é a ministra Cármen Lúcia.
Sua indicação foi (mais) uma demonstração cabal da falta de noção do picareta dos picaretas sobre a dimensão do cargo de ministro. Sem currículo, sem conhecimento, sem luz própria, Toffoli foi buscar apoio em Gilmar Mendes, que é quem melhor encarna a figura do velho coronel político. Já consolidado no novo habitat, passou a emular os piores hábitos do novo padrinho ― a arrogância incontida, a grosseria, a falta de limites, o uso da autoridade da forma mais arbitrária possível. Em 2005, quando Roberto Jefferson denunciou o Mensalão, Toffoli trabalhava na Casa Civil e respondia diretamente a José Dirceu, apontado como chefe do esquema ― o que inacreditavelmente não o impediu de, anos mais tarde, participar do julgamento da ação penal 470, nem de votar pela absolvição de Dirceu.